Beneficiamento de grãos: entenda as 7 etapas fundamentais

Beneficiamento de grãos: saiba a importância, quais são as etapas obrigatórias, cuidados que você deve ter e muito mais!

A qualidade de grãos e sementes não pode ser melhorada, apenas conservada

Por isso, todas as etapas do processo produtivo são importantes.

O beneficiamento de grãos é um processo que procura eliminar impurezas de um lote, melhorando suas características. Isso é fundamental para garantir uma boa comercialização.

Neste artigo, veja quais são as etapas do beneficiamento e quais cuidados devem ser tomados no processo. Boa leitura!

O que é o beneficiamento de grãos?

O beneficiamento é uma das últimas etapas da produção de grãos e sementes, e procura melhorar as características de um lote

Isso é feito através da eliminação de impurezas; matérias estranhas (como sementes de outras espécies e outros contaminantes); e também danos leves e graves, até que se alcancem os limites tolerados pela legislação.

Para manter a qualidade dos lotes, são retiradas as matérias estranhas. Alguns exemplos são:

  • grãos e sementes de outras culturas;
  • insetos vivos ou mortos;
  • partes de insetos;
  • torrões de solo;
  • sujidades, dentre outros.

Também são eliminados todos os materiais vegetais que pertencem à cultura, como:

  • folhas;
  • hastes;
  • colmos;
  • raízes;
  • vagens;
  • pedaços de sabugo, dentre outros.

Esses limites máximos tolerados variam conforme o produto (grão). Percentuais acima dos descritos na legislação resultam em descontos no momento da comercialização. 

Embora a legislação traga limites máximos tolerados, eles também podem ser especificados pelas empresas, UBGs (Unidades de Beneficiamento de Grãos) ou UBSs (Unidades de Beneficiamento de Sementes).

As unidades de beneficiamento de grãos (UBGs) são locais onde os grãos são encaminhados após a colheita pelo produtor. 

São localizadas normalmente próximo do local de produção. É nas UBGs que os grãos são limpos, secos, e beneficiados (retirada de matérias estranhas, impurezas, contaminações).

Quais são as etapas do beneficiamento de grãos

As etapas do beneficiamento de grãos são: recepção, amostragem, pré-limpeza, limpeza, secagem, classificação e armazenamento. O objetivo é retirar possíveis contaminações que contribuem para a deterioração dos grãos.

Esquema demonstrativo das etapas de beneficiamento de grãos.

Fluxograma operacional de uma unidade de beneficiamento

(Fonte: Silva e colaboradores, 2012)

Confira a seguir como funciona cada uma das operações envolvidas no beneficiamento de grãos!

1. Recepção

Na recepção, os grãos ficam armazenados provisoriamente na moega. Depois, são  encaminhados para a pré-limpeza, limpeza ou secagem. O destino varia de acordo com o grau de umidade, impurezas e matérias estranhas do lote.

Para que se saiba quais as operações são necessárias, é preciso retirar amostras do produto e avaliar suas condições. A primeira delas é o grau de umidade. Esta informação determina se será necessária a secagem do produto.

Quando o grau de umidade é elevado, é importante que a secagem seja realizada o mais rápido possível. Afinal, a deterioração (redução da qualidade) já estará ocorrendo.

A recepção deve ser programada para que não sejam misturados produtos diferentes. Isso vale principalmente para produtos já secos com produtos que necessitam de secagem.

2. Amostragem

A amostragem é uma etapa importante para que as condições do lote recebido sejam averiguadas. Ela deve ser realizada seguindo metodologias padrão e com auxílio de caladores, que podem ser manuais ou pneumáticos.

Os pontos para retirada das amostras também são importantes. Elas devem ser de diferentes locais e profundidades.

Etapas da amostragem de grãos

  • Tenha em mãos um calador (hidráulico ou manual), um balde plástico, caderno e caneta para anotação;
  • Colete as subamostras: elas são amostras parciais, e devem ser coletadas em diferentes pontos. Isso depende de como a carga de grãos estiver disposta.
  • Misture as amostras uniformemente: assim você terá a amostra para análise, que deve ser identificada corretamente. As subamostras devem contemplar as laterais e o centro da carga;
  • Posicione o calador no ponto, verticalmente e enterrado até o fundo da massa de grãos. Só assim a subamostra pode ser retirada. 

Para checar os sistemas e comparar a eficiência das operações, você pode retirar amostras durante o funcionamento dos equipamentos. Dessas amostras, são avaliadas a porcentagem de cada um dos danos. Nesse caso:

  • Pese a amostra total;
  • Retire os danos a serem avaliados;
  • Calcule a porcentagem desses grãos com danos em relação ao peso inicial.

Fórmula para amostragem de grãos com danos

Para calcular a quantidade de grãos com danos, você pode utilizar uma fórmula. Por exemplo, considere uma amostra de 250 gramas em que 0,8 gramas são de grãos quebrados/partidos.

Basta fazer uma regra de três:

Fórmula para amostragem de grãos com danos: 250 gramas - 100% da amostra/ 0,8 gramas - X. Esquema representado em regra de três.

(Fonte: adaptação da autora)

Essa amostra contém 0,32% de grãos quebrados/partidos. Os valores dos resultados obtidos são comparados aos limites máximos tolerados para cada uma das operações.

3. Pré-limpeza

A pré-limpeza é a retirada inicial de impurezas e matérias estranhas com percentuais próximos a 4%

No beneficiamento de sementes, são tolerados pequenos índices de outras sementes (1%), e zero material inerte. Porém, esse valor pode mudar de acordo com as classes de sementes.

Além disso, as operações de pré-limpeza têm várias vantagens

  • facilidade na operação de secagem, quando necessária;
  • melhor transporte entre os elevadores;
  • condições de armazenamento facilitadas;
  • fluxo no armazém facilitado.

A pré-limpeza é uma etapa obrigatória. Em alguns casos, ela pode ser suficiente. 

Nesta etapa, as peneiras devem ser adequadas. Além disso, o fluxo de ar do ventilador deve ser ajustado corretamente (o que depende do grão a ser beneficiado).

Na pré-limpeza e na limpeza, as sementes são beneficiadas em máquinas de ar e peneiras. Elas usam ventiladores para separar materiais contaminantes e indesejáveis de menor peso e tamanho. 

4. Secagem

A secagem de grãos é a etapa para retirar a água em excesso. Isso pode ser feito através de ar natural ou aquecido. Realize essa etapa o mais rápido possível, após a colheita dos grãos com alto grau de umidade.

O grau de umidade deve ser mais baixo para armazenamento em locais sem aeração.

Na tabela a seguir, confira o grau de umidade recomendado para o armazenamento seguro de diferentes culturas:

Grau de umidade recomendado para feijão, milho, soja, azevém, arroz e aveia.

(Fonte: Elias, 2000)

5. Classificação

A classificação de sementes em relação ao tamanho é feita para padronizar os lotes

Esta operação facilita a semeadura e distribuição no campo. Além disso, proporciona maior plantabilidade quando os equipamentos são ajustados da forma correta. 

6. Limpeza de sementes e grãos

No caso de sementes, os cuidados devem ser redobrados. Afinal, elas são armazenadas até a semeadura da próxima safra.

A retirada de impurezas, matérias estranhas, sementes danificadas e verdes é indispensável. Assim, o vigor das sementes não é reduzido

Este processo é parecido com a limpeza de grãos. Acontece através da passagem das sementes por peneiras de ar e mesa densimétrica.

A mesa densimétrica separa as sementes através da densidade ou peso. Sementes mais leves geralmente têm qualidade reduzida.

No caso de grãos, a limpeza é uma operação extra. Ela faz com que impurezas e matérias estranhas que tenham permanecido após a pré-limpeza sejam retiradas.

7. Armazenamento

Para armazenamento de grãos seguro, eles devem ser secos a uma porcentagem ideal. Assim devem ser mantidos durante o processo. 

O percentual de umidade muda conforme a cultura. Confira: 

Tabela com percentual de umidade em grãos como café, milho, soja, arroz, sorgo e trigo.

(Fonte: Senar, 2018)

Quais etapas de beneficiamento de grãos são obrigatórias?

Nem todas as operações de beneficiamento são necessárias, a depender das condições dos grãos. Em alguns casos, a pré-limpeza é suficiente e a secagem não é necessária, por exemplo.

Duas situações podem ocorrer: 

  • Se os grãos forem limpos, secos e comercializados imediatamente: você deve fazer secagem, limpeza e classificação. Isso garante que impurezas e materiais estranhos não ultrapassem 1%, e que o grau de umidade seja de 13%. Esses são os limites impostos pelo Mapa.
  • Se os grãos forem secos, limpos e armazenados: nesse caso, você deve fazer a pré-limpeza, secagem (e limpeza, quando necessário) e armazenamento. 

8 cuidados essenciais durante o beneficiamento de grãos

No beneficiamento de grãos e sementes, alguns pontos merecem atenção:

  1. Injúrias mecânicas (trincas, quebrados, partidos) são geralmente agravadas pela secagem. A temperatura do ar de secagem deve ser adequada para o teor de água inicial dos grãos;
  2. O local de armazenamento dos grãos e sementes deve ser limpo, seco e arejado. Isso evita a proliferação de pragas de armazenamento, fungos e deterioração;
  3. O ambiente de armazenamento não pode ter goteiras. O contato com a água favorece a germinação dos grãos e sementes. Além disso, acelera sua deterioração.
Foto de sementes de soja germinadas

Grãos de soja germinados devido a goteiras no telhado do silo, provocando aceleração da deterioração dos grãos armazenados.

(Fonte: De Souza, 2012)

  1. Materiais quebrados, trincados, fragmentados, arranhados e danificados são causados por choques com as superfícies durante o beneficiamento. Por isso, regule a velocidade das operações e as monitore sempre;
  2. Grãos danificados são mais suscetíveis ao ataque de fungos e insetos. Isso pode provocar o aquecimento da massa de grãos, e até mesmo gerar fogo;
  3. A conservação dos grãos pode ser comprometida a partir dos 60 a 120 dias. Isso acontece quando os valores de grãos quebrados são entre 5% e 8%.
  4. As perdas durante o beneficiamento podem ser superiores a 3%. A cada 30 mil sacos de grãos beneficiados, 900 podem ser perdidos por manuseio incorreto;
  5. Regule e monitore os equipamentos utilizados durante o beneficiamento. Eles podem trincar os grãos, agregar cinzas, odores e provocar a perda de peso da massa.

Processo de beneficiamento de soja

O beneficiamento da soja começa com a pré-limpeza e é seguida da secagem, pós-limpeza, padronização, tratamento e pesagem. Após a pesagem, os grãos são embalados, amostrados, identificados e armazenados.

É importante ressaltar que o beneficiamento destinado a grãos e a sementes tem operações diferentes. Na primeira, o foco é retirar as impurezas e matérias estranhas que afetam a qualidade do grão, para posterior processamento na indústria.

Na segunda, o objetivo é selecionar sementes de alto potencial germinativo, a depender do padrão da empresa produtora de sementes ou cultivar que está sendo produzida.

Além da máquina de peneiras, a mesa densimétrica é usada. Ela separa as sementes por densidade.

Foto de mesa densimétrica vermelha, utilizada no processo de beneficiamento de grãos de soja

Mesa densimétrica de uma unidade de beneficiamento de sementes. Na imagem à direita é possível observar os dutos de entrada de sementes de diferentes densidades.

(Fonte: Reisorfer, 2012)

Sementes mais leves estão geralmente associadas a danos provocados por insetos, fungos, ou até mesmo má formação. Sementes mais pesadas, em contrapartida, possuem a maior qualidade.

Outro processamento que ocorre é a padronização de lotes de sementes em função do seu tamanho. Isso é importante para a regulagem das semeadoras e para garantir melhor uniformidade de sementes na lavoura.

A padronização é realizada através de peneiras com diferentes tamanhos. O tamanho da semente está relacionado diretamente ao de 1000 sementes. Essa informação é utilizada para que o produtor possa calcular a quantidade de sementes necessária para a semeadura.

Esta classificação em tamanho em função de peneiras pode ser de peneira 50 a 75.

  • Sementes de soja de peneira 50 apresentam peso de 1000 sementes (a depender da cultivar), aproximados a 92 gramas, Logo, 92/1000=0,09 gramas por sementes. Na peneira 50, um grama de sementes conterá 11 sementes, e um saco de 40 kg de sementes conterá 440.000 sementes.
  • Sementes de soja de peneira 75 apresentam peso de 1000 sementes aproximado de 244 gramas. Logo, 244/1000=0,244 gramas por semente. Na peneira 75, um grama de sementes conterá 4 sementes, e um saco de 40 kg de sementes, conterá 160.000 sementes.

Em função da população de sementes desejada, você deverá escolher o tamanho de peneira mais adequado para calcular.

Se as sementes são de diversos tamanhos, na regulagem e na semeadura, mais sementes podem cair no solo. Isso prejudica a plantabilidade (distribuição uniforme de plantas na lavoura). 

Processo de beneficiamento de milho

As etapas de beneficiamento do milho incluem a amostragem inicial do produto, pré-limpeza do lote recebido (etapa que conta com as máquinas de pré-limpeza e mesa de gravidade) e secagem.

Esses processos de beneficiamento possuem o objetivo de limpar o material para ser armazenado adequadamente.

Foto de mesa de gravidade com grãos de milho

A mesa de gravidade é utilizada para realizar a separação de diferentes densidades (pesos) do produto. Os materiais de menor densidade normalmente são restos de sabugo de milho e grãos ardidos

(Fonte: Trogello, 2013)

As sementes de milho ainda são classificadas quanto ao seu tamanho e formato, e posteriormente estocadas em bags até a expedição.

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Conclusão

O beneficiamento de grãos e sementes é uma etapa importante para conservar a qualidade.

O processo é composto por 7 etapas, mas nem todas elas são obrigatórias. Vale analisar a situação dos seus grãos para definir quais das etapas serão fundamentais.

Fique de olho nos limites máximos de umidade, impurezas, matérias estranhas e danos. Assim, você não sofrerá penalidades na comercialização dos seus grãos.

Como você faz o beneficiamento de grãos na sua fazenda? Tem dificuldade em algum desses processos? Adoraria ler seu comentário.

MDF-e para produtor rural: como funciona e como emitir

MDF-e Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais para produtores rurais: entenda sua definição, quem está sujeito à obrigatoriedade de emissão, qual sua finalidade e demais informações relevantes!

O MDF-e (Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais) é um documento emitido para o transporte de cargas. Muitas empresas e produtores rurais ainda desconhecem.

O documento é regido pelo Ajuste SINIEF 21/2010.  Nele, é instituída a obrigatoriedade do documento para alguns produtores emitentes de NF-e (Nota Fiscal Eletrônica), modelo 55.

Neste artigo, abordaremos detalhadamente o documento, esclareceremos quem possui a obrigação de emiti-lo e forneceremos instruções sobre como proceder. Acompanhe!

O que é MDF-e para produtor rural?

O Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-e), modelo 58, é um documento digital com validade jurídica assegurada pela assinatura digital do emissor, conforme exigido pela Secretaria da Fazenda (Sefaz). 

Sua finalidade é registrar operações de transporte de mercadorias, integrando a Nota Fiscal Eletrônica e o CT-e (Conhecimento de Transportes). 

O MDF-e inclui informações cruciais, como origem e destino, dados do veículo e do motorista. 

Ao substituir a versão em papel, simplifica as responsabilidades do contribuinte e possibilita o monitoramento em tempo real das operações pelos órgãos fiscais.

Quem é obrigado a emitir o MDF-e?

Desde abril de 2020, o MDF-e é obrigatório nas operações de transporte intermunicipal em todos os estados. A exceção é São Paulo, que segue sua legislação própria.

Via de regra, o  MDF-e deve  ser emitido pela transportadora  emitente do CT-e.

No entanto, quando não há um transportador contratado, a responsabilidade pela emissão do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-e) recai sobre o emissor da NF-e. Essa condição aplica-se aos casos de transporte de bens ou mercadorias conduzido em veículos de propriedade própria, arrendados ou na contratação de um transportador autônomo.

Na contratação de uma transportadora para o transporte das mercadorias, o documento deverá ser emitido pelo transportador responsável pelo serviço.

Se você vai realizar o transporte em veículo próprio ou arrendado, ou se for contratado um transportador autônomo, você pode precisar emitir o MDF-e.

O MDF-e deve ser emitido nas operações dentro do Estado e entre Estados. 

A emissão do MDF-e não é obrigatória nas operações realizadas por produtores rurais e acobertadas por Nota Fiscal Avulsa Eletrônica, modelo 55. 

Emissão de MDF-e simplificada

Para que serve o MDF-e?

O Manifesto de Documentos Fiscais Eletrônicos registra o transporte de mercadorias. Além disso, concentra todos os dados necessários em um só documento.

Nele ficam registrados:

  • todos os documentos (NF-e ou CT-e) das mercadorias que estão sendo transportadas;
  • o local de origem e destino da carga;
  • informações sobre o motorista e o veículo.

O MDF-e desempenha um papel crucial na fiscalização da mercadoria nos postos de controle. Ao apresentar esse documento, a fiscalização é capaz de verificar integralmente todas as informações relacionadas ao trânsito da mercadoria.

O que é necessário para emitir o MDF-e?

Para emitir o Manifesto de Documentos Fiscais Eletrônicos, você precisa ter um certificado digital. É através dele que você assinará o documento.

O credenciamento na Sefaz também é necessário, além de um sistema que emita o MDF-e.

Como emitir o MDF-e para produtor rural

Se você emite NF-e, já deve utilizar um programa para sua emissão. Neste mesmo programa, é possível preencher e emitir o Manifesto de Documentos Fiscais Eletrônicos.

Para evitar erros, procure sempre importar os dados diretamente da NF-e ou do CT-e através da sua chave de acesso ou arquivo XML.

Você deverá preencher o MDF-e com as seguintes informações:

  • informações e identificação dos documentos relativos à carga transportada;
  • local de origem e destino do transporte;
  • nome e documento do motorista;
  • possuir número sequencial por estabelecimento e série;
  • assinatura digital do emitente, com certificado digital.

Ao preencher o documento, realize a transmissão para que ele seja autorizado. Se algum campo foi informado incorretamente, o MDF-e será rejeitado. Caso isso aconteça, corrija a informação antes de tentar transmitir novamente.

Antes de começar o  transporte das mercadorias, é preciso imprimir o DAMDF-e (Documento Auxiliar do Manifesto de Documentos Fiscais Eletrônicos).

Este documento é a comprovação de que o MDF-e foi autorizado e deverá ser apresentado em caso de fiscalização durante a viagem. Assim, é importante anexá-lo às notas fiscais e CT-e.

Com todos esses documentos em mãos, você já pode despachar a mercadoria, realizando o mesmo itinerário informado no MDF-e.

Cancelamento ou alterações no MDF-e

Você pode cancelar o MDF-e autorizado, desde que solicite em até 24 horas desde a autorização.

É possível também incluir, trocar ou substituir novos condutores no MDF-e autorizado, caso seja preciso alterar o motorista informado anteriormente.

MDF-e para transportes para mais de um Estado

Se a carga for destinada para mais de um estado, o transportador deverá emitir um MDF-e para cada estado em que irá descarregar

Só é possível utilizar o mesmo MDF-e para cidades de destino no mesmo estado.

Após a entrega das mercadorias no endereço de destino, é necessário enviar o comando de encerramento através do programa emissor de MDF-e. Dessa forma, o veículo estará disponível para iniciar uma nova viagem.

Se o MDF-e não for encerrado por quem o emitiu, não será possível iniciar um novo MDF-e para o mesmo veículo, com mesmo estado de origem e destino e com outra data. 

Neste caso, você receberá uma mensagem de rejeição do MDF-e. O encerramento do MDF-e também se dá quando houver transbordo ou substituição do veículo.

Diferença entre MDF-e e CT-e

O MDF-e costuma ser confundido com o CT-e (Conhecimento de Transporte Eletrônico). Porém, eles não são a mesma coisa.

A emissão do CT-e tem como objetivo acobertar a prestação de serviço de transporte. Ele também certifica que a transportadora está informando ao fisco sobre a operação de transporte que está sendo realizada.

Ou seja, ele tem a função de fazer a identificação do remetente, destinatário e a rota de entrega da mercadoria. Além disso, o CT-e é emitido para registrar a prestação de serviço da transportadora. Ele também serve para fins de tributação.

O MDF-e engloba todas as informações do remetente, destinatário, motorista, da rota e mercadoria. Ele serve apenas para o acompanhamento do transporte, ou seja, não sofre tributação.

Conclusão

Neste artigo, discutimos a aplicação técnica do Manifesto de Documentos Fiscais Eletrônicos (MDF-e). 

Essa ferramenta é essencial para registrar minuciosamente as operações de transporte de mercadorias, abrangendo informações detalhadas sobre as próprias mercadorias, dados do destinatário e remetente, bem como as rotas utilizadas no transporte.

 Se você é um contribuinte de ICMS e emite a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), a emissão do MDF-e para o transporte dos produtos vendidos pode ser compulsória, estando sujeita à legislação específica do seu Estado.

Em síntese, o MDF-e simplifica a gestão logística para produtores rurais ao consolidar informações de transporte, destinatários e rotas. Essencial para atender aos requisitos fiscais, sua emissão eficiente requer conhecimento das normativas estaduais e expertise especializada.

Ficou alguma dúvida sobre o MDF-e para produtor rural? Já precisou emitir esse documento alguma vez? Deixe seu comentário!

Conheça 4 grandes desafios da comercialização agrícola e saiba como eles te afetam

Comercialização agrícola: saiba o que é, conheça suas quatro funções, canais, compradores, preços e muito mais!

A comercialização agrícola é o grupo de atividades necessárias para os produtos agrícolas chegarem à mesa da população. Esse é um dos principais desafios do agronegócio.

A comercialização agrícola funciona como um sistema econômico que precisa atuar de forma organizada. Além de produzir os alimentos, você precisa estar por dentro de como esse processo funciona.

Afinal, ele impacta diretamente o seu trabalho, no quanto você tem de lucro, no seu capital de giro e em outros aspectos do seu negócio.

Neste artigo, você saberá quais fatores interferem na comercialização agrícola e como ela precisa funcionar para você obter sucesso em seu negócio rural. Acompanhe!

O que é a comercialização agrícola

A comercialização agrícola é um conjunto de ações necessárias para os produtos agrícolas chegarem à cidade

O Estado brasileiro desenvolve políticas públicas sobre o tema desde 1943. Aí foi criada a Comissão de Financiamento da Produção.

Hoje, o apoio oficial à venda dos produtos agrícolas é dado também por meio do crédito rural. A comercialização é um dos quatro tipos de crédito: os outros são os créditos custeio, investimento e industrialização.

O crédito comercialização pode ser usado para:

  • financiar estocagem;
  • proteção de preços e prêmios de risco;
  • equalizar preços; 
  • garantir preços ao produtor.  

Além disso, o Governo Federal apoia também a comercialização agrícola por meio da:

  • PGPM (Política de Garantia de Preços Mínimos);
  • AGF (Aquisição do Governo Federal);
  • EGF (Empréstimo do Governo Federal), dentre outras ações pontuais e regulares.

Funções da comercialização agrícola

Na comercialização agrícola, há funções importantes que fazem parte da venda dos produtos.

A função de comercialização é definida como uma atividade especializada, desempenhada nas várias fases da comercialização.

É importante que você faça uma análise funcional, ou seja: um estudo das funções ou serviços executados durante a venda da produção. 

De acordo com o professor Judas Tadeu Grassi Mendes, Pós-Doutor em Economia Rural, a análise das funções é útil para:

  • avaliar custos de comercialização dos intermediários;
  • comparar custos dentro de uma mesma categoria de intermediários;
  • e entender a diferença nos custos de comercialização entre os produtos. 

Agora, veja abaixo quais são essas funções.

Funções de troca

Envolve a transferência de propriedade dos bens, com a criação da utilidade de posse. Fazem parte dela a compra, a venda e a formação de preços.

Funções físicas

Relaciona-se com as atividades de manuseio e movimentação das mercadorias: transporte, armazenamento, processamento, beneficiamento e embalagem.

A função de transporte é uma das mais importantes, pois faz com que a mercadoria chegue ao destino. Isso envolve a escolha de rotas e meios de transportes.

Funções auxiliares

São funções que facilitam e permitem o funcionamento das funções descritas acima.

Nas funções auxiliares estão incluídas a padronização e a classificação; o financiamento (crédito), o risco, a informação de mercado e a pesquisa de mercado.

Outras funções  

O agrônomo e professor Alberto Martins Rezende, mestre em Economia Aplicada, acrescenta ainda as funções:

  • mercadológica (ajustamento dos produtos para atender ao mercado);
  • de propaganda (indução à compra);
  • terminação (qualidade, quantidade e preço).

As funções devem ser balanceadas. Você ou a pessoa responsável pela negociação deve aumentar as vendas e obter bons lucros.

Canais de comercialização agrícola

Acima, definimos que a função de comercialização envolve o desempenho de atividades especializadas. Veja quem realiza tais ações.

  • Corretor: atua como intermediário na aproximação entre compradores e vendedores, ou vice e versa. Não estoca bens, não financia e nem assume riscos.
  • Facilitador: influencia no processo de distribuição, sem assumir a posse dos bens, nem negociar a compra ou venda;
  • Representante de fabricante: empresa que vende bens de vários fabricantes, de forma independente;
  • Comerciante: influencia a compra, assume o bem e revende.
  • Varejista: vende bens ou serviços ao consumidor final;
  • Agente de vendas: procura clientes e negocia em nome de um fabricante, mas não assume a propriedade dos bens;
  • Força de vendas: grupo de pessoas que vendem produtos e serviços em nome de uma empresa;
  • Atacadista: empresa que vende bens ou serviços comprados para revenda ou uso empresarial.

Assim, o canal de comercialização ou de distribuição é a sequência de etapas por onde passa o produto agrícola, até o consumidor final.

Os canais de distribuição são conjuntos de organizações interdependentes. Elas são envolvidas no processo de tornar um produto disponível para consumo.

Banner de chamada para o download da planilha de controle de custos de safra

Desafios na comercialização dos produtos 

A comercialização dos produtos agrícolas envolve diversos fatores e ações que devem ser bem executadas.

É importante ter cuidados em ao menos 4 pontos. Acompanhe abaixo. 

1. Prazo de validade dos produtos

A produção agrícola tem prazo de colheita. Ela deve ser feita no tempo certo para poder ser comercializada e suportar melhor longas viagens.

Da mesma forma, tem também prazo para comercialização. Os produtos não podem ficar em estoque por muito tempo, sobretudo frutas, legumes, carnes e produtos lácteos

Outros cuidados essenciais são a organização da logística para manter os produtos em bom estado de comercialização.

2. Custos com frete

Os custos com frete devem estar embutidos na comercialização. Assim, você terá o máximo de lucros possível. Mas, para isso ocorrer, vai depender muito da sua habilidade de negociação.

Alguns compradores já negociam com frete próprio e pegam o produto na fazenda. Outros pedem que a mercadoria seja entregue no local de comercialização ou no porto para embarque.

Então, você deve avaliar sempre qual a opção que não vai te dar prejuízo ou reduzir seu lucro.

3. Época em que as culturas são produzidas (sazonalidade)

Este é um fator que contribui bastante para a obtenção de lucros na comercialização agrícola.

Se tem muito produto no mercado, o preço cai; se não tem, ele sobe.

Produtos comercializados em suas épocas normalmente vão ser comercializados quando há muitos concorrentes no mercado.

O preço pode subir dependendo de outros fatores, sobretudo climáticos. 

Eles podem favorecer uma redução do abastecimento. Assim, a grande procura faz os preços subirem, mesmo em épocas normais de comercialização.

Estocar produtos também é algo muito utilizado para comercialização em melhor preço, quando há redução da oferta.

4. Instabilidade nos preços

A produção agrícola, comercializada em nível nacional ou global, sofre diversas influências no seu preço.

Um bom exemplo é o que ocorre atualmente com a alta dos preços dos fertilizantes. Eles têm grande impacto nos custos de produção agrícola, e devem ser repassados para evitar prejuízos.

fidelizar clientes na consultoria agrícola

(Fonte: Shutterstock)

Compradores de produtos agrícolas

Com o avanço das tecnologias e das comunicações, as fronteiras dos negócios deixaram de existir.

Qualquer produto, desde que atenda às exigências dos compradores, pode ser comercializado para qualquer local do mundo.

Os compradores estão nas feiras livres (consumidores diretos), podem ser outros agricultores, atacadistas e varejistas, restaurantes, etc.

Os preços da comercialização agrícola 

A formação de preços dos produtos agrícolas depende de vários fatores. Eles podem ser:

Tipo de cultura

Há produtos mais valorizados que outros, tanto no mercado interno quanto externo. Essa preferência influencia na formação do preço.

Qualidade

Produtos certificados ou com selos de qualidade são mais valorizados no mercado. A  procedência, produção sustentável e orgânica também contam.

Sazonalidade

A demanda e a oferta do produto são de grande importância para formação de preços. A sazonalidade ou época em que estão disponíveis no mercado vai influenciar no valor final.

Tendência

Essa é uma importante estratégia na formação de preços. A tendência envolve diversos fatores, desde a demanda por maior consumo até a busca por determinado produto em específico.

Ela deve ser feita sempre com base em critérios técnicos que envolvem o histórico dos preços. A tendência pode indicar a necessidade de inovação e uso de tecnologia para atendimento das demandas.

Ciclos

Os produtos agrícolas podem ser influenciados pelos ciclos de preços, geralmente em períodos mais longos (um ano ou mais) de estabilidade. Por isso, sobem de valor. 

Geralmente, os agentes de mercado atuam com mais firmeza para ajustar os valores. Tudo isso é feito conforme os produtos.

Movimento brusco

Problemas emergenciais, como desastres naturais ou o início de uma guerra, podem ser a razão de um movimento brusco no mercado. Isso faz com que os preços subam de uma hora para outra, podendo ou não se manterem depois. 

Época de comercialização (safra ou entressafra) 

Os produtos comercializados na época da safra sofrem com baixa dos preços, sobretudo se houver grande produção. 

No entanto, essa situação pode ser revertida por outros fatores externos ou internos que geram alta dos preços. Por exemplo, fatores climáticos, desabastecimento em grandes regiões produtoras, etc.

Oscilação do mercado (no caso de produtos exportados)

A oscilação no mercado de commodities é uma das principais características desses produtos. Afinal, há variáveis que interferem nos valores a nível internacional;

Fatores climáticos, sanitários, políticos ou sociais

Os preços dos produtos agrícolas podem ser afetados por fatores não previstos. Isso pode gerar uma baixa da procura pela impossibilidade de comercialização em determinados estabelecimentos comerciais.

Alguns exemplos desses fatores são a Pandemia do Coronavirus e a Guerra entre Rússia e Ucrânia.

Como é feita a comercialização agrícola

Há produtos, como os grãos, que também possuem características próprias de comercialização. Uma delas é o barter, uma troca de insumos pela produção de grãos.

Outra opção de comercialização de grãos é o hedge, no qual os preços são fixados conforme a cotação da bolsa de valores.

É possível, ainda, negociar grãos a preços pré-fixados, com pagamentos antecipados. Também é possível por meio de cooperativas, que armazenam e negociam os produtos dos cooperados.

As tradings e corretoras possuem também papel de grande relevância na comercialização agrícola. Elas atuam no mercado internacional, com commodities.

Essas empresas são especializadas em suas áreas de atuação. Por isso, são muito exigentes com o tipo de mercadoria que vão comercializar. 

Elas prezam muito pela qualidade do produto para atendimento a mercados mais exigentes.

Como são feitas as entregas dos produtos comercializados

Na negociação, as partes decidem se o preço da mercadoria será com base no tipo de entrega. Essa entrega pode ser feita de duas formas: por FOP ou por CIF.

Por FOB, o comprador é responsável pelo transporte do produto comercializado. Esse comprador também é responsável por eventuais perdas no transporte. Nessa modalidade, a remuneração é menor.

Por CIF, quem faz a entrega é o próprio vendedor. Ele também é responsável pelo valor do frete e pelas eventuais perdas do produto.

>> Leia mais: “Como fazer um contrato de hedge e como ele pode assegurar sua rentabilidade

Banner de chamada para portal de consultores agrícolas

Conclusão

A comercialização agrícola é um sistema complexo. 

É preciso estar atento a todos os detalhes, com o objetivo de reduzir os riscos que envolvem a comercialização

Fatores relacionados à logística e que interferem nos preços também devem ser cuidados.

É importante que tais atividades sejam realizadas por pessoas ou empresas especializadas. Assim, há garantia de que os lucros finais sejam satisfatórios.

Você já conhecia o termo comercialização agrícola? Quais profissionais costuma chamar para te ajudar nessa etapa? Adoraria ler seu comentário.

Veja como calcular a margem de lucro da sua fazenda

Margem de lucro da fazenda: como calcular margem bruta e líquida, como garanti-las, dicas e muito mais!

A manutenção de um caixa saudável da atividade agrícola é o primeiro passo para uma boa gestão. 

É necessário entender, exatamente, para onde está indo o dinheiro, o trabalho e a rentabilidade da sua produção. 

A consequência disso é saber se há uma boa margem de lucro no seu negócio rural. Com essa informação, você pode tomar decisões muito mais assertivas.

Neste artigo, veja como obter a margem de lucro do seu negócio e como a tecnologia pode te ajudar nesta gestão. Boa leitura!

O que é margem de lucro?

Margem de lucro é um indicador financeiro muito utilizado para avaliar a saúde financeira das empresas. 

O lucro bruto ou líquido são a diferença entre o faturamento obtido com as vendas dos produtos e os custos da sua fazenda.

A margem de lucro, por sua vez, é o percentual obtido da relação entre o lucro bruto ou líquido com a receita total do seu negócio.

Ou seja, ela é a porcentagem do preço de um produto que corresponde ao lucro do negócio.

Ter conhecimento sobre a margem de lucro é imprescindível para o sucesso da empresa rural. Afinal, ela auxilia na formação do preço de vendas dos seus produtos, garantindo a saúde financeira da fazenda.

Como calcular a margem de lucro da fazenda?

Para garantir a margem de lucro da empresa rural, saber apenas o preço de venda do produto final não é suficiente. É preciso ir além.

É necessário conhecer profundamente os custos de produção. Isso é tão importante quanto conhecer os preços de venda do seu produto.

A margem de lucro é afetada pelos custos de produção. Assim, conhecer seu orçamento é fundamental para definir o preço de venda. A partir dessa informação, você saberá qual será o seu lucro. 

Nesse momento, contar com a tecnologia é fundamental para fazer contas precisas. Por isso, separamos um kit gratuito com duas planilhas para você.

Com uma, você irá calcular os seus custos de produção. Com a outra, vai comparar seus custos com as fazendas de todo o Brasil. Clique na imagem abaixo para baixar:

Banner para baixar o kit comparativo de custos de safra

O que é o lucro?

O lucro é a diferença entre a receita bruta e o custo total. Ele pode ser líquido ou bruto.

O custo total é composto pelo custo operacional total e o custo de oportunidade sobre todo o capital investido na fazenda.

O período considerado na análise é de um ano. Portanto, é fundamental conhecer a receita bruta e o custo total no mesmo período.

Como calcular o lucro da fazenda

Para calcular o lucro da fazenda, você deve subtrair a receita bruta do custo total de produção:

Lucro = Receita Bruta — Custo Total

Para que a atividade rural seja sustentável no longo prazo, o lucro deve ser positivo

Este lucro deve ser reinvestido para o crescimento da empresa, garantindo o sucesso econômico da empresa rural no longo prazo.

Cálculo do lucro bruto da fazenda

Agora que você já sabe calcular o lucro da sua fazenda, precisa saber também calcular o lucro bruto. Você vai precisar desse número para calcular a margem bruta da sua propriedade.

Para descobrir seu lucro bruto, você deve calcular:

Lucro bruto = receitas totais — custos operacionais

Cálculo do lucro líquido da fazenda

Você também precisará saber o lucro líquido da sua fazenda. Afinal, irá precisar desse número para encontrar a margem líquida.

Para descobrir, você precisa calcular:

Lucro líquido = receitas totais — custos totais

Margem Bruta

Se você considera o resultado da conta receita — despesa como lucro, pode estar afastando seu negócio do sucesso.

Nessa conta, são consideradas apenas as despesas diretas ou operacionais. Mão de obra, fertilizantes, água e combustível fazem parte dessas despesas. 

A margem bruta é um importante indicador gerencial que pode ser extraído da demonstração do resultado do exercício

O custo operacional efetivo são as despesas diretas ou custos variáveis. Eles são os que geraram um desembolso direto por você.

A margem bruta representa a eficiência comercial da atividade. Ou seja, indica se a sua empresa rural está comprando bem os insumos e matéria prima. Também indica se está comercializando bem a produção.

Nela, são consideradas apenas as despesas de apenas um ciclo de produção

As atividades de pecuária e agricultura têm uma alta representatividade dos custos variáveis na receita. Eles podem afetar a margem de lucro. 

Uma parte destes custos pode estar atrelada a insumos que crescem proporcionalmente ao volume de produção.

Outra parte destes custos apresenta alta volatilidade, relacionada a fatores externos à fazenda, como: câmbio, oferta, demanda e clima.

Existem outros tipos de indicadores derivados da margem bruta. 

Um exemplo é a margem bruta por hectare. Ela é utilizada para avaliar a viabilidade econômica da produção por cada hectare utilizado. 

Como calcular a margem bruta da fazenda

A margem bruta é calculada como a diferença entre a receita bruta e o custo operacional efetivo:

Margem Bruta = (lucro bruto / receita líquida) x 100 

Se a margem bruta for negativa, isto significa que a atividade é economicamente inviável a curto, médio e longo prazo.  Nesse caso, você estaria pagando para produzir.

Se a margem bruta for igual a zero é preciso ficar em alerta

Este resultado mostra que a margem paga os custos operacionais. Porém, ela não paga os demais custos com depreciação, custo de oportunidade, entre outros.  

Neste caso, a atividade pode ser inviável no médio prazo.

Margem líquida

A margem líquida é a diferença entre a receita bruta e o custo operacional total

Nela, são consideradas as despesas que não geram desembolso imediato. Depreciação de máquinas e equipamentos, custo de oportunidade do capital e mão de obra familiar são alguns exemplos.

A margem líquida é uma análise de médio prazo. Ela considera todos os custos operacionais e relacionados aos bens de produção da fazenda. O período considerado na análise é de um ano.

A análise da viabilidade econômica no médio prazo permite avaliar se a receita bruta paga o custo operacional efetivo. Também avalia se ela é suficiente para pagar os custos de depreciação e mão de obra familiar.

Como calcular a margem líquida da fazenda

Para calcular a margem líquida, você deve fazer a seguinte conta:

Margem Líquida = (lucro líquido / receita líquida) x 100

Se a margem bruta for negativa, a margem líquida também será negativa.

Se a margem líquida for positiva, a atividade está pagando as contas de custeio, custos com depreciação e mão de obra familiar no médio prazo. 

5 passos para alcançar uma boa margem de lucro da fazenda

1. Levante seus custos

O primeiro passo para entender e garantir uma margem de lucro é o levantamento de todos os custos.

Junte todos os custos relacionados ao processo de produção, dos mais complexos aos mais simples.

Este levantamento de todos os custos envolvidos deve ser realizado de forma precisa e criteriosa.  A forma com que esse levantamento é realizado depende muito das características de cada processo de produção

2. Faça a apropriação dos custos levantados

O segundo passo é a apropriação dos custos levantados em cada setor da fazenda. 

Isto é, saiba precisamente onde foi gasto cada insumo e cada hora trabalhada. Esses detalhes são  fundamentais para o entendimento dos custos.

3. Analise seus custos

O terceiro passo consiste em analisar estes custos e estudar melhorias na utilização dos insumos. A partir dessa avaliação, serão tomadas ações e decisões no processo de otimização e diminuição dos custos.

4. Faça uma boa gestão de estoque

Faça uma gestão eficaz e eficiente do estoque

Estoques mal geridos podem representar um grande obstáculo para o alcance de boas margens dentro de uma empresa rural.

Compras estratégicas podem reduzir significativamente o custo de produção da sua fazenda. Isso contribui para o sucesso na obtenção de margens de lucro satisfatórias.

5. Conte com um software de gestão

Para calcular e garantir uma boa margem de lucro na sua fazenda, muitas contas são necessárias.

Você pode facilitar esse processo através de um software de gestão agrícola como o Aegro. Com ele, controlar todos os seus custos e receitas é muito mais simples e intuitivo.

Foto de tela do aplicativo Aegro, na aba de custos. Há um gráfico redondo colorido.

Analisar os custos da sua fazenda é mais fácil com o Aegro

Afinal, todos os dados da sua fazenda, desde os da lavoura até o financeiro, ficam concentrados em um só lugar.

Outra facilidade é conseguir monitorar a rentabilidade do seu negócio. Nesses momentos, contar com a tecnologia pode te dar uma grande ajuda.

Conclusão

O conhecimento sobre os custos de produção e o cálculo correto da margem de lucro pode contribuir para o sucesso da sua atividade rural.

A correta separação e análise entre margem bruta, líquida e lucro pode auxiliar na correta avaliação dos indicadores econômicos. Isso irá embasar as tomadas de decisão na fazenda. 

Com esses conceitos bem definidos, é possível refinar a gestão da fazenda e ter melhores parâmetros para a tomada de decisão.

Como você calcula a margem de lucro da fazenda? Usa algum software ou planilha para te ajudar? Deixe seu comentário!

Guia completo da plantação de canola + benefícios para o milho, trigo e soja

Plantação de canola: conheça o ambiente ideal de cultivo, adubação, manejo de pragas e doenças, cuidados na colheita e mais!

A canola é a terceira oleaginosa mais produzida no mundo. As oleaginosas são alimentos vegetais ricos em gorduras “boas”.

cultivo da canola é destinado para a produção de óleo para o consumo humano e de biodiesel. O farelo resultante é usado na fabricação de rações por ser rico em proteínas.

A canola é uma excelente alternativa econômica para o uso em  rotação de culturas com o trigo, a soja e o milho. Ela diminui problemas fitossanitários que afetam esses cultivos. 

Quer saber se essa é uma boa opção para a sua fazenda? Acompanhe o artigo!

Características da canola

A canola é uma espécie anual da mesma família que o repolho e a couve. No entanto, seu cultivo visa a produção de grãos

Ela é muito adaptável ao frio, e por isso tem grande potencial de cultivo em grande parte da América do Sul. Nas lavouras do Sul do Brasil, a oleaginosa tem feito sucesso. 

A área semeada com a cultura no país foi de 35,5 mil hectares em 2020. Desse número, 34,8 mil hectares concentraram-se no Rio Grande do Sul.

Nessa região, são utilizadas apenas cultivares de primavera. O cultivo se destaca na sucessão das culturas de verão, como soja e milho

A canola também é utilizada na rotação com as culturas de inverno como o trigo, centeio, cevada, aveia e triticale. 

Benefícios da plantação de canola 

O uso da canola na rotação de culturas reduz o uso de defensivos agrícolas. Consequentemente, também reduz custos e torna a produção mais sustentável

A cultura também se destaca como uma excelente alternativa econômica. Afinal, ela não exige aquisição de máquinas e equipamentos específicos para o seu manejo. 

Você pode utilizar a estrutura disponível na propriedade. Além disso, a canola possui grande produtividade (em média 1500 Kg ha-1).

A cultura da canola, quando utilizada em rotação de cultura, traz benefícios para os cultivos da soja, do trigo e do milho.

Benefícios da canola para o trigo

A rotação com canola diminui problemas de doenças na lavoura de trigo. Ela reduz as estruturas responsáveis pelas doenças causadas por fungos que sobrevivem em restos culturais.

A fusariose e septoriose estão entre as doenças manejadas pela rotação com canola. 

A canola também é importante no manejo do azevém, uma das principais plantas daninhas do trigo.  Afinal, a canola tem mais capacidade competitiva que o azevém.

Benefícios da canola para a soja

A cultura da soja não é hospedeira do nematoide do cisto. Isso quebra o ciclo de vida do nematoide e faz o manejo das áreas contaminadas.

Mas é necessário estar atento entre o período mínimo de 20 dias entre a colheita da canola e a implantação da soja. Isso por causa do efeito alelopático da canola sobre a soja, que interfere na germinação da cultura da soja.

Benefícios da canola para o milho

A canola reduz problemas causados por mancha de diplodia e cercosporiose.  Isso acontece quando o milho é cultivado em sucessão aos cultivos de inverno, na safra de verão.

Manejo da plantação de canola

Para ter sucesso e lucratividade no cultivo da canola, você precisa planejar a implantação no sistema de produção. Escolher a área mais adequada também é um passo fundamental.

A canola é sensível a uma série de herbicidas que deixam um efeito residual prejudicial à cultura.

Por isso, prefira cultivar a canola em áreas que tiveram soja resistente ao glifosato na safra anterior. Isso diminui os riscos do efeito prejudicial de herbicidas residuais no solo.

A cultura se desenvolve melhor em áreas livres de doenças como: canela-preta, sclerotinia (mofo-branco) e infestação por nabiça.

Tenha atenção com o cultivo da canola quando a soja vem em sucessão. A canola pode potencializar o aparecimento de mofo-branco nesse caso.

Ambiente de cultivo ideal para canola

A geada é muito prejudicial à canola no estádio de plântula e durante o florescimento. O período de cultivo vai de abril a novembro no Sul do Brasil.

No estádio de plântula, os danos podem resultar em morte das plantas. Isso principalmente quando a geada ocorre sem um período de pelo menos três dias de frio antes.

Esses dias de frio antes da geada tornam as plantas mais tolerantes.

A geada pode causar abortamento de flores. Isso causa queda da produção, além de  produzir o efeito chamado grão verde.

Os grãos verdes são causados pelo acúmulo de clorofila resultante da ocorrência de geadas durante o enchimento de grãos. Eles provocam o desligamento dos grãos da planta mãe, antes da maturidade. 

Além disso, a canola pode rebrotar após a geada. Dessa forma, a maturação da lavoura será desuniforme, com plantas na maturidade e plantas em estádios anteriores. 

Por isso, podem haver grãos verdes em maiores proporções.

Os prejuízos são maiores durante as fases mais avançadas. Afinal, as chances das plantas emitirem hastes laterais são menores. 

Por outro lado, a emissão de novas hastes resulta em maior desuniformidade de maturação. Como consequência, há maiores possibilidades de perdas na colheita.

Para reduzir danos causados por geadas, evite a semeadura em áreas de baixada e nas proximidades de matas fechadas.

Foto de folha de canola coberta de gelo

Geada em plantas de canola. 

(Fonte: Embrapa)

Sementes e preparo do solo para semeadura

A semeadura da canola deve ser feita apenas com sementes de híbridos registrados. Eles proporcionam benefícios como:

  • evitar a introdução de doenças na lavoura através de sementes contaminadas;
  • evitar a necessidade de ressemeadura e atraso no próximo cultivo;
  • garantir a emergência vigorosa e uniforme do cultivo, reduzindo as perdas causadas pela desuniformidade na maturação.

Você deve semear evitando a ocorrência de geadas no início do cultivo. A profundidade de semeadura ideal para a canola é de 2 cm.

Os melhores solos para canola são os mesmos aptos para o cultivo de cereais de inverno, incluindo alguns solos arenosos.  Vale destacar que solos com grande probabilidade de encharcamento devem ser evitados. 

A canola pode ser cultivada em áreas com o mesmo preparo e manejo realizados para as demais culturas de grãos.

Adubação da plantação de canola

A canola demanda uma boa adubação nitrogenada. A deficiência desse nutriente reduz a produtividade.  Doses excessivas alongam a fase vegetativa. Assim, há possibilidades de ocorrências de doenças e redução da qualidade da planta.

A canola também exige muito enxofre, devido ao alto teor de óleo e proteína nos grãos.  Portanto, esse nutriente pode aumentar a produção e o teor de óleo das sementes.

A canola tem uma eficiente utilização de fósforo e potássio. Além disso, incrementos na produção podem ser obtidos pela aplicação de boro, zinco e cobre.

Não deixe de fazer análise de solo antes de cultivar canola. Assim, a adubação e correção do solo serão baseados na interpretação dos resultados.

Manejo de pragas 

As principais pragas que incidem no cultivo da canola são:

A traça-das crucíferas é a praga que mais causa danos na canola. Eles são causados pelas lagartas, que se alimentam de hastes e sílicas da planta. Desfolhamentos também podem acontecer. 

Os danos são maiores se ocorrer um surto antes da floração.

Para um controle eficiente, faça controle químico com inseticidas reguladores de crescimento. Isso deve ser feito quando houver infestação em toda a lavoura, e cerca de 10% de desfolha.

Para algumas pragas, não existem relatos sobre o controle químico

Portanto, evite a semeadura em áreas infestadas com mais de 5 corós por metro quadrado, com grilo marrom e outras pragas de solo. 

O monitoramento da lavoura para vistoriar pragas é fundamental. Por isso, separamos uma planilha grátis para você realizar o Manejo Integrado de Pragas sem complicações. Clique na imagem abaixo para baixar:

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Manejo de doenças

Com relação às doenças, a canela-preta pode causar grandes prejuízos. 

Para minimizar esses danos, mantenha a área livre do cultivo de canola por dois anos. Esse fungo permanece nos restos culturais.

Escolha áreas localizadas a mais de mil metros de distância de lavouras onde havia canola infectada com canela-preta.

Para o controle do mofo-branco e da podridão negra das crucíferas, faça o manejo integrado, pois não há método de controle completamente efetivo.

No MID (Manejo Integrado de Doenças), você deve fazer:

  • Rotação de cultura com espécies não suscetíveis;
  • Usar sementes sadias;
  • Evitar áreas com ocorrência das doenças;
  • Realizar semeadura direta;
  • Controlar plantas daninhas suscetíveis.

Cuidados na colheita

O atraso na colheita resulta em grandes perdas. Portanto, a cor dos grãos serve de base para determinar o ponto de colheita ideal.

Quando 40% a 60% dos grãos no topo do caule principal mudam da cor verde para a cor marrom, as plantas estão prontas para ser colhidas.

A partir desse ponto, você pode cortar e enleirar as plantas. Isso é feito com equipamento autopropelido ou acoplado a um trator. 

Quando as plantas enleiradas tiverem cerca de 10% de umidade do grão, pode ser feita a colheita. Isso geralmente acontece alguns dias depois do corte.

A dessecação não é indicada para a cultura. A colheita direta pode ser feita quando o teor de umidade dos grãos estiver no máximo em 18%.

Você também deve regular a colheitadeira devidamente. Os pontos principais são vedar locais por onde podem vazar grãos e reduzir a velocidade de deslocamento.

Conclusão

A canola melhora o sistema produtivo da soja, milho e trigo. Ela diminui problemas com pragas e doenças nessas culturas.

A oleaginosa contribui para a redução dos custos com defensivos nas lavouras. Além disso, você não precisa fazer investimentos em máquinas e equipamentos para o manejo e a colheita. 

A canola é uma excelente alternativa para rotação de culturas, com um retorno econômico satisfatório. Considere esses e outros benefícios da planta para implantá-la na sua lavoura!

Veja mais>>

“Estoque sob controle: como sojicultor melhorou seus indicadores”

“Deficiência de fósforo no milho: como identificar e resolver?”

Restou alguma dúvida sobre a plantação de canola? Já pensou em utilizar essa planta na rotação de culturas? Deixe seu comentário abaixo!

Por que o crambe pode ser uma opção vantajosa para safrinha

Crambe: conheça as características da planta e do óleo e saiba quais são as vantagens e desvantagens do cultivo dessa oleaginosa.

O crambe é uma planta ainda pouco conhecida do Brasil. 

Popularmente, também é conhecido por couve etíope, couve abissínica e mostarda abissínica. Essa oleaginosa é uma cultura de inverno, e é uma alternativa para a rotação de culturas. 

Essa planta vem sendo cultivada com sucesso em vários estados do Brasil, e pode ser uma ótima opção para você!

Quer saber mais sobre o crambe e como cultivá-lo? Confira a seguir.

Características do crambe

O crambe é uma oleaginosa anual. Ele é da mesma família do repolho, do brócolis, da mostarda, da colza e da canola.

Sua altura varia entre 60 cm e 1 m. O sistema radicular é pivotante, as folhas têm a superfície lisa e formato ovalado. 

Fotos do cambre em vários estágios de desenvolvimento. Nas três primeiras fotos o crambe está em forma de folha, na segunda e na terceira ainda em estado de germinação e crescimento.

Crambe abyssinica – (A) e (B): Plantas em desenvolvimento; (C): Sementes germinando; (D): Detalhes da folha; (E): Florescimento

Fonte: (Colodetti et al., 2012)

O florescimento ocorre próximo ao 35º dia após a semeadura. A inflorescência é  composta por pequenas flores brancas.

Inicialmente, o fruto do crambre é verde. Com o amadurecimento, ele adquire cor amarelada. Cada fruto produz uma única semente, com diâmetro que varia de 0,8 mm a 2,5 mm.

O teor médio de óleo da semente de crambe é de 38%. Além disso, o ciclo da cultura é curto, e varia de 85 a 100 dias.

Foto de bacia branca com várias sementes de crambe, na cor amarelada. Sobre as sementes, há uma moeda, demonstrando que as sementes são muito pequenas;

Sementes de crambe (Crambe abyssinica)

Fonte: (Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais de Ontário)

Óleo de crambe

O óleo de crambe é extraído das sementes da planta. Esse óleo tem aplicação em diferentes segmentos da indústria. 

O óleo não é recomendado para o consumo humano. Isso acontece devido ao elevado teor de ácido erúcico em sua composição. A quantidade de ácido erúcico no óleo varia de 50% a 60%.

Ele é utilizado como lubrificante industrial e anticorrosivo, na fabricação de nylon e plásticos, e na produção de borracha sintética. O óleo também é usado pelas indústrias farmacêutica e de cosméticos.

Por ser fonte de proteína, os coprodutos da extração do óleo podem ser utilizados na alimentação de animais ruminantes. O consumo por animais não ruminantes não é recomendado.

Afinal, o óleo contém glucosinolatos, substância tóxica para esses animais.

O óleo de crambe é uma alternativa para a cadeia produtiva do biodiesel. Várias pesquisas científicas já comprovaram que o óleo tem alta qualidade para a produção desse combustível.

Como cultivar crambe na fazenda

Cultivar ideal de crambe

Atualmente, apenas uma cultivar de crambe está listada no RNC (Registro Nacional de Cultivares) do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). 

Essa cultivar é chamada FMS Brilhante (Crambe abyssinica). 

A FMS é a responsável pelo desenvolvimento da cultivar. Ela também detém os direitos de comercialização das sementes. 

Essa cultivar tem produtividade de 1.000 kg/ha  a 1.500 kg/ha. O grão tem teor de óleo que varia de 36% a 38%. O teor de óleo pode variar em função das condições de cultivo e ambientais.

Solo ideal

Para o cultivo do crambe, os solos mais indicados apresentam textura média e pH entre 6,0 a 7,5. Uma boa fertilidade do solo também é fundamental.

A ocorrência de alumínio em concentrações tóxicas prejudica o desenvolvimento da lavoura. Ela pode inviabilizar a produção dessa cultura.

O crambe é uma planta que não tolera solos muito argilosos ou umidade em excesso. Por isso, solos com boa drenagem  e profundos são recomendados para o cultivo.

Clima

O crambe é uma cultura de inverno que apresenta tolerância à seca e a geadas leves. Isso acontece desde que a ocorrência não seja nas fases de plântula e florescimento

Durante a fase vegetativa, a faixa de temperatura em que o crambe melhor se desenvolve é de 15°C a 25°C.  Temperaturas inferiores a – 4°C e superiores a 25°C podem prejudicar a floração da oleaginosa. 

Máquinas e implementos adequados

O cultivo do crambe é totalmente mecanizado e não exige equipamentos específicos. 

É possível utilizar a mesma estrutura de produção (máquinas e implementos) empregada em lavouras de soja e milho.

>> Leia mais: “Máquinas para culturas de inverno: Diferentes tipos e particularidades

Plantio e espaçamento

A recomendação para o plantio do crambe é de 12 kg a 15 kg de sementes por hectare. 

A semeadura deve ser realizada num espaçamento de 17 cm a 45 cm nas entrelinhas. 

Manejo de plantas daninhas

Até o momento, não há registros de produtos no Mapa com efeito herbicida para uso na cultura do crambe.

No entanto, estudos científicos já apontam que o alachlor, o pendimethalin e o 2,4-D são prejudiciais à lavoura de crambe.

Além disso, as associações entre trifluralin, alachlor e pendimethalin também não são indicadas.

É importante ficar de olho no efeito residual dos herbicidas utilizados na safra de verão. Isso é essencial para que o desenvolvimento do crambe não seja prejudicado. 

Uma alternativa para o manejo das plantas daninhas consiste em reduzir o espaçamento de plantio

A redução do espaçamento contribui para o maior sombreamento das espécies invasoras, por antecipar o fechamento do dossel da cultura. 

Manejo de pragas e doenças

O crambe não é alvo do ataque de muitas pragas, em razão da presença de glucosinolato nas folhas e hastes da planta. 

Porém, a fase de plântula é a mais sensível ao ataque de pragas. Dentre as pragas que atacam o crambe nessa fase, há:

A ocorrência de doenças dessa cultura de inverno é maior em períodos chuvosos, quando há maior umidade. As principais doenças já relatadas da cultura do crambe são:

  • mosaico do nabo (Turnip mosaic virus – TuMV);
  • podridão negra (Xanthomonas campestris pv. campestris);
  • damping off (Fusarium sp. e Rhizoctonia solani);
  • mancha de alternária (Alternaria brassicicola).

Até o momento, não há produtos registrados no Mapa para o controle de pragas e doenças na cultura do crambe. Por isso, a recomendação é evitar o plantio em áreas com histórico de doenças e alta incidência de pragas.

Vantagens de cultivar o crambe

O crambe tem custo de produção muito baixo, se comparado a outras culturas de inverno. Ele é uma ótima opção para a safrinha.

Além disso, o cultivo é mecanizado e simples. Você não precisa de máquinas e implementos específicos para a cultura, por exemplo. 

O crambe também tem um grande potencial produtivo.

Desvantagens

Apesar do grande potencial produtivo, ainda faltam informações técnicas a respeito do manejo da cultura.

Não há muitos estudos sobre:

  • adubação;
  • armazenamento;
  • seletividade de produtos químicos;
  • técnicas de controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Por isso, evite o cultivo da oleaginosa se houver históricos intensos de pragas, doenças e daninhas na sua lavoura.

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

O crambe é uma planta ainda pouco conhecida no Brasil, mas que tem grande potencial para ser utilizada na produção de biodiesel e na rotação de culturas

É uma ótima opção para o plantio na safrinha, e quando comparada com outras culturas apresenta menor custo de produção. Além disso, o cultivo é todo mecanizado.

Se você já começou a planejar seu plantio de inverno, pode considerar utilizar o crambe!

>> Leia mais: 

Cobertura de solo no inverno: Por que realizá-la

Cevada como cultura de inverno: aprenda a cultivar e garanta mais lucros

Você já conhecia o crambe? Já usou a planta em rotação de cultura na sua lavoura? Deixe seu comentário!

Importância da contabilidade rural + 7 passos para começar na sua fazenda

Importância da contabilidade rural: saiba tudo sobre inventário rural, registro de perdas, registros contábeis e as características dessa área!

A contabilidade rural é um instrumento capaz de ajudar quem produz a melhorar a gestão da fazenda. Como consequência, a lucratividade também melhora.

Toda a informação que essa área fornece sobre a fazenda pode ajudar na tomada de decisões estratégicas, especialmente com um softwares de contabilidade, que capacitam empresas rurais para serem mais competitivas.

O cumprimento das exigências fiscais também depende da contabilidade, que evita pendências e o recebimento de multas.

O que é contabilidade rural?

A contabilidade rural é responsável pela gestão financeira, econômica e patrimonial de atividades relacionadas ao agronegócio e à produção rural.

O objetivo da atividade é organizar, registrar, controlar e interpretar as operações econômicas realizadas nas propriedades rurais de todos os tamanhos.

É por conta disso que a importância da contabilidade rural é tão grande, e por especialidade considera características como:

  • Receitas;
  • Despesas;
  • Terra;
  • Equipamentos;
  • Insumos;
  • Empréstimos;
  • Patrimônio líquido da empresa rural.

A atividade rural apresenta particularidades que a diferenciam de outros setores da economia, o que torna importante contar com um profissional de contabilidade especializado em agronegócio.

Além disso, ao seguir a legislação brasileira e as normas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), as empresas do setor rural podem ter uma avaliação mais precisa de sua performance financeira e operacional.

Manter os registros contábeis atualizados e realizados com frequência traz diversos benefícios, como o acesso a melhores condições de crédito e financiamento.

Qual a importância da contabilidade rural?

A importância da contabilidade rural é garantir uma gestão saudável e estratégica dentro da sua propriedade rural, permitindo identificar os pontos que demandam maior atenção e as atividades mais rentáveis.

Além disso, a sua importância está em fornecer informações precisas e confiáveis para decisões assertivas e para o planejamento do negócio. Confira abaixo mais alguns motivos que fazem da contabilidade rural tão importante:

1. Controle financeiro e patrimonial

A contabilidade rural organiza e registra as movimentações financeiras e patrimoniais, como terras, maquinário, rebanhos, estoques e colheitas.

Isso permite que você saiba exatamente quais são seus ativos, passivos e o capital disponível para investimentos.

2. Tomada de decisões estratégicas

Com informações financeiras precisas, é possível realizar um planejamento de safra ainda melhor, com previsão de custos e receitas. Além disso, é fica mais fácil decidir sobre a aquisição de insumos, investir em tecnologia ou expandir a área de cultivo.

3. Gestão de custos e lucratividade

A importância da contabilidade rural também está na identificação de custos de produção por hectare, por unidade de produto ou por ciclo produtivo, permitindo calcular a rentabilidade das atividades. Isso é essencial para saber quais operações são mais viáveis economicamente.

4. Planejamento tributário

O setor rural tem particularidades tributárias, como o ITR, Funrural e regimes específicos de tributação. A contabilidade rural garante todo os cumprimento das obrigações fiscais, evitando multas e otimizando o pagamento de impostos por meio de um planejamento tributário adequado.

5. Prevenção de riscos e perdas

Ao monitorar receitas e despesas, e projetar cenários financeiros para identificar possíveis riscos e implementar estratégias de mitigação.

Entre essas estratégias está a criação de reservas financeiras para enfrentar períodos de baixa produtividade ou adversidades climáticas, garantindo maior estabilidade ao negócio.

6. Facilidade na obtenção de crédito

Os bancos e instituições financeiras exigem relatórios contábeis detalhados como parte do processo para concessão de empréstimos e financiamentos.

Com uma contabilidade bem-feita, é possível comprovar a capacidade de pagamento, apresentar histórico de resultados e justificar a viabilidade do investimento solicitado, o que pode facilitar o acesso a condições de crédito mais vantajosas.

Planilha de controle de endividamento rural

Como fazer a contabilidade rural na fazenda?

A contabilidade rural abrange as diferentes características da atividade do campo. Isso te dá uma visão para explorar os recursos de maneira muito mais eficaz.

Antes de estruturar a contabilidade, é essencial que produtores e contadores responsáveis pela área saibam dos pontos de atenção do negócio

Assim, você pode contar com informações mais precisas para precificar seus produtos e fazer um planejamento financeiro para as safras seguintes. 

Definir a reserva de caixa necessária para a produção, o orçamento de cada safra e acompanhar a evolução dos custos são algumas ações importantes.

Então, para se aprofundar no assunto, é indispensável conhecer as particularidades do negócio. Veja quais são elas:

1. Inventário rural

A contabilidade rural deve registrar o valor patrimonial da fazenda. É pelo levantamento patrimonial que você conseguirá analisar quais são os seus ativos e quais são seus passivos. Sempre registre:

  • Montante de capital em conta; 
  • Máquinas e equipamentos; 
  • Construções como galpões; 
  • Contas a pagar e receber; 
  • Estoque de produção.

Durante o processo de inventário, é fundamental não confundir as despesas pessoais com as despesas da atividade rural.

Também é necessário definir valores monetários para ativos (como árvores frutíferas), mas esse processo pode ser bem difícil.

Então, para determinar esse valor, existem técnicas específicas. Por exemplo, existem softwares que mapeiam itens e determinam seus valores.

2. Registro de perdas

O setor rural, muitas vezes, sofre perdas relacionadas a:

  • Infestação de pragas;
  • Incêndios;
  • Enchentes;
  • Inundações;
  • Tempestades com ventos fortes e granizo.

Qualquer um dos eventos deve ser registrado como despesa não operacional, já que se trata de uma variável cuja ocorrência foge do controle da gestão do negócio.

3. Culturas temporárias e permanentes

O tipo de cultura também tem interferência nos registros contábeis. As culturas temporárias, por exemplo, tem ciclos de curta ou média duração, que após a colheita precisam ser replantadas para continuar produzindo.

Nessa situação, os produtos são classificados como ativos circulantes, pois geram retornos em curto prazo. É fundamental registrar todos os custos associados, como mão de obra, insumos e combustível, garantindo uma gestão financeira precisa e eficient

Já a cultura permanente é de ciclo vegetativo longo, que permite colheitas sucessivas. Não há necessidade de novo plantio.

Nesse tipo de cultura, que o ciclo é maior que um ano, os produtos devem ser categorizados como ativos não circulantes. Ativos não circulantes dão retorno a longo prazo.

4. Ciclos operacionais

Conhecer o ciclo operacional da fazenda é outro ponto importante para o profissional da contabilidade., afinal, o tempo do ciclo de produção varia de acordo com o tipo de cultivo e rebanho.

Os ciclos operacionais, muitas vezes, não correspondem a um ano fiscal. Ou seja, eles podem ser maiores que 12 meses entre o plantio e a venda para o consumidor final.

Para que os registros contábeis sejam feitos corretamente, é fundamental entender o ciclo operacional da empresa.

5. Registros contábeis

O contador da empresa rural será o responsável pelo registro contábil.  Os registros devem englobar as contas de receita, custos e despesas. Portanto, o contador deve ser o responsável pelo cálculo dos encargos financeiros e trabalhistas, aplicações financeiras e imposto de renda da empresa.

Além disso, é recomendado que algumas informações específicas sejam observadas, como:

Atividades de criação de animais

Nessas atividades, o ideal é que os componentes patrimoniais sejam analisados da seguinte forma:

  • Estoque de animais: devem ser avaliados de acordo com a idade e com a qualidade;
  • Nascimento de animais: são calculados a partir da divisão dos custos acumulados pela quantidade de animais nascidos;
  • Custos de animais: encontram-se atrelados ao valor original, uma vez que são recorrentes e variam de acordo com a fase de desenvolvimento do animal.

Outras práticas rurais

Em outras atividade rurais, que não envolvem animais, os registros contábeis devem considerar informações como:

  • Avaliação dos bens: rendimentos vindos das culturas devem ser vinculados a cada produto pelo seu valor original, incluindo todos os custos relacionados ao ciclo operacional;
  • Custos indiretos: em casos de culturas temporárias e permanentes, eles devem ser vinculados a cada produto, individualmente;
  • Estoque de produtos agrícolas: os custos específicos de uma colheita são contabilizados, bem como seu respectivo beneficiamento, seu acondicionamento e sua armazenagem;
  • Despesas pré-operacionais: devem ser amortizadas já na primeira colheita;
  • Imobilizados: podem ser incluídos os custos que aumentam a vida útil de uma cultura permanente;
  • Despesa operacional: ganhos relacionados à avaliação dos estoques dos produtos pelo valor de mercado;
  • Ativos da empresa rural: devem incluir custos necessários para a produção, de acordo com a expectativa de concretização;
  • Ativo circulante: contém informações sobre as despesas com estoque de produtos agrícolas e todos os custos necessários para concretizar a safra no próximo exercício;
  • Ativo permanente imobilizado: trata-se de custos que trarão benefícios a longo prazo, ou seja, em mais de um exercício.

A escrituração contábil das atividades rurais é obrigatória e orientada por um plano de contas. Este plano serve de parâmetro para a elaboração das demonstrações contábeis. 

O plano de contas e a escrituração contábil devem conter os dados sobre ativos, passivos, receitas, custos e despesas

6. Elabore o fluxo de caixa

A partir da elaboração do fluxo de caixa é possível identificar as entradas e saídas financeiras de dinheiro no seu negócio. 

Além disso, o fluxo de caixa fornece informações sobre o saldo disponível e o capital de giro. Basicamente, você deve registrar todos os custos e recebimentos.

Os recebimentos consistem em toda entrada de dinheiro no caixa. Você deve considerar como recebimentos as vendas à vista e a prazo, cartões e rendimentos de aplicações.

Por outro lado, os custos representam todas as saídas de dinheiro do seu caixa.  É preciso registrar todos os pagamentos de fornecedores, custos e despesas financeiras, salários e encargos, impostos e empréstimos.

Para te ajudar nessa etapa, separamos uma planilha completa para você fazer o fluxo de caixa da sua fazenda. Clique na imagem abaixo para baixar:

planilha de fluxo de caixa

7. Conte com um software de gestão agrícola

Para ter acesso e controle de todos os dados da fazenda, é fundamental contar com a ajuda de um software de gestão agrícola

A estrutura contábil e financeira de uma fazenda é muito complexa. Fica complicado ter a percepção correta da situação financeira da empresa com dados nos papéis ou em diversas planilhas.

Muitas vezes, na correria do dia a dia, esquecemos de anotar algumas informações importantes que podem fazer diferença no fim do mês.

Com o software de gestão agrícola, como o Aegro, todas suas informações ficam concentradas em um único lugar. 

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No Aegro você tem todos os seus dados em um só lugar. É muito mais fácil visualizar sua empresa rural com todas as contas organizadas.

Incentivos fiscais para quem produz: entenda se você tem direito

Incentivos fiscais: veja o que são, as modalidades mais comuns, as diferenças entre os benefícios e muito mais!

A carga tributária no Brasil pode se tornar um peso para muitas empresas. Os governos das diversas esferas criam medidas legais para reduzir a carga tributária dos contribuintes.

Essas medidas são chamadas benefícios fiscais

O planejamento tributário dos negócios é impactado por eles, que podem reduzir ou até mesmo eliminar os gastos com contribuições.

Neste artigo, você saberá quais são os tipos de incentivos e quais são os impostos impactados. Boa leitura!

O que são incentivos fiscais

Incentivos fiscais, também conhecidos como benefícios fiscais são um regime especial de tributação que envolve uma vantagem ou redução na tributação de produtor rural

Esse benefício pode vir em forma de:  

  • isenção;
  • redução da base de cálculo;
  • crédito presumido;
  • redução de taxas;
  • deduções;
  • amortizações, entre outros.

A alta carga tributária é um dos grandes problemas para o crescimento da economia no Brasil.  Portanto, a União, os Estados e Municípios utilizam os benefícios fiscais. 

A redução de impostos e incentivos fiscais na promoção de políticas públicas são exemplos de benefícios.

Os incentivos fiscais são aplicados com duas finalidades:

  • Promover o desenvolvimento e a instalação de empresas nos locais onde eles são concedidos. Isso gera aumento da renda e mais empregos;
  • Reduzir as desigualdades sociais com a desoneração de produtos considerados essenciais para a população. 

Qual a diferença entre benefício fiscal e incentivo fiscal?

Não existe uma diferença significativa entre benefícios e incentivos fiscais. 

O benefício fiscal é mais amplo que o incentivo. Entretanto, eles estão diretamente relacionados à eliminação ou redução de tributos.

O incentivo é uma espécie de benefício fiscal. Portanto, nem todo benefício é um incentivo, mas todo incentivo é um benefício fiscal.

Benefícios fiscais: Esquema que mostra que benefício tributário é um benefício fiscal, e incentivo fiscal é um tipo de benefício tributário. Consequentemente, também é um benefício fiscal

Incentivo fiscal é um tipo de benefício fiscal

Fonte: (ReseachGate)

4 modalidades mais comuns de benefícios fiscais

Não existe apenas um tipo de benefício fiscal. É possível listar várias, mas as principais são:

1. Anistia ou redução de débitos

A anistia ou redução dos débitos é o benefício aplicado para os contribuintes com débitos tributários em aberto. 

Ou seja, se você tem tributos em aberto, o governo pode oferecer possibilidades de pagamento com multas ou juros menores.

2. Isenção

A isenção ocorre quando o crédito tributário é excluído

As regras para isenção estão descritas nos artigos 175 a 179 do CTN (Código Tributário Nacional). Nestes casos, o imposto não incide sobre as operações ou prestações especificadas.

3. Redução da base de cálculo

A redução da base de cálculo tem como objetivo a redução da tributação sobre determinadas mercadorias e operações. 

Neste caso, a alíquota de tributação não se altera. O que ocorre é uma redução na base que serve de cálculo do imposto.

4. Crédito presumido

O crédito presumido é uma hipótese de crédito com o objetivo de reduzir o imposto cobrado sobre as operações praticadas. 

É possível ter esse crédito sobre o ICMS de produtor rural. Isso unifica a cobrança do imposto em vez de o contribuinte ter que pagar um valor para cada etapa da circulação da mercadoria.

Relação dos incentivos fiscais com os impostos

Os benefícios fiscais estão relacionados com os tributos, impostos ou contribuições. 

Eles podem ser concedidos de forma geral ou sobre determinado tributo, como ICMS, PIS e Cofins.

Para que o benefício fiscal ocorra, existe sempre uma renúncia total ou um deslocamento da receita pelo Estado. Para reduzir um tributo, existem diversas estratégias:

  • dar isenção total, reduzir a alíquota a zero ou reduzir o percentual da alíquota;
  • reduzir a base de cálculo sobre a qual ele incide;
  • conceder crédito após a apuração do tributo a ser pago;
  • dar anistia ao contribuinte sobre débitos tributários.

Na esfera federal, a concessão dos incentivos considera o regime de tributação escolhido pela empresa. Neste caso, somente pessoas jurídicas optantes pelo lucro real é que podem usar os benefícios fiscais. 

Se seu agronegócio recolhe imposto pelo lucro presumido ou utiliza o Simples Nacional, não poderá aproveitar os incentivos federais.

Nas esferas municipais e estaduais, o tipo de tributação é irrelevante. 

Afinal, os impostos como ICMS, ISS (Imposto Sobre Serviços) ou IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) não são impactados pelo regime de tributação.

Em 2021, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar n.º5 de 2021 (PLP 5/2021). 

Ele prorroga para 15 anos (prazo final 2032) os incentivos e benefícios fiscais vinculados às operações relativas ao ICMS.

Essa Lei expandiu as disposições da Lei Complementar 160/2017  dos benefícios vinculados sobre o ICMS. 

Isso desde que destinados à manutenção ou ao incremento das atividades comerciais e prestações interestaduais com produtos agropecuários e extrativos vegetais in natura. 

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Programa Mais Leite Saudável

No âmbito federal, foi criado um programa especial para os produtores e cooperativas de leite com CNPJ. 

O Programa Mais Leite Saudável é um benefício fiscal. Os contribuintes poderão descontar os créditos presumidos da contribuição do PIS/Pasep e Cofins. 

Isso desde que relativos às operações de aquisição de leite in natura, que são insumos para produção de produtos alimentícios.

O crédito presumido pode ser utilizado para o desconto no valor das contribuições devidas em cada período de apuração. 

Mesmo que esse crédito não seja aproveitado no mês, ele poderá ser utilizado nos meses seguintes.  

Os contribuintes podem solicitar o ressarcimento do dinheiro, desde que estejam habilitados no programa.

Conclusão

Os benefícios fiscais podem contribuir para o desenvolvimento da sua fazenda. Assim, a gestão financeira do seu negócio estará alinhada com o seu planejamento estratégico.

Além disso, os incentivos fiscais podem ajudar a reduzir os impostos, de acordo com as leis do país. 

Portanto, é importante que você pesquise e conheça todos os incentivos concedidos pelos Estados e Municípios ao seu setor. 

Se tiver dúvidas, procure um profissional da área. Essa pessoa estará apta a orientar sobre os benefícios do setor e se houve alguma mudança na lei.

>> Leia mais:

“Entenda os impactos da reforma tributário no agronegócio e nas contas da sua fazenda”

Imposto de renda para produtor rural: leis e normas para ficar de olho”

Você já conhecia os incentivos fiscais? Já utilizou algum deles no seu negócio rural? Adoraria ler seu comentário abaixo!