Melhor software para agronegócio: conheça os10 principais

Melhor software para agronegócio: veja quais são e como funcionam os softwares que ajudam a consolidar a era da agricultura digital e 4.0 para quem produz

Verdade seja dita: já faz tempo que a digitalização rompeu a bolha dos grandes centros de inovação e chegou às áreas rurais. Mas, nos últimos tempos, esse movimento ficou ainda mais evidente.

De máquinas operadas remotamente a sensores de monitoramento do solo, muitas são as tecnologias no campo que ajudam a consolidar a transformação digital do agronegócio

Mas há uma que se destaca, principalmente, pela capacidade de centralizar a automatização de diversos processos relacionados à gestão rural em um só lugar: os softwares para o agronegócio.

Mas, afinal, quais são os melhores softwares para o agronegócio? Como funcionam os sistemas agro? É o que te mostramos a seguir. Confira!

O que é software agrícola?

Um software agrícola é, basicamente, um serviço computacional utilizado para facilitar o dia a dia do produtor rural. Isso acontece por meio do processamento de dados e inteligência artificial

Na prática, as soluções viabilizam desde o planejamento de safras até o controle de custos. Elas também passam pelo monitoramento em tempo real das operações na lavoura e manutenção de maquinário, dentre outras coisas.

Impulsionadas pela pandemia, as novas tecnologias no campo invadiram as fazendas com muitas promessas. Por exemplo, otimizar processos, reduzir custos, profissionalizar a gestão e potencializar os lucros das fazendas. 

O resultado? Em agosto de 2020, pelo menos 85% dos produtores rurais já utilizavam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio na produção agrícola.

Para se ter ideia, os softwares de gestão agrícola aparecem em terceiro lugar na lista das seis tecnologias digitais mais utilizadas por produtores rurais no país. Esse dado foi levantado pela Embrapa. Veja:

software para o agronegócio
(Marília Bastos e Flávia Fiorini/Embrapa)

Quais são as tecnologias usadas no agronegócio?

A tecnologia permitindo que produtores rurais aumentem a produtividade, reduzam custos e tornem suas operações mais sustentáveis.

Com o crescimento da demanda por alimentos e a necessidade de otimizar recursos naturais, inovações como agricultura de precisão, automação de máquinas, biotecnologia e inteligência artificial estão transformando a forma como as lavouras e criações são gerenciadas.

Essas tecnologias possibilitam desde o monitoramento detalhado do solo e do clima até a tomada de decisões estratégicas baseadas em dados. Confira algumas das tecnologias que estão revolucionando o setor agropecuário:

1. Agricultura de Precisão

  • Sensores e GPS: Permitem monitoramento detalhado do solo e das culturas.
  • Mapeamento de produtividade: Ajuda a identificar áreas com maior ou menor rendimento.
  • Dosagem variável de insumos: Otimiza o uso de fertilizantes e defensivos agrícolas.

2. Drones e Sensoriamento Remoto

  • Monitoram lavouras em tempo real, detectando pragas, doenças e estresse hídrico.
  • Aplicam insumos de forma localizada, reduzindo desperdícios.

3. Máquinas e Equipamentos Automatizados

  • Tratores e colheitadeiras autônomas aumentam a eficiência na lavoura.
  • Plantadeiras e pulverizadores inteligentes aplicam insumos com alta precisão.

4. Softwares de Gestão Rural

  • Permitem controle financeiro, planejamento de safra e rastreabilidade da produção.
  • Facilitam o rateio de custos e a tomada de decisão estratégica.

5. Energia Sustentável e Tecnologias Verdes

  • Energia solar e biodigestores ajudam a reduzir custos e emissões de carbono.
  • Práticas como agricultura regenerativa aumentam a saúde do solo.

Quais os tipos de software no agronegócio?

No agronegócio, a tecnologia também tem conquistado um bom espaço pela otimização da gestão, no aumento da produtividade e na melhoria da eficiência das propriedades rurais.

Os softwares agrícolas são aliados para produtores que buscam tomar decisões mais estratégicas, reduzir desperdícios e maximizar os resultados.

Essas soluções digitais podem ser classificadas em diferentes categorias, de acordo com suas funções e benefícios. Confira abaixo:

1. Softwares de Gestão Rural

São softwares que contem a parte operacional e financeira da fazenda, como o controle financeiro, planejamento de safra, gestão de custos, estoque e comercialização da produção.

Exemplos: ERPs agrícolas, plataformas de gestão financeira e softwares de controle de custos.

2. Softwares de Agricultura de Precisão

São plataforma que usam dados de sensores, GPS, drones e imagens de satélite, ajudando a otimizar o uso de insumos e aumentar a produtividade.

Exemplos: Plataformas de mapeamento de solo, monitoramento climático e controle de pulverização.

3. Softwares de Monitoramento e Sensoriamento Remoto

Costumam ser procurados pela coleta e analisa de dados ambientais, climáticos e da lavoura em tempo real para auxiliar na tomada de decisão.

Exemplos: Sistemas que integram estações meteorológicas, sensores no solo e imagens de satélite.

4. Softwares para Gestão de Máquinas e Equipamentos

São conhecidos e procurado para o monitoramento do desempenho de tratores, colheitadeiras e outros equipamentos agrícolas para melhorar o uso e reduzir custos.

Exemplos: Plataformas de telemetria e controle de manutenção de máquinas.

5. Softwares para Gestão Pecuária

Facilitam a gestão do rebanho, permitindo o monitoramento individual dos animais, controle de alimentação, acompanhamento sanitário e rastreabilidade, garantindo maior eficiência na produção pecuária.

Exemplos: Aplicativos de manejo pecuário e plataformas de rastreabilidade animal.

Quais são os melhores softwares para agronegócio?

Agora, conheça alguns exemplos de softwares para o agronegócio e entenda melhor as diferenças e especificidades de cada um. 

1. Aegro (software para gestão agrícola)

O Aegro é um software de gestão rural, que tem como principal objetivo oferecer aos produtores rurais um controle completo e eficiente de seus negócios. Para isso, oferece acesso rápido, simples e intuitivo a diferentes soluções de gestão agrícola e financeira.

A plataforma está se destaca como melhor software de gestão para agronegócio por ter funcionalidades que vão desde o planejo até o controle da propriedade rural. Confira:

  • Planejamento da safra (desde o plantio até a colheita); 
  • Relatórios dos principais indicadores da fazenda (como custos, produção, produtividade, estoque e rentabilidade); 
  • Gerenciamento inteligente de maquinário (com direito a alertas periódicos de consumo, desempenho e revisão); 
  • Visão detalhada do fluxo de caixa.

Acessível por meio de computadores, celulares ou tablets, o app Aegro também conta com alguns serviços adicionais na versão Web. São eles:

Software para produtor rural: 10 formas de ganhar mais ao utilizar!

Quer conhecer mais sobre o Aegro? Peça agora mesmo uma demonstração gratuita!

2. Zero Amassamento

O Zero Amassamento é um software para agricultura digital de precisão, e seu objetivo principal é reduzir o desperdício de sementes nas fazendas. 

Esse sistema agro realiza, automaticamente, o desligamento das linhas de plantio no local exato onde acontece o tráfego de pulverizadores e distribuidores. É daí que vem o nome “zero amassamento”. Com isso, o produtor rural consegue economizar até 4% das sementes.

A tecnologia é compatível com equipamentos Stara (mesma empresa responsável pelo desenvolvimento do programa). Entretanto, vale salientar que o processo é todo realizado por software, o que elimina a necessidade de interferências mecânicas nas máquinas.

3. Climate Fieldview

O Climate Fieldview é um software de gerenciamento de operação, que utiliza a ciência de dados para examinar informações climáticas. O objetivo é auxiliar o produtor rural durante o gerenciamento de operações. 

Para isso, a ferramenta coleta, processa e armazena dados agronômicos e fornece aos usuários previsões e análises customizadas. Essas análises são construídas com base  na combinação de dados históricos e dados coletados em tempo real na cabine das máquinas.

4. ERP Cigam

O ERP Cigam mitiga desperdícios resultantes de falhas humanas. As plataformas ERP (do inglês, enterprise resource and planning) são caracterizadas por centralizar e integrar diversas áreas. Por exemplo, planejamento, estoque, financeiro, fiscal, vendas e outros.

O ERP do Cigam viabiliza a automatização de tarefas como cadastro de produtos e controle de estoque.

Por meio de business intelligence, o software apresenta uma visão rápida de indicadores de performance, consultas multidimensionais, relatórios e gráficos. Os usuários também podem consultar, com ajuda de uma assistente virtual:

  • saldo de caixa;
  • total de pedidos para faturamento;
  • outros registros específicos.


5. QGIS 

O QGIS é um tipo de software conhecido como SIG (Sistema de Informações Geográfica), o que significa que ele utiliza dados georreferenciados em sua operação.

Assim, por meio da coleta, armazenamento e análise destes dados, ele possibilita o mapeamento das fazendas de maneira assertiva. Ainda, possibilita a criação de mapas específicos, como mapas de produtividade e de fertilidade do solo.

Uma das principais vantagens do QGIS frente a outros softwares para agricultura digital de precisão é que ele é gratuito (e atualizado constantemente por desenvolvedores voluntários). Ainda, ele 

é compatível com qualquer computador, independentemente de seu sistema operacional.  

6. John Deere (software de agricultura 4.0)

O John Deere é um software que auxilia quem produz na localização e monitoramento de máquinas agrícolas. Sobretudo para quem tem grandes fazendas, um software como esse é essencial para saber o status exato de cada máquina, mesmo longe do campo.

Uma das principais ferramentas da agricultura 4.0, softwares como o John Deere permitem que você use suas máquinas com mais conectividade e facilidade. Ainda, permitem que você explore o máximo da inteligência presente no maquinário.

Outro ponto positivo desse software é possibilitar que você planeje atividades do seu próprio celular, as enviando em seguida para cada máquina. Assim, a necessidade de ir a campo é cada vez menor.

7. Stara

A Stara é uma empresa que desenvolve vários aplicativos que simplificam a gestão das máquinas na fazenda. Com esses softwares, você consegue se inteirar sobre as atividades feitas em campo através do seu celular.

Além disso, eles permitem que você extraia informações do maquinário, o que facilita na tomada de decisões importantes. Por exemplo, você pode prever a necessidade de reparos e manutenções antes que suas máquinas tenham prejuízos.

Ainda, aplicativos da Stara permitem que você extraia mapas de trabalho, e tenha uma noção do que suas máquinas fizeram em campo. Também é possível utilizar os softwares desenvolvidos pela empresa para ter estatísticas completas, e compartilhá-las com sua equipe.

8. Lavoro

Insumos agrícolas fazem parte da rotina de todos os produtores rurais. Pois saiba que há softwares que te ajudam na gestão desses itens, como o Lavoro. Com ele, você consegue fazer a gestão e cotação de novos insumos, além de fazer seus pedidos por lá mesmo.

Também é possível visualizar o histórico dos seus pedidos e informações técnicas dos produtos. Outra vantagem é a possibilidade de acompanhar as cotações do mercado, o que te ajuda a manejar seus preços e estar sempre competitivo nos seus negócios.

Banner de chamada para o download da planilha de cálculos de insumos

9. Datagro

Além dos manejos do campo e do escritório, a estratégia no negócio rural é fundamental. Por isso, aplicativos como o Datagro oferecem consultoria estratégica para o agronegócio

Com o Datagro, você consegue visualizar melhor as características e atual situação da sua fazenda, além de poder contar com consultorias especializadas. Dessa forma, é possível identificar pontos de melhorias, tudo isso através do seu celular.

É importante pensar em softwares para o agronegócio além dos que auxiliam no campo e nas finanças. Afinal, o planejamento estratégico também é essencial para aproveitar o máximo da produtividade que você obtém nas lavouras. 

10. Orbia

A Orbia é um software que possibilita que distribuidores de itens agrícolas, como insumos, ofereçam seus produtos a produtores rurais. Ou seja, esse software facilita o processo de compra de insumos, já que você pode adquiri-los sem sair da fazenda.

Além disso, a Orbia diminui o caminho entre você e o crédito rural, uma vez que tem parceria com empresas que oferecem esse serviço. Outro ponto de destaque é que o software também trabalha com programa de pontos.

Isso significa que ao comprar produtos na plataforma, você acumula pontos e poderá utilizá-los para outras finalidades, como compras.

Como saber se está na hora de usar um software de gestão de fazendas?

A decisão de implementar um software de gestão de fazendas é necessária para melhorar operações, aumentar a rentabilidade e garantir a competitividade no mercado. No entanto, saber o momento certo para adotar essa tecnologia pode ser um desafio.

1. Tamanho da propriedade: Se sua fazenda possui grande extensão territorial, um software de gestão pode ser a chave para integrar e controlar todas as etapas da produção de forma eficiente.

2. Complexidade das operações: Se você lida com diversas culturas, criações ou atividades simultâneas, um sistema centralizado pode simplificar o gerenciamento e evitar erros.

3. Volume de dados: Se você gera um grande volume de dados sobre produção, custos, estoque e finanças, um software pode te ajudar a organizá-los e transformá-los em informações úteis para a tomada de decisões.

4. Dificuldade em controlar processos: Se você enfrenta dificuldades em controlar manualmente os processos da fazenda, como estoque de insumos, manutenção de máquinas, fluxo de caixa e cumprimento de obrigações fiscais, um software pode automatizar tarefas e te dar uma visão mais clara do negócio.

5. Falta de informações precisas: Se você sente falta de informações precisas e atualizadas para tomar decisões estratégicas, um software pode gerar relatórios detalhados sobre todos os aspectos da fazenda.

6. Perda de tempo e dinheiro: Se você gasta muito tempo com tarefas manuais e burocráticas, ou se identifica perdas de dinheiro por falta de controle, um software pode otimizar seus processos e reduzir custos.

7. Dificuldade em acompanhar o crescimento: Se sua fazenda está crescendo e você não consegue mais acompanhar todas as operações manualmente, um software pode te dar o suporte necessário para escalar o negócio de forma organizada.

8. Necessidade de profissionalização: Se você busca profissionalizar a gestão da sua fazenda, um software pode te ajudar a implementar processos eficientes, padronizar tarefas e tomar decisões baseadas em dados.

9. Pressão do mercado: Se seus concorrentes já utilizam softwares de gestão e você sente que está ficando para trás, é hora de considerar essa tecnologia para garantir sua competitividade

Como gerir uma propriedade rural?

Gerir uma propriedade rural exige uma visão ampla e integrada, abrangendo diversas áreas que impactam diretamente a produtividade e a rentabilidade do negócio.

Desde o planejamento financeiro estratégico, que ajuda a planejar o futuro da propriedade, até a execução das operações diárias da lavoura ou pecuária, cada decisão precisa ser cuidadosamente pensada para garantir o sucesso.

A gestão eficiente envolve a organização de recursos, o controle de custos, o uso de tecnologias, a capacitação da equipe, a implementação de práticas sustentáveis e a escolha de canais de comercialização que maximizem os lucros.

Aqui estão os principais pontos que devem ser considerados para uma gestão rural de sucesso:

1. Planejamento Estratégico

  • Defina os objetivos da propriedade (produção, rentabilidade, sustentabilidade etc.).
  • Escolha o modelo de produção adequado (grãos, pecuária, integração lavoura-pecuária, agrofloresta etc.).
  • Analise o mercado para entender a demanda e os preços dos produtos.

2. Gestão Financeira e Tributária

  • Registre todas as receitas e despesas.
  • Faça um controle de custos detalhado (insumos, mão de obra, manutenção de máquinas).
  • Utilize ferramentas como balanço patrimonial e DRE (Demonstração do Resultado do Exercício).
  • Mantenha-se em dia com a agenda tributária do agronegócio.

3. Gestão de Pessoas e Mão de Obra

  • Capacite os funcionários para melhor produtividade.
  • Distribua tarefas de forma eficiente.
  • Adote boas práticas trabalhistas para evitar problemas legais.

4. Tecnologias e Inovação

  • Use um software de gestão rural para acompanhar dados de produção e finanças.
  • Invista em maquinário moderno e drones para monitoramento da lavoura.
  • Utilize a agricultura de precisão para otimizar o uso de insumos.

5. Manejo Sustentável e Conservação do Solo

  • Faça rotação de culturas e adubação verde para manter a fertilidade do solo.
  • Aplique técnicas de conservação da água, como terraceamento e plantio direto.
  • Adote práticas de mitigação dos impactos climáticos para reduzir riscos.

6. Comercialização e Logística

  • Escolha os melhores canais de venda (cooperativas, cerealistas, exportação direta).
  • Planeje a armazenagem e transporte para evitar perdas na colheita.
  • Analise contratos futuros e hedge para proteção contra oscilações de preço.

Qual é o melhor software de gestão de fazendas?

Com mais de 60 mil instalações e mais de 2 milhões de hectares gerenciados em todo o país, o Aegro é o melhor software de gestão fazendas do Brasil. Ainda, é considerado um dos melhores e mais completos aplicativos.

Não apenas pelas diversas funcionalidades que citamos acima, mas também porque o aplicativo conta com uma central de apoio completa para orientar seus usuários. Isso inclui:

  • Emissão de nota fiscal para produtor rural grátis;
  • Central de ajuda com tutoriais completos;
  • Treinamento para você e toda sua equipe;
  • Suporte em menos de 1 minuto via chat ou WhatsApp;
  • Gerente de contas que acompanha toda a sua jornada.

Outro diferencial que garante ao Aegro uma posição de destaque nesta lista é que, com ele, o produtor rural consegue registrar atividades, consultar o estoque e controlar os custos sem que esteja conectado à internet. 

Essa é uma vantagem e tanto para aqueles que gerenciam fazendas em áreas remotas.

banner com fundo, com um notebook no lado direito e texto no lado esquerdo, convidando para uma demonstração no software Aegro

Glifosato: tudo o que você precisa saber do herbicida mais utilizado no mundo

Os herbicidas à base de glifosato têm importante papel na agricultura. Não é à toa que eles são os mais utilizados no Brasil e no mundo no manejo das plantas daninhas

Isso se deu principalmente após o desenvolvimento de culturas resistentes aos herbicidas. Além disso, o glifosato viabilizou o crescimento das áreas com sistema de plantio direto.

Confira no texto a seguir um pouco mais sobre o herbicida mais utilizado no controle de espécies invasoras. Boa leitura!

O que é glifosato?

O glifosato é uma substância química que é ingrediente ativo de vários herbicidas e defensivos agrícolas utilizados no controle de plantas daninhas. Composto por organofosforado, existem mais de 750 agroquímicos que a utilizam. 

A substância não afeta sementes no solo e é muito usada na agricultura para controlar plantas daninhas anuais, perenes e aquáticas

Aplicado em pós-emergência, é um herbicida sistêmico, não seletivo e com alta translocação, atingindo diferentes estágios das espécies-alvo.

Sua ação ocorre via pulverização, sendo absorvido pelas folhas e distribuído por toda a planta, onde interfere em sistemas enzimáticos. Após a aplicação, as plantas daninhas morrem lentamente, com efeitos visíveis em dias ou semanas.

Herbicida sistêmico: Como funcionam?

Os herbicidas podem ser classificados de acordo com a sua translocação na planta. Assim, podem ser de contato ou sistêmicos.

Os herbicidas de contato agem no local de absorção, sem se mover internamente. Exemplos incluem diquat, paraquat e lactofen.

Já os sistêmicos se deslocam pelo xilema, floema ou ambos, atingindo diferentes partes da planta. Com isso, os exemplos de herbicidas sistêmicos incluem:

  • Picloram;  
  • 2,4-D;
  • Glifosato;
  • Imazethapyr;
  • Flazasulfuron;
  • Nicosulfuron.

Como o glifosato funciona?

O glifosato é um herbicida sistêmico e não seletivo que atua inibindo a enzima 5-enolpiruvilshiquimato-3-fosfato sintase (EPSPs), essencial na rota do ácido chiquímico

Essa via metabólica é exclusiva de plantas, fungos e algumas bactérias, mas não existe em animais, o que explica sua toxicidade seletiva.

O seu mecanismo de ação funciona em 4 etapas, que são classificados como: 

  1. Absorção: É aplicado via pulverização e absorvido principalmente pelas folhas das plantas;
  2. Translocação: Após a absorção, se desloca pelo xilema e floema, alcançando diversas partes da planta, incluindo raízes e pontos de crescimento; 
  3. Interferência metabólica: Inibindo a enzima EPSPs, o glifosato impede a síntese de aminoácidos essenciais (fenilalanina, tirosina e triptofano), fundamentais para o crescimento e desenvolvimento vegetal;
  4. Efeito na planta: Sem esses aminoácidos, a planta não consegue produzir proteínas essenciais, levando à interrupção do crescimento, amarelecimento (clorose) e morte gradual em dias ou semanas.

O glifosato é eficaz contra ervas daninhas anuais, perenes e aquáticas, sendo uma das técnicas mais usadas no manejo agrícola, especialmente em culturas transgênicas resistentes ao glifosato, como soja, milho e algodão.

Como usar o glifosato corretamente?

Para usar o glifosato é preciso estar atento às condições ambientais, como a velocidade do vento, umidade relativa do ar, formação de orvalho e temperatura influenciam na eficiência da pulverização. 

Além disso, se chover nas primeiras 6 horas após a aplicação, o processo deve ser refeito. Outras condições também podem influenciar o controle de plantas daninhas, como:

  • Qualidade da água
  • Pressão do pulverizador
  • Uso de adjuvantes
  • Tipo de bico e tamanho da gota

Plantas daninhas jovens são mais fáceis de controlar do que adultas. O uso correto do herbicida exige seguir as instruções do rótulo e da bula, além do uso de EPI para segurança. 

Após a aplicação, limpe o pulverizador e descarte as embalagens corretamente. Em caso de dúvidas, consulte a NR-31 ou um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

Quanto ao número de aplicações, na maioria dos casos, uma basta para controlar plantas daninhas. Mas, algumas espécies, como a tiririca (Cyperus rotundus), exigem pulverizações repetidas devido à sua rede de tubérculos.

Após a aplicação, os principais sintomas incluem amarelecimento, murcha e necrose, levando à morte da planta em dias ou semanas, dependendo de fatores como:

  • Espécie-alvo;
  • Estágio de desenvolvimento;
  • Dosagem do herbicida.
Guia para manejo de plantas daninhas

Reavaliação toxicológica do herbicida sistêmico glifosato

Muito tem sido discutido sobre o impacto que agrotóxicos podem causar ao meio ambiente, à saúde humana e dos animais. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) realizou a reclassificação toxicológica de alguns defensivos agrícolas recentemente.

A reavaliação concluiu pela manutenção do glifosato no Brasil. Não há evidências suficientes para considerar esse ingrediente ativo como sendo mutagênico, nem com potencial de causar câncer em seres humanos e animais.

Conclusões internacionais e da Anvisa sobre a carcinogenicidade do glifosato
Conclusões internacionais e da Anvisa sobre a carcinogenicidade do glifosato
(Fonte: Anvisa)

Em quais situações o glifosato pode ser utilizado?

Os produtos à base de glifosato tem seu uso aprovado em determinadas culturas e situações. Em pós-emergência das plantas daninhas, por exemplo, o glifosato pode ser utilizado para: 

O glifosato também pode ser utilizado como maturador na cultura da cana-de-açúcar, promovendo a uniformização da maturação, o aumento da concentração de sacarose nos colmos e a melhoria da qualidade da colheita.

Além disso, é empregado para eliminação de soqueira no cultivo de arroz e cana-de-açúcar, no pós-emergência de plantas invasoras em florestas de eucalipto e pinus, e no controle da rebrota do eucalipto.

O glifosato atua reduzindo o crescimento vegetativo da planta, redirecionando os nutrientes para o acúmulo de açúcar. Esse efeito é especialmente útil em períodos chuvosos ou quando a cana ainda não atingiu o ponto ideal de maturação.

No entanto, o controle químico com glifosato deve ser complementado com outras práticas de manejo para garantir eficiência e sustentabilidade. Confira algumas estratégias para o manejo integrado de plantas daninhas:

Gráfico que mostra como fazer o manejo de plantas daninhas com glifosato
Técnicas do manejo integrado de daninhas
(Fonte: Febrapdp)

Quais plantas são resistentes ao glifosato?

Algumas plantas daninhas desenvolveram resistência ao glifosato devido ao uso contínuo e repetitivo desse herbicida ao longo dos anos. 

Essa resistência ocorre por mutações genéticas ou mecanismos que impedem a ação do produto na planta. Confira a seguir quais plantas podem ter essa modificação:

  • Burruchaga (Sorghum halepense);
  • Capim-amargoso (Digitaria insularis);
  • Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica);
  • Buva (Conyza spp.);
  • Caruru (Amaranthus spp.);
  • Nabo-bravo (Raphanus raphanistrum);
  • Leiteiro (Euphorbia heterophylla).

A resistência pode ser uma consequência do uso excessivo do glifosato sem rotação de herbicidas, da aplicação em doses abaixo do recomendado ou da ausência de manejo integrado, como uso de outros métodos de controle (rotação de culturas, cobertura vegetal e herbicidas com diferentes mecanismos de ação).

Qual o tipo de mato que o glifosato mata?

O glifosato é eficaz principalmente contra plantas dicotiledôneas (plantas com duas folhas iniciais) e monocotiledôneas (plantas com uma folha inicial), sendo bastante útil para o controle de diversas espécies de plantas invasoras.

Isso significa que o glifosato pode matar mato como: Plantas dicotiledôneas, plantas monocotiledôneas, plantas perenes e plantas aquáticas.  

O glifosato não pode matar qualquer planta que entre em contato com ele, seja planta daninha ou cultura desejada. 

A aplicação deve ser cuidadosa para evitar danos às culturas agrícolas, já que a eficácia pode variar dependendo do estágio de crescimento da planta e das condições ambientais.

Como aplicar um herbicida sistêmico? 

A aplicação de um herbicida sistêmico, como o glifosato, é diferente da aplicação de um herbicida de contato

Enquanto os de contato precisam cobrir bem a superfície foliar para serem eficazes, os sistêmicos são absorvidos pelas folhas e raízes e transportados internamente até seu local de ação.

Isso significa que os herbicidas sistêmicos não exigem cobertura total das folhas e permitem o uso de gotas maiores na pulverização. No entanto, após a aplicação, é necessário um tempo para que sejam absorvidos e translocados dentro da planta.

Como os herbicidas se movem na planta?

Os herbicidas podem ser aplicados de diferentes formas, cada uma com um mecanismo de transporte:

  • Aplicação no solo: Absorvidos pelas raízes e transportados pelo xilema até as folhas;
  • Aplicação nas folhas (sistêmicos, como o glifosato: Se movimentam pelo floema, alcançando regiões de crescimento.
  • Aplicação nas folhas (contato): Não são translocados, agindo no local onde foram absorvidos.

Os herbicidas podem se deslocar na planta por meio do apoplasto (canais entre células), do simplasto (interior das células) ou de ambos (movimento apossimplástico).

No caso do glifosato, ele é absorvido principalmente pelas folhas e transportado via floema para pontos de crescimento, interferindo na síntese de aminoácidos essenciais e levando à morte da planta. 

Por isso, sua aplicação deve ser bem planejada para garantir máxima absorção e eficiência no controle das ervas daninhas.

O que acontece quando o herbicida precisa percorrer uma longa distância na planta?

Após a absorção pelas folhas, o herbicida deve atravessar a cutícula e chegar ao xilema e floema, responsáveis por transportá-lo dentro da planta.

  • Se for absorvido pelas raízes, o herbicida se move pelo xilema, seguindo o fluxo natural da água até as folhas. Esse movimento ocorre devido às diferenças de pressão geradas pela transpiração da planta.
  • Se for absorvido pelas folhas, ele pode ser transportado pelo floema até regiões de crescimento ativo.

Agora, pense no que acontece quando a planta está sob estresse hídrico. Com pouca água disponível, os estômatos se fecham, reduzindo a transpiração e, consequentemente, o fluxo no xilema. Isso dificulta a movimentação do herbicida e reduz sua eficácia.

Por isso, muitos produtos trazem na bula a recomendação de não aplicar o herbicida quando a planta estiver estressada, garantindo assim melhor absorção e translocação do produto.

Por que o glifosato é tão usado na agricultura?

O glifosato é um dos herbicidas mais utilizados na agricultura pela eficiência, versatilidade e baixo custo de aplicação

Por ser um herbicida sistêmico não seletivo, é absorvido pelas plantas e se distribui por toda a sua estrutura, atuando diretamente em suas funções vitais. 

O seu diferencial é inibir uma enzima chamada EPSPS, essencial para a síntese de aminoácidos que as plantas necessitam para o crescimento e desenvolvimento, impedindo que as plantas realizem processos metabólicos importantes, levando à sua morte.

Além disso, acaba sendo uma alternativa viável pela eficiência e produtividade das operações agrícolas, capaz de oferecer: 

1. Ação sistêmica

O glifosato é um herbicida sistêmico, o que significa que, uma vez absorvido pelas plantas, ele se espalha por todo o sistema da planta (inclusive raízes), atacando as funções vitais e levando à morte da planta. 

Isso é especialmente útil no controle de plantas daninhas perenes, que têm sistemas radiculares extensos.

2. Amplo espectro de controle

Por ser eficaz contra uma grande variedade de plantas daninhas, tanto anuais quanto perenes, é capaz de controlar muitas espécies que dificultam o cultivo de culturas agrícolas. 

Além disso, o glifosato tem aplicação eficaz em pastagens, florestas comerciais e outros ecossistemas.

3. Compatibilidade com o manejo de culturas transgênicas

O glifosato é amplamente utilizado em culturas geneticamente modificadas (GMOs), como soja, milho e algodão resistentes ao glifosato (conhecidas como culturas RR). 

Isso permite o uso do herbicida para controlar plantas daninhas sem prejudicar a cultura principal, pois a planta transgênica tolera o produto, mas as daninhas não.

Manejo integrado da lavoura: como ele pode impulsionar sua produtividade

4. Facilidade de aplicação

O glifosato é fácil de aplicar, seja por pulverização aérea ou terrestre, em qualquer estágio do crescimento das plantas.

Uma outra vantagem do produto, é que pode ser aplicado em pré ou pós-emergência das plantas daninhas, proporcionando flexibilidade ao agricultor.

5. Baixa toxicidade para animais e humanos 

Quando aplicado corretamente, o glifosato tem baixo risco de toxicidade para seres humanos, animais e o meio ambiente em comparação com outros herbicidas, tornando-o uma escolha segura para uso generalizado. 

Mesmo assim, como qualquer produto químico, ele deve ser manuseado com cuidado e de acordo com as instruções.

Todos esses fatores fazem do glifosato uma ferramenta essencial para o manejo de plantas daninhas na agricultura moderna, facilitando a produção agrícola de forma eficiente, econômica e sustentável quando usado de forma responsável.

Vantagens e desvantagens do uso do glifosato

Antes de utilizar qualquer defensivo agrícola é preciso conhecer suas características e também considerar suas vantagens e desvantagens. Quando comparado a outros herbicidas, o glifosato apresenta algumas vantagens, como: 

  • Baixo custo;
  • Fácil aplicação;
  • Flexibilidade de uso;
  • Amplo espectro de ação, ou seja, controla diversas espécies invasoras;
  • Rapidamente degradado no solo.

Apesar disso, o glifosato é uma molécula que não atua sobre o banco de sementes. Isso pode ser considerado uma desvantagem desse herbicida.  

Vale ressaltar que qualquer herbicida utilizado de forma equivocada pode levar à seleção de biótipos de plantas resistentes. 

planilha pulverização de defensivos agrícolas

Como funciona o programa de crédito fundiário e como solicitá-lo

Crédito fundiário: saiba como funciona, quais as modalidades, quem pode participar do PNCF e muito mais!

O PNCF é o programa do governo federal que viabiliza um dos tipos de crédito rural que possibilita financiamento de imóveis para trabalhadores com pouca ou nenhuma terra.

Essa é uma oportunidade real para que pequenos trabalhadores rurais finalmente realizem o sonho de comprar um imóvel. No entanto, para isso, é preciso ficar de olho nas regras desse programa.

Neste artigo, te mostraremos como funciona o crédito fundiário disponibilizado pelo programa, quais os passos para conseguir o financiamento e muito mais. Aproveite a leitura!

O que é o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF)?

O crédito fundiário é uma modalidade de empréstimo rural do Governo Federal, que tem como objetivo realizar um dos maiores sonhos do trabalhador rural: a compra de terras. Quem tem pouca ou nenhuma terra pode comprar um imóvel através dele.

Na prática, isso acontece por meio do PNCF (Programa Nacional de Crédito Fundiário). Ele é uma iniciativa do governo federal que prevê a concessão de crédito rural para trabalhadores e produtores rurais com pouca ou nenhuma terra. 

A ideia é ajudar a fomentar a agricultura nacional. Vale destacar que, além do financiamento rural para aquisição de terras em si, os recursos financiados pelo programa também podem ser utilizados na estruturação da propriedade. 

Ainda, os recursos podem ser usados no investimento em recursos básicos para a implementação de projetos produtivos e na contratação de Assistência Técnica e Extensão Rural.

Escancarada nos grandes centros urbanos, a desigualdade social também faz parte da realidade do brasileiro nas áreas rurais. Isso especialmente quando o assunto é o acesso à terra. 

Para se ter ideia, de acordo com o último Censo Agropecuário, realizado em 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostrou uma grande disparidade. 

Quase metade (47,6%) de toda a superfície rural do país está nas mãos de apenas 1% das propriedades – todas com mais de mil hectares. 

Enquanto isso, apesar de serem maioria no Brasil, os pequenos proprietários (aqueles com estabelecimentos de até 10 hectares) ocupam pouco mais de 2% do território agrícola nacional.

Foi justamente com o objetivo de mudar este cenário e garantir um acesso mais democrático à terra que o Governo Federal criou, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF)

Como funciona o crédito fundiário?

Os recursos disponibilizados pelo PNCF são provenientes do Fundo de Terras da Reforma Agrária. Esse é um fundo especial criado pela Lei Complementar nº 93, de 1998, e regulamentado pelo Decreto 4.892, de 2003.

A operação, por sua vez, fica por conta de agentes financeiros. Essas instituições recebem os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, conforme ilustra a imagem abaixo:

Esquema de operacionalização do Banco da Terra
Esquema de operacionalização do Banco da Terra
(Fonte: CNA/Comunicado Técnico Edição 26/2020)

Entre 2019 e 2021, o PNCF passou por uma reformulação. O objetivo principal era desburocratizar as etapas de análise de documentos e garantir mais agilidade no acesso ao crédito fundiário.O novo formato  ganhou o nome de Terra Brasil.

Dentre as melhorias apresentadas com a repaginação do programa, estão a:

  • redução do prazo médio para contratação de crédito (que passou de dois anos para até seis meses); 
  • digitalização do processo de envio de documentos;
  • ampliação da idade máxima dos candidatos (na época 65 anos) para até 70 anos de idade.

Linhas e condições de financiamento: qual o valor do crédito fundiário?

O Terra Brasil – Programa Nacional de Crédito Fundiário é composto por três linhas de financiamento, que variam de acordo com o perfil e renda do solicitante. São elas o PNCF social, o PNCF mais e o PNCF empreendedor.

1. PNCF social 

  • Abrangência: atende a região Norte e os municípios que integram a área de abrangência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, para famílias inscritas no CadÚnico;
  • Renda anual: de até R$ 22.622,65;
  • Taxa de juros: 0,5%;
  • Patrimônio: de até R$ 40 mil.

2. PNCF mais 

  • Abrangência: atende todas as regiões do país, com exceção dos municípios que integram a área de abrangência da Sudene;
  • Renda anual: de até R$ 45.245,30;
  • Taxa de juros:  2,5%;
  • Patrimônio: de até R$ 80 mil.

3. PNCF empreendedor

  • Abrangência: tem abrangência nacional, com regras definidas junto aos Agentes Financeiros que optem por operacionalizar esta linha;
  • Renda anual: de até R$ 244.324,60;
  • Taxa de juros: 4%;
  • Patrimônio: até R$ 500 mil.

O prazo para pagamento de todas as linhas de crédito é de até 25 anos, com carência de 36 meses. O teto de financiamento é de R$ 158.385,54.

Banner do Guia de Crédito Rural. à esquerda a descrição do ebook e à direita uma foto com moedas e uma planta.

Quem tem direito ao crédito?

O PNCF é destinado a trabalhadores rurais não-proprietários (preferencialmente assalariados, parceiros, posseiros e arrendatários) e agricultores proprietários de imóveis.

A área dos imóveis precisa ser comprovadamente insuficiente para gerar renda e sustento, além de não poder alcançar a dimensão da propriedade familiar.

Além disso, para que sejam elegíveis, pessoas que têm entre 20 e 70 anos de idade precisam comprovar pelo menos cinco anos de experiência na atividade rural nos últimos quinze anos.

Já a população com idade entre 16 e 19 anos precisa comprovar ao menos dois anos de experiência na agricultura familiar. Isso como integrante do grupo agrícola familiar, aluno de escolas técnicas, Centros Familiares de Formação por Alternância ou similares.

Vale ressaltar que funcionários públicos, assentados ou participantes e ex-participantes de algum programa que tenha recursos do Fundo de Terras da Reforma Agrária não podem participar do PNCF.

Como conseguir o crédito fundiário para compra de terra?

Se você tiver interesse em adquirir uma área rural, deve procurar um técnico credenciado da Ater. É ele o responsável por cadastrar o projeto de crédito rural no sistema do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 

O envio desse projeto dá início ao processo de solicitação de crédito fundiário para a compra de terra.

Esquema para solicitação do Crédito Fundiário
Esquema para solicitação do Crédito Fundiário
(Fonte: CNA/Comunicado Técnico Edição 26/2020)

Conclusão

Um dos principais problemas das áreas rurais no Brasil, a desigualdade fundiária afeta milhões de trabalhadores e produtores rurais.

O PNCF representa uma oportunidade de romper com essa realidade e construir um mercado agro mais justo e igualitário no país. 

Afinal, suas diferentes linhas de financiamento são especificamente pensadas para trabalhadores com pouca ou nenhuma terra. Se você atende aos pré-requisitos necessários para solicitar o crédito fundiário, aproveite!

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Proirriga: saiba como financiar o sistema de irrigação da fazenda

Proirriga: veja como funciona, quem pode solicitar, as taxas de juros, prazos e alternativas de financiamento

Quem trabalha no campo sabe da importância do crédito rural para o sucesso dos negócios. O acesso ao crédito pode levar a uma série de melhorias  no uso da terra em si e nos principais indicadores agropecuários.

Sabendo da relevância histórica do setor para a economia brasileira, o governo federal desenvolveu o Plano Safra. Para fomentar a produção rural no país, o programa direciona recursos públicos para assegurar atividades através de diferentes linhas de crédito. 

Dentre elas, está o Programa de Financiamento à Agricultura Irrigada e ao Cultivo Protegido (Proirriga). Ele contempla o financiamento da agropecuária irrigada sustentável  e é um dos grandes destaques no Plano Safra 2022/2023.

Neste artigo, veja como funciona o Proirriga, quem pode participar e como solicitar o financiamento. Confira! 

O que é o Proirriga, quais são as taxas e prazos?

O Proirriga, antigo Moderinfra, é uma modalidade de crédito rural destinada ao financiamento para o desenvolvimento da agropecuária irrigada sustentável. Ele também ajuda no uso de estruturas de cultivo em ambiente protegido contra granizo e climas temperados.

Assim, os recursos disponibilizados pelo programa apoiam e incentivam o investimento em técnicas sustentáveis de produção agropecuária. Além disso, incentivam a aquisição de máquinas e equipamentos para o setor.

De acordo com o site oficial do Banco do Brasil,

“Com o Proirriga você, produtor rural, financia itens inerentes aos sistemas de irrigação, além de aquisição, implantação e recuperação de equipamentos e instalações para proteção de cultivos inerentes à olericultura, fruticultura, floricultura, cafeicultura e produção de mudas de espécies florestais”.

O limite financiável é de até 100% do valor proposto e a taxa de juros é de 10,5% ao ano. Já o prazo máximo para pagamento é de até 10 anos, com três anos de carência. A contratação de seguro para os bens oferecidos é obrigatória.

O que pode ser financiado pelo Proirriga?

O programa pode ser utilizado para financiar o investimento em qualquer item diretamente relacionado aos sistemas de irrigação. Isso também inclui a aquisição, implantação ou recuperação de instalações e equipamentos necessários para a proteção do cultivo.

Outros exemplos de investimentos que podem ser financiados pelo programa são:

  • infraestrutura elétrica;
  • equipamento para monitoramento do solo;
  • reserva de água;
  • maquinários para monitoramento da umidade do solo;
  • estações meteorológicas (e softwares necessários para sua operação). 
Banner do Guia de Crédito Rural. à esquerda a descrição do ebook e à direita uma foto com moedas e uma planta.

Quem pode solicitar este tipo de financiamento?

Produtores rurais (pessoa física ou jurídica) e cooperativas de produtores rurais são elegíveis ao programa. O limite do financiamento é de até R$ 3,3 milhões por ano agrícola, no caso de empreendimento individual, e de até R$ 9,9 milhões para empreendimento coletivo.

Também é importante saber dos pré-requisitos para solicitar qualquer tipo de financiamento (não apenas o financiamento para irrigação) ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). São eles:

  • estar em dia com as obrigações fiscais, tributárias e sociais;
  • apresentar cadastro satisfatório;
  • ter capacidade de pagamento;
  • dispor de garantias suficientes para cobertura do risco da operação;
  • não estar em regime de recuperação de crédito;
  • atender a legislação relativa à importação, no caso de financiamento para a importação de máquinas agrícolas e equipamentos;
  • cumprir a legislação ambiental.

Como solicitar o financiamento do Proirriga?

Há duas maneiras de obter o financiamento do Proirriga: 

  • solicitando diretamente ao BNDES (modalidade disponível para empresas com faturamento superior a R$ 40 milhões e com pedidos de financiamento acima de R$ 10 milhões);
  • através de instituições financeiras credenciadas (falaremos mais sobre elas abaixo). 

Veja, em detalhes, como funciona cada uma:

Apoio Direto

Como o nome sugere, clientes que optam pela solicitação de financiamento via apoio direto negociam diretamente com o BNDES. Para que isso seja possível, é necessário se cadastrar no site oficial da instituição e protocolar seu pedido de financiamento no Portal do Cliente.

Ali, você também encontra informações detalhadas relacionadas a documentação necessária para dar início ao processo.

Guia de Financiamento
Guia de Financiamento
Fonte: (BNDES/Reprodução)

Apoio Indireto

Nesta opção, a solicitação da linha de financiamento pode ser feita junto à instituição financeira de preferência do produtor rural (desde que ela faça parte da lista de instituições credenciadas pelo BNDES). 

Nestes casos, a instituição financeira atua como uma intermediária entre o BNDES e o cliente final. Ela é a responsável por informar sobre documentações necessárias para o processo e por negociar as garantias. 

Guia de Financiamento
Guia de Financiamento
(BNDES/Reprodução)

Dentre as principais instituições financeiras parceiras do BNDES estão:

  • Banco BV;
  • Crédit Agricole Brasil S.A.;
  • Banco de Investimentos Credit Suisse (Brasil) S.A.;
  • Banco Inter S.A.;
  • Banco J. P. Morgan S.A.;
  • BNP Brasil;
  • BR Partners Banco de Investimento S.A.;
  • Bradesco BM;
  • BTG Pactual;
  • Caixa;
  • Citibank BM;
  • Daycoval BM;
  • Itaú Card BM;
  • Itaú Unibanco BM;
  • J.P. Morgan;
  • Safra BM S;
  • Santander BM;
  • Sicredi;
  • Dentre outras.

Mas atenção: o fato de estarem credenciadas não significa, necessariamente, que todas essas instituições ofereçam o financiamento do Proirriga. Isso porque cada uma delas têm autonomia para aderir ou não a determinada linha de financiamento.

Por isso, é importante entrar em contato com o banco ou agência de sua preferência para confirmar a disponibilidade do financiamento do Proirriga por lá. 

Suspensão temporária de linhas de crédito do Plano Safra 2022/2023

Alegando comprometimento de recursos, o BNDES anunciou a suspensão temporária de algumas linhas de crédito rural do Plano Safra 2022/2023. Dentre os programas afetados, estão o Moderfrota (principal programa de financiamento de maquinário) e o Proirriga.

O Mapa afirmou que a suspensão está de acordo com metodologia usada pelo Tesouro Nacional para o pagamento de equalização de taxas de juro

Ainda, destacou que esse tipo de interrupção também ocorreu na safra passada. Isso revela uma demanda aquecida, e que os pedidos de financiamento foram retomados em seguida pelo banco.

Alternativas de financiamento: Programa Mais Irrigação (Governo Federal)

Dada a importância dos sistemas de irrigação para a agricultura brasileira, o Proirriga não é o único programa dedicado a fomentar o financiamento para a irrigação no país. Outra iniciativa que merece destaque é o Programa Mais Irrigação do governo federal. 

Lançado em 2012, ele prevê R$ 10 bilhões em investimentos para combater os períodos de seca e promover o desenvolvimento da agricultura familiar de forma sustentável.

Do total de recursos disponibilizados, R$ 3 bilhões são desembolsados pelo governo e R$ 7 bilhões vêm de parcerias público-privada.

São contemplados 538 mil hectares de terras em 16 estados das regiões nordeste e centro-oeste, além do norte de Minas Gerais. Essas são áreas com alto potencial para produção de biocombustíveis, frutas, leite, carne e grãos.

planilha custos de pivô Aegro

Conclusão

O financiamento para irrigação é essencial para o desempenho da agricultura nacional. Isso especialmente durante os períodos de seca ou incerteza hídrica, que têm se intensificado com o avanço das mudanças climáticas em todo o mundo.

Os programas de financiamento para a irrigação, como o Proirriga e o Programa Mais Irrigação, são uma importante ferramenta para viabilizar o cultivo em situações climáticas adversas. 

Eles são uma forma acessível de garantir a produtividade da sua fazenda e, de quebra, reduzir consideravelmente as despesas com água e energia elétrica.

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Confira a previsão do preço da soja para 2023: o que vai influenciar a commodity

Previsão do preço da soja para 2023: saiba qual é a tendência para os próximos meses, fatores que oscilam o valor no mercado, ferramentas de proteção contra variações e muito mais!

O mercado da cultura da soja tem sido muito visado nos últimos anos, principalmente pela recente alta nos preços da oleaginosa. Com diversos fatores influenciando os preços ao mesmo tempo, para baixo ou para cima, se intensificam as oscilações.

Diversos produtores brasileiros demoraram a comercializar a soja da safra 2021/22 esperando um aumento de preços. Entretanto, os valores acima de R$ 190 foram rápidos e alguns conseguiram fazer a venda, mas outros não.

Nesta última safra, o preço da soja alcançou o menor valor desde meados de 2020, com as sacas de 60 kg chegando a ser negociadas na casa dos R$130 em meados de maio.

Para ficar de olho e acompanhar as volatilidades do mercado, confira o que tem influenciado no preço da soja em 2023 e quais são as projeções do mercado para 2024. Boa leitura!

Influência do custo de produção no preço da soja em 2023

O custo de produção da soja para a safra 2022/23 foi elevado. A maioria dos produtores pagou um alto valor nos insumos, principalmente nos adubos. Com o aumento dos insumos, o valor de venda deu um salto em comparação com a safra anterior.

O custo de produção médio da soja em 2021/22, na região de Londrina-PR, foi de R$ 5.989,97 para uma produtividade de 3,6 mil kg/ha. Para a safra 2022/23, o custo total está em R$ 9.250,79 para a mesma produtividade esperada.

O custo de produção abrange todos os gastos, e é possível ver que o preço dos insumos são os grandes responsáveis por esse aumento. 

Veja na tabela abaixo os dados fornecidos pela Conab a respeito do custo de produção da soja em 2021/22 e 2022/23:

Custo de produção parcial da soja 2021/22 e 2022/23 para duas regiões brasileiras 
Custo de produção parcial da soja 2021/22 e 2022/23 para duas regiões brasileiras 
(Fonte: Conab)

Note que há aumento principalmente no valor pago de fertilizantes. O custo de produção influencia o valor da venda porque você só deve vender a soja quando o preço da saca estiver no mínimo definido pelos seus custos.

Como os mercados interno e externo definem os preços da soja?

O mercado da soja tem bastante influência da Bolsa de Chicago. Portanto, vários fatores devem ser considerados. A bolsa de mercadorias de Chicago é referência mundial no preço da soja e outras commodities agrícolas

Para formar esse valor, são considerados alguns fatores, como:

  • Condições climáticas dos principais locais produtores;
  • Oferta e demanda dos grãos no país e fora dele.

Após a definição dos preços na Bolsa de Chicago, ainda há outras interferências, como a taxa cambial do Brasil. A Bolsa de Chicago é em dólar, e você precisa converter esse valor para o real. Assim, o preço muda conforme a cotação diária da moeda.

Acontecimentos mundiais também mexem com a dinâmica da cotação da soja. Por exemplo, a pandemia da covid-19 teve uma grande influência nos preços, principalmente devido à demanda de alimentos durante este período.

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia foi outro ponto que influenciou o preço dos grãos. Afinal, esses países estavam entre os 10 principais países produtores de soja. Com a guerra, a produção foi prejudicada e a oferta global diminuiu.

Estes e outros fatores têm feito com que os preços apresentem grandes oscilações. Em 5 anos, o preço saiu de um patamar em torno de R$ 60 para valores acima dos R$ 150 por saca.

Gráfico que mostra previsÃo do preço da soja 2023 e ao longo dos anos, desde 2017
Cotação da saca de soja dos últimos seis anos no estado do Paraná 
(Fonte: Agrolink)

Para a safra 2022/23, o preço futuro da soja já variou bastante nos últimos meses, de R$ 160 até R$ 190, seguindo a bolsa de Chicago. 

Houve redução desse preço até chegar no produtor e na região produtora, devido ao desconto de frete, impostos e outras taxas.

Estes preços vão oscilando durante o ano devido a fatores como câmbio interno e externo, clima e estoque mundiais de soja.

Quais são os tipos de venda da soja?

Você, que produz, sabe que há diversas opções diferentes de venda da soja. Cada uma delas possui suas vantagens e desvantagens, e entendê-las bem te ajuda a escolher a melhor opção para se proteger das oscilações do mercado.

Você pode vender a soja de três maneiras diferentes: venda física, venda futura ou através do mercado de opções.

Na venda física, você depende do preço do momento ou paga a armazenagem até vender o produto no momento desejado. Ainda, corre risco de sofrer danos nos grãos por causa de algumas pragas do armazenamento, caso a espera seja muito longa.

Por outro lado, na venda futura, você faz um contrato com valor fixado de determinada quantidade de sacas de soja. Nesse caso, a entrega e o recebimento do grão são feitos em datas definidas.

Por fim, no mercado de opções, não há a entrega de soja física. Entretanto, você usa os preços futuros da soja para fixar um valor de saca. Entenda mais sobre o mercado de opções a seguir.

Mercado de opções: qual será o futuro da soja?

O mercado de opções não interfere na sua produção física, pois não há entrega de grãos. Neste mercado, são negociadas as opções de venda ou compra de ações que acompanham os valores futuros. Esses valores são os preços futuros da soja na Bolsa de Chicago.

Esse trâmite ocorre no mercado futuro da soja. Usando essas ferramentas, você consegue travar um valor para sua soja e se proteger das variações de preço do mercado físico.

Veja abaixo as cotações futuras da soja na Bolsa de Chicago em maio de 2023:

Cotações no mercado futuro da soja - Bolsa de Chicago
Cotações Mercado Futuro da Soja (Fonte: Notícias Agrícolas)

Vale destacar que o mercado de opções não é comum aos produtores brasileiros. Porém, por causa das oscilações de mercados, muitos estão conhecendo estas opções para garantir o preço desejado.

Para atuar neste ramo, é preciso de um consultor de mercado. Existem no Brasil empresas idôneas que auxiliam quem produz no mercado de opções, e buscar apoio é fundamental. 

Qual a tendência da soja para os próximos meses? 

No início de maio, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o seu relatório de oferta e demanda de produtos agrícolas, o primeiro para a safra de 2023/2024. 

No documento, o órgão estimou a safra global de soja em 2023/2024 em 370,42 milhões de toneladas. Já no Brasil, a projeção foi de 155 milhões para esta temporada. 

Nesse contexto, a previsão do preço da soja 2023/2024 é de que haja um aumento no estoque mundial do grão, o que pode exercer pressão sobre os preços, conforme já observamos nos primeiros meses do ano. 

Para se ter ideia, na parcial de maio, o preço da soja no Brasil alcançou o menor valor desde meados de 2020 (R$139,9 por saca de 60kg). Algumas regiões, como Rondonópolis (MT) e Dourados (MS), fecharam a segunda semana do mês com preços ainda mais baixos ( R$118,50 e R$123 por saca, respectivamente).

A busca por autossuficiência da China é outro fator que pode influenciar no preço da soja nos próximos meses. Um dos maiores consumidores globais da commodity, o país tem buscado aumentar sua produção interna para reduzir a dependência de importações. 

Por fim, o radar para o clima brasileiro e argentino, principais produtores do grão, também estão mexendo com os preços. 

Em algumas regiões do Paraná, o clima tem sido favorável para as lavouras. Em outros lugares, como Rio Grande do Sul e Argentina, as temperaturas elevadas têm causado preocupação. Elas podem reduzir a demanda dos grãos, também aumentando os preços.

Por outro lado, é bom pontuar uma possível queda nos preços dos insumos agrícolas, uma vez que eles interferem diretamente no valor da saca de soja.

Por exemplo, o adubo que estava custando entre R$ 4 mil e R$ 6 mil em alguns meses de 2022 está voltando aos valores inferiores pagos na safra 2021/22. 

Quanto mais esses valores caírem, mais cairá o seu custo de produção da soja e consequentemente o valor da saca.

Como se proteger das flutuações de preço da soja para 2023?

Embora as previsões atuais apontem para um aumento no estoque mundial e consequente pressão sobre os preços, é importante lembrar que o mercado da soja é influenciado por fatores que podem mudar rapidamente, como a demanda global, as condições climáticas, a produção e os estoques mundiais. 

Para se proteger dessas incertezas, é fundamental saber seu custo de produção.

Não adianta comparar o preço de venda da soja do ano passado com o deste ano. Afinal, o custo da safra atual foi bem maior.

Para facilitar esse levantamento de custos, você pode utilizar uma planilha de custos de safra por hectare. Assim, será possível saber exatamente o quanto você gastou para produzir em cada talhão da sua propriedade.

Por meio de boas práticas, como bom manejo da lavoura, monitoramento do clima por meio de estações meteorológicas na fazenda e monitoramento de pragas e daninhas, você evita perdas. Consequentemente, poderá saber quantos quilos por hectare colherá, em média, em cada área.

Com esse valor em mãos, basta fazer uma estimativa. Veja o exemplo abaixo:

Esquema que mostra previsão do preço da soja 2023

Fazendo esse cálculo, você terá definido o valor mínimo de venda de cada saca. No exemplo acima, o valor de venda mínimo é R$ 154,18/saca. Para obter um lucro de 15%, o valor de venda da saca terá que ser R$ 177,31.

Com os cálculos em mãos, tente fazer cotações da venda futura da soja junto aos compradores para os quais você costuma entregar o produto. Se o valor for dentro do adequado para você, faça uma venda futura de parte ou do total da sua soja para garantir esse preço.

Você pode calcular os custos de produção da soja de forma mais automática, utilizando nossa planilha gratuita. Para acessá-la, basta clicar na imagem abaixo.

Calcule seus custos e compare com outras fazendas

Como saber se o preço de venda da soja compensa

Saber por qual preço compensa vender sua safra de soja depende principalmente do seu custo de produção. Para conseguir aumentar ou buscar a melhor margem de lucro da sua propriedade, faça levantamento correto do custo, anotando todos os gastos diretos e indiretos.

Para isso, conte com o apoio da tecnologia. Softwares de gestão agrícola como o Aegro auxiliam desde o planejamento até o controle de custos da produção, garantindo uma visão clara do dinheiro gasto ao longo da safra em tempo real.  

Gif que mostra painel de custos com o aegro
Acompanhe o real custo por hectare de forma automatizada dentro do Aegro

Ao fazer o planejamento e registrar as atividades da safra no sistema, o Aegro permite que você verifique a possibilidade de lucro ou prejuízo antes mesmo da colheita.

Quer saber mais sobre o Aegro? Assista ao vídeo de demonstração gratuita que preparamos para você.

Conclusão

Diversos fatores influenciam no preço da soja. Os mercados interno e externo estão sempre atentos às variáveis que puxam os preços para cima e para baixo. Além disso, a Bolsa de Chicago é a principal mandante dos preços pagos da oleaginosa no Brasil. 

Por fim, o preço das commodities tende a se equilibrar em algum momento. Porém, com tantas variáveis ainda presentes, será difícil o preço não oscilar, tanto na safra atual quanto na temporada 2023/2024. 

Acompanhar de perto as tendências do mercado e as análises especializadas é fundamental para você tomar decisões informadas e estratégicas no setor da soja. Fazer corretamente o custo de produção das suas áreas também é importante. 

Assim, será possível definir com mais segurança o preço de venda e se preparar para a venda futura.

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“Previsão do preço do arroz em 2023: confira as expectativas”

“Lucro por hectare de soja: saiba como calcular”

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Redatora Isabel Rocha

Atualizado em 09 de junho de 2023 por Isabel Rocha.

Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero, com passagens por veículos como Band News TV e EXAME e experiência nas editorias de negócios, empreendedorismo, ESG e economia.

Murcha-de-Fusarium em feijão: saiba como identificar e manejar

Murcha-de-Fusarium em feijão: entenda os sintomas, condições favoráveis para a ocorrência, fases mais suscetíveis e como evitá-la

A murcha-de-Fusarium é uma das principais doenças do feijão. Ela ocorre com maior frequência em feijão-comum e feijão-caupi.

Ela pode se manifestar em todas as fases de cultivo, e sua evolução ocorre ao passar dos anos. Isso acontece especialmente porque o patógeno é um habitante de solo, o que dificulta ainda o seu controle.

Neste artigo, veja como combater a murcha-de-Fusarium em feijão, como identificar no campo, sintomas e principais medidas de controle para reduzir e evitar danos na sua lavoura! Boa leitura!

O que é a murcha-de-Fusarium em feijão?

Espécies do fungo Fusarium são os principais patógenos causadores de doenças em plantas. A murcha-de-Fusarium, também conhecida como fusariose, é causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli.

Eles conseguem utilizar inúmeras culturas distintas como hospedeiras. Além disso, são amplamente distribuídas pelas regiões produtoras de alimentos no mundo. O gênero Fusarium possui como plantas hospedeiras principalmente o feijão-comum e o feijão-caupi.

Murcha-de-Fusarium: sintomas

Os sintomas típicos da doença são reflexos do que acontece nas raízes. Nas raízes e nos caules, há escurecimento dos vasos e é possível ver estruturas rosadas do fungo. Ainda, as folhas amarelam e secam, sintomas que aparecem muito em reboleiras, prejudicando o enchimento das vagens.

Entretanto, é a parte aérea da planta que demonstra mais problemas. Os principais em que você deve prestar atenção são:

  • Amarelecimento das folhas com murcha parcial ou total das plantas, especialmente em horários mais quentes do dia, podendo levar inclusive a morte;
  • Escurecimento do sistema vascular que pode ser observado a partir do corte e visualização interna do caule das plantas. Nem sempre este sintoma ocorre, e por isso, a ausência de escurecimento interno não é sinônimo de que o problema não esteja ocorrendo;
  • Perda de rigidez dos tecidos durante dias ou períodos mais secos;
  • Em períodos de alta umidade no solo e sintomas severos, podem ser observadas estruturas de coloração cinza a rosada;
  • Em áreas infestadas com nematoides, como o nematoide-das-galhas e das lesões, a doença pode ser mais severa. Afinal, ambos os patógenos favorecem a entrada do fungo no interior das raízes;
  • Quando a doença ocorre ainda no período vegetativo, as plantas apresentam crescimento anormal, tornando-se raquíticas e de tamanho menor;
  • Nas vagens, podem ser visualizadas lesões de aspecto aquoso, podendo inclusive contaminar as sementes. Isso agrava o problema, especialmente quando as sementes são usadas em novas semeaduras. Afinal, isso acaba contaminando outros pontos da lavoura ou introduzindo a doença em locais onde ela era ausente.

Inicialmente, é comum que os sintomas sejam observados em reboleiras. Além disso, a murcha das plantas pode ser confundida com outras doenças e com estresse hídrico.

Por isso, ao sinal de irregularidades na lavoura, é importante que a inspeção seja feita para investigar as possíveis causas.

A doença afeta o sistema responsável pela passagem e translocação de água e nutrientes pela planta). Por isso, causa problemas principalmente em raízes, prejudicando a absorção de elementos importantes para o desenvolvimento das plantas. 

murcha-de-fusarium
Sinais de murcha-de-Fusarium nas raízes de feijão
Fonte: (Esalq-USP)

Condições favoráveis para o fungo Fusarium sp. no feijão

Embora a doença possa se manifestar no período vegetativo, é a partir do florescimento que os danos são mais severos. Afinal, nesse período a planta demanda maior fluxo de água e nutrientes necessários para o enchimento dos grãos. 

As temperaturas amenas (entre 24°C a 28°C), quando combinadas com alta umidade do solo, favorecem o fungo causador da doença. Os solos compactados, arenosos, ácidos e com baixo teor de matéria orgânica também são favoráveis.

Por isso, o manejo dos solos é fundamental para a saúde das plantas. Vale lembrar que outros tipos de solo podem ser tão impactados pela doença quanto os arenosos e ácidos. Ou seja, é importante que a doença não seja negligenciada

Os danos e prejuízos da doença dependem da sua severidade. A severidade, por sua vez,  depende da cultivar implantada na área. Em cultivares favoráveis para a doença, os danos podem ultrapassar os 50% e causar perda total do cultivo.

murcha-de-fusarium
Sinais de murcha-de-fusarium em folhas de feijão
Fonte: (TopCropManager)

Como fazer o controle de Fusarium no feijão?

O controle de Fusarium no feijão a partir de fungicidas não é uma medida eficiente. Afinal, o patógeno é um habitante de solo e que pode permanecer viável, sobrevivendo por longos períodos. Justamente por isso, o controle genético é a principal ferramenta de controle.

Outra medida que deve ser priorizada em áreas com histórico da doença é a rotação de culturas (controle cultural). Esta prática evita que o fungo continue o seu ciclo e produza novas populações, se caracterizando como uma medida preventiva de controle.

Como o patógeno tem espécies de feijão-comum e feijão-caupi como hospedeiras, estas não devem ser cultivadas na área por determinado período. É necessário inserir espécies não hospedeiras para quebrar o ciclo da doença e reduzir a sua população na área de cultivo.

Qual o melhor fungicida para Fusarium?

Como o fungo é um patógeno de solo, o tratamento de sementes com combinação de fungicidas de contato são medidas importantes.

Atualmente, no Agrofit, podem ser encontrados cinco produtos para controle da doença na cultura do feijão. Os principais grupos químicos incluem a combinação de estrobilurina + benzimidazóis.

Opções de fungicida para Fusarium de fenilpirrol + acilalaninato + benzimidazol + neonicotinóide também podem ser usadas no controle. 

Entretanto, lembre-se que a escolha do melhor fungicida para Fusarium deve ser baseada na realidade da lavoura e na ajuda de profissionais da agronomia.

Como combater a murcha-de-Fusarium antes dela chegar na lavoura?

Neste caso, as boas práticas agrícolas como manejo de solo são cruciais para evitar os danos da doença. Além disso, o uso de sementes certificadas é indispensável. Elas são produzidas sob rigor, fiscalização e inspeções frequentes.

Em lavouras com suspeita de problemas, mesmo que não identificados devidamente, é importante que o manejo com máquinas seja feito com cuidado. Faça primeiro o manejo em  áreas com ausência de problemas, e depois, em áreas com suspeita.

Isto evita que possíveis patógenos sejam disseminados ao longo das áreas de produção através de solo contaminado aderido às máquinas. Um manejo de solo que evite a compactação da área ou que auxilie na redução do problema também pode ser útil. 

planilha pulverização de defensivos agrícolas

Conclusão

A murcha-de-Fusarium ou amarelecimento-de-Fusarium é uma doença que pode reduzir significativamente a produtividade do feijão-comum e do feijão-caupi.

Como os sintomas são semelhantes a diversas outras doenças e estresses, é fundamental que a doença seja devidamente diagnosticada. Isso especialmente para que as medidas de controle mais adequadas sejam implantadas na área.

O controle genético e o tratamento de sementes, aliados a medidas que recuperem a saúde do solo, são as mais eficientes para o controle da doença.

Plantação de amendoim: tudo que você precisa saber

Plantação de amendoim: importância para o Brasil, vantagens do uso, sistemas de produção, características das plantas e principais manejos.

O plantio de amendoim no Brasil vem crescendo em área e produção. Esse resultado é devido principalmente ao uso dessa leguminosa em áreas de renovação.

Seu uso causa vantagens ao solo, a cultura posterior e a quem produz. Afinal, o valor pago pelo produto também tem sido atrativo nos últimos tempos. Porém, para se ter uma boa rentabilidade, é importante ter conhecimento da cultura em um todo.

Neste artigo, veja os principais pontos de manejo dessa cultura, quando plantar amendoim e cuidados desde o preparo do solo até o pós-colheita, venha conferir!

Importância da plantação de amendoim no Brasil

A plantação de amendoim no Brasil vem se expandindo novamente, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento. A previsão de área para a safra 2022/23 é 212,1 mil hectares.

O Brasil não semeava esta quantidade de área desde a década de 80, quando o plantio de amendoim no país foi reduzido. Isso aconteceu principalmente devido a fatores tecnológicos e de mercado.

Ele voltou a subir nos últimos dez anos, por causa do aumento de tecnologia no campo e novas cultivares no mercado. O cultivo de amendoim é feito principalmente no Estado de São Paulo. 

Na safra 2021/22, este Estado apresentou 92,8% do total da produção. O volume produzido foi de 692,7 mil toneladas. Os Estados do Mato Grosso do Sul e Minas Gerais foram, respectivamente, o segundo e terceiro em produção.

Principais locais de produção de amendoim no estado de São Paulo 
(Fonte: Instituto de Economia Agrícola – IEA)

O avanço tecnológico da cultura contribuiu para sua nova expansão no território nacional. Por isso, o uso do amendoim em reforma de canaviais teve grande influência no aumento de área semeada.

Amendoim em rotação com cana-de-açúcar

Em área de plantação de cana-de-açúcar, é preciso haver rotação. Afinal, essa cultura permanece na mesma área por 6 ou 7 ciclos, se for plantada cana em cima de cana. Sem rotação, ocorre queda significativa de produção por causa da exploração contínua do solo.

Assim, o plantio de amendoim nestas áreas traz diversas vantagens, como:

  • aumento da produtividade da cana-de-açúcar;
  • boa fixação biológica de nitrogênio;
  • diminuição na população de nematoides que ocorrem na cana-de-açúcar;
  • cobertura do solo; 
  • ciclo curto;
  • PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas);
  • ciclagem de nutrientes;
  • redução do custo de implantação do canavial.

Por este motivo, rotacionar áreas canavieiras com amendoim tem sido uma opção para os produtores. Além de melhorar o solo na parte física, química e biológica, ele aumenta a renda e reduz os custos do canavial.

Com estas vantagens, já se tem visto áreas de pastagens rotacionadas com amendoim.

Características e ciclo do amendoim

O ciclo do amendoim pode variar de 90 a 180 dias. Isso vai depender do genótipo e das condições climáticas da região durante o ciclo da cultura. Existem dois tipos de hábitos de crescimento da planta de amendoim: o tipo ereto ou tipo rasteiro.

O hábito de crescimento também tem influência na duração do ciclo da planta. Se a cultivar for de ramificação alterada (tipo rasteiro) o ciclo é mais longo. Esse tipo de amendoim é conhecido comercialmente como Virgínia Runner.

Cultivares de tipo ereto, com ramificação sequencial, precisam de um tempo mais curto para produzir suas vagens e grãos. Esse tipo é conhecido comercialmente como Valência ou Tatu.

Tipo de crescimento de cultivares de amendoim 
(Fonte: Infoamendoim)

Manejo do plantio de amendoim 

Para a cultura do amendoim, do preparo do solo até a colheita, é necessário saber alguns pontos para obter boas produções. Veja abaixo os principais manejos em diversos momentos da lavoura.

Qual é a época de plantar amendoim?

O plantio do amendoim precisa ser feito em temperaturas ideais para a cultura, além de boa umidade no solo. Nos estados de São Paulo, Minas Gerais e estados do Sul, ele é semeado na época das águas, de setembro a novembro

Na Bahia e Paraíba o plantio é feito em abril e maio, no sequeiro. O importante é semear quando a temperatura estiver entre 20 °C e 30 °C. Ainda, o solo precisa estar com umidade adequada para que ocorra a germinação e estabelecimento da plântula.

Preparo do solo

Como os grãos de amendoim são produzidos abaixo do solo, o preparo e a boa escolha da área é muito importante. Todos tipos de solo podem ser utilizados para semeadura do amendoim. 

Entretanto, para ter um bom desenvolvimento radicular e produção, solos arenosos, bem drenados e férteis são os desejados.

O preparo do solo pode ser convencional, com arações e gradagens antes do plantio. Ou, por outro lado, pode ser feito em plantio direto. Neste sistema, você tem redução de 20% a 30% do custo de produção.

Semeadura

A semeadura deve ser realizada corretamente, com regulagem da semeadora e velocidade de plantio adequada. A profundidade de plantio deve variar entre 3 cm a 8 cm, sendo mais profundos em solos arenosos.

Em relação a quantidade de sementes por metro, irá depender da recomendação de cada cultivar, mas no geral, as recomendações são as seguintes:

  • Para plantas de porte ereto, são semeadas de 18 a 20 sementes por metro. O espaçamento entre linhas deve ser de 60 cm;
  • Para plantas de porte rasteiro, são semeadas de 14 a 15 sementes por metro. O espaçamento entre linhas deve ser entre 80 cm e 90 cm.

Como adubar amendoim?

A adubação deve ser feita conforme a necessidade da cultura. A quantidade de nutrientes presentes no solo e qual sistema está sendo semeado o amendoim também precisam ser considerados. Na média das cultivares, a adubação necessária é de:

  • 190 kg/ha de nitrogênio;
  • 60 kg/ha de potássio;
  • 13 kg/ha fósforo;
  • 26 kg/ha de cálcio;
  • 20 kg/ha magnésio;
  • 9 kg/ha enxofre.

Além desses nutrientes, a cultura do amendoim tem respondido em produtividade à adubação fosfatada, com valores de 40 kg/ha e 80 kg/ha de P2O5.

Entretanto, é muito importante lembrar que é necessário fazer uma boa análise antes de fazer a adubação. Assim, você garantirá que não fornecerá nutrientes a mais ou a menos do que a sua cultura precisa.

Principais plantas daninhas da cultura

Plantas daninhas reduzem muito a produção de amendoim se não controladas no momento correto. Em cultivares de plantas de crescimento ereto, o período crítico é até os dias após a emergência. Por outro lado, para cultivares rasteiras, esse período passa para 70 dias

Em qualquer uma das etapas, as principais plantas daninhas do amendoim são:

Principais doenças 

O aparecimento das doenças depende do sistema de manejo, condições climáticas durante o ano e da susceptibilidade da cultivar. Como as principais doenças no plantio de amendoim, há:

  • mancha-castanha;
  • pinta-preta;
  • ferrugem;
  • verrugose;
  • mancha em “V”;
  • mofo-branco;
  • murcha de Sclerotium;
  • podridão de Rhizoctonia.

Principais pragas do cultivo de amendoim

A atenção com as pragas deve ser principalmente com o tripes-do-prateamento e lagarta-do-pescoço-vermelho. Essas pragas atacam as folhas, reduzindo a área fotossintética das plantas.

Outras pragas também são encontradas dependendo da região de cultivo, como:

Os ácaros rajados e vermelhos também atacam as plantas de amendoim, além de pragas de armazenamento como traça-das-vagens e gorgulho.

Colheita, pós-colheita e secagem do amendoim

A colheita do amendoim deve ser feita com cuidado. Ela começa quando 70% das vagens atingem o ponto de maturidade. O indicativo disso é o amarelecimento das folhas e/ou o preenchimento dos grãos dentro da vagem.

O arranquio tem que ser feito em dia de sol, e ele pode ser feito de maneira manual ou mecânica. Após o arranquio, você deve recolher as vagens.

Alguns cuidados devem ser observados após a colheita do amendoim, sendo o principal a umidade das vagens. Se não for feita corretamente a secagem, elas podem adquirir fungos que diminuem a qualidade dos grãos.

planilha controle de custos por safra

Quais são os custos para produzir amendoim?

De modo geral, o custo para implantação para o cultivo de amendoim varia de região para região e do tipo de tratos culturais adotados. Entretanto, o valor gasto para safra 2021/2022 foi de 12 mil reais por hectare, em média.

A maior parte do custo fica por conta das sementes. Elas precisam ter uma boa qualidade e ser originadas em locais idôneos. Ainda, o arrendamento da área vem em segundo lugar no custo, o que se for terra própria reduz este valor.

Em relação à rentabilidade de quem produz, o preço pago dos produtos tem que acompanhar o aumento dos insumos, como adubos. Porém, nem sempre isso ocorre.

Comparando os preços dos últimos 10 anos, o valor pago na saca de 25 kg de amendoim em casca tem aumentado. Isso causa uma rentabilidade maior de quem produz.

O lucro por hectare de amendoim vai depender do valor gasto com insumos, da produtividade obtida e do valor de venda por saca. Por isso, é importante fazer o custo de produção para saber qual valor mínimo de venda da sua produção. 

Valor dos últimos 10 anos da saca de 25 kg de amendoim em casca, em vermelho preço nacional e azul preço pago no estado de São Paulo 
(Fonte: Agrolink)

Conclusão

A plantação de amendoim é importante em diversos sistemas de produção. O Estado de São Paulo é o maior produtor desta cultura no Brasil, principalmente devido ao seu plantio pós cana-de-açúcar.

Cada um dos dois tipos de porte de plantas possui suas peculiaridades quanto ao ciclo e desenvolvimento de vagens. Entretanto, a rentabilidade causada por ambos é igualmente boa.

Por isso, fique de olho nos métodos de manejo para cada um desses tipos de porte para garantir boas produtividades. Na dúvida, não deixe de tirar dúvidas com uma pessoa profissional da agronomia.

E aí? Ficou com alguma dúvida sobre a plantação do amendoim? Acha que essa pode ser uma boa opção para a sua fazenda? Deixe seu comentário abaixo!

Lagarta-rosada: veja como livrar o algodoeiro dessa praga

Lagarta-rosada: veja quais são as características, fases de cultivo em que causa maiores danos, como identificar, estratégias de MIP e mais!

A lagarta-rosada é um inseto-praga que causa diversos danos na cultura do algodão. Quando adulta, a praga é uma mariposa cinza, fina e com asas. Quando está no estádio de larva, possui cor branca e tem oito pares de perna.

Essa larva possui faixas cor-de-rosa pelo corpo, o que dá origem ao seu nome popular. Ainda, ela é super pequena, com apenas meia polegada de comprimento. Conhecer bem suas características é fundamental para evitar que essa praga cause danos no seu algodoeiro.

Neste artigo, veja como identificá-la em diferentes fases de desenvolvimento e como utilizar o Manejo Integrado de Pragas para garantir um bom controle. Boa leitura!

O que é a lagarta-rosada do algodão?

A lagarta rosada também possui outros nomes científicos, como Gelechia gossypiella, Pectinophora Gossypiella e Plateydra gossypiela. No entanto, todos se referem ao mesmo inseto.

A lagarta-rosada pertence à classe Insecta, ordem Lepidoptera e gênero Pectinófora. Ela é uma das principais pragas do algodão, e está distribuída especialmente no hemisfério Sul. No Brasil, ela está presente de forma generalizada, especialmente nos seguintes Estados:

  • Alagoas;
  • Amazonas;
  • Bahia;
  • Ceará;
  • Espírito Santo;
  • Maranhão;
  • Mato Grosso;
  • Minas Gerais;
  • Pará;
  • Paraíba;
  • Paraná;
  • Pernambuco;
  • Rio de Janeiro;
  • Rio Grande do Norte;
  • Santa Catarina;
  • São Paulo;
  • Sergipe. 
Distribuição da lagarta-rosada do algodão no mundo. Os círculos amarelos correspondem ao local onde a praga já foi identificada
(Fonte: Banco de dados global, 2022)

O hospedeiro principal desta praga é a cultura do algodão (Gossypium hirsutum). No entanto, ela pode estar presente em outras espécies de algodão, bem como em plantas como quiabo e hibisco.

Alguns países importantes, como Estados Unidos, tem a lagarta rosada categorizada como praga de quarentena desde 1989. Desde 2018, ela é considerada erradicada no país.

Como identificar a Pectinophora Gossypiella em casa fase

Os ovos da lagarta são branco-esverdeados, e são postos individualmente ou em grupos de 15 ou 20 ovos.  Após esse período, os ovos mudam de cor. Após eclodirem os ovos, as lagartas têm tamanho aproximado de 2 mm, e passa por diferentes fases de desenvolvimento:

  • Primeira fase: em 3 a 4 dias após a eclosão as lagartas aumentam em tamanho, atingindo 4 mm. A coloração da cabeça da lagarta é amarela com marrom-escuro;
  • Segunda fase: as lagartas adquirem coloração branca, aumentando lentamente em tamanho até atingir 6 mm;
  • Terceira fase: as lagartas possuem marcações rosa visíveis, que podem ser visualizadas em função do contraste das marcações com a cor creme do restante do corpo;
  • Quarta fase: a lagarta adquire coloração rosa, atingindo aproximadamente 9 mm. Nesta fase, alimenta-se dentro do capulho. Após a alimentação da lagarta, ela sai do capulho e cai no solo para dar continuidade ao seu ciclo.

No solo, a lagarta-rosada do algodão responde de forma diferente às condições de temperatura. Isso pode acontecer de duas formas diferentes:

  1. A lagarta pode dar sequência ao seu ciclo, transformando-se em uma pupa marrom brilhante de 7 mm a 10 mm de comprimento;
  2. Ir para a diapausa, em que há suspensão do seu desenvolvimento em função das condições ambientais adversas. Isso permite a sobrevivência do inseto.

A duração do ciclo de vida total da lagarta é influenciado pela temperatura, podendo ser entre 21 a 45 dias. Além disso, é importante lembrar que o hábito deste inseto é noturno.

Portanto, as inspeções das áreas de produção devem ser realizadas em períodos que favoreçam maior atividade da praga. Isso facilita a sua visualização e quantificação.

Aspecto visual da lagarta-rosada reduzindo a qualidade das fibras produzidas em função da alimentação
(Fonte: Queiroga, 2017)

Danos causados pela lagarta-rosada do algodão

A lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella) é uma praga que causa danos importantes na cultura do algodão. Ela afeta a produtividade da cultura, mas também a qualidade do algodão produzido. Afinal, a lagarta deposita seus ovos nas maçãs novas do algodoeiro.

Os prejuízos causados são variáveis. Porém, o principal problema encontra-se no seu ciclo de vida. Afinal, essa praga consegue sobreviver mesmo em condições ambientais adversas e sob a palhada ou no solo. Especialmente em plantio direto, seu controle é muito difícil.

Além disso, é bom lembrar que o principal produto do algodão são as fibras e que os danos ocorrem principalmente nos capulhos. Ou seja, há redução da produtividade e da qualidade do algodão, gerando danos duplos.

Relatos de resistência da lagarta já foram documentados em diversos países, especialmente na tecnologia Bt. Também fique de olho nos danos causados nas flores e no capulho do algodoeiro:

  • Se o ataque ocorrer no início do florescimento, as flores podem não abrir, tornando-se rosetadas.
  • Já nos frutos e logo após a eclosão, a lagarta rosada alimenta-se inclusive das sementes formadas.
Lagarta-rosada causando danos em maçãs do algodão, inviabilizando a produção de algodão.
(Fonte: Dos Santos, 2006 e Fand et al., 2019)

Fases de cultivo em que causa maior prejuízo e danos

A lagarta-rosada tem chamado atenção nas últimas safras. Embora os problemas possam ocorrer em diferentes fases de desenvolvimento da cultura, a manifestação na lavoura ocorre entre 70 a 100 dias da semeadura. Em outras palavras, no início do florescimento

No entanto, vale lembrar que o comportamento do inseto pode ser diferenciado a depender do local de produção, da cultivar utilizada e do manejo. Por isso, o monitoramento deve ocorrer em todas as fases de desenvolvimento.

Como controlar a lagarta-rosada-do-algodoeiro com MIP?

O controle eficiente da lagarta-rosada do algodão envolve a junção de diferentes métodos de controle. Isso é feito através do Manejo Integrado de Pragas, que engloba ações como:

  • cuidado com a época de semeadura do algodão;
  • manejos culturais;
  • retirada de maçãs e capulhos caídos ao chão;
  • eliminação de restos culturais após a safra;
  • controle químico e biológico.

No Agrofit, você pode consultar os defensivos recomendados para o controle da lagarta. No entanto, a escolha do defensivo deve considerar o que menos causa danos aos inimigos naturais

Quando possível, opte por inseticidas que sejam seletivos aos inimigos naturais. Afinal, a eliminação dos inimigos naturais de pragas pode aumentar a população de uma praga secundária.

Pragas secundárias podem não causar danos econômicos à cultura em um dado momento. Mas ao se tornar primária, também pode reduzir a produção e produtividade do algodoeiro. Confira outras medidas indispensáveis para controlar a lagarta-rosada.

Manejos culturais da Pectinophora Gossypiella

Dos manejos culturais, fazer a semeadura de área de refúgio para evitar a resistência na tecnologia Bt é fundamental. Você também pode usar cultivares de ciclo precoce para evitar exposição prolongada à praga.

Além disso, evite semeaduras precoces. Neste cultivo, os insetos em hibernação podem emergir. Isso aumenta a sua população para quando o cultivo principal for semeado.

Quando a cultura é semeada em época ideal, os insetos que estão sob hibernação emergem e não possuem hospedeiro para continuar o seu ciclo. Isso reduz sua população na área de cultivo, fenômeno denominado “emergência suicida”.

Armadilhas

O monitoramento da população de mariposas e da lagarta-rosada do algodão pode ser realizada também com a instalação de armadilhas. Elas devem possuir feromônio sexual feminino para atrair os insetos.

Manejos químicos e biológicos

Para controlar a lagarta-rosada, o uso de fungos entomopatogênicos pode ser uma ótima solução. Ainda, você pode realizar a liberação de ovos como espécies de Trichogramma.

Essas espécies tornam-se grandes populações de vespas adultas. Siga as instruções do fabricante do produto sobre a quantidade de ovos por hectare. Além disso, em um ano de cultivo, pesquisas indicam a necessidade de liberação de parasitóides até 12 vezes

Isso deve ser feito com intervalo de até 15 dias a partir do florescimento da cultura. Quando necessário, você também pode utilizar inseticidas com ação ovicida

Em relação ao manejo químico, a aplicação do  produto caulim, na concentração de 60 g L‑1, também é indicada.

Banner de chamada para o download da planilha de cálculos de insumos

Manejos pós-colheita dessas principais pragas do algodão

O controle após a colheita do algodão em locais de armazenamento, galpões, depósitos, esteiras, descaroçadores deve ser realizado. Esses locais servirão como início de uma infestação para a próxima safra. 

Para isso, as iscas com feromônios também são uma boa opção.

Qual o nível de controle para a lagarta-rosada do algodoeiro?

Se você cultiva algodão e desconfia (ou já notou) da presença da lagarta-rosada, é necessário ficar de olho no nível de controle ideal. Dessa forma, é possível evitar que sua lavoura sofra grandes danos econômicos.

O controle da lagarta-rosada deve iniciar quando 5% das maçãs do algodoeiro em formação, em uma amostragem de 100 maçãs, apresentarem danos. 

Além disso, o monitoramento da lavoura deve ser constante, especialmente no período reprodutivo, fase em que os danos são mais severos.

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Conclusão

A lagarta-rosada é uma das principais pragas do algodão, e possui difícil controle por causa da redução da eficiência de inseticidas. Isso é reflexo da ausência da implantação de áreas de refúgio em cultivos Bt e no uso inadequado de inseticidas.

Nesses casos, o MIP (Manejo Integrado de Pragas) deve ser priorizado, sendo uma ferramenta importante no manejo de resistência. Ainda, diversas opções de controle biológico podem ser encontradas.

Na dúvida em relação a essas medidas de controle, não deixe de buscar o conhecimento de um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) sobre melhores estratégias de uso.

Você já percebeu a presença da lagarta-rosada no seu algodoeiro? Tem dificuldades sobre como fazer o manejo? Adoraria ler seu comentário.