About Tatiza Barcellos

Sou engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.

Cuidados para ser mais assertivo no uso do herbicida 2,4-D

Herbicida 24-D: características, condições climáticas para aplicação, em quais culturas pode ser aplicado, produtos comerciais disponíveis e muito mais.

O 24-D é um dos herbicidas hormonais mais utilizados por produtores em todo o mundo. 

Ele é uma importante ferramenta no manejo de plantas daninhas, principalmente no controle de espécies invasoras de folha larga. Trata-se de um produto altamente eficiente e de baixo custo

Saber suas características, como funciona o mecanismo de ação e quais produtos contém esse herbicida é fundamental para garantir um bom uso.

Neste artigo, você verá todas as informações de que precisa para garantir sucesso no uso do 2,4-D. Aproveite a leitura!

O que é o herbicida 24-D?

O 2,4-D é um herbicida sistêmico e seletivo. Seu princípio ativo é o ácido 2,4-diclorofenoxiacético. O mecanismo de ação do 2,4-D é a imitação do efeito das auxinas nas plantas. 

Elas são hormônios que, em altas concentrações, alteram o crescimento e a divisão celular vegetal, causando a morte das plantas.

O herbicida 24-D pertence ao grupo químico do ácido ariloxialcanóico. Além de atuar no controle das plantas invasoras, o herbicida também funciona como regulador de crescimento quando utilizado em baixas dosagens.

Herbicida 24-D: modo de ação em folha larga

Ao absorver doses elevadas de  2,4-D, as ervas daninhas de folha larga confundem essa molécula com os hormônios encontrados naturalmente nas plantas. As consequências são:

  • crescimento anormal dos tecidos;
  • curvamento do caule e pecíolos;
  • formação de calos no caule;
  • encarquilhamento e clorose das folhas;
  • morte das plantas.

O produto pode ser aplicado em pré e pós-emergência. A absorção do produto ocorre pelas folhas e pelas raízes. Ainda, a translocação do 2,4-D nas plantas é feita via floema e xilema.  

Esse composto tem classificação toxicológica máxima. Ou seja, é extremamente tóxico. Porém, se manuseado e aplicado de forma correta e na dosagem especificada na bula dos produtos, ele não apresenta riscos.

O 2,4-D é um produto seletivo para gramíneas. Ou seja, elas são plantas resistentes ao herbicida.  Ele também é aplicado para a eliminação de plantas daninhas da soja na fase pré-plantio. 

Nesse caso, é preciso ficar de olho no intervalo de tempo entre a aplicação do 2,4-D e a semeadura. O efeito residual do herbicida compromete a emergência das plântulas de soja. No Brasil, o herbicida 24-D tem autorização para ser utilizado nas seguintes culturas:

  • arroz (sequeiro e irrigado);
  • aveia;
  • cana-de-açúcar;
  • café;
  • centeio;
  • cevada;
  • milheto;
  • milho;
  • pastagens;
  • soja (pré-plantio);
  • sorgo;
  • trigo;
  • triticale.

2,4-D: nomes comerciais à base do ingrediente ativo

Atualmente, estão disponíveis no mercado 41 produtos herbicidas com registro no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) à base do ingrediente ativo 2,4-D. Confira a lista abaixo!

  • Arena;
  • Artys;
  • Atulamina 806 SL;
  • Cortador 806 SL;
  • Crater;
  • Dez;
  • Dical;
  • Dontor;
  • Famoso BR;
  • Forasteiro;
  • Grant;
  • Herbimax 806 SL;
  • Intruder;
  • Invernada;
  • Jacaré;
  • Jaguar;
  • Jornada;
  • Jornada HL;
  • Krost 806 SL;
  • Lifter;
  • Mannejo;
  • Mirant;
  • Navajo;
  • Panoramic;
  • Pren-D 806;
  • Quallis;
  • Shopra 970 WG;
  • Temicab Xtra; Chapon Plus, Wrangler;
  • Troller;
  • Turuna;
  • Verlon;
  • Zack;
  • Zura 806 SL;
  • 2,4-D Agritec;
  • 2,4-D Amina CCAB 806 SL;
  • 2,4-D CHDS;
  • 2,4-D CROP 806 SL;
  • 2,4-D Nortox;
  • 2,4-D Nortox 970 WG;
  • 2,4-D Super Amine SG;
  • 2,4-D (240) + Picloram (64) SL.

É importante ressaltar que é fundamental seguir as orientações técnicas da bula dos produtos. A dosagem, o intervalo de segurança, a atividade residual e o modo de aplicação são informações imprescindíveis para realizar o bom manejo das plantas daninhas.

Cuidados no uso do herbicida 

A pulverização do herbicida 24-D requer alguns cuidados a fim de evitar a contaminação de áreas vizinhas em razão da deriva do defensivo

Além de utilizar equipamentos devidamente regulados e calibrados, é fundamental respeitar as condições climáticas para garantir boa qualidade da aplicação. As condições climáticas ideais para realizar a pulverização são:

  • Umidade relativa do ar: mínima de 55%;
  • Temperatura: abaixo de 30°C;
  • Velocidade do vento: 3 km/h a 10 km/h.

Abaixo, você pode conferir como determinar a velocidade do vento e não errar na hora de realizar a aplicação do 2,4-D. 

Tabela que mostra a velocidade do vento ideal para aplicar o herbicida 2,4-D
Velocidade do vento ideal para a pulverização de defensivos agrícolas
(Fonte: Manual de Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários)

Mistura de 2,4-D e glifosato

A mistura de defensivos agrícolas no tanque de pulverização é uma realidade bastante comum no meio rural. 

Essa prática é adotada quando a área infestada apresenta plantas daninhas de folha estreita e de folha larga. A mistura também é utilizada em casos em que algumas espécies invasoras tenham manifestado resistência ao herbicida glifosato

Além disso, essa estratégia melhora a eficiência operacional (duas aplicações em uma) e reduz os custos de produção. Porém, é preciso cuidado nessa operação, pois nem todos os produtos podem ser misturados.

A mistura de herbicidas incompatíveis pode comprometer o manejo das espécies invasoras. Por isso, sempre consulte um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) para te orientar quanto à aplicação em mistura de produtos químicos. 

Fazer uma boa limpeza do pulverizador antes de aplicar outro produto na lavoura também é essencial.

O herbicida 2,4-D é comumente aplicado em associação com o glifosato no manejo de espécies de difícil controle, como a buva, corda-de-viola e trapoeraba

Ambos são sistêmicos e têm modo de ação diferente, o que amplia o espectro de plantas daninhas controladas. A mistura do 2,4-D com o glifosato é utilizada na dessecação pré-plantio.

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Conclusão

Os herbicidas à base do ingrediente ativo 2,4-D são sistêmicos e utilizados no manejo de plantas daninhas de folha larga.

O 2,4-D pode ser utilizado em culturas como milho, cana-de-açúcar, trigo, soja (pré-plantio) e pastagens. Em baixas dosagens, ele atua como regulador de crescimento e em altas doses tem efeito herbicida.

Respeitar as condições climáticas ideais no momento da aplicação do 2,4-D é essencial para evitar a deriva do produto. Assim, você garante maior eficiência do controle das espécies invasoras.

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Você utiliza herbicida 2,4-D na sua lavoura? Tem dúvidas ou comentários sobre esse produto? Conte sua experiência nos comentários.

Apaga-fogo (Alternanthera tenella): como manejar essa planta daninha

Apaga-fogo: conheça as características, quais danos ela pode causar e controle preventivo, cultural, mecânico e químico

As culturas agrícolas são bastante suscetíveis às interferências das espécies invasoras.

A apaga-fogo é uma erva daninha com ampla distribuição geográfica, presente em todas as regiões do Brasil. Ela tem maior ocorrência na entressafra, além de se disseminar com facilidade e infestar áreas de lavoura e pastagem.

Neste artigo, veja como identificar os danos causados pela apaga-fogo e como fazer o manejo correto. Boa leitura!

Características da planta apaga-fogo

A planta apaga-fogo (Alternanthera tenella) é uma espécie invasora de grande importância na agricultura. A massa vegetal formada por ela dificulta o avanço do fogo quando são realizadas queimadas para renovação de áreas de pastagem. 

Ela também é popularmente conhecida pelos nomes periquito, sempre-viva, alecrim, corrente e perpétua-do-campo. Trata-se de uma planta da família Amaranthaceae

Para identificar essa planta daninha, você precisa se atentar aos seguintes detalhes: ela é herbácea, muito ramificada e tem ciclo perene. A apaga-fogo se desenvolve de forma prostrada ou ascendente, o caule é liso e pode atingir de 0,5 m a 1,2 m de comprimento. 

Foto da planta apaga-fogo com fundo preto, com algumas flores nascendo.
Planta apaga-fogo (Alternanthera tenella)
(Fonte: Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas)

As folhas da apaga-fogo têm de 2 cm a 3 cm. O sistema radicular é pivotante, as sementes são lisas e têm coloração castanha. A propagação da planta ocorre por sementes. Ela se alastra na área pelo enraizamento dos nós do caule quando em contato com o solo.

Foto das sementes e das folhas da apaga-fogo espalhadas em uma superfície
Detalhe das folhas e das sementes da planta daninha apaga-fogo
(Fonte: Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas)

Danos causados pela Alternanthera tenella

Uma característica da planta daninha apaga-fogo é promover intenso sombreamento sobre a cultura. Ela forma uma barreira física à penetração da luz solar, o que afeta diretamente a produtividade da cultura principal. 

Além disso, ela reduz a disponibilidade de espaço e compete com a cultura principal por água e nutrientes. Ainda, pode ser hospedeira de pragas e doenças, e é hospedeira natural do ácaro Brevipalpus phoenicis, vetor da doença leprose dos citros. 

A presença de ervas invasoras no momento da colheita também é um problema. Elas podem causar o embuchamento da colhedora, além de depreciar o produto colhido e elevar os custos de beneficiamento dos grãos.

Além disso, as principais culturas afetadas pela apaga-fogo são:

Como eliminar a erva daninha apaga-fogo

É muito importante que as plantas daninhas sejam manejadas de forma integrada. A adoção de diferentes estratégias garante maior eficiência no controle da comunidade infestante.

As técnicas envolvidas no controle das plantas invasoras são divididas em manejo preventivo, cultural, mecânico/físico e químico. Confira a seguir como funciona cada um desses tipos de manejo.

Manejo preventivo

O manejo preventivo consiste em adotar medidas que evitem que sementes de plantas daninhas, como a apaga-fogo, sejam introduzidas em uma área onde ainda não foi identificada a presença dessas plantas. Algumas medidas são:

  • realizar o controle das plantas invasoras não apenas na área onde será instalada a lavoura, mas também nas beiras de estradas, nos carreadores e nas bordaduras;
  • realizar a limpeza do maquinário agrícola, a fim de evitar que torrões de terra contaminados com sementes sejam levados de uma área para outra; 
  • realizar o plantio da lavoura com sementes certificadas e com procedência conhecida.

Essas práticas contribuem não apenas para o manejo da apaga-fogo, mas também de outras plantas daninhas

Manejo cultural

O manejo cultural das ervas daninhas consiste na adoção de práticas que irão garantir o bom estabelecimento e desenvolvimento das plantas da lavoura. Dentre essas práticas temos:

  • bom preparo de solo;
  • adubação equilibrada;
  • plantio de cultivares/variedades adaptadas às condições ambientais;
  • rotação de culturas;
  • variação no espaçamento e na densidade de plantas;
  • uso de coberturas verdes.

Manejo mecânico/físico

No manejo não químico ou mecânico as plantas daninhas podem ser eliminadas das seguintes formas:

  • arranquio manual (ou monda); 
  • capina manual;  
  • roçada; 
  • cultivo mecanizado realizado por cultivadores tracionados por animais ou trator. 

Manejo químico

O manejo químico é o mais utilizado para o controle de plantas daninhas em grandes áreas. A seguir estão listadas algumas moléculas herbicidas utilizadas no controle da planta daninha apaga-fogo:

  • Ácido diclorofenoxiacético (2,4 – D);
  • Ametrina;
  • Atrazina;
  • Diurom;
  • Flumioxazina;
  • Glifosato;
  • Imazetapir;
  • Nicossulfurom.

A eficiência da aplicação dos herbicidas envolve uma série de fatores. Por isso, sempre siga as orientações da bula do produto quanto à dosagem e o modo de aplicação

Também é preciso se atentar ao estágio de desenvolvimento da planta daninha e às condições climáticas no momento da aplicação.

Lembre-se de fazer a rotação de herbicidas com mecanismos de ação diferentes. Essa estratégia dificulta a seleção de plantas daninhas resistentes aos produtos. Ervas daninhas resistentes ao glifosato, por exemplo, são muito comuns.

Como a aplicação de produtos fitossanitários requer muitos cuidados, sempre procure a orientação de um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a). Isso irá garantir maior segurança e eficiência na aplicação dos produtos químicos.

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Conclusão

A apaga-fogo é uma planta daninha encontrada em áreas de lavoura e pastagem e que se dissemina com facilidade. Ela ocorre em todas as regiões do Brasil. 

O manejo da apaga-fogo pode ser realizado pela adoção de estratégias preventivas, culturais, mecânicas/físicas e químicas. 

Para maior eficiência no controle das plantas invasoras, procure sempre utilizar mais de uma técnica de manejo. Vale lembrar que é importante que as práticas adotadas estejam inseridas no contexto ambiental e econômico da propriedade.

Você já conhecia a apaga-fogo? Já teve problemas com essa planta daninha na sua lavoura? Adoraria ler seu comentário. 

O que são insumos agrícolas e como planejar a compra

Insumos agrícolas: saiba o que são, quais os tipos de insumos, como planejar sua compra, opções para negociação e muito mais!

Os insumos agrícolas são parte fundamental dos sistemas produtivos de qualquer cultivo, seja ele anual ou perene. Eles servem para garantir a produtividade da cultura produzida por você.

Alguns exemplos de insumos agrícolas são sementes, adubos orgânicos e inorgânicos, inoculantes e agroquímicos. A compra deles é um passo essencial para o sucesso da sua safra e da sua empresa agrícola.

Neste artigo, saiba o que são insumos agrícolas e por que a compra e correta gestão deles é tão importante. Boa leitura!

O que são insumos agrícolas?

Os insumos agrícolas são todo produto ou serviço essenciais para o processo de produção agrícola. Eles podem ser defensivos agrícolas, fertilizantes, máquinas e implementos agrícolas, equipamentos, e tudo aquilo que é preciso para produzir.

Segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento),  os insumos agrícolas são todos os fatores de produção utilizados com o objetivo de garantir a nutrição e a proteção das plantas.

Com insumos agrícolas, você garante boas produtividades e qualidade do produto final. 

É importante lembrar que existe diferença entre matéria-prima e insumo agrícola. A matéria-prima é todo material utilizado para a fabricação de um produto. Insumo é tudo aquilo utilizado no processo de produção. Ele pode ser um bem ou serviço. 

O milho empregado na produção de ração e o algodão usado na fabricação de roupas são exemplos de matéria-prima.

Os insumos podem ser classificados como naturais (relacionados à matéria-prima), de trabalho (relacionados à mão de obra) e ao capital (relacionados ao investimento realizado no serviço ou produto).

Tipos de insumos agrícolas 

Os insumos agrícolas podem ser mecânicos, biológicos e químicos. Confira a seguir as diferenças entre eles e alguns exemplos.

Insumos mecânicos 

Os insumos mecânicos envolvem todo o maquinário, implementos agrícolas, ferramentas e equipamentos utilizados na produção. 

Alguns exemplos desse tipo de insumo são:

Insumos biológicos 

Os insumos biológicos são produtos de origem microbiana, animal ou vegetal

Os inoculantes de sementes, os biofertilizantes e os adubos orgânicos são exemplos desse tipo de insumo. As sementes e as mudas também são insumos biológicos.

Insumos químicos/minerais 

Os insumos químicos/minerais são os produtos industrializados ou provenientes de material mineral.

Esse tipo de insumo inclui os defensivos agrícolas, como herbicidas, inseticidas e fungicidas sintéticos. O calcário e os fertilizantes inorgânicos, como o cloreto de potássio e o superfosfato triplo também são exemplos de insumos químicos/minerais. 

Importância dos insumos agrícolas para o agronegócio

Sem determinados insumos é impossível produzir. Por isso, conhecer o que será necessário para o bom desenvolvimento da sua lavoura é fundamental para disponibilizar os insumos no momento certo.

De modo geral, os insumos agrícolas garantem o bom desenvolvimento das plantas. Também auxiliam no controle de pragas, doenças e plantas daninhas, reduzindo perdas na lavoura. 

Eles são empregados tanto no sistema de produção agrícola convencional quanto no orgânico, de acordo com as características de cada um. A utilização dos insumos corretos e de forma racional está diretamente relacionada ao crescimento da produção agrícola.

Como planejar a compra de insumos agrícolas

Os custos com insumos nas produções agrícolas podem ser um dos maiores vilões da lucratividade do produtor. 

A variação anual de preços devido a reajustes e flutuação do câmbio (US$) pode trazer inúmeras dores de cabeça na hora de comprar os insumos agrícolas. Para evitar preços abusivos, o planejamento da safra é essencial.

Assim, fica mais fácil estabelecer metas tanto para as quantidades a serem compradas quanto para os preços máximos de cada insumo agrícola.

Pedidos antecipados e com base em um bom levantamento de preços nas diferentes distribuidoras são as estratégias mais comuns de negociação de insumos.

Trabalhar com grupos de compras ou cooperativas pode garantir preços mais acessíveis por concentrar as compras em uma única revenda.

Porém, o custo dos insumos pode variar – sendo anualmente reajustado e fortemente influenciado pela variação das taxas de câmbio. Por isso, você precisa estar antenado também ao mercado financeiro para acertar na hora da compra.

A compra antecipada pode garantir os menores preços. Entretanto, muitas vezes não temos o capital naquele momento, não é mesmo?

Por isso, algumas estratégias vêm sendo utilizadas por produtores de grãos em todo o país para facilitar a aquisição dos insumos agrícolas. A principal delas é o barter.

O barter é uma estratégia muito comum para as commodities agrícolas, principalmente para milho e soja. Além disso, essa pode ser uma alternativa interessante para os produtores.

Software de gestão agrícola

A melhor maneira de planejar a compra de insumos agrícolas, principalmente de fertilizantes e agroquímicos, é através da coleta e análise de dados.

Quando se analisa as quantidades de insumos agrícolas utilizadas em safras anteriores relacionadas às produtividades obtidas, temos uma noção da eficácia dos manejos em campo e da gestão agrícola.

Além disso, você consegue saber se as aquisições anteriores foram suficientes e se houve falta ou excesso de produtos nos estoques.

Para algumas pessoas, a coleta e análise de dados pode parecer um bicho de sete cabeças. Isso não precisa ser assim, afinal, temos a tecnologia a nosso favor.

Softwares e aplicativos de gestão agrícola como o Aegro permitem uma ampla visão dos estoques das propriedades rurais.

Com a inclusão de poucas informações, como diferentes tipos de insumos agrícolas, o software gera relatórios que incluem as quantidades planejadas e realizadas para cada área cultivada.

Assim, há um alerta quando se alcança os objetivos pretendidos, se está em déficit ou se excedeu em algum aspecto.

Detalhe da aba “Insumos da safra” do aplicativo Aegro

Além das quantidades, podemos gerenciar os locais de estoque, os fornecedores (ou revendas) de insumos agrícolas, as movimentações e o histórico de todos os itens!

As plataformas digitais podem auxiliar tirando a sobrecarga do produtor rural, podendo ainda levar a ganhos com base na economia dos insumos.

Exemplo da plataforma Aegro, exemplificando o histórico de item num estoque da propriedade

É possível testar o aplicativo de gestão agrícola Aegro de forma gratuita, por meio de:

Conclusão

Os insumos agrícolas ajudam a produzir sempre mais e com melhor qualidade.

Por isso, saber comprar, negociar e gerenciar os insumos nas empresas agrícolas é essencial!

Portanto, fique ligado em suas safras, faça a gestão e acompanhamento de seus dados. Dessa forma, a cada ano que passa melhores resultados virão, fazendo sempre mais com menos!

Leia mais >>

“Estoque de insumos: como fazer uma gestão eficiente?”

“Superfosfato simples: saiba como utilizar”

“Gestão de máquinas agrícolas: como diminuir seus custos com ela”

Gostou do artigo? Conte pra gente nos comentários quais os insumos agrícolas mais utilizados na sua lavoura e como tem realizado a negociação dele.

Adubação: tipos de adubos e principais métodos de aplicação

Adubação: saiba o que é, como funciona, como fazer o planejamento ideal, todos os benefícios e muito mais.

A maioria dos solos brasileiros tem baixa fertilidade natural. Para resolver esse problema, há a adubação: a prática de reposição dos nutrientes exigidos pelas plantas. 

Ela é indispensável para atingir altas produtividades e garantir a qualidade do produto final. Existem diversos tipos de adubo e métodos de aplicação, e conhecer todos eles faz parte do planejamento de fertilização da sua lavoura.

Neste artigo, veja as diferenças entre os tipos de fertilizante e entenda qual a sua importância na manutenção da produtividade das lavouras. Boa leitura!

O que é adubação?

A adubação é a prática agrícola de repor os nutrientes do solo, e é fundamental para garantir a qualidade das plantas. 

Através dos fertilizantes ou adubos, as culturas são nutridas com as substâncias essenciais para terem um crescimento satisfatório, o que impacta diretamente na sua produção e nos seus lucros.

Essa prática ajusta a fertilidade do solo para atender as exigências nutricionais das plantas cultivadas. Conhecer os indicadores de fertilidade é fundamental para fornecer os adubos na dosagem adequada, evitando excessos ou faltas.

A análise de solo é a ferramenta utilizada para quantificar os nutrientes presentes no solo. Além disso, ela fornece informações que influenciam na disponibilidades dos nutrientes para as plantas, como o pH e a presença de alumínio.

É importante ressaltar que toda recomendação de adubação deve ser orientada pelo resultado da análise de solo

Classificação dos adubos 

Segundo a legislação brasileira, os fertilizantes podem podem ser classificados em três tipos.

O primeiro são os mais utilizados na agricultura de larga escala: os fertilizantes minerais ou sintéticos.

  1. Minerais ou sintéticos: Concentrados e de rápida assimilação pelas plantas, usados principalmente na agricultura em larga escala.
  2. Orgânicos: De origem animal ou vegetal, com menor concentração de nutrientes e ação mais lenta, focados em alimentar o solo e aumentar a matéria orgânica.
  3. Organominerais: Mistura de orgânicos e minerais, geralmente com maior proporção de orgânicos.

Além disso, os fertilizantes podem ser simples (fornecem um ou mais nutrientes) ou misturados (combinam dois ou mais fertilizantes simples), podendo ser simples (nutrientes separados) ou complexos (nutrientes no mesmo grão) e classificados por estado físico:

  • : Moído em pó.
  • Farelado: Grânulos desuniformes.
  • Granulado: Grânulos uniformes.
  • Líquido: Forma líquida.

Principais Tipos de adubo

Os adubos ou fertilizantes são os insumos utilizados na nutrição das plantas. Eles podem ser orgânicos, minerais ou organominerais. Veja as diferenças entre eles:

1. Adubo orgânico

O adubo orgânico têm como matéria-prima os resíduos de origem vegetal e/ou animal. Eles atuam como condicionadores do solo, melhorando as suas propriedades físico-químicas. Podem ser adubos o esterco animal, folhas secas, grama, vinhaça, torta de filtro ou mamona, etc.

Eles aumentam o teor de matéria orgânica e, consequentemente, aumentam a CTC do solo. O fertilizante orgânico também melhora a agregação do solo e a capacidade de retenção de água. 

Eles também contribuem para a redução da oscilação térmica do solo, porque a matéria orgânica é má condutora de temperatura. Isso garante que as plantas não sofram estresse térmico nas horas mais quentes do dia. 

Esses fertilizantes também reduzem o impacto ambiental pelo aproveitamento dos resíduos. A adubação verde é um bom exemplo disso.

Apesar disso, as fontes orgânicas apresentam variação em sua composição e podem não suprir todas as exigências nutricionais das plantas. Em alguns casos, a aplicação complementar de adubos minerais pode ser necessária.

A adubação orgânica tem custo elevado, principalmente no que se refere ao transporte. Em algumas regiões, não são encontrados com facilidade. 

Apesar de orgânicos, eles não devem ser utilizados de forma indiscriminada. É fundamental conhecer a composição química dos fertilizantes para estabelecer a melhor dosagem, considerando a espécie cultivada e o tipo de solo.

Adubação: Trabalhadores rurais inserindo adubo orgânico em lavoura
Fabricação de composto orgânico a partir de resíduos vegetais
(Fonte: Resende, Alexander Silva)

2. Adubo mineral

O  adubo inorgânico ou adubo mineral é o mais utilizado na produção agrícola em larga escala. Eles têm as rochas como matérias-primas, e são obtidos a partir de processos físicos, químicos e físico-químicos

Alguns exemplos são a ureia, nitrogênio, potássio e fosfatados.

Os fertilizantes minerais são concentrados. Quando entram em contato com a solução do solo, liberam rapidamente os nutrientes para as plantas. Por se tratar de um produto concentrado, eles devem ser utilizados com moderação

Alguns fertilizantes minerais apresentam liberação controlada dos nutrientes, como o basacote e o osmocote. Nesse caso, os nutrientes são encapsulados por polímeros e liberados lentamente, ao decorrer do ciclo de desenvolvimento das plantas. 

A utilização do fertilizante inorgânico melhora a eficiência da adubação, pela disponibilidade contínua de nutrientes para as plantas. Quando comparado aos adubos convencionais, os adubos de lenta liberação apresentam maior valor agregado

Apesar disso, sua utilização reduz os custos com mão de obra para a aplicação parcelada de outros fertilizantes.

Ao utilizar adubos de liberação controlada, é preciso estar atento ao tempo de liberação dos nutrientes para as plantas. O tempo de liberação do fertilizante mineral varia de acordo com o produto e pode variar entre 3 a 12 meses.

3. Adubo organomineral

Os adubos organominerais são produzidos a partir da combinação de fertilizantes minerais e orgânicos. Isso quer dizer que eles são um adubo orgânico enriquecido com fontes minerais.

Além de fornecer nutrientes para as plantas, esse tipo de adubo contribui para a redução dos impactos ambientais. Afinal, eles são produzidos a partir de resíduos animais e vegetais.

Os fertilizantes organominerais favorecem a microbiota do solo e o desenvolvimento das plantas

Principais métodos de aplicação dos fertilizantes

Os fertilizantes podem ser aplicados na lavoura de diferentes formas: via solo, via foliar ou via fertirrigação. Cada um desses métodos possui particularidades que você deve conhecer.

1. Via solo 

Nesse método, os fertilizantes são aplicados diretamente no solo. Eles podem ser incorporados ou não com o auxílio de um arado ou grade.

A adubação a lanço também pode ser feita, de forma manual ou com máquinas distribuidoras. Nesse caso, ela é realizada antes da implantação da lavoura.

Quando a cultura está sendo implantada, pode ser feita a adubação de semeadura. Ela ocorre pela deposição dos fertilizantes na linha de plantio. Nesse caso, os adubos são depositados abaixo e nas laterais das sementes

Para a adubação no momento do plantio, os fertilizantes químicos ou granulados são os mais recomendados.

Em culturas com grande espaçamento entre plantas e entre linhas, a adubação pneumática pode ser feita. Ela acontece através das semeadoras pneumáticas. 

Outra possibilidade via solo é a adubação de base. Ela é a fertilização do solo em cobertura, com aplicações feitas apenas após a emergência da cultura. 

2. Adubação foliar

Na adubação foliar, os fertilizantes são dissolvidos em água e pulverizados sobre as folhas das plantas. Os nutrientes são absorvidos pela parte aérea das plantas, e não pelas raízes.Trata-se de uma prática complementar na nutrição vegetal.

É uma estratégia bastante comum na aplicação de micronutrientes, e acontece através de pulverizações. Na aplicação foliar, as condições climáticas têm grande influência na eficiência da adubação. 

Além disso, os adubos aplicados nas folhas são assimilados mais rapidamente, em comparação aos aplicados no solo. Porém, a desvantagem é que o aproveitamento desses nutrientes é curto.

3. Via fertirrigação

A fertirrigação é uma prática agrícola em que é utilizado o sistema de irrigação para aplicação dos adubos. Ela pode ser feita através da micro-irrigação, da aspersão, da microaspersão e do gotejamento, por exemplo.

Trata-se de um método eficiente e econômico na nutrição das plantas, que economiza o uso dos adubos na lavoura. 

Como a fertirrigação acontece junto da irrigação, a absorção dos nutrientes pelas plantas é melhor. Para esse tipo de adubação, opte pelos adubos líquidos.

Qual a Importância da adubação?

A deficiência ou a superdosagem de um nutriente interfere na absorção dos outros nutrientes. Isso prejudica o desenvolvimento das plantas e diminui a produtividade da lavoura. 

Além disso, a superdosagem de fertilizantes também desequilibra o pH do solo. Dependendo da quantidade aplicada, pode causar a morte das plantas.

A adubação é um dos fatores indispensáveis para a produção agrícola. É fundamental que seja realizada tendo como referência os resultados da análise de solo. Somente assim é possível disponibilizar os nutrientes na quantidade e no momento certo.

A correta adubação garante o crescimento das plantas, contribui para o incremento da produtividade e para a qualidade do produto. Ela também melhora a capacidade de resposta das plantas a pragas e doenças.

Melhor adubo para plantas: mineral ou orgânico?

Os fertilizantes minerais e sintéticos, como o nitrogênio, têm composição química e fornecem nutrientes rapidamente às plantas, mas não afetam o solo a longo prazo.

Sua alta concentração facilita a logística e aplicação, especialmente em grandes áreas de cultivo, como feijão, arroz, soja, milho, algodão e trigo.

Já os adubos orgânicos, com menor concentração de nutrientes, exigem grandes volumes, dificultando a logística em áreas extensas.

No entanto, eles melhoram a fertilidade do solo a longo prazo, aumentando a matéria orgânica e a capacidade de retenção de nutrientes.

Porém, as perdas de nitrogênio nos adubos orgânicos são mais elevadas, devido à volatilização e lixiviação. Para minimizar isso, é recomendado misturar pequenas doses de fósforo, que ajudam a fixar o nitrogênio e reduzir as perdas.

Adubo líquido: É um boa opção?

Os fertilizantes líquidos, especialmente os foliares, têm ganhado popularidade devido à logística facilitada e ao uso em duas formas principais: foliar e fertirrigação. Contudo, apresentam limitações.

Apesar da alta concentração, devem ser aplicados em baixas concentrações (1-2%) para evitar danos às folhas, o que limita a aplicação de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio.

Por isso, para atender a grandes necessidades nutricionais, os fertilizantes sólidos são mais viáveis.

Adubos líquidos são eficazes para micronutrientes, como zinco, manganês, boro e ferro. São comuns também em associação com defensivos, desde que não prejudiquem sua eficácia.

Na fertirrigação, é ideal aplicar os fertilizantes após o início da irrigação, finalizando antes de seu término, evitando perdas por lixiviação ou danos por salinidade.

Planejamento da adubação

No planejamento da adubação, escolher um bom laboratório para análise do solo é fundamental. Afinal, todo o processo será baseado nesse resultado. Considerar as exigências nutricionais da cultura também é uma etapa importante.

Além disso, antes de começar a adubação, considere também:

  • a produtividade esperada;
  • o sistema de manejo;
  • o histórico da área onde será implantada a lavoura (espécies cultivadas anteriormente, produtividades alcançadas nas safras passadas, calagem e adubações já realizadas);
  • as condições climáticas;
  • o maquinário disponível;
  • os seus recursos financeiros.
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Conclusão

A adubação é uma prática agrícola que tem o objetivo de repor os nutrientes e ajustar a fertilidade do solo. Isso vai atender as exigências nutricionais das espécies cultivadas.

Somente o manejo da adubação não é garantia de altas produtividades. Fatores como tipo de solo, clima, incidência de pragas e doenças têm influência direta nesse parâmetro.

No que se refere a adubação, não existe receita. Cada cenário deve ser avaliado individualmente, considerando fatores agronômicos, ambientais e econômicos. Na dúvida, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

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Por que a mucuna-preta pode ser uma opção vantajosa para adubação verde

Mucuna-preta: conheça as características, como cultivar, formas de utilização e também os benefícios da rotação de culturas com essa espécie.

A mucuna-preta é uma leguminosa de primavera/verão com hábito de crescimento trepador. Ela controla a presença de nematoides e de plantas daninhas, além de ser vantajosa para solos degradados.

Trata-se de uma planta rústica e adaptada às condições de clima e de solo brasileiros.

Neste artigo, confira um pouco mais sobre a mucuna-preta e os benefícios do seu cultivo para adubação verde e rotação de culturas. Boa leitura!

Mucuna-preta: para que serve?

A mucuna-preta é uma planta com diferentes finalidades: adubação verde, fixação biológica do nitrogênio, rotação de culturas, recuperação de áreas degradadas e no combate à erosão do solo. 

Em razão da grande produção de biomassa, garante cobertura vegetal bastante eficiente na conservação do solo.

Além disso, a mucuna-preta tem potencial na alimentação humana e animal. Os grãos têm alto teor de proteína e a planta pode ser destinada à produção de silagem e feno, e também ser utilizada sob pastejo direto.

A mucuna-preta também é uma alternativa para o controle de plantas daninhas e de nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica). 

Características da mucuna-preta 

A mucuna-preta (Mucuna pruriens ou Mucuna aterrima) é uma espécie herbácea da família Fabaceae, das leguminosas. Ela é adaptável ao clima tropical e subtropical, e seu ciclo pode ser anual ou bianual.

O período do plantio ao pleno florescimento é de 140 a 180 dias. Além disso, os caules da mucuna são grandes, finos e flexíveis. Ela tem hábito de crescimento rasteiro e trepador. Seu porte é baixo, podendo medir até 90 cm de altura. 

As flores são grandes e de coloração violeta ou branca. As vagens têm de 3 a 6 sementes

Mucuna-preta em lavoura, na fase de inflorescência

Inflorescência da mucuna-preta

(Fonte: TV TEM)

As sementes são grandes, pretas e com hilo de cor clara. Além disso, a dormência das sementes da mucuna-preta é comum. Isso ocorre em função da impermeabilidade do tegumento à água. 

Para a quebra da dormência, a Embrapa recomenda que antes do plantio as sementes sejam colocadas em água quente. A temperatura deve ser de aproximadamente 80 °C e as sementes devem permanecer na água durante um minuto.

Vagem de mucuna-preta com alguns grãos

Vagem com sementes de mucuna-preta

(Fonte: Adaptado de Santos, 2016)

A mucuna-preta é bastante rústica e apresenta boa adaptação às condições de solos ácidos. Ela também tolera bem elevadas temperaturas e déficit hídrico.

Essa leguminosa se desenvolve tanto em solos argilosos quanto nos solos arenosos. Além disso, não é exigente quanto à fertilidade. 

Ela é tolerante à toxidez por alumínio, ao sombreamento e ao encharcamento temporário do solo.

Plantio da mucuna-preta

Geralmente, a semeadura da mucuna-preta é realizada em linhas. A recomendação é de 6 a 9 sementes por metro linear, com espaçamento entre linhas de 50 cm.

O plantio também pode ser feito em covas. No plantio em covas, a recomendação é de 2 a 3 sementes por cova, espaçadas em 40 cm.

Fique de olho também na quantidade de sementes: geralmente, usa-se 60 kg de sementes de mucuna-preta por hectare. Se a semeadura for feita a lanço, é recomendado usar 100 kg por hectare.

A melhor época para plantio da mucuna-preta é entre outubro e novembro. Logo em seguida da floração, cerca de 150 dias depois do plantio, é feito o corte/colheita da mucuna.

Inoculação 

No intuito de maximizar a fixação de nitrogênio, é recomendado fazer a inoculação das sementes de mucuna-preta antes do plantio. A estirpe de rizóbio indicada é a SEMIA 6158 (BR 2811), da Embrapa Cerrados.

Isso é necessário porque a fixação biológica do nitrogênio ocorre pela simbiose estabelecida entre as raízes das leguminosas e bactérias específicas (rizóbios). 

Em solos com baixa fertilidade, a nodulação da mucuna-preta pode ficar abaixo do esperado.  Isso ocorre pela baixa eficiência das bactérias nativas presente no solo.  A ausência desses microrganismos também é um problema.  

Quais os benefícios da mucuna na rotação de culturas? 

A rotação com mucuna-preta pode trazer inúmeros benefícios à lavoura, como descompactação do solo e melhora das condições de aeração e infiltração de água. Além disso, reduz os custos com adubação, manejo de plantas daninhas e nematoides. 

A mucuna-preta é excelente para adubação verde e fixação biológica de nitrogênio. Ela também oferece maior sustentabilidade da atividade agrícola e maior produtividade da cultura principal.

A rotação de mucuna-preta com soja, milho e feijão é uma prática agrícola muito comum. O cultivo de espécies como a mucuna ocorre na entressafra da cultura anual, e serve como fonte de nutrientes para a próxima safra, principalmente nitrogênio.

Vale ressaltar que os dois principais e mais relevantes benefícios são o controle de plantas daninhas e de nematoides. Veja mais sobre eles em seguida.

Controle de plantas daninhas

A mucuna-preta suprime plantas invasoras da lavoura. Seu rápido crescimento forma uma barreira física que prejudica o desenvolvimento de espécies espontâneas. 

Além da barreira física, ela também apresenta efeitos alelopáticos que contribuem para o manejo de daninhas. Isso quer dizer que ela produz compostos que inibem o desenvolvimento dessas plantas.

O picão-preto (Bidens pilosa) e a tiririca (Cyperus rotundus) são exemplos de invasoras afetadas pela mucuna-preta.

Controle de nematoides

Em áreas infestadas por nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica), a mucuna-preta apresenta eficiente controle da população dos parasitas.

Apesar disso, é importante lembrar que o cultivo dessa planta de forma sucessiva em uma mesma área deve ser evitado. Afinal, a mucuna-preta é hospedeira de outro gênero de nematóide, o Pratylenchus, também conhecido por nematóide-das-lesões.

Dessa forma, o plantio sequenciado da mucuna-preta pode reduzir a população de nematóides do gênero Meloidogyne. Entretanto, pode favorecer os nematóides do gênero Pratylenchus.

Outra planta que tem efeito direto no controle de nematóides é a crotalária. Assim como a mucuna-preta, ela melhora a qualidade do solo e aumenta a população de microrganismos inimigos dos fitonematóides. 

planilha controle de custos por safra

Conclusão

A mucuna-preta é utilizada como adubo verde, na recuperação de áreas degradadas, no combate à erosão e na rotação de culturas.

Ela incrementa a matéria orgânica do solo e favorece a manutenção do equilíbrio dos nutrientes. Além disso, diminui os custos de produção pela menor dependência dos adubos nitrogenados.

Essa espécie também colabora com o manejo de nematóides e plantas invasoras. Todos esses motivos são mais que suficientes para considerar o plantio de mucuna-preta na lavoura!

Você já cultivou mucuna-preta na sua propriedade? Teve uma boa experiência com a cultura? Adoraria ler seu comentário.

Tudo o que você precisa saber para o manejo da mancha-branca do milho

Mancha-branca do milho: entenda o que causa, sintomas, condições favoráveis, disseminação e manejo da doença.

A mancha-branca (ou pinta-branca) é uma doença foliar de grande importância agronômica. Ela está presente nas principais regiões produtoras de milho do Brasil.

Essa doença é agressiva e acontece mais em plantios de milho safrinha

Quando não controlada ou manejada de forma ineficiente, pode causar sérios prejuízos e reduzir a produtividade da lavoura.

Neste artigo, confira mais sobre as causas e consequências dessa doença no seu milharal. Boa leitura!

O que causa mancha-branca do milho

A mancha-branca é uma doença do milho provocada por mais de um agente.

O principal microrganismo causador da mancha-branca é a bactéria Pantoea ananatis. Além dessa bactéria, alguns fungos também estão associados à doença, como:

  • Phaeosphaeria maydis;
  • Phoma sorghina;
  • Phyllosticta sp.;
  • Sporormiella sp.

Como a mancha-branca se espalha na lavoura

A disseminação dos microrganismos responsáveis pela mancha-branca ocorre pela ação do vento e por respingos de água.

Os patógenos sobrevivem nos restos culturais, constituindo a fonte primária do inóculo

As lavouras de milho em sistema de plantio direto estão mais sujeitas à ocorrência da doença. Afinal, nesses casos há aumento na concentração do inóculo.

Como identificar a mancha-branca no milho

Inicialmente, você vai observar sintomas nas folhas inferiores da planta de milho. Porém, com a evolução da doença, as folhas superiores também podem apresentar sintomas. 

As lesões começam na ponta das folhas. À medida que a doença avança, as manchas foliares progridem para a base das folhas do milho. 

Foto de uma folha de milho com manchas brancas na ponta.

Sintomas iniciais da mancha-branca na ponta da folha de milho 

(Fonte: Circular Técnica 167 — Embrapa)

As lesões foliares provocadas pela mancha-branca têm formato circular ou oval. Elas têm aspecto encharcado e coloração verde-clara.  Com o tempo, essas manchas tornam-se necróticas e adquirem coloração palha.

O tamanho das lesões varia de 0,3 cm  a 1,0 cm de diâmetro.

Foto de mancha branca em folha de milho, vista de perto

Sintomas da mancha-branca do milho

(Fonte: Agência Embrapa de Informação Tecnológica)

Dependendo da severidade da doença, os sintomas também podem ser observados na palha das espigas

A severidade da doença está relacionada ao nível de suscetibilidade do híbrido de milho. Condições ambientais também podem agravar a mancha-branca. 

A mancha-branca provoca a seca prematura das folhas. Ela também pode causar prejuízos ao processo de enchimento de grãos.

Em geral, não é comum observar sintomas de mancha-branca em plântulas de milho. Os sintomas da doença são mais severos durante a fase reprodutiva da lavoura, especialmente após o pendoamento.

Como fazer manejo preventivo da mancha-branca do milho

Melhor que cuidar da mancha-branca no milho é conseguir evitar que a doença chegue na lavoura. Isso é possível de três formas: através do manejo de resistência, da antecipação de semeadura e evitando as condições favoráveis.

Faça o manejo de resistência 

O primeiro passo do manejo preventivo é a resistência genética. Essa é uma alternativa eficiente e de baixo impacto ambiental no manejo dessa doença. 

Os híbridos desenvolvidos pela Embrapa (BRS 1010, BRS 1030 e BRS 1035) são exemplos de milho com resistência à mancha-branca.

Evite as condições favoráveis da mancha-branca

O segundo passo é evitar as condições climáticas que favorecem a doença. A mancha-branca se desenvolve em alta umidade relativa do ar (acima de 60%) e temperaturas amenas (14 °C a 20 °C).

Geralmente, as lavouras de milho plantadas na segunda safra têm maior ocorrência da mancha-branca. Nesse período, outros fatores podem contribuir para o desenvolvimento da doença:

  • elevado índice de chuvas;
  • noites com temperaturas mais baixas;
  • formação de orvalho.

A fase mais comum de início da doença é durante o estádio V9 de desenvolvimento do milho. A fase mais crítica acontece entre os estádios VT — R5.

Antecipe a semeadura

Outra boa forma de evitar a mancha-branca é a rotação com culturas não suscetíveis à doença

A antecipação da semeadura do milho também é uma boa opção.  Isso reduz as chances de que a fase de maior suscetibilidade da cultura coincida com condições climáticas favoráveis à doença.

Melhores fungicidas para mancha-branca do milho

Se você identificou a doença na lavoura, é necessário fazer o manejo químico quanto o antes. A aplicação de fungicidas para milho é indicada para plantações suscetíveis à doença.

Uma pesquisa realizada pela Embrapa concluiu que alguns produtos têm baixa eficiência no controle da mancha-branca. São eles:

  • carbendazim (fungicida);
  • triazóis (fungicida);
  • oxitetraciclina (antibiótico);
  • kasugamicina (antibiótico).

O estudo também apontou que os fungicidas do grupo químico das estrobilurinas têm muita eficiência no controle dessa doença.

No controle químico, é essencial fazer a rotação dos produtos com diferentes ingredientes ativos. Isso previne o desenvolvimento de resistência dos patógenos.

Também é fundamental seguir as recomendações do fabricante quanto à dosagem, modo e época de aplicação dos produtos. Esses fatores interferem na eficiência do defensivo agrícola no controle da mancha-branca.

Além de tudo, faça monitoramentos periódicos na lavoura. Essa ação permite identificar a doença ainda em fase inicial

Você também poderá quantificar a área afetada, estabelecer como é a distribuição na lavoura (reboleiras, bordaduras, etc) e quais os sintomas das plantas. 

O diagnóstico correto da doença, as informações coletadas no monitoramento e os dados meteorológicos são fundamentais para a tomada de decisão. 

A partir disso, é possível traçar um plano de manejo preciso para a doença. 

Vale lembrar que, no controle da mancha-branca, é fundamental a necessidade de adotar estratégias integradas de manejo

Conclusão

A mancha-branca é uma doença foliar causada por bactéria e fungos

Em geral, os sintomas são mais severos na fase reprodutiva do milho, especialmente após o pendoamento.

Alta umidade e temperaturas amenas favorecem o desenvolvimento da mancha-branca. A disseminação ocorre pela ação do vento e respingos de água.

Faça um manejo integrado para garantir sucesso no controle. Plante híbridos resistentes e aplique defensivos químicos quando necessário. Na dúvida, consulte um especialista!

>> Leia mais:

“Mancha foliar milho: como livrar a sua lavoura?”

“Como prevenir e manejar o enfezamento do milho”

“Podridão-branca da espiga: entenda mais e controle essa doença na lavoura”

Você já conhecia a mancha-branca do milho? Essa doença já foi detectada na sua lavoura? Como foi realizado o manejo? Deixe seu comentário.

Por que o crambe pode ser uma opção vantajosa para safrinha

Crambe: conheça as características da planta e do óleo e saiba quais são as vantagens e desvantagens do cultivo dessa oleaginosa.

O crambe é uma planta ainda pouco conhecida do Brasil. 

Popularmente, também é conhecido por couve etíope, couve abissínica e mostarda abissínica. Essa oleaginosa é uma cultura de inverno, e é uma alternativa para a rotação de culturas. 

Essa planta vem sendo cultivada com sucesso em vários estados do Brasil, e pode ser uma ótima opção para você!

Quer saber mais sobre o crambe e como cultivá-lo? Confira a seguir.

Características do crambe

O crambe é uma oleaginosa anual. Ele é da mesma família do repolho, do brócolis, da mostarda, da colza e da canola.

Sua altura varia entre 60 cm e 1 m. O sistema radicular é pivotante, as folhas têm a superfície lisa e formato ovalado. 

Fotos do cambre em vários estágios de desenvolvimento. Nas três primeiras fotos o crambe está em forma de folha, na segunda e na terceira ainda em estado de germinação e crescimento.

Crambe abyssinica – (A) e (B): Plantas em desenvolvimento; (C): Sementes germinando; (D): Detalhes da folha; (E): Florescimento

Fonte: (Colodetti et al., 2012)

O florescimento ocorre próximo ao 35º dia após a semeadura. A inflorescência é  composta por pequenas flores brancas.

Inicialmente, o fruto do crambre é verde. Com o amadurecimento, ele adquire cor amarelada. Cada fruto produz uma única semente, com diâmetro que varia de 0,8 mm a 2,5 mm.

O teor médio de óleo da semente de crambe é de 38%. Além disso, o ciclo da cultura é curto, e varia de 85 a 100 dias.

Foto de bacia branca com várias sementes de crambe, na cor amarelada. Sobre as sementes, há uma moeda, demonstrando que as sementes são muito pequenas;

Sementes de crambe (Crambe abyssinica)

Fonte: (Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais de Ontário)

Óleo de crambe

O óleo de crambe é extraído das sementes da planta. Esse óleo tem aplicação em diferentes segmentos da indústria. 

O óleo não é recomendado para o consumo humano. Isso acontece devido ao elevado teor de ácido erúcico em sua composição. A quantidade de ácido erúcico no óleo varia de 50% a 60%.

Ele é utilizado como lubrificante industrial e anticorrosivo, na fabricação de nylon e plásticos, e na produção de borracha sintética. O óleo também é usado pelas indústrias farmacêutica e de cosméticos.

Por ser fonte de proteína, os coprodutos da extração do óleo podem ser utilizados na alimentação de animais ruminantes. O consumo por animais não ruminantes não é recomendado.

Afinal, o óleo contém glucosinolatos, substância tóxica para esses animais.

O óleo de crambe é uma alternativa para a cadeia produtiva do biodiesel. Várias pesquisas científicas já comprovaram que o óleo tem alta qualidade para a produção desse combustível.

Como cultivar crambe na fazenda

Cultivar ideal de crambe

Atualmente, apenas uma cultivar de crambe está listada no RNC (Registro Nacional de Cultivares) do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). 

Essa cultivar é chamada FMS Brilhante (Crambe abyssinica). 

A FMS é a responsável pelo desenvolvimento da cultivar. Ela também detém os direitos de comercialização das sementes. 

Essa cultivar tem produtividade de 1.000 kg/ha  a 1.500 kg/ha. O grão tem teor de óleo que varia de 36% a 38%. O teor de óleo pode variar em função das condições de cultivo e ambientais.

Solo ideal

Para o cultivo do crambe, os solos mais indicados apresentam textura média e pH entre 6,0 a 7,5. Uma boa fertilidade do solo também é fundamental.

A ocorrência de alumínio em concentrações tóxicas prejudica o desenvolvimento da lavoura. Ela pode inviabilizar a produção dessa cultura.

O crambe é uma planta que não tolera solos muito argilosos ou umidade em excesso. Por isso, solos com boa drenagem  e profundos são recomendados para o cultivo.

Clima

O crambe é uma cultura de inverno que apresenta tolerância à seca e a geadas leves. Isso acontece desde que a ocorrência não seja nas fases de plântula e florescimento

Durante a fase vegetativa, a faixa de temperatura em que o crambe melhor se desenvolve é de 15°C a 25°C.  Temperaturas inferiores a – 4°C e superiores a 25°C podem prejudicar a floração da oleaginosa. 

Máquinas e implementos adequados

O cultivo do crambe é totalmente mecanizado e não exige equipamentos específicos. 

É possível utilizar a mesma estrutura de produção (máquinas e implementos) empregada em lavouras de soja e milho.

>> Leia mais: “Máquinas para culturas de inverno: Diferentes tipos e particularidades

Plantio e espaçamento

A recomendação para o plantio do crambe é de 12 kg a 15 kg de sementes por hectare. 

A semeadura deve ser realizada num espaçamento de 17 cm a 45 cm nas entrelinhas. 

Manejo de plantas daninhas

Até o momento, não há registros de produtos no Mapa com efeito herbicida para uso na cultura do crambe.

No entanto, estudos científicos já apontam que o alachlor, o pendimethalin e o 2,4-D são prejudiciais à lavoura de crambe.

Além disso, as associações entre trifluralin, alachlor e pendimethalin também não são indicadas.

É importante ficar de olho no efeito residual dos herbicidas utilizados na safra de verão. Isso é essencial para que o desenvolvimento do crambe não seja prejudicado. 

Uma alternativa para o manejo das plantas daninhas consiste em reduzir o espaçamento de plantio

A redução do espaçamento contribui para o maior sombreamento das espécies invasoras, por antecipar o fechamento do dossel da cultura. 

Manejo de pragas e doenças

O crambe não é alvo do ataque de muitas pragas, em razão da presença de glucosinolato nas folhas e hastes da planta. 

Porém, a fase de plântula é a mais sensível ao ataque de pragas. Dentre as pragas que atacam o crambe nessa fase, há:

A ocorrência de doenças dessa cultura de inverno é maior em períodos chuvosos, quando há maior umidade. As principais doenças já relatadas da cultura do crambe são:

  • mosaico do nabo (Turnip mosaic virus – TuMV);
  • podridão negra (Xanthomonas campestris pv. campestris);
  • damping off (Fusarium sp. e Rhizoctonia solani);
  • mancha de alternária (Alternaria brassicicola).

Até o momento, não há produtos registrados no Mapa para o controle de pragas e doenças na cultura do crambe. Por isso, a recomendação é evitar o plantio em áreas com histórico de doenças e alta incidência de pragas.

Vantagens de cultivar o crambe

O crambe tem custo de produção muito baixo, se comparado a outras culturas de inverno. Ele é uma ótima opção para a safrinha.

Além disso, o cultivo é mecanizado e simples. Você não precisa de máquinas e implementos específicos para a cultura, por exemplo. 

O crambe também tem um grande potencial produtivo.

Desvantagens

Apesar do grande potencial produtivo, ainda faltam informações técnicas a respeito do manejo da cultura.

Não há muitos estudos sobre:

  • adubação;
  • armazenamento;
  • seletividade de produtos químicos;
  • técnicas de controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Por isso, evite o cultivo da oleaginosa se houver históricos intensos de pragas, doenças e daninhas na sua lavoura.

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

O crambe é uma planta ainda pouco conhecida no Brasil, mas que tem grande potencial para ser utilizada na produção de biodiesel e na rotação de culturas

É uma ótima opção para o plantio na safrinha, e quando comparada com outras culturas apresenta menor custo de produção. Além disso, o cultivo é todo mecanizado.

Se você já começou a planejar seu plantio de inverno, pode considerar utilizar o crambe!

>> Leia mais: 

Cobertura de solo no inverno: Por que realizá-la

Cevada como cultura de inverno: aprenda a cultivar e garanta mais lucros

Você já conhecia o crambe? Já usou a planta em rotação de cultura na sua lavoura? Deixe seu comentário!

Entenda como interpretar as informações do Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático)

Zoneamento Agrícola: aprenda o que é, qual o objetivo, como funciona, onde e como consultar todos os dados

O Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) é essencial para o planejamento e execução das atividades agrícolas.

Ele identifica os municípios com condições favoráveis para o cultivo de determinada espécie vegetal. Os períodos de semeadura com menor risco climático também são identificados. 

Neste artigo, você verá um pouco mais sobre como consultar o Zarc e sua importância.

O que é o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático)?

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é uma ferramenta de gestão implementada no Brasil desde 1996. 

Os resultados do Zarc consideram diversos aspectos, como solo, ciclo da cultura e semeadura. 

Conhecer essas variáveis é essencial para realizar a consulta com precisão. Veja um pouco mais sobre os aspectos analisados pela ferramenta:

1. Textura do solo

No Zarc, os solos são agrupados em três categorias:

  • Tipo 1: textura arenosa, com teor de argila maior que 10% e menor ou igual a 15%;
  • Tipo 2: textura média, com teor de argila entre 15% e 35%, e menos de 70% de areia;
  • Tipo 3: textura argilosa, com teor de argila maior que 35%.

2. Ciclo fenológico

As cultivares são classificadas em diferentes grupos. Essa classificação depende da duração média do ciclo e das fases fenológicas.

Para culturas como milho, feijão e soja, o ciclo fenológico é dividido em 4 fases:

  • Fase 1 — Germinação/emergência;
  • Fase 2 — Crescimento/desenvolvimento;
  • Fase 3 — Florescimento/enchimento de grãos;
  • Fase 4 — Maturação fisiológica.

3. Período de semeadura

No Zarc, o calendário é apresentado em intervalos de 10 dias. O período 1 representa os 10 primeiros dias do ano, de 1 a 10 de janeiro. 

O período 2 representa o intervalo entre os dias 11 e 20 de janeiro, e assim em seguida. Contando dessa forma, um ano tem 36 períodos de 10 dias.

Para entender melhor, confira a tabela abaixo.

Tabela com os períodos, datas e meses de semeadura. A tabela é dividia em decênios.

Tabela de período de semeadura

(Fonte: Portaria nº 128, de 18 de maio de 2021)

Como o Zarc funciona?

Através de pesquisas, as exigências fisiológicas das culturas são descobertas. Com informações sobre solo e clima, é possível dizer a quem produz os períodos de plantio mais indicados.

No fim das pesquisas e de cruzamentos de dados de 30 anos passados com essas exigências das culturas, um calendário é definido.

Esse calendário é específico para cada município, tipo de solo e cultivar. Confira agora onde o calendário fica disponível.

Onde consultar o Zarc?

As informações do Zarc podem ser acessadas através de três portais:

  • Painel de Indicação de Riscos;
  • Aplicativo Zarc — Plantio Certo;
  • Portarias de Zarc por Estado.

Agora, veja um passo a passo de como consultar o zoneamento em cada um desses sites.

1. Painel de Indicação de Riscos

A consulta do Zarc pelo Painel de Indicação de Riscos é feita seguindo as etapas a seguir:

  1. Acessar a plataforma Painel de Indicação de Riscos;
  2. Selecionar a aba “Tábua de Risco — 20% 30% 40%”;
  3. Selecionar a safra;
  4. Selecionar a cultura;
  5. Selecionar a sua UF (unidade federativa);
  6. Selecionar o grupo da cultivar;
  7. Selecionar o tipo de solo;
  8. Selecionar o município.

É possível selecionar mais de um município do mesmo estado.

Após selecionar os filtros, um mapa da região é gerado e o período de semeadura é fornecido. Como referência, há três níveis de risco climático: 20%, 30% e 40%.

O calendário é dividido em intervalos de 10 dias

A partir da legenda nos níveis de risco, é possível interpretar as informações e determinar o melhor período para realizar o plantio.

Veja o exemplo a seguir!

Foto do aplicativo Painel de Indicação de Riscos, mostrando através de quadrados a época correta de semeadura. Há quadrados vermelhos, azuis, amarelos e verdes.

Tábua de risco por decêndio para o cultivo de soja no estado da Bahia

(Fonte: Painel de Indicação de Riscos)

2. Aplicativo Zarc — Plantio Certo

Na consulta pelo aplicativo Zarc — Plantio Certo, é necessário indicar o município e depois a cultura de interesse.

A recomendação do período de semeadura é apresentada em períodos de 10 dias. 

Além disso, ela é fornecida em função do tipo de solo, da cultivar e do nível de risco (20%, 30% e 40%).

O aplicativo também fornece informações como:

  • precipitação acumulada;
  • balanço hídrico;
  • temperaturas mínima e máxima de cada decêndio. 

Observe no exemplo abaixo como as informações são apresentadas no aplicativo.

Foto do aplicativo Plantio Certo, mostrando safra, data de semeadura, riscos e grupos de cultivares.

Período de semeadura indicado para a cultura do feijão (2º safra) no município de Jataí (GO), safra 2021/2022 

(Fonte: App Zarc — Plantio Certo)

Portarias de Zarc por Estado

As Portarias de Zarc são divulgadas anualmente no Diário Oficial da União. Elas podem ser acessadas no site do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Para acessar os dados do Zarc é preciso indicar o Estado e a cultura.

Nas Portarias, são publicadas informações técnicas sobre:

  • cultura;
  • ciclo fenológico da espécie;
  • grupo das cultivares;
  • relação dos municípios com condições favoráveis para o cultivo;
  • calendário de plantio;
  • cultivares adaptadas à região.

Os dados são apresentados considerando três níveis de risco de perda (20%, 30% e 40%). Também são considerados os três tipos de solo e o grupo da cultivar.

Veja o exemplo abaixo:

Tabela com períodos de semeaduras para cultivares no município de Água Boa.

Relação de alguns municípios do Mato Grosso aptos ao cultivo de algodão e períodos de semeadura indicados

(Fonte: Portaria nº 128, de 18 de maio de 2021)

No município Água Boa (MT):

  • há solo de textura média (2);
  • foram consideradas as cultivares do grupo II;
  • há um risco de perda de 20%.

Assim, o período recomendado para o cultivo do algodão se estende do 34.º decêndio até o 3.º decêndio (dezembro e janeiro).

Proibições do Zarc

De acordo com as orientações técnicas do Zarc é proibido o plantio de qualquer cultura nas seguintes condições: 

  • áreas de preservação permanente;
  • solos com profundidade inferior a 50 cm;
  • solos com teor de argila inferior a 10% nos primeiros 50 cm de profundidade;
  • solos que se encontram em áreas com declividade superior a 45%;
  • solos muito pedregosos (calhaus e matacões — diâmetro superior a 2 mm — não devem ocupar mais de 15% da superfície do terreno).

Crédito e seguro agrícola

Algumas instituições financeiras exigem o cumprimento das recomendações do Zarc para enquadramento no:

  • Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária);
  • PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural).

Os dois programas citados são políticas de seguro agrícola do governo federal.

Além disso, muitas vezes o acesso ao crédito de custeio está vinculado à adoção das recomendações do Zarc.  Portanto, fique de olho: se você for recorrer ao crédito rural, deve estar com as recomendações do Zarc em dia.

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Lembrando que essa modalidade é exclusiva para clientes.Quanto mais você usa o sistema e evolui a gestão do seu fluxo financeiro, mais chances de ter acesso a uma proposta personalizada.

Conclusão

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é um importante instrumento de consulta que te orienta quanto à melhor época de plantio. 

A adoção das orientações do Zarc está relacionada à concessão de crédito e seguro agrícola

As informações do zoneamento podem ser acessadas através de três plataformas diferentes, todas com informações completas. 

Adote as recomendações do zoneamento para a redução dos riscos e o sucesso da atividade agrícola.

>> Leia mais: “Zoneamento agrícola para sorgo forrageiro: tudo o que você precisa saber

Você sabia como consultar o Zarc? Já se informou qual a melhor época para realizar o plantio no seu município? Adoraria ler seu comentário.