Como garantir a manutenção da qualidade de grãos

Qualidade de grãos: veja os principais cuidados para a manutenção da qualidade, fatores envolvidos e mais!

A qualidade de grãos é decisiva na determinação do valor agregado em sua produção. Quanto melhor a qualidade, maior será sua lucratividade. 

Após a colheita, a qualidade está exposta a diversos fatores, sendo sua manutenção um desafio para o setor.

Para garantir a qualidade de seus grãos após o ponto de maturidade fisiológica, alguns cuidados são fundamentais.

Pensando nisso, separei algumas dicas de como você pode monitorar esses fatores no dia a dia no campo para atingir uma boa rentabilidade. Confira!

3 dicas para a manutenção da qualidade de grãos

Quando pensamos em qualidade de grãos, é fundamental ter em mente que a qualidade é determinada no campo.

Qualquer manejo após a colheita será apenas para manutenção desta qualidade.

1ª dica: atenção à colheita

A colheita é uma etapa fundamental para garantir a rentabilidade de sua lavoura. Acompanhe de perto!

Verifique constantemente o teor de água na pré-colheita e no momento da colheita, além da velocidade do equipamento e sua regulagem.

Na soja, por exemplo, você pode utilizar o kit da Embrapa e acompanhar possíveis danos mecânicos.

Esses procedimentos são muito importantes para a manutenção da qualidade dos grãos.

Acompanhe melhor no vídeo que eu separei para você!

Kit para avaliação do dano mecânico em sementes de soja

2ª dica: secagem

A secagem é realizada para reduzir o teor de umidade dos grãos a um nível adequado para o armazenamento.

Se realizada de forma incorreta, a secagem pode ser prejudicial para a qualidade do grão. Por isso, é fundamental que você fique atento:

  • ao método escolhido;
  • tipo de secador;
  • tempo e velocidade de secagem.

E monitore, sempre que possível, o teor de água e a temperatura dos grãos durante esse processo.

3ª dica: armazenamento

Essa é a etapa que mais pode gerar perdas de qualidade. O armazenamento dos grãos deve ser planejado muito cedo, desde o momento da semeadura. 

A armazenagem correta é fundamental para a manutenção da qualidade de seus grãos.

Aqui no blog, já falamos sobre alguns cuidados essenciais para evitar perdas de grãos durante o armazenamento. Confira: “Armazenamento de grãos: cuidados e estratégias para comercialização”.

Além dos cuidados básicos para a manutenção da qualidade dos grãos, não esqueça de monitorar a temperatura e aeração de seu ambiente de armazenamento.

Quando for armazenar seus grãos, siga esta regrinha:

(UMIDADE RELATIVA DO AR (%) + TEMPERATURA (°C)) < 55,5
= ARMAZENAMENTO SEGURO

Fatores que determinam a qualidade de grãos

A qualidade de grãos pode ser determinada por alguns fatores, que podem ocorrer tanto no campo quanto na pós-colheita.

Você pode realizar algumas destas análises em sua fazenda ou em laboratórios parceiros após realizar a amostragem de seus grãos.

Veja os principais fatores utilizados no setor para determinação da qualidade de grãos e onde você pode realizar essas avaliações:

  • teor de água – pode ser realizado na fazenda utilizando medidores de umidade portáteis.
  • determinação de grãos com danos mecânicos – pode ser feito com o Kit da Embrapa ou testes rápidos.
  • determinação de impurezas: para resultados mais precisos, o indicado é que você realize em um laboratório parceiro.
  • presença de grãos avariados e com outros defeitos: você pode realizar em um laboratório parceiro.
  • determinação de óleo e proteína: pode ser feito em um laboratório parceiro.
  • presença de pragas e doenças: você pode realizar em sua fazenda com testes rápidos. Para testes mais específicos, como de patologia, faça em um laboratório parceiro. 
  • determinação das características nutricionais: pode ser realizado em um laboratório parceiro.

No momento da avaliação, lembre-se de considerar fatores como as especificidades da espécie, condições climáticas e manejos adotados durante a produção dos grãos.

Contudo, é importante ressaltar que as avaliações realizadas no campo são apenas para o monitoramento de seus grãos. 

Para determinação da qualidade dos grãos com laudo, você deve enviar suas amostras para um laboratório credenciado.

>> Leia mais: “Qual teor de umidade de armazenamento da soja”

Quais são as características desejáveis de um grão com valor comercial?

As características desejadas para grãos são variadas de acordo com as espécies.

Algumas culturas possuem classificação própria que determinam o valor comercial de cada lote.

De modo geral, são considerados grãos de qualidade aqueles que possuem resultados satisfatórios quanto as avaliações citadas acima, ou seja:

  • grãos com baixo teor de água;
  • baixa porcentagem de danos mecânicos (grãos quebrados/trincados);
  • porcentagem de impurezas aceitáveis, de acordo com a legislação (que varia para cada espécie).
  • bons teores de óleo e proteína;
  • ausência de pragas e doenças;
  • ausência de grãos avariados e com outros defeitos;
  • características nutricionais elevadas.
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Requisitos para a determinação da qualidade de grãos

A determinação da qualidade dos grãos deve ser realizada por um laboratório especializado.

Esse laboratório irá gerar um laudo de classificação preenchido com todas as informações sobre a amostra dos grãos.

Após as comparações com as tabelas do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), será liberado o resultado com o preenchimento do Laudo de Classificação de Grãos.

Para a soja, a normativa vigente é a Normativa n.º 11, de 16 de maio de 2007.

Já para milho, Normativa n.º 60, de 22 de dezembro de 2011.

Para trigo, a Normativa n.º 38, de 30 de novembro de 2010.

Para outras culturas, você pode consultar o site do Mapa.

foto de uma mão escrevendo em um Laudo de Classificação de grãos de soja

Laudo de Classificação de grãos de soja
(Fonte: CNA Brasil)

Conclusão

A manutenção da qualidade de grãos é fundamental para garantir boa rentabilidade.

Neste artigo vimos três dicas para a manutenção após a colheita.

Mostramos também quais fatores determinam a qualidade de grãos e as principais características de grãos de qualidade.

Espero que essas informações permitam que você faça o monitoramento constante de sua produção e garanta a qualidade de seus grãos.

>> Leia mais:

Colheitadeira: diferentes tipos, evolução e como escolher a melhor para a fazenda

“O que você precisa saber sobre os principais indicadores de desempenho para colheita de grãos”

“3 fatores que determinam a qualidade do trigo e o preço de venda dos seus grãos”

Você monitora a qualidade de grãos após a colheita? Ficou com alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Como produtora economizou em manutenção de máquinas a partir de ação estratégica

Economia com manutenção de máquinas: produtora identificou momento certo para efetuar reparos e cortou gastos desnecessários a partir do registro de trabalho dos equipamentos.

O maquinário é uma fatia importante dos custos de uma propriedade agrícola produtiva. Afinal de contas, além do capital investido para compra ou locação, há os gastos com combustível, manutenção e conservação dos equipamentos.

Dependendo da sua cultura, o sistema mecanizado agrícola pode representar até 40% dos custos de produção.

Não é pouca coisa! Por isso, qualquer redução desses gastos pode significar uma economia muito expressiva ao final da safra, não é verdade? 

Mas para saber onde economizar é necessário ter dados precisos da operação desses equipamentos. Foi assim que a produtora Malena May tomou conhecimento de um grande problema da fazenda: manutenções que eram feitas fora da hora ideal. 

Quer entender como ela corrigiu essa situação e conseguiu economizar mais de 10% com o maquinário? Confira a seguir!

Entendendo as necessidades da fazenda

A engenheira-agrônoma e produtora Malena May é uma das responsáveis pela condução da Fazenda Graça de Deus, em Ponta Porã (MS). A propriedade produz soja e milho safrinha, além de plantas de cobertura, numa área de 630 hectares.

Ter o controle do estoque e das operações do maquinário era uma dificuldade na gestão da fazenda

As compras de insumo acabavam sendo feitas muitas vezes em dobro pela falta de um registro eficaz do que havia sido adquirido ou estava armazenado para uso. 

Já no caso das máquinas, a manutenção acontecia em momentos que não necessariamente eram o ideal para performance do equipamento, mas quando havia tempo entre as operações agrícolas.

Todo o controle da fazenda, até então, era feito com base em planilhas de Excel, mas não havia ligação entre operacional, estoque, planejamento, etc. Tudo estava dividido em diversas planilhas que não se “comunicavam”.

“Fazia a administração da fazenda por Excel e nunca conseguia unir o operacional com o estoque, com as atividades, com planejamento. Não havia ligação. Eu tinha números palpáveis, mas não eram reais, não era o que realmente acontecia na propriedade. O operacional ficava perdido no meio de tudo isso”, conta Malena.

Para controlar melhor e trazer mais ordem à fazenda, a produtora decidiu implantar um software de gestão agrícola

A escolha pelo Aegro, intermediada pelo consultor Douglas Rouchez, foi essencial para reorganizar a fazenda. 

A utilização do sistema permitiu, entre muitos pontos, que Malena conseguisse visualizar onde e como agir para reduzir custos e maximizar lucros, como você verá a seguir:

Élcio e Malena na Fazenda Graça de Deus, em Mato Grosso do Sul

Élcio e Malena gerenciam a Fazenda Graça de Deus, em Mato Grosso do Sul

Organização dos dados e visualização dos problemas

O uso do Aegro começou no primeiro semestre de 2020 e, desde então, a produtora passou a acompanhar com mais precisão as atividades da fazenda.

Inicialmente, conta Malena, o controle de estoque era a maior necessidade, já que havia problemas como a compra de produtos em dobro, além de não se saber com precisão quanto de produto havia sido gasto e/ou sobrado na fazenda.

“Muitas vezes, acontecia do meu pai ir à cooperativa e comprar um produto sem me informar. Sem saber, eu comprava de novo, era um problema. Com o Aegro, ele e eu sabemos exatamente o que está no nosso estoque a qualquer hora. Ficou muito mais fácil trabalhar”, cita.

Já com o maquinário, as coisas até pareciam andar bem. Mas, com os primeiros registros de atividades, foi possível identificar um gargalo que precisava ser corrigido: a hora da manutenção.

histórico de atividades do maquinário, custo operacional, gastos com manutenção e consumo de combustível no aplicativo Aegro

Com Aegro, você acompanha facilmente o histórico de atividades do maquinário, custo operacional, gastos com manutenção e consumo de combustível, por exemplo

Correção das perdas com maquinário

Se uma máquina precisava de manutenção a cada mil horas, ela acabava acontecendo com 500 horas, sem que houvesse conhecimento disso, conta a produtora.

“Essa manutenção acontecia porque definíamos que seria feita naquela data, mas havia gastos desnecessários com essa manutenção fora de hora. A gente notou que gastava além do que esperava com o maquinário”, conta Malena.

A visualização desse problema permitiu que a produtora contornasse a situação, otimizando tempo e reduzindo os gastos. 

Hoje, as atividades com maquinário são registradas no aplicativo de gestão agrícola e, desta forma, o próprio sistema emite alertas quando é hora da manutenção com base no horímetro do equipamento.

Economizei mais de 10% deixando de fazer manutenções à toa. Deixamos de gastar e não tinha consciência desse problema antes de visualizá-lo pelo Aegro.”

alerta de manutenção no Aegro

Exemplo de alerta de manutenção exibido pelo Aegro

Além disso, com o Aegro, Malena passou a saber exatamente o impacto do custo dos maquinários no total da safra, por exemplo.

A versão completa do software também permite controlar o abastecimento, além de manter um histórico das atividades dos equipamentos da propriedade. Assim, fica mais fácil avaliar e otimizar o desempenho operacional do maquinário.

Você também pode avaliar a eficiência econômica das máquinas de sua fazenda com esta ferramenta gratuita da Aegro. Clique na imagem abaixo para acessar a calculadora de custo operacional!

Estoque organizado e em tempo real

Já com relação ao estoque, Malena explica que o uso do Aegro permitiu que ela controlasse o que está na fazenda, o que será usado totalmente ou sobrará para uma próxima safra.

“O estoque sempre me tirou o sono, porque ele não termina em uma safra, eu ainda vou ter produtos lá. Agora eu tenho isso palpável, também tenho precisão nestes custos e já sei o que precisarei ou não investir para a próxima safra”, conta a produtora.

A união das informações operacionais e administrativas da fazenda foi um ponto de mudança na gestão da propriedade.

demonstrativo de estoque no Aegro

Com o Aegro, quando uma atividade é programada e realizada, a baixa no estoque acontece automaticamente. Assim, além de poder acompanhar em tempo real o estoque na propriedade, há a distribuição dos custos com o insumo por área e até mesmo por talhão.

“Sou apaixonada pelo controle de estoque do Aegro, mas o que mais mudou para a gestão da fazenda foi a união de todas as informações em um só lugar, sem que eu precise fazer esforço para isso”, conta a produtora. 

“Eu não preciso mais parar para fazer todo o lançamento operacional, depois fazer o administrativo. O Aegro une isso e hoje eu tenho todas as informações da fazenda pelo celular, o tempo todo comigo”, diz.

Ela reforça que a facilidade trazida pelo Aegro permitiu economia de tempo e visualização de outros tipos de indicadores importantes da fazenda.

Rentabilidade facilmente acompanhada

Com o uso do Aegro, a Fazenda Graça de Deus evoluiu sua gestão e passou a ter mais controle sobre os resultados da rentabilidade da safra, conta Malena.

“Antes, eu tinha números da safra, mas eles não eram o que realmente acontecia na propriedade porque eu não tinha a ligação entre o operacional, estoque, funcionários. Eu tinha uma média de gastos, indicadores aproximados. Agora, com Aegro, eu passei a ter números reais e consigo saber exatamente se tive ou não lucro”, diz a produtora.

Ela cita que na última safra de milho, concluída em outubro de 2020, conseguiu saber com precisão todos os seus gastos de produção. 

“Como trabalhávamos com uma média geral da safra, eu não imaginava que gastássemos tanto com as máquinas. Já em insumos, eu gasto menos do que esperava, apesar de todo o custo”, comenta.

Todo o resultado da safra pode ser visualizado em poucos cliques no Aegro. O sistema gera relatórios automatizados cruzando as informações que são alimentadas pelo produtor e seus funcionários autorizados.

Assim, fica muito mais fácil verificar onde estão os maiores custos da safra, visualizar a rentabilidade por talhões e tomar decisões que podem otimizar os resultados da fazenda.

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Conclusão

O maquinário impacta significativamente os custos de produção da safra. Portanto, identificar pontos de melhoria pode render economias importantes e melhorar os resultados da fazenda.

Como você viu neste artigo, a partir do registro mais preciso dos maquinários no software agrícola Aegro, a produtora Malena May conseguiu visualizar desperdícios na manutenção dos equipamentos. 

Isso porque as manutenções eram definidas mais pela disponibilidade operacional do que pelo momento adequado ao desempenho dos equipamentos.

Consciente da situação, ela pôde tomar as medidas necessárias para mudar, o que lhe rendeu economia neste tipo de gasto.

Além disso, vimos como o controle de estoque e a visualização mais precisa dos resultados permitiu uma evolução importante na gestão da Fazenda Graça de Deus.

>> Leia mais:

“Como grupo cafeeiro realiza o monitoramento de pragas em 5 fazendas com apoio da tecnologia”

“Como sistema de gestão rural trouxe agilidade e economia para fazenda no MS”

Qual é a sua dificuldade na gestão do maquinário? O que tem feito para alcançar mais economia com manutenção de máquinas da fazenda? Vamos conversar nos comentários!

O que você precisa saber para fazer aplicação de fungicidas na soja no momento ideal

Aplicação de fungicidas na soja: aplicação zero, posicionamento adequado dos produtos preventivos, curativos e muito mais!

As mesmas condições climáticas que favorecem o crescimento e desenvolvimento da cultura da soja acabam favorecendo também o desenvolvimento de algumas doenças.

A ferrugem-asiática, por exemplo, pode ser responsável por quedas de até 90% na produtividade e possui um custo médio de manejo de US$ 2,8 bilhões por ano no Brasil. 

Por isso, é preciso ter sempre atenção a novas tendências de manejo que facilitem o controle de doenças, evitem novos casos de resistência e preservem o potencial produtivo das cultivares.  

Pensando nisso, separamos as principais informações sobre aplicação de fungicidas na soja, com as novas tendências de manejo para te ajudar a alcançar altas produtividades. Confira!

Principais doenças da soja

Antes de pensar em como controlar doenças em soja, é importante saber quais as principais doenças que prejudicam essa cultura em nosso país:

infográfico de períodos de ocorrência das doenças da soja - aplicação de fungicidas na soja

(Fonte: Paulo Saran)

Conhecendo as principais doenças da soja, é muito importante que você saiba quais sintomas elas provocam e quais condições climáticas são mais favoráveis ao seu desenvolvimento. 

Aqui no blog da Aegro, já falamos sobre isso em um artigo completo. Confira: Lavoura saudável: como combater as doenças da soja (+ nematoides)

Além disso, é muito importante que você conheça o histórico de doenças da sua área e região onde ela está presente para que possa realizar um bom planejamento do manejo. 

Como prevenir a incidência de doenças em sua lavoura 

Apesar de o uso de fungicidas ser a técnica mais utilizada em nosso país, o manejo de doenças deve acontecer muito antes de se pensar em usar fungicidas. 

Por isso, fazer o básico bem feito pode ser a chave para alcançar maior eficiência no manejo de doenças. 

Para diminuir a severidade de doenças em plantas é importante garantir uma menor incidência de inóculo inicial e menor suscetibilidade da planta ao patógeno. 

O que só é possível através de um bom manejo integrado de doenças. Dentre as principais estratégias de manejo integrado na soja temos:

  • uso de rotação de culturas
  • utilização de sementes certificadas;
  • uso de cultivares de ciclo precoce; 
  • semeadura precoce; 
  • realização de um bom manejo nutricional
  • respeitar o vazio sanitário
  • controle de plantas hospedeiras, principalmente no período de vazio sanitário.
  • monitoramento constante de doenças; 
  • rotação de mecanismo de ação de fungicidas; 
  • aplicação no momento e dose estabelecidos pela bula; 
  • uso de boa tecnologia de aplicação

Qual o momento ideal para aplicação de fungicidas na soja?

O planejamento do manejo de doenças na soja não é muito simples, pois envolve vários fatores específicos relacionados à lavoura. Dentre os principais fatores podemos citar: 

  • condições climáticas; 
  • época de plantio;
  • suscetibilidade e ciclo da cultivar escolhida; 
  • histórico de doenças da sua área e região. 

Após o levantamento desses fatores, fica mais fácil determinar o momento ideal de aplicação, os produtos e doses a serem utilizados. 

Na prática, podemos entender que, em situações de ciclo mais longo ou com maior atraso na semeadura, a pressão de doenças na área será maior. Isso exigirá um manejo antecipado de doenças.

Nos últimos anos, há uma tendência muito forte de se antecipar o início das aplicações de fungicidas na soja, que geralmente ocorria próximo à fase de V7/8 (sempre antes do fechamento da linha).  

Entretanto, adiantar a primeira aplicação aumentando o intervalo de aplicações para mais de 15 dias, não se mostrou uma técnica muito efetiva. 

Por isso, muitos produtores têm optado pela realização da chamada aplicação zero. Ou seja, é uma aplicação adicional no estádio de V3-V4 (próximo a 30 dias após a emergência – DAE) para diminuir a incidência de inóculo inicial e prevenir que o fungo infecte a soja.

Aplicação Zero

Essa aplicação tem foco nas seguintes doenças: manchas foliares, antracnose e oídio. 

Como é uma aplicação complementar, não se tem utilizado produtos líderes de mercado nesta operação, pois ela visa auxiliar as demais aplicações sem aumentar custos. Por isso, geralmente é realizada com o glifosato (em soja RR).

Nessa aplicação, é muito comum o uso de produtos que associam os princípios ativos triazóis, benzimidazóis, estrobilurinas e multissítios.

Caso opte por associar fungicidas ao glifosato, sempre tome cuidado com a compatibilidade dos produtos, principalmente quanto ao pH da calda. 

Após a aplicação zero, o período entre esta aplicação e a primeira do manejo convencional de sua lavoura costuma ser mais curto, próximo a 9 dias, garantindo que a primeira aplicação seja antes do fechamento de linha e no momento ideal (estádio V7 – próximo a 40 dias após a emergência – DAE). 

Programa e aplicação convencional de fungicidas em soja

O manejo convencional que vem sendo utilizado na soja em geral se resume a 4 aplicações espaçadas de fungicidas com um intervalo de 15 dias. 

  • 1ª – antes do fechamento de linhas (V7; + ou – 40 DAE);
  • 2ª – no florescimento (V7 + 15 dias; + ou – 55 DAE);
  • 3ª – formação da vagem (V7 + 30 dias; + ou – 70 DAE); e 
  • 4ª – enchimento de grãos (V7 + 45 dias; + ou – 85 DAE).  

 As duas primeiras aplicações são consideradas as mais importantes do programa convencional de manejo (antes do fechamento e florescimento). 

Assim, os produtores costumam lançar mão dos melhores produtos disponíveis no mercado para assegurar melhor eficiência. 

Posicionamento de produtos nas aplicações

Quanto à escolha dos produtos, doses utilizadas e números de aplicação, dependerá muito da realidade da sua lavoura. É preciso considerar alguns fatores já mencionados, que ajudarão a prever a pressão de doenças na cultura. 

Entretanto, um posicionamento que tem trazido bons resultados é uso intercalado de produtos curativos e preventivos de acordo nas primeiras aplicações. 

Assim, temos a seguinte alternativa como uma ótima opção:

Aplicação zero: produto curativo;

1ª aplicação: uso de produtos curativo e preventivo (preventivo+curativo);

2ª aplicação: uso de produtos preventivos (preventivo+preventivo). 

Já para as últimas aplicações, os produtos escolhidos vão depender das condições  climáticas serem mais favoráveis para algumas doenças. 

Veja os seguinte exemplos:

Predominância de ferrugem: Mancozeb e/ou Morfolina

Manchas ou manchas + ferrugem: Clorotalonil e/ou Triazol

Devido ao surgimento de casos de resistência a fungicidas para ferrugem asiática, antes de selecionar um produto para seu controle, é importante conferir sua eficiência na atualidade. 

Uma maneira mais fácil de realizar esse processo é conferir o relatório sobre eficiência dos produtos no controle da ferrugem asiática emitido pela Embrapa

Outro cuidado que deve ser tomado na escolha do produto para a última aplicação é o período residual do fungicida para não ocorrer maior incidência de folhas e hastes verdes por ocasião da colheita.  

É importante que você esteja sempre atento às tendências de manejo de doenças na soja, contudo, lembre-se sempre que a recomendação de fungicidas na soja deve ser realizada com auxílio de um engenheiro-agrônomo capacitado.  

Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) na cultura da soja

Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) na cultura da soja
(Fonte: Grupo Cultivar)

Conclusão

Neste artigo vimos a importância do manejo de doenças na soja e conhecemos as principais doenças que ocorrem no Brasil. 

Vimos as principais práticas para evitar a incidência de doenças na sua lavoura e novos casos de resistência. 

Além disso, vimos o momento ideal de aplicação de fungicidas na soja e o conceito de aplicação zero. 

>> Leia mais:

“Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?”

Você tem dificuldade no controle de doenças na soja? Quais critérios você utiliza para aplicar fungicidas na soja? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Entenda como os aminoácidos nas plantas podem melhorar sua produção agrícola

Aminoácidos nas plantas: o que são, quais suas funções e como eles podem auxiliar na eficiência agronômica das culturas.

O grande desafio da agricultura atual é aumentar a eficiência das culturas e, consequentemente, os ganhos em produtividade

Substâncias como os aminoácidos podem ser utilizadas para aumento da eficiência do uso de fertilizantes, indução da resistência de plantas ao estresse hídrico e resistência ao ataque de pragas e doenças. 

Entenda neste artigo o que são os aminoácidos, como eles são sintetizados pelas plantas e como podem ser utilizados na agricultura. Confira!

O que são os aminoácidos?

Aminoácidos são substâncias orgânicas que formam proteínas. São moléculas formadas por um Carbono (C) central ligado a um grupamento Carboxila (COOH), um grupamento Amino (NH2), um átomo de Hidrogênio e um grupamento R. 

estrutura de um aminoácido

Estrutura de um aminoácido
(Fonte: adaptado pelo autor)

Os grupamentos orgânicos R encontrados nos aminoácidos diferenciam as moléculas existentes. 

As plantas geralmente sintetizam cerca de 20 aminoácidos que podem ser encontrados nas proteínas. Entre os principais aminoácidos sintetizados por plantas destacam-se o glutamato, a glutamina e aspartato, como veremos a seguir. 

O grupo Amino (NH2) encontrado na estrutura dos aminoácidos é originado das reações da glutamina e glutamato. 

O esqueleto de carbono dos aminoácidos pode ser resultante do 3-fosfoglicerato, do fosfoenolpiruvato ou do piruvato, ambos produzidos durante o processo de glicólise. Outra fonte seria o 2-oxoglutarato ou oxalacetato formados no ciclo do ácido cítrico

gráfico com rotas biossintéticas dos esqueletos de carbono dos 20 aminoácidos padrão

Rotas biossintéticas dos esqueletos de carbono dos 20 aminoácidos padrão
(Fonte: Fisiologia e Desenvolvimento Vegetal – Taiz e Zeiger, 2017)

Alguns aminoácidos são considerados importantes em diversas funções nas plantas. Vou explicar melhor os principais deles:

Glicina

Participa na formação de glutationa, fitoquelatinas e glicina betaína (composto que é acumulado em plantas em condições de estresse hídrico e ajuda a manter a eficiência fotossintética).

Cisteína

É fonte de enxofre (S) e atua na síntese da glutationa (molécula que auxilia na defesa de plantas).

Fenilalanina

Atua na síntese de lignina, taninos, flavonoides e na formação do ácido salicílico. A lignina, por exemplo, auxilia na resistência das plantas. Já o ácido salicílico é conhecido por atuar na resistência das plantas aos patógenos.

Glutamato 

Participa da formação dos aminoácidos (arginina, glutamina e prolina) e também é precursor da molécula de clorofila.

Triptofano

Precursor da auxina, hormônio de crescimento radicular e também da parte aérea das plantas. 

Metionina 

Precursora do etileno, hormônio que atua na maturação dos frutos. 

6 benefícios do uso de aminoácidos nas plantas

O uso de aminoácidos pode beneficiar as plantas em diversos aspectos como:

  1. auxílio no metabolismo da planta, pois são substâncias ligadas à síntese de proteínas;
  2. atuação na germinação, no estádio vegetativo, na floração e maturação dos frutos;
  3. atuação na fotossíntese, na síntese e ativação da clorofila, aumentando a eficiência do processo e na reserva de carboidratos;
  4. proteção de plantas e maior tolerância ao ataque de pragas e doenças;
  5. eficiência na absorção e translocação de nutrientes aplicados via foliar;
  6. tolerância das plantas ao estresse hídrico devido ao maior potencial de desenvolvimento do sistema radicular e outros mecanismos.

Os aminoácidos e as condições de estresse na planta

Alguns compostos são osmoticamente ativos nas células (osmose = processo de difusão da água através de uma membrana semipermeável) e mesmo em altas concentrações mantém a integridade da membrana, não interferem no funcionamento enzimático, denominados de solutos compatíveis

Moléculas que frequentemente servem como solutos compatíveis

Moléculas que frequentemente servem como solutos compatíveis
(Fonte: Fisiologia e Desenvolvimento Vegetal – Taiz e Zeiger 2017)

Alguns destes compostos incluem a prolina (um aminoácido importante para plantas em condições de estresse salino e/ou hídrico) e a glicina betaína

A prolina pode apresentar uma função de ajuste osmótico, que protege as plantas de compostos tóxicos produzidos durante períodos de escassez de água. 

Quando aplicada de forma exógena nas plantas, estudos comprovam que a prolina pode melhorar a tolerância à salinidade ao regular os processos fisiológicos, bioquímicos e enzimáticos. 

Principais efeitos da prolina exógena na tolerância aos sais vegetais (abreviaturas: CRA = conteúdo relativo de água; ERO = espécies reativas de oxigênio; MDA = malondialdeído; PE = perda de eletrólitos)

Principais efeitos da prolina exógena na tolerância aos sais vegetais (abreviaturas: CRA = conteúdo relativo de água; ERO = espécies reativas de oxigênio; MDA = malondialdeído; PE = perda de eletrólitos)
(Fonte: adaptado de How Does Proline Treatment Promote Salt Stress Tolerance During Crop Plant Development?)

Além de proporcionar um efeito positivo no crescimento, desenvolvimento e produtividade da planta em condições de estresse salino

Impactos do uso de aminoácidos nas plantas

Uma pesquisa realizada na USP/Esalq mostrou eficiência no uso de aminoácidos no desenvolvimento de raízes via tratamento de sementes de soja 25 dias após a semeadura. 

Plantas de soja aos 25 dias após a semeadura submetidas ao tratamento de sementes com aminoácidos - A = Controle; B = Glutamato ; C = Cisteína ; D = Fenilalanina; E = Glicina; F = Completo

Plantas de soja aos 25 dias após a semeadura submetidas ao tratamento de sementes com aminoácidos – A = Controle; B = Glutamato ; C = Cisteína ; D = Fenilalanina; E = Glicina; F = Completo
(Fonte: Teixeira, W.S – ESALQ/USP)

A aplicação de cisteína promoveu um aumento no volume de raízes (59%), número de raízes laterais (48%) e comprimento de raízes laterais (86%) em relação ao tratamento controle. 

A glicina auxiliou no aumento de 25% do comprimento da raiz principal e o glutamato incrementou o comprimento total da raiz em 22%. 

Foi constatado também que glutamato, cisteína, fenilalanina e glicina podem atuar como aminoácidos sinalizadores em plantas de soja. Isso porque pequenas doses foram suficientes para aumentar a atividade de algumas enzimas antioxidantes.

Alguns bioestimulantes utilizados na soja também apresentam aminoácidos em sua composição e podem trazer uma série de benefícios durante o desenvolvimento vegetal. 

Outro estudo comprovou que o uso de aminoácidos e hormônios reduz o nível de estresse das plantas de soja durante o período inicial de crescimento e aumenta a massa de produção de matéria seca. 

No tratamento das sementes com micronutrientes, hormônios e aminoácidos, observou-se incremento na produtividade

O uso de produtos com aminoácidos 

Quando complexados com os aminoácidos, os nutrientes podem ser absorvidos com uma maior facilidade, como é o caso dos quelatos (aminoácidos + micronutrientes).  

A suplementação com aminoácidos é uma forma de estimular o crescimento das plantas e aumentar a produtividade, uma vez que funciona como uma forma delas economizarem energia na realização de diversos processos metabólicos ao longo do seu ciclo. 

A empresa Kimberlit desenvolveu uma linha de produtos que combinam fertilizante e aminoácidos e apresentam produtos que podem ser utilizados via foliar ou para tratamento de sementes. 

A Exion max, por exemplo, é uma linha que fornece manganês, zinco, cobre, à base de cloreto, com boro e molibdênio, aditivado com aminoácidos selecionados para leguminosas e oleaginosas. 

Outros produtos também são comercializados pela Biosul fertilizantes que possui grande variedade de produtos contendo aminoácidos solúveis e prontamente assimiláveis pelas plantas, aumentando o potencial de crescimento e resistência.

A Dominisolo comercializa o produto AMINO-EXP MP que é um produto indicado para formulações de adubos líquidos para aplicação via solo ou foliar. 

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Conclusão

Neste artigo, você viu o que são os aminoácidos e algumas funções que eles realizam nas plantas. 

Os aminoácidos são substâncias importantes e essenciais no desenvolvimento de plantas. A aplicação destes compostos durante o ciclo das culturas pode beneficiar no aumento da produtividade. 

Algumas pesquisas já foram realizadas, mas ainda são necessários mais testes em relação a doses e recomendações adequadas para a maioria das culturas. 

Espero que este texto tenha ajudado você a entender sobre como o uso dos aminoácidos podem aumentar a produtividade da sua lavoura!

Você já utilizou compostos com aminoácidos nas plantas? Compartilhe sua experiência nos comentários!

5 passos para acertar a aplicação do regulador de crescimento no algodão

Regulador de crescimento no algodão: vantagens do uso, época mais adequada de aplicação, dosagem e parcelamento ideal para a lavoura

O algodoeiro é uma planta perene e de ciclo indeterminado, por isso, podemos notar a importância do manejo do equilíbrio entre o crescimento vegetativo e reprodutivo.

No momento da colheita, é fundamental que a planta tenha no máximo 1,30 m de altura, condição que facilita e traz praticidade nas operações de manejo. 

Por isso, o uso de reguladores de crescimento pode trazer ganhos produtivos e também no que se refere à qualidade da fibra.

Para entender como tirar o melhor proveito deles, confira a seguir! 

O que é regulador de crescimento?

Regulador de crescimento é uma substância produzida que interfere no balanço hormonal da planta. Assim, afetam diretamente a forma como elas crescem e se desenvolvem. 

Na planta de algodão, o regulador é utilizado com enfoque nas máximas produções, estabelecendo um equilíbrio entre a fase vegetativa e reprodutiva. 

O crescimento e o desenvolvimento do algodoeiro pode ser controlado por fatores exógenos (luz, temperatura, água, dentre outros) e endógenos(hormônios). 

Solos com excesso de nitrogênio (N), solos úmidos e com temperaturas superiores a 32 ºC, por exemplo, favorecem o crescimento vegetativo da planta, o que diminui o índice de colheita. 

Desta forma, a utilização do regulador de crescimento no algodão é de grande valia, tendo em vista que permite ter controle sobre a fase vegetativa, possibilitando incrementos quanto à produtividade.

Reguladores de crescimento como o cloreto de mepiquat e o cloreto de clormequat atuam sob a síntese de ácido giberélico. Isso permite um certo controle sob o elongamento celular (diminuindo os entrenós), diminuindo, consequentemente, o porte das plantas. 

Esses reguladores conseguem reduzir a altura das plantas e o tamanho do dossel. Assim, há melhor interceptação de luz e de produtos nas partes baixeiras da planta, propiciando sanidade e qualidade das fibras.

planilha de produtividade do algodão Aegro

Vantagens do uso dos reguladores de crescimento no algodão 

Quanto às principais vantagens do uso desse produto, podemos destacar as seguintes:

  • controle do crescimento excessivo do algodoeiro, possibilitando um controle entre o desenvolvimento de parte vegetativas e reprodutivas;
  • redução da altura e o comprimento dos ramos, facilitando as operações de manejo e colheita;
  • proporciona um microclima impróprio para os patógenos (dossel mais arejado), além de facilitar a deposição de caldas de aplicação no terço inferior da planta;
  • redução da abscisão e do apodrecimento das estruturas reprodutivas, possibilitando ganhos produtivos;
  • redução o ciclo por diminuir o excesso de número de nós; 
  • melhora na qualidade da fibra (pureza), pois reduz a formação excessiva de galhos, folhas e casca de ramos. 
fotos de controle eficiente (A) e controle ineficiente (B) de altura por meio do uso de regulador de crescimento

Controle eficiente (A) e controle ineficiente (B) de altura por meio do uso de regulador de crescimento
(Fonte: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira em Embrapa)

5 dicas para fazer uma aplicação adequada 

1ª – Análise da taxa de crescimento

Para saber se há condição de aplicação dos reguladores, é importante se atentar a dois critérios: 

  • a correspondência do número de nós da haste principal com a altura da planta (como você pode ver na imagem abaixo); 
  • comprimento médio dos últimos 5 nós do ponteiro. 
gráfico de crescimento ideal de plantas de algodão em relação à altura da planta e ao número de nós na haste principal

Crescimento ideal de plantas de algodão em relação à altura da planta e ao número de nós na haste principal
(Fonte: Manual de boas práticas do algodoeiro em MT)

Quanto ao comprimento médio dos ponteiros, você avalia os 5 nós do ponteiro e, em seguida, divide a medida total por 5. 

Lembre-se que o primeiro nó só é considerado passível de contagem quando alocado a 1,2 cm do segundo, no mínimo.  

Depois dessa medição e já obtida a média da taxa de crescimento, faça a comparação com os dados padrões já estabelecidos. 

tabela com valor médio e tipo de crescimento - regulador de crescimento no algodão

(Fonte: Manual de boas práticas do algodoeiro em MT)

2ª – Dosagem

A dose recomendada do regulador de crescimento no algodão é baseada no porte da cultivar e na condição de desenvolvimento da cultura.

A seguir apresento duas sugestões de cálculo de dosagem:

tabela de sugestão de doses de reguladores de crescimento em diferentes condições de crescimento

(Fonte: Manual de boas práticas do algodoeiro em MT)

tabela com sugestão de doses de reguladores de crescimento em diferentes condições de crescimento

Sugestão de doses de reguladores de crescimento em diferentes condições de crescimento
(Fonte: Embrapa)

3ª – Primeira aplicação

Relata-se que a primeira aplicação deve ser feita entre o aparecimento dos primeiros botões florais até o pleno florescimento

Isso é justificado pelo fato da taxa de crescimento ser bem reduzida a partir da formação das maçãs, momento em que ocorre muita redistribuição para o desenvolvimento dessas estruturas reprodutivas. 

Em média, a primeira aplicação será quando as plantas atingirem:

  • de 30 cm a 35 cm de altura em cultivares de porte alto;
  • entre 35 cm e 40 cm nas cultivares de porte médio; 
  • de 40 cm a 45 cm de altura nas cultivares mais baixas. 
tabela com porte, ciclo e necessidade de regulador de crescimento, de cultivares de algodoeiro da Embrapa, recomendadas para o cerrado brasileiro

Porte, ciclo e necessidade de regulador de crescimento, de cultivares de algodoeiro da Embrapa, recomendadas para o cerrado brasileiro
(Fonte: Embrapa)

4ª – Parcelamento da aplicação

Sabe-se que doses muito baixas de reguladores de crescimento podem não apresentar efeito sobre o crescimento do algodoeiro. As doses muito elevadas, por sua vez, também podem provocar o travamento da planta, tendo como consequência a perda de produção. 

Desta maneira, recomenda-se o parcelamento da aplicação deste produto. 

Em geral, é recomendado que a aplicação seja parcelada em 4 vezes, sendo:

  • 10% da dosagem recomendada na primeira aplicação;
  • 20% na segunda;
  • 30% na terceira;
  • restante na quarta aplicação. 

Mas, e quando fazer a próxima aplicação? Deve-se sempre fazer um monitoramento da taxa de crescimento da planta. 

Esse monitoramento é feito 5 a 8 dias após a última aplicação e, se a altura atual menos a altura anterior dividida pelo número de dias transcorridos for maior que 1,5 cm/dia, deve-se proceder a próxima aplicação. 

Equação: (altura atual-altura anterior)/dias após a aplicação 

Para facilitar nesse controle das aplicações, existe atualmente um aplicativo chamado “Regula”, que permite esse controle de uma maneira dinâmica. 

5ª – Cautelas na aplicação

Para não afetar a eficácia dos reguladores de crescimento é recomendada a pulverização do produto no período da manhã, desde que não esteja com muito orvalho. 

Além disso, para assegurar a eficiência, é aconselhável que fique sem chover por pelo menos 4 horas após a aplicação. Caso chova, é provável que seja necessária a reaplicação. 

Também não é aconselhável fazer a aplicação de reguladores quando a planta passa por um momento de estresse hídrico. 

E, por fim, não é recomendada a aplicação junto com outros produtos como, por exemplo, herbicidas

Conclusão 

A utilização dos reguladores de crescimento é uma realidade nas propriedades algodoeiras.

Isso se deve, principalmente, às suas vantagens, destacando aqui a facilidade de colheita e melhora na qualidade da fibra. 

Neste artigo, mostramos como chegar à dosagem e parcelamento ideais. Assim, com a aplicação no momento correto, os resultados produtivos deverão ser mais satisfatórios.

>> Leia mais:

Como fazer um manejo efetivo de pragas do algodão

“O que é a mancha alvo do algodoeiro e como ela pode afetar a sua lavoura

Você utiliza regulador de crescimento no algodão? Consegue fazer o planejamento certinhos das aplicações? Comenta aqui!

Dicas e cuidados que você precisa seguir para o armazenamento do algodão

Armazenamento do algodão: como estocar o algodão em pluma, em caroço e sementes

O processo de armazenamento do algodão é fundamental para manter a qualidade da matéria-prima.

A presença de partículas inadequadas dificulta o beneficiamento da indústria têxtil, entre outros problemas. E isso, claro, se reflete no preço pago ao cotonicultor.

Seja em caroço, fibra, ou sementes, é preciso garantir que uma série de quesitos sejam seguidos para o armazenamento seguro. Confira as dicas a seguir!

Armazenamento do algodão em pluma e em caroço 

A pós-colheita do algodão é diferente para o armazenamento em pluma e caroços. A seguir, vou especificar cada um deles.

Armazenamento do algodão em caroço

Durante a colheita e o armazenamento do algodão em caroço, é importante tomar alguns cuidados para evitar o aparecimento de matérias estranhas.

A detecção de impurezas no algodão é indesejável para a indústria têxtil, pois é um fator que dificulta e onera o beneficiamento. Isso se reflete em redução no preço final do fardo, pois pode prejudicar o comprimento, a uniformidade e o índice de fibras curtas.

Contaminantes como pelos e penas de animais são difíceis de ser separados, só aparecendo no final da industrialização. Isso tem consequências graves como um tecido defeituoso, sem valor comercial.

Assim, atente-se para armazenar o algodão em caroço em local seco, limpo, arejado e protegido do acesso de animais e da umidade.

Para a armazenagem convencional do algodão em caroço, o percentual de umidade é de 12%.

Armazenamento do algodão em pluma

Para armazenar o algodão em pluma, antes você precisará pesar os fardos em balança com capacidade mínima de 200 quilos.

Alguns cuidados durante o armazenamento no galpão incluem:

  • armazenar em espaço isolado;
  • local arejado;
  • isento de umidade;
  • longe do alcance de animais.

As pilhas de fardos precisam ser todas de fácil acesso, por isso recomenda-se:

  • largura de 4,5 m para os corredores centrais;
  • largura de 1,5 m para os corredores de acesso;
  • a distância entre os fardos e as paredes do depósito deve ser de 1,3 m;
  • os lotes de algodão devem ter no máximo 4 fardos por altura, 5 por largura e 12 por comprimento;
  • distância entre o último fardo e o teto de 2 m;
  • fazer amarrações intermediárias para garantir a segurança das pessoas que transitam entre as pilhas; 
  • colocar os fardos sobre estrados de madeira;
  • depósito deve ter portas contra fogo em todas as vias de acesso;
  • não exceder 4 mil toneladas de pluma por armazém;
  • os lotes de algodão deverão ter no máximo 1.500 fardos de modo a permitir acesso fácil a todas as faces da pilha.

Não coloque os fardos em contato direto com o piso, pois isso poderá ocasionar o fenômeno conhecido por cavitomia (quando ocorre a fermentação do algodão devido à presença de água). Como a temperatura fica elevada, a fibra pode pegar fogo.

Os fardos de algodão podem ser armazenados por tempo indeterminado, desde seja mantido isento de agentes contaminantes e de umidade.

A umidade ideal de armazenamento do algodão em pluma é de 10%. A partir de 15% de umidade nos fardos, começa o processo de fermentação.

Prejuízos do armazenamento inadequado do algodão 

Para o armazenamento de fibra de algodão, tem-se verificado que o grau de amarelamento tende a aumentar e o grau de reflexão a diminuir devido ao tempo de armazenamento.

A fibra de algodão fica mais amarelada com o tempo de armazenamento, podendo reduzir o tipo do algodão depois de 9 meses.

Além disso, a umidade pode favorecer algumas espécies de fungos que atacam a pluma como:

  • Monilia sp. 
  • Aspergillus flavus
  • Aspergillus parasiticus 
  • Aspergillus niger
  • Rhizopus stolonifer
  • Colletotrichum gossypii

Para o algodão em pluma, o maior cuidado refere-se à umidade. Para isso, recomenda-se:

  • fazer a colheita do algodão com tempo seco;
  • após a colheita, o algodão deve ser secado;
  • em seguida fazer o descaroçamento, enfardamento em pluma e armazenamento.
fotos de beneficiamento e armazenagem: algodão e fardos de algodão.

Beneficiamento e armazenagem: algodão e fardos de algodão
(Fonte: SLC Agrícola)

Já, no caso de você ser um produtor de sementes de algodão, atente-se à umidade de armazenamento da semente e do ambiente.

As sementes de algodão são classificadas como “sementes ortodoxas”, isso quer dizer que o período de viabilidade é inversamente proporcional à temperatura e ao teor de umidade. 

Portanto, cuidado, pois sementes úmidas submetidas a temperaturas elevadas deterioram-se rapidamente.

Quais os cuidados na armazenagem em ambiente externo e interno?

Para as sementes de algodão, a umidade baixa (o ideal é 40%) do ambiente é o fator mais importante para a conservação. Isso porque a semente de algodão é classificada como oleaginosa.

Caso você queira armazenar sementes de algodão por mais de 2 anos, recomenda-se que a soma da umidade relativa do ar (em %) e da temperatura (graus centígrados) do ambiente de armazenamento seja, no máximo, igual a 55,5.

A umidade da semente deve ser reduzida para 3% a 5%, pois isso permitirá uma boa conservação.

Resumindo, para armazenar de forma segura as sementes de algodão por um período de 6 meses, recomenda-se:

  • ambiente com temperatura de 20°C e 50% de umidade relativa do ar;
  • teor de umidade da semente de 7,6%.

Lembrando que, durante o processo de secagem das sementes de algodão, não devemos utilizar temperatura superior a 40°C. 

Temperaturas acima de 40°C no processo de secagem reduzem o poder germinativo da semente.

Para armazenar algodão em pluma, você deve seguir algumas recomendações no depósito como:

  • não pode ter qualquer tipo de instalação elétrica;
  • nada de lâmpadas e tomadas;
  • não pode haver linha telefônica;
  • não fumar nem usar telefone celular em seu interior.
planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

Neste artigo mostramos mais sobre o armazenamento do algodão de forma adequada.

O algodão pode ser armazenado em caroço, em fibra, ou ainda as sementes, no caso de lavouras com essa finalidade.

Entre as principais maneiras de armazenar o algodão de forma segura estão garantir a umidade do ar e temperatura adequadas durante o processo de estocagem.

Você pôde ver as principais diferenças no armazenamento do algodão como fazer um estoque mais seguro.

Guia prático da adubação para algodão

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5 formas de aproveitar a Internet das Coisas na agricultura e tornar sua fazenda mais rentável

Internet das Coisas na agricultura: como ela pode te ajudar a otimizar a produção e, consequentemente, alcançar mais lucro com a lavoura

A internet trouxe grandes avanços em termos de facilidade e agilidade para nossas vidas – e na agricultura não é diferente.

Máquinas conectadas com sensores e computadores já conseguem prever quebras de peças, locais que demandam de mais insumos e regiões com problemas de pragas e doenças.

A Internet das Coisas (IoT) permite uma comunicação direta entre os equipamentos por meio de sensores e conexões sem fio. 

Por meio dela, você pode ganhar agilidade nas tomadas de decisão, aumentando a eficiência operacional e produtiva do sistema de produção.

Quer saber mais sobre as aplicações da Internet das Coisas e como ela beneficia sua fazenda? Confira a seguir!

O que é e para que serve a Internet das Coisas?

Internet das Coisas ou apenas IoT (abreviação do termo em inglês Internet of Things) refere-se à tecnologia de conectar equipamentos, objetos ou itens usados no dia a dia a uma rede mundial de computadores.

E essa transformação do mundo físico em digital está cada vez mais presente no campo.

As máquinas, que antigamente eram apenas pedaços de ferro pesados, frios e sujos, estão se transformando em verdadeiros computadores, cada vez mais tecnológicos e eficientes. 

A palavra Internet das Coisas tem sido muito utilizada para objetos que estão conectados à internet e são também chamados de inteligentes.

Para que um equipamento possa ser considerado inteligente ele deve:

  1. ter um nome ou endereço na internet;
  2. ter a capacidade de enviar ou receber informações de outros dispositivos;
  3. ser capaz de interagir e responder, de alguma forma, às informações recebidas;
  4. possuir alguma capacidade de processar os dados;
  5. possuir algum sensor (físicos, químicos, como velocidade, luz, umidade, temperatura etc.). 

Como aplicar a Internet das coisas na agricultura

A Internet das Coisas pode ser aplicada de diversas formas na agricultura, desde sistemas de telemetria, softwares computacionais, levantamento de dados e controle de automação de maneira eficiente. 

A IoT é, certamente, uma grande tendência no agronegócio, possibilitando que dados sejam gerados e analisados com intuito de melhorias nas atividades realizadas na fazenda.

As máquinas e os sistemas empregados no campo geram muitos dados detalhados e de forma contínua. Estes dados podem ser armazenados e combinados com outras fontes de informações para otimizar as aplicações e operações nas fazendas.

1 – Irrigação Inteligente

No Brasil, a cada dia que passa, temos um apelo maior pela sustentabilidade e uso racional da água no campo.

Tecnologias de IoT já possibilitam a irrigação inteligente nas fazendas.

Sensores podem ser instalados para medir a umidade dos solos, podendo estar acoplados a sistemas que indicam a textura daquele solo. Assim, de maneira automática, conseguem controlar a irrigação em taxas variadas em cada seção ou bico do pivô central.

sistema de gerenciamento de pivô por meio de internet das coisas na agricultura

(Fonte: Precision Farmer Dealer)

Além do uso mais eficiente da água, é possível selecionar a melhor hora do dia para realizar a irrigação. E, dependendo do horário do dia, o custo da energia pode até ser mais barato, já que ele pode variar ao longo do dia.

Saber exatamente a necessidade de água em cada metro quadrado da lavoura, bem como a hora mais barata para a irrigação, auxiliam na redução de custos na fazenda e ganhos em eficiência.

2 – Controle de pragas e doenças

Sensores portáteis ou acoplados a drones e satélites conseguem levantar mapas diversos das lavouras. 

Tais mapas podem estar integrados a sistemas ou plataformas computacionais que auxiliam na identificação de pragas e doenças nas lavouras. 

Após sua identificação, os mapas de biomassa como NDVI, NDRE, RGB ou outros índices levantados podem ser enviados às máquinas para atuação apenas nos locais selecionados.

O manejo localizado garante otimização dos insumos aplicados, pois não há aplicação em área total se não houver necessidade. Isso gera economia e aumenta a lucratividade das fazendas.

Sensores acoplados às máquinas conectadas também podem levantar informações e tomar decisões de maneira automática, em tempo real, da dosagem e da necessidade de aplicação dos produtos nas lavouras.

Sistemas de IoT estarão cada vez mais presentes no campo para identificação de pragas e doenças nas lavouras. E, se identificados e combatidos em tempo ideal, tais fatores podem ser a diferença entre o sucesso ou o fracasso das lavouras.

>> Leia mais:

Sensores no manejo integrado de pragas: por que você deve começar a usar

3 – Telemetria

A telemetria possibilita que os dados dos equipamentos que estão realizando as atividades em campo sejam coletados e compartilhados de forma remota.

Muito utilizada na Fórmula 1, a telemetria chegou ao campo agregando muito valor às tomadas de decisões.

Os equipamentos conectados à central podem ser visualizados em tempo real, desde que estejam com sinal de internet, e as operações podem ser corrigidas, se necessário.

sistema de telemetria John Deere conectado no maquinário no campo - internet das coisas na agricultura

(Fonte: John Deere)

Por meio da telemetria é possível checar se as máquinas estão trabalhando na rotação e velocidade ideais, com temperaturas e pressões corretas, a fim de gerar economias de combustível e realização corretas das operações.

Os relatórios gerados podem ser analisados para otimizar as máquinas e as operações em campo, reduzindo custos na propriedade.

4 – Robótica

Os avanços em robótica, impressoras 3D e automações no campo estão facilitando a criação e implantação de tecnologias, como por exemplo, estufas inteligentes.

Dotada de sensores e luzes artificiais, já existem estufas automatizadas produzindo alimentos, baseando seus manejos no conceito de agricultura vertical.

As estufas protegidas e os cultivos inteligentes possuem melhores controles sobre pragas e doenças, melhor utilização da água, energia elétrica e insumos aplicados.

Tratores e máquinas autônomas já estão presentes. Futuramente, é possível que haja redução e substituição da mão de obra no campo com a inserção deste tipo de tecnologia.

robô de precisão digital desenvolvido pela ecoRobotix que identifica plantas daninha e aplica o herbicida correspondente

(Fonte: Dinheiro Rural)

5 – Rastreabilidade e monitoramento

Mais comuns nas fazendas agropecuárias, as ferramentas e tecnologias de IoT como chips RFID e QRcode têm auxiliado o produtor rural com os dados coletados de localização, peso, consumo de ração e bem-estar dos animais.

As informações coletadas são enviadas a uma central que consegue monitorar animais doentes, animais em período fértil para inseminação, entre outros, auxiliando no manejo do gado e reduzindo custos com mão de obra.

As origens e rastreabilidade dos alimentos devem ser cada vez mais presentes no nosso dia a dia – e cobradas pelo consumidor final. Oferecer essa rastreabilidade desde já pode agregar valor ao preço dos produtos da fazenda.

>> Leia mais: “Blockchain na agricultura: conheça as 3 principais funções e seus benefícios”

guia - a gestão da fazenda cabe nos papéis

Conclusão

Com o avanço da conectividade no campo, no futuro teremos muitas máquinas conectadas e enviando dados pela internet a todo momento.

Por meio da internet das coisas na agricultura será possível avançar com as análises de big data e ser ainda mais eficiente na fazenda.

Como você conferiu, a internet das coisas possibilita que otimizações sejam executadas em tempo real no dia a dia das operações agrícolas. Isso, é claro, impacta e pode trazer o aumento da produtividade agrícola e redução dos custos no campo.

>> Leia mais:

5 tecnologias que vão deixar sua fazenda mais inteligente e rentável

Big data no agronegócio: a revolução dos dados

“Primeira antena 5G em área rural: entenda como essa tecnologia vai beneficiar sua fazenda”

Quais os avanços da Internet das Coisas na agricultura são mais impactantes para você? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Recomendações de adubação para o arroz: como fazer em diferentes sistemas de cultivo

Adubação para o arroz: confira as recomendações nutricionais para lavoura de sequeiro e irrigada e os impactos para sua produtividade.  

A área cultivada com arroz poderá apresentar um aumento de 1,6% nesta safra, segundo dados da Conab. Entretanto, a produtividade pode ser menor em relação à última safra. A previsão da produção nacional é de 10,9 milhões de toneladas

Diferentes técnicas de manejo do solo e adubação da lavoura podem mudar o cenário esperado para a safra atual e auxiliar no aumento da produtividade. 

Uma das formas de se aumentar a produtividade da lavoura de arroz é realizar um manejo adequado da adubação nos diferentes sistemas de cultivo utilizados. 

Confira neste artigo as exigências nutricionais do arroz, épocas de adubação e algumas recomendações gerais!

Sistemas de cultivo do arroz

No Brasil, o arroz é cultivado em diferentes sistemas: sequeiro (também denominado arroz de terras altas) e irrigado (em sistema pré-germinado e/ou com transplante de mudas). 

Veja mais detalhes sobre esses sistemas no artigo “Plantio de arroz irrigado ou sequeiro: 7 dicas para produzir mais e melhor!

Além dos sistemas, é importante saber sobre a fenologia do arroz, que é basicamente composta pela fase vegetativa (V1 a Vn) e fase reprodutiva (R0 a R9). 

Manejo da adubação no cultivo do arroz

Para um bom manejo da adubação, algumas dicas devem ser seguidas: 

Como cada sistema e regiões têm recomendações de adubação diferentes, apresentarei a seguir as principais.

Recomendação da adubação para arroz no Cerrado

A recomendação da adubação do arroz para a região do Cerrado apresentada a seguir é baseada em uma produtividade de 2,5 a 3,0 ton ha-1, conforme o boletim 5ª aproximação

Arroz de sequeiro 

A necessidade de calagem deverá ser calculada pelo método do Al3+ e do Ca2+ and Mg2+, considerando: 

NC = Y [Al3+ – (mt . t/100)] + [X – (Ca2+ + Mg2+)]

sendo: 

Y = capacidade tampão da acidez do solo

X = 2,0 cmolc dm³ (valor variável conforme o requerimento de Ca e Mg pela cultura)

mt = máxima saturação por Al3+ tolerada pela cultura (para o arroz é de 25%) 

Al3+ = acidez trocável, em cmolc dm³ 

t = CTC efetiva, em cmolc dm³ 

Se for utilizar o método da saturação por bases, o V% deverá ser elevado para cerca de 40%

Nitrogênio (N)

Aplicar 50 a 60 kg ha-1 de N. Um quinto da dose pode ser aplicada no plantio e em cobertura (na diferenciação do primórdio floral, entre 50 e 55 dias após a emergência). 

Fósforo (P)

Na adubação fosfatada corretiva para solos do Cerrado, recomenda-se aplicar no 1º ano de cultivo: 

  • 240 kg ha-1 de P2O5 (solos argilosos);
  • 150 kg ha-1 de P2O5 (solos de textura média);
  • 120 kg ha-1 de P2O5  (solos arenosos). 

Na adubação fosfatada corretiva, aplicar a quantidade recomendada de P2O5 de uma só vez, com fosfatos parcialmente solubilizados ou termofosfatos magnesianos. 

Na correção também podem ser utilizados adubos como o MAP, DAP, superfosfato simples ou superfosfato triplo de forma gradativa e parcelada. 

Além da adubação corretiva também deve ser realizada a adubação de manutenção do fósforo

A adubação de manutenção deve ser realizada no sulco de plantio com o objetivo de disponibilizar o nutriente próximo ao sistema radicular. Fontes solúveis de fósforo são recomendadas nesta etapa. 

Potássio (K)

A recomendação é que o nutriente seja aplicado no plantio, com o N e o P. 

tabela com adubação de manutenção, dependendo da não-limitação de água para a cultura. Com disponibilidade de P e de K.

Dose de adubação recomendada para o arroz de sequeiro de acordo com os teores dos nutrientes no solo
(Fonte: boletim 5ª aproximação – Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais)

Arroz irrigado 

A correção do solo pode ser dispensada no sistema por inundação com sementes pré-germinadas, desde que a saturação por bases (V%) no solo seja um mínimo de 50%

Na semeadura em solo seco, que é caracterizado pelo início da inundação após a emergência, a correção da acidez deve ser realizada para aumentar (V%) em 50%, cerca de quatro meses antes da semeadura. Isso auxilia no desenvolvimento inicial da cultura. 

Nitrogênio, fósforo e potássio

Aplicar 90 kg ha-1 de N de forma parcelada com 20 kg no plantio e 70 kg em cobertura (metade no perfilhamento e a outra parte no início da diferenciação da panícula). 

O N no plantio deve ser aplicado no sulco. Em cobertura pode ser realizada após retirada da água (a lanço ou em filete entre fileira de plantas) e a lanço sobre a lâmina de água. 

Para o fósforo e potássio devem ser aplicados entre 30 a 90 kg de P2O5 ha-1 e 20 a 70 kg de K2O ha-1, a depender da disponibilidade desses nutrientes no solo. 

Dose de adubação recomendada para o arroz irrigado de acordo com os teores dos nutrientes no solo

Dose de adubação recomendada para o arroz irrigado de acordo com os teores dos nutrientes no solo
(Fonte: boletim 5ª aproximação – Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais)

Recomendação da adubação para arroz na região Sul

O Manual de adubação e calagem para os estados do RS e SC recomenda a adubação para uma produtividade estimada em 2 ton ha-1 para o arroz de sequeiro da seguinte forma: 

Arroz de sequeiro 

A correção do solo em Sistema de Plantio Direto (SPD) deve ser realizada para ajustar o pH em 5,5. No arroz cultivado em Sistema Convencional, deverá ser adicionada quantidade de calcário para que o solo atinja pH 6,0 pelo índice SMP. 

Nitrogênio, fósforo e potássio

A recomendação da adubação de N varia de acordo com as porcentagens de matéria orgânica do solo (quando for ≤ 2,5%: aplicar 50 kg ha-1 de N; entre 2,6% e 5,0%: 40 kg ha-1 de N e > 5,0%: ≤10 kg ha-1 de N). 

Aplicar 10 kg ha-1 de N na semeadura e o restante em cobertura no início do afilhamento. 

Para cada tonelada de grãos adicional, acrescentar aos valores acima 15 kg ha-1 de N.

Na adubação de manutenção com fósforo e potássio devem ser utilizados 20 kg ha-1 de P2O5 e 20 kg  ha-1 de K2O. 

Para cada tonelada de grãos adicional, acrescentar 10 kg ha-1 de P2O5 e 10 kg ha-1 de K2O

Arroz irrigado

O boletim do Irga apresenta diversas recomendações para cultivo do arroz irrigado

Para o cultivo do arroz irrigado intercalado com culturas de sequeiro recomenda-se a correção da acidez para que o solo atinja pH 6,0. 

No cultivo do arroz semeado em solo seco, a irrigação é iniciada após a emergência e as condições favoráveis ao crescimento das plantas ocorrem de 2 a 5 semanas, o que poderá afetar o desenvolvimento das cultivares de ciclo precoce a médio. 

A recomendação de calagem ocorre em valores de pH em água < 5,5  e o V% abaixo de 65%. 

No cultivo do arroz pré-germinado e transplante de mudas a calagem não é recomendada para a correção da acidez. 

No sistema inundado, a elevação do pH acontece devido ao processo de redução do solo, denominado de “autocalagem”.

A deficiência geralmente é constatada com V% = 40% e, neste caso, a calagem pode ser recomendada para correção da deficiência de Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg). A exceção ocorre quando o teor de Ca for maior que 4,0 cmolc dm-3 e de Mg 1,0 cmolc dm-3

A necessidade de calagem é baseada no índice SMP e informações mais detalhadas podem ser obtidas nos boletins do IRGA e no Manual de adubação e calagem para os estados do RS e SC

Solos com baixo poder tampão

Em casos de solos com baixo poder tampão, o índice SMP não é recomendado. A necessidade de calagem (NC) pode ser calculada pela equação:

NCpH 5,5 = – 0,653 + 0,480MO + 1,937Al

NC = necessidade de calcário (PRNT de 100%) em ton ha-1; MO = quantidade de matéria orgânica no solo em % e Al é o Alumínio trocável em cmolc dm3

tabela com critérios para definição da NC e a quantidade de corretivo

Critérios para definição da NC e a quantidade de corretivo
(Fonte: Instituto Rio Grandense do Arroz)

Nitrogênio, fósforo e potássio 

As recomendações para o N, P e K para o arroz irrigado são baseadas nos teores de matéria orgânica do solo (para o N) e P e K presentes no solo (verificar a análise de solo). 

Interpretação do teor de P do solo pelo Método Mehlich-1
Interpretação do teor de K do solo pelo Método Mehlich-1

Interpretação do teor de P e K do solo pelo Método Mehlich-1
(Fonte: Instituto Rio Grandense do Arroz)

Na adubação nitrogenada recomenda-se para o sistema de semeadura em solo seco, entre 10 e 20 kg ha-1 de N e o restante em cobertura. 

Para recomendações de até 100 kg ha-1de N em cobertura, ⅔ da dose total deverá ser aplicada no estádio V3/V4 e ⅓ da dose na iniciação da panícula.

No sistema pré-germinado não deve ser realizada a adubação de N em semeadura, pois há risco de perdas. Para cultivares de ciclo curto e médio, devem ser aplicados ⅔ da dose total no estádio V3/V4 e ⅓ da dose na iniciação da panícula. 

Já para as cultivares de ciclo tardio, a cobertura pode ser fracionada da seguinte forma: ⅓ em V3/V4, ⅓ no perfilhamento pleno e ⅓ na iniciação da panícula. 

Adubação nitrogenada de acordo com o teor de matéria orgânica do solo e expectativa de resposta à adubação

Adubação nitrogenada de acordo com o teor de matéria orgânica do solo e expectativa de resposta à adubação
(Fonte: Instituto Rio Grandense do Arroz)

No sistema semeadura em solo seco, os fertilizantes fosfatados e os potássicos devem ser aplicados e incorporados ao solo na semeadura. 

No sistema pré-germinado, o P e K podem ser aplicados e incorporados antes da semeadura. 

Adubação fosfatada e expectativa de resposta à adubação
Adubação potássica e expectativa de resposta à adubação

Adubação fosfatada (acima) e potássica e expectativa de resposta à adubação
(Fonte: Instituto Rio Grandense do Arroz)

Resposta de cultivares de arroz à adubação

Estudos atuais desenvolvidos no sul do Brasil mostram a resposta de cultivares de arroz ao manejo da adubação, como é o caso da IRGA 431 CL. 

Em experimentos realizados na safra 2018/2019 e 2019/2020, a cultivar foi responsiva à adubação. 

As lavouras produziram acima de 9 ton ha-1 quando foram adubadas, em média, com 147 kg ha-1 de N, 71 kg ha-1 de P e 105 kg ha-1 de K

gráfico de barras laranjas e verdes com Faixas de produtividade da cultivar IRGA 431 CL na safra 2019/2020 em função da adubação com N, P e K

Faixas de produtividade da cultivar IRGA 431 CL na safra 2019/2020 em função da adubação com N, P e K
(Fonte: Circular técnica – Irga 2020)

Na safra 2019/2020 também foram realizados experimentos de resposta à adubação nitrogenada para a IRGA 431 CL. Foi encontrada, em média, uma dose máxima de eficiência técnica (DMET) de 169 kg ha-1 de N e produtividade de 11,98 ton ha-1

gráfico com resposta da cultivar IRGA 431 CL ao Nitrogênio

Resposta da cultivar IRGA 431 CL ao Nitrogênio 
(Fonte: Circular técnica – Irga 2020)

Conclusão 

Neste artigo mostramos diferentes recomendações de adubação para o cultivo do arroz. 

O manejo da adubação do arroz deve acontecer com base no tipo de sistema utilizado (sequeiro ou irrigado), análise e correção do solo, produtividade esperada e potencial produtivo da cultura. 

Foi observado que em diferentes regiões do país, como no caso do Cerrado e Sul, ocorrem modificações nas recomendações de adubação. 

Todo o manejo nutricional também vai depender de outros fatores como: cultivar utilizada, rotação com culturas de sequeiro, potencial produtivo da região e condições de clima e solo. 

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Como você realiza o manejo da adubação para o arroz? Quais foram os resultados? Ajude outros produtores deixando sua experiência nos comentários!