Geada no milho: principais regiões de ocorrência, efeitos em cada estágio fenológico da cultura, como reduzir as consequências e mais!
O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo. Essa cultura pode ser produzida em duas safras nos estados brasileiros.
Em determinadas épocas do ano, as lavouras ficam sujeitas a desafios climáticos, como seca e frio.
A geada é uma das condições climáticas que influencia a produtividade do milho. Ela pode gerar grandes perdas econômicas.
Neste artigo, você lerá sobre os efeitos da geada no milho e como reduzir os efeitos dessa condição climática na lavoura. Confira!
Locais de ocorrência da geada no milho
O clima interfere e gera risco a quem produz, e o milho segunda safra é o principal influenciado. Quanto mais tarde o milho safrinha for semeado, maior o risco de geada em algumas regiões.
Isso pode ocorrer em alguns anos, quando a onda de frio intenso atinge o país. Os estados do Sul e Sudeste são os mais afetados.

Frequência das geadas nas regiões do Brasil
(Fonte: Esalq)
O milho pode ser produzido em todos os estados brasileiros. A produção é dividida pelo calendário agrícola da Conab em três safras.
No Brasil são consagradas a primeira e segunda safra, conhecidas como safra e safrinha.
O plantio do milho de primeira safra (ou verão) ocorre entre outubro e dezembro. Já o milho safrinha, entre janeiro e abril.
A época ideal de cultivo de milho é o verão. Entretanto, devido à maior competitividade com a soja por área, a maior parte do milho brasileiro é semeada na segunda safra.
Com o investimento no milho segunda safra, a produtividade é igual ou superior ao milho de verão.
Consequências da geada na cultura do milho
A temperatura ideal para a cultura do milho varia entre 15 °C a 30 °C, sem ocorrência de déficit hídrico e livre de geadas.
Conhecer os estágios fenológicos do milho em épocas de ocorrência de geada é importante. Assim, você consegue saber os efeitos e decidir quais ações realizar.
Estágios iniciais
Se a planta estiver nova, entre os estágios VE e V2, provavelmente ocorrerá recuperação da planta. Até o estágio V2, o ponto de crescimento está abaixo do solo.
Conforme a planta vai crescendo, a ocorrência da geada vai se tornando mais prejudicial.
Estágios V3 e V4
Em V3 e V4, a reserva da semente já foi totalmente consumida. A planta precisa produzir sua energia por meio da fotossíntese.
Com a ocorrência da geada, há o congelamento das células da planta, especialmente das folhas. Como consequência, há ruptura da célula e morte do tecido.

Plantas de milho afetadas pela geada
(Fonte: AssisCity)
A geada na cultura do milho afeta principalmente as folhas jovens. Nelas, há maior quantidade de água e menor quantidade de sais.
Estágios até 6 folhas
Se a planta se recuperar nos estágios vegetativos até 6 folhas, ocorrerá diminuição de 10 a 25% da produção, devido à diminuição da fotossíntese.
Além disso, pode ocorrer redução do crescimento da planta. Isso reduz o tamanho das espigas devido ao menor acúmulo de fotoassimilados.
Estágio de embonecamento
Se a planta estiver no estágio de embonecamento (quando o pendão e os estilos-estigmas, ou cabelos, estão aparentes), a ocorrência de geada afeta diretamente a produção de grãos, devido à má fecundação.
Estágio de enchimento de grãos
Também pode acontecer a perda de grãos por geada, caso os grãos ainda não estejam bem formados.
Para o enchimento dos grãos, as folhas produzem fotoassimilados e encaminham os nutrientes para os grãos.
Devido à redução da área foliar, os grãos ficam pequenos e mais leves, o que reduz a produtividade do milho.

Estimativa de perda de produtividade em relação a desfolha e estágios fenológicos do milho
(Fonte: Dekalb)
A redução de produção em casos extremos de geada pode chegar a 100% da área semeada. Confira mais informações neste vídeo.
Como minimizar os efeitos da geada no milho?
Não é possível mudar o clima. Mas você pode adotar medidas para reduzir os danos que podem ser causados pelas geadas. O planejamento é fundamental neste momento.
Cultivares precoces
Em anos em que houver atraso da semeadura do milho segunda safra, utilizar cultivares mais precoces pode ser uma opção.
Adubação foliar com potássio
O ponto de congelamento da célula das plantas muda com a concentração de sais na célula.
Desse modo, outra opção para evitar grandes perdas pela ocorrência de geadas é fazer uma adubação foliar com potássio.
O potássio eleva o ponto de congelamento da seiva. Assim, as folhas toleram o frio intenso das geadas.
Irrigação
Outro fator que interfere no congelamento das folhas é a irrigação. Se há previsão de geada e você tiver sistema de irrigação em sua área, utilize-o!
A irrigação aumenta a umidade do ar, interferindo no ponto de congelamento das células. Além disso, a massa de ar frio congela primeiro as gotas de água presentes nas folhas.
Barreira natural
Se sua área é aberta e sua região está sempre com risco de geada, cercar a área com árvores pode diminuir a intensidade da geada.
Nebulização artificial
Em pequenas áreas é possível fazer a formação de uma névoa que ajuda a evitar a perda de calor pelo solo, consequentemente ajuda a minimizar os efeitos da geada.
Planejamento
Atenção ao clima sempre é importante, mesmo não havendo previsões climáticas precisas para os meses do ano.
Ainda assim, o acompanhamento das massas de ar fornece informações de como o clima pode se comportar durante o ano agrícola.
Com o conhecimento do histórico climático na sua região, aliado ao comportamento do clima no mundo, é possível traçar estratégias para prevenir ou minimizar os riscos da geada.
O que fazer quando a geada afetar a plantação de milho?
Caso sua lavoura de milho tenha sofrido danos por geada, é importante esperar de 5 a 7 dias para avaliar as perdas e tomar as ações necessárias.
Com planta ainda pequena, você deve avaliar se o ponto de crescimento foi afetado. Em caso afirmativo, a planta não cresce e provavelmente não irá produzir.
Nesses casos, avaliar as opções de ressemeadura, se a janela de plantio estiver adequada. Semear outra cultura no lugar ou derrubar as plantas e mantê-las na área também são opções viáveis.
Conclusão
Neste texto, você viu que as geadas no milho são mais frequentes nas regiões Centro-Sul do país.
Viu também que os danos ocorrem em qualquer estágio fenológico. O que muda de um estágio para outro é a porcentagem de perda que poderá ocorrer na lavoura de milho.
As plantas podem se recuperar da geada mesmo sofrendo perdas em sua produtividade. Porém, também é possível sofrer grandes perdas econômicas.
Além disso, você viu que é possível minimizar os efeitos da geada com planejamento, conhecimento da área e algumas técnicas simples. Não deixe a prevenção para depois.
>> Leia mais:
“Cálculo de perdas na colheita de milho: Passo a passo de como fazer”
A ocorrência de geadas é frequente em sua região? Você já teve perdas ocasionadas pela geada no milho? Deixe seu comentário abaixo!