Percevejo no milho: identifique os danos e saiba manejar

Percevejo no milho: veja quais são as principais espécies, os danos causados, as fases mais críticas e como fazer um controle assertivo

O ataque de percevejos é frequente na cultura do milho, especialmente em em sucessão com soja. Alguns fatores fazem com que essas principais pragas do milho estejam presentes na safra principal e na safrinha.

Muitas vezes, os danos causados são observados após um tempo. Isso pode refletir na necessidade de replantio da cultura. 

Neste artigo, veja como reconhecer os principais percevejos do milho, saiba como reconhecer os danos na lavoura e entenda as melhores estratégias de manejo. Boa leitura!

O que são percevejos no milho?

Os percevejos são insetos difíceis de controlar. Eles podem ser pragas iniciais ou tardias, que são encontrados em diversos locais da cultura. A cada ano, os percevejos ganham mais importância devido aos danos causados.

Os percevejos podem atacar a cultura do milho em diferentes fases de desenvolvimento. Os danos podem aparecer desde os estágios iniciais até os mais avançados. Os que atacam a cultura do milho são, em sua maioria, da família Pentatomidae

Diversas espécies podem ser encontradas nas lavouras, como:

Os percevejos barriga-verde são os que mais causam problemas. Isso principalmente no milho safrinha, implementado após soja ou feijão. Existem duas espécies que podem deixar o início da lavoura comprometida: Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus

Quais são os danos causados na cultura?

Os percevejos podem reduzir a produção da cultura do milho. Afinal, nas fases iniciais de desenvolvimento os percevejos podem: 

  • reduzir a altura de plantas;
  • reduzir número de folhas expandidas;
  • reduzir a massa seca de raízes;
  • provocar injúrias no cartucho;
  • causar enrolamento das folhas centrais da planta.

Na figura a seguir, é possível observar os danos dos percevejos no milho.

percevejos-no-milho
Adultos de Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus
(Fonte: Eco Registros)

Principais espécies de percevejos do milho

Não existe apenas uma espécie de percevejo no milho, e saber reconhecê-las é fundamental para evitar danos na lavoura. Veja abaixo quais são as principais:

Percevejo-barriga-verde

As espécies Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus têm características muito semelhantes. Sua atividade maior se dá em horários com temperaturas mais amenas

No entanto, D. furcatus é maior e seus espinhos são escuros. Já o Dichelops melacanthus é uma espécie menor e as extremidades dos espinhos são mais escuras do que o restante do corpo.

Além disso, D. furcatus é mais frequente em regiões de temperaturas mais amenas e Dichelops melacanthus em regiões mais quentes. O período de incubação dos ovos de ambas espécies é de aproximadamente seis dias.

Esses percevejos se alimentam de diversas espécies de plantas, inclusive de plantas daninhas. Isso contribui para que os insetos permaneçam na área.  D. melacanthus é uma praga do milho, mas também ataca outras culturas:

Tanto as ninfas como os adultos perfuram o colo das plântulas e sugam o conteúdo da seiva. Ao mesmo tempo, injetam substâncias tóxicas nas plantas.

percevejos-no-milho
Diferentes estágios do percevejo-barriga-verde.
(Fonte: Embrapa)

Percevejo-marrom

Em semeaduras de milho após a soja, o ataque do percevejo-marrom ocorre na fase inicial de desenvolvimento. Ele causa danos semelhantes aos causados pelo percevejo-barriga-verde. No entanto, isso acontece em menor intensidade.

Em regiões com temperaturas mais amenas, o percevejo-marrom migra para áreas de mata ou vegetação nativa. Eles permanecem nesses locais até o final de setembro.

Por isso, o monitoramento dos percevejos do milho deve ser realizado antes mesmo da semeadura. Afinal, eles estarão presentes nas áreas de produção ou próximo delas.

percevejos-no-milho
Diferenças entre o adulto do percevejo-marrom e do percevejo-barriga-verde. 
(Fonte: Corrêa-Ferreira, 2017)

Percevejo-verde (ou percevejo-do-mato)

O percevejo-verde também é capaz de se alimentar de diversas espécies de plantas. Entretanto, os danos provocados por esse percevejo são diferentes dos demais. Afinal, ele injeta toxinas nos tecidos da planta hospedeira, podendo também disseminar fungos.

O ciclo de vida total do inseto depende de diversos fatores, principalmente temperatura. As ninfas (fase anterior à adulta), apresentam diferentes cores a depender do estágio de desenvolvimento:

  • alaranjada no primeiro ínstar;
  • preto com manchas brancas no segundo ínstar;
  • preto com manchas brancas no tórax e abdome verde com manchas amarelas no terceiro ínstar;
  • tórax preto e abdome vermelho com manchas amareladas ou verdes no quarto e quinto ínstar.

Na fase adulta, a coloração do inseto é verde. Ele pode se tornar verde escuro, dependendo dos fatores ambientais

percevejos-no-milho
Diferenças morfológicas e de coloração das principais espécies de percevejos que ocorrem na cultura do milho
(Fonte: Promip, 2019)

Percevejo-gaúcho ou percevejo-do-milho

Além de causar falhas nas espigas, o percevejo-gaúcho pode contaminar os grãos com fungos, principalmente Fusarium moniliforme, Penicillium spp. Embora o milho seja o alimento mais completo para a espécie, ele causa danos em inúmeras culturas.

Esse percevejo mede cerca de 2 cm de comprimento e tem coloração pardo-escura. Uma das características para identificação da praga é a presença de duas manchas circulares de coloração amarela em zigue-zague, localizadas nas asas.

A oviposição é realizada em linhas nas folhas. As ninfas dessa espécie (fase anterior a adulta), possuem coloração avermelhada a amarelada. Dependendo da condição climática, o ciclo biológico deste percevejo pode ser de um a dois meses.

Fases críticas para o ataque dos percevejos 

Os percevejos aproveitam a “ponte verde” para migrarem das culturas anteriores para o milho safrinha. Assim que as plantas começam a emergir, começam os ataques. Eles sobrevivem sob a palhada de plantas hospedeiras, que podem ser daninhas à cultura. 

Depois eles dispersam para a soja ou milho, e depois para o milho safrinha. Na fase vegetativa, com entre três e quatro folhas expandidas, é o período mais crítico. A alimentação intensa interfere nos estádios posteriores ao desenvolvimento da cultura.

Após esse período, ocorre a dispersão. Nesse momento, os percevejos aumentam a sua população, causando danos à cultura do milho e da soja

percevejos-no-milho
Dinâmica de percevejos em sistemas de produção milho-soja no sul do Brasil
(Fonte: Toledo et al., 2021)

Como saber o momento certo de controle?

Se houver 0,58 percevejos por m² é o momento ideal para entrar com controle. Quando a amostragem mostrar necessidade de controle, entre imediatamente com os métodos. 

Para te ajudar com o registro e controle dos percevejos na lavoura, a tecnologia pode ser um divisor de águas. Separamos uma planilha gratuita para te ajudar nessa etapa. Clique na imagem abaixo para acessar o material: 

Ao decidir pelo método químico, é importante utilizar uma boa tecnologia de aplicação para conseguir atingir os percevejos de maneira eficaz. Rotacionar diferentes ingredientes ativos ajudará a evitar perda de tecnologia devido à pressão de seleção. 

É importante evitar as aplicações em períodos em que a praga está abrigada. Por exemplo, durante a noite, em dias chuvosos ou com temperaturas amenas

Como acabar com percevejo nas plantas de milho?

O controle de percevejos pode ser feito antes e depois de identificar a presença na lavoura. Veja a seguir as melhores práticas:

Controle antes de identificar a presença

O controle deve ser feito antes mesmo da implementação da lavoura. Para isso, você deve seguir o Manejo Integrado de Pragas

Outra forma de controle é o revolvimento do solo e eliminação de plantas daninhas. Isso serve para evitar que os insetos permaneçam na área. No entanto, essa prática é inviável em sistemas de plantio direto.

O tratamento de sementes de milho com inseticidas sistêmicos vai garantir que, mesmo se houver percevejo na área, os danos sejam mais baixos. Mas para isso, é importante que as espécies presentes sejam devidamente identificadas

A identificação é importante para manejar a área antes da implantação da cultura. Assim, é possível selecionar o inseticida mais adequado para controle das espécies existentes.

Adquirir as sementes tratadas pode ser uma ótima forma de manter as plantas homogêneas, uma vez que o tratamento na propriedade pode ficar com falhas. 

Controle depois de identificar a presença das pragas

Após identificar a presença dos percevejos, você precisa entrar com o controle químico. Alguns ingredientes ativos que podem ser utilizados no controle:

  • Tiametoxam (neonicotinóide) para o percevejo-barriga-verde (ambas as espécies), dentre outros grupos químicos;
  • Para o percevejo-marrom: Beauveria bassiana e bactérias como Bacillus thuringiensis. No entanto, é necessário verificar se a bactéria produzida pelo fabricante é registrada para a cultura;
  • Outros grupos químicos podem ser consultados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários.

Para que o controle seja realmente efetivo, é ideal realizar monitoramento constante. É importante que você saiba que fazer aplicações de inseticidas preventivos ou esperar que os sintomas apareçam não é viável.

Como controlar percevejo no milho com tecnologia?

Para controlar os percevejos, nem sempre planilhas e cadernos dão conta. Isso sobretudo em grandes propriedades, com maior área a ser controlada. Justamente por isso, softwares como o Aegro estão disponíveis para mapear as pragas na área de cultivo.

Ainda, conhecendo o histórico da área, você pode planejar de forma mais assertiva quais métodos de controle usar.

Tela do Aegro, na aba de MIP aberta.
Monitoramento de pragas agrícolas no Aegro. Com o software, todos os dados do monitoramento ficam guardados de forma segura e prática.
(Fonte: Aegro)

O Aegro também oferece a você dados climáticos. Essas informações ajudam a determinar o risco de ocorrência de doenças de plantas em diversas culturas. Comece a controlar as pragas na sua lavoura com o Aegro

Conclusão

Os percevejos podem comprometer a sanidade do milho. As espécies do gênero Dichelops são as que mais causam danos à cultura.

No milho safrinha, o grande problema é a “ponte verde” que ocorre por meio das culturas anteriores, como soja e feijão.  Os sintomas só aparecem após já ter ocorrido danos, que não podem ser revertidos.  

Por isso, lembre-se que o controle dessas pragas deve ser sempre atrelado ao monitoramento desde antes mesmo do plantio até o estabelecimento da cultura. 

Você enfrenta problemas com percevejos no milho na lavoura? Não deixe de compartilhar este artigo com outros produtores ou com sua equipe de trabalho!

Como realizar o preparo do solo para plantio de milho

Preparo do solo para plantio de milho: entenda qual é o sistema mais adequado para sua propriedade.

O milho é uma cultura de grande importância no agronegócio brasileiro. Só na temporada 2019/20, mais de 106 milhões de toneladas devem ser produzidas em primeira, segunda e terceira safras.

Para alcançar o melhor potencial da lavoura, vários fatores devem ser considerados. Um dos primeiros é o preparo do solo.

Quais são as condições ideais para o cultivo do milho? Qual é o sistema de preparo do solo mais adequado? 

Confira como realizar o melhor preparo do solo para plantio de milho a seguir!

Preparo do solo para plantio de milho

O preparo do solo abrange um conjunto de operações que visam proporcionar condições favoráveis à semeadura e desenvolvimento adequado da cultura durante seu ciclo.

Alcançar altas produtividades também depende do uso sustentável desse solo, do meio ambiente e dos recursos hídricos.

Para que você decida qual sistema de preparo do solo é mais adequado para sua propriedade, antes precisa conhecer mais a fundo os sistemas de manejo do solo. Vou explicar melhor:

Sistemas de manejo do solo

Sistemas de manejo incluem o preparo do solo (preparo convencional, preparo mínimo/reduzido e preparo conservacionista), culturas de rotação e/ou sucessão e o controle de plantas daninhas.

O preparo convencional é qualquer sistema que deixa menos de 15% da superfície do solo coberta com resíduos após o plantio. 

O preparo reduzido deixa de 15% a 30% de cobertura. Já o preparo conservacionista, como o plantio direto, deve apresentar mais de 30% de cobertura.

esquema de um sistema conservacionista com definições de cultivo: preparo convencional, cultivo mínimo e plantio direto.

Definições de cultivo
(Fonte: adaptado de Corn Agronomy)

O preparo adequado do solo também precisa considerar a época do cultivo – se primeira, segunda ou terceira safras. 

O milho safra é plantado entre outubro e dezembro. Já o milho safrinha pode ser cultivado entre janeiro e abril. Há ainda uma terceira safra incipiente de milho sendo plantada principalmente no nordeste, de abril a junho.

Diferentes épocas refletem condições climáticas diferentes, que interferem no ciclo da cultura e também nas condições de umidade do solo para o preparo.

Para que você faça um bom planejamento do preparo do solo para plantio de milho é preciso entender algumas características e propriedades do solo.

Principais características dos solos do Brasil

O solo é o resultado dos fatores de formação: material de origem, relevo, organismos, clima e tempo. 

Portanto, cada solo possui sua “identidade”, proporcionada pela interação entre estes fatores. No Brasil, ocorre a predominância de solos ácidos e muito intemperizados.

Assim, as práticas de correção do solo são necessárias na maior parte dos casos, pois o milho possui baixa tolerância à acidez. A condição de pH ideal é em torno de 6,0. 

A análise de solo deve ser realizada para que o produtor determine a necessidade de correção e/ou adubação do solo visando a produtividade esperada.  

foto de uma plantação de milho em desenvolvimento com folhas verdes.

(Fonte: Revista Globo Rural)

Saiba quanto você vai colher! Baixe aqui uma planilha gratuita para estimar sua produtividade de milho!

Características e propriedades do solo

A textura e a estrutura do solo são essenciais para o entendimento da resistência do solo aos impactos do sistema de preparo adotado.

  • Textura – uma análise física do solo (granulometria) fornecerá dados sobre as proporções entre os diferentes tamanhos de partículas primárias (areia, silte e argila).

    Os resultados dessa análise de solo podem auxiliar na tomada de decisão sobre o preparo do solo para plantio do milho. Há uma tendência de solos mais arenosos serem mais propensos à erosão em comparação aos solos argilosos
  • Estrutura – é o arranjo das partículas primárias do solo formando agregados. Estes agregados definem o sistema poroso do solo. A estrutura do solo pode ser analisada no campo de forma visual (morfologia) e por análise de solo com amostras indeformadas. 

A agregação em solos tropicais é resultante dos constituintes mineralógicos, como os óxidos de ferro e alumínio e a caulinita, matéria orgânica e organismos.

Devido ao maior efeito cimentante dos óxidos, solos com altas proporções desses minerais geralmente são mais resistentes e possuem elevada resiliência física à compactação do solo.

Solos mais resistentes aos processos erosivos, como alguns solos argilosos com altas proporções de óxidos de ferro e alumínio, podem ser recomendados para cultivo do milho em sistema convencional.

Já para solos menos resistentes, como os arenosos, recomenda-se sistemas mais conservacionistas, como o plantio direto.

Compactação do solo

A compactação é um dos efeitos do manejo que afeta diretamente a estrutura do solo. Como consequência, há aumentos da densidade, redução da porosidade e da capacidade de infiltração da água no solo, levando ao aumento da erosão.  

duas fotos, uma apresenta uma mão segurando uma porção da terra e a outra mostra uma quantidade de solo com matéria orgânica

Importância dos óxidos de Fe e Al e da matéria orgânica na formação da estrutura do solo 
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

As condições de umidade do solo para o preparo do milho conforme a época do ano também merece destaque por interferir na consistência do solo.

A consistência é importante para se definir o bom preparo, que deve ser realizado quando o solo apresenta conteúdo de água equivalente à consistência friável

Estudos mostram perdas na produtividade do milho 2ª safra em função do estado de compactação do solo, em conteúdo de água equivalente à capacidade de campo com resistência do solo à penetração – RP, equivalente a 2,6 MPa.

Outro estudo mostrou que, em sistema convencional, valores de RP variando entre 0,9 e 2,0 MPa não restringiram a produtividade de grãos de milho.

Preparo convencional x plantio direto na cultura do milho

Diferentes preparos do solo para plantio de milho têm vantagens e desvantagens.

No preparo convencional, pode ocorrer um maior controle de plantas daninhas. Entretanto, há redução dos níveis de matéria orgânica e maior risco de erosão, principalmente em solos arenosos.

No plantio direto, existe uma alta dependência de herbicidas no controle de plantas daninhas. Não há incorporação de corretivos, sendo um sistema pouco recomendado para solos de baixa drenagem.

Quando bem manejado com práticas de rotação, o sistema de plantio direto pode trazer benefícios principalmente durante o cultivo do milho safrinha. Isso porque este sistema pode auxiliar no aumento do conteúdo de água disponível para a cultura e reduzir as perdas por evaporação.

Conclusão

Nesse texto você conferiu as recomendações sobre o preparo do solo para plantio de milho.

Você viu como as características e propriedades dos solos podem interferir nos sistemas de preparo. 

É importante conhecer a textura e estrutura do solo na tomada de decisão de práticas adequadas de manejo.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre o como está o manejo do seu solo e acertar no preparo para seu próximo plantio!

>> Leia mais:

“O que esperar do milho safrinha em 2021?”

“Tipos de grãos de milho: tudo o que você precisa saber para fazer a escolha certeira”

Qual é sua maior dificuldade no preparo do solo para plantio de milho? Você está usando as técnicas adequadas? Adoraria ler seu comentário!

O que você precisa saber sobre melhoramento genético do milho

Melhoramento genético do milho: entenda as diferenças entre variedades e híbridos, novas tecnologias e mais!

Na hora de escolher as sementes, é comum se deparar com uma diversidade de materiais e tecnologias. E muitas vezes não dá para saber as diferenças entre eles!

Mas entender como usar essas tecnologias para suprir suas necessidades impacta muito a produtividade.

Você conhece a diferença entre os híbridos de milho disponíveis? Sabe o que os transgênicos possuem para serem resistentes a insetos e tolerantes aos herbicidas? Confira essas e outras informações sobre melhoramento genético do milho a seguir!

Histórico do melhoramento genético do milho

O melhoramento genético do milho no Brasil teve destaque em 1939, com o primeiro híbrido duplo desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas. Ele possibilitava o dobro de produção em comparação com as variedades da época.

A partir desse evento, empresas começaram a investir em pesquisas genéticas para criarem novos híbridos com melhor desempenho em campo.

Já no início do século 21, os milhos transgênicos foram liberados no Brasil. Desde então, a cada ano vão surgindo novos materiais visando altas produtividades, resistentes a pragas e a herbicidas, por exemplo, e possibilitando o cultivo da safra ou safrinha.

Isso aumentou o leque de opções de sementes de milho no mercado, dificultando muitas vezes saber qual o melhor híbrido utilizar.

ilustração de Teosinto ancestral do milho e do milho moderno

Teosinto ancestral do milho 
(Fonte: CIB)

Milho: variedades e híbridos

Variedades

Uma variedade consiste em plantas com características genéticas iguais, que são obtidas com polinização aberta. 

Plantas de milho provenientes de variedade tendem a produzir menos que os híbridos. Além disso, as sementes têm menor custo por possuírem menos tecnologia. 

Por esse motivo, as variedades são comumente utilizadas por pequenos produtores com pouco investimento em sua propriedade.

Se necessita produzir sua semente para uso pessoal, exclusivamente na próxima safra, deve utilizar milho variedade. 

Contudo, lembre-se de seguir a legislação e que a qualidade da semente não é a mesma que sementes certificadas!

banner ebook manejo do milho

Híbridos

Os híbridos são resultantes de cruzamentos realizados por melhoristas, utilizando pais com caracteres hereditários diferentes. Podem ser produzidos híbridos simples, duplos e triplos.

Os híbridos são indicados de acordo com a tecnologia que você utiliza em sua propriedade.

Híbrido simples

O melhoramento genético do milho de híbrido simples é por cruzamento entre duas linhagens puras. 

Por serem linhagens endogâmicas, a produção de sementes é baixa. Com isso, têm alto valor de mercado.

Caso você seja um produtor que gosta de investir em altas tecnologias, essa pode ser uma ótima opção!

Dos híbridos, os simples são potencialmente mais produtivos, com plantas e espigas mais uniformes.

Híbrido duplo

É obtido pelo cruzamento de dois híbridos simples, ou seja, quatro linhagens puras.

Considerando o início do melhoramento genético na obtenção das linhagens, são necessários dois anos para se ter sementes de milho de híbrido duplo.

No primeiro ano, cruzam-se duas as linhagens puras (A x B) e (C x D), que darão origem às sementes básicas para, no próximo ano, obter o híbrido duplo.

Não são muito produtivos como os híbridos simples e triplos, porém, são amplamente utilizados pelo baixo preço em comparação com esses dois híbridos.

Se você não deseja ter um custo elevado em sementes, essa pode ser uma ótima opção!

Híbrido triplo

O cruzamento de um híbrido simples com uma terceira linhagem pura resulta em híbrido triplo. 

A produtividade do híbrido triplo é menor que do simples e maior a do duplo.

Apresentam boa uniformidade de plantas e são indicados para áreas que possuem de média a alta tecnologia.

Esquema de obtenção de híbridos simples, duplos e triplos

Esquema de obtenção de híbridos simples, duplos e triplos
(Fonte: adaptado de Geagra)

Biotecnologia: transgenia do milho

O melhoramento genético do milho, há alguns anos, abriu novas portas com início da comercialização de cultivares de milho transgênicos.

A transgenia é um processo no qual os melhoristas alteram o material genético de uma espécie, introduzindo um ou mais genes específicos de outras espécies.

Em milho, em alguns híbridos e variedades de alto potencial produtivo foram inseridos genes específicos de resistência a herbicidas e insetos.

Milhos transgênicos tolerantes aos herbicidas

O Milho RR possui no seu material genético um segmento de DNA da bactéria Agrobacterium spp, que confere às plantas de milho a tolerância ao herbicida glifosato.

Com o novo gene (cp4 epsps), a enzima produzida pela planta é insensível ao herbicida, de modo que a produção dos aminoácidos aromáticos na rota do ácido chiquímico será normal e a planta não será afetada. 

Rota de ação do glifosato em plantas convencionais e transgênicas

Rota de ação do glifosato em plantas convencionais e transgênicas
(Fonte: Pioneer)

Milho com tecnologia LibertyLink® possui tolerância ao glufosinato de amônio devido à inserção do gene pat, que expressa uma enzima responsável por catalisar a conversão do glufosinato em um produto não tóxico.

A tecnologia Enlist® confere às plantas tolerância aos herbicidas 2,4 D, glufosinato de amônio e glifosato devido à inserção de genes cp4 epsps (glifosato), pat (glufosinato) e aad-12 (2,4D).

Fique sempre atento ao utilizar soja RR seguida por milho RR. Nesses casos, um bom manejo é essencial para que o milho tiguera não prejudique a cultura posterior.

Milhos transgênicos resistentes aos insetos

A primeira tecnologia a surgir nesse segmento foram os milhos Bt, no qual as plantas possuem em seu DNA a delta-endotoxinas (proteínas Cry) da bactéria Bacillus thurigiensis.

Essas proteínas possuem propriedades inseticidas específicas que atacam o sistema digestório de lepidópteros.

No mercado há cultivares que têm maior espectro no controle devido às sementes possuírem em seu material genético mais de uma proteína Cry como:

  • Yield Gard® proteína Cry1Ab que confere resistência às brocas (Ostrinia nubilalis e Sesamia nonagrioides);
  • YieldGard VTPro® proteínas Cry1A.105 e Cry2Ab2 resistente a lagarta-do-cartucho, lagarta-da-espiga e broca do colmo;
  • Leptra® proteínas Cry1Ab, Cry1F e Vip3Aa20, com controle de lagarta-do-cartucho, lagarta elasmo, lagarta eridania, lagarta-da-espiga e lagarta-rosca.

Milhos transgênicos tolerantes a herbicidas e resistentes aos insetos

Com avanço tecnológico, pesquisadores de melhoramento genético foram desenvolvendo novos cultivares transgênicos com presença de genes tolerantes a herbicidas e resistentes a pragas. Veja alguns a seguir:

  • PowercoreTM resistência ao glifosato, ao glufosinato de amônio, broca do colmo e lagartas do cartucho, da espiga, elasmo, rosca e das vagens.
  • Viptera – resistência ao glifosato e lagartas do cartucho, da espiga, rosca e elasmo.
  • VT PRO3 – resistência ao glifosato, broca do colmo e lagartas do cartucho, da espiga e elasmo.

Observe na figura abaixo os eventos transgênicos utilizados na safra 2019/2020 e a porcentagem de uso:

tabela com eventos transgênicos utilizados na safra 2019/2020 e a porcentagem de uso

(Fonte: Embrapa)

Com uso de milhos transgênicos você tem vantagens como:

Como principais des desvantagens podemos citar:

  • alto custo das sementes;
  • pouca variabilidade genética, que se não manejada adequadamente pode ocorrer perda do melhoramento;
  • tempo de desenvolvimento de novos materiais;

Observe as principais pragas e plantas daninhas em sua área e escolha o material que mais se adeque à sua região e necessidades!

Melhoramento genético do milho: saiba como manter essa tecnologia viável

As boas práticas agrícolas devem ser realizadas em todas as culturas, independentemente do uso de híbridos ou variedades transgênicos.

Você deve realizar os manejos recomendados para prolongar a eficácia e durabilidade das tecnologias desenvolvidas.

Para isso, faça sempre o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e Manejo de Resistência de Insetos (MRI)! 

Conclusão

Neste artigo você viu os tipos de melhoramento genético existentes para a cultura do milho.

Acompanhou como ocorrem os cruzamentos para obtenção de híbridos e a diferença entre híbridos simples, duplos e triplos.

Além disso, conferiu as principais transgenias inseridas nas cultivares de milho e modos de atuação.  

Vale lembrar que, com o avanço tecnológico, os melhoristas sempre obterão novos materiais para o campo com cada vez mais tecnologia! É importante estar atento às novidades.

>> Leia mais:

Entenda a biotecnologia na agricultura e confira as novidades que vêm por aí

Quais tecnologias do melhoramento genético do milho você considera mais importante? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Entenda a importância da área de refúgio na lavoura

Área de refúgio: saiba como adotar em sua fazenda e tire também suas dúvidas sobre a tecnologia Bt

As pragas agrícolas são um dos principais limitantes produtivos da lavoura, podendo causar perdas de até 40% na produtividade.

Nas últimas décadas, a tecnologia Bt deu uma grande reviravolta no combate “pragas x  culturas agrícolas”. Mas essa tecnologia corre risco.

Atualmente, 86% das áreas plantadas com grãos e cereais correspondem a culturas já comercializadas com a tecnologia Bt e requerem o plantio de áreas de refúgio por lei. E negligenciá-las pode custar caro no futuro.

Entenda neste artigo a importância da área de refúgio, a tecnologia Bt e como preservar essa importante “arma” no combate às pragas!

O que são áreas de refúgio?

A área de refúgio nada mais é que uma área do talhão, cultivado com culturas com tecnologia Bt, semeada com sementes convencionais. Elas devem ser localizadas a uma distância máxima de 800 metros da lavoura com tecnologia Bt.

Essas áreas garantem que as pragas resistentes que surjam na lavoura Bt possam cruzar com os insetos suscetíveis às proteínas, gerando uma nova geração sem indivíduos resistentes.

É importante ter em mente que, nos primeiros anos da adoção das plantas Bt, o controle das pragas é eficiente. 

Mas, conforme as safras passam, a eficiência do controle diminui exatamente pelo rápido aparecimento de insetos resistentes.

O uso de cultivares convencionais de ciclo parecido com as melhoradas geneticamente é importante também. Isso garante que as pragas estarão presentes nas duas áreas ao mesmo tempo.

O uso das áreas de refúgio é essencial para manter a eficiência e os benefícios da tecnologia Bt.

O importante é sempre distribuir as áreas de refúgio de maneira uniforme, sendo em faixas, bordaduras ou blocos, permitindo que as pragas das duas áreas se encontrem e cruzem entre si.

ilustração com diferentes modelos para adoção da área de refúgio na fazenda

Diferentes modelos para adoção da área de refúgio na fazenda
(Fonte: Corteva)

É importante saber que o percentual da área de refúgio muda entre as espécies. O indicado é manter em 10% para o milho e 20% para a soja, algodão e cana.

Quanto ao manejo da área de refúgio, deve ser realizado de forma semelhante ao restante da lavoura (exceto pelo uso das sementes Bt), evitando o uso excessivo de aplicações de inseticidas, a fim de garantir o cruzamento dos insetos resistentes com os vulneráveis.

A seguir, vou explicar a evolução das plantas com tecnologia Bt e a resistência das pragas agrícolas a ela.

O que é a tecnologia Bt?

O termo Bt se refere ao nome científico da bactéria Bacillus thuringiensis, que é um microrganismo encontrado naturalmente no solo. 

Essa bactéria produz cristais de proteína que apresentam propriedades tóxicas a muitos insetos agrícolas, principalmente a lagartas (lepidópteros), moscas (dípteros) e besouros (coleópteros).

São conhecidos cerca de 70 grupos dessas toxinas, que são classificadas como “Cry, Vip ou Cyt” e que, após serem isoladas e manipuladas geneticamente, são introduzidas ao DNA das plantas de interesse econômico (como a soja ou o milho).

tabela com proteínas Bt disponíveis no mercado para milho, algodão e soja.

(Fonte: Corteva)

Essas toxinas têm um alto grau de especificidade com as pragas alvo. Isso quer dizer que apresentam um baixo dano ambiental aos demais insetos benéficos à lavoura e ao ambiente.

As proteínas Bt que estão presentes nas plantas melhoradas geneticamente precisam ser ingeridas pelos insetos para que entrem em ação. 

Depois de ingerida, a proteína entra em contato com o sistema digestório do inseto (que apresenta pH alcalino) e são quebradas por enzimas. Só então as toxinas entram em ação, matando os insetos alvo.

Os benefícios dessa tecnologia são enormes, porém, para continuar ganhando a batalha contra as pragas, as plantas Bt precisam de um manejo cuidadoso e atento.

Quais os riscos de não se adotar a área de refúgio na fazenda?

Como eu disse, à medida em que as plantas foram sendo melhoradas geneticamente, as pragas também foram evoluindo para esse combate. E isso continua acontecendo.

As pragas podem se adaptar à tecnologia Bt, tornando-a ineficaz e neutralizando mais uma das “armas” nessa batalha.

Outro problema é que o ritmo de surgimento de novos eventos Bt é lento, demanda anos e anos de pesquisa. 

Por outro lado, a resistência das pragas pode ocorrer em algumas safras.

Então, como para desenvolver a tecnologia é trabalhoso e demorado (mas para as pragas acabarem com ela é rápido), é preciso ajudar a tecnologia Bt para que ela se preserve por mais tempo.

Deste modo, é importante focar em boas práticas como um bom programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e, principalmente, no manejo de resistência de insetos.

Para isso, é necessário ficar atento ao mecanismo de ação dos inseticidas, não fazendo aplicação de inseticidas formulados à base de Bt. Também é preciso realizar a rotação ao longo das safras, impedindo que surjam insetos resistentes.

Outra prática importante do MIP é realizar um monitoramento rígido das pragas junto com a rotação de culturas.

Entre as práticas, é importante também:

O que é o refúgio no saco?

Além da área de refúgio tradicional, há o refúgio no saco. É uma técnica utilizada por empresas, em alguns estados dos EUA, para garantir a utilização do refúgio pelos produtores.

Essa técnica consiste basicamente em adicionar uma porcentagem de sementes convencionais no saco com sementes melhoradas geneticamente (tecnologia Bt).

Contudo, não foi adotada no Brasil e foi banida de algumas regiões dos EUA por motivos técnicos e burocráticos. 

Os motivos técnicos se referem principalmente à eficácia da técnica de refúgio no saco ou RIB em inglês (Refuge in a bag). 

As pesquisas ainda mostram resultados muito contrastantes sobre o refúgio no saco realmente precaver o surgimento de pragas resistentes em longo prazo.

Isso se deve principalmente pela mobilidade das pragas. Insetos que têm o hábito de se deslocar entre plantas apresentam um alto risco para o surgimento de indivíduos resistentes.

E esse tipo de praga é ainda mais comum entre as plantas de soja e algodão, o que inviabiliza, em longo prazo, o uso da técnica de refúgio no saco para essas culturas.

No caso do milho e do algodão, que apresentam em maior ou menor grau polinização cruzada, existe mais um problema. O material genético das plantas Bt podem “infectar” as plantas convencionais, o que pode acelerar o surgimento de pragas resistentes.

Já os problemas burocráticos se devem a como seria fixado um valor ao saco, já que uma quantidade de sementes ali não apresenta a tecnologia Bt, e como seria feita a diferenciação das sementes, já que é uma norma presente na legislação brasileira.

Resumindo, a técnica do refúgio no saco, apesar de ter potencial, ainda apresenta alguns entraves técnicos e burocráticos, que só devem ser solucionados pela ciência no futuro. 

Então a maneira legal e mais eficaz ainda é adotar uma área específica para o refúgio!

Conclusão

A tecnologia Bt é uma poderosa arma no combate às pragas, mas, sozinha, tem prazo de validade.

Principalmente na soja, o número de eventos Bt é limitado ainda, e um possível abandono das práticas de MIP e a não adoção da área de refúgio podem matar a tecnologia ainda no início.

Já vimos esse problema acontecer com as lavouras de milho. As sementes Bt foram ganhando cada vez mais pragas resistentes e perdendo sua eficácia. Por essa razão é que devemos adotar o plantio da área de refúgio.

A área de refúgio ajuda a garantir o futuro das nossas lavouras e as altas produtividades do agronegócio brasileiro! 

Restou alguma dúvida sobre a área de refúgio? Como você faz hoje em sua propriedade? Deixe seu comentário!

Como e por que usar Azospirillum no milho

Azospirillum no milho: Conheça os benefícios dessa bactéria para a cultura e as dicas de como utilizá-la em sua lavoura.

Com certeza você já escutou falar sobre a fixação biológica de nitrogênio. E, provavelmente, a primeira associação que veio à sua cabeça foi a da soja com a bactéria do gênero Rhizobium

Mas não é só na cultura da soja que isso pode acontecer! Você sabia que o milho também se beneficia da associação com bactérias?

Neste artigo vamos falar sobre a associação de bactérias do gênero Azospirillum no milho, quais os benefícios e como utilizá-la. Confira a seguir!

Qual o papel da Azospirillum brasilense na cultura do milho?

A bactéria do gênero Azospirillum faz parte das bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP).

As BPCP são microrganismos benéficos às plantas, pois colonizam a superfície das raízes, rizosfera, filosfera e tecidos internos das plantas.

Assim, as BPCPs são capazes de estimular o crescimento das plantas devido a alguns fatores como:

  • fixação biológica de nitrogênio;
  • aumento na atividade da redutase do nitrato;
  • produção de hormônios;
  • solubilização de fosfato e;
  • por atuarem como agente de controle biológico de patógenos.
Efeito da inoculação de milho com as estirpes Ab-V5 e Ab-V6 de Azospirillum brasilense no crescimento radicular

Efeito da inoculação de milho com as estirpes Ab-V5 e Ab-V6 de Azospirillum brasilense no crescimento radicular, coloração verde e altura das plantas em ensaios conduzidos a campo 
(Fonte: Hungria et al. (2011))

Essas bactérias, que são capazes de fixar nitrogênio, associam-se com várias plantas e possuem a capacidade de quebrar a ligação tripla entre os dois átomos de nitrogênio por meio de uma enzima chamada de dinitrogenase.

Deste modo, conseguem reduzir o nitrato para amônia e, assim, as plantas conseguem utilizá-lo. 

Entretanto, bactérias do gênero Azospirillum são consideradas associativas e excretam apenas uma parte do nitrogênio fixado diretamente para a planta associada. Portanto, suprirá parcialmente as necessidades das plantas em nitrogênio.

Aspecto da parcela com milho inoculado

Aspecto da parcela com milho inoculado com Azospirillum e recebendo apenas 24 kg N/ha na semeadura, em ensaio conduzido na safra 2009/10 na Embrapa Soja, Londrina, PR. 
(Fonte: Hungria et al. (2011))

O uso de inoculantes com Azospirillum no milho, portanto, visa reduzir a necessidade de adubação nitrogenada e melhorar a produtividade de grãos. 

Mas isso também vai depender do híbrido utilizado, de condições edafoclimáticas e do manejo adequado, como vou explicar melhor a seguir.

Quais os benefícios da bactéria no milho?

A associação das bactérias com as raízes de gramíneas incluem vários benefícios e vantagens.

Estes benefícios ocorrem devido ao maior desenvolvimento das raízes, que acabam aumentando a absorção da água e minerais.

Através da produção de hormônios vegetais ocorre um estímulo ao desenvolvimento do sistema radicular. 

Assim, com maior volume, comprimento, massa e superfície de raízes, as plantas conseguem explorar melhor o solo, absorvendo mais nutrientes.

Dentre os principais benefícios podemos citar:

  • aumento relativo de massa seca;
  • acúmulo de nutrientes;
  • aumento de produtividade;
  • estímulo do crescimento da planta;
  • síntese de hormônios (ácido indol-acético (AIA), giberelinas e citocininas);
  • melhoria do fornecimento de nitrogênio para a cultura do milho;
  • maior tolerância a estresses (salinidade e seca);
  • maior tolerância a agentes patogênicos de plantas.

Além dos benefícios citados acima, há relatos na literatura de melhora nos parâmetros fotossintéticos das folhas como:

  • maior teor de clorofila;
  • maior condutância estomática;
  • teor maior de prolina na parte aérea e raízes;
  • melhoria no potencial hídrico;
  • incremento no teor de água do apoplasto;
  • maior elasticidade da parede celular;
  • produção maior de biomassa;
  • maior altura de plantas;
  • incremento em pigmentos fotossintéticos (clorofila a, b, e pigmentos fotoprotetores auxiliares, como violaxantina, zeaxantina, ateroxantina, luteína, neoxantina e beta-caroteno);

Além, é claro, da maior produção de raízes, maior altura de plantas e coloração mais verde pelo maior teor de clorofila.

Fatores que afetam a atividade de Azospirillum brasilense no solo

Alguns fatores podem afetar a atividade das bactérias no solo, entre eles podemos citar:

  • pH;
  • umidade;
  • temperatura;
  • disponibilidade de fontes de carbono.

Como vemos, para que as bactérias consigam ter um bom desempenho é preciso que façamos um correto manejo da fertilidade do solo.

Assim, é fundamental fazer a correção de acidez com calcário para elevar o pH e neutralizar alumínio, realizar a rotação de culturas e adotar o sistema de plantio direto.

A palha do sistema de plantio direto, por exemplo, aumenta a retenção de umidade no solo, reduz a amplitude térmica e aumenta o carbono orgânico.

Azospirillum no milho: como fica a produtividade

Vamos ver agora alguns trabalhos que mostram as vantagens no uso de Azospirillum brasilense para produtividade de milho.

Na tabela abaixo você pode ver o efeito da inoculação com estirpes de Azospirillum brasilense e Azospirillum lipoferum no rendimento (kg de grãos ha-1) de milho.

tabela com efeito da inoculação com estirpes de Azospirillum brasilense e Azospirillum lipoferum

(Fonte: Hungria et al. (2011))

A figura abaixo mostra os teores de nitrogênio nas folhas e nos grãos de milho.

teores de nitrogênio nas folhas e nos grãos de milho

(Fonte: Hungria et al. (2011))

No trabalho acima, os autores mostraram que a inoculação com a aplicação de 24 kg/ha de nitrogênio na semeadura do milho resultou em rendimentos de 3.400 kg/ha. 

Já com o adicional de 30 kg/ha no florescimento do milho, foi possível atingir rendimentos de 7.000 kg/ha com a inoculação.

Baixe aqui a planilha gratuita para estimar sua produtividade de milho!

Cuidados com a compra do inoculante contendo Azospirillum

Quando compramos um inoculante deste tipo precisamos ter alguns cuidados diferenciados. Aqui você pode ver alguns deles:

  • Verifique se o produto apresenta o número de registro no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento);
  • Verifique o prazo de validade do inoculante;
  • Certifique-se que o produto esteve conservado em condições adequadas de umidade e temperatura (máximo 30℃);
  • Conserve o inoculante em local protegido do sol e arejado até a utilização;
  • De acordo com a legislação, inoculantes à base de Azospirillum devem ter concentração mínima de 108 células/g ou mL de inoculante.

Como deve ser feita a inoculação das sementes com Azospirillum

A inoculação das sementes requer alguns cuidados. Separei abaixo alguns itens que você deve se atentar:

  • A distribuição do inoculante líquido nas sementes deve ser uniforme;
  • Sempre verifique a temperatura na hora da semeadura, checando também a temperatura no depósito de sementes da máquina;
  • Evite deixar as sementes expostas ao sol;
  • A inoculação diretamente na caixa semeadora dificulta a cobertura uniforme das sementes;
  • Caso o depósito de sementes na máquina esteja com temperatura superior a 35℃, você precisará parar para resfriar a caixa;
  • Após a inoculação, você deverá semear imediatamente ou, no máximo, dentro de 24 horas;
  • No caso de sementes tratadas com fungicida, inseticidas e/ou micronutrientes, o inoculante deve ser colocado por último.

Você pode usar o Azospirillum brasilense de diversas formas, entre elas estão:

  • inoculação de sementes;
  • sulco de semeadura;
  • pulverizações.

É muito importante aproximar a semente do milho à bactéria, por isso o uso no sulco de semeadura é uma boa opção.

Conclusão

Neste artigo vimos a importância das bactérias do gênero Azospirillum no milho.

Mostramos quais os benefícios e dicas de como utilizar na sua lavoura para auxiliar na fixação biológica de nitrogênio. 

Além disso, citamos técnicas importantes que precisam ser seguidas se você deseja utilizar essa tecnologia.

>>Leia mais:

Plantio de milho: como garantir a alta produção

O que caracteriza sementes piratas e como fugir disso

Como fazer o armazenamento de sementes de soja e assegurar germinação

Você usa Azospirillum no milho? Quais foram seus resultados? Adoraria ler seu comentário abaixo!

Entenda como fazer o manejo de Amaranthus hybridus (Caruru)

Manejo de Amaranthus hybridus: Como usar os herbicidas em soja e milho para controlar essa planta daninha.

As espécies de carurus estão presentes em diversas culturas, causando prejuízos quantitativos e qualitativos.

Sempre escutamos que o ideal é realizar o manejo integrado de plantas daninhas e, principalmente, rotacionar os mecanismos de ação dos herbicidas.

Mas essa tarefa nem sempre é das mais fáceis, não é mesmo?

Por isso, no texto de hoje vou mostrar as opções de herbicidas que temos para o manejo de umas das principais espécies de carurus: o Amaranthus hybridus.

Herbicidas registrados para o manejo de Amaranthus hybridus

Temos vários produtos registrados para controlar o A. hybridus. Na tabela abaixo eu os separei para você de acordo com o mecanismo de ação. Veja:

Herbicidas registrados para o manejo de Amaranthus hybridus

Como você pôde observar pela tabela, temos várias opções para manejo do Amaranthus hybridus, com 9 diferentes tipos de mecanismos de ação.

A escolha do herbicida vai depender, primeiramente, de qual cultura você vai semear.

Assim, vamos ver o posicionamento dos herbicidas de acordo com as culturas da soja e do milho.

manejo de Amaranthus hybridus

Caruru (Amaranthus hybridus var. patulus) e caruru-roxo (Amaranthus hybridus var. paniculatus)
(Fonte: Arquivo da autora)

Manejo de Amaranthus hybridus em soja

Para a soja, os herbicidas registrados são: 

  • 2,4-D
  • clomazone
  • clorimurom
  • dicamba
  • fomesafen
  • glifosato
  • lactofen
  • fomesafen
  • trifluralina
  • sulfentrazone
  • s-metolachlor
  • metribuzin
  • imazamox
  • glufosinato
  • imazetapir

Alguns herbicidas não são seletivos para a soja, por isso, são muito utilizados na dessecação pré-plantio e no manejo das plantas daninhas durante a entressafra

Antes do plantio, os herbicidas utilizados na dessecação incluem o glifosato, o 2,4-D e o glufosinato. 

Fazendo a dessecação e plantando no “limpo”, você já estará dando vantagem competitiva para a soja e desfavorecendo as plantas daninhas.

Vamos entender agora como posicionar alguns herbicidas em pré-emergência.

caruru-roxo

Caruru-roxo (Amaranthus hybridus var. paniculatus)
(Fonte: Arquivo da autora)

Herbicidas pré-emergentes para manejo de Amaranthus hybridus em soja

Sulfentrazone

Quando aplicar: em soja, o sulfentrazone é aplicado em pós-plantio (antes da emergência da soja), em pré-emergência das plantas daninhas. 

Dose: para solos médios e leves a recomendação é de 0,8 L/ha para o controle de A. hybridus.

S-metolachlor 

Quando aplicar: pré-emergência das plantas daninhas, podendo ser aplicado até o estádio de palito de fósforo (com cotilédones fechados).

Dose: 1,5 a 2,0 L/ha.

Trifluralina 

Quando aplicar: pré-emergência ou pré-plantio incorporado.

Dose: em pré-emergência usar de 3,0 a 4,0 L/ha em solo médio e pesado. A maior dose é utilizada em solos com teor de matéria orgânica acima de 5% (Premerlin 600 CE).

Em pré-plantio incorporado, quando a incorporação for normal (10 a 12 cm), usar de 0,9 a 1,2 L/ha em solo leve; 1,2 a 1,5 L/ha em solo médio e 1,5 a 1,8 L/ha em solo pesado  (Premerlin 600 CE).

Já em incorporação superficial (2,0 cm), usar 1,5 a 2,0 L/ha em solo médio e pesado  (Premerlin 600 CE).

Clomazone

Quando aplicar: pode ser usado no sistema plante-aplique. 

Dose: 1,6 L/ha para o manejo de A. hybridus (Gamit).

Lembrando que não é recomendado aplicar clomazone a menos de 800 metros de lavouras de milho, girassol, hortas, pomares, viveiros, casa de vegetação, videiras, jardins e arvoredos.

manejo de Amaranthus hybridus

Caruru-roxo (Amaranthus hybridus var. paniculatus)

Manejo de Amaranthus hybridus em milho

Para o milho, os herbicidas registrados são: 

  • 2,4-D
  • atrazina
  • mesotrione
  • nicosulfuron
  • glifosato
  • glufosinato
  • s-metolachlor
  • trifluralina

Controle de Amaranthus hybridus em milho com herbicidas em pré-emergência

Atrazina

Quando aplicar: pré-emergência ou pós-emergência precoce. 

Dose: em pós-semeadura usar 3,0 L/ha em solo leve, 5,0 L/ha em solo médio e 6,5 L/ha em solo pesado (Atrazina Nortox 500 SC).

Temos vários produtos registrados, consulte a bula para ver a dose recomendada.

Em geral, pode ser aplicado no sistema 3 em 1, no qual em uma operação se aduba, planta e aplica o herbicida.

S-metolachlor

Quando aplicar: aplicar em pré-emergência da cultura e das plantas daninhas. 

Dose: 1,5 a 1,75 L/ha. 

Pode ser aplicado até na fase de charuto do milho, mas sempre em pré-emergência das plantas daninhas.

Trifluralina

Quando aplicar: pré-emergência.

Dose: para os Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná, usar 3 L/ha em solo leve, 3,5 a 4,0 L/ha em solo médio e 4 L/ha em solo pesado. Semear o milho na profundidade mínima de 5 cm e aplicar em pós-plantio (Premerlin 600 CE).

lavoura de milho com pulverizador

(Fonte: Christoffoleti et al., 2015)

Controle de Amaranthus hybridus em milho com herbicidas em pós-emergência

Nicosulfuron

Já foi muito utilizado no manejo de plantas daninhas no milho, mas o produtor deve possuir alguns conhecimentos prévios para não prejudicar o cultivo.

Quando aplicar: deve ser aplicado na pós-emergência do milho, quando as plantas estiverem com 2 a 6 folhas.

Dose: 1,25 a 1,5 L/ha. A menor dose para plantas daninhas com 2 a 4 folhas e a maior dose para plantas daninhas com 4 a 6 folhas.

No momento da aplicação o milho deverá estar com 2 a 6 folhas (10 cm a 25 cm de altura).

Os híbridos de milho apresentam diferentes padrões de sensibilidade ao nicosulfuron. Assim, é necessário pesquisar sobre a suscetibilidade do híbrido escolhido antes de aplicá-lo.

Além disso, este herbicida não deve ser misturado com inseticidas organo fosforados ou ao 2,4-D. 

Caso ocorra aplicação destes produtos na área ou adubação nitrogenada em cobertura, deve-se respeitar um período mínimo de 7 dias para aplicar o nicosulfuron.

Mesotrione

Alternativa para controle de folhas largas no milho.

Quando aplicar: aplicar de 2 a 3 semanas após semeadura do milho, sobre plantas daninhas em pós-emergência precoce (2 a 4 folhas).

Dose: 0,3 a 0,4 L/ha para o controle de A. hybridus com 2 a 4 folhas.

Lembrando que herbicidas utilizados em pós-emergência geralmente necessitam a adição de adjuvante. Por isso sempre leia a bula com cuidado para verificar qual adjuvante e dose são necessários.

Casos de resistência no Brasil e no mundo

Hoje no Brasil temos casos de Amaranthus hybridus, Amaranthus palmeri, Amaranthus retroflexus e Amaranthus viridis resistentes a herbicidas.

No caso do A. hybridus, o caso de resistência foi relatado no ano de 2018 aos herbicidas chlorimuron e glifosato.

É um caso de resistência múltipla, pois o biótipo de planta daninha é resistente a dois herbicidas de diferentes mecanismos de ação.

No mundo, são 32 relatos de biótipos A. hybridus resistente a herbicidas. 

Entre os países com casos relatados estão: Argentina, Bolívia, Brasil, EUA, Canadá, França, Israel, Itália, Espanha, África do Sul e Suíça.

Na Argentina, por exemplo, são 5 casos relatados de biótipos de A. hybridus resistentes a herbicidas, dos quais temos:

  • chlorimuron e imazethapyr (1996);
  • glifosato (2013);
  • glifosato e imazethapyr (2014);
  • 2,4-D, dicamba e glifosato (2016);
  • 2,4-D e dicamba (2016).

Conclusão

Temos muitas opções para fazer o manejo de Amaranthus hybridus, seja em pré ou pós-emergência.

Neste texto, você pôde ver o posicionamento de alguns herbicidas para manejar essa planta daninha na cultura da soja e do milho. 

Lembrando que o uso de herbicida é uma ferramenta complementar aos outros manejos que devemos praticar em nossas lavouras.

>> Leia mais: 

Entendendo o herbicida sistêmico e dicas para a eficiência máxima na lavoura

Os 5 melhores aplicativos de identificação de plantas daninhas

Ainda tem dúvidas sobre o manejo de Amaranthus hybridus? Tem outras plantas daninhas causando problemas em sua lavoura? Baixe gratuitamente aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas!

Como escolher as variedades de milho mais produtivas para sua lavoura

Variedades de milho mais produtivas: como fazer a escolha certeira da semente para grãos, milho verde ou outros interesses da cultura.

No mercado existem diversas variedades e híbridos de milho, com infinitas características fenotípicas e adaptativas. Mas nem sempre o que vai bem em uma região dará certo na sua lavoura.

É preciso saber escolher uma semente com alta taxa produtiva, que possua características de interesse dentro do seu sistema produtivo!

Por isso, preparei um roteiro com perguntas que você deve se fazer para eleger o híbrido ou as variedades de milho mais produtivas para sua realidade. Confira!

Variedades de milho mais produtivas: o que saber antes de pesquisar sua semente

Antes de pesquisar possíveis sementes de milho para compra, é muito importante que você tenha em mente certas informações…

Primeiro, como essa cultura vai se enquadrar em seu sistema produtivo? O milho será cultivado no verão? Será cultivado na segunda safra? Estará em consórcio com alguma outra cultura?

Isso vai dizer muito sobre quais características buscar no híbrido ou variedade!

Depois de determinar qual período do ano seu milho estará no campo, pense em quais problemas podem ocorrer a partir daí.

Quais pragas têm maior ocorrência? Quais doenças têm maior incidência? E quais plantas daninhas estão presentes em sua área e deverão ser controladas neste período? 

Além disso, preste muita atenção ao histórico climático durante o período. 

Já ocorreram veranicos nessa época? Eles podem coincidir com qual estádio da cultura?

Para facilitar a organização destas perguntas e te ajudar a escolher as variedades de milho mais produtivas para sua lavoura, separamos os tópicos mais importantes a seguir.

variedades de milho mais produtivas

Lavoura de milho afetada por ventos fortes
(Fonte: Canal Rural)

Variedades de milho mais produtivas: aptidão da variedade ou híbrido utilizado

Atualmente, as principais aptidões que as variedades/híbridos de milho podem apresentar são:

  • grãos;
  • silagem;
  • milho doce;
  • pipoca;
  • milho verde.

Dentro destas aptidões, as características de interesse da cultura podem variar.

Híbridos ou variedades de milho para grãos priorizam boa polinização e desenvolvimento de espiga.

Já híbridos ou variedades de milho mais produtivas para silagem priorizam desenvolvimento vegetativo e palatabilidade.

Cultivares de milho voltadas para produção de milho doce, além de palatabilidade, geralmente priorizam rusticidade e baixo investimento.

Agora os híbridos ou variedades para milho verde geralmente priorizam rusticidade e baixo investimento.

Há ainda os híbridos ou variedades utilizados para milho pipoca, que priorizam capacidade de expansão dos grãos (o que fará a pipoca estourar mais facilmente).

Colheita de milho para silagem

Colheita de milho para silagem
(Fonte: Compre Rural)

Planejamento no sistema produtivo

Milho primeira safra ou milho verão

Neste sistema, o milho está posicionado no melhor período climático para sua produção, podendo-se utilizar híbridos com ciclos maiores e mais produtivos.  

Mas este também é o período com maior desenvolvimento de plantas daninhas e pragas. Por isso, a escolha de híbridos com resistência a herbicidas e a insetos pode ser de grande valia. 

É importante lembrar que este período é muito utilizado para produção de híbridos de milho para silagem, que necessitam de maior desenvolvimento vegetativo.

Milho segunda safra ou safrinha

Milho segunda safra ou safrinha é muito utilizado para rotacionar milho com outros cultivos de verão, principalmente a cultura da soja

Neste sistema produtivo, geralmente, o principal ofensor é o clima, pois pode coincidir com períodos de déficit hídrico, geadas e ventos fortes. 

Desta forma, híbridos com ciclo curto têm sido uma excelente opção para este sistema. 

O que pode influenciar muito na escolha do material genético é o período de colheita da cultura anterior. Fique atento!

Mesmo que um híbrido de ciclo curto seja uma excelente opção para evitar problemas de final de ciclo, neste sistema, a planta tem menos tempo para se recuperar de danos no meio do ciclo. 

Por isso, escolha um híbrido com boa resistência a doenças e pragas (predominantes neste período). Além disso, priorize semear no limpo, tendo feito um bom controle de ervas daninhas na entressafra e na cultura anterior. 

Devido ao maior risco neste sistema de produção, recomenda-se que haja um escalonamento de semeadura de milho em suas diferentes áreas. 

Utilize híbridos mais resistentes para minimizar o risco e ser muito produtivo na média dos anos!

Milho consorciado com outras culturas

Atualmente o sistema de consórcio mais utilizado em nosso país é o milho safrinha com braquiária

Nesse sistema, além da escolha do híbrido, o produtor deve escolher uma boa variedade de braquiária. 

Quanto ao milho, é importante que ele seja mais rústico e com crescimento inicial rápido. 

Desde que a semeadura aconteça no limpo, não será necessário priorizar híbridos com resistência a herbicidas além do glifosato devido ao fechamento da entrelinha pela braquiária. 

Quanto à escolha da braquiária, é importante que ela tenha um crescimento inicial lento ou o sistema de semeadura retrase sua emergência. Assim, evita-se competição inicial com o milho.

Além disso, é muito importante que a braquiária seja suscetível ao glifosato para ser dessecada antes de produzir sementes. 

Outro fator muito importante na escolha da braquiária é o uso de sementes certificadas com baixo índice de impurezas. 

Uso de sementes contaminadas com sementes de plantas daninhas, por exemplo, pode trazer problemas muito grandes!

variedades de milho mais produtivas

Consórcio de milho com braquiária
(Fonte: Compre Rural)

Variedades mais resistentes a pragas, doenças e herbicidas

Resistência a pragas

Temos disponíveis no mercado as seguinte tecnologias para o controle de lagartas:

As tecnologias mais antigas, como Bt, possuem um número reduzido de proteínas que atuam no controle das lagartas. Assim, associado ao tempo de usos, há inúmeros casos de resistência. 

Por isso, se sua região possui uma incidência grande dessas pragas, dê preferência a tecnologias mais novas. Priorize as que possuem maior número de proteínas, abrangendo um maior complexo de lagartas. 

Além dos insetos, os híbridos ou variedades de milho possuem suscetibilidade diferencial a nematoides. Desta forma, em área com incidência desta praga, priorize sementes de milho que a tolerem mais.

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) atacando o milho

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) atacando o milho
(Fonte: Pioneer Sementes)

Os milhos podem ter diferentes graus de suscetibilidade aos seguinte nematoides:

  • Pratylenchus brachyurus;
  • Meloidogyne incognita;
  • Meloidogyne javanica.

Além das tecnologias de resistência a pragas, é importante saber identificar, conhecer o ciclo e o controle das pragas! Aqui no Blog do Aegro já falamos sobre as principais pragas de milho e sorgo. Confira!

Nematoide do milho

Meloidogyne incognita: Nematoide do milho
(Fonte: Aaas Journal)

Tolerância a doenças

Os híbridos e variedades também apresentam diferentes padrões de suscetibilidade às principais doenças do milho como:

  • Ferrugem comum;
  • Ferrugem polissora;
  • Mancha branca;
  • Mancha turcicum; 
  • Cercosporiose;
  • Enferamento.

Além do melhoramento para tolerância a doenças, é importante saber identificar, conhecer o ciclo e o controle das doenças. Saiba mais sobre as doenças na cultura do milho aqui!

variedades de milho mais produtivas

Cercosporiose do milho
(Fonte: Embrapa)

Resistência a herbicidas

  • Roundup Ready® → Resistência ao herbicida glifosato;
  • LibertyLink® → Resistência ao herbicida glufosinato de amônio;
  • Enlist® → Resistência aos herbicidas 2,4 D (em doses mais altas que milho convencional), haloxifope, glufosinato de amônio e glifosato. 

Além disso, os híbridos podem ter suscetibilidade diferencial aos resíduos de herbicida da cultura anterior ou herbicidas que podem ser usados na pós-emergência.

Já ocorreram muitos casos de injúrias ocasionadas no milho pelo herbicida nicosulfuron. 

Para alguns híbridos, esse produto é muito seletivo e não ocasiona danos à cultura. Já para outros, causa sérios danos no crescimento e folhas, diminuindo a produtividade e provocando deformações nas espigas. 

Por isso, se pretende usar este herbicida, cuidado na escolha do híbrido. Saiba como escolher o herbicida para milho mais adequado aqui!

Veja a semente escolhida no campo

A melhor forma de se assegurar de que fez a escolha certa é visitar uma lavoura no meio do ciclo do híbrido ou variedade escolhida.

Deste modo, você pode observar as características que mais lhe importam e consultar o produtor da área sobre sua experiência. 

O mais indicado é que esta área seja próxima à sua propriedade, pois haverá muitas características em comum!

Caso isso não seja possível, faça um pequeno teste em sua propriedade semeando a semente de milho escolhida em uma pequena área para ver seu desempenho!

planilha de planejamento da safra de milho

Conclusão

O milho é uma cultura muito importante e utilizada para diferentes finalidades como produção de grãos, silagem, pipoca, milho doce e milho verde. 

Além disso, pode ser inserido em diversos sistemas produtivos como cultura principal, cultura secundária ou em consórcio com outros cultivos. 

Aqui discutimos como escolher as variedades de milho mais produtivas para cada situação, considerando finalidade, sistema produtivo e características da lavoura.  

Desta forma, espero que você faça uma escolha segura e alcance todo potencial produtivo em sua área.

Quais informações você considera importante para escolher um híbrido ou variedades de milho mais produtivas? Ficou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Inoculante para milho silagem: por que usar e como escolher o melhor

Inoculante para milho silagem: vantagens da utilização, como aplicar e o que observar na hora de comprar.

Uma boa produção de silagem envolve três aspectos importantes: teor de matéria seca, de proteína bruta e teor de carboidratos.

E, apesar do milho ser considerado uma planta forrageira padrão, o processo de ensilamento pode ocasionar perdas acima de 20% na qualidade nutricional.

Com isso, o uso de inoculante para milho silagem pode se tornar uma alternativa interessante para o produtor. 

Saiba quando vale a pena usar esse aditivo e as dicas do que observar na hora de comprar o produto. Confira a seguir!

Qual o papel de um inoculante para milho silagem?

O inoculante é um aditivo à base de bactérias que auxilia no processo de fermentação da silagem, tornando esse processo mais rápido e eficiente.

Além disso, promove uma maior estabilidade da silagem após abertura do silo, podendo também atuar como agente antifúngico. 

Os inoculantes são preparados contendo estirpes bacterianas muito eficientes na fermentação láctica. Como exemplo podemos citar os lactobacillus buchneri, lactobacillus plantarum e enterococcus faecium.

Eles são responsáveis por aumentar as fermentações lácticas e provocar uma rápida acidificação do meio. Isso reduz as perdas e melhora a digestibilidade do milho silagem na alimentação do gado de leite.

A melhora da digestibilidade está associada à atuação dessas bactérias sob a celulose e a hemicelulose, o que aumenta a digestão da fibra no rúmen, garantindo mais energia

inoculante para milho silagem

Perdas no processo de silagem do milho podem passar de 20%, o que pode cair com uso de inoculantes
(Foto: Suino.com)

Inoculante para milho silagem: fases da ensilagem 

Já sabemos que silagem é uma maneira de conservação das forrageiras com o intuito de manter ao máximo o valor nutritivo verificado no momento da colheita.

Mas como ocorrem as fases da ensilagem?

1ª fase 

Enchimento até o fechamento do silo: ocorre picagem da planta inteira e posterior compactação.

Nesse momento ocorrerá a respiração até o esgotamento do oxigênio e modificação de estruturas devido às enzimas da planta. 

2ª fase

Início da fermentação: início da atividade dos micro-organismos, incluindo as bactérias produtoras de ácido láctico, o que conserva a silagem (pH até 4,5).

Nesta fase queremos que o pH caia mais rapidamente para diminuir a atividade de micro-organismos indesejáveis (clostrídios, clostrídios sacarolíticos e proteolíticos e coliformes fecais).

Desta maneira, utilizar inoculantes com bactérias eficientes formadoras de ácido láctico garante essa rápida queda e, portanto, maior qualidade da silagem

3ª fase

Fermentação: dizemos que chegamos no pH de estabilidade (menor que 4,5), onde temos predominantemente a atividade das bactérias lácticas. 

4ª fase

Abertura do silo: momento em que o material ensilado tem umas das faces em contato com o ar, facilitando a proliferação de fungos, leveduras e mofos. 

Por isso, a retirado do material ensilado deve ser feita como se estivesse cortando uma fatia de bolo perfeita com pelo menos 20 cm. 

Outra estratégia é a utilização de inoculantes para manter a estabilidade aeróbica da silagem, os quais contêm bactérias propiônicas. Por converter ácido lático em ácido propiônico, o qual tem propriedade fungistática, isso prolonga a qualidade da silagem.

Fases da ensilagem

Fases da ensilagem 
(Fonte: Kera Nutrição Animal)

Quais as vantagens de usar inoculante para milho silagem?

O maior benefício com a utilização de inoculante para milho silagem é a redução da perda de nutrientes do material ensilado. 

Além disso, há outras vantagens como:

  1. Redução rápida do pH, acelerando o processo de fermentação;
  2. Menores perdas de proteína e energia;
  3. Menos proliferação de fungos e leveduras;
  4. Redução na formação de gases e ácidos indesejáveis (amoniacal);
  5. Melhora na digestibilidade da fibra, consequentemente melhor conversão;
  6. Melhora da estabilidade aeróbia pós-abertura do silo. 

Mas é preciso lembrar que o inoculante não melhora a qualidade da ensilagem: ele é complementar. O processo deve ter sido feito com qualidade e utilizando forrageiras com alto teor nutritivo!

3 dicas para escolher um inoculante para milho silagem

Como já expliquei, a principal vantagem do inoculante é manter a qualidade da silagem.

Hoje, existem diversos inoculantes para milho silagem no mercado, mas como escolher o mais adequado?

A escolha deve ser baseada na sua realidade e de acordo com esses aspectos: 

  1. Esteja atento à concentração de células bacterianas. 
  2. Se a silagem contiver um teor muito alto de matéria seca, comprometendo a compactação, utilize inoculantes com atividade fungistática, além de bactérias produtoras de ácido láctico. 
  3. Observe se as cepas bacterianas são indicadas como boas produtoras de ácido nas condições normais de uma silagem (temperatura, umidade, pH, dentre outras).

Como inocular adequadamente sua silagem

Os inoculantes normalmente são pulverizados ou aspergidos no material ensilado, buscando sempre uma aplicação homogênea. Tal cuidado garante a qualidade da silagem

Para a aplicação, pode-se usar a bomba costal ou o aplicador com bomba dosadora acoplada à máquina de ensilar.

A bomba dosadora permite a aplicação mais uniforme usando em média 2 litros de calda por tonelada de silagem. 

É recomendada aplicação de, no mínimo, 106 ufc (unidade formadora de colônia)/g de forragem fresca no início do processo fermentativo.

Essa é a quantidade considerada mínima para que seja assegurada posição dominante do inoculante adicionado sobre as bactérias epifíticas já existentes.

inoculante para milho silagem

Milho é considerado forrageira padrão para ensilagem por apresentar condição favorável tanto para fermentação quanto em aspecto nutricional
(Foto: Revista Agropecuária)

E se a silagem estiver quente?

Se a silagem apresenta temperatura acima de 38℃, não é um bom sinal. Isso significa que fungos e leveduras estão oxidando seus nutrientes e convertendo em calor, gás carbônico e água. 

Mas o que provoca isso? 

Esse aumento de temperatura pode esta associado a erros no processo de fermentação, como é o caso de má compactação, e pode estar associado à abertura do silo, quando ocorre excesso de oxigenação.

E como isso tem relação com os inoculantes?

Bem, com uso de inoculantes bacterianos, as perdas no processo de ensilagem podem ser reduzidas a 13%. Isso representa 10 pontos percentuais a menos do que em condições de não utilização de inoculantes de silagem. 

Além das bactérias lácticas, alguns inoculantes têm bactérias que fazem a produção de ácido acético e propiônico que controlam a proliferação de fungos.

planilha de produtividade de milho

Conclusão

O uso de inoculante para milho silagem é complementar dentro do processo de ensilagem. Ele não é capaz de aumentar teores nutricionais da forrageira, mas conserva a qualidade do material ensilado. 

Com isso, além de minimizar perdas de proteína e energia, seu uso também diminui proliferação de fungos e leveduras na silagem.

Também discutimos as características que você deve considerar na hora de escolher o inoculante e como fazer a aplicação adequada.

Espero que, com essas dicas, você consiga garantir silagens de milho com alta qualidade!

>> Leia mais:
3 maneiras de lucrar mais com um software de gestão agrícola
Como Elivelton reduziu 40% do seu custo de manutenção de máquinas com aplicativo para agricultura

Você planeja usar inoculante para milho silagem? Restou alguma dúvida sobre esse assunto? Deixe seu comentário abaixo!