Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência e alternativas de controle

Fungicidas da cultura da soja: resistência, como realizar o manejo disso, além de fungicidas e medidas alternativas de manejo para doenças da soja.

A soja é um importante grão para o país, com produção estimada de 121 milhões de toneladas para a safra 2019/20, segundo a Conab.

Muitos fatores prejudicam a produção, mas no cultivo da soja as doenças vêm ganhando destaque.

Uma das razões para isso ocorrer, é que alguns fungos causadores de doença já foram identificados como resistentes a fungicidas (redução da sensibilidade).

Por isso, neste texto descrevemos alguns dos fungicidas da cultura da soja que já apresentaram resistência, medidas para realizar esse manejo e informações sobre alternativas de controle. Confira!

Importância dos fungicidas da cultura da soja

A lavoura é um sistema complexo, envolvendo fatores que podem contribuir ou afetar a produção.

Uma das razões que pode impactar negativamente a sua produção agrícola da lavoura de soja são as doenças.

O uso de fungicidas para o manejo das doenças da soja é muito importante, mas não podemos nos esquecer das outras estratégias que devem ser integradas ao manejo.

No Brasil foram utilizados cerca de 15% de fungicidas, dentre os demais defensivos agrícolas consumidos em 2017, nas diversas plantas cultivadas no país. 

defensivos agrícolas em 2017

Tipos de defensivos agrícolas empregados em 2017 (toneladas)
(Fonte: Sindiveg em Marques Junior)

Em áreas produtoras de soja, a utilização de fungicidas é bastante expressiva, que pode contribuir para o manejo da ferrugem e outras doenças como mancha alvo, mancha parda, antracnose e outras.

O volume de fungicida aplicado na cultura da soja teve um aumento ao longo dos anos, sendo um dos motivos pela ocorrência da ferrugem asiática no Brasil na cultura da soja a partir de 2001 (uso intensivo).

E esse uso de fungicidas vem sendo utilizado amplamente nessa cultura para o manejo de fungos fitopatogênicos, no entanto, deparamos com relatos de resistência a esses produtos.

Resistência de um fungo a um fungicida é a redução da sensibilidade do fungo ao defensivo agrícola, ou seja, é a resposta natural do fungo a uma ameaça externa que pode afetar sua sobrevivência, que nesse caso é o fungicida. 

Essa característica é herdável e estável em um fungo como resposta da aplicação de fungicida.

A resistência implica em falhas de manejo de doenças em uma lavoura.

Com esta definição surge o seguinte questionamento: O que leva a ter resistência de fungos a fungicidas?

Como ocorre a resistência de fungos a fungicidas?

Normalmente, a resistência a fungicidas ocorre por processos evolutivos, que pode manifestar pelo uso contínuo do defensivo agrícola com o mesmo modo de ação, uso de doses incorretas do fungicida recomendado, entre outros.

Ou seja, ocorre a seleção dos fungos resistentes pela utilização inadequada dos produtos (fungicidas).

A resistência é um processo natural (evolução), assim, populações de fungos menos sensíveis a fungicidas já estão presentes na natureza, mesmo sem nunca terem sido expostas aos mesmos.

Mas com o uso inadequado adiantamos esse impacto e, desta forma, ocorre uma influência na velocidade de desenvolvimento da resistência, com a tendência de eliminar populações mais sensíveis do patógeno, aumentando a frequência dos menos sensíveis e atuando como agentes de seleção.

Resistência de fungos aos fungicidas

Representação de como os fungos podem se tornar resistentes a fungicidas (pressão de seleção)
(Fonte: Summa Phytopathologica)

E quais os relatos de resistência dos fungicidas da cultura da soja?

Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência

Alguns fungicidas que foram relatados com perda de eficiência para algumas doenças de soja foram:

– Para ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) houve redução na sensibilidade de fungicidas dos grupos químicos: Estrobilurinas, Triazóis e Carboxamidas.

A partir da safra 2007/08 foi detectado redução na eficiência dos fungicidas. Na safra 2007/08 de Triazóis, em 2013/14 de Estrobilurinas, e das Carboxamidas na safra 2016/17.

– Para mancha alvo (doença de final de ciclo) causada por Corynespora cassiicola apresentou resistência aos grupos químicos benzimidazóis, estrobilurinas e carboxamidas.

Nesses casos de redução na eficiência dos fungicidas, deve-se utilizar outras medidas de manejo das doenças de soja, mas antes, veja algumas recomendações para o manejo de resistência a fungicidas.

Como realizar o manejo de resistência a fungicidas?

Como vimos, o manejo de doenças pode ficar menos eficiente com a utilização de alguns fungicidas.

Para reduzir essa resistência e aumentar a vida útil dos fungicidas, o Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (FRAC) recomenda as seguintes estratégias que podem ser utilizadas no controle:

  • Realizar rotação de fungicidas com diferentes modos de ação;
  • Utilizar o fungicida somente na época, na dose e nos intervalos de aplicação recomendados no rótulo/bula;
  • Contar com outras medidas de manejo para o controle das doenças da soja (manejo integrado de doenças que vamos discutir no próximo tópico);
  • Consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações, monitoramento da safra e na tomada de decisão quanto à estratégia de controle para as doenças da soja na lavoura.

Além dessas estratégias, não se esqueça de realizar a aplicação do fungicida de forma eficiente, observando as condições climáticas adequadas e dos equipamentos agrícolas a serem utilizados.

A Embrapa também orienta para evitar mais que duas aplicações do mesmo produto em sequência.

Contudo, para o controle eficiente das doenças da soja da sua lavoura, verifique as alternativas de manejo.

planilha de produtividade da soja

Alternativas de controle das doenças da soja

Devemos lembrar que os fungicidas são parte do controle de doenças da soja, mas como já comentamos, devem ser utilizadas e integradas outras estratégias de manejo, que vamos discutir a seguir.

  • Vazio sanitário (controle da ferrugem asiática): é o período em que a área fica sem plantas de soja. Ele varia de 60 a 90 dias, o que reduz a sobrevivência do fungo;
  • Calendarização da semeadura (ferrugem asiática): realizar a semeadura no início do período recomendado pode reduzir o número de aplicações de fungicidas na sua área;
  • Uso de variedades resistentes;
  • Utilização de variedades precoces;
  • Uso de sementes certificadas;
  • Rotação de culturas ou sucessão;
  • Plantio no espaçamento adequado;
  • Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo;
  • Controle químico, o qual se caracteriza pelo uso de defensivos agrícolas.

Uso consciente de fungicidas para a ferrugem asiática da soja

Para o uso do controle químico, o produtor deve utilizar produtos registrados para a doença de soja que se pretende manejar, além de serem aplicados em doses, épocas e intervalos de aplicação como recomendado pelo fabricante.

Para a ferrugem asiática da soja, uma importante doença da cultura, têm-se 67 produtos registrados para a doença no Agrofit, que você pode consultar e definir qual deve ser utilizado de acordo com os mecanismos de ação e das recomendações a seguir.

Alguns fungicidas que podem ser utilizados para o manejo dessa doença da soja, segundo o FRAC, são:

Estrobilurinas (QoI): Inibidores de respiração no complexo 3

Essas devem ser utilizadas combinadas com os fungicidas triazóis, triazolintione e/ou carboxamidas para garantir adequados níveis de eficiência.

E o programa de controle de ferrugem deve ser iniciado de forma preventiva à ocorrência da doença.

Triazóis e Triazolintione (DMI): Inibidores da síntese de ergosterol

Indica a associação de DMI com estrobilurinas, como descrito no tópico anterior.

Carboxamidas (SDHI): Inibidores de respiração no complexo 2

Este grupo de fungicida deve ser combinado com fungicidas do grupo químico das estrobilurinas, para garantir adequados níveis de eficácia.

Além disso, a Embrapa também realizou um estudo sobre a eficiência de fungicidas multissítios para o controle da ferrugem da soja.

Esses fungicidas afetam diferentes pontos metabólicos do fungo e apresentam baixo risco de resistência.

Os multissítios são diferentes dos fungicidas sítio-específicos que são ativos contra um único ponto da via metabólica de um patógeno ou contra uma única enzima ou proteína necessária para o fungo, que são os que comentamos acima. 

Diante da pesquisa da Embrapa sobre a eficiência dos fungicidas multissítios na safra 2018/19, esses podem ser uma ferramenta importante para o manejo da ferrugem-asiática na soja, sendo necessário o registro do fungicida no MAPA para a sua utilização.

Dessa forma, podem-se realizar aplicações de fungicidas sítio-específicos com misturas com fungicidas multissítios.

Além da ferrugem, para a mancha alvo, o Frac recomenda não utilizar Carboxamidas de maneira isolada, mas deve-se realizar a associação com fungicidas multissitios no manejo da doença.

Conclusão

Os fungicidas são importantes para o controle de doenças da soja, mas vimos que alguns fungos se tornam resistentes a fungicidas.

Assim, neste texto foi discutido o que é resistência a fungicidas e como elas ocorrem.

Além disso, falamos sobre os fungicidas que tiveram relatos de perda de eficiência e como manejar essa suscetibilidade. E ainda, discutimos alternativas de manejo para doenças da soja.

Com isso, você pode ter um manejo mais eficiente na sua lavoura, controlando as doenças da soja e também os custos agrícolas.

>> Leia mais:

5 maneiras de controlar os nematoides na soja

O que são fungicida sistêmico e de contato e qual utilizar

“Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?”

Você teve problemas com perda da eficiência de fungicidas da cultura da soja? Você realiza rotação de mecanismos de ação? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como fazer o melhor manejo da broca da cana-de-açúcar

Broca da cana-de-açúcar: características, sintomas da praga no canavial e diferentes formas de controle para evitar prejuízos.

A broca da cana-de-açúcar é considerada praga-chave da cultura por estar presente em todo o território nacional e em outros países do continente Americano.

Sua presença na lavoura pode representar perdas significativas na produtividade, além de afetar a qualidade da produção de açúcar e de etanol.

Mas como fazer para identificar esta praga? Qual parte da planta ela ataca e como fazer um controle eficaz? Veja a seguir! 

Importância da broca da cana-de-açúcar

Esta praga é pertencente à ordem Lepidoptera e as principais espécies são Diatraea saccharalis e Diatraea flavipennella. A primeira pode ser encontrada em todo o território brasileiro enquanto a segunda é mais frequente na região nordeste do Brasil.

Daremos maior ênfase aqui para a espécie Diatraea saccharalis

A mariposa tem coloração amarelo-palha com manchas escuras nas asas anteriores e cor branca nas asas posteriores. 

 Diatraea saccharalis

Adulto de Diatraea saccharalis; broca-da-cana é importante praga da cultura 
(Fonte: Invasive.org)

Os ovos são colocados nas folhas, tanto na parte abaxial como adaxial, de forma imbricada (coberta parcialmente)

Após a eclosão, as lagartas (de coloração branco-leitosa e com pontos escuros ao longo do corpo) permanecem por um tempo nas folhas e se alimentam do parênquima foliar, por meio da raspagem.

Ovos de broca-da-cana

Ovos de broca-da-cana podem ser observados nas partes abaxial e adaxial folhas
(Fonte: Panorama Fitossanitário) 

Entre o segundo e o terceiro ínstar, as lagartas migram para o colmo da planta, o perfurando. Ali permanecem consumindo o conteúdo interno e formando galerias abertas.

broca da cana-de-açúcar

Lagarta de Diatraea saccharalis dentro do colmo 
(Fonte: Agro Bayer) 

Além disso, o ciclo total da broca da cana-de-açúcar dura até 90 dias, por isso pode haver ocorrência de quatro a cinco gerações por ano na lavoura. 

Danos da broca-da-cana

Esta praga causa danos diretos e indiretos na cultura da cana. 

Os danos diretos são causados pelo ataque da praga no colmo, formando galerias longitudinais e transversais. Isso impede o fluxo da seiva e pode, pela ação do vento, causar a quebra ou tombamento das plantas. 

Também podem ocorrer problemas como perda de peso, morte das gemas, secamento dos ponteiros (conhecido como coração morto), enraizamento aéreo e brotações laterais. 

Danos diretos causados por broca da cana-de-açúcar
(Fonte: Manual de Identificação de Pragas da Cana

De maneira indireta, a abertura de orifícios torna a planta mais suscetível ao ataque de microrganismos como Colletotrichum falcatum e Fusarium moniliforme, que causam doenças como a podridão vermelha. Isso diminui a pureza do caldo pela inversão da sacarose. 

podridão vermelha

Danos indiretos causados por broca-da-cana – podridão vermelha
(Fonte: Manual de Identificação de Pragas da Cana)

Controle da broca da cana-de-açúcar

Uma praga que fica, na maior parte de seu desenvolvimento, dentro do colmo, parece ser impossível de ser controlada.

Mas existem diversos métodos de controle capazes de reduzir a população da broca da cana-de-açúcar de maneira efetiva dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP)

E, como em qualquer outra cultura, é essencial realizar o monitoramento. 

Monitoramento

O controle deve ser baseado na intensidade de infestação da praga. Para isso, é necessário fazer cortes dos colmos da cana. 

É importante que sejam feitos levantamentos de 2 a 4 meses após o plantio (cana-planta) ou após o corte da cana (cana-soca). 

O ideal é fazer dois pontos de amostragem por hectare em sistema de mosaico:

  • Duas ruas de 5 metros cada (total de 10 m por ponto); 
  • Cada ponto amostrado deve ter um espaçamento de 50 m x 100 m;
  • Devem ser coletados cerca de 100 colmos por talhão. 
levantamento populacional da broca da cana-de-açúcar

Esquema de levantamento populacional da broca da cana-de-açúcar
(Fonte: Socicana) 

Para calcular a intensidade de infestação (IF), deve-se contar o número de internódios e o número de internódios atacados e usar a seguinte fórmula:

IF= 100 x n° internódios atacados
n° total de internódios

Se o IF estiver em nível igual ou maior do que 3%, é imprescindível entrar com controle. 

Veja as formas de controle a seguir.

Controle biológico 

Quando existe infestação em nível igual ou maior do que 3%, a maneira ideal de controlar as lagartas é por meio da liberação da vespa parasitoide Cotesia flavipes. 

Cotesia flavipes e lagarta da broca-da-cana

Cotesia flavipes parasitando lagarta da broca-da-cana
(Fonte: Defesa Vegetal) 

Muitas usinas têm produção própria, mas também existem muitas biofábricas que produzem este parasitoide em larga escala. 

A liberação vai depender da população da broca no campo. 

bula de Cotésia Biocontrol

Tabela com informações da bula de Cotésia Biocontrol
(Fonte: Agrofit

Um outro parasitoide muito utilizado é a espécie de microvespa Trichogramma galloi. Ela também tem registro de várias empresas no site do Mapa (Agrofit).

O Trichogramma galloi, diferente da Cotesia flavipes, parasita ovos da broca da cana-de-açúcar. 

Trichogramma galloi

Trichogramma galloi parasitando ovos da broca-da-cana
(Fonte: Defesa Vegetal) 

Juntos, esses dois parasitoides podem controlar até 60% da infestação da broca da cana-de-açúcar.

Existem outros inimigos naturais que ocorrem naturalmente nos canaviais. O ideal é que sejam conservados para que possam contribuir na redução da população da praga.

Controle cultural 

O controle cultural também pode ser feito para prevenir que a praga atinja o nível de controle. 

Alguns métodos são bastante difundidos e têm tido sucesso, alguns deles são:

  • Eliminar plantas hospedeiras;
  • Corte da cana sem desponte;
  • Moagem rápida da cana.

Variedade resistente

Utilizar variedade com uma boa tolerância ou resistência à praga pode contribuir muito no controle da broca-da-cana. 

Como, por exemplo, a variedade CTC9001BT que foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) no final do ano de 2018. 

Controle químico

Embora não atinja a broca quando já está alojada dentro do colmo, os inseticidas podem contribuir na redução das lagartas neonatas, logo após a eclosão. 

Logo após a eclosão, as lagartas ficam um período se alimentando das folhas por raspagem. Esse período pode durar de 2 a 6 dias. E é nesse momento que, se necessário, pode entrar com o controle químico.

Existem 45 produtos registrados para o controle de Diatraea saccharalis pelo MAPA que estão no site Agrofit

Produtos registrados pelo MAPA para controle de Diatraea saccharalis
(Fonte: Agrofit)

É importante que os inseticidas sejam seletivos aos inimigos naturais presentes no agroecossistema. Além disso, fazer rotação de ingrediente ativo impede que ocorra seleção de insetos resistentes. 

Veja alguns exemplos de inseticidas mais seletivos:

  • Altacor (clorantraniliprole)
  • Atabron (clorfluazuron)
  • Certero (triflumuron)
  • Mimic (tebufenozida)
  • Rimon (novaluron)

As doses e caldas podem ser encontradas na bula dos produtos de acordo com cada fabricante. 

Sempre consulte um engenheiro agrônomo.

Conclusão

A broca da cana-de-açúcar é a principal praga da cultura canavieira.

Os danos causados podem ser tanto diretos como indiretos e prejudicar muito a produção final.

A lagarta passa a maior parte do seu desenvolvimento dentro do colmo, por isso o monitoramento é importante. 

Existem diversos métodos de controle pelo manejo integrado de pragas que podem ser utilizados de forma concomitante, como você viu aqui.

Com essas informações, ficará mais fácil fazer o manejo adequado da broca e evitar prejuízos na lavoura.

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Restou alguma dúvida sobre a broca da cana-de-açúcar? Você já enfrentou problemas com essa praga na sua lavoura? Adoraria ler seu comentário!

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Doenças da soja: saiba como identificar as mais frequentes, incluindo nematoides, e os métodos de controle mais eficazes para cada uma delas.

Identificar e controlar as doenças da soja exige um nível cada vez maior de conhecimento técnico e acompanhamento prático da lavoura. 

Embora a mais importante seja a ferrugem asiática, diversas outras doenças podem afetar a produtividade, causando perdas de até 100%.

A chave para manter a lavoura saudável é identificar a doença em seu início e realizar medidas de manejo adequadas. 

Por isso, fizemos este artigo exclusivo com a Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário para que você entenda e controle as doenças da soja. Confira!

Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário

Principais doenças da soja

As doenças podem ocorrer em todo o ciclo da cultura ou em períodos específicos (estádios de desenvolvimento). As principais doenças da soja são:

  • Ferrugem asiática
  • Mancha-alvo
  • Oídio
  • Mofo-branco
  • Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente
  • Antracnose
  • Mancha parda ou septoriose
  • Mancha olho-de-rã
  • Cancro da haste
  • Mela ou requeima
  • Podridão de carvão das raízes

Confira o período de ocorrência mais frequente das doenças da soja na imagem a seguir:

doenças da soja
(Fonte: Paulo Saran)

Tendo isso em vista, vamos agora para a identificação e manejo das principais doenças da soja:

Ferrugem asiática da soja

ferrugem asiática
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A ferrugem asiática da soja é considerada a mais importante na cultura da soja e é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Os sintomas podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta.

ferrugem asiática da soja pode causar perdas de 10% a 90% nas lavouras, atingindo todas as regiões produtoras do Brasil. 

O diagnóstico nos estádios iniciais da doença pode ser difícil por não ter os esporos alaranjados como em outras ferrugens.

Por isso, inicialmente, procure por minúsculos pontos mais escuros nas folhas, variando de coloração verde a cinza (utilize uma lupa).

Na face inferior das folhas no local correspondente ao dos pontos, observe pequenas saliências, que são as urédias (estruturas de reprodução do fungo).

Na safra 2019/20, já tivemos registro da ferrugem asiática no campo. Acompanhe os dados de ocorrência da doença no Consórcio Antiferrugem.

Manejo da ferrugem asiática:

  • Monitore a lavoura

Não se esqueça de utilizar uma lupa e observar a parte de baixo da folha para visualização das urédias.

  • Utilize fungicidas

Use fungicidas, como a morfolina, preventivos ou quando aparecer os primeiros sintomas.

Lembre-se que já foi registrada a redução da eficiência de fungicidas à base de carboxamidas, triazóis e estrobilurina isolada.

Como existem vários produtos registrados para manejo da ferrugem da soja e com vários ingredientes ativos, você pode utilizar fungicidas com diferentes modos de ação.

Isso minimiza riscos de perda da eficiência dos fungicidas.

Além disso, reduza a aplicação excessiva de fungicidas e realize a calendarização da semeadura.

  • Vazio sanitário

É o período que a área fica sem plantas de soja. Ele varia de 60 a 90 dias, o que reduz a sobrevivência do fungo.

Atente-se ao período do vazio sanitário da sua região. Você pode conferi-lo aqui.

  • Calendarização da semeadura

Realizar a semeadura no início do período recomendado pode reduzir o número de aplicações de fungicidas na sua área. Isso ocorre porque há menos esporos da doença no ambiente.

Calendarização da semeadura
  • Uso de variedades precoces

Utilizando essas variedades, você irá reduzir o tempo de exposição da planta no campo, podendo reduzir a infecção.

Além da ferrugem asiática, conheça outras doenças da soja que podem afetar a sua lavoura e como fazer seu controle:

Mancha-alvo

doenças-da-soja-mancha-alvo
(Fonte: Mais soja)

É causada pelo fungo Corynespora cassiicola, podendo ocasionar perdas de até 50% em cultivares suscetíveis.

Nas folhas, os sintomas se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para mancha foliar circular, de coloração castanho-clara a castanho-escura.

Essas manchas podem apresentar pontuação no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura (semelhantes a um alvo).

Formas de manejo para a mancha-alvo:

  • Utilização de cultivares resistentes;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Uso de fungicidas.

Para te auxiliar na escolha do fungicida, veja o trabalho que a Embrapa realizou para determinar a eficiência de fungicidas da cultura da soja no controle da mancha-alvo. 

Além disso, atente-se que já foram relatadas populações do fungo C. cassiicola resistentes a fungicidas MBC (metil benzimidazol carbamato).

Oídio

oídio soja
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

O oídio é uma doença é causada pelo fungo Microsphaera diffusa. Em algumas regiões do país a doença ocorre por ter as condições favoráveis para o desenvolvimento do fungo.

Essas condições são temperaturas amenas e baixa umidade, sendo frequente em regiões com maior altitude. Além disso, esse fungo tem fácil dispersão pelo vento.

Sintomas da doença podem ser observados nas folhas, que vão apresentar uma estrutura branca (micélio e esporos do fungo) – que podem se tornar cinzas com o passar do tempo.

Essas estruturas são capazes de impedir a fotossíntese e provocar queda prematura das folhas. 

Como fazer o manejo do oídio:

  • Utilização de variedades resistentes;
  • Controle químico;
  • Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo.

Mofo-branco

O mofo-branco é causado por Sclerotinia sclerotiorum, fungo que tem mais de 400 espécies de hospedeiros, incluindo soja e feijão. A doença é responsável por até 30% de perdas da produção em um campo agrícola.

Os sintomas são lesões encharcadas inicialmente, que evoluem para uma coloração castanha e, depois, há a formação de um micélio branco, que formam escleródios.

O fungo pode sobreviver no solo por um longo período (em média de 5 a 10 anos) na forma de estruturas de resistência do fungo (escleródios).

mofo-branco
Placa de Petri com crescimento em meio de cultura de Scletotinia sclerotiorum com micélio branco e escleródios
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Manejo do mofo-branco:

  • Sementes certificadas, limpeza de máquinas e implementos agrícolas;
  • Tratamento de sementes com fungicidas do grupo MBC (metil benzimidazol carbamato);
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Semeadura em palhada de plantas não hospedeira como as gramíneas (isso desfavorece a formação e liberação de esporos do fungo);
  • Utilização de cultivares que favoreçam a aeração entre as plantas para não criar um ambiente ideal para desenvolvimento do fungo;
  • Controle de daninhas hospedeiras do mofo branco;
  • Controle químico com aplicação no início da floração até a formação das vagens.

Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente

mancha púrpura cercospora soja
(Fonte: Pioneer)

Doença causada pelo fungo Cercospora kikuchii, que ataca todas as partes da planta.

Ocorre em várias regiões produtoras de soja, sendo mais intensa em locais quentes e chuvosos. 

Nas folhas, você pode observar manchas castanho-avermelhadas, produzindo o efeito chamado de “bronzeamento” na folha, que pode evoluir para grandes manchas escuras.

Já nas vagens, causa manchas vermelhas a castanhas. É através das vagens que o fungo atinge a semente, causando manchas avermelhadas denominadas “mancha púrpura”.

Principais manejos

  • Uso de sementes certificadas;
  • Tratamento de sementes com fungicidas;
  • Pulverização com fungicida na parte aérea da planta: existem vários produtos registrados para este patógeno.

>> Leia mais: “Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja”

Antracnose

O fungo mais comum que causa antracnose em soja é o Colletotrichum truncatum. A doença pode ocorrer no início da cultura e você pode observar o tombamento das plantas jovens de soja.

antracnose soja
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Nas vagens surgem manchas aquosas no início da doença, escurecendo depois.

Isso pode favorecer a queda das vagens e sementes com manchas deprimidas. Já nas folhas podem ocorrer manchas e necrose.

Manejo da antracnose:

  • Utilização de sementes certificadas;
  • Sementes tratadas com fungicidas;
  • Controle químico;
  • Rotação de culturas;
  • Plantio da soja no espaçamento adequado, especialmente no plantio direto, para não apresentar condições adequadas para o fungo (alta umidade e clima quente).

Mancha parda ou septoriose 

A mancha parda é causada por Septoria glycines e está disseminada por todo o país.

No início do desenvolvimento da doença, você pode observar pequenas pontuações de cor parda nas folhas que, ao se desenvolverem, formam manchas com halos amarelados e centro de contornos angulares, de coloração parda da face superior e rosada na parte inferior da folha. Pode haver desfolha prematura. 

Manejo da mancha parda:

  • Rotação de culturas;
  • Aplicação de fungicidas na parte aérea durante a formação e enchimento das vagens.

Mancha olho-de-rã

É causada pelo fungo Cercospora sojina e pode ocasionar perdas de 10% a 60%.

Os sintomas da doença podem ser observados nas folhas, hastes, vagens e sementes. 

Nas folhas ocorrem pequenas manchas encharcadas na face superior que evoluem para lesões de formato arredondado, com o centro castanho claro e bordas castanho-avermelhadas. 

Já na face inferior das folhas, as lesões apresentam coloração mais escura.

Os sintomas nas vagens são lesões circulares a alongadas, deprimidas, com coloração marrom-avermelhada.

Nas sementes, causa rachaduras e manchas de coloração parda e cinza. 

Manejo da mancha olho-de-rã:

  • Variedade resistente;
  • Tratamento de sementes.

Cancro da haste

A doença pode ser causada por Diaporthe aspalathi e Diaporthe caulivora. Ambas as espécies causam sintomas semelhantes nas plantas.

Você pode observar lesões profundas nas hastes, com coloração castanho-avermelhadas a negras, alongadas e elípticas, adquirindo coloração castanho-clara com bordas castanho-avermelhadas. 

Um aspecto importante desta doença são folhas amareladas e com necrose internerval (folha “carijó”), permanecendo presas à planta.

Já as sementes podem apresentar enrugamento e rachaduras no tegumento. E é possível observar micélio de coloração esbranquiçada a bege sobre a superfície. 

As lesões causadas por D. aspalathi raramente circundam a haste e não há murcha.

Já as lesões causadas por D. caulivora circundam o caule, causando murcha e morte da planta. 

Manejo do cancro da haste:

  • Tratamento de sementes;
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Cultivares resistentes (D. aspalathi).

Mela ou requeima 

Doença causada por Rhizoctonia solani, podendo apresentar até 60% de redução na cultura da soja.

Ocorre em reboleira nas lavouras e tem desenvolvimento em alta umidade relativa. 

Os sintomas são folhas com lesões encharcadas de coloração pardo-avermelhada a roxa, evoluindo para marrom-escura a preta. 

Uma particularidade é que folhas infectadas geralmente ficam aderidas às outras ou às hastes por meio do micélio, que pode disseminar o fungo para tecidos sadios.

Nas hastes, pecíolos e vagens ocorrem manchas castanho-avermelhadas. 

Nos tecidos mortos, o fungo forma um micélio fino com produção de escleródios de cor bege a castanho escuro. 

Manejo da requeima

  • Rotação de culturas não hospedeiras do fungo;
  • Semeadura direta;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Espaçamento de plantio adequado;
  • Fungicidas;
  • Nutrição equilibrada.

Podridão de carvão das raízes

A podridão de carvão na soja é causada pelo fungo Macrophomina phaseolina, sendo a doença radicular mais comum nas áreas de soja.

A infecção pode acontecer na germinação das sementes, tornando as radículas escuras.

Se sua lavoura apresentar a doença no período do florescimento e ocorrer falta de água, as folhas tornam-se cloróticas, secam e adquirem coloração marrom, permanecendo aderidas aos pecíolos.

O colo da planta apresenta lesões de coloração marrom-avermelhada e superficiais.

podridão de carvão das raízes
(Fonte: Agronômica)

Já as raízes das plantas adquirem coloração cinza com microescleródios negros.

Manejo da podridão de carvão das raízes: 

  • Cobertura do solo;
  • Plantio em campos que não tenham tido histórico da doença.

Nematoides na cultura da soja

Os nematoides causam doenças na cultura da soja que podem chegar ao prejuízo estimado de R$ 35 bilhões ao ano no Brasil.

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Danos causados pelo nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines) e pelo nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) na região de Primavera do Leste (MT)
(Fonte: Tatiane Zambiazi em Grupo Cultivar)

Para evitar esses prejuízos na lavoura, conheça os principais nematoides que podem ocorrer na soja e suas medidas de manejo:

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Manejo de nematoides:

O controle dos nematoides é muito difícil, já que são parasitas do solo. Algumas medidas que podem te auxiliar são:

  • Evitar áreas com histórico dos nematoides;
  • Evitar a entrada dos nematoides: sementes de boa qualidade, limpeza de implementos, máquinas agrícolas e outros;
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras, em especial as práticas de adubo verde e culturas de cobertura;
  • Uso de cultivares de soja tolerantes ou resistentes.

Para te auxiliar nas recomendações, monitoramento da safra e tomada de decisão quanto à estratégia de controle para as doenças, procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

Caso os sintomas estejam inconclusivos, é importante que você encaminhe o material para um laboratório especializado em diagnóstico. Assim você terá o diagnóstico de forma mais rápida e precisa.

>>Leia mais: “Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Como obter sucesso no controle das doenças da soja

Antes de falarmos sobre as principais doenças da cultura da soja, é importante sabermos sobre o planejamento do manejo. Para isso, considere as seguintes informações: 

  • Histórico da área de cultivo; 
  • Conheça os sintomas e condições favoráveis para as doenças; 
  • Conheça todos os métodos de manejo que podem ser utilizados e avalie qual o melhor para sua propriedade; 
  • Utilize sementes de boa qualidade;
  • Não utilize apenas uma medida de manejo: tente integrar vários métodos;
  • Faça a adubação de soja adequadamente.

O sucesso no controle, principalmente das doenças causadas por fungos, está correlacionado ao momento em que o manejo é iniciado na lavoura.

Isso pode ser devido a medidas legislativas, como vazio sanitário, ou práticas culturais.

Para reduzir a introdução de patógenos na lavoura é preciso utilizar sementes de boa qualidade e procedência.

Por isso, é importante fazer a análise destas sementes em laboratórios confiáveis. Essa medida ajuda a garantir a alta produtividade nas próximas safras.

As sementes de soja podem transmitir alguns patógenos fúngicos como: 

  • Cercospora kikuchii
  • Septoria glycines
  • Colletotrichum truncatum
  • Diaporthe aspalathi
  • Cercospora sojina

Eles também podem ser transmitidos por restos culturais e servir de fonte de introdução para a lavoura. 

Você também pode ter doenças na lavoura de soja causadas por Sclerotinia sclerotiorum, Rhizoctonia solani e Macrophomina phaseolina.

Esses fungos de solo formam estruturas de resistência denominadas escleródios, que podem causar danos enormes nas lavouras por serem bem agressivos e de difícil controle.

planilha controle de custos por safra

Conclusão

Neste texto foram discutidas as principais doenças da soja, seus sintomas e melhores práticas para controle na lavoura.

Além disso, falamos sobre os quatro nematoides mais importantes para a soja e também como combatê-los.

Com isso, você pode orçar os custos dessas medidas de manejo e fazer um planejamento efetivo. 

Desse modo, tenho certeza que você terá uma lavoura com maior controle das doenças e também dos seus custos!

>> Leia mais:

“Mancha-púrpura na soja: como livrar sua lavoura dela”

Quais doenças da soja você encontra hoje na sua propriedade? Como você controla essas doenças? Têm problemas com nematoides? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Herbicidas para soja: Manejo certeiro sem prejudicar a lavoura

Herbicidas para soja: Produtos mais recomendados, dicas para manejo em tempo seco e como evitar fitotoxidade na lavoura.

Alguns grandes problemas no manejo de plantas daninhas vêm assustando os sojicultores e impedindo o aumento da produtividade

Produtores enfrentam a buva resistente a 5 mecanismos de ação, dispersão de capim-amargoso para novas áreas, só para citar alguns exemplos.

Além disso, devido à seca em diversas regiões do país, foi difícil fazer um bom manejo de daninhas na entressafra.

Saiba como fazer um manejo eficiente de herbicidas para soja, mesmo nesses casos difíceis, e evite problemas em sua área!

Herbicidas para soja: Manejo de plantas daninhas 

É primordial que o manejo de plantas daninhas na cultura da soja comece na entressafra, pois neste período temos mais ferramentas disponíveis. 

Atenção: plante no limpo a soja, pois a cultura tolera poucos dias de convivência com plantas daninhas (próximo a 12 dias). 

Devido ao padrão de seletividade de herbicidas para soja, priorize o controle de folhas largas na entressafra, como buva e picão preto. 

Existem poucos herbicidas que podem ser aplicados em pós-emergência para controle de daninhas de folha larga que não afetem a soja (ou causem pequena fito). 

Além disso, nesta safra houve inúmeros problemas com a dessecação das daninhas na entressafra. Por causa do tempo seco, muitos produtos perdem eficiência se não aplicados da maneira certa.

Devido à evolução, as plantas criaram mecanismos de impedir a perda de água excessiva em períodos de estiagem prolongada. Um exemplo é o aumento da quantidade de cera na superfície da folhas e desenvolvimento de estruturas que impeçam a perda de água. 

Além disso, a maioria dos herbicidas atua em rotas bioquímicas que, durante o período seco, tem menor atividade – diminuindo inclusive o transporte destes produtos. 

Por isso vou te dar algumas dicas para melhorar o manejo de plantas daninhas em períodos secos:

herbicidas para soja

(Foto: Ururau)

7 dicas para o manejo de plantas daninhas no período seco

Dica 1: 

Mesmo com o tempo seco, se possuir plantas daninhas de difícil controle em sua área (como buva e amargoso), faça uma aplicação no começo da entressafra. Assim, você pega essas daninhas em estádio inicial e trava seu crescimento. 

Dica 2:

Aplique herbicidas pré-emergentes para controlar os primeiros fluxos de emergência no início da chuva. 

Dica 3: 

Utilize uma boa tecnologia de aplicação e mantenha seu pulverizador sempre calibrado. 

Dica 4: 

Tente aplicar nos períodos mais favoráveis do dia, ainda que seja de madrugada. 

Atenção! Produtos que precisam de luz para agir (ex: paraquat e saflufenacil) podem ter um melhor efeito se aplicados de madrugada, mas o dia seguinte não pode amanhecer nublado! 

buva Embrapa

(Foto: Embrapa)

Dica 5: 

Espere de dois a três dias após uma chuva para que as plantas daninhas se restabeleçam antes de uma aplicação.  

Dica 6: 

Evite volumes de calda reduzidos: utilize no mínimo 100 L ha-1. Quando aplicamos herbicidas de contato, este volume deve ser ainda maior, sendo indicado no mínimo 200 L ha-1.

Dica 7:  

Ao dessecar forrageiras como Brachiaria, tenha certeza que não haverá rebrota ou que a matéria morta não prejudicará a soja (estiolamento e alelopatia).

Herbicidas aplicados na pré-emergência da soja 

Diclosulam 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado nas primeiras aplicações do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso). 

Dosagem recomendada: 29,8 a 41,7 g ha-1.

Pode ser misturado com: associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D).

Cuidados: o solo deve estar úmido. 

Flumioxazin 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado nas primeiras aplicações do manejo outonal ou no sistema de aplique plante da soja.

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas e algumas gramíneas.

Dosagem recomendada: 40 a  120 g ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato; 2,4 D e imazetapir).

Sulfentrazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de plantas daninhas de folhas largas e bom controle de algumas gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,5 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato; 2,4 D; chlorimuron e clomazone).

Recomendado principalmente para áreas onde também ocorre infestação de tiririca!

Metsulfuron

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de plantas daninhas de folhas largas (picão preto, leiteiro, buva e guanxuma). 

Dosagem recomendada: 3,0 a 4,0 g ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D).

Cuidados: deixe um intervalo de no mínimo 60 dias, entre a aplicação do herbicida e a semeadura de soja

S-metolachlor 

Quando aplicar: herbicida com ação residual utilizado no sistema de aplique plante da soja.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada:1,5 a 2,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados: não deve ser aplicado em solos arenosos. O solo deve estar úmido, com perspectivas de chuva. 

Trifluralina 

Quando aplicar: herbicida com ação residual, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso e capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada: 1,2 a 4,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas).

Cuidados: deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Formulações antigas têm problemas com fotodegradação (necessidade de incorporação).

Eficiência muito reduzida em solo com grande quantidade de palha ou durante grande período de seca.  

Clomazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual no sistema de plante aplique.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-colchão, capim-pé-de-galinha) e algumas folhas largas de sementes pequena.

Dosagem recomendada: 1,6 a 2,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) e sulfentrazone.

Cuidado com deriva em culturas suscetíveis vizinhas! 

fitotoxicidade em soja

Sintoma de fitotoxicidade em soja
(Fonte: Gazziero e Neumaier)

Herbicidas aplicados na pós-emergência da soja

Cloransulam

Quando aplicar: herbicidas para controle de folhas largas na soja. Geralmente utilizado para segurar o desenvolvimento de buva mal dessecada na entressafra. 

Espectro de controle: folhas largas (ex: picão preto, corda de viola, trapoeraba e buva).

Dosagem recomendada: 23,8 a 47,6 g ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e estádio de desenvolvimento. 

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidado com o efeito “guarda-chuva” na soja: o produto deve chegar no alvo. 

Clethodim

Quando aplicar: herbicidas com ótimo controle de gramíneas em estádio inicial: 2 a 4 perfilhos. Pode ser usado no manejo sequencial de touceiras. 

Espectro de controle: gramíneas (ex: capim-colchão, capim-pé-de-galinha e capim-amargoso) e milho tiguera até v4. 

Dosagem recomendada: 0,6 a 1,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e estádio de desenvolvimento. 

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados: possui antagonismo com 2,4D. Quando misturar, aumente em 20% a dose de clethodim. 

Além deste graminicida, existem vários outros produtos no mercado que possuem variação de eficiência, dependendo da planta daninha. O haloxyfop, por exemplo, é mais eficiente no controle de milho tiguera mais desenvolvido. 

Glifosato

Quando aplicar: herbicida não seletivo (amplo espectro) utilizado apenas em soja RR.

Espectro de controle: folhas largas e folhas estreitas.

Dosagem recomendada: 2,0 a 6,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e estádio de desenvolvimento. 

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos e pré-emergentes (ex: Clethodim e Cloransulam).

Cuidados: existem muitas plantas daninhas com resistência, porém, é uma excelente ferramenta de manejo para as demais daninhas. 

É importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um(a) agrônomo(a), mas o produtor deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação! 

Conclusão

Neste artigo, vimos as principais dicas para um manejo eficiente em épocas secas.

Apresentamos as principais ferramentas de controle químico que podem ser utilizadas na cultura e seu posicionamento correto para não ocasionar danos ao cultivo.  

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas para soja!

>> Leia Mais: “Alternativas ao Paraquat de dessecar soja para colheita

Quais herbicidas para soja você utiliza hoje? Qual é a principal invasora da sua lavoura? Baixe gratuitamente aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas e faça o melhor controle!

MIP (Manejo Integrado de Pragas): tudo o que você precisa saber sobre ele

Manejo Integrado de Pragas: o que é, como monitorar, níveis e principais tipos de controle, + planilha grátis!

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é o uso de táticas de controle de pragas, isoladamente ou associadas, numa estratégia baseada em análises de custo/benefício, que levam em conta o interesse e/ou o impacto sobre os produtores, sociedade e o ambiente.

É crescente a demanda dos consumidores por alimentos mais saudáveis, o que exige uma racionalização na utilização de defensivos. Por esse motivo, o MIP é um assunto que está constantemente em alta. 

E para o produtor, traz resultados benéficos no controle de pragas agrícolas e, principalmente, na economia na aplicação de defensivos.

O que é MIP (Manejo Integrado de Pragas)?

O MIP (Manejo Integrado de Pragas) é a otimização de controle de pragas agrícolas, como insetos, fungos, nematoides e plantas daninhas. Ele associa o ambiente e a dinâmica populacional das pragas.

É um sistema de manejo que considera o uso de todos os métodos de proteção de plantas disponíveis.

A função do MIP é buscar integrar diversas medidas de controle para manter o nível populacional das pragas abaixo do nível de dano econômico. Isso tudo de forma econômica, ambiental e ecologicamente viável. 


O que é o Manejo Integrado de Pragas e Doenças? 

O MIPD (Manejo Integrado de Pragas e Doenças)  é a associação de estratégias de controle tanto de pragas quanto de doenças. O MIPD pode ser utilizado para o manejo de insetos, doenças e plantas daninhas, seguindo os mesmos princípios do MIP. 

Mas, é claro, cada um tem suas particularidades e, por isso, o MIPD foi criado.

O Manejo Integrado de Pragas e Doenças busca diminuir as chances dos insetos ou doenças de se adaptarem a alguma prática defensiva em especial. 

Quando bem empregado, o MIPD limita os efeitos potenciais prejudiciais dos defensivos químicos utilizados para proteger os cultivos.

Você também pode ter interesse:

3 etapas do Manejo Integrado de Pragas (MIP)

O MIP segue 3 etapas básicas:

  • Avaliação do agroecossistema;
  • Tomada de decisão;
  • Seleção dos métodos de controle a serem adotados.

As duas primeiras etapas podem ser consideradas o alicerce para a definição das estratégias de gestão integrada das pragas agrícolas na propriedade. A terceira irá garantir o sucesso do cultivo. Veja, a seguir, cada uma delas:

1. Avaliação do agroecossistema

A avaliação do agroecossistema consiste em, simplesmente, avaliar e conhecer a lavoura. Nessa etapa, você vai identificar as principais pragas agrícolas que podem causar danos à sua cultura. 

É importante entender em qual momento cada praga pode causar mais prejuízos, e quando é necessário ficar alerta para a tomada de medidas preventivas.

Identificar o estádio de desenvolvimento das plantas também é essencial. Essa prática garante que os métodos de controle, especialmente o químico, sejam feitos no momento certo, evitando danos à lavoura.

A identificação das pragas permite conhecer características específicas sobre seus hábitos e seus respectivos inimigos naturais. A presença dos inimigos naturais é vantajosa, pois colabora com a redução dos custos.

Você pode se fazer as seguintes perguntas para evitar erros no processo:

  • A lagarta ou outro inseto tende a ficar escondido embaixo das folhas durante o dia?
  • Esse é um inseto com hábito subterrâneo, que fica no solo?
  • Esse é um inseto de hábito noturno?

Dessa maneira, você conhecerá os hábitos da praga e entenderá quais são os melhores horários para instalar iscas ou até mesmo monitorar. Além disso, você saberá quais métodos de controle podem ser utilizados. 

Outro ponto importante: as condições climáticas são vitais para ter uma ideia da infestação. Temperaturas mais altas aceleram o ciclo de vida dos insetos, resultando em mais gerações em uma mesma safra.

2. Monitoramento de pragas e nível de controle

A avaliação do agroecossistema é realizada por meio de amostragens e monitoramento. A  partir dela, é feita a tomada de decisão. 

O monitoramento requer vigilância constante para conhecer a densidade populacional ou nível de danos de uma praga na lavoura. Ele é feito por meio de amostragens

O número de pontos de amostragem vai depender do tamanho da área. Cada ponto corresponde ao exame de, no mínimo, 5 ou 6 plantas. O monitoramento ainda permite coletar as seguintes informações:

  • NE (Nível de Equilíbrio): densidade populacional média, durante um longo tempo, sem que ocorram mudanças permanentes;
  • NC (Nível de Controle): densidade populacional que requer medidas de controle para evitar prejuízos;
  • ND (Nível de Dano): menor densidade populacional do inseto capaz de causar perdas econômicas ao produtor. 

Após o monitoramento, é tomada a decisão sobre realizar ou não o controle de pragas na lavoura.

3. Tomada de decisão

Nesta etapa, são analisados todos os aspectos econômicos da cultura, além  da viabilidade para realizar o controle integrado de pragas.

Caso no monitoramento sejam constatados níveis de danos igual ou superior ao nível de controle, você deve iniciar o controle.

O NDE (Nível de Dano Econômico) é a densidade populacional da praga ou de danos que causa prejuízos à cultura iguais ao custo de adoção de medidas de controle.

Para simplificar, é a menor densidade populacional capaz de causar perdas econômicas, redução da produtividade ou qualidade da cultura. O NDE pode ser calculado através da fórmula:

NDE (%) = (Valor da produção da cultura/ Valor da aplicação) x 100. Para melhor compreensão, vamos a um exemplo:

  • Valor da produção da cultura = R$ 1.000;
  • Valor da aplicação = R$ 100

NDE (%) = (100/1000) x 100 = 10%

O controle se justifica somente quando a densidade populacional atingir nível suficiente para ocasionar perda de 10% na produção.

Vale ressaltar que o NDE não será o mesmo para as diferentes espécies de insetos na mesma cultura, nem mesmo para uma espécie em várias culturas.

No entanto, as medidas de controle são e devem ser adotadas antes que se atinja o NDE, pois há um certo tempo para que as medidas adotadas se tornem efetivas. O controle deve ser realizado em um nível abaixo do NDE, no chamado nível NC (nível de controle).

O nível de controle é o sinal para decidir quais as estratégias de MIP poderão ser aplicadas na lavoura. Muitos estudos também estão sendo realizados para encontrar o NC de cada espécie e cultura. 

Manejo Integrado de Pragas (MIP) em áreas de grãos e fibras

Métodos de controle de pragas

Os métodos de controle utilizados são considerados os pilares do MIP. São eles:

  • Controle cultural;
  • Controle biológico;
  • Controle comportamental;
  • Controle genético;
  • Controle varietal;
  • Controle químico.

O MIP permite o controle químico, mas também envolve outros tipos de controle. Isso resulta em diminuição no uso de defensivos agrícolas e da população dos organismos nocivos. Confira abaixo os principais métodos de controle adotados pelo MIP:

1. Controle cultural de pragas

É o uso de práticas agrícolas que diminuem a incidência das pragas e/ou que promovem uma lavoura sadia.  Algumas dessas práticas são: 

  • Época de plantio adequada;
  • Irrigação ou drenagem; 
  • Destruição de plantas hospedeiras alternativas;
  • Mobilização do solo ou revolvimento: pode ser utilizada para expor os organismos nocivos ao ambiente, especialmente à radiação solar e a altas temperaturas. Isso acaba por reduzir a sua população. 
  • Rotação de culturas: indispensável para quebrar o ciclo das pragas e doenças, inviabilizando seu desenvolvimento e reprodução. Afinal, a cultura hospedeira destas não estará presente.

Mas atenção: o método de rotação de culturas não é eficiente para todas as pragas e doenças de plantas. Diversas delas são polífagas, e se alimentam de diferentes famílias botânicas.

  • Destruição de restos culturais: consiste em destruir os restos da cultura anterior. Isso pode ser feito antes do próximo cultivo ou durante o próprio cultivo (no caso de cultivos perenes, como café);
  • Adubação correta: o equilíbrio da nutrição é importante, pois alguns nutrientes favorecem a tolerância das culturas às pragas. Alguns também podem deixá-la suscetível, como é o caso do Nitrogênio em excesso.

Por isso, análises de solo da sua área são importantes. A avaliação de macro e micronutrientes presentes também. A partir destes resultados, você terá maior assertividade na quantidade e fórmula de fertilizante necessário para a cultura;

2. Controle biológico

O controle biológico é a ação de inimigos naturais sobre as pragas, contribuindo na redução do nível populacional. Ele pode ser natural, clássico ou aplicado.

O natural visa à conservação dos inimigos naturais presentes na área agrícola. Para isso, é importante o uso de inseticidas seletivos, como alguns inseticidas naturais

O clássico tem a finalidade de controlar pragas exóticas. Por isso, são utilizados inimigos naturais importados de diferentes regiões. O aplicado é quando são feitas liberações de inimigos naturais advindas de criações massais em biofábricas.  

Quanto maior a diversidade do agroecossistema, maiores as chances dos inimigos naturais permanecerem na cultura e contribuírem no controle das pragas.

3. Controle de pragas comportamental (armadilhas)

Este método de controle é baseado no uso de armadilhas que são capazes de atrair algumas pragas, como pulgões, moscas-brancas, tripes e minadoras. Esses insetos são atraídos pelas cores amarelo e azul.

As armadilhas são painéis adesivos azuis ou amarelos, instalados na área agrícola para capturar insetos em deslocamento. Os amarelos são recomendados para detecção e monitoramento de cigarrinhas, mosca-minadora, mariposas e pequenos besouros. 

Os azuis, por sua vez, são indicados para tripes. A utilização de plantas iscas ou plantas repelentes também é uma alternativa interessante para o controle de lepidópteros e besouros em alguns cultivos.

As armadilhas luminosas são dispositivos para atração e captura de insetos com asas, que possuem atividade noturna. Eles são atraídos pela luz entre as 19h e 5h da manhã.

A armadilha luminosa tem a função de monitoramento ou controle da população de insetos. Esse método funciona para besouros, mariposas, percevejos, cigarrinha-do-milho, cigarras, gafanhotos, grilos, moscas e mosquitos.

As armadilhas devem ser colocadas entre as fileiras de plantio e, principalmente, na bordadura da lavoura, se for o caso de início da safra. Para o monitoramento, são recomendadas de 100 a 200 armadilhas por hectare.

4. Controle de pragas varietal

O controle varietal se baseia no uso de plantas resistentes. Ele tem sido cada vez mais comum.  As próprias plantas utilizam recursos para controlar determinada praga através da resistência genética

Por isso, é importante que você conheça as cultivares disponíveis, para poder optar pelas resistentes. Uma outra forma de uso de plantas resistentes seria com o uso das plantas transgênicas. Nelas, um gene de alguma outra espécie é transferido para a planta.

É o caso da tecnologia Bt, utilizada em cultivares de milho, soja, algodão e cana-de-açúcar. 

5. Controle mecânico de pragas (ou controle físico)

O controle físico é baseado no uso de medidas específicas para impedir danos das pragas de forma bastante direta.  Algumas boas práticas seriam:

  • Esmagamento de ovos;
  • Catação manual de lagartas;
  • Modificação da temperatura e/ou luminosidade;
  • Inundação de áreas;
  • Formação de barreiras físicas. 

Na fruticultura, por exemplo, é muito utilizado o uso de barreiras físicas com o ensacamento dos frutos ainda na planta.

6. Controle de pragas genético

As ferramentas da engenharia genética têm sido estudadas para contribuir para uma agricultura mais sustentável. Elas contribuem com organismos geneticamente modificados

Atualmente, existe um grande número de plantas modificadas geneticamente para controle de insetos. Além das plantas, os insetos também podem ser manipulados para controle da espécie que está causando danos. 

Um exemplo da nossa atualidade é a esterilização híbrida, como no caso do mosquito transmissor da dengue (Aedes aegypti). 

7. Controle químico de pragas

O controle químico acontece, basicamente, com o uso de defensivos agrícolas. Para o uso desse tipo de controle, é necessário muito cuidado, sobretudo na aplicação dos defensivos

Consultar um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) é essencial para evitar super ou subdosagem, além de evitar riscos de tornar os insetos resistentes à substância.

Banner planilha- manejo integrado de pragas

Vantagens do controle de insetos com MIP

O Manejo Integrado de Pragas mantém o agroecossistema o mais próximo possível do nível de equilíbrio. Isso quer dizer que tudo pode funcionar melhor, já que tudo na agricultura está integrado.

A lavoura sadia e sem os prejuízos das pragas com certeza resultará em maiores produtividades. E, melhor ainda, melhores rentabilidades, já que com o MIP é possível diminuir o uso de inseticidas.

Além disso, quem nunca esteve em dúvida entre fazer ou não uma aplicação? Por meio do monitoramento do MIP, você sabe com certeza quando o controle é realmente necessário. É você no comando de sua fazenda.

Todas as dicas para sua aplicação de herbicida pré-emergente para milho

Herbicida pré-emergente para milho: importância na lavoura, principais recomendações de uso e quais produtos utilizar 

Os herbicidas pré-emergentes são excelentes ferramentas no combate à resistência. Mas, quando as recomendações técnicas não são seguidas, podem ocasionar grandes estragos na lavoura. 

Porém, não se preocupe! Neste artigo daremos várias dicas de como evitar problemas de fitotoxidade em sua lavoura e garantir a eficiência no controle de plantas daninhas. Confira a seguir!

8 dicas para garantir a aplicação segura de herbicida pré-emergente para milho

Os herbicidas pré-emergentes são assim denominados por serem aplicados antes da emergência das plantas daninhas. Eles têm seu efeito durante a germinação das sementes e/ou crescimento inicial das plântulas. 

Veja as oito principais dicas que eu separei para garantir uma aplicação segura de herbicida pré-emergente para milho.

1ª Dica

Use uma boa tecnologia de aplicação e tenha seu pulverizador sempre revisado e calibrado.

herbicida pre emergente milho

(Fonte: Revista Exame)

2ª Dica 

Tenha certeza de que o produto que deseja utilizar é recomendado para as características do seu solo e qual é a dose recomendada nesta situação (por exemplo: matéria orgânica, teor de argila e pH).

3ª Dica  

Certifique-se que conseguirá respeitar o período mínimo entre a aplicação do herbicida pré-emergente para milho e a semeadura da cultura (se houver esta restrição). 

4ª Dica 

Certifique-se que as culturas que serão plantadas em sucessão (rotação de culturas) ou consórcio com o milho não serão afetadas por estes herbicidas.

5ª Dica 

Se houver palha no solo, verifique se o produto será efetivo mesmo nestas condições!

6ª Dica

Veja se as condições climáticas posteriores à aplicação (seca ou muita chuva) não podem ampliar o efeito do produto ou prejudicá-lo. 

7ª Dica 

Não aplique sobre grande quantidade de matéria verde. As plantas podem reter estes produtos e impedir sua chegada no solo, onde realmente são efetivos.

8ª Dica

Algum manejo realizado antes ou depois da aplicação do herbicida pode modificar seu efeito, por exemplo calagem ou distribuição de ureia. Esteja atento!

herbicida pre emergente milho

Épocas de aplicação de herbicidas na cultura do milho, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(Fonte: Embrapa)

Herbicida pré-emergente para milho: Produtos recomendados para aplicação em milho convencional 

Atrazina

Quando aplicar: Pode ser aplicado na pré-emergência da cultura imediatamente antes da semeadura, simultaneamente ou logo após a semeadura. Em aplicações em pós-emergência da cultura e plantas daninhas, deve-se acrescentar óleo vegetal. 

É um herbicida que fornece bom controle quando aplicado na pré-emergência ou pós-emergência precoce das plantas daninhas. 

Espectro de controle: Controla plantas daninhas de folha larga como picão-preto, guanxuma, caruru, corda-de-viola, nabo, leiteira, poaia, carrapicho-rasteiro e papuã. 

Também é muito utilizada para controle de soja tiguera no milho, em aplicação isolada ou associada aos herbicidas mesotrione ou nicosulfuron! 

Lembre-se: é muito importante que haja um manejo eficiente da soja tiguera para se respeitar o vazio sanitário. 

Dosagem recomendada: 3 a 5 L ha-1, dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes. 

Pode ser misturado com: Glifosato (se misturado em pós-emergência – milho RR), mesotrione, nicosulfuron, S-metolachlor. 

Cuidados: Recomenda-se aplicação em solo úmido. Aplicação em solo seco, período de seca após aplicação de até 6 dias ou presença de palha cobrindo o solo podem diminuir a eficiência do produto.

S-metolachlor

Quando aplicar: Aplicar na pré-emergência da cultura e das plantas infestantes. 

Espectro de controle: Ótimo controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã), e bom controle de algumas folhas largas de sementes pequenas (ex: caruru, erva-quente e beldroega)

Dosagem recomendada: 1,5 a 1,75 L ha-1, dependendo da planta daninhas a ser controlada. 

Pode ser misturado com: Atrazina e glifosato.

Cuidados: Deve ser aplicado em solo úmido. 

Isoxaflutole

É muito importante consultar e seguir as recomendações da empresa para evitar toxicidade no cultivo.  

Quando aplicar: Deve ser aplicado na pré-emergência do milho e das plantas daninhas. 

Espectro de controle: Exerce bom controle em gramíneas anuais e algumas folhas largas como caruru e guanxuma. 

O grande diferencial deste herbicida é que, em condições de seca, pode permanecer no solo por um período razoável (> 80 dias), até que nas primeiras chuvas é ativado, o que irá coincidir com a emergência de várias plantas daninhas.  

Dosagem recomendada: 100 a 200 mL ha-1, dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes (somente para solos com textura média e pesada). 

Pode ser misturado com: Atrazina. 

Cuidados: Não é recomendado para solo arenoso e com baixo teor de matéria orgânica. 

Trifluralina

Quando aplicar: Aplicar no sistema de plante-aplique ou até 2 dias após da semeadura do milho. 

Espectro de controle: Bom controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã).

Dosagem recomendada: 1,2 a 4,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo. 

Pode ser misturado com: Atrazina e glifosato.

Cuidados: Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Solo coberto com resíduos vegetais (palha) ou com alta infestação de plantas daninhas diminuem a eficiência do produto. Formulações antigas devem ser incorporadas, pois são degradadas pelo sol. 

herbicida pre emergente milho

(Fonte: Grão em Grão)

Atrazina+Simazina 

Quando aplicar: Aplicar na pré-emergência total da cultura e das plantas daninhas logo após o plantio. 

Espectro de controle: Folhas largas como picão preto, carrapicho de carneiro, corda de viola e leiteiro. Algumas gramíneas (capim-marmelada e capim-colchão). 

Dosagem recomendada: 3,0 a 6,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada.

Cuidados: Deve se aplicado em solo úmido.

Herbicida pré-emergente para milho Clearfield 

Imazapir+imazapic

Quando aplicar: Deve ser aplicado na pré-emergência do milho e das plantas daninhas. 

Espectro de controle: Plantas daninhas de folhas larga (leiteiro, trapoeraba, picão-preto e corda de viola), algumas gramíneas (capim-colchão e capim-carrapicho) e tiririca. 

Qual a dosagem recomendada: 100 g ha-1.

Cuidados: Utilizar exclusivamente na pré-emergência de milho clearfield. Para milho convencional, o intervalo de segurança para o plantio de milho deverá ser de 300 dias.

Atenção! As sugestões feitas neste artigo são para híbridos de milho para produção de grãos. Outras cultivares como milho pipoca, milho doce ou milho em consórcio com forrageiras possuem outras indicações de manejo. 

É importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um agrônomo. Mas o produtor deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação. 

guia de manejo do milho

Conclusão

Neste artigo vimos a importância do manejo de herbicida pré-emergente para milho e as principais dicas para não ter problemas no cultivo.

Além disso, citamos os principais herbicidas aplicados em pré-emergência que podem ser utilizados para controle de plantas daninhas na cultura do milho.

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas pré-emergentes na sua lavoura de milho!

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Últimas notícias sobre ervas daninhas: Dicamba e Amaranthus palmeri

Ervas daninhas: Principais informações para que você possa fazer o melhor manejo da sua lavoura.

O manejo inadequado ou falta de controle das ervas daninhas pode causar sérios prejuízos em nossas lavouras.

E isso impacta a produtividade, qualidade, sem contar os problemas na hora da colheita.

Acompanhe neste artigo as últimas atualizações com relação ao Amaranthus palmeri e ao herbicida dicamba, que vem gerando várias dúvidas e preocupações sobre a correta aplicação. Confira:

Principais informações sobre o herbicida dicamba

O dicamba pertence ao mecanismo de ação das auxinas sintéticas, mesmo mecanismo do 2,4-D, picloram, triclopyr, fluroxypyr e quinclorac. 

Os herbicidas deste grupo são seletivos para gramíneas devido à baixa absorção pelas folhas e translocação limitada no floema.

Por isso, são importantes ferramentas no controle de plantas daninhas de folhas largas.

Entretanto, por não serem seletivos às culturas de folhas largas, como a soja, não podem ser utilizados

Por isso, novas tecnologias, como a soja tolerante ao dicamba, foram desenvolvidas, como a “Intacta 2 Xtend”.

ervas daninhas

(Fonte: Conselho de Informações sobre Biotecnologia)

O dicamba apresenta como principal vantagem o controle de ervas daninhas de folhas largas (dicotiledôneas), além de vir associado à tolerância ao glifosato.

Logo, poderá ser um importante aliado para o controle de ervas daninhas resistentes ao glifosato, como a buva e o caruru. 

Pode ainda ser eficiente para outras plantas daninhas de difícil controle como corda-de-viola, erva-quente e vassourinha-de-botão.

ervas daninhas

Ervas daninhas com relatos de resistência ao glifosato: Conyza sumatrensis (esquerda) e Amaranthus palmeri (direita)

(Fonte: Heap, 2019)

Controle de ervas daninhas: Preocupação com o dicamba 

A grande preocupação em relação ao uso deste herbicida está relacionada à deriva. A soja não tolerante ao dicamba, além de outras culturas, são muito sensíveis a este produto. 

A recomendação é de que o dicamba não seja aplicado em condições climáticas como:

  • Temperaturas superiores a 29°C; 
  • Umidade relativa do ar abaixo de 40%; 
  • Ventos acima de 16 km/h; 
  • Dias com inversão térmica. 

Mas sabemos que, durante a safra, essa condição de temperatura é rapidamente atingida no campo, por isso a preocupação.

ervas daninha

(Fonte: SC Cereais)

Com isso, entram em jogo as boas práticas agrícolas, que sempre devem ser utilizadas por nós. 

Especificamente para o dicamba, são essenciais as práticas voltadas ao combate da deriva, volatilidade e limpeza dos pulverizadores.

ervas daninhas

(Fonte: Canal Agrícola)

Outro ponto importante é a capacitação de produtores com relação à

  • Condições climáticas adequadas de aplicação;
  • Uso de pontas de pulverização de baixa formação de deriva;
  • Prática da limpeza de tanque para que não haja resíduo do produto após a tríplice lavagem;
  • Momento adequado de controle das ervas daninhas (estádios iniciais).

Principais características do dicamba 

Vamos ver agora alguma das principais características do herbicida dicamba, segundo o Guia de Herbicidas (2018).

  1. Mecanismo de ação: Mimetizador de Auxinas (Grupo O);
  2. Grupo químico: Ácidos benzóicos;
  3. Solubilidade em água: 4.500 mg/L (25°C);
  4. Pressão de vapor: 4,5 x 10-3 Pa (25°C);
  5. pKa: 1,87;
  6. Kow: 0,29;
  7. Koc: 2 mL/g (fracamente adsorvido no solo);
  8. Registrado para o controle de plantas daninhas de folhas largas em pré-plantio da soja e dessecação em pré-colheita;
  9. Absorção: folhas e raízes;
  10. Translocação: xilema e floema (sistêmico).

Outra erva daninha problemática e que traz grande preocupação é a Amaranthus palmeri. Sobre ela, falaremos a seguir:

Últimas notícias sobre ervas daninhas: Amaranthus palmeri

Amaranthus palmeri é uma planta daninha de crescimento rápido e muito agressiva.  É uma erva daninha anual, com emergência no verão.

Foi identificada no Brasil em 2015, no estado do Mato Grosso, e, até então, todos os esforços são para que ela não se disperse para outros lugares.

ervas daninhas

Planta de Amaranthus palmeri em soja

(Fonte: Travis Legleiter e Bill Johnson, 2013)

A principal questão sobre esta erva daninha é que, quando foi identificada, já apresentava resistência. Em 2016, estudos identificaram a resistência múltipla aos herbicidas Inibidores da ALS (chlorimuron, cloransulam e imazethapyr) e ao mecanismo de ação EPSPs (glifosato).

No mundo, existem 64 relatos de resistência desta erva daninha a herbicidas, englobando países como o Brasil, EUA, Israel, Argentina. A maioria dos casos está nos EUA (60).

No Brasil, pesquisadores relatam que o Amaranthus palmeri está relativamente controlado, mas requer ação contínua por meio de monitoramento, pois é uma planta de rápida disseminação devido à alta produção de sementes.

Preocupação com o Amaranthus palmeri

A grande preocupação com relação a essa erva daninha é impedir sua entrada pelas fronteiras da Argentina e Uruguai para a região sul do Brasil. 

Isso porque, em 2015, foi relatado um caso de resistência desta planta daninha ao herbicida glyphosate na Argentina. Este, é o primeiro caso de resistência ao glifosato em Amaranthus palmeri envolvendo exclusivamente mecanismos de NTSR (resistência ao local não-alvo).

Além disso, já foi relatado um caso dessa planta daninha resistente ao 2,4-D nos EUA, um importante herbicida utilizado para seu controle.

O que vemos aqui é que, antes de utilizarmos apenas o manejo químico desta planta daninha, temos que fazer a lição de casa:

  • Limpar máquinas e implementos agrícolas, evitando a disseminação de sementes; 
  • Fazer rotação de mecanismos de ação de herbicidas; 
  • Rotação de culturas; 
  • Diversificar as práticas de manejo;
  • Controle de plantas daninhas nos estágios iniciais: evite deixar que ela se reproduza no campo.
ervas daninhas

Plântula de Amaranthus palmeri 

(Fonte: Travis Legleiter e Bill Johnson, 2013).

Quer entender mais sobre o manejo dessa erva daninha? Recentemente publicamos no blog o “O guia completo do manejo do caruru Amaranthus palmeri. Confira!

Conclusão

O manejo correto das ervas daninhas e de herbicidas é essencial para o sucesso da lavoura. 

E no artigo de hoje vimos as principais notícias sobre o dicamba e o Amaranthus palmeri.

Com relação ao herbicida dicamba, a principal preocupação está ligada à deriva do produto. E as boas práticas agrícolas são essenciais para utilizar a nova tecnologia associado ao uso deste herbicida.

Em relação ao Amaranthus palmeri, a grande preocupação é evitar a entrada por países vizinhos. E o manejo integrado de ervas daninhas é essencial para vencermos a guerra contra essa era invasora!

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Guanxuma: 5 maneiras de livrar sua lavoura dessa planta daninha

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Restou alguma dúvida sobre o herbicida dicamba ou Amaranthus palmeri? Quer saber mais informações sobre outras ervas daninhas? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Herbicidas pré-emergentes para soja: Os melhores produtos e suas orientações

Herbicidas pré-emergentes para soja: Importância e quais as principais perguntas que você deve se fazer antes de usá-los!

O Brasil possui atualmente 50 casos registrados de plantas daninhas resistentes a herbicidas. 

Além disso, temos aquelas que são naturalmente de difícil controle. E ainda nos preocupamos com plantas resistentes em países vizinhos que podem ser dispersadas para cá. 

Agora, com certeza, você deve estar pensando em como lidar com todos esses problemas e evitar novos na sua lavoura de soja…

Uma das alternativas de sucesso no manejo da resistência de daninhas são os herbicidas aplicados em pré-emergência! E é sobre eles que vamos falar a seguir. Confira! 

Casos de resistência a herbicidas no Brasil 

Como mencionei acima, temos 50 casos registrados de resistência a herbicidas no país. Dentre eles, temos algumas grandes preocupações:

Temos ainda a questão da resistência em países vizinhos, como picão preto resistente a glifosato no Paraguai.

Neste contexto, os herbicidas pré-emergentes têm sido uma ótima alternativa para o sucesso no manejo da resistência.

Eles diminuem a necessidade do uso de herbicidas pós-emergentes e têm pouquíssimos casos de resistência registrados no Brasil no Mundo. 

Mas você sabe o que considerar antes de utilizar os herbicidas pré-emergentes para soja? Separei as principais recomendações.

6 pontos que você deve considerar antes de utilizar herbicidas pré-emergentes para soja 

1. Estou utilizando uma boa tecnologia de aplicação? 

Muitos produtores se acostumaram a utilizar herbicidas pós-emergentes, principalmente glifosato e, infelizmente, descuidaram um pouco da tecnologia de aplicação.

Uma pesquisa de inspeção de pulverizadores, por exemplo, constatou que 50% de todas as máquinas testadas possuíam problemas com adequação do manômetro; conservação de pontas de pulverização; e falhas na calibração do pulverizador. 

Ocorre que, na pós-emergência, geralmente pelo padrão de seletividade dos herbicidas, se a quantidade do produto que chega na planta daninha for menor, o controle fica prejudicado. Mas, se a quantidade for maior, provavelmente não ocorrem grandes problemas. 

E é devido a isso que o termo “chorinho do agricultor” foi consagrado! Essa prática, porém, aumenta a seleção de resistência.

herbicidas pré-emergentes soja

Dessecação de plantas daninhas na entressafra da soja

(Fonte: John Deere)

E, definitivamente, o chorinho do agricultor não funciona com pré-emergentes!

Quando se usa um pré-emergente, a dose deve ser respeitada. Qualquer quantidade a mais pode ocasionar grande problemas à cultura da soja ou à cultura de sucessão.

2. Qual o tipo de solo da área em que irei aplicar os herbicidas pré-emergentes para soja? 

A textura do solo é muito importante para a recomendação de herbicidas pré-emergentes para soja. 

Solos com maior quantidade de argila e matéria orgânica retêm mais herbicidas em seus colóides ou na própria matéria orgânica, deixando menos herbicida na solução dos solos (onde pode ser absorvido e fazer efeito)!

Desta forma, se o produto for recomendado para os dois tipos de solo, costuma-se utilizar maior dose em solo argiloso (conferir sempre indicações da bula). 

Porém, alguns herbicidas não são recomendados para alguns tipos de solo. Atente-se a isso!

Um herbicida muito móvel, por exemplo, pode ser aplicado em solo arenoso e ir diretamente para os lençóis freáticos, o que é prejuízo para o agricultor e para o meio ambiente.

3. A área possui palha ou cobertura verde? 

O herbicida pré-emergente só é efetivo se chegar ao solo. Então qualquer barreira entre o solo e ponta de pulverização pode prejudicar sua ação. 

A palha presente no solo e a maneira que está distribuída afetam diretamente a ação dos herbicidas pré-emergentes. 

Alguns herbicidas possuem pouquíssima capacidade de atravessar a palha e chegar ao solo, como a trifluralina, excelente no controle de gramíneas, mas que em condições de muita palha (> 25% de cobertura do solo) tem seu efeito muito prejudicado.

Além disso, outro fato pouco levado em consideração pelos agricultores é a infestação da área no momento da aplicação. 

Se houver muitas plantas daninhas, com grande cobertura do solo no momento da aplicação, estas podem absorver o produto antes de chegar ao solo, prejudicando seu efeito.

herbicidas pré-emergentes soja

Área de consórcio de milho com brachiaria após a colheita do milho

(Fonte: Soesp)

4. Qual o pH do solo? 

O pH do solo influencia principalmente em herbicidas considerados ácidos e bases fracos como inibidores da ALS e 2,4 D. 

Estes herbicidas, conforme o pH do solo, podem ter maior ou menor mobilidade no solo, o que confunde muito.  

A aplicação de imazetapir, por exemplo, após uma calagem pesada, pode ocasionar maior lixiviação do produto, diminui sua efetividade e pode contaminar o meio ambiente. 

5. Qual o período entre a aplicação do pré-emergente e o plantio da soja?

Você deve ficar muito atento à carência mínima entre o período residual dos produtos utilizados na cultura anterior ou na entressafra para o plantio de soja. 

Todos sabemos que a época de plantio da soja é muito importante para atingir grande produções. Iniciar o plantio cedo evita ataque de pragas no final de ciclo e, consequentemente, adianta o plantio do milho safrinha.

Porém, se o período residual mínimo não terminou, mesmo com ótimas condições para plantio não arrisque: a probabilidade de fitointoxicação é alta. 

Um herbicida comumente utilizado no trigo ou no início da entressafra de soja para controle de folhas largas é o Metsulfuron. Mas o período mínimo entre o plantio da soja e sua aplicação é de 60 dias.

Não respeitar este período, no mínimo, provoca menor crescimento e desenvolvimento das soja.

carryover de metsulfuron em soja

Carryover de metsulfuron em soja

(Fonte: AgroProfesional)

Além disso, herbicidas utilizados em pós-emergência das plantas daninhas, como 2,4 D, podem ter uma certa ação residual e necessitar de um período entre sua aplicação e o plantio da soja. Atente-se a isso! 

6. Qual o período residual do herbicida pré-emergente para soja? Qual cultura irei plantar em sucessão?  

Muitas vezes, nos preocupamos muito com os resíduos que podem prejudicar a soja e esquecemos que eles podem prejudicar a cultura de sucessão. 

Como a seletividade dos herbicidas para as culturas é diferente, às vezes um décimo da dose usada na soja pode prejudicar o milho. 

Desta forma, mesmo 90% do produto sendo degradado pelo tempo, os 10% restantes ainda podem afetar o milho. 

O herbicida imazaquin, por exemplo, pode ser usado na pré-emergência da soja (algumas variedade de soja pode ter maior suscetibilidade) para controle de plantas daninhas de difícil controle como trapoeraba e leiteiro


Porém, devemos esperar um intervalo de 300 dias entre a aplicação deste produto e o plantio de milho.

carryover de imazaquin em milho

Carryover de imazaquin em milho

(Fonte: Alonso)

Herbicidas pré-emergentes para soja: Controle de plantas daninhas de folha larga 

Diclosulam 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado nas primeiras aplicações do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso). 

Dosagem recomendada: 29,8 a 41,7 g ha-1.

Pode ser misturado com: associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D).

Cuidados: o solo deve estar úmido. 

Flumioxazin 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado nas primeiras aplicações do manejo outonal ou no sistema de aplique plante da soja

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso). 

Dosagem recomendada: 40 a 120 g ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato; 2,4 D e imazetapir).

Sulfentrazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de plantas daninhas de folhas largas e bom controle de algumas gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,5L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato; 2,4 D; chlorimuron e clomazone).

Recomendado principalmente para áreas onde também ocorre infestação de tiririca.

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Herbicidas pré-emergentes para soja: Controle de plantas daninhas de folha estreita

S-metolachlor 

Quando aplicar: herbicida com ação residual utilizado no sistema de aplique plante da soja.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada:1,5 a 2,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados: não deve ser aplicado em solos arenosos. O solo deve estar úmido, com perspectivas de chuva. 

Trifluralina 

Quando aplicar: herbicida com ação residual, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso e capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada: 1,2 a 4,0L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas).

Cuidados: deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Formulações antigas têm problemas com fotodegradação (necessidade de incorporação). Eficiência muito reduzida em solos com grande quantidade de palha ou durante grande período de seca.  

Clomazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual, no sistema de plante aplique.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-colchão, capim-pé-de-galinha) e algumas folhas largas de sementes pequena.

Dosagem recomendada: 1,6 a 2,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) e sulfentrazone.

Cuidados: Cuidado com deriva em culturas suscetíveis vizinhas. 

É importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um engenheiro agrônomo (a). Mas o produtor deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação. 

Conclusão

Neste artigo, vimos a importância do manejo de herbicidas pré-emergentes para soja. 

Quais são as principais perguntas que um produtor deve se fazer antes do uso de pré-emergentes.

Além disso, citamos os principais herbicidas aplicados em pré-emergência que podem ser utilizados para controle de plantas daninhas em soja.

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas pré-emergentes na sua lavoura de soja!

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Quais herbicidas pré-emergentes para soja você utiliza hoje? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!