Primeira antena 5G em área rural: entenda como essa tecnologia vai beneficiar sua fazenda

Primeira antena 5G em área rural: instalação impulsiona a agricultura digital e de precisão e reforça o protagonismo do Brasil no agronegócio

O Brasil ganhou, em maio de 2021, sua primeira antena 5G em área rural, instalada em uma fazenda experimental de produção de algodão, em Mato Grosso.

Mais que uma ferramenta tecnológica, a instalação do 5G em uma fazenda representa um passo importante do país em seu protagonismo no agronegócio mundial.

Com ela, produtores rurais ampliam investimentos em agricultura digital e de precisão e fortalecem a eficiência, a competitividade e a sustentabilidade econômica e ambiental.

Saiba o que já está sendo feito no campo através do sinal 5G e quais são as possibilidades de ampliação do uso dessa tecnologia.

A tecnologia 5G e seus avanços 

O 5G é a quinta geração de tecnologia para rede de internet móvel. Ela surge da evolução natural das gerações anteriores — 2G, 3G e 4G.

O sinal 5G é 10 vezes mais rápido que o 4G. Isso possibilita o avanço da automação no campo, com o uso da inteligência artificial e da robótica.

A tecnologia traz diversos avanços para a sociedade, para além do aumento da velocidade na conexão.

Dentre os avanços, destacam-se: 

  • a Internet das Coisas, com aparelhos inteligentes e conectados entre si;
  • aumento da densidade de conexões por metro quadrado (cerca de 1 milhão);
  • a automação e a robotização;
  • eficiência energética, com redução do consumo e mais sustentabilidade;
  • maior eficiência espectral, em decorrência do aumento da potência;
  • o Big Data e a computação em nuvem. 

Especialistas afirmam que os avanços do 5G terão maior impacto no mundo dos negócios, sobretudo nos processos produtivos, gerenciais e comerciais do setor agrícola.

Salto para a agricultura 5.0

A Embrapa Informática Agropecuária considera que o 5G no setor agrícola favorece a introdução da agricultura 5.0, caracterizada pela automação de toda a cadeia produtiva.

Desse processo, fazem parte a inteligência artificial, a robótica, a biologia sintética (que permite a impressão 4D) e a agricultura vertical.

No Brasil, a maioria das fazendas que utilizam tecnologia estão na fase da agricultura 3.0, e algumas já estão em transição para a agricultura 4.0.

3 benefícios da tecnologia 5G para sua fazenda

O 5G é tão importante para o agronegócio no Brasil que os primeiros sinais foram instalados, de forma experimental, em fazendas de Goiás e Mato Grosso.

No Brasil, a tecnologia foi inaugurada em dezembro de 2020, em Rio Verde, Goiás.

A instalação foi resultado de uma parceria entre as empresas Claro, a chinesa Huawei (detentora da tecnologia 5G), a Prefeitura de Rio Verde e Governo do Estado de Goiás.

1. Monitoramento da lavoura em tempo real

Em Goiás, os aparelhos com sinais de transmissão 5G foram instalados na Fazenda Nycolle (1.100 hectares) e no Ceagre (Centro de Excelência em Agricultura Exponencial).

Além disso, foi disponibilizada uma torre móvel de transmissão e aproveitada a estrutura de uma torre com sinal 4G da Claro, que passou a operar com o 5G. 

Na fazenda de soja, milho e pecuária de leite, a tecnologia permite que um drone e um rover, equipados com câmeras de 360 graus, façam o monitoramento.

As imagens são transmitidas em tempo real para óculos de realidade virtual usados pelo fazendeiro Cairo Arantes, que não precisa sair da sede da propriedade para acompanhar tudo o que acontece pela fazenda.

Rover utilizado no monitoramento na Fazenda Nycolle com tecnologia 5G

(Foto: Edinan Ferreira/Fapeg)

2. Ganho de tempo no serviço

O mesmo trabalho que o fazendeiro faz em uma manhã com o sinal 5G, da forma convencional era feito em três a quatro dias.

Arantes também realiza experimentos com a tecnologia na pecuária de leite, para aprimoramento dos processos reprodutivos, como na detecção do cio em vacas.

Um estudo recente mostrou, inclusive, que o uso de sensores instalados em cochos favorece a identificação do cio em vacas-leiteiras com 6 horas de antecedência.

3. Potencialização do trabalho 

Álvaro Salles, diretor executivo do IMAmt (Instituto Mato-Grossense de Algodão), informou ao blog da Aegro que o 5G potencializará o trabalho com máquinas agrícolas e automatização do tratamento com animais

“Com o 5G, há possibilidade de utilizar a inteligência artificial para analisar dados, fazer o monitoramento com máquinas, câmeras, sensores. Facilita muito, é mais rápido”, disse.

Segundo Salles, uma das ideias com a legalização do sinal 5G no Brasil é avançar com a tecnologia para a área comercial e realizar contratos digitais de negociação.

Vitrine tecnológica em Mato Grosso

Um experimento semelhante ao de Goiás é realizado em Mato Grosso, a partir do monitoramento da lavoura em tempo real com drone e óculos de realidade virtual.

Em Mato Grosso, a instalação da primeira antena 5G (que possui 45 metros de altura), uma vitrine tecnológica do agronegócio será montada em uma fazenda modelo.

A propriedade rural, localizada em Rondonópolis, pertence ao IMAmt, que investiu R$ 200 mil com a instalação da antena.

A tecnologia da finlandesa Nokia possui sinal de 700 MHz que alcança 15 km², em área plana. A Nokia usa o 5G standalone, conhecido como 5G puro.

Antena 5G instalada em Mato Grosso

(Fonte: IMAmt)

Leilão do 5G apontará diretrizes da tecnologia no país 

A realização dos experimentos são apenas demonstrativos, já que o sinal 5G ainda não tem autorização para funcionar no Brasil.

A autorização virá após a realização de um leilão pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), previsto para o primeiro semestre de 2021.

O leilão prevê a oferta das frequências de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. Segundo o Governo Federal, elas são as mais adequadas para a expansão do serviço no país.

Além de prover a tecnologia 5G, as vencedoras do leilão terão de atender com 4G ou superior áreas com mais de 600 habitantes, o que favorece muito as áreas rurais.

Cidades com mais de 30 mil habitantes terão tecnologia 5G. 

Ilustração da Embrapa sobre a Agricultura Digital

(Fonte: Embrapa Tecnologia Agropecuária)

Conclusão

Neste artigo, você viu a importância da instalação da primeira antena 5G em área rural para o agronegócio no Brasil e os avanços decorrentes dessa tecnologia.

É importante ressaltar a evolução da agricultura e os avanços que podem ser alcançados com a tecnologia 5G, o que abre oportunidades diversas para os produtores rurais.

Os avanços aconteceram rapidamente: em 1990, estávamos na agricultura 3.0; em 2015, na 4.0; e agora, após 6 anos, já vemos a agricultura 5.0 bater à porta.

Isso mostra como você deve acompanhar a evolução e ter cada vez mais a tecnologia como aliada para melhorar o gerenciamento da fazenda.

>> Leia mais: “Quais os impactos da nanotecnologia na agricultura?”

Qual a sua opinião sobre a instalação da primeira antena 5G em área rural? Vamos continuar essa discussão aqui nos comentários!

Todos os cuidados para maximizar o enchimento de grãos de soja

Enchimento de grãos de soja: o que ocorre nessa fase, quais os cuidados a serem adotados e como garantir uma boa colheita 

Para que você obtenha altas produtividades, conhecer o ciclo da soja é fundamental. Assim, as práticas de manejo adotadas atendem às necessidades específicas das plantas em cada estádio de desenvolvimento. 

Você sabia que a falta de água durante o florescimento até a granação plena é prejudicial e compromete o rendimento de grãos? Sabe quando a soja precisa receber cada nutriente? Sabe quais são as pragas e doenças mais perigosas na fase do enchimento?

Neste artigo, você vai ler sobre o ciclo fenológico da soja e os cuidados essenciais na fase de enchimento de grãos de soja.

Estádios fenológicos da soja

A escala fenológica da soja é uma ferramenta muito importante no manejo da lavoura. A partir dela é possível relacionar as fases de desenvolvimento às necessidades da cultura.

A fase vegetativa começa com a emergência das plântulas (VE) e termina com o surgimento dos primeiros botões florais. Nesse período, ocorre a formação de estruturas vegetativas como folhas, ramos, caule e raízes.

A fase reprodutiva da soja é o período desde o início do florescimento (R1) até a plena maturação da planta (R8). Nesse momento ocorre o florescimento, desenvolvimento das vagens, enchimento de grãos e maturação.

Abaixo estão representados os estádios vegetativos e reprodutivos da soja. 

tabela com descrição dos estádios vegetativos e reprodutivos da soja

Descrição dos estádios vegetativos e reprodutivos da soja
(Fonte: adaptado de Embrapa Soja e Fehr & Caviness, 1977)

No estádio V(n), “n” se refere ao número de nós, acima do nó cotiledonar, com folhas totalmente desenvolvidas. A folha totalmente desenvolvida é aquela em que as bordas dos folíolos não se tocam mais.

O que ocorre na fase de enchimento de grãos de soja?

Na fase de enchimento de grãos da soja (R5) ocorre rápido acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos, que são translocados das folhas, ramos e caule.

Esse período é caracterizado pela presença de vagens com grãos de 3 mm de comprimento em um dos 4 nós superiores do caule, com folha completamente desenvolvida.

Plantas no estágio R5 atingem o máximo índice de área foliar, desenvolvimento de raízes e fixação biológica de nitrogênio

Além disso, esse é um período bastante sensível ao déficit hídrico

A falta de água nessa fase provoca a queda prematura das estruturas reprodutivas e o chochamento dos grãos. Isso interfere negativamente na qualidade e no peso, além de diminuir o rendimento de grãos. 

O estádio de enchimento de grãos apresenta cinco subdivisões: R5.1, R5.2, R5.3, R5.4 e R5.5.

Divisão do estádio R5 (enchimento de grãos) em cinco subestádios
(Fonte: adaptado de Stoller e Ritchie et al., 1977)

Cuidados na fase do enchimento de grãos de soja

Veja quais as exigências hídricas e nutricionais da soja no estádio R5 e quais as pragas e doenças que causam danos nesse período.

Exigência hídrica

Dois momentos do ciclo da soja merecem atenção quanto ao suprimento de água: a germinação-emergência e o florescimento-enchimento de grãos. Nesses períodos, o déficit hídrico pode comprometer a produtividade da lavoura.

A necessidade de água aumenta à medida que a lavoura se desenvolve. O estádio de maior consumo hídrico ocorre na fase de florescimento até o completo enchimento dos grãos. Segundo a Embrapa, nesse período (R1-R6) as plantas necessitam de 7 a 8 mm/dia de água.

Exigência nutricional 

O nitrogênio é o nutriente exigido em maior quantidade pela cultura da soja. Ele é obtido pelo processo de fixação biológica, realizado por bactérias do gênero Bradyrhizobium

Depois no nitrogênio, o fósforo e o potássio são os elementos mais requeridos.

O fósforo atua na fotossíntese e no crescimento das plantas de soja. O potássio é responsável pela translocação de carboidratos para os grãos, além de participar do controle da atividade estomática. 

O cálcio e o boro são nutrientes que, quando em falta, podem ocasionar má formação dos grãos

O magnésio faz parte da composição da molécula da clorofila, que é um pigmento indispensável para a realização da fotossíntese. Como na fase de enchimento de grãos ocorre a maior atividade fotossintética, o magnésio é muito importante nesse período.

Pragas na fase de enchimento de grãos

Durante a fase de enchimento de grãos, as principais pragas que atacam a soja são percevejos, nematoides e lagartas.  

Os percevejos são os insetos-praga que apresentam maior impacto econômico para a soja nesse período, em decorrência dos elevados prejuízos que podem causar. 

Dentre os percevejos que causam danos à cultura da soja, há:

  • percevejo-marrom (Euschistus heros);
  • percevejo-verde (Nezara viridula);
  • percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii).

Eles são insetos sugadores que se alimentam inserindo o aparelho bucal (estilete) nas vagens de soja. Isso compromete a qualidade dos grãos que ficam menores, murchos, enrugados e com a cor mais escura.

Além disso, o ataque de percevejos retarda a maturação da soja pela indução de um distúrbio fisiológico. Nesse caso, as plantas permanecem com as folhas verdes ao final do ciclo da cultura, o que dificulta a colheita.

Os danos causados pelos percevejos incluem também o abortamento de vagens e a redução do conteúdo de proteína e óleo da semente.  

Os percevejos podem causar danos indiretos à soja pela transmissão de doenças durante o processo de alimentação. Um exemplo é a mancha-fermento, causada pelo fungo Nematospora coryli.

Os nematoides de galhas (Meloidogyne spp.) podem provocar abortamento das vagens de soja e também o amadurecimento prematuro das plantas.

A Helicoverpa armigera é um exemplo de lagarta que se alimenta de folhas, hastes, flores e vagens da soja.

infográfico com desenvolvimento de pragas seguindo o estádio fenológico da soja

Desenvolvimento de pragas seguindo o estádio fenológico da soja
(Fonte: Brasmax)

Doenças na fase de enchimento de grãos

As doenças da soja são um dos fatores limitantes na produção.

A antracnose e a ferrugem asiática são exemplos de doenças fúngicas que afetam as plantas em qualquer momento do ciclo fenológico. Alguns dos sintomas são a queda das vagens e problemas na formação e no enchimento dos grãos

O crestamento foliar de cercóspora (ou mancha púrpura) e a mancha-parda (ou septoriose) são consideradas doenças de final de ciclo da soja (DFC). Elas se desenvolvem com maior frequência na fase final do enchimento de grãos.

A mancha olho-de-rã é outra doença com maior ocorrência no período reprodutivo da soja, ou seja, na fase de florescimento até o enchimento de grãos.

A podridão parda da haste e a podridão por fitóftora também podem pode ser observadas nas lavouras de soja em diferentes momentos do período reprodutivo.

Resumidamente, as principais doenças na fase de enchimento de grãos da soja são:

  • antracnose (Colletotrichum truncatum);
  • ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhiz);
  • crestamento foliar de cercóspora (Cercospora kikuchii);
  • mancha-parda (Septoria glycines);
  • mancha olho-de-rã (Cercospora sojina);
  • podridão parda da haste (Cadophora gregata);
  • podridão por fitóftora (Phytophthora sojae).
infográfico com desenvolvimento de doenças seguindo o estágio fenológico da soja

Desenvolvimento de doenças seguindo o estágio fenológico da soja
(Fonte: Brasmax)

Como garantir um bom período de enchimento de grãos?

É importante ter em mente que a colheita é reflexo das práticas de manejo adotadas ao longo do desenvolvimento da lavoura. 

Para garantir um bom período de enchimento de grãos e atingir altas produtividades, é preciso que as recomendações de adubação sejam feitas com base na análise de solo

Além disso, é fundamental conhecer o ciclo da cultura, de modo que os nutrientes sejam disponibilizados nas fases de maior demanda. 

O manejo de pragas e doenças deve ser realizado durante todo o ciclo da soja. Porém, na fase de enchimento de grãos deve-se dar atenção especial aos percevejos e às doenças de final de ciclo.

O controle de plantas daninhas também é importante, pois elas competem com a cultura por recursos como água, luz, nutrientes e espaço.

Conclusão

O estádio de enchimento de grãos é o período em que ocorre rápido acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos. Nitrogênio, fósforo, potássio, boro, cálcio e magnésio contribuem positivamente nessa fase.

Tenha cuidado com os percevejos, porque eles são os insetos-praga com maior importância econômica para a cultura da soja.

Fique por dentro de doenças como antracnose, ferrugem asiática, crestamento foliar de cercóspora, mancha-parda, mancha olho-de-rã, podridão parda da haste e podridão por fitóftora. Elas são as mais impactantes nesse período.

Não esqueça de realizar o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas durante todo o ciclo da cultura.  Essa atitude é essencial para garantir a qualidade do grão e atingir altas produtividades.

>> Leia mais: “Tudo o que você precisa saber sobre Macrophomina em soja

Quais medidas você toma no período de enchimento dos grãos de soja? Já precisou realizar o manejo de alguma daninha, praga ou doença mencionadas nesse artigo? Deixe sua resposta aqui nos comentários!

Por que a adubação com silício pode ser sua aliada na produtividade

Adubação com silício: a importância dessa estratégia de manejo e os benefícios no desenvolvimento das plantas.

O aumento da produtividade agrícola se deve ao manejo adequado de fatores como a adubação. A fertilização promove muitos benefícios no desenvolvimento das lavouras.

Os efeitos positivos da adubação com silício podem ser observados principalmente nas gramíneas  como arroz, cana-de-açúcar, milho e trigo, consideradas acumuladoras desse elemento.

Além de minimizar os efeitos do déficit hídrico, essa substância aumenta a resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças.

Quer saber como a adubação com silício pode te ajudar a aumentar a produtividade da sua lavoura? Confira a seguir!

O que é o silício?

O silício é um mineral que promove melhorias no desenvolvimento das plantas, encontrado naturalmente na maioria dos solos. Os solos brasileiros apresentam cerca de 5% a 40% de silício em sua composição. 

Embora faça parte da constituição da solo, este elemento está presente em maiores quantidades em ambientes pouco intemperizados. Em geral, solos arenosos apresentam baixa disponibilidade de silício assimilável pelas plantas.

Sua absorção está diretamente relacionada ao pH do solo. Em condições de pH mais elevado, há maior quantidade de silício disponível. Dessa forma, ocorre maior absorção do elemento pelas plantas.

O silício é absorvido pelas plantas na forma de ácido silícico (H4SiO4) e esse processo ocorre, preferencialmente, pelas raízes. No entanto, a adubação silicatada pode ser feita tanto via solo quanto via foliar.

Fontes de silício para as plantas

Segundo a legislação brasileira que regulamenta a produção e comercialização de fertilizantes e corretivos, a adubação com silício é considerada benéfica para as plantas

O silício pode ser comercializado na forma isolada ou misturado a outros nutrientes. Dentre os materiais utilizados como fonte de silício para as plantas, há:

  • escórias da indústria siderúrgica
  • metassilicato de cálcio;
  • termofosfato;
  • wollastonita;
  • silicato de potássio; 
  • silicato de cálcio;
  • silicato de magnésio.

O silicato de cálcio é um exemplo de adubo aplicado diretamente no solo, enquanto o silicato de potássio é um fertilizante foliar

Além disso, o silicato de sódio, bastante empregado no modelo de agricultura convencional, é uma substância liberada para uso na produção de orgânicos. 

Importância da adubação com silício

Várias pesquisas científicas demonstram a importância do silício na relação planta-ambiente. 

Esse elemento atua como protetor, fornecendo condições para que a lavoura tenha maior resistência a estresses bióticos (pragas e doenças) e abióticos (déficit hídrico, salinidade e estresse térmico).

Silício no controle de pragas e doenças

Ao ser absorvido, o silício é depositado na epiderme das folhas e nos colmos, que ficam mais espessos. O acúmulo desse elemento nas células epidérmicas funciona como uma barreira física que dificulta o ataque de insetos e o desenvolvimento de doenças.

tabela com pragas controladas com a utilização de silício em diversas culturas

Pragas controladas com a utilização de silício em diversas culturas
(Fonte: International Plant Nutrition Institute)

O silício também atua induzindo mecanismos naturais de defesa das plantas, como a produção de compostos fenólicos, enzimas e acúmulo de lignina

Essa resposta metabólica das plantas interfere negativamente no desenvolvimento de agentes fitopatogênicos, por exemplo. 

tabela com efeito do silício na supressão de doenças fúngicas em grandes culturas e hortaliças

Efeito do silício na supressão de doenças fúngicas em grandes culturas e hortaliças
(Fonte: International Plant Nutrition Institute)

A deposição de silício nas folhas também melhora a arquitetura foliar. Isso quer dizer que as folhas ficam mais eretas, o que favorece a penetração da luz no dossel das plantas e evita o auto-sombreamento. 

Com isso, há melhora na capacidade fotossintética das plantas e há aumento da produtividade. O enrijecimento das paredes das células também reduz o acamamento das plantas.

Silício na correção da acidez do solo

O silicato de cálcio e o silicato de magnésio são substâncias que contêm silício em sua composição. Elas podem ser usadas na correção da acidez do solo, além de fornecer os nutrientes para as plantas.

As escórias siderúrgicas (subprodutos da indústria do ferro e do aço) também são utilizadas na agricultura para correção da acidez do solo. 

Elas aumentam a saturação por bases (V%) e a capacidade de troca de cátions (CTC do solo). Além disso, sua ação como corretivo da acidez do solo pode ser comparada à do calcário

No entanto, é bom destacar a importância desse material não apresentar substâncias contaminantes, principalmente metais pesados. Isso evita a contaminação do solo, dos cursos d’água e protege o ecossistema.  

O silício contribui ainda na redução da toxicidade de alumínio, manganês e ferro presentes no solo.

Silício e a adubação NPK

Os fertilizantes silicatados têm importante papel no aumento da eficiência da adubação feita com nitrogênio, fósforo e potássio. 

Como o silício contribui para o aumento da taxa fotossintética, ocorre maior incorporação do nitrogênio nas atividades metabólicas. Além disso, o silício aumenta o teor de fósforo no solo e diminui a lixiviação de potássio e outros nutrientes móveis. 

Silício no aumento da resistência ao estresse hídrico e salino

Em condições de déficit hídrico, a adubação silicatada contribui para minimizar os efeitos negativos. 

O espessamento da epiderme das folhas, em decorrência da deposição de silício, reduz a transpiração da planta e diminui a abertura estomática. Isso resulta em menor perda de água pela planta

Em condições de salinidade, o silício atua na preservação da parede celular. Ele estimula o sistema antioxidante da planta que garante a integridade e estabilidade da membrana celular. 

10 benefícios da adubação com silício

Você viu todas as vantagens que a adubação com silício pode promover. Confira a síntese desses benefícios e considere essa possibilidade!

  • maior resistência ao ataque de pragas e doenças;
  • aumento da capacidade fotossintética em função do melhor arranjo foliar;
  • maior resistência ao acamamento;
  • indução de mecanismos naturais de defesa, como a produção de polifenóis e enzimas;
  • correção da acidez do solo;
  • aumento dos teores de cálcio e magnésio trocáveis;
  • redução da toxicidade do alumínio, manganês e ferro;
  • contribui para a melhoria do estado nutricional da planta;
  • aumento da resistência ao estresse hídrico e salino;
  • aumento da produtividade.
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Conclusão

O silício é um mineral com influência positiva sobre o desenvolvimento das plantas, principalmente as gramíneas. Pode ser aplicado via solo ou via foliar.

O silicato de sódio não apresenta restrição de uso na agricultura orgânica, sendo utilizado no controle de pragas e doenças.

A adubação silicatada é uma estratégia de manejo importante no aumento da produtividade e que contribui para a maior resistência a pragas e doenças, melhora o estado nutricional da lavoura, além de aumentar a resistência à salinidade e a falta de água.

O silício funciona como corretivo da acidez do solo e, além disso, fornece cálcio e magnésio para as plantas

Com quais produtos você realiza a adubação do solo da sua lavoura? Já fez adubação com silício? Quais foram os resultados? Conte sua experiência aqui nos comentários!

Saiba como funcionam os bioativadores e quais são os tipos disponíveis no mercado

Bioativadores: o que são, como utilizar e qual a diferença entre eles, os bioestimulantes e os biorreguladores

O potencial genético é um fator determinante no desenvolvimento e na produtividade das culturas, mas sua expressão precisa de condições favoráveis.

Não é possível eliminar o estresse das plantas no campo. No entanto, o desenvolvimento de ferramentas como os bioativadores te auxiliam a mitigar essas condições e a aumentar a qualidade e vigor das plantas.

Nesse artigo, você terá as principais informações sobre essa ferramenta e seus benefícios. 

Fisiologia da planta

O segredo para o melhor desenvolvimento da cultura é o equilíbrio ambiental.

Os principais fatores para o desenvolvimento da planta são o potencial genético, o equilíbrio fisiológico funcional, além de condições de solo e ambientais adequadas. 

Por isso, ao implantar uma lavoura, é desejável que ela tenha todas as condições ideais para o alcance do seu potencial genético. 

Para se desenvolver, a planta baseia-se em seu metabolismo primário: fotossíntese, respiração e o acúmulo de carbono. 

O metabolismo secundário é promovido por condições ambientais, como respostas morfológicas via sistemas enzimáticos e não enzimáticos.

A planta se adapta e realiza esses metabolismos de acordo com estresse térmico e outros tipos de estresse. Além disso, durante o desenvolvimento da cultura, as concentrações de hormônios vegetais se modificam.

Substâncias como os bioativadores são capazes de atuar contra condições de estresse e promover o desenvolvimento genético potencial.

infográfico dos hormônios vegetais no ciclo de vida das plantas

(Fonte: Planeta Biologia)

Bioativadores

Bioativadores são substâncias orgânicas que atuam no equilíbrio fisiológico da planta, auxiliando em sua proteção. 

A aplicação em baixa concentração modifica, promove ou inibe os processos morfológicos e fisiológicos vegetais. O objetivo é favorecer a fotossíntese, promover maior resistência aos estresses e aumentar a produtividade.

A aplicação de aminoácidos promove uma menor necessidade energética da planta para a formação de proteínas. Assim, ela permite que a fotossíntese siga o fluxo natural de perpetuação da espécie.

Em resposta às condições de estresse hídrico e salinidade, é produzido o ABA (ácido abscísico), um hormônio natural. Ele promove o acúmulo de carbono e o fechamento dos estômatos da planta.

Os biorreguladores entram nesse momento para  manter o equilíbrio da planta. Não é possível falar de equilíbrio hormonal sem lembrar o papel que os nutrientes cumprem. Por isso, preparar e corrigir o solo é fundamental. 

A falta de nutrientes (Boro, Fósforo, Cálcio) e o solo compactado afetam diretamente o desenvolvimento, desde as raízes até a parte aérea.  Há muita interferência dos nutrientes no  equilíbrio hormonal.

Bioativadores, bioestimulantes e biorreguladores são a mesma coisa?

Os biorreguladores são os hormônios vegetais como: 

  • auxinas;
  • giberelinas;
  • citocininas;
  • retardadores;
  • inibidores;
  • etileno;
  • brassinosteróides;
  • ácido salicílico;
  • jasmonatos;
  • poliaminas.  

Os bioativadores são compostos de biorreguladores e de macro e micronutrientes. 

Os bioestimulantes são substâncias naturais ou microrganismos que melhoram a resposta a estresses abióticos e a eficiência nutricional. 

A diferença é que os bioestimulantes são constituídos de misturas de grupos hormonais no mesmo produto. São precursores hormonais ou hormônios em si. Entender melhor como funcionam e o posicionamento na cultura é muito importante.

O produto utilizado deve ser recomendado à cultura, pois nos estudos de liberação dos produtos todos os testes são realizados e ajustados às recomendações, são identificados seus efeitos e indicadas as dosagens corretas. 

Para os bioativadores e biorreguladores, existem legislações específicas para o registro no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Quais os tipos de bioativadores?

O portfólio disponível no mercado é grande. Você deve ter as informações principais dos princípios ativos e a sua concentração no produto.

Assim, você saberá qual o melhor posicionamento para a  aplicação, que promova alterações em processos vitais e estruturais em busca de maior produção.

Veja quais são os tipos de bioativadores disponíveis no mercado!

Extrato de algas

Produtos à base de extrato de algas podem reduzir o estresse nas plantas e causar condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Os principais gêneros encontrados no mercado são:

  • Phaeophyceae;
  • Ascophyllum nodosum;
  • Macrocystis pyrifera;
  • Durvillea potatorum;
  • Ecklomia maxima;
  • Lithothamnium calcareum. 

Aminoácidos

Eles são os reguladores de expressão e repressão genética, interferindo na susceptibilidade e tolerância às condições adversas. 

As plantas naturalmente produzem seus aminoácidos, mas a contribuição do uso em alguns momentos na cultura tem apresentado resultados surpreendentes na tolerância ao estresse.

Eles têm sido aplicados em tratamentos de sementes e na fase vegetativa de culturas como a soja. Apresentam resultados no desenvolvimento de raiz, acúmulo de matéria seca e redução de estresse. 

Seu uso na fase vegetativa para o controle do efeito fitotóxico tem apresentado resultados muito positivos em restituir e estimular o desenvolvimento da planta. 

Quando o triptofano (percursor do ácido indolacético) é aplicado na fase vegetativa, há desenvolvimento radicular e aumento da vida microbiana do solo.

Ácidos orgânicos

O uso de ácidos húmicos e fúlvicos, produtos da decomposição da matéria orgânica, promove melhoria da estrutura física e química do solo.

Isso contribui diretamente para o aumento da microbiologia do solo e consequentemente na melhoria do metabolismo da planta.

O seu uso causa aumento significativo da absorção de íons, potencializa a respiração e a velocidade das reações enzimáticas do ciclo de Krebs, além de aumentar a produção de ATP nas células radiculares e os níveis de clorofila

Pode ser empregado como um condicionador de solo e também tem efeitos positivos sobre a germinação

O uso de ácido húmico e fúlvico em ambientes salinos permite que o sódio fique mais diluído no solo. Ele pode ser perdido pela lixiviação (promovida pela presença de cálcio, magnésio e potássio em sua composição) que mantém os sítios de troca catiônica ativos. 

Modelo proposto do efeito da aplicação de substâncias húmicas (SH) em solos salinos - bioativadores

(Fonte: Biorreguladores e bioestimulantes agrícolas)

Posicionamento em algumas principais culturas

No que se refere às aplicações agrícolas dos biorreguladores, algumas plantas cultivadas no Brasil já atingiram estágios de evolução que exigem nível técnico avançado para alcançar a produtividade.

Na cultura da soja, o uso de bioestimulantes e biorreguladores tem apresentado ótimos resultados, atingindo mais de 30% de aumento de produtividade. Eles têm sido empregados no tratamento de sementes e em aplicação foliar na fase vegetativa.

E esses resultados são bem entendidos, se, por exemplo, uma cultivar precoce de ciclo de cerca de cem dias for exposta a estresse ambiental por pouco mais de uma semana.

Isso corresponde a 10% do ciclo do vegetal que não está funcionando adequadamente.

O uso de bioestimulantes e biorreguladores promove resultados muito positivos.  

Na cultura do algodoeiro, os resultados com o uso têm sido observados na resistência da cultura e até mesmo na qualidade da fibra produzida. O seu uso no tratamento de semente melhora o vigor das plantas.

Na cultura de cana-de-açúcar, bioestumulantes e biorreguladores também têm sido utilizados para favorecer o brotamento, além de promover a fixação biológica de nitrogênio.

O uso de bioativadores ainda é um campo amplo de pesquisa, visto que respostas vegetais nem sempre são atribuídas à aplicação de um único regulador, porque é preciso considerar que existam hormônios que contribuam para as respostas obtidas. 

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

Ao longo do artigo, você viu que há diferenças entre biorreguladores, bioativadores e bioestimulantes. 

Biorreguladores são hormônios vegetais, bioativadores são compostos de biorreguladores, macro e micronutrientes. Os bioestimulantes são substâncias naturais que melhoram a resposta a estresses e a nutrição das plantas.

Os resultados com bioativadores são muitos, mas é importante lembrar que utilizar somente um tratamento de semente ou um produto foliar é relativamente simples.

O posicionamento correto do produto dentro do seu planejamento agrícola e das condições da sua lavoura são a chave para você obter a produtividade final

Você já utilizou bioativadores e bioestimulantes na sua lavoura? Como foi a experiência e o seu retorno com o uso?  Compartilhe sua experiência comigo nos comentários!

O que você precisa saber sobre a cobertura do solo com nabo forrageiro

Cobertura do solo com nabo forrageiro: quando e como cultivar, benefícios da produção e seu impacto na cultura seguinte

Manter o solo coberto no outono-inverno é uma alternativa benéfica para o sistema produtivo.

O nabo forrageiro é uma opção que traz benefícios a mais. Além de poder descompactar o solo da sua propriedade, ele pode inibir a emergência e desenvolvimento de plantas daninhas.

Ele possui alta capacidade de reciclar nutrientes e é muito utilizado na sucessão e/ou rotação de culturas com soja, milho e algodão.

Se você deseja melhorar a qualidade do solo e a produtividade da sua lavoura, utilizar o nabo forrageiro pode ser interessante.

Neste artigo, você verá alguns dos motivos pelos quais você deve investir nessa opção. Confira!

Quando e como cultivar o nabo forrageiro?

O nabo forrageiro é uma cultura anual de inverno, com hábito de crescimento ereto, herbáceo e muito ramificado. É tolerante à seca e ao frio, além de ser pouco exigente em fertilidade e tolerante a solos ácidos.

Por ser uma cultura de inverno, sua semeadura deve ocorrer entre os meses de março e abril, quando ainda há disponibilidade hídrica.

A semeadura pode ser realizada a lanço ou em linhas, com espaçamento de 20 cm a 40 cm, distribuindo de 3 kg a 15 kg de sementes por hectare.

Devido ao pequeno tamanho das sementes, é recomendado misturá-las com calcário ou superfosfato simples, na proporção de 1 kg de sementes para 50 kg de corretivo ou fertilizante, com objetivo de facilitar a semeadura.

Por ser muito vigorosa, sua altura varia entre 1 m e 1,8 m. Pode produzir de 5 a 10 toneladas de massa seca por hectare.

Seu sistema radicular pivotante pode atingir até 2 metros de profundidade, sendo capaz de romper camadas compactadas do solo.

Seus restos culturais decompõem rapidamente (baixa relação C/N). Por isso, faça sua consorciação com espécies gramíneas como aveia, centeio e azevém, que possuem decomposição mais lenta e cobertura prolongada do solo.

gráfico com distribuição da massa seca (%) em plantas de nabo forrageiro com 50% das plantas em florescimento

Distribuição da massa seca (%) em plantas de nabo forrageiro com 50% das plantas em florescimento
(Fonte: adaptado de Lima et al. 2007)

Por ser precoce e agressiva, a cultura cobre cerca de 70% do solo em até 60 dias após a semeadura, e é uma excelente opção para cobertura do solo.

Utilização

O nabo forrageiro é uma alternativa para produtores que não conseguiram acompanhar a janela de semeadura do milho safrinha.

Também pode ser utilizado para adubação verde, na rotação ou sucessão de culturas com soja, milho e algodão.

Seu sistema radicular é agressivo. Por isso, funciona como um subsolador natural, por romper as camadas compactadas do solo. Também possui efeito alelopático, que inibe a germinação de plantas daninhas.

Em razão da sua alta capacidade de produção de massa verde, pode ser utilizado na alimentação animal na forma de pastejo direto ou corte para fornecimento no cocho.

Suas flores brancas e roxas enfeitam o campo e funcionam como fonte de alimento para as abelhas no outono-inverno.

A partir de seus grãos pequenos, arredondados e marrons, é possível extrair óleo de excelente qualidade para produção de biodiesel.

A torta, oriunda da prensagem dos grãos para extração de óleo, pode ser utilizada na formulação de rações para alimentação animal.

Por que cultivar o nabo forrageiro?

Recapitulando, a utilização do nabo forrageiro é um método biológico de descompactação do solo, que apresenta diversas vantagens, como:

  • rápido crescimento inicial;
  • cobertura total e rápida do solo;
  • supressão de plantas daninhas;
  • rápida decomposição devido à baixa relação C/N;
  • excelente capacidade de reciclagem de nutrientes (N e P);
  • sua raiz pivotante melhora as condições físicas do solo, atuando sobre sua descompactação;
  • cultura de baixo investimento;
  • suas flores são fontes de alimentos para as abelhas no outono-inverno;
  • seus grãos funcionam como matéria-prima para a produção de biodiesel.

Entretanto, considere alguns pontos antes de utilizar o nabo forrageiro, já que do ponto de vista fitopatológico, o cultivo da cultura pode ser problemático.

Por exemplo, em áreas com histórico e ocorrência recente de mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), evite o cultivo do nabo forrageiro.

Ele é uma planta hospedeira do mofo-branco, e pode aumentar o inóculo da doença na área.

Além disso, o seu cultivo também não é recomendado em áreas com histórico de nematoides de galhas (Meloidogyne javanica), por ser uma cultura suscetível.

Nessas condições, evite o nabo forrageiro e opte por espécies gramíneas como aveia, centeio, azevém, entre outras.

Invista no cultivo do nabo forrageiro em sua propriedade, pois as vantagens são muitas.

Impactos na produção de grãos em sucessão 

Como você sabe, manter o solo coberto durante a entressafra é uma alternativa benéfica para o sistema produtivo.

Os benefícios do nabo forrageiro nas culturas são evidentes. Seu cultivo prepara o solo para a semeadura de culturas como soja, milho e algodão.

O nabo forrageiro, solteiro ou em consórcio com aveia-preta, produz volume considerável de massa seca para cobertura do solo.

tabela com produção de massa seca da parte aérea do nabo forrageiro solteiro e consorciada com aveia-preta

Produção de massa seca da parte aérea do nabo forrageiro solteiro e consorciada com aveia-preta
(Fonte: adaptado de Forte et al. 2018)

Essa cobertura proporciona diversos benefícios ao solo e às culturas em sucessão, devido à rápida decomposição dos seus resíduos vegetais. Há disponibilização, de imediato, dos nutrientes no solo.

Veja o aumento da produtividade de grãos de milho após o cultivo de nabo forrageiro.

tabeça com cobertura do solo com nabo forrageiro contribui para o aumento da produtividade de grãos do milho em sucessão

 A cobertura do solo com nabo forrageiro contribui para o aumento da produtividade de grãos do milho em sucessão
(Fonte: adaptado de Forte et al. 2018)

O milho cultivado após o nabo forrageiro pode produzir mais de uma tonelada por hectare em relação ao seu cultivo em área de pousio.

Culturas como soja, feijão, algodão, entre outras, também se beneficiam com a inserção do nabo forrageiro no sistema produtivo.

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Conclusão

O nabo forrageiro é muito utilizado como cobertura do solo e adubação verde, na rotação e/ou sucessão de culturas e na alimentação animal.

Por ser tolerante à seca e à geada é uma ótima opção de cultura de outono-inverno.

Suas raízes descompactam o solo, permitindo um preparo biológico do mesmo. Possui alta capacidade de reciclagem de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo.

A partir dessas informações, você sabe que fazer a cobertura de solo com nabo forrageiro traz inúmeros benefícios para a sua lavoura.

>> Leia mais: Saiba como o estilosante pode ser uma boa opção para a cobertura do solo”

Já tentou fazer a cobertura do solo com nabo forrageiro? Como você costuma fazer em sua propriedade? Deixe sua experiência aqui nos comentários.

Todas as dicas para fazer a manutenção de pneus agrícolas

Manutenção dos pneus agrícolas: como realizar, quais são os tipos de pneus e como saber se o momento da troca chegou!

Uma lavoura bem sucedida não depende só de insumos, sementes, fertilizantes e defensivos. Mão de obra qualificada, máquinas agrícolas, tratores, as colhedoras e os diversos implementos que as complementam também fazem parte desse sistema.

O maquinário deve estar sempre bem regulado e pronto para as atividades, e um dos pontos cruciais é a manutenção dos pneus agrícolas

Você realiza a manutenção de forma correta? Quer algumas dicas sobre como cuidar bem dos seus pneus? Confira!

Como fazer a manutenção dos pneus agrícolas

Nas fazendas e lavouras brasileiras, as despesas com os pneus podem chegar até o segundo lugar na lista de maiores despesas da frota agrícola.

Evitar desgastes desnecessários é essencial. Veja como a manutenção dos pneus agrícolas pode te ajudar.

Calibração e pressão interna 

Qual a calibração correta do pneu agrícola? A resposta é “depende”. Cada pneu tem uma calibração adequada e a pressão varia de acordo com a capacidade de carga. Para você ter certeza, o melhor é sempre consultar as recomendações dos fabricantes.

Se seu maquinário trabalhar abaixo da calibração ótima, as bandas se desgastam com rapidez e de forma irregular. Além disso, os pneus agrícolas perdem tração e pode ser que ocorra o “rim slip”, termo usado para descrever quando o pneu corre no aro.

O inverso também é indesejável. Uma calibração excessiva deixa o pneu com formato mais ovalado. Isso gera perda de tração e maior desgaste na linha central do pneu.

Além de garantir a durabilidade dos pneus agrícolas, trabalhar na correta calibração reduz a compactação do solo e garante economia de combustível!

Uma vez feita a calibragem, você deve realizar periodicamente a verificação da pressão interna dos pneus. É importante realizar as medições antes de realizar os serviços no campo, para evitar potenciais danos.

>> Leia mais: “Como produtora economizou em manutenção de máquinas a partir de ação estratégica”

Atenção ao índice de patinagem 

A patinagem é o deslizamento decorrente da transmissão da força das rodas traseiras para o solo. A patinagem zero ou maior que 20% são problemas comuns do campo, e você pode a determinar com alguns cálculos. Para começar, você precisa de um local plano para seguir as etapas:

  1. posicione o trator sem implemento e marque o local onde está a roda traseira e a parte do pneu que toca o solo naquele ponto;
  2. dirija o trator até que a roda traseira tenha completado 10 voltas;
  3. meça a distância percorrida (distância 1);
  4. engate o implemento e realize o mesmo procedimento, percorrendo a mesma distância (distância 1) obtida e verifique o número de voltas completas;
  5. faça a seguinte conta:
manutenção de pneus agrícolas, esquema com dez voltas a cem por cento, embaixo têm-se o número de voltas com implemento menos número de voltas sem implemento a Y por cento de patinagem

Suponha que você tenha verificado 11 voltas com o implemento. Esse valor de 10% de patinagem está adequado, mas você deve tomar cuidado para que não ultrapasse 20%.

Chegou a hora da troca? 

A troca pode ser um momento complicado pois, como você viu, os custos dos pneus agrícolas não são pequenos. Entretanto, caso a vida útil do pneu tenha esgotado, não hesite em trocá-los.

O comportamento das máquinas e implementos com pneus desgastados não é o mesmo, e pode colocar a vida dos operadores em risco.

Uma das principais formas de verificar a hora da troca é através da profundidade dos desenhos do pneu (sulcos, frisos e barras).

Quando o desgaste é superior a ¾ (ou 75%) do tamanho inicial, a troca é necessária.

ilustração indicando desgaste máximo de 25% da profundidade total dos sulcos dos pneus agrícolas

Desgaste máximo de 25% da profundidade total dos sulcos dos pneus agrícolas
(Fonte: Dia De Campo)

Essa atividade pode ficar mais fácil com apoio de um software de gestão agrícola como o Aegro. Com o aplicativo, você pode programar alertas de manutenção periódicos, facilitando a análise e possível troca dos pneus das suas máquinas.

Você também consegue acompanhar a data da última troca e o impacto dessas operações nos custos totais da safra.

Alerta para manutenção preventiva de máquinas agrícolas no Aegro

Tipos de pneus agrícolas

Os pneus agrícolas não são todos iguais. Basicamente, você encontra 5 tipos diferentes no mercado:

  • Diagonais: compostos por sobreposição de lonas. O topo e os flancos não são independentes.
ilustração que mostra como é o pneu diagonal

(Fonte: Michelin)

  • Radiais: compostos pela união de uma carcaça flexível e uma armadura metálica de estabilização.
ilustração que mostra como é o pneu radial

(Fonte: Michelin)

  • Alta flutuação: muito estudados para redução da compactação de solo.
  • Implementos: pneus de implementos agrícolas com raias longitudinais.
  • Florestais: específicos para máquinas florestais. São reforçados para suportar áreas com objetos cortantes.

Avalie com cuidado e escolha o mais apropriado para as suas condições.

Água nos pneus? 

É isso mesmo! É possível encher os pneus agrícolas com água para adequar a massa dos tratores.

Esse procedimento é chamado lastragem líquida e garante aumento da capacidade de tração e estabilidade.

ilustração de pneu sendo cheio com água e com opções e porcentagens de lastro

Opções e porcentagens de lastro
(Fonte: adaptado da aula do Prof. Dr. Carlos Furlani)

Porém isso tem um limite e deve ser feito de acordo com as orientações dos fabricantes.

Conclusão

Os pneus agrícolas são componentes essenciais dos tratores, máquinas e implementos agrícolas, pois fazem o contato e garantem a tração.

Escolher o pneu correto é primordial para maximizar as atividades e garantir maior lucratividade. Além da escolha correta, você precisa realizar manutenções preventivas (calibração, verificação de pressão, etc) constantemente.

Dessa forma você obterá melhor desempenho, além de garantir a durabilidade dos pneus.

Com que frequência você faz a manutenção dos pneus agrícolas da sua propriedade? Conta pra gente aqui nos comentários!

Entenda como a umidade do grão de café pode impactar a qualidade do produto final

Umidade do grão de café: saiba como e quando determiná-la e quais cuidados devem ser tomados durante a secagem para obter um café de qualidade

A qualidade do café é determinante para a comercialização e, consequentemente, para a sua rentabilidade.

A umidade dos grãos é considerada para o processamento e armazenamento do café, e impacta diretamente a qualidade do produto

Você sabe como obter grãos de qualidade? Sabe quais cuidados devem ser tomados durante a secagem? A seguir eu te mostro tudo isso e muito mais!

Por que determinar a umidade dos grãos de café?

A umidade representa a quantidade de água presente nos grãos de café. Assim como para os demais tipos de grãos, a água é responsável pelos processos metabólicos. Então, grãos com maior umidade podem sofrer degradação mais rapidamente, perdendo qualidade.

Além disso, a umidade serve de parâmetro principalmente para as operações de processamento e armazenamento de grãos

Portanto, saber a umidade em que os grãos de café se encontram é importante. Grãos com umidade fora da faixa adequada ou lotes com umidade desuniforme resultarão em um produto de baixa qualidade.

Qual a umidade ideal para o café?

Após a secagem, os grãos de café  devem apresentar umidade entre 10 a 12%. Esse detalhe é importante, pois o teor de umidade correto proporciona acidez equilibrada e aroma agradável ao produto.

Grãos armazenados com elevada umidade branqueiam mais rapidamente, perdendo  o aroma e o sabor.

A presença de maior umidade nos grãos facilita o ataque de fungos, que causam perdas em quantidade e qualidade do produto, além de poderem contaminar os grãos com micotoxinas.

Por outro lado, grãos muitos secos geram perdas, pois diminuem de tamanho e pesam menos, sendo necessária uma maior quantidade para completar a saca. Além disso, grãos muito secos quebram com maior facilidade no beneficiamento.

Também, grãos com baixa umidade aceleram o processo de torra. Isso não é desejável porque pode haver desuniformidade de torra entre o interior e o exterior do grão, promovendo aroma e gosto desagradável ao produto.

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Quando e como determinar a umidade do café?

A umidade dos grãos de café deve ser determinada principalmente durante a secagem, visando a uniformidade. Ao final do processo, todos os grãos devem apresentar umidade similar.

Além do processo de secagem, a umidade deve ser monitorada durante o armazenamento. Mesmo sendo armazenados com baixa umidade (10% a 12%), os grãos podem reabsorver água e ficar suscetíveis à perda de qualidade.

A determinação da umidade pode ser realizada com medidores eletrônicos de forma indireta, baseados na constante dielétrica dos grãos, que varia com a umidade.

Mas atenção, pois o equipamento deve ser calibrado constantemente de acordo com as normas do fabricante. Este detalhe é importante para evitar medições erradas e o comprometimento do produto.

Medidor de umidade portátil para grãos de café
Medidor de umidade portátil para grãos de café
(Fonte: Gehaka)

Outro ponto importante para a medição da umidade, tanto na secagem quanto no armazenamento, é a amostragem. Amostrar corretamente o lote é vital para saber a umidade mais próxima da realidade.

A amostragem deve ser representativa do lote, ou seja, deve ser coletada aleatoriamente, em diferentes pontos e alturas.

Secagem do café

Após a colheita, os grãos de café apresentam elevada umidade (45% e 55%). Portanto, devem ser secos até a umidade ideal para conservação da qualidade.

A secagem do café, de maneira geral, pode ser realizada de duas formas: natural em terreiros ou mecânica. A adoção de cada forma varia conforme a capacidade de investimento de cada propriedade e o tipo de café produzido.

Secagem natural em terreiros

A secagem natural em terreiros é uma das mais adotadas no Brasil, porque apresenta menor custo e maior facilidade de operação. No entanto, depende das condições ambientais para promover a secagem dos grãos e de maior mão-de-obra.

Neste sistema, os grãos são esparramados em terreiros suspensos ou no solo, e revolvidos pelo menos a cada 1 h durante o dia até atingirem a umidade adequada.

Esse processo é dividido em três etapas:

Etapa 1: redução da umidade inicial até os grãos atingirem 30% de umidade (meia-seca);

Etapa 2: redução da umidade de meia-seca até os grãos atingirem entre 18 e 20% de umidade;

Etapa 3: até os grãos atingirem entre 10% e 12% de umidade (secagem final).

Os principais cuidados a serem tomados são:

  • não misturar diferentes lotes de café;
  • promover o esparrame e o revolvimento dos grãos de forma adequada;
  • realizar o enleiramento, visando facilitar a secagem;
  • fazer as leiras no sentido da declividade do terreno, visando facilitar o escoamento da água em caso de chuvas;
  • antes de atingir o ponto de meia-seca (30% de umidade) nunca amontoar os grãos;
  • após atingir o ponto de meia-seca, amontoar os grãos e cobrir com lona ao final do dia.

Secagem mecânica

A secagem mecânica é realizada em secadores mecânicos, com ar aquecido. Esse método é utilizado para realizar a secagem final do produto. Os grãos devem ser pré-secados em terreiros.

Como fonte de energia para o aquecimento podem ser utilizadas lenha e a casca do café. Porém, os grãos não devem ter contato direto com a fumaça, então utilize trocadores de calor.

Secador mecânico rotativo de café  e secagem de café em terreiros
Secador mecânico rotativo de café e secagem de café em terreiros 
(Fonte: Palini Alves e G37)

Os principais cuidados neste método estão relacionados à temperatura e a umidade inicial dos grãos.

A temperatura da massa de grãos nunca deve ser superior a 45 °C, e a temperatura do ar de secagem não deve ultrapassar os 80 °C na entrada do secador. 

Se houver uma porcentagem elevada de frutos verdes no lote, a temperatura da massa de grãos não deverá ser superior a 30 °C, visando a evitar defeitos como o café verde-escuro e preto-verde.

O processo deve ser realizado de forma lenta para haver uniformidade da secagem e a redução dos danos aos grãos. Por este motivo, grãos com umidade muito elevada não devem ser submetidos a este método de secagem.

calculadora de custos por saca ferramenta Aegro, calcule agora

Conclusão

Como vimos, a umidade dos grãos de café impacta diretamente na qualidade final do produto.

A umidade ideal para grãos de café é entre 10% e 12%. Grãos com umidade fora desta faixa, para mais ou para menos, não são interessantes para a obtenção de um café de qualidade.

A determinação da umidade dos grãos pode ser realizada em equipamentos eletrônicos. O monitoramento durante a secagem e armazenamento é muito importante para evitar a perda de qualidade.

A secagem dos grãos de café deve ser lenta e gradual até atingir a umidade ideal. Assim, você obterá lotes de grãos com umidade uniforme e de elevada qualidade.

Espero que essas dicas possam te ajudar a entender melhor a importância da umidade dos grãos de café para a qualidade da sua produção!

>> Leia mais:

“Tudo o que você precisa saber sobre a produção de cafés especiais”

“10 dicas para melhorar a gestão de sua lavoura de café”

Restou alguma dúvida sobre a umidade do grão de café? Deixe seu comentário ou conte sua experiência abaixo!

Melhores práticas para fazer o tratamento de sementes de trigo na fazenda

Tratamento de sementes de trigo: saiba quando fazer, quais produtos podem ser utilizados e como garantir a qualidade da operação

A compra de sementes certificadas é fundamental para garantir plântulas sadias, homogeneidade da lavoura e uma safra de sucesso.

Você pode fazer o tratamento de sementes de trigo na própria fazenda ou adquirir sementes pré-tratadas.

As doenças e pragas que atingem o trigo no início do desenvolvimento reduzem o estande de plantas e o rendimento da cultura, mas são controladas com o tratamento de sementes.

Neste artigo, você terá tudo o que precisa saber sobre o tratamento de sementes de trigo. Acompanhe!

Características do trigo

A planta de trigo (Triticum aestivum L.) é uma gramínea que pertence à família Poaceae.

A planta pode atingir até 1,5 m de comprimento, possui colmo oco e folhas planas, levemente ásperas. Em cada planta há entre 6 e 9. A última folha, chamada “folha bandeira”, é a mais importante. Os grãos são ovalados, tenros e farináceos.

O número de afilhos/perfilhos emitidos é variável conforme a cultivar e densidade de plantio.

ilustração com partes da planta de trigo antes do florescimento

Partes da planta de trigo
(Fonte: DocPlayer)

É explorada em larga escala como cultura anual de inverno. No Brasil, é cultivada principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

O desenvolvimento de novas variedades permite que a planta seja cultivada em outras regiões, como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás.

Pesquisadores têm lançado cultivares com alta estabilidade produtiva e fitossanitária, e com boa resistência às principais doenças como manchas foliares, giberela e brusone.

Apesar dos avanços notórios nas cultivares modernas, uma série de cuidados e práticas são requeridas para o máximo potencial genético ser extraído.

Vantagens do tratamento de sementes de trigo

Tratar as sementes de trigo com fungicidas e inseticidas têm diversas vantagens:

  • reduz o inóculo inicial de doenças e controla pragas iniciais da cultura;
  • aumenta a porcentagem de germinação de sementes;
  • forma plântulas mais vigorosas;
  • garante o estande de plantas homogêneo;
  • maior rendimento de grãos.

Lembrando que o tratamento de sementes de trigo sozinho não garante todas estas vantagens. É necessário que haja qualidade sanitária, poder germinativo e vigor de sementes.

Diversas doenças que ocorrem na lavoura podem ser disseminadas por sementes. Exemplo destas são as manchas foliares (amarela, marrom e septoriose), podridão comum das raízes, carvão e fusariose/giberela.

O controle do oídio e ferrugem é outra vantagem do TS, apesar de não serem transmitidas pela semente e sim por fontes de inóculo na palha. O agroquímico na semente é absorvido e translocado para as plântulas.

Pesquisas demonstram que o controle inicial de pragas beneficia indiretamente as plantas com o controle de viroses, transmitidas por insetos vetores.

infográfico com doenças que acometem o trigo nas diferentes fases

Doenças que acometem o trigo nas diferentes fases
(Fonte: Agropós)

Para entender melhor a importância do tratamento de sementes de trigo, a Revista Agrocampo disponibiliza esse vídeo, bastante esclarecedor:

Tratamento de Sementes na Cultura do Trigo

Tratamento industrial das sementes

Sementes são adquiridas já prontas para semeadura, pois foram tratadas industrialmente nas sementeiras.

Por ser um processo industrial, a eficiência é superior ao tratamento realizado na fazenda, em rapidez e qualidade de cobertura da semente.

Alguns produtos utilizados nem sempre são necessários, pois vêm num pacote sem escolha do agricultor. 

Essa é uma desvantagem: esses produtos não consideram o laudo da análise e o monitoramento da lavoura.

Equipamento de TS industrial

Equipamento de TS industrial
(Fonte: Mecmaq)

Como realizar o tratamento de sementes na fazenda

Faça o tratamento de sementes de trigo antes da semeadura a campo, seguindo todos os cuidados necessários com o manejo de agroquímicos.

Também conhecido como “treatment on farm”, é realizado na propriedade pouco antes da semeadura. É pouco prático para grandes volumes de sementes, pois os equipamentos são caros.

Associações e/ou cooperativas auxiliam realizando o tratamento com equipamentos menores que os industriais, inclusive alguns acoplados à tomada de força do trator.

Esse procedimento pode render até 70 sc por hora.

Utilizando este método, você pode escolher o produto a utilizar, de acordo com o laudo da análise sanitária das sementes. Isso torna a operação mais eficiente.

Equipamento de TS “On Farm”

Equipamento de TS “On Farm”
(Fonte: Mecmaq)

Escolha do produto

Primeiramente, para maior eficiência do tratamento, é necessário fazer análise de sementes.

A análise de sementes é um procedimento laboratorial que identifica, entre outras coisas, a porcentagem de germinação e o vigor de sementes. A análise sanitária identifica a incidência e as espécies de fungos na semente.

Conhecendo quais são as pragas do trigo e as doenças iniciais da lavoura, também é possível planejar no TS “On Farm” qual fungicida usar, de acordo com o espectro de ação.

Você pode usar diversos produtos e misturas com diferentes princípios ativos. Confira alguns exemplos na lista a seguir.

Baytan FS

Fungicida sistêmico (Triadimenol 150g/l) com amplo espectro de ação e exclusivamente indicado para o tratamento de sementes.

Controla manchas, oídio, ferrugem e carvão.

Captive

Fungicida (Captana 800g/kg) não sistêmico de ação preventiva, indicado para TS no trigo no controle de cárie, mancha marrom e fusariose.

Amulet Top

Mistura pronta contendo inseticida (Fipronil 250g/l) e fungicidas (Piraclostrobina 25g/l e Tiofanato Metílico 225g/l).

Protege sementes e plântulas contra doenças e ataque de pragas no início do desenvolvimento.

Attic

Fungicida de contato (Iprodiona 500g/l) indicado para controle de mancha marrom e brusone.

Certeza N

Fungicida sistêmico (Tiofanato-metílico 350 g/l) e de contato (Fluazinam 52,5g/l) com amplo espectro de ação, indicado no tratamento de sementes para o controle de fungos do solo.

Belure Top

Mistura pronta. Contém inseticida (Fipronil 250g/l) e fungicidas (Piraclostrobina 25g/l e Tiofanato Metílico 225g/l).

Dividend Supreme

Mistura pronta de amplo espectro contendo inseticida (Tiametoxan 92g/l) e fungicidas (Difenoconazol 37g/l e Metalaxil 3g/l). Específico para TS no controle de pulgões, pé-de-galinha, manchas, brusone e oídio.

Qualidade do tratamento

Fungicidas de formulação líquida possuem eficácia maior que em pó seco.

A quantidade de calda indicada para boa cobertura das sementes é variável. A má cobertura das sementes pode causar três tipos de plântula: originada de semente bem tratada, parcialmente e não tratada.

Assim, você pode esperar que um tratamento desuniforme resulte numa lavoura desuniforme, condição que você deve evitar!

Cuide com avarias nas sementes durante o tratamento. Sempre siga as instruções da bula e normas de segurança para o manejo.

Em lavouras de plantio direto, é comum ocorrer ataque de lagartas na cultura recém-instalada. Nestes casos, recomenda-se aplicar inseticida na dessecação para o controle dessas lagartas.

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Conclusão

O tratamento de sementes de trigo é importante para garantir o controle de pragas e doenças no início do desenvolvimento.

Sementes bem tratadas são a primeira garantia de um estande uniforme de plantas, que é componente de rendimento do trigo!

Compre sementes certificadas e faça a análise delas. Isso irá permitir escolher quais produtos utilizar no tratamento e reduzir os custos.

Não se esqueça de consultar um(a) agrônomo(a) para garantir a qualidade do manejo e a eficácia da operação.

>> Leia mais:

Veja as soluções para os principais problemas na colheita do trigo

Perspectivas para a safra de inverno

“Como o tratamento de plasma em sementes pode impulsionar a germinação”

“Mancha-amarela no trigo: veja como manejar a doença”

Qual prática você adota hoje: tratamento de sementes de trigo na fazenda ou industrial? Restou alguma dúvida? Vamos continuar essa conversa nos comentários!