Controle biológico de pragas agrícolas: Como funciona esse método

Controle biológico de pragas agrícolas: Saiba mais sobre esse método de manejo muito eficaz e que ainda vai te ajudar a reduzir os custos na lavoura

O controle biológico tem como objetivo controlar as pragas agrícolas a partir do uso de seus inimigos naturais, que podem ser insetos benéficos, parasitoides, fungos, vírus ou bactérias, por exemplo.

É um método de controle racional e sadio, que pode ser natural ou induzido. Além disso, pode contribuir para reduzir os custos com o controle químico da lavoura.

A tática tem crescido no mercado agrícola brasileiro, mas ainda existe receio por parte de muitos produtores em usá-la.

Vou te apresentar os principais tipos de controle biológico para que você entenda melhor como vai te ajudar na redução dos custos da sua lavoura. Veja a seguir!

O que é controle biológico de pragas agrícolas?

O controle biológico de pragas é definido como um fenômeno que acontece naturalmente no ambiente por meio dos inimigos naturais, que regulam o número de plantas e animais.

No Manejo Integrado de Pragas (MIP), o controle biológico é um dos métodos que pode ser utilizado de forma natural ou induzida para reduzir a população das pragas. 

No caso do controle biológico de insetos-praga na agricultura, os inimigos naturais podem ser predadores, parasitoides e entomopatógenos.

Os predadores matam as presas e as consomem. São insetos maiores que as presas, têm vida livre e necessitam de um número alto de indivíduos para completar seus ciclos. 

controle biológico de pragas agrícolas
Joaninha predando pulgão
(Fonte: Portal Paisagismo)

Os parasitoides são os insetos que vão parasitar a praga. Os adultos são de vida livre e as larvas parasitam a praga se alimentando do hospedeiro para completar seu ciclo de vida. O hospedeiro morre ao final do ciclo. 

controle biológico de pragas agrícolas
Cotesia flavipes parasitando broca-da-cana
(Fonte: Heraldo Negri de Oliveira)

Os entomopatógenos são microrganismos que causam doenças nos insetos-praga e os matam. Como exemplo, podemos citar fungos, vírus, bactérias, nematoides e protozoários

Artrópodes infectados por Beauveria bassiana
Artrópodes infectados por Beauveria bassiana
(Fonte: Mascarin e Jaronski, 2016)

Tipos de controle biológico

O controle biológico é uma prática natural para o manejo de pragas e doenças, utilizando organismos vivos para controlar ou reduzir populações de pragas.

Existem três tipos principais de controle biológico, cada um com suas características específicas. Confira abaixo:

1. Controle biológico natural

Refere-se ao controle que ocorre naturalmente no ambiente para equilibrar o ecossistema. A principal ação do produtor para garantir esse tipo de controle é na conservação dos inimigos naturais na área. 

Para isso, é importante que você manipule o ambiente de maneira que preserve os organismos benéficos.

Por exemplo, se for fazer aplicação de produtos químicos, opte por aqueles que forem seletivos aos inimigos naturais da área.

Outra maneira seria manter plantas atrativas próximas ao cultivo para que, na ausência da praga na cultura, os inimigos naturais possam se alimentar de presas ou hospedeiros alternativos presentes nessas plantas.

controle biológico de pragas agrícolas
Esquema de como podem ser distribuídas as plantas para atrair inimigos naturais
(Fonte: Documentos 283 Embrapa)

2. Controle biológico clássico 

Esse tipo visa uma medida de controle a longo prazo, por isso é indicado que seja realizado em cultivos de plantas perenes ou semiperenes

Para o controle de pragas exóticas (aquelas que não são nativas) são realizadas importações e colonizações de seus inimigos naturais.

Ao longo do tempo, são feitas liberações inoculativas, ou seja, liberações de um pequeno número de organismos por uma ou mais vezes no mesmo local. 

Por haver introdução de outro organismo, vários estudos devem ser realizados para assegurar que não ocorra nenhum tipo desequilíbrio no meio ambiente. 

3. Controle biológico aplicado 

Esse é o tipo de controle biológico mais utilizado comercialmente. Os inimigos naturais são criados de forma massal em laboratório para serem liberados no campo. 

As liberações são inundativas e visam a redução das populações das pragas em um curto período de tempo; são os chamados “inseticidas biológicos”. 

Controle biologico: Exemplos

O controle biológico é uma técnica de manejo de pragas que utiliza organismos vivos para controlar ou reduzir populações de pragas, sem o uso de produtos químicos.

Esse método é mais sustentável e pode ser muito eficaz, quando bem planejado. Aqui estão alguns exemplos mais comuns:

1. Insetos predadores

  • Joaninhas (Coccinellidae): São predadores naturais de pulgões, ácaros e outros insetos pequenos. Ao introduzir joaninhas na lavoura, é possível reduzir as populações de pragas sem agredir o meio ambiente.
  • Crisopas (Chrysopidae): As larvas da crisopa são predadoras de pulgões, ácaros e larvas de insetos. Elas são comumente usadas em hortas e cultivos de frutas.

2. Parasitoides

  • Vespas parasitoides: Algumas vespas colocam seus ovos dentro de outros insetos, como moscas ou lagartas. As larvas da vespa se alimentam da praga hospedeira, matando-a. Um exemplo é a Trichogramma, que parasita ovos de várias espécies de lepidópteros (como as lagartas).
  • Nematóides: Certos tipos de nematóides, como o Steinernema e o Heterorhabditis, parasitam insetos do solo, como larvas de besouros. Esses nematóides infectam e matam as pragas, sendo uma alternativa eficaz para o controle de pragas subterrâneas.

3. Microrganismos

  • Bacillus thuringiensis (Bt): Uma bactéria que produz toxinas que matam lagartas de várias espécies. O Bacillus thuringiensis é amplamente utilizado em cultivos de soja, milho e algodão para controlar lepidópteros (como a lagarta-do-cartucho).
  • Fungos entomopatogênicos: Fungos como o Beauveria bassiana ou o Metarhizium anisopliae infectam e matam insetos, como percevejos e formigas. Esses fungos são aplicados na lavoura para combater pragas de maneira natural.

4. Controle Biológico com Micro-organismos do Solo

  • Trichoderma spp.: Um fungo que pode ser usado para controlar outras doenças fúngicas no solo, como as causadas por Fusarium, Rhizoctonia e Sclerotinia. Ele age competindo com esses patógenos e produzindo substâncias que os inibem.
  • Pseudomonas fluorescens: Bactéria benéfica que ajuda no controle de doenças causadas por patógenos do solo, como Fusarium e Pythium, além de estimular o crescimento das plantas.

5. Competidores

  • Insetos competidores de alimentos: Um exemplo de controle biológico indireto é quando se introduzem espécies de insetos que competem com as pragas por alimento. Isso pode reduzir a população de pragas naturalmente, como é o caso de alguns bichos-preguiça que consomem as mesmas folhas que algumas pragas.

6. Controle com Plantas

  • Plantas repelentes: Algumas plantas atuam como repelentes naturais de pragas. O uso de plantas como alcatrão ou manjericão pode ajudar a afastar insetos como mosquitos e moscas, reduzindo a necessidade de controle químico.
  • Plantas que atraem inimigos naturais: Cultivar plantas que atraem insetos benéficos, como flores que atraem joaninhas ou abelhas, pode ajudar a aumentar o controle biológico na lavoura.

7. Controle com Predadores Naturais

  • Pássaros: Alguns pássaros podem ser usados para controlar pragas em áreas agrícolas, como gafanhotos, lagartas e até mesmo pequenos roedores. Embora não seja uma técnica direta como os insetos predadores, o incentivo à presença de aves benéficas pode ajudar no controle biológico.

Formas de liberação dos inimigos naturais 

Existem três formas que você pode optar no momento da liberação da população de inimigos naturais, que vão depender da praga-alvo em questão:

  • Inoculativa: é o tipo de liberação típico do controle biológico clássico em que os inimigos naturais são liberados em um número bastante limitado, visando o controle da população da praga em longo prazo.
  • Inoculativa estacional: esse tipo de liberação é mais comum em casas-de-vegetação em períodos de ocorrência da praga. Os efeitos serão a curto e longo prazos, com a liberação de altas densidades inicialmente. 
  • Inundativa: é utilizado de maneira efetiva para controle de pragas em cultivos anuais ou bianuais em que há a necessidade do controle da praga a curto prazo. São feitas criações massais em biofábricas. 

Inimigos naturais utilizados comercialmente no controle biológico de pragas 

O uso de controle biológico aplicado tem a necessidade da produção dos inimigos naturais em larga escala, ou seja, devem ser realizadas criações massais.

Essas criações são possíveis devido ao investimento de diversas biofábricas que produzem esses organismos para que você, produtor, possa adquirir e utilizar na sua lavoura. 

Muitos são os produtos biológicos registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que podem ser consultados no site Agrofit.

Além disso, a tecnologia de aplicação tem avançado bastante. E, como você já deve ter visto por aí, muitos produtores têm feito as liberações com o auxílio de drones. 

Veja no vídeo abaixo, a liberação de vespas parasitoides para o controle de lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, em lavoura de milho com o uso de drones

Como você viu no vídeo, quando os produtos biológicos são utilizados em um Manejo Integrado de Pragas (MIP), o uso de defensivos químicos será reduzido e, consequentemente, há uma redução nos custos

Além do mais, o uso intensivo de inseticidas pode causar ressurgência de pragas, selecionando aqueles indivíduos resistentes na população. 

Com a compatibilização dos métodos de controle, você poderá obter redução das pragas agrícolas de forma sustentável. Sem contar que vai diminuir os resíduos químicos no meio ambiente. 

Sempre opte por produtos seletivos aos inimigos naturais, independente do tipo de controle biológico que for fazer. Isso vai permitir que o manejo seja efetivo e você não terá problemas futuros, como a eliminação dos organismos benéficos do meio. 

Exemplos de produtos biológicos comercializados

O Brasil tem crescido muito nesse setor, cerca de 15% ao ano, e já existem muitos produtos registrados no site do MAPA, o Agrofit. Veja alguns exemplos:

Cotesia flavipes

Essa vespinha é liberada de forma inundativa em canaviais para o controle de lagartas da broca-da-cana, Diatraea saccharalis

Exemplos de produtos registrados: Cotesia Biocontrol.

cotesia flavipes em cana
Liberação de adultos Cotesia flavipes em cana-de-açúcar
(Fonte: Defesa Vegetal)

Trichogramma pretiosum

Essa é uma vespa menor ainda e é muito efetiva no controle de ovos de diversas lepidópteras-praga, como Spodoptera frugiperda em milho e Crysodeixis includens em soja.

Exemplo de produto registrado: Pretiobug.

controle biológico de pragas agrícolas
Fêmea de Trichogramma pretiosum parasitando ovo de mariposa
(Fonte: Defesa Vegetal)

Beauveria bassiana

Este é um inseticida microbiológico em que os fungos entomopatogênicos atuam sobre diferentes estágios de desenvolvimento dos hospedeiros. O fungo coloniza o inseto e o leva à morte. 

Exemplo de produto registrado: Boveril WP PL63.

Fungo Beauveria bassiana
Fungo Beauveria bassiana colonizando adulto de broca-do-café 
(Fonte: Terra Viva)

Sempre consulte um(a) agrônomo(a) antes de tomar qualquer decisão na sua lavoura!


Principais e melhores manejos na dessecação para pré-plantio de milho

Dessecação para pré-plantio de milho: Saiba quais pontos considerar e quais produtos utilizar no manejo das principais plantas daninhas

A entressafra com certeza é o momento ideal para fazer um bom manejo de plantas daninhas na sua lavoura! Nesse período, é possível utilizar muitas técnicas de manejo como o controle cultural, mecânico e químico. 

No caso do manejo químico, utilizar uma quantidade maior de mecanismos de ação de herbicidas melhora o controle de plantas daninhas de difícil controle e previne a resistência. 

E como realizar um manejo eficiente de plantas daninhas antes do plantio de milho? Saiba mais a seguir:

Dessecação de plantas daninhas para pré-plantio de milho: Principais pontos 

A cultura do milho possui uma capacidade maior de competição com plantas daninhas, podendo conviver até 30 dias sem perdas na produtividade. 

Porém, o alto investimento justifica que seja feito um ótimo manejo de plantas daninhas na entressafra.

Saiba os principais pontos na dessecação de plantas daninhas para pré-plantio de milho:  

dessecação pré-plantio milho

Plântula de capim-amargoso

(Fonte: Lorenzi, 2014 )

  • Rotacionar técnicas de manejo para evitar a seleção de plantas daninhas resistentes a herbicidas;
  • Controlar plantas daninhas dentro do estádio recomendado de controle: 2 a 4 folhas para folhas largas; e 2 a 3 perfilhas para gramíneas;
dessecação pré-plantio milho

Plântula de leiteiro, no estádio ideal de controle

(Fonte: Lorenzi, 2014)

dessecação pré-plantio milho

Plântula de capim-branco, no estádio ideal de controle

(Fonte: Arquivo do autor)

  • Realizar manejo outonal ou antecipado, com uso de aplicações sequenciais;
dessecação pré-plantio milho

Inversão de flora após manejo de plantas daninhas perenizadas

(Fonte: Arquivo do autor)

  • Usar de herbicidas pré-emergentes;
  • Respeitar período residual de herbicidas para evitar Carry over (danos a culturas seguinte);
  • Seguir as boas práticas na tecnologia de aplicação.

Dessecação para pré-plantio de milho: Principais herbicidas utilizados no manejo de entressafra 

Quando houver plantas daninhas de folhas largas (buva, por exemplo) e folha estreita (ex: capim-amargoso) de difícil controle na área, deve-se priorizar o manejo de plantas de folhas estreita na entressafra, devido à seletividade do milho. 

Herbicidas pós-emergentes: 

Paraquat

Quando aplicar: pode ser utilizado em plantas pequenas provenientes de sementes (< 10 cm) ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores,

Espectro de controle: não seletivo. 

Dosagem recomendada:  1,5 a 2,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: apresenta muitos problemas com incompatibilidade de calda. 

Cuidados: Necessidade de bom molhamento das folhas. Está sendo retirado do mercado por problemas de toxicidade. 

2,4 D 

Quando aplicar: utilizado nas primeiras aplicações de manejo sequencial. 

Espectro de controle: plantas daninhas de folhas largas (ex: buva).

Dosagem recomendada: 1,2 a 2 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) e/ou pré-emergentes. Cuidado com problemas de incompatibilidade no tanque (principalmente graminicidas). 

Cuidados: Cuidar com período entre a aplicação de 2,4D e o plantio de milho, nas doses recomendadas, esperar um período mínimo de 8 dias. 

Glifosato

Quando aplicar: possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: não seletivo.

Dosagem recomendada: 2,0 a 4,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: 2,4 D, graminicidas), pré-emergentes (ex: sulfentrazone) ou de contato (ex: saflufenacil). 

Produtos à base de dois sais ou em formulação granulada possuem maiores problemas de incompatibilidade de calda! 

Cuidados: muitos casos de resistência. Há perdas de eficiência quando associado a produtos que aumentam o pH da calda. 

Glufosinato de amônio

Quando aplicar: pode ser utilizado em plantas pequenas provenientes de sementes (< 10 cm) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. 

Espectro de controle: não seletivo, porém mais efetivo em folhas largas. 

Dosagem recomendada: 2,5 a 3,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas). 

Saflufenacil 

Quando aplicar: pode ser utilizado em plantas pequenas (< 10 cm) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. 

Espectro de controle: plantas daninhas de folhas larga (ex: buva).

Dosagem recomendada: 70 a 100 g ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato). 

Cletodim

Quando aplicar: possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: controle de gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,5 a 1,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: geralmente associado ao glifosato. Quando misturado com 2,4 D, aumentar 20% da dose de clethodim. 

Haloxyfop

Quando aplicar: possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: controle de gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,55 a 1,2 L ha-1.

Pode ser misturado com: geralmente associado ao glifosato. Quando misturado com 2,4 D, aumentar 20% da dose de haloxyfop.

O uso de adjuvantes deve seguir a recomendação de bula!

Herbicidas pré-emergentes:

Atrazine 

Atualmente o herbicida mais utilizado para a cultura do milho!

Quando aplicar: Pode ser aplicado na pré-emergência da cultura imediatamente antes da semeadura, simultaneamente ou logo após a semeadura. Em aplicações em pós-emergência da cultura e plantas daninhas, deve-se acrescentar óleo vegetal. 

O produto fornece bom controle quando aplicado na pré-emergência ou pós-emergência precoce das plantas daninhas. 

Espectro de controle: controla plantas daninhas de folha larga como picão-preto, guanxuma, caruru, corda-de-viola, nabo, leiteira, poaia, carrapicho-rasteiro e papuã. 

Também é muito utilizada para controle de soja tiguera no milho, em aplicação isolada ou associada aos herbicidas mesotrione ou nicosulfuron! 

Lembre-se, é muito importante que haja um manejo eficiente da soja tiguera para se respeitar o vazio sanitário. 

Dosagem recomendada: 3 a 5 L ha-1, dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes. 

Pode ser misturado com: glifosato (se misturado em pós-emergência – milho RR), mesotrione, nicosulfuron, S-metolachlor e simazine. 

Cuidados: Recomenda-se aplicação em solo úmido. Aplicação em solo seco, período de seca após aplicação de até 6 dias ou presença de palha cobrindo o solo (plantio direto) podem diminuir a eficiência do produto.

S-metolachlor

Herbicida com grande potencial de ser inserido no manejo de plantas daninhas na cultura do milho. Pode ser utilizado para ampliar o espectro de controle de herbicidas para folha larga. 

Quando aplicar: na pré-emergência da cultura e das plantas infestantes. 

Espectro de controle: Ótimo controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã), e bom controle de algumas folhas largas de sementes pequenas (ex: caruru, erva-quente e beldroega)

Dosagem recomendada: 1,5 a 1,75 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada. 

Pode ser misturado com: atrazine e glifosato.

Cuidados: Deve ser aplicado em solo úmido. 

Isoxaflutole

Herbicida técnico que exige alguns conhecimentos prévios quanto a características do solo (teor de argila e matéria orgânica) e cuidados com as condições climáticas no momento e após a aplicação.

É muito importante consultar e seguir as recomendações da empresa para evitar toxicidade no cultivo.  

Quando aplicar: deve ser aplicado na pré-emergência do milho e das plantas daninhas. 

Espectro de controle: exerce bom controle em gramíneas anuais e algumas folhas largas como caruru e guanxuma. 

O grande diferencial deste herbicida é que, em condições de seca, ele pode permanecer no solo por um período razoáv 80 dias), até que nas primeiras chuvas é ativado, o que irá coinc (opens in a new tab)”>el (> 80 dias), até que nas primeiras chuvas é ativado, o que irá coincidir com a emergência de várias plantas daninhas.  

Dosagem recomendada: 100 a 200 mL ha-1, dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes (somente para solos com textura média e pesada). 

Pode ser misturado com: atrazine. 

Cuidados: Não é recomendado para solo arenoso e com baixo teor de matéria orgânica. 

Trifluralina

Herbicida muito utilizado no passado que pode voltar a ser inserido no manejo de plantas daninhas do milho, principalmente devido ao lançamento de novas formulações que não necessitam ser incorporadas (menor problema com fotodegradação).  

Quando aplicar: no sistema de plante-aplique ou até 2 dias após da semeadura do milho. 

Espectro de controle: bom controle de gramíneas de semente pequena 

Dosagem recomendada: 1,2 a 4,0 L ha-1, dependendo da planta daninhas a ser controlada e nível de cobertura do solo. 

Pode ser misturado com: atrazine e glifosato.

Cuidados: Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Solo coberto com resíduos vegetais (palha) ou com alta infestação de plantas daninhas diminuem a eficiência do produto. 

>> Leia mais: “Plantação de milho: 5 passos para maior produção e lucro

Conclusão

Neste artigo vimos a importância do manejo eficiente de dessecação para pré-plantio de milho. 

Discutimos a quais principais pontos o produtor deve se atentar para realizar o planejamento do manejo de plantas daninhas na entressafra. 

Falamos sobre as principais ferramentas de controle químico que podem ser utilizadas no período de entressafra. Discutimos ainda como realizar seu posicionamento correto para não ocasionar danos à cultura do milho.  

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas!

>> Leia mais:

Como funciona o herbicida tembotrione para controle de plantas daninhas

Quais herbicidas você utiliza na dessecação para pré-plantio de milho? Aproveite e baixe gratuitamente aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas e saiba como controlá-las melhor em sua lavoura!

Todas as orientações para tratamento de sementes de soja

Tratamento de sementes de soja: Opções de produtos para diferentes pragas, como fazer o tratamento na fazenda e outras dicas para assegurar altas produtividades!

O tratamento de sementes é uma prática que vem sendo utilizada por um número cada vez maior de sojicultores.

Essa técnica é forte aliada para o estabelecimento do estande adequado da lavoura, refletindo, é claro, em maior produtividade.

Mas você sabe quais os principais cuidados para realizar essa técnica com sucesso em sua área?

Confira neste artigo dicas para que o tratamento de sementes de soja seja realizado de forma correta e traga melhor resultado para você!

Tratamento de sementes de soja: O que é e qual sua importância?

A produção de soja no país vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. Deste modo, a utilização de boas práticas de manejo é fundamental para garantir altas produtividades.

O manejo correto do solo, utilização de sementes de alta qualidade, a época de semeadura e a utilização correta de herbicidas são essenciais para o sucesso de sua lavoura de soja.

Contudo, muitas vezes a semeadura da soja não é realizada em condições ótimas, comprometendo o estabelecimento da lavoura do estande inicial. Assim, é necessário muitas vezes realizar a ressemeadura.

Nessas situações, o tratamento de sementes de soja entra como um forte aliado, sendo considerado um manejo preventivo!

Mas, afinal de contas, o que é tratamento de sementes?

O tratamento de sementes é a aplicação de produtos/substâncias sobre as sementes, sejam eles defensivos químicos e/ou biológicos, que preservem o desempenho das sementes, permitindo que elas expressem seu potencial.

Essa técnica é como uma garantia adicional ao produtor, auxiliando no estabelecimento do estande inicial das plântulas, principalmente em condições adversas.

Na prática, o tratamento com produtos vai proteger a semente do contato inicial com o solo até a fase inicial de formação das plantas.

Tratamento de sementes de soja com inseticida

O primeiro passo antes de definir qual inseticida será utilizado em seu tratamento, é identificar quais as principais pragas que afetam a cultura.

Além disso, você deve se atentar a alguns fatores como:

  • Histórico da área
  • Tipo de manejo utilizado (cultivo mínimo, plantio direto)
  • Cultura anterior utilizada
  • Pragas comuns na região e na fazenda.

Com essas informações em mãos, você poderá escolher qual o melhor inseticida a ser utilizado contra o ataque dessas pragas em sua lavoura.

Isso irá proporcionar melhor manejo e minimizar o custo com produtos.

Quando for escolher seu inseticida, leve em consideração o modo de ação, espectro de controle e se o mesmo pode causar fitotoxidade à semente.

Confira as principais pragas em soja e qual inseticida você pode utilizar:

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

Inseticidas sistêmicos (por exemplo: fipronil, imidacloprido + tiodicarbe e clorantraniliprole).

Mosca-branca (Bemisia sp.): 

Inseticidas neonicotinóides. Eles podem ajudar a reduzir ou retardar o estabelecimento da praga.

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis):

Inseticidas sistêmicos (ex: clorantraniliprole).

Antes de escolher seu inseticida, não deixe de consultar seu engenheiro agrônomo!

Tratamentos de sementes de soja com fungicidas

As doenças são um grande problema na produção de soja, podendo diminuir consideravelmente o potencial produtivo da cultura.

Deste modo, identificar qual o melhor tratamento de sementes de soja é fundamental para garantir o estabelecimento do estande inicial e maior rentabilidade.

O primeiro passo antes de escolher qual fungicida irá utilizar é realizar a análise sanitária de sua semente.

Assim, você poderá identificar quais patógenos estão presentes em seu lote de sementes e pode escolher com precisão qual o melhor fungicida.

Quando for escolher seu fungicida, leve em consideração: modo de ação, espectro de controle e se o mesmo causa fitotoxidade à semente.

De acordo com a Embrapa Soja, combinar fungicidas sistêmicos com de contato tem sido uma excelente alternativa de controle, já que o espectro de ação da mistura é ampliado pela ação de mais produtos.

tratamento de sementes de soja

Tratamento de sementes com fungicidas: esquema do modo de ação do fungicida de contato (A) e sistêmico (B), quando aplicados isolados
(Fonte: Augusto César Pereira Goulart)

Patógenos em soja e qual fungicida você pode utilizar:

Fusarium semitectum: 

Fungicidas sistêmicos (ex: carbendazim).

Sclerotinia sclerotiorum:  

Combinação de fungicidas sistêmicos e de contato  (ex: carbendazin + thiram ou carboxin + thiram).

De acordo com Pesquisadores da Embrapa, os principais patógenos presentes em sementes de soja podem ser controlados por fungicidas do grupo dos benzimidazóis.

Dentre os fungicidas sistêmicos, carbendazin, tiofanato metílico e thiabendazole são os mais indicados para o tratamento de sementes de soja.

Entre os fungicidas de contato, captan, thiram e tolylfluanid possuem bom desempenho na emergência das sementes.

tratamento de sementes de soja

Fungicidas e doses para o tratamento de sementes de soja
(Fonte: Embrapa)

Tratamento de sementes de soja: Opções de como tratar

O tratamento de sementes pode ser realizado de duas maneiras: na fazenda, conhecido como tratamento “on farm”; ou na indústria, chamado de tratamento industrial de sementes “TIS”.

Vamos mostrar aqui um pouquinho de cada uma dessas técnicas.

6 Dicas para o tratamento na fazenda

Para você que prefere realizar o tratamento de sementes de soja em sua fazenda, vamos mostrar 6 dicas para o sucesso da operação:

1º dica:

Opte apenas por produtos registrados para a cultura da soja!

2º dica:

Dê preferência aos produtos que combinem: fungicidas e inseticidas. Contudo, observe se o princípio ativo dos produtos escolhidos controlam as principais pragas e doenças de sua região.

3º dica: 

Escolha um local adequado para tratar suas sementes longe de animais e pessoas. Utilize o equipamento de proteção individual.

4º dica: 

Use luvas sempre que manusear sementes tratadas. Os produtos utilizados apresentam alto nível de toxidade.

5º dica: 

Fique atento ao volume de calda! O indicado é que o volume de calda final não ultrapasse 600 mL/100 Kg de sementes. Isso inclui: produtos + água.

6º Dica: 

Caso utilize inoculantes, confira algumas orientações sobre essa técnica que já demos aqui no blog: “Inoculação: Todos os tipos e +7 dicas para tirar o máximo proveito dela

tratamento de sementes de soja

(Fonte: Portal do Agronegócio)

Tratamento industrial

As sementes que recebem o tratamento industrial chegam na fazenda já tratadas. A empresa utiliza-se de máquinas especiais para realizar esse tratamento.

Nesta técnica, o produtor não tem contato direto com o produto e o volume de defensivo aplicado é mais preciso!

Visualmente, já é possível observar a melhor cobertura do produto sobre a semente!

Contudo, no momento da compra, observe se os produtos aplicados na semente são realmente aqueles que você precisa!

E, principalmente, quando foi realizado o tratamento de sementes e quanto tempo essa semente ficou armazenada!

Não deixe de conversar com seu agrônomo!

Antes de iniciar a semeadura, realize um teste de emergência em um canteiro em sua propriedade.

tratamento de sementes de soja

(Fonte:Agro-sol)

Principais produtos nos tratamentos de sementes de soja

Atualmente inúmeros produtos são indicados para o tratamento de sementes de soja. Vamos mostrar aqui alguns deles!

Fortenza Duo®

 A utilização desse produto é indicado para pragas como helicoverpa, mosca-branca (Bemisia tabaci), Coró-da-soja (Liogenys fuscus), vaquinha-verde-amarela (Diabrotica speciosa), dentre outras.

É composto por dois inseticidas: ciantraniliprole e tiametoxam. Proporciona maior espectro de controle de pragas e tem efeito residual prolongado. 

Avicta Completo®  (Avicta 500FS, Maxim Advanced e Cruiser 350FS):

A utilização desse produto é indicado para nematoide das galhas (Meloidogyne incognita); nematoide das lesões (Pratylenchus brachyurus); mancha púrpura da semente (Cercospora kikuchii); podridão de esclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum); fusariose (Fusarium pallidoroseum); coró-da-soja (Liogenys fuscus); vaquinha-verde-amarela (Diabrotica speciosa), dentre outras.

Esse produto oferece ao produtor tripla proteção. É composto por nematicida, fungicida e inseticida abamectina + fludioxonil + metalaxil-M + tiabendazol + tiametoxam, o que garante amplo espectro de controle.

Standak Top®

A utilização desse produto é indicada para antracnose (Colletotrichum dematium var. truncata); broca do colo (Elasmopalpus lignosellus); coró-da-soja (Phyllophaga cuyabana); vaquinha-verde-amarela; mancha púrpura da semente; podridão seca (Phomopsis sojae), dentre outras.

Oferece ao produtor inseticida e fungicida: fipronil + piraclostrobina + tiofanato-metílico, com a mistura de produtos de contato e sistêmico, proporcionando alto espectro de controle.

Cropstar®

A utilização deste produto é indicada para vaquinha-verde-amarela; broca do colo (Elasmopalpus lignosellus); nematoide das galhas; nematoide das lesões, entre outras.

Oferece ao produtor inseticida e nematicida: tiodicarbe + imidacloprido. Essa mistura de produtos proporciona alto espectro de controle.

Essas são algumas das muitas opções de tratamento químico com fungicidas, inseticidas e nematicidas disponíveis no mercado.

Além desses produtos comumente utilizados você pode optar em inserir em seu tratamento de sementes: 

  • Reguladores de crescimento;
  • Micronutrientes;
  • Inoculantes;
  • Revestimento de sementes e outras opções disponíveis no mercado!

Tratamento de sementes: Quanto custa?

O custo com o tratamento de sementes pode variar de acordo com a região!

De modo geral, os custos para o tratamento de sementes de soja representa de 1,5% a 3% dos custos totais.

Contudo, pelos benefícios e garantia de um bom estabelecimento da cultura, esse custo não é alto.

Antes de optar pela utilização dessa técnica, realize os cálculos de custo e verifique qual é a melhor opção para sua propriedade!

planilha de produtividade da soja

Conclusão

Neste artigo vimos a importância do tratamento de sementes de soja e como ele pode aumentar a produtividade de sua lavoura.

Você conferiu quais os tipos e tratamentos mais utilizados e os custos relacionados a essa prática. Também apresentamos orientações de como escolher o tratamento correto!

Espero que com essas dicas você alcance ainda mais sucesso em sua empresa rural!

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Tudo o que você precisa saber sobre dessecação para plantio de soja

Dessecação para plantio de soja: Seletividade para culturas, carry over, além de todos os manejos e opções de produtos para utilizar no controle de plantas daninhas.

O manejo de plantas daninhas na entressafra é considerado o mais importante no sistema de produção de grãos. 

Isso porque neste período existe um número maior de ferramentas que podem ser utilizadas, como herbicidas de diversos mecanismos de ação, além de técnicas de controle mecânico e cultural. 

Quando se trata da soja, é de extrema importância que o cultivo comece no limpo, pois a cultura tolera convívio com daninhas por um curto período de tempo.

E como realizar um manejo eficiente de plantas daninhas para plantar soja no limpo? Confira a seguir!

Pontos importantes sobre a dessecação de plantas daninhas para o plantio de soja 

Como citado anteriormente, a cultura da soja tolera o convívio com plantas daninhas por um período muito curto: em torno de 18 dias após a emergência. Em condições adversas, essa tolerância pode ser de 7 dias após a emergência ou até menos. 

Vamos então abordar pontos importantes sobre a dessecação para plantio de soja no limpo:

Identificação de plantas daninhas 

A identificação correta de quais plantas daninhas existem em sua área e sua distribuição são essenciais para que as estratégias de manejo funcionem sem um gasto excessivo de dinheiro.  

Você precisa identificar as plantas daninhas ainda quando pequenas, pois são mais fáceis de controlar.

Além disso, saiba quais daninhas podem estar presentes no banco de sementes da área (através do histórico da sua área). Assim você está mais preparado quando elas emergirem.

Quando houver plantas daninhas de folhas larga (buva, por exemplo) e folhas estreitas (Ex: capim-amargoso) de difícil controle na área, deve-se priorizar o manejo de plantas de folhas largas na entressafra, devido à seletividade da soja. 

Baixe gratuitamente aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas e saiba como controlá-las melhor em sua lavoura!

Resistência a herbicidas 

Após identificar as plantas daninhas presentes na área, é muito importante saber quais destas possuem histórico de resistência na área ou no país, pois importantes ferramentas de manejo podem não funcionar. 

Além disso, é importante que o manejo seja planejado para evitar a seleção de resistência, utilizando práticas como: 

  • Rotação de mecanismo de ação de herbicidas;
  • Rotação de culturas;
  • Adubação verde;
  • Consórcio entre culturas (por exemplo: milho/brachiaria). 

Consórcio milho com brachiaria

(Fonte: FundaçãoMS)

Estádio das plantas daninhas na área

O estádio em que a planta daninha está é determinante para a eficiência dos herbicidas. De modo geral, quanto menor a planta daninha, mais facilmente será controlada. 

Para daninhas de folhas largas, recomenda-se que o controle seja feito com 2 a 4 folhas. Para folhas estreitas, com 2 a 3 perfilhos. 

Cuidado! Para algumas plantas daninhas, como capim-pé-de-galinha e o caruru-palmeri, este período é muito curto. 

dessecação para plantio de soja

Dessecação para plantio de soja: capim-pé-de-galinhas dentro do estádio ideal de controle – 2 perfilhos

Caruru-palmeri dentro do estádio ideal de controle: 4 folhas

(Fonte: On Vegetables)

Quando as plantas crescem e se desenvolvem, a quantidade de ceras e estruturas na superfície das folhas pode aumentar, dificultando a entrada e transporte dos herbicidas (caso da trapoeraba).

Além disso, podem desenvolver estruturas de reserva que facilitam o rebrote após o manejo (como o capim-amargoso). 

Manejo outonal (manejo antecipado ou sequencial)

O manejo de plantas daninhas deve ser feito logo após sua emergência para facilitar o manejo das plantas daninhas devido ao menor estádio de desenvolvimento. 

Além disso, se houver plantas perenizadas na área, provenientes de escapes do cultivo anterior, o manejo deve começar o mais rápido possível, caso sejam necessárias aplicações sequenciais de herbicidas. 

>> Leia Mais: “Como fazer o manejo de plantas daninhas em plantio direto

Uso de herbicidas pré-emergentes 

Atualmente os pré-emergentes são grandes aliados do combate à resistência, pois:

  • Controlam as plantas daninhas logo em sua emergência;
  • Para as principais plantas daninhas, existem poucos ou nenhum caso de resistência registrados no país;
  • Diminuem a necessidade de aplicações em pós-emergência.

O problema do uso dos pré-emergentes é que existem mais pontos a serem considerados para sua correta recomendação. Devemos considerar o teor de argila, pH do solo, quantidade de palha no solo, clima, infestação e período residual. 

Veja neste vídeo que eu separei:

É importante saber qual o objetivo do pré-emergente, pois precisa ser aplicado antes da emergência das sementes. 

A buva, por exemplo, possui maior emergência durante período de junho a setembro (Variando um pouco conforma a região), com clima ameno e maior umidade (tendo menor emergência durante o ciclo do cultivo). 

Já o capim-amargoso emerge o ano interior (conforme a disponibilidade hídrica). 

dessecação para plantio de soja

Emergência de plântulas de buva

(Fonte: Arquivo do autor)

 Além disso, o alvo é o solo. Desta forma, se houver muita palha, o pré-emergente deve ser capaz de ultrapassar essa barreira. 

Se houver uma massa verde grande na área (plantas daninhas com grande cobertura do solo), não se recomenda a aplicação destes produtos, pois ficam retidos nessa massa. 

Seletividade da cultura e Carry over

Quando são utilizados herbicidas com período residual seja ele longo (Ex: metsulfuron 60 dias) ou curto (Ex: 2,4 D ⋍ 14 dias), é importante que as culturas que sejam plantadas dentro deste período sejam seletivas ao produto.

Caso a cultura não seja seletiva, a carência mínima deve ser respeitada, para que não ocorra o Carry over (Fitointoxicação da cultura por resíduo de herbicidas). 

dessecação para plantio de soja

Carryover de metsulfuron em soja

(Fonte: AgroProfesional)

Tecnologia de aplicação e condições climáticas adversas

Para a eficiência da aplicação de herbicidas, as boas práticas de tecnologia de aplicação devem ser respeitadas.  

Após um período de seca prolongado na entressafra (o que aconteceu este ano em diversas regiões do país), deve-se esperar que as plantas se restabeleçam e consigam absorver o produto.

Após alguns dias de uma chuva representativa, deve-se aplicar os herbicidas dentro das condições climáticas recomendadas, com uso de bons adjuvantes. Deve-se evitar uso de baixa vazão (nestas condições, o mínimo recomendo são 100 L ha-1 de volume de calda).

Caso ocorram plantas daninhas perenizadas de difícil controle na área, recomenda-se que seja feita a roçagem destas plantas (um pouco antes da chuva). Quando iniciarem o rebrote, provavelmente com o início das chuvas, aplicar nas folhas novas. 

dessecação para plantio de soja

Dessecação de plantas daninhas (capim-amargoso) fora do estádio recomendado

(Fonte: Copacol)

Principais herbicidas utilizados no manejo de entressafra da soja

Herbicidas pós-emergentes: 

Paraquat

Quando aplicar: pode ser utilizado em plantas pequenas provenientes de sementes (< 10 cm ou 3 perfilhos) ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores.

Espectro de controle: não seletivo. 

Dosagem recomendada:  1,5 a 2,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: apresenta muitos problemas com incompatibilidade de calda. 

Cuidados: Necessidade de bom molhamento das folhas. Está sendo retirado do mercado por problemas de toxicidade. 

Chlorimuron 

Quando aplicar: utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial e fornece efeito residual.

Espectro de controle: plantas daninhas de folhas largas (ex: buva).

Dosagem recomendada: 60 a 80 g ha-1.

Pode ser misturado com: geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados: Muitas áreas com buva resistente. 

2,4 D 

Quando aplicar: utilizado nas primeiras aplicações de manejo sequencial. 

Espectro de controle: plantas daninhas de folhas largas (ex: buva).

Dosagem recomendada: 1,2 a 2 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) e/ou pré-emergentes.

Cuidado com problemas de incompatibilidade no tanque (principalmente graminicidas). 

Cuidados: quando utilizar 2,4 D próximo à semeadura de soja, deve-se deixar um intervalo entre a aplicação e a semeadura de 1 dia para cada 100 g i.a. ha-1 de produto utilizado.

Glifosato

Quando aplicar: possui ótimo controle de plantas pequenas (até 4 folhas ou 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: não seletivo.

Dosagem recomendada: 2,0 a 4,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (Ex: 2,4 D, graminicidas), pré-emergentes (ex: sulfentrazone) ou de contato (ex: saflufenacil). 

Produtos à base de dois sais ou em formulação granulada possuem maiores problemas de incompatibilidade de calda! 

Cuidados: muitos casos de resistência. Perdas de eficiência quando associado a produtos que aumentam o pH da calda. 

Glufosinato de amônio

Quando aplicar: pode ser utilizado em plantas pequenas provenientes de sementes (< 10 cm ou 3 perfilhos) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. 

Espectro de controle: não seletivo, porém mais efetivo em folhas largas. 

Qual a dosagem recomendada: 2,5 a 3,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas). 

Saflufenacil 

Quando aplicar: pode ser utilizado em plantas pequenas (< 10 cm) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. 

Espectro de controle: plantas daninhas de folhas larga (ex: buva).

Dosagem recomendada: 35 a 100 g ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato). 

Cletodim 

Quando aplicar: possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: controle de gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,5 a 1,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: geralmente associado ao glifosato. Quando misturado com 2,4 D, aumentar 20% da dose de clethodim. 

Haloxyfop

Quando aplicar: possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial.

Espectro de controle: controle de gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,55 a 1,2 L ha-1.

Pode ser misturado com: geralmente associado ao glifosato. Quando misturado com 2,4 D aumentar 20% da dose de haloxyfop.

O uso de adjuvantes deve seguir a recomendação de bula!


dessecação para plantio de soja

Infestação de buva na soja devido à falha de manejo na entressafra

(Fonte: Arquivo do autor)

Herbicidas pré-emergentes:

Diclosulam 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso). 

Dosagem recomendada: 29,8 a 41,7 g ha-1.

Pode ser misturado com: associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D).

Cuidados: solo deve estar úmido. 

Flumioxazin 

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal ou no sistema de aplique plante da soja

Espectro de controle: ótimo controle de folhas largas (ex: Buva) e algumas gramíneas (ex: capim-amargoso). 

Dosagem recomendada: 40 a  120 g ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D e imazetapir).

S-metolachlor 

Quando aplicar: herbicida com ação residual utilizado no sistema de aplique plante da soja.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada:1,5 a 2,0 L ha-1.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados: não deve ser aplicado em solos arenosos. O solo deve estar úmido, com perspectivas de chuva. 

Trifluralina 

Quando aplicar: herbicida com ação residual, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: gramíneas de semente pequena (Ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha).

Dosagem recomendada: 1,2 a 4,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas).

Cuidados: deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Formulações antigas tem problemas com fotodegradação (necessidade de incorporação). Eficiência muito reduzida em solo com grande quantidade de palha ou durante período seco.  

Sulfentrazone

Quando aplicar: herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal.

Espectro de controle: ótimo controle de plantas daninhas de folhas largas e bom controle de alguns gramíneas. 

Dosagem recomendada: 0,5 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.

Pode ser misturado com: herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D, chlorimuron e clomazone).

Recomendado principalmente para áreas onde também ocorre infestação de tiririca!

É importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um agrônomo. Mas o produtor deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação. 

Conclusão

Neste artigo, vimos a importância do manejo eficiente de dessecação para plantio de soja. 

Mostramos as principais ferramentas de controle químico que podem ser utilizadas no período de entressafra e como realizar seu posicionamento correto para não ocasionar danos à cultura da soja.  

Além disso, citamos técnicas importantes que devem ser utilizadas no manejo integrado de plantas daninhas.  

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas na sua dessecagem pré-plantio de soja!

Quais herbicidas você utiliza na entressafra? Restou alguma dúvida sobre a dessecação para plantio de soja? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Agrofit: Conheça o maior banco de informações sobre defensivos do Brasil

Agrofit: Saiba como pesquisar no maior banco de informações sobre defensivos agrícolas do Brasil!

Tão comum quanto as pragas do campo são as dúvidas para combatê-las.

O Agrofit é uma importante ferramenta na hora de pesquisar pelos produtos que vamos utilizar em nossa lavoura.

Com informações de doses, formulações, marcas e tudo o que é necessário para as aplicações, o Agrofit agrupa todos os defensivos registrados no Brasil.

Mas você sabe como fazer as pesquisas de forma mais eficiente no site? Confira o passo a passo a seguir!

Agrofit: Como funciona o banco de informações de agroquímicos

O Agrofit é um site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)/Coordenação Geral de Agrotóxicos e Afins, que contém um banco de informações sobre os produtos agroquímicos e afins registrados no Ministério da Agricultura. 

O site permite a realização de pesquisas importantes para controle de pragas na agricultura brasileira.

Para você acessar o banco de informações, primeiramente entre no site do MAPA. A tela que aparecerá inicialmente é essa da figura abaixo! Veja:

Agrofit

Vamos ver agora um passo a passo de como pesquisar no site. Para isso, vamos supor que precisamos buscar informações sobre o controle de plantas daninhas na cultura do milho.

Passo a passo para acessar o Agrofit

1- Após entrar no site, clique em Consulta Aberta (Acesso Livre). Sua tela ficará como na imagem abaixo:

Agrofit

2- A pesquisa pode ser feita clicando nos links que aparecem na parte superior do site. 

3- Você poderá fazer a busca por pragas (insetos, doenças e plantas daninhas), ingredientes ativos, produtos formulados, produtos técnicos ou relatórios.

Vamos selecionar no item “pragas” as “plantas daninhas”. Na sua tela aparecerá a página abaixo:

Como podemos ver, neste caso, você precisará saber o nome da planta daninha que deseja obter informações.

4- Vamos procurar sobre a planta daninha conhecida por corda-de-viola. Para isso, escreva no campo “nome vulgar” o nome da planta daninha (no nosso caso, “corda-de-viola”), como na figura abaixo. 

Caso você já saiba a espécie, você poderá buscar pelo nome científico.

5- Clique em consultar! Aparecerá então a tela abaixo, com todas as espécies de cordas-de-viola.

6- Feito isso, selecione qual espécie deseja informações. No nosso exemplo, vamos clicar em Ipomoea purpurea.

Ao clicar sobre a espécie, você poderá ver informações sobre aquela planta, incluindo os produtos que atuam no seu controle.

O site apresenta as características daquela espécie como: ciclo, forma de reprodução, habitat, características botânicas das folhas, flores e frutos, regiões de ocorrência e os produtos indicados para o seu manejo.

Agora vamos ver caso você deseje encontrar informações específicas para o manejo de plantas daninhas na cultura do milho.

Agrofit: Como pesquisar informações específicas para uma cultura

1- Selecione a consulta por ingredientes ativos. Aparecerá a tela abaixo:

2- Clique em “culturas” e selecione “milho”

3- Clique em consultar e, então, em sua tela aparecerá todos os produtos registrados para a cultura do milho.

4- Selecione agora o produto que você deseja obter mais informações. No exemplo, selecionamos o herbicida atrazina.

Aparecerá em sua tela todas as informações sobre este produto, todos os produtos formulados registrados para a cultura do milho e que contenham como ingrediente ativo a atrazina.

Você também poderá obter informações sobre:

  • Classe do produto
  • Fórmula
  • Nome químico
  • Classe/categoria agronômica (no caso, herbicida)

E, no campo inferior esquerdo aparecerá a quantidade de produtos registrados com aquele ingrediente ativo – que no nosso exemplo são 56. 

Agrofit: Busca por produtos formulados

Você poderá também, fazer a busca por Produtos Formulados. Neste caso, aparecerá a tela abaixo:

Neste caso, você pode pesquisar pelo:

  • Nome da marca comercial
  • Titular do registro
  • Número do registro
  • Ingrediente ativo
  • Aplicação
  • Classe
  • Classificação toxicológica
  • Classificação ambiental
  • Cultura em que é registrado

Em Produtos Formulados você poderá consultar as doses recomendadas; o modo de ação do produto (contato ou sistêmico); como ele pode ser aplicado (terrestre ou aéreo); a classificação toxicológica e ambiental; o titular do registro; marca comercial e as culturas e plantas daninhas para quais são indicados.

Quanto mais informações você tiver, mais rápido encontrará o produto que deseja.

Lembrando que agora estamos sobre um novo marco regulatório sobre a classificação dos produtos.

A classificação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que antes eram 4 categorias, passam a ser 5. Além disso, inclui o item “não classificado” para aqueles produtos de baixíssimo potencial de dano.

O Brasil adotou essa reclassificação para utilizar como base os padrões do Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (Globally Harmonized System of Classification and Labelling of Chemicals – GHS), passando a ter regras harmonizadas com as de países da União Europeia e da Ásia.

A reclassificação fica assim:

Categoria 1 – Produto Extremamente Tóxico – faixa vermelha: 43.

Categoria 2 – Produto Altamente Tóxico – faixa vermelha: 79.

Categoria 3 – Produto Moderadamente Tóxico – faixa amarela: 136.

Categoria 4 – Produto Pouco Tóxico – faixa azul: 599.

Categoria 5 – Produto Improvável de Causar Dano Agudo – faixa azul: 899.

Não classificado – Produto Não Classificado – faixa verde: 168.

Não informado – 16.

Produtos cujo processo matriz não foi localizado: 2.

Baixe grátis o Guia para Manejo de Plantas Daninhas

Conclusão

Vimos no texto de hoje como encontrar produtos em um dos maiores bancos de informações de defensivos do Brasil, o Agrofit.

No Agrofit é possível pesquisar as informações sobre os produtos registrados para todas as culturas.

Você também pode realizar a pesquisa pela praga, doença ou planta daninha, além de consultar os ingredientes ativos e produtos formulados.

Espero que com essas informações você possa fazer melhor uso desse banco de informações tão importante como é o Agrofit!

Ainda tem dúvidas sobre o Agrofit? Tem mais dicas de como fazer a pesquisa sobre produtos utilizados nas lavouras? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Mofo-branco: como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Mofo-branco: características da doença e as principais formas de manejo para evitar prejuízos na sua lavoura.

As doenças estão, frequentemente, causando prejuízos na lavoura. O mofo-branco, por exemplo, tem uma ampla gama de plantas hospedeiras como soja, feijão, girassol, algodão e outras.

No caso da soja, a doença pode causar perdas de até 70% na produtividade.

Outro aspecto importante é que o fungo forma estruturas de resistência que podem permanecer viáveis no solo por vários anos. Então, é preciso evitar a entrada do patógeno na área e manejá-lo adequadamente quando já está presente para evitar perdas.

Confira a seguir as principais características da doença, ciclo de vida e formas de manejo para a sua lavoura!

O que causa o mofo-branco nas culturas agrícolas

O mofo-branco, ou podridão-de-Sclerotinia, é uma doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, principalmente, e pode causar altas perdas na produtividade de culturas como algodão, soja, feijão e muitas outras de grande importância econômica.

Estima-se que a doença pode afetar diferentes espécies de plantas, com registro de mais de 400 espécies hospedeiras (ampla gama de plantas hospedeiras, exceto as gramíneas). Além disso, está distribuída em muitas regiões do mundo. 

Alta umidade e temperaturas amenas são o ambiente favorável para desenvolvimento da doença. Dessa forma, áreas irrigadas podem favorecer o mofo-branco, por proporcionar ambientes com alta umidade.

Os sintomas da doença são bastante característicos. Normalmente, ocorrem lesões encharcadas nas partes aéreas da planta. E, após o progresso, há o crescimento de um micélio branco, com aspecto cotonoso (parecido com algodão) sobre essas lesões. Após um período, ocorre a formação de escleródios.

Os escleródios são enovelamento/agregado de hifas, que são estruturas de resistência do fungo. Assim, este fungo pode sobreviver no solo através dessas estruturas.

mofo-branco
Placa de Petri com crescimento em meio de cultura de Scletotinia sclerotiorum com micélio branco e escleródios
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A formação de escleródios ocorre em resposta às mudanças na disponibilidade de nutrientes no meio em que se encontra o fungo. Os escleródios tem formato irregular e tamanho pequeno (milímetros).

Inicialmente, essas estruturas apresentam coloração branca, que depois progride para uma cor escura e com aspecto duro.

Assim, os escleródios no final do processo da sua formação apresentam cor escura pelo depósito de melanina, que possivelmente confere proteção a essas estruturas.

Os escleródios podem sobreviver (ficarem viáveis) no solo por vários anos. Há trabalhos que apontam sobrevivência por até 10 anos, mas isso é variável conforme as condições a que essas estruturas estão expostas.

Isso é importante pois há a sobrevivência de S. sclerotiorum na área de cultivo mesmo no período de entressafra.

Disseminação S. sclerotiorum

Os escleródios podem ser disseminados por sementes, solo, máquinas agrícolas, água, entre outros.

Assim, se sua área de cultivo é livre do patógeno, este pode ser introduzido por sementes contaminadas internamente (micélio dormente) ou por escleródios que podem estar juntos com as sementes. 

Máquinas e implementos agrícolas sujos com solo contaminado também trazem problemas. 

Este conhecimento é muito importante para determinar as medidas de manejo para a doença. Vamos falar sobre isso mais a frente no texto!

E você sabe como a doença se desenvolve através dos escleródios? Vou explicar!

Ciclo de vida de S. sclerotiorum

Para entender como o patógeno se desenvolve para causar o mofo-branco, vamos discutir rapidamente o ciclo de vida de S. sclerotiorum.

Os escleródios presente no solo podem germinar de duas formas:

  • Carpogênica

Ocorre a formação de apotécios (que tem aparência de cogumelo). Esses produzem ascos que formam ascósporos (esporos do fungo), que são dispersos para o meio, disseminados pelo vento, podendo ocasionar infecções em outras plantas na área ou em regiões próximas.

Os ascósporos germinam para iniciar a infecção e causar a doença. Normalmente, a germinação carpogênica ocorre nas culturas de soja e feijão.

  • Micelogênica

Ocorre a formação de hifas e não formam esporos. Essas hifas geralmente iniciam a infecção na matéria orgânica do solo e depois penetram e colonizam a planta hospedeira (principalmente a parte das plantas em contato com o solo). Normalmente essa germinação ocorre na cultura do girassol.

É importante conhecer o ciclo de vida do patógeno para entender a importância das estruturas de sobrevivência do fungo e as medidas de manejo.

Observe no esquema abaixo como as germinações podem ocorrer e as etapas para o desenvolvimento do mofo-branco.

ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum
Esquema do ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum
(Fonte: Tese Roseli Muniz Giachini adaptado de Wharton e Kirk, 2007)

Agora que você sabe um pouco mais sobre o desenvolvimento do mofo-branco, vamos mostrar o desenvolvimento da doença em algumas culturas agrícolas.

Mofo-branco na cultura da soja

A doença foi uma das principais responsáveis pela redução da produtividade das lavouras de soja na região sul do país na safra 2017/18.

Nos últimos anos, o mofo-branco na cultura da soja ocasionou perdas de até 70% na produtividade. E estima-se que cerca de 10 milhões de hectares da área brasileira de cultivo de soja estejam infestados pelo patógeno.

O fungo pode atacar qualquer parte da planta, sendo mais frequente nas inflorescências, pecíolos e ramos.

Os sintomas inicialmente são manchas encharcadas, que progridem para uma coloração castanha, com um crescimento de micélio de coloração branca e aspecto cotonoso sobre essas manchas.

E, com o desenvolvimento da doença, ocorre a formação dos escleródios, que podem estar tanto na superfície como no interior de hastes e nas vagens infectadas da planta de soja.

A fase de maior vulnerabilidade é na floração e na formação de vagens.

As sementes infectadas são menores, enrugadas e com coloração não característica da semente.

mofo-branco na soja
Fungo na soja é capaz de infectar qualquer parte da planta
(Fonte: Maurício Meyer em Embrapa)

Controle de mofo-branco em soja

Para o controle químico, falaremos dos defensivos especificamente mais a frente. Mas o importante aqui é saber que  sua eficiência vai depender do momento da aplicação.

O intuito dessa aplicação deve ser atingir as partes inferiores das plantas e a superfície do solo. 

Por isso, a primeira aplicação deve ser na abertura das flores, ou seja, estádio R1 da soja. A segunda aplicação, já deve ocorrer no intervalo de aproximadamente 15 dias em relação a primeira.

Os principais fungicidas são o Fluazinam 500 g/l, Procimidona 500 g/kg, Carbendazin 500 g/l e Tiofanato Metílico 350 g/l + Fluazinam 52,5 g/l. 

Além do controle químico, há outras medidas de manejo que você pode utilizar na sua lavoura para controle do mofo-branco. Vamos falar sobre isso mais a frente no texto!

Mofo-branco na cultura do feijoeiro

O mofo-branco do feijoeiro é uma das doenças mais agressivas na cultura. As perdas podem ultrapassar 60% se o manejo não for realizado corretamente.

Normalmente a doença é mais problemática no florescimento.

Ascósporos (esporos) disseminados pelo vento caem em pétalas de flores senescentes do feijoeiro, germinam e infectam. As pétalas senescentes colonizadas caem sobre o solo ou hastes de vagens e iniciam o ciclo da doença.

Os sintomas são lesões encharcadas de coloração castanha, com micélio branco e cotonoso. Com o progresso da doença, ocorre a formação de escleródios.

mofo-branco no feijão
(Fonte: Revista Cultivar)

Mofo-branco na cultura do algodão

A doença na cultura do algodoeiro tem maior incidência em áreas irrigadas, principalmente após o cultivo de soja e feijoeiro. 

Além disso, também tem afetado a cultura em áreas com clima de temperatura amena e alta umidade, que propiciam o desenvolvimento do fungo.

Os sintomas no algodoeiro podem ocorrer nas folhas, hastes e nas maçãs.

Os sintomas normalmente são no baixeiro das plantas, tendo inicialmente a formação de lesões aquosas, que podem ter o crescimento do micélio cotono. Com o progresso da doença, há formação de escleródios.

Na fase de floração, o patógeno tem uma disseminação mais rápida, pois a flor é a fonte primária de energia para o fungo iniciar novas infecções.

Mofo-branco na cultura do girassol

Na cultura do girassol, a doença também recebe o nome de podridão branca. É considerada, mundialmente, a mais importante para a cultura.

Se o fungo ataca na fase de plântula, pode ocasionar a morte e, consequentemente, falhas no estande.

A podridão branca pode ocorrer na cultura desde o estádio de plântula até a maturação das plantas.

A doença pode apresentar 3 sintomas diferentes nas plantas:

  • Podridão basal (ocorre do estádio de plântula até a maturação): murcha da planta e lesão marrom, mole e com aspecto de encharcada. Se houver alta umidade, a lesão pode ficar coberta por um micélio branco. Além disso, pode encontrar escleródios nas áreas afetadas.
  • Podridão na porção mediana da planta (ocorre a partir do estádio vegetativo): os sintomas são parecidos com os da infecção basal. Escleródios podem ocorrer dentro e fora da haste.
  • Podridão do capítulo (ocorre a partir da floração): inicialmente observam-se lesões pardas e encharcadas no capítulo, tendo a presença do micélio cobrindo algumas de suas partes. Com o progresso da doença, pode-se encontrar muitos escleródios no interior do capítulo, além do fungo poder destruir esta estrutura floral.

Mofo-branco na cultura do amendoim

A doença é causada por S. sclerotiorum ou também pelo fungo Sclerotinia minor e pode causar perdas superiores a 50%.

Os sintomas iniciam com lesões encharcadas que, em períodos de alta umidade, ocorre crescimento de micélio branco sobre as lesões que, com o progresso da doença, pode formar os escleródios.

Mofo-branco na cultura da canola

Também chamado de podridão branca, é uma das doenças de grande importância para a cultura da canola no Brasil.

Os sintomas ocorrem no caule e na haste da planta, com a presença de apodrecimento seco. 

Com o progresso da doença, os tecidos atacados do caule ou das hastes se tornam marrons, que também ocorre o crescimento de micélio branco e cotonoso, e com a presença de escleródios.

As plantas atacadas pelo fungo normalmente apresentam desfolhamento, maturação precoce e podem ter sementes chochas.

Medidas de manejo do mofo-branco

O controle do mofo-branco é difícil. O fungo produz estruturas de resistência (escleródios) e uma ampla gama de plantas hospedeiras. Por isso, na sua área, deve-se evitar a entrada do fungo.

Além disso, não há variedades resistentes até o momento para este fungo. O que pode ocorrer são variedades com resistência parcial.

Listamos algumas medidas de manejo que podem ser utilizadas no controle do mofo-branco. Mas lembre-se que os fungicidas diferem quanto ao seu registro nas culturas.

  • Sementes sadias e certificadas para evitar a presença de escleródios misturados com a semente ou de micélio interno nas sementes;
sementes de soja com escleródio
Sementes de soja com escleródio
(Fonte: A Granja)
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras do fungo;
  • População de plantas adequada, lembrando que espaçamentos pequenos são mais favoráveis ao mofo-branco;
  • Tratamento de sementes;
  • Cultivo sobre a palhada de gramíneas;
  • Eliminar plantas invasoras que são hospedeiras do fungo;
  • Utilizar variedades que possuem uma arquitetura que apresente boa aeração para não possibilitar um ambiente favorável para o patógeno (umidade);
  • Limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas;
  • Escolha da época de plantio (evitando períodos chuvosos nos estádios que são propensos para a doença);
  • Palhada, como de gramíneas, no solo pode reduzir a formação (desenvolvimento) do fungo. A palhada também pode favorecer o desenvolvimento de microrganismos que controlam a S. sclerotiorum (antagonista).
  • Cultivo em sistema de plantio direto pode reduzir a incidência da doença em relação ao plantio convencional por dificultar o contato da planta com o solo contaminado e também o desenvolvimento do fungo. 
  • Controle biológico;
  • Tratamento químico (fungicidas);

Verifique quais produtos são registrados para o patógeno no Brasil e para a cultura que é afetada pela doença.

Para consultar os produtos registrados, não se esqueça de buscar no site do Agrofit.

E para a prescrição do produto e da dose a ser utilizada, procure um (a) eng. Agrônomo (a).

Eficiência de fungicidas para controle do mofo-branco

A Embrapa realizou uma pesquisa sobre a eficiência de fungicidas para o controle do mofo-branco na cultura da soja na safra 2017/18.

Essas pesquisas podem te auxiliar na escolha do fungicida de acordo com a incidência da doença e seu controle. 

Lembre-se de comparar os resultados com a testemunha, que são plantas que não foram aplicadas com fungicidas.

mofo-branco
Incidência, controle relativo, produtividade da soja, redução de produtividade, massa de escleródios produzidos e redução da produção de escleródios em função dos tratamentos fungicidas utilizados nos ensaios cooperativos de controle de mofo-branco em soja, na safra 2017/18.
(Fonte: Embrapa)

Lembre-se que a melhor medida de manejo é a prevenção da entrada do patógeno na sua área de cultivo.

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E, por fim, para um manejo efetivo, você deve utilizar várias medidas de manejo, ou seja, integrando as práticas de manejo!

Conclusão

O mofo-branco é um problema em várias culturas agrícolas, trazendo grandes perdas de produtividade.

Neste artigo, abordamos os principais sintomas, ciclo de vida, condições favoráveis e disseminação da doença. Discutimos ainda várias estratégias de manejo, que devem ser realizadas de forma integrada.

Lembre-se que a prevenção da entrada do patógeno na área é a melhor estratégia!

Agora que você sabe dessas informações, não deixe que o mofo-branco cause perdas na sua produção agrícola. Bom manejo!

>> Leia mais:

“Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Você tem problemas com mofo-branco na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como fazer o manejo eficiente do capim-colchão

Capim-colchão: Época certa para controle, quais herbicidas usar e confira as principais dicas para evitar o prejuízo da lavoura. 

A planta daninha capim-colchão tem grande distribuição em nosso país e infesta lavouras de grãos e grandes áreas de cana. 

Para os produtores de cana-açúcar, houve relatos de populações com menor suscetibilidade a alguns herbicidas comumente utilizados na cultura. 

Deste modo, é muito importante que ocorra um bom manejo para que não haja seleção de novas populações com menor suscetibilidade a herbicidas ou resistência.  

Quer saber como fazer um manejo eficiente do capim-colchão? Qual é o período ideal e os herbicidas mais indicados? Confira a seguir.

Capim-colchão: Principais pontos sobre esta daninha

No Brasil existem três espécies de gramíneas que são comumente conhecidas como capim-colchão (Digitaria horizontalis, Digitaria ciliaris e Digitaria sanguinalis), família Poaceae.

A espécie D. horizontalis é a mais frequente no país, infestando principalmente lavouras anuais e perenes. Ocorre, geralmente, em populações mistas com D. ciliaris

Já a espécie D. sanguinalis é bem menos frequente, ocorrendo em maior intensidade no sul do país. 

capim-colchão

Plantas adultas de capim-colchão (Digitaria horizontalis

(Fonte: FCAV Unesp)

capim-colchão

Plantas adultas de capim-colchão (Digitaria ciliaris

(Fonte: Wiktrop)

Plantas adultas de capim-colchão (Digitaria sanguinalis

(Fonte: Wiktrop)

Essas três espécies são muito parecidas e difíceis de serem diferenciadas no campo, necessitando de uma lupa para distinguir as características morfológicas. 

A principal diferença das espécies está nas espigueta. 

capim-colchão

Inflorescência de capim-colchão (Digitaria sanguinalis

(Fonte: Luirig)

As espécies de capim-colchão são plantas daninhas de ciclo anual. Podem se alastrar pelo enraizamento de nós dos colmos em contato com o solo úmido.

Estas plantas daninhas apreciam solos férteis – são pouco agressivas em solos pobres.  

Sementes e dispersão do capim-colchão

Estas espécies produzem em média 150 mil sementes por planta, o que está associado à sua dispersão em nosso país. As sementes são facilmente disseminadas pelo vento. 

capim-colchão

Sementes de capim-colchão (Digitaria sanguinalis

(Fonte: Oardc)

A necessidade de luz para germinar varia nestas espécies, sendo que D. horizontalis D. sanguinalis necessitam de luz para germinar. Já a D. ciliaris é indiferente à luz, germinando no escuro também.

A temperatura ideal para germinação destas espécies é a alternância de 25℃ a 35℃

Além da capacidade de interferir nas culturas, diminuindo sua produtividade, estas espécies podem ser hospedeiras de pragas e doenças

As espécies D. horizontalis e D. sanguinalis podem ser hospedeiras de nematoides

Além disso, a espécie  D. horizontalis pode ser hospedeira para o patógeno que ocasiona a mancha branca do milho.

Dentre estas espécies, somente a D. ciliaris possui registro de biótipos resistentes à herbicida no Brasil. 

Sendo registrada em 2002 como resistente a herbicidas inibidores da enzima ACCase ou comumente chamados de graminicidas (haloxyfop e fluazifop).

Manejo de capim-colchão na entressafra do sistema soja-milho

A entressafra, com certeza, é período ideal para realizar um bom manejo do capim-colchão, pois existe um número maior de opções a serem utilizadas!

O ideal é que a aplicação ocorra em plantas com até 2 perfilhos, pois as chances de sucesso são maiores!

Herbicidas pós-emergentes: 

Cletodim 

Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato). Recomendável dose de 0,5 a 1,0 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Haloxyfop 

Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato). Recomendável dose de 0,55 a 1,2 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Este são os exemplos mais comuns de graminicidas utilizados no mercado. No entanto, existem outros produtos com ótimo desempenho e que seguem a mesma lógica de manejo. 

Novas formulações de graminicidas vem sendo lançadas com maior concentração do ingrediente ativo (responsável pela morte da planta) e com adjuvante incluso. (Ex: Verdict max®, Targa max® e Select one pack®)

Quando forem misturados 2,4D e graminicidas deve-se aumentar a dose do graminicida em 20%, pois este herbicida reduz sua eficiência. 

Glifosato

Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial. Indicado na dose de 2,0 a 4,0 L ha-1

Paraquat 

Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 2 perfilhos) provenientes de sementes ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores. Recomendável na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Adicionar adjuvante não iônico 0,5 a 1,0% v.v. 

Glufosinato de amônio 

Pode ser utilizado em plantas pequenas (até 2 perfilhos) provenientes de sementes ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. Recomendável dose de 2,5 a 3,0 L ha-1. Adicionar óleo mineral 2,0% v.v. 

Herbicidas pré-emergentes:

Diclosulam 

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e graminicidas). O solo deve estar úmido. Recomendações de dose de 29,8 a 41,7 g ha-1

Flumioxazin

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas e imazetapir) ou no sistema de aplique plante da soja. Recomendável na dose de 70 a 120 g ha-1.

S-metolachlor

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado no sistema de aplique plante da soja, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Não deve ser aplicado em solos arenosos. 

Trifluralina 

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas). Recomendável na dose de 1,2 a 4,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo. Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. 

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Manejo do capim-colchão na pós-emergência das culturas de soja e milho

Para plantas pequenas ou rebrota de plantas perenizadas na soja, temos como opção eficiente somente o uso de graminicidas (clethodim, haloxyfop e outros). 

Em caso de soja RR podem ser associados ao glifosato. 

Em áreas com grande infestação devem ser utilizados herbicidas pré-emergentes no sistema de “aplique plante” para diminuir o banco de sementes e o número de aplicações em pós-emergência (diclosulam, flumioxazin e s-metolachlor).

A inclusão de pré-emergentes em diferentes etapas do manejo é fundamental, principalmente em áreas com grandes infestações. Como diminuem a necessidade de aplicações em pós-emergência e previnem a seleção de plantas resistentes, trazem ótimo custo-benefício ao produtor. 

O controle de capim-colchão no milho é mais complexo, pois o milho também é uma gramínea. Assim, existem poucas opções que são seletivas ao milho e controlam capim-colchão. 

Dentre elas temos herbicidas pré-emergentes aplicados em sistema de “aplique plante” (ex:trifluralina, s-metolachlor e isoxaflutole) ou herbicidas utilizados em pós-emergência precoce (ex: nicosulfuron, tembotrione e mesotrione). Porém, não há opções eficientes para controle de plantas mais desenvolvidas ou perenizadas.    

Conclusão

Neste artigo vimos a importância econômica que o capim-colchão possui em nosso país e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos. 

E vimos quais herbicidas são mais utilizados para o controle na pré e pós-emergência das culturas.

Espero que com essas dicas passadas aqui você consiga realizar um manejo eficiente do capim-colchão!

>> Leia mais:

Como fazer o manejo eficiente do capim-amargoso

O guia completo para controle de capim-pé-de-galinha

Como identificar e fazer o controle de tiririca na lavoura

Como você controla a infestação de capim-colchão na lavoura hoje? Já enfrentou casos de resistência? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Percevejos: você conhece tudo sobre esses insetos?

Atualizado em 29 de junho de 2022.

Percevejos: entenda os hábitos, os danos e como manejar melhor esses insetos em sua propriedade.

Os percevejos são insetos fitófagos que se alimentam de partes das plantas como raízes, caule, folhas, grãos e frutos. Pertencem à subordem Heteroptera e ordem Hemiptera, com mais de 40 mil espécies. 

Essas pragas agrícolas causam danos diretos, pela sucção nos tecidos da planta e principalmente nos grãos. Danos indiretos também são causados pela disseminação de doenças.

Neste artigo, confira o que são percevejos, suas principais características, tipos de percevejos e sua identificação visual. Boa leitura!

O que são percevejos?

Os percevejos são pequenos insetos sugadores, com aparelho bucal do tipo labial tetraqueta. Isso possibilita que eles insiram o rosto na planta para sugar seus nutrientes.

Existem diversas famílias e espécies desta subordem Heteroptera. Elas variam muito quanto ao hábito alimentar, e podem ser predadores, hematófagos, zoofitófagos ou fitófagos.

Os predadores se alimentam de outros insetos. Os hematófagos se alimentam de sangue. Os zoofitófagos são carnívoros, mas utilizam de produtos de plantas como pólen, néctar e seiva para complementação nutricional.

Os percevejos fitófagos são os que causam danos nas culturas agrícolas, e se alimentam de diferentes partes das plantas. Os percevejos mais importantes incluem:

  • Família Pentatomidae: considerados sugadores de grãos. As principais espécies desta são: Nezara viridula (percevejo-verde), Piezodorus guildinii (percevejo-verde-pequeno), Euschistus heros (percevejo-marrom), Dichelops Spinola (percevejo barriga-verde), Edessa meditabunda (percevejo da soja);
  • Família Cydnidae: são polífagos e sugadores de raízes, principalmente em lavouras sob sistema de plantio direto. As principais espécies são: Scaptocoris castanea e Scaptocoris carvalhoi;
  • Família Alydidae: também sugadores de grãos: Neomegalotomus parvus (percevejo-formigão)

Principais características dos percevejos

A principal família de percevejos que causa danos em diversas culturas e principalmente na soja é a família Pentatomidae. Ela possui mais de 4.123 espécies.

Esta família tem antenas com cinco segmentos, medem cerca de 7 mm e tem a parte superior do corpo grande e em formato triangular. Eles podem ou não ter a presença de espinhos nas laterais superiores.

Foto de dois percevejos, lado a lado
Adultos do percevejo barriga-verde. A cabeça deste inseto possui duas projeções pontiagudas e a parte anterior do tórax apresenta margens dentadas e as laterais possuem expansões espinhosas, conforme indicação na figura.
(Fonte: Panizzi, 2015)

A coloração dos percevejos é variada, e mudam conforme o estádio de vida (ovo, ninfa e adulto).  A depender da espécie, a alimentação das ninfas, principalmente de primeiro ínstar, ocorre em conjunto. 

Isso acontece pelo tamanho reduzido do seu aparelho bucal. Além disso, a soma da saliva dos indivíduos em grupo facilita a dissolução de frutos e dos tecidos das plantas.

Ovos de percevejo sobre folhas
Ninfas de primeiro ínstar (c) e ninfa de quinto ínstar do percevejo-marrom (Euschistus heros) se alimentando nos tecidos vegetais de soja
(Fonte: Panizzi)

A partir do terceiro ínstar, como é o caso de Nezara viridula (percevejo-verde), o inseto se dispersa pela área de cultivo. Afinal, neste estádio, o tamanho do seu aparelho bucal já permite que ele se alimente separadamente.

Nas espécies fitófagas, o rosto é bastante alongado na fase adulta, o que facilita o consumo do conteúdo mais interno da planta. A profundidade alcançada pelos percevejos para sucção do conteúdo interno das plantas varia a depender da espécie.

O ciclo de vida desses insetos passa pelas fases de ovo, ninfa e adulto.

Ciclo do percevejo marrom
Ciclo de desenvolvimento do percevejo-verde (Nezara viridula) em soja. A duração de cada uma das etapas do ciclo (ovo, 1º instar, 2º instar, 3º instar, 4º instar, 5º instar e adulto), tem variação a depender da espécie de percevejo, da espécie de plantas hospedeiras, da temperatura e umidade
(Fonte: Panizzi, 2012)

Por que os percevejos são um problema na agricultura?

Algumas características desses insetos fazem com que eles possam se adaptar e invadir culturas que antes não eram tão comuns. 

Por exemplo, eles atacam um grande número de espécies de plantas. Isso faz com que as populações de uma espécie-praga de percevejo aumente e se propague rapidamente. 

Esses insetos têm alta mobilidade e, antes mesmo do final do ciclo da cultura, se dispersam para outros hospedeiros e para hospedeiros alternativos. Eles podem continuar o ciclo de reprodução ou sobrevivência nesses hospedeiros.

Afinal, podem não se reproduzir em uma determinada espécie de plantas, mas conseguem sobreviver nelas.

Eles também sobrevivem por bastante tempo em condições desfavoráveis. Na falta do hospedeiro, esses insetos conseguem sobreviver em hospedeiros alternativos, sobretudo em leguminosas.  Plantas daninhas e até restos culturais de entressafra são exemplos. 

Além disso, podem hibernar por um tempo, até que as condições sejam ideais ao seu desenvolvimento. 

Danos causados por percevejo marrom
Percevejo sobrevivendo na entressafra em plantas daninhas e restos vegetais na área de cultivo
(Fonte: André Shimohiro, 2018)

A alimentação da maioria das espécies ocorre em diversas espécies de plantas. Isso pode apresentar problemas na sucessão de culturas, principalmente de trigo/soja e milho/soja.

Por exemplo, na sucessão soja-milho safrinha, essa preocupação cresceu. Isso se deu sobretudo pelo aumento da soja transgênica, com tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis). 

O uso dessa tecnologia tem como principais alvos as lagartas desfolhadoras, mas não os percevejos. Consequentemente, eles passaram a ter vez na lavoura de soja Bt como principais pragas.  

Por isso, no milho safrinha, esses insetos também têm sido frequentes. Afinal, estavam atacando a soja anteriormente. 

Mesmo que seja feito o tratamento de sementes, as plântulas das culturas não suportam o ataque de uma grande população de percevejos.

Danos causados por percevejos

Além dos danos diretos pela sucção da seiva, os percevejos também podem disseminar doenças. 

Nas sementes, prejudicam o enchimento e formação, afetando a qualidade. Sementes e grãos tornam-se chocos e enrugados. Isso acelera a deterioração de sementes e grãos durante o armazenamento.

Ainda, a saliva dos percevejos contém enzimas que alteram a fisiologia e bioquímica dos tecidos próximos a inserção do estilete. Isso provoca a morte dos tecidos vegetais e necrose (escurecimento dos tecidos).

Essas substâncias dissolvem as porções sólidas e semi-sólidas das células, obtendo assim os lipídios, carboidratos e demais nutrientes necessários. Isso resulta na degeneração da parede celular dos tecidos atacados.

Na soja, os percevejos podem disseminar o fungo causador da mancha de levedura (Nematospora coryli). Também podem causar distúrbios fisiológicos, retardando a senescência da cultura.

Isso significa que as folhas permanecem verdes e retidas na planta por mais tempo, causando o fenômeno da “soja louca”. A consequência é que a colheita é dificultada.

Já no milho, a presença de percevejos reduz o porte (altura) e o perfilhamento.

Em alguns casos, os danos nos estádios vegetativos podem ser compensados, sem afetar a produtividade da cultura. Afinal, no caso da soja, por exemplo, a cultura consegue compensar emitindo novas vagens ou produzindo grãos mais pesados.

No entanto, quando ocorre no período reprodutivo, afeta diretamente a qualidade e produtividade das culturas. Para que isso não ocorra, os percevejos devem ser monitorados e controlados em fases anteriores ao período reprodutivo, para evitar altas populações.

Principais tipos de percevejos 

Um bom controle começa pela identificação correta do percevejo na lavoura. Além disso, as diferentes espécies de percevejos são controladas por diferentes produtos químicos, o que torna a identificação ainda mais necessária.

Percevejo-marrom (Euschistus heros

O percevejo-marrom é uma das principais espécies que causam danos em soja. 

Eles podem atacar as hastes e os ramos da cultura, mas causam maiores danos atacando as vagens em formação. Eles podem migrar para o milho safrinha em seguida. 

No algodão, se alimentam das cápsulas em maturação e reduzem a qualidade dos fios, bem como a produtividade da cultura. As principais plantas hospedeiras do percevejo-marrom são:

  • Leguminosas;
  • Solalaceae;
  • Brassicaceae;
  • Ervas daninhas, principalmente o leiteiro ou amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla) e carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum).

Eles possuem coloração marrom-escura e espinhos nos prolongamentos laterais do pronoto. No verão, os espinhos tornam-se mais longos e mais escuros.

Seu ciclo de vida pode ser de até 116 dias. Os ovos são de coloração amarelada e são ovipositados principalmente nas folhas e vagens da soja. As ninfas deste percevejo tem coloração cinza a marrom, dependendo do seu ínstar.

A depender da temperatura, a duração média dos ovos é de 28,4 dias. A temperatura ideal é de 25°C.

Ciclo do percevejo marrom visto de perto
Percevejo-marrom (Euschistus heros). Na figura (a) pode-se observar as características dos adultos, (b) massa de ovos, (c) ovos e ninfas recém eclodidas, e (d) ninfa de 5º instar
(Fonte: Panizzi, 2012)

Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)

Eles causam maiores lesões em profundidade na soja, em comparação às demais espécies de percevejos-praga. Isso acontece devido ao tipo de picada nos tecidos da planta.  As principais plantas hospedeiras são:

  • Feijão;
  • Alfafa;
  • Ervilha;
  • E em determinadas situações algodão;
  • Pastagens próximas às lavouras de soja também podem ser hospedeiras na entressafra (ervilhaca, nabo forrageiro e tremoço, principalmente na região Sul do Brasil);
  • Crotalária.

Os adultos medem em torno de 9 mm e tem coloração verde-clara a amarelada (ao final do ciclo de vida do inseto). Isso é o que o distingue de outras espécies de coloração verde.

Além disso, possui uma lista transversal de coloração marrom-avermelhada perto da cabeça. Os ovos são pretos e têm formato de “barril”. São ovipositados em fileiras duplas e preferencialmente em vagens, mas também em outras partes da planta. 

As ninfas são pequenas, com cerca de 1 mm e se alimentam em grupos. Sua coloração inicial é preta e avermelhada, e posteriormente esverdeada. O tempo médio entre ovo e adulto é em torno de 24,4 dias

percevejo-verde-pequeno-da-soja adulto
Percevejo-verde-pequeno-da-soja adulto, com sua lista transversal de coloração marrom-avermelhada (próxima a cabeça)
(Fonte: Agro Bayer Brasil)

Percevejo-verde (Nezara viridula)

Ataca principalmente as partes reprodutivas da cultura da soja. Provoca o chochamento dos grãos, além de injetar toxinas nas plantas.  As principais plantas hospedeiras são:

  • Feijão;
  • Arroz;
  • Algodão;
  • Macadâmia;
  • Nogueira-pecã;
  • Carrapicho-de-carneiro;
  • Nabo-bravo ou nabiça;
  • Mostarda;
  • Trigo;
  • Mamona.

Esses percevejos possuem tamanho superior aos demais, entre 10 mm e 17 mm. Possuem coloração verde, verde-escuro. 

As antenas são avermelhadas e a parte inferior é de coloração clara. Os ovos são ovipositados nas partes inferiores das folhas, e tem coloração amarelada. A cor dos ovos do percevejo fica rosada, quando prestes a eclodir.

As ninfas mais jovens são alaranjadas. Já no primeiro e segundo ínstares, tem cor preta e manchas brancas no dorso. Os danos deste percevejo se iniciam quando as ninfas encontram-se no terceiro instar.

Adulto (a), ovos (b) e ninfas de primeiro (c) e quinto (d) ínstar do percevejo-verde (Nezara viridula)
(Fonte: Panizzi, 2012)

Percevejo-barriga-verde (Dichelops furcatus e Dichelops melacanthus)

O percevejo-barriga-verde causa maiores prejuízos devido à sucessão soja-milho. Eles provocam o amarelecimento das plantas e lesões semelhantes a pontos nas folhas. Esses danos também são observados em trigo, mas em intensidade reduzida.

Dentre as plantas hospedeiras, encontram-se:

  • Milho;
  • Trigo;
  • Aveia-preta;
  • Triticale;
  • Trapoeraba;
  • Crotalária;
  • Braquiária;
  • Alfafa;
  • Feijão.

Os adultos medem entre 9 mm e 11 mm. Eles têm coloração que pode variar do castanho amarelado ao acizentado, mas com o abdômen sempre verde. Esta espécie também possui espinhos nas expansões laterais do pronoto.

Percevejo barriga verde visto de perto
Adulto de percevejo-barriga-verde
(Fonte: Agro Bayer)

Em milho safrinha, o grande problema é a migração desses insetos para a cultura. O percevejo-barriga-verde tem causado danos consideráveis e, por isso, deve haver maior atenção. 

Danos causados por percevejos em milho
Danos severos de percevejo-barriga-verde em milho
(Fonte: Pioneer Sementes) 

Percevejo-asa-preta-da-soja (Edessa meditabunda)

Esta espécie tem se tornado um problema cada vez mais frequente na cultura da soja. Ela tem como plantas hospedeiras principalmente:

  • Solanáceas;
  • Leguminosas;
  • Algodão;
  • Tabaco;
  • Girassol;
  • Uva.

Esses percevejos medem aproximadamente 13 mm e tem o corpo em formato oval. Seu corpo é de coloração verde, e suas asas marrom escuras. 

Os ovos são postos em duas fileiras e tem coloração verde-claro. As ninfas têm coloração verde-amarelada.

Um aspecto interessante desta espécie é que durante a alimentação, permanecem com a cabeça baixa, provavelmente por possuírem o estilete mais curto. Isso explica também a alimentação principalmente em hastes e não em vagens.

Embora não se alimentem das vagens, o potencial de dano desta espécie é significativo. Ela pode reduzir a produtividade e a qualidade dos grãos (por desviar os nutrientes durante o enchimento de grãos).

Percevejo-castanho (Scaptocoris spp.)

No Brasil, ocorrem três espécies de percevejo castanho. Eles causam danos principalmente em pastagens, mas também já foram associados a outras culturas, incluindo:

  • Algodão;
  • Arroz;
  • Cana-de-açúcar;
  • Eucalipto;
  • Café;
  • Feijão;
  • Milheto;
  • Sorgo;
  • Pastagens;
  • Plantas daninhas.

São considerados polífagos. Além disso, são pragas subterrâneas, o que dificulta o seu controle, pois encontram-se principalmente em profundidade no solo. Estão distribuídos por todo território nacional.

As três principais espécies de percevejo castanho são Scaptocoris carvalhoi, Scaptocoris castanea e Scaptocoris buckupi, pertencentes à ordem Hemiptera: Cydnidae e subfamília Scaptocorinae.

A depender do nível populacional dos percevejos castanhos, em uma área de cultivo, é possível identificar a sua presença pelo odor característico exalados por eles, que assemelha-se ao do percevejo popularmente conhecido como “maria fedida”.

Os danos são observados em reboleiras, e dependem do tamanho da população. Em populações maiores, ocorre o murchamento das plantas, com posterior amarelecimento e morte das plantas. 

Em populações menores, observa-se retardamento do crescimento das plantas.

Os adultos do percevejo castanho medem entre 5 e 10 mm, possuem coloração castanha, e corpo convexo. As ninfas possuem coloração branca. 

Os ovos são ovipositados próximos às raízes, para que assim que eclodam, as ninfas possam se alimentar das raízes das plantas de forma facilitada.

Adultos e ninfas podem ser encontrados em grandes profundidades no solo, independentemente da umidade deste, sendo relatados até 1,8 metros de profundidade. 

No entanto, os danos mais severos são observados em épocas chuvosas (novembro a março), onde migram para a superfície, para se alimentar das raízes.

Ovos, ninfas e adultos do percevejo castanho, em imagens separadas
Ovo, ninfas e adulto do percevejo castanho.
(Fonte: Torres 2020).

Como acabar com percevejo?

Após identificar as principais espécies, você precisa saber como eliminar percevejo da sua área de cultivo.

Estratégias que englobam além do controle químico e biológico são essenciais para a redução dos danos causados pelos percevejos. Monitoramento, uso de armadilhas, rotação de culturas e manejo das épocas de semeadura são os principais exemplos.

Armadilhas

As armadilhas podem funcionar tanto para o monitoramento da população de percevejos quanto para auxiliar no controle, quando cultivos armadilhas são realizados.

Os cultivos armadilhas são caracterizados pela implantação de uma cultura, em blocos, faixas, ou nas bordaduras da cultura principal, que seja mais atrativa aos percevejos. Isso, é claro, em relação à cultura agrícola que está sendo cultivada.

Deste modo, os percevejos são atraídos para ela, e o controle é concentrado em pontos estratégicos. Outras armadilhas podem ser instaladas ao longo do cultivo, a depender da espécie de percevejo.

Para o percevejo marrom da soja, por exemplo, armadilhas eficientes são elaboradas a partir da urina de bovina.

Outra possibilidade é o uso de armadilhas com feromônio sexual, localizadas a 30 e 40 cm do solo, para captura e monitoramento do percevejo marrom e também de outras espécies de percevejos.

Rotação de culturas

A rotação de culturas em uma área com alta infestação de percevejos, deve ser planejada em função da espécie de ocorrência, utilizando plantas que sejam ou resistentes, ou não hospedeiras.

Para isto, é indispensável a correta identificação da espécie de percevejo que está ocorrendo na área de cultivo, bem como o conhecimento dos seus aspectos biológicos.

Além disso, o sistema de cultivo, convencional, ou plantio direto, bem como época do ano, interferem na ocorrência e consequentemente, no potencial de danos provocados pelos percevejos.

Manejo das épocas de semeadura

Da mesma forma, para o manejo das épocas de semeadura, é indispensável a identificação da espécie de percevejo. No entanto, sabe-se que em semeaduras precoces, ou tardias, a ocorrência e danos de percevejos são maiores. 

Isto ocorre porque nas semeaduras precoces, os percevejos que estão na área de cultivo, se alimentando de hospedeiros alternativos, rapidamente migram para as culturas hospedeiras principais. Eles as utilizam para se reproduzir.

Já em semeaduras tardias, as populações de percevejos encontram-se altas.

Para percevejos de hábito subterrâneo, o controle mais eficiente é realizado nas épocas chuvosas. Nesse período, eles migram de grandes profundidades do solo para a superfície.

Monitoramento

Para que o controle seja realmente efetivo, você deve considerar o monitoramento de pragas de uma forma geral.

Em soja, é imprescindível que você faça o pano-de-batida semanalmente. Além disso, é importante considerar o nível de ataque na planta. Fique bastante atento à fase fenológica da planta.

Entre com controle quando houver 2 percevejos por metro linear (para grãos) e 1 por metro linear (para semente).

Eliminar restos culturais e hospedeiros alternativos da área 

Como os percevejos podem se manter nos restos culturais, é ideal que você faça a limpeza da área antes de iniciar o cultivo da cultura seguinte.

Também é importante eliminar os hospedeiros alternativos, como as plantas daninhas capim-carrapicho, capim-amargoso e trapoeraba

Tratamento de sementes

Uma forma de evitar ataques logo no início da lavoura é a utilização de inseticidas sistêmicos para tratar as sementes.  Dentre os inseticidas, os neonicotinoides são os mais indicados. 

Controle biológico

O controle biológico é uma tática importante para a redução da população dos percevejos nas culturas. Alguns agentes de controle são comercializados por biofábricas

Os parasitoides Trissolcus basalis e Telenomus podisi podem contribuir muito na redução dos percevejos-praga

Controle químico

O controle químico é a tática mais utilizada para controle, mas você deve considerar os métodos de controle anteriores. Associar mais de um tipo de controle é fundamental.

Além disso, escolha inseticidas seletivos aos inimigos naturais para que eles possam se manter na cultura. Assim, eles não serão eliminados junto das populações dos percevejos.

Faça rotação de ingredientes ativos para não causar pressão de seleção e inviabilizar a tecnologia do produto químico.  Algumas sugestões de inseticidas com diferentes ingredientes ativos são:

  • Acetamiprido + Fenpropatrina (Bold – Ihara)
  • Imidacloprido + Beta-ciflutrina (Connect – Bayer)
  • Tiametoxam + Ciproconazol (Verdadero – Syngenta) 

Porém, vale destacar: antes de utilizar o controle químico, consulte um especialista.

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Conclusão

Os percevejos são um grupo amplo de insetos com hábitos alimentares diversos. Os fitófagos têm causado danos em culturas de importância econômica.

Em soja-milho safrinha, há uma preocupação grande devido às infestações constantes dos últimos anos.

Monitore as populações das pragas frequentemente na sua lavoura. Essa é a melhor tática para não haver surtos.

Você já teve problemas com percevejos em sua lavoura? Como fez o controle? Deixe seus comentários!

Atualizado em 29 de junho de 2022 por Bruna Rhorig.

Bruna é agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal.