5 passos para calcular o custo de produção do feijão por hectare

Custo de produção do feijão: entenda como calcular o custo com insumos, operações, transporte, armazenagem e mais!

Além de grande consumidor, o Brasil é um grande produtor do feijão. Ele está entre os cinco maiores do mundo.

Esse grão precisa de diversos cuidados e manejo que geram custos para quem produz. É necessário um bom planejamento e controle cuidadoso desses custos de produção. Assim, as despesas não vão superar a receita.

Neste artigo, veja o passo a passo para calcular o custo de produção e garantir uma lavoura mais rentável. Boa leitura!

Como calcular o custo de produção do feijão

O valor dos produtos e serviços necessários para produzir têm aumentado constantemente. É muito importante saber seus gastos por hectare. Assim, no final do ciclo da cultura, você não sairá no prejuízo.

Você deve somar todas as despesas, fixas e variáveis, de preferência com ajuda de planilhas e tecnologias. Essas ferramentas facilitarão o seu controle.

Veja agora todas as etapas para fazer esse cálculo.

1. Custo com insumos

Contabilize todos os insumos utilizados para a implantação e condução da cultura do feijão. Faça isso independente da tecnologia que você usa.

Os valores de muitos insumos são reajustados pela variação da cotação do dólar. Analisar esses custos é fundamental na hora de decidir o quanto, onde e quando plantar. Para você produzir uma lavoura de feijão, vai precisar de muitos insumos. 

Como essa é uma cultura sensível à competição, a lavoura necessita de controle eficiente de plantas daninhas. Inicialmente, você também precisa adquirir sementes, sejam elas tecnológicas ou convencionais.

É comum produtores pequenos salvarem a sua própria semente, mas isso tem um custo que não pode ser ignorado. Fique sempre de olho nas normas para sementes salvas no Ministério da Agricultura. Para a condução de uma lavoura de feijão, os seguintes insumos são essenciais:

  • Sementes;
  • Produtos para tratamento de semente;
  • Herbicidas;
  • Fungicidas;
  • Inseticidas;
  • Óleos e adjuvantes;
  • Corretivos e fertilizantes (orgânicos ou minerais);
  • Inoculante;

Cálculo de sementes de feijão por hectare

  1. Através da densidade de plantio, você sabe a quantidade de sementes que deve ser utilizada em um hectare;
  2. Use o preço por kg ou saca de sementes e transforme isso para um hectare;
  3. Multiplique o preço pela quantidade de sementes por hectare (em kg ou sc).

Cálculo de fertilizantes de feijão por hectare

Para os fertilizantes, use a mesma lógica do cálculo de sementes. 

  1. Multiplique o preço do produto (por kg) pela quantidade (em kg) utilizada por hectare.
  2. Multiplique o valor da tonelada de corretivo pela quantidade usada por hectare (em tonelada). Se for o caso, divida pela quantidade de safras até a próxima correção.

Para correção do solo, você pode fazer o rateio entre as safras em que a correção se mantém.

Cálculo de agroquímicos no feijão por hectare

  1. Saiba a quantidade de cada produto utilizada por hectare no decorrer da safra;
  2. Multiplique pelo valor do produto.

Como exemplo, se você utilizou 0,5L de abamectina em um hectare, o valor do produto é de 30 reais por litro. 

Multiplique 30 (valor por litro) por 0,5 (quantidade usada por hectare). Seu custo por hectare com esse produto foi de 15 reais. Agora, basta organizar e calcular todos esses custos. Em vez de fazer esses cálculos em um caderno, você pode contar com a tecnologia.

Foto de uma tabela de computador, com opções de descrever os insumos, unidade, quantidade e preço

Modelo de planilha para cálculo do custo de insumos por hectare

Com tecnologia, você não precisa perder muito tempo. Além disso, pode garantir que os cálculos estão todos corretos. Separamos para você uma planilha grátis de cálculo de custo com insumos por hectare! Você pode baixar clicando na imagem abaixo:

Planilha de custos dos insumos da lavoura

2. Custo com operações

Esse é basicamente o custo que você tem para aplicar os insumos na lavoura.

Nessa conta, entram os custos de:

Organizada a lista de todas as operações necessárias, você calculará o custo delas. Caso as operações sejam terceirizadas, esse cálculo é mais simples. Se você utilizar maquinário próprio, deve considerar diversos fatores:

  • Combustível (valor combustível x consumo por hora x horas por hectare);
  • Manutenção (valor médio por safra / hectares cultivados);
  • Depreciação ou desvalorização.

Para calcular a depreciação das suas máquinas, você pode usar a seguinte fórmula:

  • Depreciação anual = (valor de compra — valor residual ao final da vida útil) / anos de vida útil

O cálculo de depreciação de máquinas pode ser mais simples com a ajuda da nossa planilha gratuita! Clique na imagem abaixo para baixar:

Cada hora trabalhada tem um custo, saiba organizar suas despesas.

Use os custos de manutenção, a depreciação da máquina e custo com combustível. Divida isso pelos hectares cultivados. Esses custos são bastante variáveis. Você deve adaptar tudo de acordo com as condições da sua região.

3. Mão de obra

A mão de obra representa um custo na sua fazenda. Ela deve ser contabilizada, seja ela contratada ou familiar.  Se a mão de obra for contratada, inclua na planilha de custos os salários pagos por safra e todos os impostos inclusos.

Caso somente a família trabalhe na lavoura, você pode calcular da seguinte maneira:

  • Estipule um salário por hora trabalhada para cada membro da família ou funcionário;
  • Multiplique as horas totais trabalhadas pelo valor estimado.

Neste campo de custos, você também pode colocar o gasto com assistência técnica, caso haja.

4. Custos financeiros

O cálculo de custos financeiros por hectare deve ser feito quando você tem:

  • juros a pagar referente ao custeio da safra;
  • juros de financiamentos de máquinas e implementos;
  • custo de oportunidade (o lucro que você deixa de ganhar caso use a área com outra atividade).

5. Transporte/Armazenagem

O ideal é que os custos da pós-colheita sejam lançados separadamente dos demais. Esses custos incluem desde o transporte do grão até as despesas com secagem e armazenamento. A pós-colheita do feijão é bastante crítica. Afinal, a maior parte da produção é destinada ao consumo “in natura”.

Se o transporte do campo ao armazém for fretado, faça a seguinte conta:

  • Verifique a quantidade de horas das operações e o preço pago por hora;
  • Divida tudo pelo número de hectares.

O armazém pode ser próprio ou alugado. Se for próprio, você deve saber qual o custo do armazém, e dividir isso pelos hectares cultivados. A locação de espaço em armazém facilita o cálculo. Se esse for seu caso, apenas divida o valor cobrado pelos hectares cultivados.

É importante que a armazenagem dos grãos de feijão seja feita de forma eficaz. O local deve ter secador eficiente e um silo adaptado a esses grãos. 

Isso pode gerar um custo diferente dos grãos mais comuns (milho e soja). Esteja sempre de olho em todos os detalhes para garantir seus lucros.

Como calcular o custo de produção do feijão com software?

Muitas vezes, quem produz esquece o caderno de anotações no escritório e deixa de anotar alguns gastos. A desvantagem disso é nunca conseguir definir e entender bem os custos de produção, o que pode tornar o planejamento financeiro incerto.

Ferramentas de gestão como o software agrícola Aegro te ajudam muito nesse momento, já que cálculos ficam mais automatizados. Com essas ferramentas, você pode inserir os gastos pelo celular.

Além disso, o próprio sistema gera automaticamente gráficos e tabelas que facilitam seu entendimento e visualização:

gif que mostra a tela de custo realizado do software de gestão rural Aegro

Agora que você já sabe qual o seu custo de produção e tem tudo contabilizado, fica mais fácil definir qual será sua margem de lucro. Assim, você pode definir qual a produtividade e preço por saca de feijão necessários para chegar na sua meta.

Custo de produção agrícola: Controle tudo pelo Aegro!

Conclusão

É muito importante ter a noção do seu custo para produzir um hectare de feijão.

Para controlar esses custos, lembre-se de separar as atividades por tipo de gasto. Insumos, máquinas, operações, transporte e armazenamento devem ser calculados separadamente.

O planejamento é essencial para manter a saúde financeira da propriedade. E não se esqueça de que você sempre pode contar com a tecnologia e com planilhas nesses momentos.

>> Leia mais: Previsão para o preço do feijão: saiba quais são as expectativas

Você sabe qual é o custo de produção do feijão por hectare na sua propriedade? Deixe um comentário contando como você se organiza!

Guia completo da plantação de canola + benefícios para o milho, trigo e soja

Plantação de canola: conheça o ambiente ideal de cultivo, adubação, manejo de pragas e doenças, cuidados na colheita e mais!

A canola é a terceira oleaginosa mais produzida no mundo. As oleaginosas são alimentos vegetais ricos em gorduras “boas”.

cultivo da canola é destinado para a produção de óleo para o consumo humano e de biodiesel. O farelo resultante é usado na fabricação de rações por ser rico em proteínas.

A canola é uma excelente alternativa econômica para o uso em  rotação de culturas com o trigo, a soja e o milho. Ela diminui problemas fitossanitários que afetam esses cultivos. 

Quer saber se essa é uma boa opção para a sua fazenda? Acompanhe o artigo!

Características da canola

A canola é uma espécie anual da mesma família que o repolho e a couve. No entanto, seu cultivo visa a produção de grãos

Ela é muito adaptável ao frio, e por isso tem grande potencial de cultivo em grande parte da América do Sul. Nas lavouras do Sul do Brasil, a oleaginosa tem feito sucesso. 

A área semeada com a cultura no país foi de 35,5 mil hectares em 2020. Desse número, 34,8 mil hectares concentraram-se no Rio Grande do Sul.

Nessa região, são utilizadas apenas cultivares de primavera. O cultivo se destaca na sucessão das culturas de verão, como soja e milho

A canola também é utilizada na rotação com as culturas de inverno como o trigo, centeio, cevada, aveia e triticale. 

Benefícios da plantação de canola 

O uso da canola na rotação de culturas reduz o uso de defensivos agrícolas. Consequentemente, também reduz custos e torna a produção mais sustentável

A cultura também se destaca como uma excelente alternativa econômica. Afinal, ela não exige aquisição de máquinas e equipamentos específicos para o seu manejo. 

Você pode utilizar a estrutura disponível na propriedade. Além disso, a canola possui grande produtividade (em média 1500 Kg ha-1).

A cultura da canola, quando utilizada em rotação de cultura, traz benefícios para os cultivos da soja, do trigo e do milho.

Benefícios da canola para o trigo

A rotação com canola diminui problemas de doenças na lavoura de trigo. Ela reduz as estruturas responsáveis pelas doenças causadas por fungos que sobrevivem em restos culturais.

A fusariose e septoriose estão entre as doenças manejadas pela rotação com canola. 

A canola também é importante no manejo do azevém, uma das principais plantas daninhas do trigo.  Afinal, a canola tem mais capacidade competitiva que o azevém.

Benefícios da canola para a soja

A cultura da soja não é hospedeira do nematoide do cisto. Isso quebra o ciclo de vida do nematoide e faz o manejo das áreas contaminadas.

Mas é necessário estar atento entre o período mínimo de 20 dias entre a colheita da canola e a implantação da soja. Isso por causa do efeito alelopático da canola sobre a soja, que interfere na germinação da cultura da soja.

Benefícios da canola para o milho

A canola reduz problemas causados por mancha de diplodia e cercosporiose.  Isso acontece quando o milho é cultivado em sucessão aos cultivos de inverno, na safra de verão.

Manejo da plantação de canola

Para ter sucesso e lucratividade no cultivo da canola, você precisa planejar a implantação no sistema de produção. Escolher a área mais adequada também é um passo fundamental.

A canola é sensível a uma série de herbicidas que deixam um efeito residual prejudicial à cultura.

Por isso, prefira cultivar a canola em áreas que tiveram soja resistente ao glifosato na safra anterior. Isso diminui os riscos do efeito prejudicial de herbicidas residuais no solo.

A cultura se desenvolve melhor em áreas livres de doenças como: canela-preta, sclerotinia (mofo-branco) e infestação por nabiça.

Tenha atenção com o cultivo da canola quando a soja vem em sucessão. A canola pode potencializar o aparecimento de mofo-branco nesse caso.

Ambiente de cultivo ideal para canola

A geada é muito prejudicial à canola no estádio de plântula e durante o florescimento. O período de cultivo vai de abril a novembro no Sul do Brasil.

No estádio de plântula, os danos podem resultar em morte das plantas. Isso principalmente quando a geada ocorre sem um período de pelo menos três dias de frio antes.

Esses dias de frio antes da geada tornam as plantas mais tolerantes.

A geada pode causar abortamento de flores. Isso causa queda da produção, além de  produzir o efeito chamado grão verde.

Os grãos verdes são causados pelo acúmulo de clorofila resultante da ocorrência de geadas durante o enchimento de grãos. Eles provocam o desligamento dos grãos da planta mãe, antes da maturidade. 

Além disso, a canola pode rebrotar após a geada. Dessa forma, a maturação da lavoura será desuniforme, com plantas na maturidade e plantas em estádios anteriores. 

Por isso, podem haver grãos verdes em maiores proporções.

Os prejuízos são maiores durante as fases mais avançadas. Afinal, as chances das plantas emitirem hastes laterais são menores. 

Por outro lado, a emissão de novas hastes resulta em maior desuniformidade de maturação. Como consequência, há maiores possibilidades de perdas na colheita.

Para reduzir danos causados por geadas, evite a semeadura em áreas de baixada e nas proximidades de matas fechadas.

Foto de folha de canola coberta de gelo

Geada em plantas de canola. 

(Fonte: Embrapa)

Sementes e preparo do solo para semeadura

A semeadura da canola deve ser feita apenas com sementes de híbridos registrados. Eles proporcionam benefícios como:

  • evitar a introdução de doenças na lavoura através de sementes contaminadas;
  • evitar a necessidade de ressemeadura e atraso no próximo cultivo;
  • garantir a emergência vigorosa e uniforme do cultivo, reduzindo as perdas causadas pela desuniformidade na maturação.

Você deve semear evitando a ocorrência de geadas no início do cultivo. A profundidade de semeadura ideal para a canola é de 2 cm.

Os melhores solos para canola são os mesmos aptos para o cultivo de cereais de inverno, incluindo alguns solos arenosos.  Vale destacar que solos com grande probabilidade de encharcamento devem ser evitados. 

A canola pode ser cultivada em áreas com o mesmo preparo e manejo realizados para as demais culturas de grãos.

Adubação da plantação de canola

A canola demanda uma boa adubação nitrogenada. A deficiência desse nutriente reduz a produtividade.  Doses excessivas alongam a fase vegetativa. Assim, há possibilidades de ocorrências de doenças e redução da qualidade da planta.

A canola também exige muito enxofre, devido ao alto teor de óleo e proteína nos grãos.  Portanto, esse nutriente pode aumentar a produção e o teor de óleo das sementes.

A canola tem uma eficiente utilização de fósforo e potássio. Além disso, incrementos na produção podem ser obtidos pela aplicação de boro, zinco e cobre.

Não deixe de fazer análise de solo antes de cultivar canola. Assim, a adubação e correção do solo serão baseados na interpretação dos resultados.

Manejo de pragas 

As principais pragas que incidem no cultivo da canola são:

A traça-das crucíferas é a praga que mais causa danos na canola. Eles são causados pelas lagartas, que se alimentam de hastes e sílicas da planta. Desfolhamentos também podem acontecer. 

Os danos são maiores se ocorrer um surto antes da floração.

Para um controle eficiente, faça controle químico com inseticidas reguladores de crescimento. Isso deve ser feito quando houver infestação em toda a lavoura, e cerca de 10% de desfolha.

Para algumas pragas, não existem relatos sobre o controle químico

Portanto, evite a semeadura em áreas infestadas com mais de 5 corós por metro quadrado, com grilo marrom e outras pragas de solo. 

O monitoramento da lavoura para vistoriar pragas é fundamental. Por isso, separamos uma planilha grátis para você realizar o Manejo Integrado de Pragas sem complicações. Clique na imagem abaixo para baixar:

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Manejo de doenças

Com relação às doenças, a canela-preta pode causar grandes prejuízos. 

Para minimizar esses danos, mantenha a área livre do cultivo de canola por dois anos. Esse fungo permanece nos restos culturais.

Escolha áreas localizadas a mais de mil metros de distância de lavouras onde havia canola infectada com canela-preta.

Para o controle do mofo-branco e da podridão negra das crucíferas, faça o manejo integrado, pois não há método de controle completamente efetivo.

No MID (Manejo Integrado de Doenças), você deve fazer:

  • Rotação de cultura com espécies não suscetíveis;
  • Usar sementes sadias;
  • Evitar áreas com ocorrência das doenças;
  • Realizar semeadura direta;
  • Controlar plantas daninhas suscetíveis.

Cuidados na colheita

O atraso na colheita resulta em grandes perdas. Portanto, a cor dos grãos serve de base para determinar o ponto de colheita ideal.

Quando 40% a 60% dos grãos no topo do caule principal mudam da cor verde para a cor marrom, as plantas estão prontas para ser colhidas.

A partir desse ponto, você pode cortar e enleirar as plantas. Isso é feito com equipamento autopropelido ou acoplado a um trator. 

Quando as plantas enleiradas tiverem cerca de 10% de umidade do grão, pode ser feita a colheita. Isso geralmente acontece alguns dias depois do corte.

A dessecação não é indicada para a cultura. A colheita direta pode ser feita quando o teor de umidade dos grãos estiver no máximo em 18%.

Você também deve regular a colheitadeira devidamente. Os pontos principais são vedar locais por onde podem vazar grãos e reduzir a velocidade de deslocamento.

Conclusão

A canola melhora o sistema produtivo da soja, milho e trigo. Ela diminui problemas com pragas e doenças nessas culturas.

A oleaginosa contribui para a redução dos custos com defensivos nas lavouras. Além disso, você não precisa fazer investimentos em máquinas e equipamentos para o manejo e a colheita. 

A canola é uma excelente alternativa para rotação de culturas, com um retorno econômico satisfatório. Considere esses e outros benefícios da planta para implantá-la na sua lavoura!

Veja mais>>

“Estoque sob controle: como sojicultor melhorou seus indicadores”

“Deficiência de fósforo no milho: como identificar e resolver?”

Restou alguma dúvida sobre a plantação de canola? Já pensou em utilizar essa planta na rotação de culturas? Deixe seu comentário abaixo!

Por que o crambe pode ser uma opção vantajosa para safrinha

Crambe: conheça as características da planta e do óleo e saiba quais são as vantagens e desvantagens do cultivo dessa oleaginosa.

O crambe é uma planta ainda pouco conhecida do Brasil. 

Popularmente, também é conhecido por couve etíope, couve abissínica e mostarda abissínica. Essa oleaginosa é uma cultura de inverno, e é uma alternativa para a rotação de culturas. 

Essa planta vem sendo cultivada com sucesso em vários estados do Brasil, e pode ser uma ótima opção para você!

Quer saber mais sobre o crambe e como cultivá-lo? Confira a seguir.

Características do crambe

O crambe é uma oleaginosa anual. Ele é da mesma família do repolho, do brócolis, da mostarda, da colza e da canola.

Sua altura varia entre 60 cm e 1 m. O sistema radicular é pivotante, as folhas têm a superfície lisa e formato ovalado. 

Fotos do cambre em vários estágios de desenvolvimento. Nas três primeiras fotos o crambe está em forma de folha, na segunda e na terceira ainda em estado de germinação e crescimento.

Crambe abyssinica – (A) e (B): Plantas em desenvolvimento; (C): Sementes germinando; (D): Detalhes da folha; (E): Florescimento

Fonte: (Colodetti et al., 2012)

O florescimento ocorre próximo ao 35º dia após a semeadura. A inflorescência é  composta por pequenas flores brancas.

Inicialmente, o fruto do crambre é verde. Com o amadurecimento, ele adquire cor amarelada. Cada fruto produz uma única semente, com diâmetro que varia de 0,8 mm a 2,5 mm.

O teor médio de óleo da semente de crambe é de 38%. Além disso, o ciclo da cultura é curto, e varia de 85 a 100 dias.

Foto de bacia branca com várias sementes de crambe, na cor amarelada. Sobre as sementes, há uma moeda, demonstrando que as sementes são muito pequenas;

Sementes de crambe (Crambe abyssinica)

Fonte: (Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais de Ontário)

Óleo de crambe

O óleo de crambe é extraído das sementes da planta. Esse óleo tem aplicação em diferentes segmentos da indústria. 

O óleo não é recomendado para o consumo humano. Isso acontece devido ao elevado teor de ácido erúcico em sua composição. A quantidade de ácido erúcico no óleo varia de 50% a 60%.

Ele é utilizado como lubrificante industrial e anticorrosivo, na fabricação de nylon e plásticos, e na produção de borracha sintética. O óleo também é usado pelas indústrias farmacêutica e de cosméticos.

Por ser fonte de proteína, os coprodutos da extração do óleo podem ser utilizados na alimentação de animais ruminantes. O consumo por animais não ruminantes não é recomendado.

Afinal, o óleo contém glucosinolatos, substância tóxica para esses animais.

O óleo de crambe é uma alternativa para a cadeia produtiva do biodiesel. Várias pesquisas científicas já comprovaram que o óleo tem alta qualidade para a produção desse combustível.

Como cultivar crambe na fazenda

Cultivar ideal de crambe

Atualmente, apenas uma cultivar de crambe está listada no RNC (Registro Nacional de Cultivares) do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). 

Essa cultivar é chamada FMS Brilhante (Crambe abyssinica). 

A FMS é a responsável pelo desenvolvimento da cultivar. Ela também detém os direitos de comercialização das sementes. 

Essa cultivar tem produtividade de 1.000 kg/ha  a 1.500 kg/ha. O grão tem teor de óleo que varia de 36% a 38%. O teor de óleo pode variar em função das condições de cultivo e ambientais.

Solo ideal

Para o cultivo do crambe, os solos mais indicados apresentam textura média e pH entre 6,0 a 7,5. Uma boa fertilidade do solo também é fundamental.

A ocorrência de alumínio em concentrações tóxicas prejudica o desenvolvimento da lavoura. Ela pode inviabilizar a produção dessa cultura.

O crambe é uma planta que não tolera solos muito argilosos ou umidade em excesso. Por isso, solos com boa drenagem  e profundos são recomendados para o cultivo.

Clima

O crambe é uma cultura de inverno que apresenta tolerância à seca e a geadas leves. Isso acontece desde que a ocorrência não seja nas fases de plântula e florescimento

Durante a fase vegetativa, a faixa de temperatura em que o crambe melhor se desenvolve é de 15°C a 25°C.  Temperaturas inferiores a – 4°C e superiores a 25°C podem prejudicar a floração da oleaginosa. 

Máquinas e implementos adequados

O cultivo do crambe é totalmente mecanizado e não exige equipamentos específicos. 

É possível utilizar a mesma estrutura de produção (máquinas e implementos) empregada em lavouras de soja e milho.

>> Leia mais: “Máquinas para culturas de inverno: Diferentes tipos e particularidades

Plantio e espaçamento

A recomendação para o plantio do crambe é de 12 kg a 15 kg de sementes por hectare. 

A semeadura deve ser realizada num espaçamento de 17 cm a 45 cm nas entrelinhas. 

Manejo de plantas daninhas

Até o momento, não há registros de produtos no Mapa com efeito herbicida para uso na cultura do crambe.

No entanto, estudos científicos já apontam que o alachlor, o pendimethalin e o 2,4-D são prejudiciais à lavoura de crambe.

Além disso, as associações entre trifluralin, alachlor e pendimethalin também não são indicadas.

É importante ficar de olho no efeito residual dos herbicidas utilizados na safra de verão. Isso é essencial para que o desenvolvimento do crambe não seja prejudicado. 

Uma alternativa para o manejo das plantas daninhas consiste em reduzir o espaçamento de plantio

A redução do espaçamento contribui para o maior sombreamento das espécies invasoras, por antecipar o fechamento do dossel da cultura. 

Manejo de pragas e doenças

O crambe não é alvo do ataque de muitas pragas, em razão da presença de glucosinolato nas folhas e hastes da planta. 

Porém, a fase de plântula é a mais sensível ao ataque de pragas. Dentre as pragas que atacam o crambe nessa fase, há:

A ocorrência de doenças dessa cultura de inverno é maior em períodos chuvosos, quando há maior umidade. As principais doenças já relatadas da cultura do crambe são:

  • mosaico do nabo (Turnip mosaic virus – TuMV);
  • podridão negra (Xanthomonas campestris pv. campestris);
  • damping off (Fusarium sp. e Rhizoctonia solani);
  • mancha de alternária (Alternaria brassicicola).

Até o momento, não há produtos registrados no Mapa para o controle de pragas e doenças na cultura do crambe. Por isso, a recomendação é evitar o plantio em áreas com histórico de doenças e alta incidência de pragas.

Vantagens de cultivar o crambe

O crambe tem custo de produção muito baixo, se comparado a outras culturas de inverno. Ele é uma ótima opção para a safrinha.

Além disso, o cultivo é mecanizado e simples. Você não precisa de máquinas e implementos específicos para a cultura, por exemplo. 

O crambe também tem um grande potencial produtivo.

Desvantagens

Apesar do grande potencial produtivo, ainda faltam informações técnicas a respeito do manejo da cultura.

Não há muitos estudos sobre:

  • adubação;
  • armazenamento;
  • seletividade de produtos químicos;
  • técnicas de controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Por isso, evite o cultivo da oleaginosa se houver históricos intensos de pragas, doenças e daninhas na sua lavoura.

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

O crambe é uma planta ainda pouco conhecida no Brasil, mas que tem grande potencial para ser utilizada na produção de biodiesel e na rotação de culturas

É uma ótima opção para o plantio na safrinha, e quando comparada com outras culturas apresenta menor custo de produção. Além disso, o cultivo é todo mecanizado.

Se você já começou a planejar seu plantio de inverno, pode considerar utilizar o crambe!

>> Leia mais: 

Cobertura de solo no inverno: Por que realizá-la

Cevada como cultura de inverno: aprenda a cultivar e garanta mais lucros

Você já conhecia o crambe? Já usou a planta em rotação de cultura na sua lavoura? Deixe seu comentário!

Veja como fazer a classificação do solo da sua lavoura

Classificação do solo: entenda o que é o Sibics, os tipos de solo mais comuns no Brasil e a importância de conhecer bem o da sua lavoura

A classificação do solo é muito importante para quem produz. Afinal, cada tipo de solo irá exigir cuidados específicos. 

Essa classificação é feita por meio do Sibics (Sistema Brasileiro de Classificação de Solos). Que tal entender como classificar o solo da sua fazenda? Neste artigo, veja como os solos são classificados e as principais classes de solo do Brasil. Confira a seguir!

O que é o Sibics (Sistema Brasileiro de Classificação de Solos)?

O Sibics é um sistema utilizado para classificar todos os solos existentes no Brasil.

Nele, os solos são classificados com base em propriedades que resultam dos processos de formação do solo. Ele é dividido em 6 níveis categóricos de classificação: Ordem, Subordem, Grande Grupo, Subgrupo, Família e Série.

Atualmente, a classificação é feita somente até o 4° nível categórico (Subgrupo). Os níveis 5 e 6 ainda estão em discussão.

O Sibics é a principal referência utilizada para a classificação dos solos brasileiros. A sua 5ª edição está disponível gratuitamente para acesso.  

Foto da capa do e-book de classificação do solo. Na capa marrom e laranja, há o desenho do mapa do Brasil em cores diferentes.

Sibics Sistema Brasileiro de Classificação de Solos

Fonte: (Santos e colaboradores, 2018)

O que considerar na classificação do solo da fazenda

Para classificar o solo da sua propriedade, o Sibics deve ser consultado. O primeiro passo para a classificação é a descrição morfológica do perfil do solo. Após, a coleta do material do campo é feita.

A classificação de um solo é obtida a partir da avaliação de aspectos da amostra. Esses aspectos são:

  • morfológicos (estrutura);
  • físicos (textura);
  • químicos (teor de alumínio);
  • mineralógicos (percentagem de quartzo na porção areia).

Aspectos ambientais do local do perfil também devem ser considerados, como:

  • clima;
  • vegetação;
  • relevo;
  • material de origem;
  • condições climáticas;
  • relações solo-paisagem.

Esses aspectos morfológicos e ambientais devem ser observados com bastante cuidado, paciência e critério. Só assim uma descrição correta do perfil do solo será feita. O Sibics ajuda na organização dessas informações e no entendimento das ordens de solo.

Passo a passo para classificar o solo da sua propriedade

Tenha em mãos alguns materiais necessários para a descrição morfológica do perfil do solo:

  • martelo;
  • trado;
  • pá reta e pá quadrada;
  • faca;
  • enxadão.

1° passo: observe os aspectos ambientais do local do perfil

Anote as características do clima, vegetação, relevo, material de origem em que o perfil do solo ocupa.

2° passo: abra uma trincheira e observe as suas feições morfológicas

Examine o perfil de cima para baixo. Observe e anote a espessura e arranjamento dos horizontes, cor, textura, estrutura, agregação, cerosidade e consistência do solo.

Depois, demarque a transição entre os horizontes com a ponta de uma faca.

3° passo: envie amostras de solo coletadas no perfil para análise laboratorial

Para confirmar a classificação do campo, a análise laboratorial do solo é necessária.

Nessas análises laboratoriais, é recomendado que se determine as características químicas e texturais do solo, como:

  • pH;
  • teor de alumínio tóxico;
  • porcentagem de areia, silte e argila;
  • saturação por bases;
  • capacidade de troca catiônica;
  • soma de bases, entre outras.

Seguindo esses passos, será possível:

  • conhecer os aspectos morfológicos do perfil do solo e associá-los aos resultados das análises laboratoriais;
  •  identificar as transições entre os horizontes do solo;
  •  identificar os principais atributos diagnósticos.

Com todas essas informações em mãos, você poderá associar as características observadas no perfil do solo e determinar a classificação do solo da sua fazenda.

Importância de saber a classificação do solo da propriedade

Conhecer a classificação do solo da sua propriedade é muito importante. Isso pode trazer vários benefícios, como:

  • conhecer as limitações e qualidades do solo da sua propriedade;
  • possibilitar a troca de informações técnicas com produtores com propriedades com a mesma classificação de solo;
  • predizer o comportamento dos solos;
  • identificar áreas com maior chances de erosão;
  • permitir o planejamento do tráfego de máquinas agrícolas, principalmente em solos muito argilosos;
  • permitir o mapeamento de áreas com manchas de solo raso, que inviabiliza o cultivo de algumas culturas agrícolas;
  • identificar o uso mais adequado dos solos, entre outros.

Principais classes de solo no Brasil

O Brasil possui uma grande diversidade de solos. As classes que possuem maior ocorrência são:

  • Latossolos e Argissolos;
  • Neossolos;
  • Plintossolos;
  • Cambissolos;
  • Gleissolos.

Algumas classes de solos possuem menor ocorrência, porém não significa que não sejam importantes. Esse é o caso dos:

  • Luvissolos;
  • Espodossolos;
  • Planossolos;
  • Nitossolos;
  • Chernossolos;
  • Vertissolos;
  • Organossolos.
Mapa do brasil colorido de acordo com a classificação do solo de cada região.

Mapa de solos do Brasil

Fonte: (Embrapa, 2014)

Os Luvissolos são muito comuns na região semiárida brasileira. Os Nitossolos são comuns nas áreas de solos formados de basaltos no Centro-Sul do Brasil.

Os Planossolos são abundantes no Pantanal, em áreas do semiárido e nas regiões produtoras de arroz irrigado do Rio Grande do Sul.

 Já os Organossolos são ricos em matéria orgânica e raros no Brasil. Isso acontece devido ao clima tropical, que não favorece a acumulação matéria orgânica. A seguir, você pode observar as diferentes classes de solo no Brasil e suas distribuições no território.

diagnostico de gestao

Conclusão

O SiBCS é o sistema taxonômico oficial utilizado para classificação de solos no Brasil. Existem 13 classes de solos conhecidas no país.

As classes de solos predominantes são os Latossolos, Argissolos e Neossolos. Conhecer o tipo de solo da sua propriedade pode melhorar muito as suas práticas de manejo e a produtividade.

Não deixe de consultar um especialista em caso de dúvidas!

>> Leia mais: “Prad: entenda o que é o plano de recuperação de áreas degradadas”

Você já classificou ou pensa em fazer a classificação do solo da sua fazenda? Adoraria ler seu comentário abaixo! 

Otimize seu maquinário com piloto automático agrícola

Piloto automático agrícola: entenda como funciona o sistema de máquinas automáticas e a possibilidade de uso em sua propriedade

A atividade agrícola deve ser executada da maneira mais profissional possível

Isso inclui o uso eficiente de recursos, máquinas, combustível, tempo e mão de obra. Os avanços tecnológicos fizeram com que muitas dessas atividades fossem automatizadas na agricultura. 

A automação agrícola envolve desde as práticas técnicas de campo até a gestão de pessoas. O piloto automático agrícola é um bom exemplo.

Neste artigo, confira os tipos de sistemas de piloto automático, quais operações podem ser realizadas com eles e muito mais! Boa leitura.

O que é o piloto automático agrícola?

O piloto automático das máquinas agrícolas funciona como um carro de controle remoto.  Isso quer dizer que o controle da máquina é remoto. Ou seja, não há contato direto do operador.

Porém, há uma diferença: um carro por controle remoto conta com um operador.

Na máquina em piloto automático, a operação acontece praticamente sem intervenção humana. Isso acontece através de uma série de processos.

A direção de deslocamento, velocidade, tempo de movimento e as paradas são coordenados com parâmetros pré-estabelecidos. A atividade a ser executada também é considerada.

Essa tecnologia também é chamada maquinário autônomo.

A evolução dos sistemas de piloto automático

Os sistemas de piloto automático começaram a se tornar possíveis a partir da década de 1990. O surgimento do GPS foi o motivo. 

A partir daí, as máquinas foram sendo adaptadas para executar de maneira automática algumas atividades. Por exemplo, andar em linha reta e seguir um trajeto pré-definido.

O papel do operador era diminuído, mas ainda necessário para atividades como: 

  • alinhamento da máquina no início do circuito;
  • controle de acionamento e levantamento do implemento acoplado;
  • manobra de retorno;
  • realinhamento à nova rota.

Alguns sistemas ainda são utilizados, baseando-se em sinais luminosos no campo ou na própria máquina. O objetivo é guiar o deslocamento do trator.

Porém, outros avanços nos últimos anos permitem que o piloto automático seja cada vez menos dependente da operação humana.

Como funciona o sistema de piloto automático?

A tecnologia de piloto automático se baseia em um sistema de georreferenciamento, como o GPS. 

A interação entre esse sistema e o sistema de controle da máquina e do implemento também são importantes.

Para isso, o sistema apresenta uma quantidade mínima de componentes:

Ilustração de máquina em preto e branco, com lupas em peças específicas

Componentes do sistema de piloto automático de um trator 

Fonte: (USP)

  • Antena (a): a antena recebe o sinal de georreferenciamento através do GNSS (Sistema de navegação global por satélites);
  • Computador (b): o computador de bordo contém o software. Através dele, é possível ajustar a rota, controlar o sistema de operação da máquina e do implemento de acordo com o sinal da antena;
  • Sensor de inércia (c): notifica oscilações e também faz a compensação da inclinação vertical;
  • Atuador da direção (d): adéqua e equaliza as rotas do trator e do implemento;
  • Sensor de esterçamento (e): acoplado às rodas do trator, permite controle automático do esterçamento da máquina.

Tipos de sistema de piloto automático

Existem dois tipos básicos de sistemas e estes são definidos de acordo com a interação entre a máquina e o implemento agrícola:

1. Sistemas passivos

Nesses sistemas, a rota é traçada baseada no deslocamento e posicionamento do implemento agrícola. 

A roda do trator é adequada para que o implemento avance de maneira correta.

Nos sistemas passivos, o trator e o implemento seguem rotas diferentes. Por isso, podem ocorrer danos em partes do cultivo pelo trator, principalmente em operações de tratos culturais.

2. Sistemas ativos

Nesses sistemas, o controle de posicionamento é feito com o trator e o implemento seguindo a mesma rota. Assim, há um maior controle sobre o deslocamento.

Nos sistemas ativos, há a necessidade de atuadores na máquina ou no implemento, ajustando suas rotas. 

Esses atuadores são normalmente mecânicos, elétricos ou hidráulicos.

Quais operações podem ser feitas com essa tecnologia?

A maior parte das atividades que envolvam tratores ou implementos agrícolas podem ser adaptadas para o uso de piloto automático

A possibilidade de ter uma máquina autônoma depende da capacidade de adequá-la para a tarefa.

O uso de máquinas com piloto automático pode ser feito para as seguintes tarefas:

  • Preparo do solo: essas máquinas podem ser usadas em conjunto com mapas de inclinação e fertilidade da área. Atuam tanto no preparo quanto na correção nutricional do solo;
  • Plantio: o piloto automático evita a sobreposição de plantio ou áreas vazias. Além disso, há melhor controle no número de sementes por área, melhorando o estande inicial;
  • Aplicação de produtos fitossanitários: o uso de piloto automático pode gerar uso mais eficiente de insumos e evitar toxicidade. Ele não permite a sobreposição de áreas. Além disso, permite que os produtos sejam aplicados em horários alternativos, com condições climáticas ideais.
  • Colheita: na colheita, o uso de máquinas autônomas pode evitar o amassamento de plantas e danos ao cultivo. Além disso, a velocidade é mais uniforme e evita perdas.
Foto de painel de bordo de máquina com piloto automático: é possível ver uma ilustração da lavoura com uma linha reta e uma seta vermelha, que indica o trajeto a ser feito pela máquina

Exemplo de tela de computador de bordo de máquina com piloto automático 

Fonte: (Hexagon)

Vantagens de utilizar o piloto automático

Existem diversas razões para investir e utilizar a tecnologia de piloto automático e máquinas autônomas. 

A maioria está relacionada ao aumento da eficiência e qualidade do serviço. A redução de custos ao longo prazo também é uma forte vantagem.

Mas existem outras:

  • Diminuição de falha humana;
  • Menor fadiga do operador;
  • Possibilidade de atuação sob baixa visibilidade devido à escuridão ou neblina;
  • Eficiência de aplicação e diminuição da sobreposição de áreas;
  • Maior homogeneidade da lavoura;
  • Diminuição do tempo de atividade e do gasto de combustíveis;
  • Redução na ociosidade do maquinário;
  • Menor possibilidade de dano à cultura ou ao maquinário;
  • Possibilidade de integração com outras técnicas de agricultura de precisão.

 Desvantagens do piloto automático agrícola

Apesar de todas as vantagens, o sistema de piloto automático exige um alto investimento.

Você também precisa de treinamento específico para uma boa utilização e aproveitamento de todas essas vantagens.

Há várias opções de marcas e modelos, com diferentes preços. Você deve verificar a viabilidade e o melhor sistema para seu maquinário.

Além disso, é importante incluir investimentos em maquinário e formação de pessoal antes de implementar o sistema.

Ao se decidir pela aquisição e uso dessa tecnologia, informe-se com o vendedor sobre as necessidades de instalação e calibragem do sistema em seu maquinário. 

Além disso, informe-se sobre custos dessas tarefas, caso não estejam incluídos.

banner-eficiencia-maquinas

Conclusão

O uso de tecnologias de automação são prioridades em tarefas relativas ao cultivo e à gestão da propriedade.

As máquinas autônomas já são uma realidade no Brasil, e você também pode ter essa tecnologia na sua lavoura.

Isso poderá trazer grandes vantagens, como a redução de custos e maior facilidade no trabalho. Vale a pena considerar esse investimento na lavoura.

Leia mais >>>

“Fazendas digitais: saiba mais sobre a nova maneira de produzir”

E você, já usa piloto automático agrícola na sua fazenda? Notou facilidade no seu trabalho no campo? Adoraria ler seu comentário!

Guia completo para o manejo da lagarta-preta (Spodoptera cosmioides)

Lagarta-preta: conheça as características, como identificar e quais táticas de controle cultural, genético e químico utilizar 

A lagarta-preta causa prejuízos econômicos consideráveis em várias culturas. 

Conhecer as espécies hospedeiras e o manejo são coisas fundamentais para evitar danos. Saber identificá-las no campo é o primeiro passo para evitá-los.

Neste artigo, você verá todas as características da lagarta-preta as táticas de controle mais adequadas! Confira!

Características da lagarta-preta 

A lagarta-preta é capaz de se alimentar de diversas espécies de plantas. Isso inclui plantas nativas, daninhas e grandes culturas.

Conhecer as espécies hospedeiras é muito importante para o manejo e controle da lagarta.

A semeadura de espécies hospedeiras pode gerar aumento significativo da população de lagartas na cultura e nas culturas posteriores. 

Isso causa prejuízos já no estabelecimento da população de plantas, pois o estande inicial pode ser comprometido.

Condições ideais para o desenvolvimento da lagarta

A depender da temperatura, a lagarta preta pode produzir mais ou menos gerações em um ano agrícola.  

As melhores temperaturas para a lagarta giram em torno de 25 °C a 28 °C.

Culturas atacadas pela lagarta-preta 

Os ataques da lagarta-preta podem acontecer em diversas culturas. Soja, milho, trigo, feijão e café são alguns exemplos. 

É comum que culturas sem índice de ocorrência da lagarta-preta comecem a sofrer com a praga.

O uso errado de inseticidas de amplo espectro e outras moléculas químicas faz com que esta população de inimigos naturais seja eliminada. 

Como consequência, há desequilíbrio e aumento da população das lagartas nas áreas de cultivo.

Por isso, é necessário que as aplicações visando ao controle sejam feitas racionalmente. É necessário avaliar a lavoura e a real necessidade do uso do produto.

A depender das pragas e doenças, utilizam-se critérios para avaliar se o custo da aplicação compensa os danos econômicos.

Danos causados pela lagarta-preta na lavoura

Os danos causados pela lagarta-preta são:

  • Intensa desfolha, principalmente pela capacidade de consumir o dobro de área foliar em comparação a outras espécies de lagartas;
  • Danos em vagens e grãos, afetando a qualidade do produto final e a reduzindo a produtividade da cultura.
Foto de uma lagarta-preta com listras brancas sobre uma folha de soja com muitos furos.

Danos causados pela lagarta preta na cultura da soja. Os danos são provocados pela “raspagem” e consumo do tecido foliar, provocando furos nas folhas

(Fonte: Moreira e Aragão, 2009) 

Como identificar a lagarta-preta no campo?

A lagarta-preta pertence ao gênero Spodoptera sp. Esse gênero possui 30 espécies, e 15 delas causam danos nas culturas agrícolas.

A coloração dos ovos, da larva e das mariposas são utilizados na identificação.

4 fotos em sequência: a primeira é a foto de uma mariposa, a segunda é de uma mancha preta sobre um papel (vários ovos acumulados), a quarta é uma lagarta-preta sobre terra marrom, e a última são pupas, ou casulos da lagarta.

Aspecto visual de adulto macho, dos ovos, da lagarta-preta e das pupas

(Fonte: Teodoro, 2013)

Os ovos da lagarta tem coloração amarelada. Eles são postos em massa na parte inferior das folhas das plantas hospedeiras, próximos à nervura central. 

Os ovos são recobertos pela fêmea por algo semelhante a algodão, como forma de proteção. Uma fêmea pode colocar de 30 até 300 ovos, a depender das condições ambientais.

Foto de vários ovos pequenos e rosados sobre uma folha. Sobre esses ovos, há uma espécie de algodão.

Aspecto da massa de ovos da lagarta preta 

(Fonte: Fonseca, 2006)

A lagarta preta possui o corpo escuro, a depender do seu estágio de desenvolvimento. 

A característica marcante dessa espécie é a presença de listras de uma extremidade do corpo até a outra. Essas listras são alaranjadas, e vêm acompanhadas de pontos brancos e triângulos pretos.

O ciclo de vida na cultura da soja pode ser em média 48 dias. O ciclo depende da temperatura do local.

Este período engloba desde a fase de pupa até a emergência das mariposas.  

É importante ressaltar que as mariposas têm hábitos noturnos. Elas são mais vistas durante a noite. 

As lagartas são encontradas nas partes inferiores das plantas. Isso dificulta que os produtos fitossanitários de controle a alcancem.

Além disso, as lagartas podem ser encontradas com diferentes colorações, em função a fase de desenvolvimento. Elas podem ter coloração cinza-clara, castanha ou pretas.

Foto do ciclo da lagarta-preta: os ovos viram lagartas, em seguida pupas, e por fim, adultos

Ciclo de vida da lagarta-preta

(Fonte: Batistela e Oliveira Jr, 2013)

Como diferenciar as principais lagartas do complexo Spodoptera sp. 

Spodoptera frugiperda

A Spodoptera frugiperda (lagarta-militar) possui formato de Y invertido na região da cabeça.

Ela tem quatro quadrados pretos na região posterior da cabeça. Além disso, possui listra de cor creme na lateral do corpo com pontuações.

Foto de uma spodoptera frugiperda em uma superfície branca. A lagarta tem um tom verde-escuro com listras amarelas-escuras, e alguns fiapos que saem de todo o seu corpo.

Detalhes morfológicos para identificação de S. frugiperda

(Fonte: Marsaro Júnior, 2016)

Spodoptera eridania

A Spodoptera eridania possui como característica principal triângulos negros ao longo de todo comprimento do corpo. 

Além disso, ela tem uma listra branca ou amarelada interrompida por uma mancha escura. Essa mancha não chega até a região da cabeça.

Foto de duas lagartas: uma preta e uma verde escuro com listras brancas.

Indicação dos triângulos negros distribuídos por todo corpo de S. eridania. A listra branca ou amarela é interrompida no primeiro segmento abdominal, não chegando até a região da cabeça

(Fonte: De Freitas e colaboradores, 2019)

Manejo da lagarta-preta

Além do uso equilibrado de inseticidas, o controle cultural, biológico e até mesmo químico pode ser utilizado.

Para prosseguir com esses controles, é essencial que você siga o MIP (Manejo Integrado de Pragas). Essa é uma forma de garantir um controle eficiente da lagarta-preta e de outras pragas.

Para facilitar o seu trabalho no MIP, separamos uma planilha gratuita para você. Com ela, você pode gerenciar os dados do monitoramento e ter um bom controle antes de sofrer danos econômicos.

Clique na imagem abaixo para baixar a planilha:

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Manejo cultural

Medidas que visem à preservação dos inimigos naturais são fundamentais para evitar altas populações da lagarta. Usar produtos fitossanitários seletivos é essencial.

Rotação de culturas e eliminação de plantas daninhas hospedeiras podem auxiliar na redução da população da praga

No entanto, é importante lembrar que muitas culturas são hospedeiras. Conhecer todas essas plantas é uma etapa importante no planejamento de rotação.

Manejo biológico

No controle biológico, utilizam-se vírus como o Baculovírus. É importante identificar corretamente a lagarta para usar o Baculovírus apropriado.

No caso da lagarta preta, estudos afirmam que o controle ocorre de forma satisfatória com o Baculovírus frugiperda

A bula do produto indicado diz que o produto é indicado para a cultura do milho, mas pode ser aplicado em todas as culturas que apresentem as pragas alvo: 

  • Spodoptera frugiperda;
  • Spodoptera cosmioides.

Mas, atenção: para um controle eficiente, as condições ambientais para aplicação devem ser favoráveis. O horário da aplicação também é relevante. Evite períodos quentes e de baixa umidade relativa do ar.

Evite aplicações antes das 17 horas. Assim, você não terá interferência da temperatura e da radiação solar intensa da tarde.

Evitar o escorrimento do produto. Fique de olho para que toda a planta seja recoberta pelo produto. Afinal, o contato entre a lagarta e o produto precisa acontecer.

Aplique o Baculovírus quando presença da lagarta for constatada entre 10 a 15 dias após a germinação. Você pode realizar uma segunda aplicação entre 17 e 22 dias após a primeira.

Durante a aplicação, a calda deve permanecer em agitação, para que o produto seja sempre diluído e distribuído na área de forma homogênea. 

O bico mais recomendado é o do tipo leque.

Manejo químico

Inseticidas do grupo dos piretróides devem ser evitados. Afinal, eles não são seletivos.

Os produtos registrados para a cultura da soja, no controle da lagarta-preta, incluem os grupos químicos:

  • metilcarbamato de oxima;
  • álcool alifático.

No entanto, esses produtos apresentam alta toxicidade ao meio ambiente. Eles podem interferir na população de inimigos naturais.

Outras opções existentes, incluem reguladores fisiológicos, como os dos grupos das diamidas e espinosinas. Esses produtos, porém, não são registrados para o controle desta lagarta.

Uso de organofosforados pode potencializar o controle. 

O tratamento de sementes pode ser uma boa tática para garantir proteção. Isso é ideal quando a semente ainda está no solo e já é constatada a presença da lagarta na área. 

Você pode usar tiametoxam e fipronil, por exemplo.

Como utilizar a tecnologia no controle de pragas na sua lavoura

A tecnologia pode ser utilizada para potencializar o controle de pragas e doenças, de diferentes formas:

  • Mapeamento na área de cultivo: dessa forma, você pode planejar se tratamentos de sementes devem ser realizados ou quais culturas podem ser utilizadas em determinadas áreas;
  • Acompanhamento das condições climáticas: analisar o clima anterior e posterior à implantação da cultura, para verificação de condições favoráveis. 

Se você for realizar uma aplicação, verifique se há previsões próximas de chuva. Ela pode poderá interferir na eficiência do controle.

Registrar as informações da sua lavoura é fundamental na tomada de decisão. Esses dados podem aumentar suas chances de sucesso no controle de pragas, doenças, plantas daninhas.

Um software de gestão agrícola como o Aegro pode ser seu aliado no controle de pragas na lavoura. Através do aplicativo, você pode monitorar sua cultura e planejar as atividades do MIP (Manejo Integrado de Pragas).

Foto de uma tela de computador com o software Aegro aberto, na seção de mapa de calor. Há um desenho da dimensão de terra da lavoura com as cores verde e laranja.

Históricos de talhões no Aegro

No Aegro, você tem acesso ao histórico de cada um de seus talhões, e pode verificar se algum deles apresenta maior incidência de pragas.

Mapas com níveis de infestação também podem ser facilmente visualizados. Assim, você saberá exatamente quando e onde agir.

Foto de tela do Aegro com a parte de mapas de calor. No desenho da lavoura, há as cores vermelho em baixo, laranja no meio e verde em cima.

Mapa de calor no Aegro

Quer ver todas essas funcionalidades de perto? Então peça uma demonstração gratuita do Aegro!

  • Computador (teste grátis por 7 dias — clique aqui)
  • Celular Android (aplicativo gratuito — clique aqui)
  • Celular iOS (aplicativo gratuito — clique aqui)
  • Utilize seus Pontos Bayer para contratar a versão completa do Aegro (clique aqui)

Conclusão

A lagarta-preta pode causar a desfolha inicial da cultura e a perda de vagens e grãos. Ela reduz a qualidade e produtividade da cultura.

Diversas táticas de controle podem ser utilizadas para o controle da lagarta-preta. O Manejo Integrado de Pragas e o uso de inseticidas seletivos são os principais. 

Observe as condições ambientais favoráveis para a praga e também para a aplicação do controle, principalmente biológico.

Você já teve problemas com a lagarta-preta? Restou alguma dúvida sobre a praga? Adoraria ler seu comentário!

Potencialize a adubação do cafezal com palha de café (+ planilha grátis)

Palha de café: veja como obter, quais os nutrientes presentes, como utilizar na adubação e todos os benefícios

O Brasil é o maior produtor e exportador de café no mundo.

A produção dos grãos gera, na mesma proporção, a palha do café.

Este subproduto pode ser um grande aliado na produção de café para os produtores. Afinal, ele é rico em nutrientes que podem ser devolvidos para a lavoura.

Neste artigo, entenda mais sobre como a palha pode te ajudar a economizar e trazer benefícios para seu solo. Confira!

O que fazer com a palha de café? 

A palha do café é a casca dos grãos. Ela é retirada durante o beneficiamento do café.

Após a colheita, os grãos são levados para os terreiros. Ali eles permanecem até estarem secos e prontos para serem beneficiados.

Em alguns lugares, o beneficiamento é feito na própria fazenda, com máquinas móveis que descascam e ensacam os grãos. 

Isso também pode ser realizado em beneficiadoras. Mas, para isso, é necessário levar o café em casca até o local.

Fotos do momento de beneficiamento do café. Na primeira foto, há uma grande máquina amarela e muitas sacas brancas de café no chão. Há alguns trabalhadores presentes na foto. Na seguida, apenas uma máquina amarela dentro de um silo.
Beneficiamento de café (A) móvel e (B) fixo
(Fonte: Civarc e Rolnews)

Após obter a casca, seu uso pode ser imediato ou utilizado após um tempo. Pra isso, é importante armazená-la. Afinal, a chuva pode causar a lixiviação dos nutrientes.

Se a palha estiver em local aberto, como terreirões, basta cobrir com lona. O importante é evitar a entrada de água.

Outro modo de utilizar a casca do café é fazer compostagem com esterco de gado ou de galinha, por exemplo.

Quais nutrientes são encontrados na casca de café?

Geralmente, o teor médio dos macronutrientes na casca é:

  • de 1,5% a 2,5% de nitrogênio;
  • de 0,08% a 0,09% de fósforo;
  • de 2,7% a 2,75% de potássio.

A composição mineral dos grãos e da casca muda em função dos tratos culturais realizados na lavoura. Adubação química, matéria orgânica do solo e outros fatores influenciam.

Em toda atividade agrícola, como a produção de grãos, ocorre a exportação de nutrientes.

Esta exportação é a quantidade de nutrientes retirados da área através dos grãos produzidos. 

No caso do café, a exportação é a combinação dos nutrientes contidos nos grãos e na casca

Usar a casca do café é importante justamente para devolver alguns nutrientes necessários para as plantas.

Faça a análise da palha do café, ao menos uma vez, para saber quais nutrientes estão presentes e a quantidade de cada. Assim será possível balancear corretamente a adubação no cafezal.

Uso da palha como adubação orgânica

Com a composição mineral definida, a aplicação da palha é uma boa opção complementar de adubação do café. Afinal, ela é um adubo orgânico rico em nutrientes.

O custo da sua utilização é extremamente baixo, se comparado com a adubação química.

Seu uso não anula a aplicação de adubo químico nas plantas. 

É interessante fazer uma análise de nutrientes da palha do café antes de adubar. Assim, você pode tentar diminuir o uso do adubo químico.

Também é sempre válido controlar de perto a adubação que você faz no seu cafezal. Por isso, separamos uma planilha grátis para te ajudar nesse processo.

Clique na imagem abaixo para baixar!

banner-adubacao-cafe

Como adubar o café com a palha

A recomendação de adubação com a palha varia entre 5 a 10 t ha-1.

Faça uma cobertura dos dois lados da saia do café, com faixa de 50 cm a 80 cm. É importante fazer uma camada fina de 2 cm.

A aplicação é recomendada em cobertura, com distância de 10 cm do tronco

Afinal, a concentração alta de potássio e a liberação de calor podem causar a queima do tronco e a  morte da muda.

Na utilização da casca de café, fique de olho na quantidade de potássio a ser aplicada.

Como a palha tem elevada concentração do nutriente, o excesso pode prejudicar as raízes das plantas novas. Ele também pode desequilibrar a quantidade de outros nutrientes.

Vale lembrar que casca do café é um adubo orgânico com decomposição lenta

A associação com adubo químico é uma forma de acelerar o processo de decomposição e liberação dos nutrientes.

Estudos conduzidos por Fernandes e colaboradores, em 2013, verificaram esta associação de palha com adubação química reduzida. 

Eles mostraram que a produção foi maior com a combinação destes dois tipos de adubos.

Tabela que mostra resultados de diferentes tratamentos de café.
Produção de 3 safras em sacas 60 kg ha-1 de café beneficiado em função dos diferentes tratamentos utilizados
(Fonte: Fernandes e colaboradores)

Benefícios do uso da casca de café na lavoura 

Além da economia, o uso da casca do café apresenta uma série de outros benefícios. Por exemplo:

  • Proteção do solo;
  • Retenção da umidade do solo;
  • Diminuição da temperatura do solo;
  • Liberação lenta dos nutrientes;
  • Controle de plantas invasoras, seja pela barreira física ou pelo efeito alelopático.
  • Melhor desenvolvimento dos microrganismos do solo, que trazem vários benefícios estruturais do solo e consequentemente para as plantas.
  • Efeito alelopático: liberação de substâncias que interferem na germinação e/ou desenvolvimento de outras plantas daninhas do café, como picão-preto e mata-pasto.
banner-de-implantacao-e-renovacao-do-cafezal

Conclusão

A palha de café é um adubo orgânico, rico em nutriente.

A associação da adubação química com a casca de café traz benefícios. Maior produção e economia são apenas alguns exemplos.

Fique de olho na quantidade de casca que deve ser aplicada por hectare. Assim, você evita o desequilíbrio de nutrientes no solo.

Você utiliza a palha de café na sua lavoura? Já pensou em todos os benefícios que esse subproduto pode te fornecer? Deixe seu comentário abaixo!

Entenda como interpretar as informações do Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático)

Zoneamento Agrícola: aprenda o que é, qual o objetivo, como funciona, onde e como consultar todos os dados

O Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) é essencial para o planejamento e execução das atividades agrícolas.

Ele identifica os municípios com condições favoráveis para o cultivo de determinada espécie vegetal. Os períodos de semeadura com menor risco climático também são identificados. 

Neste artigo, você verá um pouco mais sobre como consultar o Zarc e sua importância.

O que é o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático)?

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é uma ferramenta de gestão implementada no Brasil desde 1996. 

Os resultados do Zarc consideram diversos aspectos, como solo, ciclo da cultura e semeadura. 

Conhecer essas variáveis é essencial para realizar a consulta com precisão. Veja um pouco mais sobre os aspectos analisados pela ferramenta:

1. Textura do solo

No Zarc, os solos são agrupados em três categorias:

  • Tipo 1: textura arenosa, com teor de argila maior que 10% e menor ou igual a 15%;
  • Tipo 2: textura média, com teor de argila entre 15% e 35%, e menos de 70% de areia;
  • Tipo 3: textura argilosa, com teor de argila maior que 35%.

2. Ciclo fenológico

As cultivares são classificadas em diferentes grupos. Essa classificação depende da duração média do ciclo e das fases fenológicas.

Para culturas como milho, feijão e soja, o ciclo fenológico é dividido em 4 fases:

  • Fase 1 — Germinação/emergência;
  • Fase 2 — Crescimento/desenvolvimento;
  • Fase 3 — Florescimento/enchimento de grãos;
  • Fase 4 — Maturação fisiológica.

3. Período de semeadura

No Zarc, o calendário é apresentado em intervalos de 10 dias. O período 1 representa os 10 primeiros dias do ano, de 1 a 10 de janeiro. 

O período 2 representa o intervalo entre os dias 11 e 20 de janeiro, e assim em seguida. Contando dessa forma, um ano tem 36 períodos de 10 dias.

Para entender melhor, confira a tabela abaixo.

Tabela com os períodos, datas e meses de semeadura. A tabela é dividia em decênios.

Tabela de período de semeadura

(Fonte: Portaria nº 128, de 18 de maio de 2021)

Como o Zarc funciona?

Através de pesquisas, as exigências fisiológicas das culturas são descobertas. Com informações sobre solo e clima, é possível dizer a quem produz os períodos de plantio mais indicados.

No fim das pesquisas e de cruzamentos de dados de 30 anos passados com essas exigências das culturas, um calendário é definido.

Esse calendário é específico para cada município, tipo de solo e cultivar. Confira agora onde o calendário fica disponível.

Onde consultar o Zarc?

As informações do Zarc podem ser acessadas através de três portais:

  • Painel de Indicação de Riscos;
  • Aplicativo Zarc — Plantio Certo;
  • Portarias de Zarc por Estado.

Agora, veja um passo a passo de como consultar o zoneamento em cada um desses sites.

1. Painel de Indicação de Riscos

A consulta do Zarc pelo Painel de Indicação de Riscos é feita seguindo as etapas a seguir:

  1. Acessar a plataforma Painel de Indicação de Riscos;
  2. Selecionar a aba “Tábua de Risco — 20% 30% 40%”;
  3. Selecionar a safra;
  4. Selecionar a cultura;
  5. Selecionar a sua UF (unidade federativa);
  6. Selecionar o grupo da cultivar;
  7. Selecionar o tipo de solo;
  8. Selecionar o município.

É possível selecionar mais de um município do mesmo estado.

Após selecionar os filtros, um mapa da região é gerado e o período de semeadura é fornecido. Como referência, há três níveis de risco climático: 20%, 30% e 40%.

O calendário é dividido em intervalos de 10 dias

A partir da legenda nos níveis de risco, é possível interpretar as informações e determinar o melhor período para realizar o plantio.

Veja o exemplo a seguir!

Foto do aplicativo Painel de Indicação de Riscos, mostrando através de quadrados a época correta de semeadura. Há quadrados vermelhos, azuis, amarelos e verdes.

Tábua de risco por decêndio para o cultivo de soja no estado da Bahia

(Fonte: Painel de Indicação de Riscos)

2. Aplicativo Zarc — Plantio Certo

Na consulta pelo aplicativo Zarc — Plantio Certo, é necessário indicar o município e depois a cultura de interesse.

A recomendação do período de semeadura é apresentada em períodos de 10 dias. 

Além disso, ela é fornecida em função do tipo de solo, da cultivar e do nível de risco (20%, 30% e 40%).

O aplicativo também fornece informações como:

  • precipitação acumulada;
  • balanço hídrico;
  • temperaturas mínima e máxima de cada decêndio. 

Observe no exemplo abaixo como as informações são apresentadas no aplicativo.

Foto do aplicativo Plantio Certo, mostrando safra, data de semeadura, riscos e grupos de cultivares.

Período de semeadura indicado para a cultura do feijão (2º safra) no município de Jataí (GO), safra 2021/2022 

(Fonte: App Zarc — Plantio Certo)

Portarias de Zarc por Estado

As Portarias de Zarc são divulgadas anualmente no Diário Oficial da União. Elas podem ser acessadas no site do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Para acessar os dados do Zarc é preciso indicar o Estado e a cultura.

Nas Portarias, são publicadas informações técnicas sobre:

  • cultura;
  • ciclo fenológico da espécie;
  • grupo das cultivares;
  • relação dos municípios com condições favoráveis para o cultivo;
  • calendário de plantio;
  • cultivares adaptadas à região.

Os dados são apresentados considerando três níveis de risco de perda (20%, 30% e 40%). Também são considerados os três tipos de solo e o grupo da cultivar.

Veja o exemplo abaixo:

Tabela com períodos de semeaduras para cultivares no município de Água Boa.

Relação de alguns municípios do Mato Grosso aptos ao cultivo de algodão e períodos de semeadura indicados

(Fonte: Portaria nº 128, de 18 de maio de 2021)

No município Água Boa (MT):

  • há solo de textura média (2);
  • foram consideradas as cultivares do grupo II;
  • há um risco de perda de 20%.

Assim, o período recomendado para o cultivo do algodão se estende do 34.º decêndio até o 3.º decêndio (dezembro e janeiro).

Proibições do Zarc

De acordo com as orientações técnicas do Zarc é proibido o plantio de qualquer cultura nas seguintes condições: 

  • áreas de preservação permanente;
  • solos com profundidade inferior a 50 cm;
  • solos com teor de argila inferior a 10% nos primeiros 50 cm de profundidade;
  • solos que se encontram em áreas com declividade superior a 45%;
  • solos muito pedregosos (calhaus e matacões — diâmetro superior a 2 mm — não devem ocupar mais de 15% da superfície do terreno).

Crédito e seguro agrícola

Algumas instituições financeiras exigem o cumprimento das recomendações do Zarc para enquadramento no:

  • Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária);
  • PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural).

Os dois programas citados são políticas de seguro agrícola do governo federal.

Além disso, muitas vezes o acesso ao crédito de custeio está vinculado à adoção das recomendações do Zarc.  Portanto, fique de olho: se você for recorrer ao crédito rural, deve estar com as recomendações do Zarc em dia.

Banner de chamada para o download do kit de crédito rural

No aplicativo da Aegro, unimos a gestão da fazenda ao crédito certo, ofertando Crédito Pessoal com acesso simples, rápido e digital aos nossos clientes. 

Com alguns cliques, simule seu empréstimo dentro do próprio aplicativo e solicite até R$ 200 mil de empréstimo sem precisar sair da fazenda

Diferente das instituições tradicionais, a análise de crédito da Aegro é ágil e desburocratizada, garantindo o dinheiro na conta dentro de 48 horas.

Lembrando que essa modalidade é exclusiva para clientes.Quanto mais você usa o sistema e evolui a gestão do seu fluxo financeiro, mais chances de ter acesso a uma proposta personalizada.

Conclusão

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é um importante instrumento de consulta que te orienta quanto à melhor época de plantio. 

A adoção das orientações do Zarc está relacionada à concessão de crédito e seguro agrícola

As informações do zoneamento podem ser acessadas através de três plataformas diferentes, todas com informações completas. 

Adote as recomendações do zoneamento para a redução dos riscos e o sucesso da atividade agrícola.

>> Leia mais: “Zoneamento agrícola para sorgo forrageiro: tudo o que você precisa saber

Você sabia como consultar o Zarc? Já se informou qual a melhor época para realizar o plantio no seu município? Adoraria ler seu comentário.