Todas informações sobre mancha aureolada do cafeeiro

Mancha aureolada: o que é, como identificar, quais sintomas, métodos de controle, diferença entre cercosporiose e phoma e mais. 

A mancha aureolada é uma das principais doenças do café. Ela vem causando grandes prejuízos nos cafezais do Paraná, São Paulo e em Minas Gerais.

Para se ter um bom controle dessa doença, é importante conhecer suas causas, clima e época favoráveis, danos causados e saber como identificar.

Neste artigo, saiba quais são os sintomas causados pela mancha aureolada na lavoura de café, como diferenciá-la de outras doenças e principais métodos de controle. Boa leitura!

O que é e como identificar a mancha aureolada no café?

A mancha aureolada é uma doença bacteriana, causada pela bactéria Pseudomonas syringae pv. garcae. Ela afeta folhas, ramos, flores e frutos do cafezal.

Identificar a mancha aureolada nas folhas de café é possível através das manchas marrons envoltas de um halo amarelado, de tamanho e formato irregulares. É dessa característica que vem o nome da doença. Depois, a mancha marrom pode necrosar, ocasionando ruptura.

Esses sinais podem ocorrer em toda parte da folha, mas geralmente aparecem na periferia. E vale ressaltar que em mudas, inicialmente, pode não haver a presença do halo.

Neste caso, a identificação nas folhas é possível ao observar manchas translúcidas quando colocadas contra a luz. Com o desenvolvimento do patógeno, as manchas ficam como descrito nas folhas mais velhas.

Nos ramos afetados pela bactéria, as lesões são escuras. Isso causa a seca deles, que progridem da ponta para base, gerando queda foliar. As flores do café e os frutos também são afetados quando ocorre a entrada do patógeno nos ramos produtivos.

Fotos de folhas de café com mancha aureolada
Sintomas da mancha aureolada em: A e B- ramos e folhas; C- frutos de café 
(Fonte: Embrapa)

Como diferenciar mancha aureolada de outras doenças 

Alguns sintomas da mancha aureolada da plantação de café podem ser confundidos com outras doenças frequentes, como a cercosporiose e a phoma.

Saber diferenciar os sintomas é importante para que o controle correto seja realizado com maior precisão e rapidez. Assim, você evita a contaminação de mais plantas na lavoura.

Veja a seguir como diferenciar os sintomas para ter maior assertividade no combate à doença.

Cercospora x mancha aureolada

A cercosporiose é uma doença conhecida também como mancha de olho pardo. Ela é  causada pelo fungo Cercospora coffeicola

Para diferenciar os sintomas causados pela mancha aureolada e cercosporiose, é importante se atentar aos ramos e ao aspecto da mancha nas folhas.

A mancha aureolada atinge os ramos, causando seca. Esse é um grande fator para diferenciar essas duas doenças, pois a cercosporiose atinge principalmente folhas e frutos.

A maior causa de confusão entre estas duas doenças é por ambas apresentarem um halo amarelado circundando as manchas nas folhas. O que diferencia as duas é que a mancha de olho pardo é marrom-escura, e o centro da lesão é cinza-claro.

Foto de folhas de café com a doença do olho pardo
Sintomas de cercosporiose em folhas de café 
(Fonte: Embrapa)

Mancha aureolada x phoma

A mancha-de-phoma é uma doença causada pelo fungo Phoma sp. O sintoma que se assemelha ao da mancha aureolada do cafeeiro é o ataque do patógeno nos ramos do café.

Os ramos atacados pela mancha aureolada secam em grande extensão ou completamente. Isso acontece pelo patógeno atingir a parte lenhosa, que progride até a base.

Na mancha-de-phoma, também ocorre ataque da ponta para a base dos ramos. Entretanto, a seca é menor e há menos agressividade. Apenas com o desenvolvimento da doença, sem o devido controle, o ramo pode secar totalmente.

O que diferencia a mancha-de-phoma da mancha aureolada é principalmente o sintoma nas folhas. O ataque do fungo que causa a phoma ocorre com maior intensidade nas folhas mais novas, ou seja, nas folhas da ponta dos ramos.

As manchas de phoma aparecem na borda do limbo foliar, com coloração escura. Com a progressão da doença, há necrose e deformação nas folhas.

Folhas de café com sintomas de phoma
Sintomas de phoma em folhas e ramos de cafeeiro 
(Fonte: Embrapa)

Condições favoráveis para desenvolvimento da doença

Para que uma doença se instale na lavoura, é preciso haver três fatores: ambiente favorável, presença do patógeno e planta suscetível. Saber destes fatores é importante para:

  • determinar quais são as portas de entrada da doença;
  • como evitá-las;
  • as condições ambientais em que o patógeno vive;
  • quais as fases mais críticas da lavoura para ocorrência da doença.

Para a mancha aureolada do cafeeiro, o triângulo da doença é o seguinte:

Patógeno

Pseudomonas syringae pv. garcae, bactéria causadora da mancha aureolada, entra nas áreas produtoras de café principalmente por meio de mudas contaminadas. A infecção do cafezal também pode acontecer por material contaminado com esta bactéria.

Ambiente favorável

As condições ideais para o desenvolvimento da bactéria ocorrem em temperaturas mais amenas, entre 18 °C e 23 °C.

Locais com alta umidade relativa do ar e alta pluviosidade também são favoráveis para a bactéria causadora da doença. Essas condições ocorrem especialmente em locais com altitude acima de 1000 m.

Nesses locais, também há mais ocorrência de ventos fortes e ar frio, que causam danos nas plantas de cafeeiro. 

Hospedeiro

As plantas de café estão suscetíveis à doença entre a fase de mudas até os 4 anos. Após as podas dos ramos e colheitas, ataque de pragas, ventos fortes e granizo deixam as plantas suscetíveis.

Nesses momentos, ocorrem ferimentos nas plantas. Esses ferimentos são portas de entrada para a bactéria.  É importante também fazer uma boa adubação do café, sem excesso e falta de nitrogênio e fósforo.

Para te ajudar nessa etapa, separamos uma planilha grátis para adubação do cafezal. Basta clicar na imagem abaixo para acessar o material:

banner-adubacao-cafe

Danos causados pela mancha aureolada no café

Pelos sintomas causados pela doença, é possível afirmar que ocorre queda da produtividade do café, seja direta ou indiretamente. Ainda, há redução da área fotossintética, diminuindo a produção de energia. Com a progressão da doença, as folhas do café caem.

O mesmo ocorre quando o patógeno afeta os ramos, causando queda das folhas. Esses sintomas causam redução da produção de forma indireta, porque a falta de energia reduz os componentes importantes para a produção e crescimento da planta.

Além dos danos indiretos, há os danos diretos. Com a seca dos ramos na fase de produção, a bactéria interfere no desenvolvimento das flores e causa queda dos frutos, sobretudo dos frutos chumbinhos.

Estes danos ocorrem em lavouras de mais novas (com até 4 anos), em cafezais mais velhos, após a poda dos ramos, após a colheita do café, e, principalmente.

Em viveiros de mudas, os danos podem ser de 100%. Afinal, as mudas apresentam tecidos mais jovens que são facilmente colonizados pela bactéria.

Imagem de viveiro de café com sintomas de mancha aureolada
Viveiro de mudas de café com presença de mancha aureolada 
(Fonte: CafePoint)

Mancha aureolada: controle da doença no cafezal

A principal forma de combate da mancha aureolada em café é evitar a entrada da bactéria causadora da doença. Doenças causadas por bactérias são de difícil combate, por isso o principal controle é o preventivo.

Como as mudas são as principais formas de entrada em áreas produtoras de café, é importante obter mudas de viveiros idôneos, que não tem a presença da bactéria.

A principal recomendação para produção de mudas livres da mancha aureolada é evitar o desenvolvimento do patógeno no viveiro. Para isso, evite as condições favoráveis, como alta umidade dentro do local.

Ainda, é importante proteger o viveiro de ventos e granizos. Isso evita que ocorram ferimentos nas mudas.

banner-de-implantacao-e-renovacao-do-cafezal

Havendo constatação de mudas contaminadas, elas devem ser retiradas do viveiro e destruídas. Além disso, é necessário aplicar fungicidas cúpricos a cada 15 dias, e/ou antibióticos como casugamicina, que é um bactericida e fungicida.

Estes produtos são bastante utilizados como preventivos, tanto em viveiros de mudas como em áreas de plantas de até 4 anos. Também são utilizados em plantas adultas, após podas ou antes da colheita.

A principal forma de entrada da bactéria nas plantas de café é por meio de ferimentos. Por isso, é importante evitar o plantio em locais onde há ventos fortes que causam danos nas plantas.

Caso a lavoura de café seja instalada em locais com ventos fortes, utilize cultivares com portes menores. Ainda, faça barreiras de ventos ao redor da área com plantas de porte alto, como eucaliptos.

Após o transplante das mudas, use braquiária ou crotalária no espaçamento da plantação de café, nas entrelinhas.

Conclusão

Neste texto, você viu todos os danos que a mancha aureolada causam no cafeeiro. Você também viu que é importante identificar a doença e diferenciá-la da cercosporiose e da mancha-de-phoma.

Essa doença causa danos diretos e indiretos na produção de café, e por ser bacteriana, é de difícil controle. 

Por isso, faça o manejo preventivo e preste muita atenção no cafezal, sobretudo nas mudas e em plantas com ferimentos. Na dúvida, conte com a ajuda de um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a).

>> Leia mais:

Tudo o que você precisa saber sobre a mancha de mirotécio no café

Saiba tudo sobre como controlar a ferrugem do cafeeiro

Está tendo problemas com a mancha aureolada do cafeeiro? Ficou com alguma dúvida sobre esse assunto? Deixe seu comentário abaixo!

Veja como identificar e resolver a deficiência nutricional do cafeeiro

Deficiência nutricional do cafeeiro: conheça os principais sintomas, qual nutriente é mais ou menos importante e muito mais!

O sucesso da plantação de café depende de vários fatores. 

Os nutrientes, por exemplo, são elementos importantes para atingir o potencial produtivo da planta. Suas deficiências podem limitar e prejudicar demais a produção.

Saber identificar a deficiência nutricional no cafeeiro e compensar os nutrientes faltantes é um dos principais passos para garantir sucesso na lavoura.

Neste artigo, saiba como manter um balanço nutricional no cafezal e identificar a deficiência dos principais nutrientes da cultura. Boa leitura!

O que é deficiência nutricional do café?

O café requer uma quantidade específica de nutrientes para completar o ciclo de vida. A deficiência de nutrientes essenciais para a cultura, como cobre, boro e zinco, por exemplo, pode causar vários sintomas. Folhas cloróticas, pequenas ou lanceoladas são alguns deles.

A deficiência nutricional pode ser definida como a situação em que a concentração de nutrientes nas células da planta é inferior aos níveis adequados. Esses níveis são específicos para cada cultura quanto para o estágio de desenvolvimento em que ela está.

Essa deficiência pode ter diferentes causas: 

  • baixa disponibilidade do nutriente no solo;
  • limitação de crescimento de raízes para captação de nutrientes;
  • problemas de pH no solo, que diminuem a absorção de nutrientes;
  • falta de água, que limita o transporte de nutrientes para a parte aérea, dentre outros.

Os nutrientes podem ser exigidos em maior ou menor quantidade pelas plantas, o que os classifica entre macro e micronutrientes. Os macronutrientes são requeridos em maior quantidade, enquanto que os micronutrientes são requeridos em menor quantidade.

Os macronutrientes podem ser primários, como nitrogênio, fósforo e potássio, e também podem ser secundários, como cálcio, magnésio e enxofre. Os micronutrientes, por sua vez, são: boro, cloro, cobalto, cobre, ferro, molibdênio, manganês, níquel e zinco.

Qual o nutriente mais importante para uma cultura?

Conforme a lei do mínimo, o nutriente que mais limita a produção de uma cultura é o que está em maior deficiência. Ele é calculado em porcentagem da sua necessidade.

Imagine que os nutrientes fossem ripas de um barril. A capacidade de armazenamento do barril seria regulada pela ripa mais baixa, ou seja, a mais deficiente.

Foto de barril cheio de grãos de milho, para simbolizar a deficiência nutricional
Representação da lei dos mínimos para produção vegetal
(Fonte: RuralMark)

Assim, é importante tomar cuidado para que o balanço e a oferta de todos os nutrientes estejam bem manejados no solo e na planta.

Porém, cada cultura tem alguns nutrientes que necessitam de um manejo mais cuidadoso por terem maior probabilidade de serem limitantes. Isso pode variar com os talhões da fazenda, o tipo de solo, as culturas anteriormente usadas no campo, a região do país, etc.

Para o cafeeiro, além dos seis macronutrientes, os cinco micronutrientes mais importantes são: ferro, boro, zinco, manganês e cobre. Eles são os mais requeridos pela cultura entre os demais citados anteriormente.

Principais sintomas de deficiência de nutrientes no cafezal

Os sintomas de deficiência muitas vezes são específicos para cada tipo de nutriente, mas alguns podem ser comuns. Os sintomas normalmente são relacionados ao papel do nutriente na planta e à sua mobilidade entre partes velhas e jovens da planta.

Por exemplo, a deficiência de nutrientes necessários para a formação da clorofila irá causar uma coloração verde menos intensa ou um amarelecimento das folhas. Isso é conhecido como clorose.

Da mesma forma, a deficiência de um nutriente necessário para a formação de parede celular na planta irá causar folhas pequenas e encarquilhadas.

Além disso, é importante notar que nutrientes que são mais móveis na planta são facilmente realocados para partes mais jovens. Isso causa sintomas de deficiência em folhas mais velhas

De outro modo, nutrientes que são pouco móveis na planta ficarão retidos em folhas velhas. Como consequência, seus sintomas serão mais observados em folhas novas

A deficiência de alguns nutrientes causa sintomas principalmente em folhas novas. São eles:

  • Cobre;
  • Boro;
  • Zinco;
  • Manganês;
  • Ferro;
  • Enxofre;
  • Cálcio.

Por outro lado, a deficiência de outros nutrientes causa sintomas nas folhas mais velhas do cafezal. Esses nutrientes são:

  • Magnésio;
  • Fósforo;
  • Potássio;
  • Nitrogênio.

Além de notar os sinais físicos de deficiência nutricional, a análise foliar de nutrientes também é uma ferramenta possível para identificar esse problema. Abaixo, listamos os principais sintomas de deficiência dos macro e micro nutrientes no cafeeiro.

Deficiência de nitrogênio

A adubação nitrogenada é uma das mais importantes na cultura do café. Afinal, o nitrogênio é o nutriente mais requerido pela cultura. 

Os principais sintomas desta deficiência são a clorose e amarelecimento de folhas velhas. Isso pode acontecer tanto no limbo quanto nas nervuras, que podem evoluir para necrose e queda de folhas.

Deficiência de fósforo

O fósforo nas plantas é um nutriente muito importante na fase de formação da lavoura e no crescimento de raízes. O principal sintoma da sua deficiência é a alteração de cor das folhas velhas, que passam de verde para tons de amarelo rosado, vermelho e arroxeado. 

As folhas também apresentam necrose em forma de “V”, que pode se estender por todo o tecido caso não haja desfolha.

Deficiência de potássio

O potássio é o segundo nutriente mais requerido na planta de café, principalmente em plantas em estágio adulto. 

O principal sintoma da deficiência de potássio no café é o amarelecimento da borda das folhas velhas, que evoluem para manchas marrons e negras e necroses. As folhas também podem ser facilmente retiradas do caule.

banner-adubacao-cafe

Deficiência de cálcio

O cálcio é importante para o crescimento radicular do café, e por isso deve ser bem manejado na implantação da lavoura. 

A deficiência de cálcio no cafeeiro aparece através de folhas novas com amarelecimento característico do limbo foliar. No entanto, a coloração verde nas nervuras das folhas se mantém.

Deficiência de magnésio

O magnésio tem papel importante no acúmulo de biomassa da planta e no crescimento em altura das plantas. 

A deficiência de magnésio no café causa amarelecimento entre as nervuras em folhas velhas e próximas aos frutos que evoluem para uma coloração parda. Ela também causa a queda prematura de folhas e plantas com baixo porte.

Deficiência de enxofre

O enxofre é um nutriente importante para a formação de proteínas e da clorofila. Sua ausência faz com que as folhas novas assumam uma coloração entre amarelo e verde muito claro.

Essa coloração se estende para as outras partes da planta. Além disso, há encurtamento dos internódios foliares, diminuindo a distância entre as folhas nos ramos.

Deficiência de ferro

O ferro é o micronutriente mais absorvido pelas plantas de café. 

Os sintomas da deficiência de ferro no cafeeiro são o amarelecimento do limbo foliar em folhas novas e a presença de um reticulado verde e bastante fino nas nervuras.

Deficiência de boro

O boro é um dos micronutrientes que mais limita a produção do cafeeiro. A deficiência desse nutriente causa folhas novas pequenas e retorcidas e com bordos recortados. 

Ainda, há a perda da gema apical e superbrotamento de folhas e ramos, dando a caraterística de “leque”. O encurtamento de internódios também pode acontecer.

Deficiência de zinco

O zinco é outro micronutriente que pode causar grandes perdas de produção. A deficiência de zinco faz com que as folhas em formação se tornem retorcidas, estreitas e de aspecto coriáceo e quebradiça.

A coloração fica amarela entre as nervuras, e podem aparecer saliências no limbo foliar.

Deficiência de manganês

O manganês é o segundo micronutriente mais acumulado no cafeeiro, após o ferro. Sua ausência causa coloração verde-claro e pontuações amarelas próximas às nervuras da folha.

Deficiência de cobre

A deficiência de cobre nas plantas de café não é tão comum de ser vista. Normalmente, esse nutriente é indiretamente fornecido à lavoura por meio de fungicidas cúpricos.

Porém, seus sintomas são bastante característicos, como perda de coloração das folhas novas e proeminência das nervuras secundárias, o que causa deformidade e curvatura.

Fotos de folhas de café com deficiência nutricional
Sintomas mais comuns de deficiência de nutrientes em cafeeiro
(Fonte: adaptação do autor)

Como corrigir a deficiência nutricional do cafeeiro

A melhor estratégia para a adubação do cafeeiro depende de alguns fatores. No início da safra, é feita baseada normalmente em análises de solo. Posteriormente, visando à produção, são feitas baseadas em diagnóstico visual de sintomas das plantas de café e análise foliar

Essas análises garantem que você saiba exatamente qual nutriente está em falta e o quanto você deve repor de cada um. Afinal, vale lembrar que a overfert (fertilização em excesso) pode causar tantos danos quanto a falta de nutrientes.

A adubação é diferente para uma situação de implantação de lavoura ou de lavoura já implantada. Por exemplo, na implantação, nutrientes como fósforo e cálcio necessitam atenção especial.

banner-de-implantacao-e-renovacao-do-cafezal

Outro fator que altera a definição da quantidade de nutrientes a ser fornecido é a estimativa de produção com relação à bienalidade do cafeeiro. Isso principalmente com relação aos macronutrientes primários.

Normalmente, a calagem irá fornecer o cálcio e magnésio para o cafeeiro. 

Já os fertilizantes NPK devem ser administrados como adubo formulado, de acordo com a produção esperada. Uma relação comum entre eles é de 6:1:6. 

O enxofre deve ser considerado principalmente de acordo com a interpretação da análise de solo, ou em uma proporção da quantidade de nitrogênio recomendado.

Quanto aos micronutrientes, normalmente ferro e manganês são presentes em quantidades suficientes no solo para a necessidade do cafeeiro. 

O boro pode ser fornecido via solo por meio de ácido bórico, enquanto o zinco e cobre são aplicados por via foliar. Para o cobre, o uso de fungicidas cúpricos pode ser suficiente para o suprimento do nutriente.

Conclusão

A nutrição é um dos pontos mais facilmente controláveis que definem a produção. Entender e mapear os nutrientes das plantas de café pode aumentar a produção e evitar perdas.

O uso de análises de solo e foliar é fundamental, principalmente para evitar a fertilização em excesso.

Um cálculo cuidadoso da adubação e a verificação do aparecimento de sintomas de deficiência de nutrientes são práticas que devem ser adotadas constantemente. 

Com essas práticas, você garante um cafezal regulado e produtivo.

>> Leia mais:

“Deficiência de fósforo no milho: como identificar e resolver?”

Está tendo problemas de deficiência nutricional do cafeeiro? Este artigo esclareceu suas dúvidas? Deixe seu comentário abaixo!

Moderfrota: o que é e como conseguir crédito para máquinas agrícolas

Moderfrota: saiba o que é, quais os recursos disponíveis, como obter financiamento, alternativas ao programa e mais!

Um dos programas mais concorridos do Plano Safra, o Moderfrota é essencial para renovar ou adquirir a frota de máquinas e implementos.

Afinal, a compra de tratores agrícolas, implementos e outras máquinas exige altos investimentos. Por isso, você deve se programar com antecedência para enviar o seu projeto a uma instituição financeira.

É necessário agir assim que os recursos do Plano Safra forem disponibilizados.

Neste artigo, veja quais são os juros, prazos, carência e volume de recursos, além do que precisa ser feito para conseguir o seu financiamento. Confira!

O que é o Moderfrota?

O Moderfrota é um programa de crédito rural voltado para financiar a aquisição isolada de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas. Dentre eles, estão:

Os recursos do Moderfrota podem ser acessados por produtores rurais e cooperativas agrícolas cuja receita operacional bruta/renda anual seja de até R$ 45 milhões.

No Plano Safra, o Moderfrota está entre os recursos destinados a investimentos. O montante em 2022 foi de R$ 94,6 bilhões, aumento de 29% em relação ao plano anterior. O Plano Safra 2022/2023 teve quase R$ 341 bilhões de recursos disponibilizados.

Desse total, R$ 246,28 bilhões são destinados para custeio agrícola e comercialização.

O Moderfrota foi criado pelo Banco Central do Brasil, por meio da Resolução 2.699, de 24 de fevereiro de 2000. Ele é financiado por recursos BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Finame rural (Agência de Financiamento Industrial).  

Recursos do Moderfrota no Plano Safra 2022/23

O Moderfrota, no Plano Safra de 2022/23, teve disponibilizados R$ 10,16 bilhões. Os juros são de 12,5% ao ano e carência de 14 meses.

O prazo de pagamento é de 7 anos, e pode ser feito em parcelas semestrais ou anuais. Isso é feito de acordo com o fluxo de receitas da propriedade beneficiada.

Para que isso seja possível, a data base deve ser sempre o dia 15. Ainda, a primeira parcela deve ocorrer em até 14 meses após a contratação.

Há uma tarifa de contratação de 0,5% do valor financiado. Esse valor pode ser equivalente a  até 85% do valor dos bens objeto de financiamento. O seguro rural é obrigatório para os bens objeto de financiamento, e o prêmio do seguro não é passível de financiamento.

Banner do Guia de Crédito Rural. à esquerda a descrição do ebook e à direita uma foto com moedas e uma planta.

Financiamento de máquinas e equipamentos usados e novos pelo Moderfrota (Governo Federal)

Através do Moderfrota, é possível financiar máquinas e equipamentos usados ou novos, a depender do que você desejar. Na lista de bens novos que podem ser financiados, estão:

  • tratores e implementos associados;
  • colheitadeiras e plataformas de corte;
  • equipamentos para preparo, secagem e beneficiamento de café;
  • máquinas agrícolas para pulverização e adubação (autopropelidas).

Tratores e máquinas usados e revisados, com certificado de garantia emitido pelo concessionário autorizado, também podem ser financiados. São eles:

  • trator usado por até 8 anos;
  • colheitadeira usada por até 10 anos, isolada ou associada a suas plataformas de corte;
  • máquina agrícola autopropelida para pulverização e adubação, plantadeira e semeadora usadas por até 5 anos.

O financiamento do Moderfrota pode ser feito em bancos oficiais ou privados, a exemplo do Banco do Brasil, Caixa, Santander, Banrisul e Bradesco

Como obter financiamento do Moderfrota? 

A obtenção de financiamento do Moderfrota no Plano Safra 2022/2023 ocorre através de quatro etapas que você deve seguir, conforme descrito abaixo:

  1. Buscar uma instituição financeira: aqui você saberá sua aptidão ao crédito e documentação necessária para o encaminhamento da proposta e garantias;
  2. Elaboração do projeto de crédito com especialista: consulte um especialista para elaboração de projeto técnico a ser apresentado ao banco para obter o financiamento;
  3. Apresentação da proposta: apresente a proposta com o projeto técnico à instituição financeira. O projeto precisa ser assinado por profissional habilitado;
  4. Liberação do financiamento e execução do projeto: o prazo para obtenção de financiamento pode durar de 10 a 30 dias ou mais. Após a liberação, você deve executá-lo conforme o projeto técnico.

Alternativas de financiamento de máquinas e equipamentos

O Moderfrota não é o único programa capaz de realizar o financiamento para a compra de máquinas e implementos agrícolas. Veja outras opções abaixo!

Inovagro

Um dos mais importantes meios de modernizar a sua fazenda é através do Inovagro (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária). Os recursos destinados este ano para o Inovagro foram de R$ 3,51 bilhões.

Por meio dele, você pode aumentar as práticas de agricultura de precisão e digital em sua fazenda. Isso favorece a economia de custos, aumento da produtividade e redução do impacto ambiental.

Prodecoop

O Prodecoop (Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária) é voltado para o setor agroindustrial das cooperativas. Essas instituições podem usá-lo para financiar máquinas e equipamentos. 

Programa ABC

Voltado para a agricultura de emissão de baixo carbono, o Programa ABC pode ser usado para financiar a compra de máquinas e equipamentos agrícolas. Veículos terrestres, aéreos e aquáticos também podem ser financiados.

Mas o financiamento só ocorre dentro de um planejamento estratégico que procurem atender as diretrizes do Programa ABC. Os recursos no Plano Safra 2022/2023 foram de R$ 6,19 bilhões.

Moderagro

Com o Moderagro (Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais) é possível obter apoio para construção e ampliação de instalações para guardar máquinas e implementos agrícolas.

O Moderagro tem grande relevância para prolongar a vida útil dos equipamentos, ao protegê-los dos excessos climáticos quando não estiverem sendo utilizados. Confira abaixo os juros desses programas:

Juros por programa do Plano Safra
(Fonte: Mapa)

Conclusão

O financiamento de tratores agrícolas, implementos e outros maquinários vem ao longo dos anos sendo compartilhado entre o Governo Federal e as instituições privadas

As agfintechs, startups autorizadas a atuar com crédito rural, também fazem parte dessas instituições. Elas oferecem acesso ao crédito de custeio e outras linhas alternativas de forma mais desburocratizada e rápida.

Com isso, você tem diversas opções para modernizar ou renovar a sua frota de veículos e fazer com que haja maior rentabilidade em sua fazenda. Tudo isso, é claro, sem sacrificar o caixa do seu negócio rural.

>> Leia mais: “Proagro: saiba o que é e como utilizar o programa

Pensando em utilizar os recursos do Moderfrota ou de outras instituições para financiar máquinas e equipamentos? Tem alguma dúvida sobre o assunto? Adoraria ler seu comentário!

Cochonilha na lavoura: entenda tudo sobre esse inseto sugador

Cochonilha: entenda o que são, principais famílias, como identificar, quais culturas são afetadas e manejo mais recomendado para o controle!

Embora as cochonilhas sejam importantes na indústria farmacêutica e alimentícia, para a agricultura são ameaças e podem limitar a produção.

As cochonilhas são umas das principais pragas do café, da cana-do-açúcar, e das forrageiras. Elas podem causar até 100% de perdas, a depender da infestação.

Por isto, entender mais sobre este inseto é fundamental para realizar um manejo mais eficiente e evitar perdas.

Veja a seguir o que são as cochonilhas, como você pode identificá-las, quais culturas são mais afetadas, como manejar e acabar com elas. Boa leitura!

O que é cochonilha?

As cochonilhas são hemípteros (um grupo de insetos) pertencentes ao filo Arthropoda, classe Insecta e a ordem Hemiptera. Elas possuem entre 3mm e 5mm de comprimento, e possuem corpo de cor castanha ou amarela. Se alimentam principalmente através da seiva de cactos e plantas no geral.

Além da seiva de cactos, essas pragas também se alimentam de folhas, caules, rosetas, flores, frutos, e raízes das plantas. As cochonilhas pertencem à mesma ordem dos pulgões e cigarrinhas. Além disso, elas possuem aparelho bucal do tipo picador-sugador

Esse inseto possui uma série de tipos ou famílias. Cada um desses tipos possui características diferentes e causam diferentes tipos de danos às produtitvidade agrícola.

Tipos de cochonilha

As principais espécies dessa praga são a cochonilha branca, cochonilha de carapaça e cochonilha de raiz. Elas são divididas em oito famílias:

  • Asterolecaniidae: causam o aprofundamento e distorção dos tecidos;
  • Coccidae: possuem corpo achatado e recoberto por escamas. São conhecidas como cochonilhas de carapaça;
  • Dactylopiidae: são as espécies utilizadas na fabricação de corantes;
  • Diaspididae: possuem formatos diferentes das cochonilhas de carapaça e farinhentas, são geralmente brancas e com variações de cores;
  • Ortheziidae: possuem dois pares de patas que são visíveis, além da prolongação do corpo, a qual é utilizada pela cochonilha fêmea para proteção dos ovos;
  • Pseudococcidae: são as cochonilhas farinhentas, possuem cerdas distribuídas ao longo do corpo e produzem uma substância cotonosa sobre o corpo e sobre os tecidos das plantas;
  • Margarodidae: incluem as cochonilhas de raiz.
Fotos de cochonilhas ao lado de uma régua, onde é possível  ver o tamanho do inseto. Ao lado, uma foto das cochinilhas em raízes de planta.
Fases da pérola-da-terra (Eurhizococcus spp.), principal cochonilha da videira. (A) cisto amarelo; (B) cisto branco; (C) fêmea móvel. À direita, cochonilhas associadas às raízes da videira
(Fonte: Zart, 2012)

Como identificar essa praga

As cochonilhas podem ser encontradas em todas as partes das plantas. Elas ficam especialmente na face inferior das folhas jovens, mais velhas e caules. A presença é constatada a partir do formato do seu corpo e dos danos.

A cochonilha de carapaça tem formato oval, arredondado, comprido/estreito e em formato de vírgula. Enquanto isso, as cochonilhas sem carapaça possuem formato arredondado, oval.

Sua coloração pode variar de esbranquiçada, amarronzada, esverdeada, ligeiramente transparente, amarelada. Também podem conter combinações de cores e formatos bastante atípicos. Ainda,  os machos possuem asas.

Elas são relatadas em maiores infestações principalmente em períodos secos ou de estiagem. Portanto, nesses períodos, fique mais de olho na lavoura.

Fotos de várias fêmeas de cochonilhas
Fêmeas adultas de diferentes espécies de cochonilhas e sua aparência distinta.
(Fonte: Wolff, 2016)

Também é importante ficar de olho no ciclo de vida das cochonilhas. A duração varia conforme a função da espécie, do hospedeiro e das condições ambientais. Em temperaturas amenas, inferiores a 15°C, a reprodução pode ser paralisada.

Cada fêmea é capaz de depositar entre 50 e 600 ovos durante toda a sua vida. Além disso, essas pragas possuem três fases de ninfa em que se assemelham a aparência na fase adulta, distinguindo em coloração e tamanho.

O ciclo de vida pode variar de 60 até 150 dias. Em geral, ele dura 100 dias

Danos causados pelo inseto

Os danos causados pelas cochonilhas ocorrem de forma direta e indireta. Os danos diretos acontecem através da sucção da seiva que seria utilizada no desenvolvimento de novos tecidos. Ela também é utilizada no enchimento de grãos e frutos

Os danos indiretos, por sua vez, acontecem através da injeção de toxinas que debilitam as plantas. Quanto maior for o ataque ou população de cochonilhas, maior é o enfraquecimento de toda a planta. Elas podem causar a queda precoce de folhas, flores e frutos

Além disso, durante a alimentação, estes insetos costumam excretar uma substância açucarada, conhecida como honeydew. Por isso, é possível em muitos casos visualizar formigas doceiras na cultura, já que elas se alimentam dessa substância.

Além das formigas, os fungos do gênero Capnodium spp. (ou fumagina) são favorecidos pelo honeydew liberado pela praga. A fumagina tem coloração escura e recobre as folhas, reduzindo a fotossíntese e a respiração da planta. 

Foto de folha com fumagina, causada pelas cochonilhas.
Aspecto visual do fungo causador da fumagina (Capnodium spp.), recobrindo folhas de cafeeiro e reduzindo a fotossíntese e a respiração da planta, afetando assim a produção da cultura
(Fonte: Costa, 2009)

No café, as cochonilhas causam danos mais severos. Dentre as principais cochonilhas consideradas pragas na cultura estão: a cochonilha branca farinhenta, a cochonilha que ataca as raízes e a cochonilha verde.

Foto de cochonilhas na terra, entre raízes de plantas.
Dysmicoccus spp. atacando raízes
(Fonte: Da silva, 2016)

Estas espécies são problemáticas, pois podem se manter nos campos, sobrevivendo e se reproduzindo em plantas daninhas do café. Alguns exemplos são caruru, capim-rabo-de-burro e tiririca.

Como acabar com a cochonilha?

Algumas medidas podem ser tomadas, como o monitoramento constante das áreas de produção, incluindo raízes. Isso deve ser feito quando as plantas apresentarem sintomas como desenvolvimento reduzido, murcha e amarelecimento.

Além disso, evitar o uso de inseticidas de amplo espectro também é uma boa estratégia para eliminar as cochonilhas. Isso acontece porque estes produtos atuam contra os inimigos naturais.

O uso do controle químico pode provocar a alteração no metabolismo da planta. Como  consequência, esse desequilíbrio faz com que a resistência da planta seja perdida.

Por fim, uma adubação equilibrada, luminosidade e disponibilidade de água são essenciais para desfavorecer as cochonilhas.

As cochonilhas podem ser disseminadas principalmente pelo vento, máquinas, solo, mudas contaminadas e por formigas. Por isso, verificar todos esses aspectos que entram em contato com a cultura é fundamental.

A depender do local de ataque, algumas táticas de manejo podem ser mais eficientes. No caso de infestações em raízes, por exemplo, o controle biológico associado ao manejo a longo prazo pode ser a alternativa mais eficaz.

Controle cultural

O monitoramento constante das áreas de produção, incluindo plantas daninhas hospedeiras, é essencial. As cochonilhas utilizam estas espécies para se reproduzir e, em seguida, migram para a cultura principal.

Ainda, a inspeção em caso de plantios de mudas deve ser rigorosa. Recuse lotes que apresentem infestação dessa praga.

Controle químico

O controle de cochonilhas de carapaça exige a utilização conjunta de produtos oleosos. Afinal, a constituição do corpo da praga é de camadas sobrepostas de cera.

Para controle da cochonilha-da-raiz, os inseticidas granulados são eficientes, principalmente em detecções de infestações em reboleiras e de forma precoce.

Lembre-se de seguir as recomendações do fabricante sobre como aplicar o produto, intervalo entre aplicações, condições ambientais e intervalo de segurança.

Os produtos utilizados devem ser recomendados por um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a), após a avaliação da cultura e histórico da área de cultivo e podem ser consultados no Agrofit.

checklist planejamento agrícola Aegro, baixe agora

Controle alternativo

Para espécies da cochonilha branca, a calda sulfocálcica em concentração 25% é uma alternativa no controle em cultivos de café. 

A calda de fumo, por sua vez, possui eficiência de 60% para as espécies de Planococcus spp. É necessário intervalo de segurança para consumo seguro. 

Por fim, óleo de neem e óleo mineral, em concentração de 3%, ocasiona 100% de mortalidade para a espécie Planococcus citri.

Controle biológico 

Os nematoides entomopatogênicos são os principais utilizados para infestações causadas pela cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro.

Por outro lado, os fungos entomopatogênicos, como o  Beauveria bassiana, são relatados como eficiente no controle das cochonilha-da-roseta em cultivos de café conilon.

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Conclusão

Inúmeras espécies de cochonilhas podem ocorrer em diversas culturas de interesse agrícola.

O monitoramento e identificação correta das espécies incidentes são indispensáveis para o planejamento das estratégias de controle mais adequadas.

O controle químico deve sempre ser planejado, evitando a eliminação de inimigos naturais às cochonilhas e a outros insetos com potencial para se tornarem pragas. Em casos de dúvidas, sempre busque orientação de profissionais.

E você, ficou com alguma dúvida sobre os tipos de cochonilhas e de como eliminá-las? Deixe um comentário abaixo!

Armazenamento de café: dicas para fazer corretamente

Armazenamento de café: saiba a importância desse processo, as melhores técnicas e os principais problemas e soluções

A cultura do café tem grande destaque no Brasil, que é o maior produtor e exportador mundial dessa commodity agrícola. A demanda de café dos países importadores é variável. 

Isso faz com que haja necessidade de armazenamento para venda futura e para controle de preço das commodities agrícolas. Para garantir uma boa armazenagem, é necessário manter a temperatura em torno de 20 °C.

Além disso, a umidade relativa do ar deve estar em 65%, enquanto a umidade do grão deve estar entre 11% e 12%. Além desses aspectos, muitos outros precisam ser cuidados nesse processo.

Nesse artigo, veja os aspectos mais importantes sobre o armazenamento de café, além dos principais problemas que podem surgir nessa etapa. Boa leitura!

Por que armazenar o café?

Apesar de ser uma prática usada há muito tempo, é importante ressaltar os principais motivos que levam à necessidade de se armazenar o café. Os principais motivos são o controle de estoque, oportunidades de negócio, manutenção da qualidade e bienalidade.

  • Controle de estoque: esse controle é importante para se ter poder de manejo no preço do café mundial, uma vez que uma alta oferta (alto estoque) pode gerar queda de preço e uma baixa oferta (baixo estoque) pode gerar subida repentina;
  • Oportunidades de negócio: apesar do controle de estoque, também existem outros fatores que ditam os preços do café no mercado internacional, como por exemplo, quebras de safra. Assim, oportunidades de venda de café a preços melhores podem surgir;
  • Manutenção da qualidade: a qualidade de bebida tem sido cada vez mais requerida por consumidores no mundo todo. De nada adianta um manejo correto de produção e colheita se a pós-colheita do café e a estocagem forem deficientes. Isso deprecia a qualidade de bebida do café;
  • Bienalidade: esse caráter produtivo do cafeeiro causa uma variação entre anos de alta e baixa safra. Isso altera grandemente a disponibilidade de café no mercado e o armazenamento pode ajudar a diminuir os impactos dessa variável nos estoques e no preço.
Gráfico que mostra preços de café ao longo dos anos, demonstrando que o armazenamento de café é positivo
Indicador de preço do café arábica
(Fonte: Cepea/USP)

Em quais estágios fazer armazenagem de café?

É importante conhecer a anatomia do fruto do café para entender em quais estágios de beneficiamento do grão eles podem ser armazenados. O fruto do café é formado pela casca, polpa, pergaminho e semente/grão.

Foto de grão de café cortado ao meio. É possível ver a casca, a polpa, o pergaminho e a semente.
Anatomia do fruto de café
(Fonte: O Fruto)

Após a colheita, e durante o processo de beneficiamento e limpeza do grão, há alguns estágios em que ele pode ser armazenado. São eles: café em coco, café em pergaminho e café em grão.

O café em coco é o café colhido e seco, mas ainda com a presença da casca e polpa, na forma de fruto seco. O café em pergaminho é o grão de café já sem a casca e a polpa, mas ainda com o pergaminho, que recobre a semente.

O café em grão é o endosperma sem a cobertura do pergaminho. Cada fruto gera 2 grãos.

Normalmente, cafés em coco e em pergaminho são armazenados por períodos menores. Muitas vezes, se aguarda o final da colheita ou a possibilidade de terminar o beneficiamento para armazená-los por maiores períodos, na fazenda ou em cooperativas/empresas.

Fotos de café em vários estágios: em coco, em grão e em pergaminho.
Tipos de café passíveis de armazenamento
(Fonte: editado pelo autor de diversas fontes)

Tipos de armazenamento de café

Existem diferentes estruturas para armazenamento de café, cada uma com sua especificidade, vantagens e desvantagens. As principais estruturas são as tulhas, os silos e os armazéns.

Tulhas

As tulhas são estruturas que podem ser de metal, alvenaria ou madeira. Normalmente, são construídas nas proximidades do terreiro suspenso ou secador. 

O uso de madeira é mais comum por ter maior capacidade de manter a temperatura interna. Essa estrutura é recomendada para armazenamento de cafés secos, em coco, pergaminho ou grão. 

O café pode ser estocado a granel ou em sacaria. Normalmente o café beneficiado é armazenado em sacaria e os cafés em coco e pergaminho, a granel. O armazenamento em sacaria facilita o movimento, transporte do produto e controle de lotes, sem mistura. 

Além de armazenagem, o café também passa por processos de secagem dentro das tulhas. A recomendação é de que o café seja mantido por pelo menos 30 dias dentro da tulha.

Silos

Os silos são estruturas que podem ser fixas ou móveis, normalmente em metal, para receber café a granel. Além dos silos de armazenamento, existem também silos-secadores que além de armazenar, fazem a secagem do café.

Armazém de café

Os armazéns são, normalmente, estruturas fixas para armazenamento de café. Em geral são armazenados cafés ensacados e não à granel. O tamanho das estruturas depende da necessidade de capacidade de armazenamento.

Além dos mencionados acima, existem novas opções de armazenamento como galpões flexíveis metálicos ou galpões de lona.

Fotos de tipos de armazenamento de café: tulhas, silos e armazéns
Tipos de café passíveis de armazenamento
(Fontes: Cafés Terra de Santana, Granfinale e Dinheiro Rural)

Alguns aspectos são importantes no design e construção de armazéns de café. De acordo com o Manual de segurança e qualidade para a cultura do café, esses são os pontos mais importantes a serem considerados para armazéns para estocagem de café em sacaria:

  • Instalação de portas de maneira técnica, facilitando operação de carga e descarga;
  • Portas frontais umas a outras em paredes opostas;
  • Pé-direito de no mínimo 5 metros;
  • Paredes lisas, evitando-se reentrâncias e terminando em “meias cana” junto ao piso e nunca em ângulo reto;
  • Fechamento lateral de paredes, junto ao piso e à cobertura, para evitar acesso de animais;
  • Aberturas laterais de ventilação com aberturas reguláveis e telas de proteção;
  • Instalações de lanternins para a boa circulação de ar natural;
  • Uso de telhas transparentes, para aproveitamento da iluminação natural;
  • Uso de piso de concreto impermeável, no mínimo, a 40 cm acima do nível do solo;
  • Construção de marquises externas nas portas para carga e descarga em dias chuvosos;
  • Instalação de sistema de prevenção e combate a incêndios.

Estratégia de armazenagem de café: tipos de embalagens

Existem várias opções para armazenagem de café, mas as mais comumente usadas, são os sacos de juta e as big bags.

Sacos de juta

Os sacos de juta são os mais usados para armazenagem de café. Suas vantagens são a boa ventilação e o fato de terem menor impacto ambiental.

No entanto, esses sacos também apresentam desvantagens. A possibilidade de entrada de água e patógenos são algumas delas.

Big bags

Os bags plásticos têm sido cada vez mais usados. Suas principais vantagens são o fato de serem mais herméticos, evitando entrada de água e patógenos e as variedades de volumes disponíveis. 

Uma de suas desvantagens é o potencial de condensação de água dentro do bag. Posso pode deteriorar a qualidade do produto armazenado.

Fotos de sacas e big bags de café.
Tipos de ensacamento de café
(Fontes: Mercado Livre e Rafitec)

Existem diversos estudos para o desenvolvimento de novas opções de sacaria para armazenamento de café. Essas pesquisas têm por objetivo minimizar os problemas citados acima, mantendo ao máximo as características de qualidade do café.

Uma das soluções são sacos de papel kraft especial, que impedem as trocas gasosas e de umidade entre o produto e o ambiente. Por outro lado, eles evitam a condensação de água dentro da sacaria. 

Esse produto já foi apresentado em uma parceria entre a Klabin, a Universidade Federal de Lavras e a Associação Brasileira de Cafés Especiais.

Banner de chamada para download da ferramenta: calculadora de custos por saca

Quais fatores causam perda de qualidade do grão?

Existem vários fatores que podem influenciar a qualidade do café durante o armazenamento. As principais características que podem sofrer alterações no café são composição química, umidade e textura do grão, sabor e aroma do produto final.

Para evitar esses problemas, é necessário controlar temperatura, umidade do ar, umidade do grão, luminosidade e presença de pragas do armazenamento e patógenos.

Existe uma nova tendência de um nicho de mercado para o consumo de cafés fermentados. Nesse caso, as condições de armazenamento podem necessitar de adequação, de maneira que propiciem a fermentação e não a evite.

Essa fermentação controlada cria características únicas no café que podem se adequar mais ao paladar.

planilha de controle de estoque

Conclusão

O café necessita de uma cadeia de produção e distribuição bastante estratégica. O armazenamento do produto tem papel crucial nessa cadeia e é muito importante para produtores, cooperativas, empresas de trade e compradores.

Nesse artigo, apresentamos e discutimos as principais características do armazenamento de café, as opções mais utilizadas e as novas tecnologias.

As soluções para armazenamento de café são bastante específicas para cada tipo e tamanho de propriedade. Busque sempre o aconselhamento técnico com empresas, engenheiros(as)-agrônomos(as) ou representantes de cooperativas.

Como você faz o armazenamento de café na sua propriedade? Ficou com alguma dúvida sobre o tema? Adoraria ler seu comentário!

Seguro soja: por que você deve fazer

Seguro soja: saiba a importância desse recurso, como é a subvenção, como contratar, quanto custa e muito mais!

Devido aos fatores climáticos, sobretudo a falta de chuvas, fazer o seguro da soja é uma ação estratégica para a gestão rural que ajuda a se manter na atividade 

Na safra 2021/2022, a produção de soja foi marcada pela falta de chuvas e altas temperaturas em regiões produtivas. Houve perda de 10% em relação à safra anterior.

A soja teve sua produção afetada, principalmente, nos estados do Sul e Centro-Sul. Só no Rio Grande do Sul, a quebra foi de mais de 50%.

Neste artigo, saiba o que é o seguro soja, como funciona, como é a subvenção e quais os benefícios de contratá-lo. Confira!

O que é o seguro rural?

O seguro rural é um instrumento de política agrícola criado para minimizar as perdas decorrentes de eventos climáticos e sanitários que podem afetar a atividade no campo.

A sua utilização deve sempre fazer parte das estratégias de gestão rural (previsão de riscos e eliminação de prejuízos). Isso evita danos causados à lavoura e ao financeiro do seu negócio.

Além do clima, você precisa lidar com as pragas, cada vez mais destrutivas e resistentes aos defensivos químicos. Outro problema são as oscilações do mercado, causadas por questões geopolíticas, guerras e de saúde da população, dentre outros.

Por isso, o seguro soja representa uma ferramenta para evitar perdas, contribuindo para a estabilidade financeira. Ele atua como transferência do risco da agricultura para o mercado securitário, minimizando a necessidade de socorro financeiro do governo.

Através da subvenção econômica ao prêmio do seguro rural, o Governo Federal apoia financeiramente os que contratarem essa modalidade de garantia. Ele arca com parcela dos custos de aquisição do seguro.

A operação oficial se dá por meio do PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural), cujas diretrizes estão no PTSR (Plano Trienal do Seguro Rural).

Além de minimizar perdas, o seguro agrícola no Brasil auxilia a conseguir taxas mais baixas na obtenção do crédito rural. Ele também estimula o aumento de áreas cultivadas e o uso de tecnologias.  

Por isso, o orçamento do PSR tem sido priorizado: no exercício 2022, foram R$ 990 milhões para auxiliar o produtor no momento da aquisição do seguro. No 1º trimestre de 2022, foram pagos R$ 5,8 bilhões em indenizações, por conta de sinistros relativos ao clima.

Kit de Cálculo de Fertilizantes em Milho e Soja

Importância do seguro soja

O seguro agrícola para a soja objetiva te tranquilizar no que se refere aos problemas que podem ocorrer na lavoura devido a fatores climáticos ou sanitários.

A soja, por ser a principal cultura agrícola produzida no Brasil, tem grande participação na economia do país. É tanto que a redução de 10% na safra 2021/2022 foi o principal fator para a queda de 0,3% do VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) em 2022, em relação a 2021.  

Assim, além de ser bom para o produtor rural, a contratação do seguro agrícola é importante para a economia nacional. Afinal, isso garante o pagamento de tributos, a manutenção dos empregos e a geração de renda.

Como funciona o seguro soja

O seguro soja segue regras específicas. A primeira delas é que cobre apenas os dados causados pela influência do clima na agricultura:

  • seca;
  • geada;
  • chuva excessiva;
  • tromba d’água;
  • granizo;
  • ventos frios/fortes;
  • incêndio/raio;
  • variação excessiva de temperatura.

Outra regra é que a cobertura da soja inicia quando 70% ou mais da lavoura atinge a 2ª folha ou 15 cm de altura. Pode ser contratada toda a área plantada ou por talhão.

O seguro soja não cobre problemas relacionados a pragas, doenças, ervas daninhas, falhas de estande e lavouras implantadas sem obediência ao Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático).

Já o seguro de produtividade é calculado conforme o valor investido para custear a lavoura segurada. Sendo assim, o valor é definido na contratação da apólice.

Aplica-se uma indenização quando a produtividade é menor que a garantida na apólice. Isso garante a você a capacidade de permanecer custeando a atividade.

Subvenção federal para o seguro

No PSR, a subvenção federal para a soja é de 20%. Esse valor pode chegar a 25% se você aderir ao Programa ABC, de agricultura de baixo carbono

A cobertura de replantio, no seguro soja, é feita somente em caso de ter ocorrido tromba d’água, chuva excessiva ou granizo. A vigência inicia 24h após o plantio e acaba quando as plantas atingem da  2ª até a 8ª folha. Isso varia entre as seguradoras.

Os eventos climáticos devem ser comunicados desde o início do plantio às corretoras ou diretamente à seguradora. 

Em caso dos eventos climáticos citados, o prazo máximo da comunicação é de 8 dias corridos, e de 5 dias para coberturas de seca e chuva excessiva.

As vistorias são feitas de forma preliminar (20 dias corridos a contar do aviso) e final (no máximo em 15 dias antes da colheita). Os prazos podem ser alterados em casos de eventos catastróficos, e a área não pode ser colhida antes da vistoria do perito.

Outras vistorias podem ser feitas a qualquer momento pela seguradora. O perito deve ser sempre acompanhado por você ou por outro responsável por essa área da fazenda, de posse da apólice e do croqui da área para conferência dos dados.

O laudo deve ser assinado por essas mesmas pessoas, mesmo se houver discordância sobre as informações constantes. Caso isso ocorra, é possível fazer anotações relativas às dúvidas ou críticas, que serão analisadas pela seguradora.

Focos de pragas, doenças e falhas de estande são passíveis de penalização pelas seguradoras, por exemplo.

Como contratar o seguro agrícola no Brasil?

O seguro agrícola no Brasil é contratado diretamente junto a uma das 16 seguradoras credenciadas para este fim no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). 

Ao manter contato, você deve conferir quais são as coberturas e valores da apólice. Em seguida, você escolhe a que mais se adequa para o seu objetivo com o seguro soja.

Em média, o custo do seguro soja por estado está em média de 6,28% do custo de produção. Essa porcentagem pode variar conforme a área de produção e a cobertura. Por isso, é sempre bom se informar bem antes de contratar.

Planilha de custos dos insumos da lavoura

Conclusão

Com os efeitos das mudanças climáticas atingindo cada vez mais a produção agrícola em todo o mundo, fazer o seguro soja é algo que deve estar no planejamento da produção.

Atualmente, o governo federal tem buscado simplificar as regras de contratação para que mais produtores possam adquirir esse importante serviço. Também surgem novas alternativas para a contratação rápida e prática de seguro. Esse é o exemplo da corretora Aegro.

Procure um especialista na área de seguros e veja qual a melhor forma de proteger a sua lavoura de soja. Fazendo isso, você estará garantindo a sua sobrevivência na atividade.

>> Leia mais:

“Estoque sob controle: como sojicultor melhorou seus indicadores”

Gostou deste texto sobre seguro soja? Assine nossa newsletter e receba nossos artigos direto em seu e-mail!

Solo humífero: vantagens e desvantagens de utilizar para plantio

Solo humífero: saiba o que é, quais suas  principais características, como é formado e muito mais!

O solo é um dos principais fatores da produção agrícola. Suas características normalmente definem o tipo de atividade que pode ser executada na fazenda. 

Além disso, os tipos de solo e a declividade do terreno podem definir também o valor da propriedade.

Diferentes tipos de solo requerem diferentes tipos de manejo e por vezes não toleram alguns tipos de atividade agrícola. Os solos humíferos, por exemplo, têm características bastante diferenciadas dos demais solos.

Nesse artigo, entenda as características desse tipo de solo, saiba como é formado e veja se vale a pena produzir nele. Boa leitura!

O que é solo humífero?

O solo humífero é conhecido por diversos nomes: solo humoso, solo húmico e, pelas suas características, é popularmente chamado de terra preta.

A definição e nomenclatura como solo humífero é bastante controversa, uma vez que essa definição pode ter diversos sentidos. O mais comum é “solo que apresenta húmus”

A composição do solo humífero é baseada no húmus, um material formado a partir da decomposição da matéria orgânica por microrganismos e minhocas.

No ensino primário e até no ensino médio, é comum ver uma classificação de solos como: arenosos, argilosos, calcários e humíferos. Porém, essa classificação não tem qualquer embasamento, uma vez que são classificados de acordo com bases diferentes.

Por exemplo, solos arenosos e argilosos estão relacionados à textura; solos calcários são provenientes de rochas calcárias ou tem acumulação de calcário. Os solos humíferos, por sua vez, são baseados em alto teor de matéria orgânica

Características do solo humífero

Os solos humíferos possuem características bem particulares. Além de coloração escura ou preta, esse tipo de solo apresenta:

  • Alta quantidade de matéria orgânica;
  • Grande porcentagem de húmus;
  • Baixa densidade;
  • Alta aeração;
  • Boa permeabilidade, com capacidade de reter água sem encharcamento.

Na atual classificação da Embrapa, os solos que apresentam algumas características similares ao dos solos humíferos seriam os classificados como organosolos.

Foto de solo humífero na mão de pessoa
Exemplo de solo humífero
(Fonte: Mundo Ecologia)

Onde encontrar solo humoso?

Para a formação de um solo humífero, são necessárias características bastante específicas. Sendo assim, é possível encontrar solo humífero em áreas que possuem:

  • Alta umidade do ar e do solo: a umidade permite a manutenção de umidade no solo e a baixa perda de água para o ar;
  • Baixa temperatura: essa característica diminui a evapotranspiração e mantém os microrganismos do solo vivos;
  • Baixa declividade: propicia uma condição de repouso para o solo, permitindo tempo para que os microrganismos possam agir na decomposição da matéria orgânica;
  • Sombreamento: a presença de árvores, além de propiciar material vegetal que será decomposto, causa sombreamento. Isso contribui para manutenção de temperaturas mais baixas e baixa evaporação;
  • Cobertura vegetal: o uso de técnicas como o plantio direto pode facilitar a formação de uma camada de húmico na parte superior do solo, devido à baixa evaporação e baixas temperaturas.

No Brasil, há divergência sobre a presença ou não desse tipo de solo. De acordo com a Embrapa, há condições que propiciam a formação desses solos em áreas planas de altas altitudes ou em áreas de várzea em locais mais frios.

Como formar esse tipo de solo?

O processo de formação do solo é algo natural e que se desenvolve ao longo de milhares de anos. A formação de um perfil de solo com características de solo humífero só acontece de maneira natural e com tempo.

Para se ter uma ideia, estima-se que, em média, o processo natural leve 400 anos para formar 1 cm de solo. Porém, em ambientes naturais, pode-se fazer usos de técnicas que potencializam o acúmulo de matéria orgânica.

A matéria orgânica, como precursora de substâncias húmicas, pode formar uma camada humífera na parte superior do solo. Para isso, é necessário:

  • Sombreamento do solo por espécies arbóreas em sistemas de manejo integrado de espécies florestais e lavoura;
  • Uso de cobertura vegetal no solo como em sistemas de plantio direto;
  • Uso de irrigação na área para manutenção de umidade;
  • Evitar exposição do solo à radiação solar direta e altas temperaturas;
  • Evitar áreas muito declivosas;
  • Manter a fertilidade do solo em condições ótimas;
  • Evitar produtos que causam morte de microrganismos do solo;

Porém, é comum o uso de produtos usados para melhorar as condições físico/químicas do solo. Esses produtos são normalmente conhecidos como compostagem, esterco, terra vegetal, substrato orgânico, dentre outros.

Esse tipo de produto pode ser conseguido através do processo de compostagem ou em um minhocário. Ele pode ser utilizado como fonte de nutrientes, principalmente para produtores orgânicos. 

Vantagens e desvantagens desse tipo de solo

Como qualquer outro tipo de solo, o solo humoso possui vantagens e desvantagens. Suas principais vantagens são:

  • Alta capacidade de permeabilidade e escoamento de água;
  • Baixa resistência física ao crescimento de raiz;
  • Alto teor de matéria orgânica e substâncias húmicas;
  • Níveis elevados de microbiota de solo.

As principais desvantagens, principalmente em condições de campo, são:

  • Alto potencial de compactação do solo;
  • Fácil perda por erosão em condições naturais;
  • Potencial de lixiviação de nutrientes pelo movimento de água no solo.

Além disso, também existem alguns mitos sobre os solos húmicos, como o fato de ter alta fertilidade natural. 

A decomposição e a presença de húmus não garantem que haja balanço correto e disponibilidade alta de todos os nutrientes necessários ao desenvolvimento de uma planta. Bons exemplos desses nutrientes são os macro e micronutrientes.

diagnostico de gestao

Conclusão

Existe muita informação desencontrada sobre o solo humífero. Neste artigo, fizemos uma revisão sobre esse tipo de solo e desvendamos muitas das incertezas sobre ele.

É fato que a presença e decomposição de matéria orgânica em substâncias húmicas aumenta grandemente a aeração do solo. Isso diminui sua densidade, facilitando a entrada de água e liberando nutrientes para as plantas.

Assim como existem práticas que auxiliam na formação de camada humífera em condições naturais, existem técnicas para formação de substratos humíferos para uso em agricultura de menor escala.

Você tem solos humíferos na sua propriedade? Costuma produzir alguma cultura nesses espaços? Adoraria ler seu comentário!

Pronaf: como funciona o programa de crédito rural

Pronaf: como funciona, quem se enquadra, quais os valores e limites de crédito, como conseguir o financiamento em 2022 e mais!

Criado inicialmente como uma das linhas de crédito rural, o Pronaf envolve um conjunto de ações voltadas para aumentar a capacidade produtiva de agricultores familiares.

O acesso ao crédito é uma das principais necessidades dos agricultores, em especial dos que fazem parte da agricultura familiar. São cerca de 12 milhões no Brasil.

Para esses agricultores, o financiamento das atividades agropecuárias se dá por meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Saiba neste artigo o que é o programa, quem pode ter acesso ao programa e como fazer o financiamento. Boa leitura!

O que é Pronaf e quais são as linhas de crédito?

O Pronaf é um programa de crédito rural que financia o custeio e investimento das diversas necessidades dos agricultores familiares.

Dentre elas, a implantação, ampliação ou modernização da estrutura de produção, beneficiamento, industrialização e de serviços na propriedade rural.

O objetivo do programa é a geração de renda e a melhoria do uso da mão de obra familiar, principal característica deste segmento de produtor rural. Dentro do Pronaf, existem os subprogramas:

  • Pronaf Custeio: financia itens de custeio relacionados às atividades agropecuárias;
  • Pronaf Agroindústria: voltado para o investimento em beneficiamento, armazenagem, processamento e comercialização agrícola, extrativista, artesanal e de produtos florestais, além do turismo rural;
  • Pronaf Mulher: auxilia a mulher agricultora, independentemente do estado civil;
  • Pronaf ABC+ Agroecologia: visa ao investimento em sistemas de produção agroecológicos ou orgânicos, incluindo-se os custos relativos à implantação e manutenção do empreendimento;
  • Pronaf ABC+ Bioeconomia: financia o investimento na utilização de tecnologias de energia renovável e tecnologias ambientais;
  • Pronaf Mais Alimentos: voltado para investimento em estrutura de produção e serviços, visando ao aumento de produtividade e à elevação da renda da família;
  • Pronaf Jovem: objetiva o investimento nas atividades de produção, desde que beneficiários sejam maiores de 16 anos e menores de 29 anos;
  • Pronaf Microcrédito (Grupo “B”): financiamento a agricultores e produtores rurais familiares, pessoas físicas, que tenham obtido renda bruta familiar de até R$ 23 mil, nos 12 meses de produção normal que antecederam a solicitação da DAP;
  • Pronaf Cotas-Partes: faz a integralização de cotas-partes por beneficiários do Pronaf associados a cooperativas de produção rural e aplicação pela cooperativa em capital de giro, custeio, investimento ou saneamento financeiro.

Veja abaixo como saber se você pode ter acesso ao Pronaf. Acompanhe!

Banner do Guia de Crédito Rural. à esquerda a descrição do ebook e à direita uma foto com moedas e uma planta.

Quem se enquadra no crédito Pronaf?

Podem acessar o crédito os agricultores das unidades familiares de produção rural e suas formas organizativas, mediante apresentação da DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf).

Além da DAP, é possível ser enquadrado como agricultor familiar por meio do CAF-Pronaf (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar do Pronaf).

A DAP e o CAF-Pronaf são emitidos por entidades públicas e privadas, associações e sindicatos credenciados pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Os critérios do enquadramento para obtenção da DAP ou do CAF-Pronaf estão na Lei 11.326/2006, regulamentada pelo Decreto nº 9.064/2017.

São candidatos a obter a DAP ou o CAF-Pronaf pequenos produtores, integrantes de povos e comunidades tradicionais, assentados da reforma agrária, silvicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores.  Veja abaixo os principais critérios:

  • explorar parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, de arrendamento rural, de comodato rural, parceria rural, concessionário do PNRA (Programa Nacional da Reforma Agrária) ou permissionário de áreas públicas;
  • residir no estabelecimento rural ou em local próximo;
  • deter, a qualquer título, área de até 4 módulos fiscais, contíguos ou não (o módulo fiscal varia de 5 a 110 hectares);
  •  ter ao menos 50% da renda bruta familiar deve ser obrigatoriamente originada de exploração agropecuária e não agropecuária no estabelecimento;
  • utilizar ao menos metade da força de trabalho familiar no processo produtivo e geração de renda;
  • ter o trabalho familiar como predominante na exploração do estabelecimento;
  • obter renda bruta familiar nos últimos doze meses de produção normal que antecedem a solicitação da DAP ou do CAF-Pronaf, de até R$ 500 mil.

Qual é o valor de crédito disponibilizado?

O Pronaf teve disponibilizado, no Plano Safra, R$ 53,61 bilhões para o ano agrícola 2022/2023. Isso significa um aumento de 36% em relação a 2022.

Por conta da alta demanda, houve  a destinação de mais R$ 6,54 bilhões. Isso representa um aumento de 12%, passando de R$ 53,6 bilhões para R$ 60,1 bilhões.

A maior parte dos valores, R$ 4,74 bilhões, é da alocação de mais R$ 126,8 milhões de recursos orçamentários em 2022 para o Plano Safra 2022/23. A outra parte, R$ 1,8 bilhão, é vinda de remanejamentos no âmbito dos bancos públicos federais (Caixa, BNDES e do Banco do Brasil).

Esses recursos foram destinados aos bancos que operam o Pronaf Custeio. Assim, R$ 6,07 bilhões foram para o Banco do Brasil e R$ 474 milhões ao BNDES. 

Lançado em julho, o Plano Safra 2022/2023 obteve o total de R$ 340,9 bilhões para financiar a produção agropecuária nacional até junho de 2023.

Qual o limite de crédito rural Pronaf?

O Pronaf possui limites de crédito conforme o ano agrícola, e são diferentes para financiamentos individuais e coletivos.

Limite individual

São R$ 400 mil para as atividades de suinocultura, avicultura, aquicultura, carcinicultura e fruticultura. São R$ 60 mil para construção, reforma de moradias no imóvel da propriedade rural ou de terceiro cujo CPF conste na DAP.

Ainda, são R$ 200 mil para as demais finalidades.

Limite coletivo

No limite coletivo, o teto é de R$ 20 milhões, exclusivamente para financiamentos de construção, reforma ou ampliação de benfeitorias e instalações permanentes, máquinas e implementos agrícolas, além de estruturas de armazenagem.  

Qual a taxa de juros do Pronaf?

A taxa de juros do Pronaf varia entre 5% e 6% ao ano, tanto para custeio quanto para investimento. A carência é de três anos e o prazo máximo de pagamento é de dez anos

Banner- baixar kit de controle de caixa e finanças da fazenda

Como conseguir financiamento rural no Pronaf em 2022?

A obtenção do crédito se dá por meio de agências bancárias físicas e cooperativas credenciadas pelo Banco Central do Brasil.

O acesso aos recursos se dá após a definição de quais são as necessidades para financiar a atividade rural. Os principais bancos que operam o crédito rural são:

  • Banco da Amazônia, com atuação na região Norte e em parte do Mato Grosso e Maranhão;
  • Banco do Brasil, com atuação em todo o território nacional;
  • Banco do Nordeste, com atuação na região Nordeste, no norte de Minas Gerais e no norte do Espírito Santo;
  • Sicredi;
  • Sicoob;
  • Cresol;
  • Banrisul;
  • BRDE;
  • E diversas outras instituições financeiras.

O tempo estimado de espera é de até 1 mês. A documentação em comum para todos os casos é: 

  • DAP ativa ou CAF-Pronaf válido;
  • Outros documentos serão solicitados pelo banco, como documento de identificação, CPF e registro no Cadastro Ambiental Rural.

De posse da DAP ou CAF-Pronaf, você deve procurar um profissional para orientá-lo ou entidade de assistência técnica e extensão rural mais próxima para elaboração de projeto técnico de investimento, e o apresentará ao banco.

Os governos estaduais possuem órgãos de assistência técnica que podem orientar os agricultores na elaboração do projeto técnico.

Banner de chamada para portal de consultores agrícolas

Conclusão

A obtenção do crédito é essencial tanto para se manter na atividade quanto para se desenvolver e ampliar a produção agrícola.

Os recursos, no entanto, precisam ser bem aplicados, seguindo o que foi planejado. Assim, haverá o menor risco possível em relação ao pagamento das parcelas.

Para haver mais segurança em suas operações, conte sempre com o auxílio de um especialista para orientar sobre a aplicação dos recursos em sua propriedade rural.  

>> Leia mais:

Como funciona o financiamento de veículo para produtor rural

Consórcio rural: veja o que é e conheça as vantagens

Crédito fundiário: como funciona e como solicitar

Você tem alguma dúvida sobre como conseguir financiamento do Pronaf? Já deu entrada no processo de obtenção? Adoraria ler seu comentário.