Previsão para o preço do feijão: saiba quais são as expectativas para 2024

Previsão para o preço do feijão: entenda o mercado, estimativas de produção, tendências e muito mais!

A produção agrícola sofre impactos de diversos fatores, desde o clima até a economia. Isso não é diferente em relação ao feijão, que tem seus preços afetados pelos mesmos fatores.

A partir do segundo semestre de 2023, o feijão apresentou uma redução nos preços, devido às  colheitas de segunda e terceira safra. 

Veja abaixo como tem se comportado o preço do feijão ao longo dos anos e confira neste artigo a previsão para o preço do feijão para 2023/24. Boa leitura!

Qual a previsão para o preço do feijão?

A queda no preço do feijão na segunda metade de 2023 inibiu os aumentos da área de plantio no verão. O preço do feijão carioca recuou 24,2% em 2023. 

Em Minas Gerais, as negociações atingiram R$ 330,00, enquanto no Paraná, as referência indicam valores entre R$ 320,00 e R$ 325,00 para o feijão carioca.

A  manutenção da área plantada em relação a 2022/23 e o El Niño tem gerado um cenário de incertezas para a plantação e o preço do feijão em 2024.

Esse cenário de incertezas sobre a oferta e os preços do feijão nos primeiros meses do ano, tem indicado uma subida intensa dos preços até março.

É importante estar atento ao movimento ascendente dos preços. O valor de US$ 70,00 por saca de 60 quilos, que atualmente é considerado excelente, só ocorreu em janeiro de 2023, tornando o cenário atual muito favorável.

Preço do feijão carioca de 2014 a janeiro de 2024 no Brasil e em Goiás

(Fonte: Agrolink)

Produção de feijão de 2024

O Brasil possui três épocas distintas de plantio do feijão, favorecendo a oferta constante do produto ao longo do ano.

Tem-se o feijão da primeira safra, semeado entre agosto e dezembro, o de segunda safra, cultivado entre janeiro e abril, e o de terceira safra, semeado de maio a julho.

De acordo com a Conab, a área plantada na safra 2023/24 é semelhante à de 2022/23, mas 19% menor que a de cinco anos atrás.

A cultura se encontra em entressafra, e o país conta apenas com os estoques remanescentes da terceira safra e das lavouras paulista na oferta de feijão novo, pelo menos até meados de janeiro de 2024.

A partir de meados de janeiro, poderá contar com volumes mais robustos do grão produzido no Paraná, Minas Gerais e Goiás.

Além disso, o plantio do feijão tem sofrido com os efeitos do El Niño. Em Minas Gerais e São Paulo, o tempo seco e o calor reduziram a taxa de germinação. No Sul, o problema é o excesso de chuvas.

Por outro lado, a safra da Bahia deve ter um desempenho melhor.

Para 2024, a estimativa era de que a colheita de feijão fosse de aproximadamente 3 milhões de toneladas, mas a safra deve registrar retração de mais ou menos 2,5%. 

De acordo com o Portal do Agronegócio, a colheita da primeira safra de feijão para o período de 2023/24 no Paraná atingiu 40% da área total estimada. Este número representa uma redução de 2% em comparação à plantação da safra anterior.

Produção, área e produtividade de feijão de 2012 até 2023

Comparação entre as safras de feijão entre 2012 e 2022/23 (Fonte: Conab)

Como estará o mercado do feijão em 2024?

No Brasil, a maior parte das ofertas do feijão recém-colhido continua sendo dos estados de Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Goiás. 

As projeções para 2024 indicam um cenário inédito, sugerindo que o Brasil pode enfrentar um dos menores volumes de feijão em estoque da história nos primeiros meses do ano.

A escassez de produto armazenado indica dificuldades significativas no abastecimento futuro, principalmente, ao considerar a calamidade pública declarada em municípios do Norte e Nordeste, devido à seca. 

Esperava-se uma maior demanda no início do mês, período típioc de reposição de estoques, porém, o volume de negócios tem sido limitado pela quantidade de feijão ofertado.

As perspectivas de melhoria dos preços dependem do término do período de férias escolares, quando se espera uma eventual recuperação do consumo.

Planilha para controle de estoque da fazenda

Vai faltar feijão em 2024?

O plantio de feijão da safra das águas de 2023/2024 começou em agosto, nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A primeira safra tem sofrido com as adversidades climáticas como, falta/excesso de chuva e baixas temperaturas durante o ciclo da cultura. Esse cenário tem influenciado negativamente a produtividade e, consequentemente, a produção.

O volume a ser colhido não será suficiente para manter o mercado em equilíbrio e impedir, no curto prazo, preços em patamares mais elevados.

A segunda safra está em início de semeadura. A tendência é que a superfície a ser cultivada seja próxima da safra anterior. 

Caso as condições climáticas sejam adequadas, a produção será superior à colheita registrada em 2023, o que manterá elevada a oferta interna do produto.

Conclusão

O preço do feijão carioca para os próximos meses deve se manter nos patamares elevados atuais, com leve queda no final de 2024, quando está prevista expansão da safra.

Para o início de 2024, espera-se que os preços ainda estejam elevados, o que é bom para o produtor.

Fique sempre de olho no mercado e nas variações de preços dessa cultura. Assim, você garante deixar seus preços competitivos, lucrando bem mesmo com as mudanças mais recentes.

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5 passos para acertar na semeadura do feijão

7 principais doenças do feijão e como controlá-las na lavoura

Manejos essenciais em cada um dos estádios fenológicos do feijão

Apaga-fogo (Alternanthera tenella): como manejar essa planta daninha

Apaga-fogo: conheça as características, quais danos ela pode causar e controle preventivo, cultural, mecânico e químico

As culturas agrícolas são bastante suscetíveis às interferências das espécies invasoras.

A apaga-fogo é uma erva daninha com ampla distribuição geográfica, presente em todas as regiões do Brasil. Ela tem maior ocorrência na entressafra, além de se disseminar com facilidade e infestar áreas de lavoura e pastagem.

Neste artigo, veja como identificar os danos causados pela apaga-fogo e como fazer o manejo correto. Boa leitura!

Características da planta apaga-fogo

A planta apaga-fogo (Alternanthera tenella) é uma espécie invasora de grande importância na agricultura. A massa vegetal formada por ela dificulta o avanço do fogo quando são realizadas queimadas para renovação de áreas de pastagem. 

Ela também é popularmente conhecida pelos nomes periquito, sempre-viva, alecrim, corrente e perpétua-do-campo. Trata-se de uma planta da família Amaranthaceae

Para identificar essa planta daninha, você precisa se atentar aos seguintes detalhes: ela é herbácea, muito ramificada e tem ciclo perene. A apaga-fogo se desenvolve de forma prostrada ou ascendente, o caule é liso e pode atingir de 0,5 m a 1,2 m de comprimento. 

Foto da planta apaga-fogo com fundo preto, com algumas flores nascendo.
Planta apaga-fogo (Alternanthera tenella)
(Fonte: Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas)

As folhas da apaga-fogo têm de 2 cm a 3 cm. O sistema radicular é pivotante, as sementes são lisas e têm coloração castanha. A propagação da planta ocorre por sementes. Ela se alastra na área pelo enraizamento dos nós do caule quando em contato com o solo.

Foto das sementes e das folhas da apaga-fogo espalhadas em uma superfície
Detalhe das folhas e das sementes da planta daninha apaga-fogo
(Fonte: Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas)

Danos causados pela Alternanthera tenella

Uma característica da planta daninha apaga-fogo é promover intenso sombreamento sobre a cultura. Ela forma uma barreira física à penetração da luz solar, o que afeta diretamente a produtividade da cultura principal. 

Além disso, ela reduz a disponibilidade de espaço e compete com a cultura principal por água e nutrientes. Ainda, pode ser hospedeira de pragas e doenças, e é hospedeira natural do ácaro Brevipalpus phoenicis, vetor da doença leprose dos citros. 

A presença de ervas invasoras no momento da colheita também é um problema. Elas podem causar o embuchamento da colhedora, além de depreciar o produto colhido e elevar os custos de beneficiamento dos grãos.

Além disso, as principais culturas afetadas pela apaga-fogo são:

Como eliminar a erva daninha apaga-fogo

É muito importante que as plantas daninhas sejam manejadas de forma integrada. A adoção de diferentes estratégias garante maior eficiência no controle da comunidade infestante.

As técnicas envolvidas no controle das plantas invasoras são divididas em manejo preventivo, cultural, mecânico/físico e químico. Confira a seguir como funciona cada um desses tipos de manejo.

Manejo preventivo

O manejo preventivo consiste em adotar medidas que evitem que sementes de plantas daninhas, como a apaga-fogo, sejam introduzidas em uma área onde ainda não foi identificada a presença dessas plantas. Algumas medidas são:

  • realizar o controle das plantas invasoras não apenas na área onde será instalada a lavoura, mas também nas beiras de estradas, nos carreadores e nas bordaduras;
  • realizar a limpeza do maquinário agrícola, a fim de evitar que torrões de terra contaminados com sementes sejam levados de uma área para outra; 
  • realizar o plantio da lavoura com sementes certificadas e com procedência conhecida.

Essas práticas contribuem não apenas para o manejo da apaga-fogo, mas também de outras plantas daninhas

Manejo cultural

O manejo cultural das ervas daninhas consiste na adoção de práticas que irão garantir o bom estabelecimento e desenvolvimento das plantas da lavoura. Dentre essas práticas temos:

  • bom preparo de solo;
  • adubação equilibrada;
  • plantio de cultivares/variedades adaptadas às condições ambientais;
  • rotação de culturas;
  • variação no espaçamento e na densidade de plantas;
  • uso de coberturas verdes.

Manejo mecânico/físico

No manejo não químico ou mecânico as plantas daninhas podem ser eliminadas das seguintes formas:

  • arranquio manual (ou monda); 
  • capina manual;  
  • roçada; 
  • cultivo mecanizado realizado por cultivadores tracionados por animais ou trator. 

Manejo químico

O manejo químico é o mais utilizado para o controle de plantas daninhas em grandes áreas. A seguir estão listadas algumas moléculas herbicidas utilizadas no controle da planta daninha apaga-fogo:

  • Ácido diclorofenoxiacético (2,4 – D);
  • Ametrina;
  • Atrazina;
  • Diurom;
  • Flumioxazina;
  • Glifosato;
  • Imazetapir;
  • Nicossulfurom.

A eficiência da aplicação dos herbicidas envolve uma série de fatores. Por isso, sempre siga as orientações da bula do produto quanto à dosagem e o modo de aplicação

Também é preciso se atentar ao estágio de desenvolvimento da planta daninha e às condições climáticas no momento da aplicação.

Lembre-se de fazer a rotação de herbicidas com mecanismos de ação diferentes. Essa estratégia dificulta a seleção de plantas daninhas resistentes aos produtos. Ervas daninhas resistentes ao glifosato, por exemplo, são muito comuns.

Como a aplicação de produtos fitossanitários requer muitos cuidados, sempre procure a orientação de um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a). Isso irá garantir maior segurança e eficiência na aplicação dos produtos químicos.

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Conclusão

A apaga-fogo é uma planta daninha encontrada em áreas de lavoura e pastagem e que se dissemina com facilidade. Ela ocorre em todas as regiões do Brasil. 

O manejo da apaga-fogo pode ser realizado pela adoção de estratégias preventivas, culturais, mecânicas/físicas e químicas. 

Para maior eficiência no controle das plantas invasoras, procure sempre utilizar mais de uma técnica de manejo. Vale lembrar que é importante que as práticas adotadas estejam inseridas no contexto ambiental e econômico da propriedade.

Você já conhecia a apaga-fogo? Já teve problemas com essa planta daninha na sua lavoura? Adoraria ler seu comentário. 

Quebra de safra: saiba as causas e como lidar com ela

Quebra de safra: saiba quais fatores podem levar a uma quebra de safra agrícola, maneiras de evitá-la e os impactos que ela pode trazer.

A produção agrícola de uma determinada cultura pode ser bastante variável. Muitos fatores podem interferir na produtividade, como a quebra de safra.

A quebra de safra é uma grande redução do que estava previsto da produtividade de uma cultura, e pode acontecer por vários motivos. Ataques de pragas, eventos climáticos, doenças, uso errado de defensivos são apenas alguns motivos.

Nesse artigo, veja quais são os impactos locais e globais da quebra de safra e o que você pode fazer para evitá-la ou lidar com ela. Aproveite a leitura!

O que é quebra de safra?

A quebra de safra é definida como uma ocasião em que a produtividade agrícola na safra é muito reduzida no campo. Isso pode acontecer tanto em uma micro ou macrorregião quanto em um país inteiro.

A produtividade tem diversas definições teóricas e práticas, e pode ser medida de várias formas. Entenda abaixo:

  • Produtividade potencial (PP): é a produtividade máxima intrínseca ao material genético da cultivar utilizada e que pode ser alcançada. Teoricamente, se o material genético for ótimo, todos os fatores vinculados à produção também serão ótimos;
  • Produtividade irrigada ótima (PIo): é a produtividade alcançada em uma área com irrigação ótima;
  • Produtividade irrigada média (PIm): é a produtividade alcançada em áreas irrigadas, porém em que o manejo não consegue fornecer a quantidade ideal de água para a cultura ao longo do ciclo. Quando há quebra por esse motivo, é chamada quebra de água.
  • Produtividade atingível (PA): é a produtividade que se pode atingir em área não irrigada e considerando as perdas por déficit hídrico e nutricional relacionado à baixa captação de água;
  • Produtividade real ótima (PRo): a produtividade real ótima é a produtividade em sequeiro, e considera que os demais fatores são idealmente controlados;
  • Produtividade real média (PRm): é a produtividade na fazenda em condições de sequeiro e que é diminuída por outros fatores bióticos e abióticos. Essa quebra é chamada quebra de manejo.  
tabe;a que mostra níveis de produtividade na quebra de safra
Tipos de Produtividade
(Fonte: Informações Agronômicas)

Quais fatores causam quebra de safra?

Os fatores que influenciam a produtividade e podem causar quebras de safra são divididos em bióticos e abióticos. Fatores bióticos estão relacionados a organismos vivos, enquanto fatores abióticos estão relacionados a fatores não vivos. São eles:

Doenças

As doenças podem ser de diversos tipos, mas as mais comuns são causadas por fungos, bactérias ou vírus. Elas podem atacar a parte aérea das plantas, a parte radicular, e até  mesmo atacar o produto agrícola em pós-colheita.

Para evitar quebras desse tipo, adotar medidas como o MID (Manejo Integrado de Doenças) é fundamental. Afinal, através dessas medidas você consegue identificar as doenças na lavoura e controlá-las antes que causem a quebra.

Pragas

Insetos, ácaros e nematoides também podem causar quebra de safra. Eles podem influenciar diretamente a planta, afetando raízes, diminuindo a área foliar ou atacando o produto final. Além disso, as pragas podem ser vetores de doenças, principalmente virais.

Para evitar as quebras de safra causadas por pragas, investir no MIP (Manejo Integrado de Pragas) também é uma boa tática de prevenção.

Plantas daninhas

Plantas daninhas podem estar presentes na mesma área da sua cultura agrícola, competindo com ela por recursos como água, radiação, nutrientes, entre outros.

Se não devidamente identificadas e controladas, as plantas daninhas podem causar prejuízos enormes à cultura. Esses prejuízos podem chegar ao ponto de quebra de safra.

Água

A água é o maior fator limitante para o crescimento de culturas agrícolas ao redor do mundo. Sua falta causa diminuição na capacidade de crescimento e de formação de compostos para enchimento de grãos e frutos.

Sem o enchimento adequado dos grãos, a produtividade da cultura pode ser reduzida a níveis drásticos.

Temperatura

Temperaturas altas ou baixas podem causar estresse térmico nas plantas, o que limita muito o crescimento de plantas e produtividade. 

Temperaturas altas normalmente aumentam os danos da falta de água e podem causar queima de folhas. Temperaturas baixas podem causar congelamento e destruição de tecidos que não mais se recuperam.

Vento

Rajadas de vento podem causar tombamento de plantas em estágios intermediários ou mesmo na maturação, impossibilitando a colheita e reduzindo a produção.

Investir em uma estação meteorológica na fazenda pode ser uma boa alternativa para prever e identificar ventos fortes demais. Tendo os identificado, você poderá adotar medidas que diminuam o impacto dessas ventanias.

Chuva

Poucas chuvas podem causar déficit hídrico por falta de água. Porém, seu excesso pode causar alagamentos e, caso ocorram em curtos espaços de tempo ou venham acompanhada de granizo, podem causar tombamento de plantas.

Esses fatores também podem causar a derrubada de folhas e/ou frutos e grãos. Investir em uma estação meteorológica também é uma alternativa para evitar esse tipo de quebra, além de realizar a drenagem do solo quando necessária.

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Quebra de safra de milho e soja

Ultimamente quebras de safra em culturas de importância tem sido comum. Por exemplo, na safra 2020/2021, a cultura do milho sofreu uma grande quebra na região Sul devido, principalmente, à estiagem, frio intenso e doenças. 

No estado do Paraná, essa quebra de safra foi a maior da história, com cerca de 58% de perdas.

Já na safra 2021/2022 que recém termina, a cultura da soja sofreu a maior quebra de safra registrada na história. As perdas foram de cerca de 12% e 24 milhões de toneladas, comparadas à safra 2020/2021. A principal causa dessa quebra foi a estiagem.

O que a quebra de safra agrícola pode causar?

A quebra de safra causa uma redução abrupta da disponibilidade de um determinado produto agrícola. Ela pode gerar danos em diversas etapas da cadeia de distribuição de produtos. São elas:

  • Aumento de preços: a diminuição da oferta de um produto que continua sendo demandado causa uma alteração nos preços. Isso pode acontecer diretamente no consumidor ou nas cadeias de distribuição;
  • Diminuição de estoques: para produtos que podem ser estocados, como grãos, a quebra de safra pode causar uma necessidade de venda de estoques, causando desbalanço;
  • Impacto em mercados e bolsas: a quebra de safra inesperada de commodities agrícolas pode causar impacto grande nos valores dos produtos e seus derivados em bolsas de valores e mercado agrícola;
  • Falta de alimentos: a quebra de safra pode gerar escassez momentânea ou duradouro do alimento em uma região, país ou diversos países, dependendo de sua rede de exportação, por exemplo;
  • Insegurança alimentar: ao longo prazo ou em situações em que a produção da área afetada é a base alimentar da população, a quebra de safra pode gerar insegurança alimentar e fome;
  • Perdas econômicas: para produtores, um dos maiores efeitos da quebra de safra é o não retorno dos investimentos. Isso pode causar a falência do negócio ou o comprometimento de anos futuros e investimentos.

Como evitar a quebra de safra na produção agrícola?

Em alguns casos, a diminuição da produtividade na fazenda é inevitável. Esse é o exemplo das infestações gerais de pragas, estiagens extremas ou condições de vento que derrubam toda a produção.

Porém, há maneiras de evitar ou aliviar os efeitos que podem causar ou causaram a quebra de safra. Alguns deles são:

  • Planejamento agrícola: planejar a safra e estar ciente de quais serão as principais causas potenciais de perdas na região é crucial;
  • Buscar informação: estar de olho nas notícias da região, principalmente sobre indicadores, previsões climáticas ou intensidade de ataque de pragas/doenças;
  • Capacidade de manejo: ter equipamentos e insumos disponíveis para controle de pragas/doenças pode amenizar grandemente as perdas;
  • Planejamento financeiro: ter um planejamento financeiro da propriedade e compreender onde gastos podem ser diminuídos e onde há necessidade maior de investimento te dá maior flexibilidade e capacidade para enfrentar e se recuperar de quebras de safras;
  • Acompanhamento técnico: ter acompanhamento especializado de empresas e profissionais faz grande diferença nas tomadas de decisão, no manejo técnico da lavoura e também nos mercados;
  • Contratação de seguro: o seguro agrícola contra perda pode dar maior tranquilidade ao produtor de ter um retorno financeiro caso a produtividade seja grandemente reduzida;
  • Apoio da tecnologia: ter acesso rápido à informação de suas lavouras, do mercado e condições climáticas é decisivo para amenizar os impactos na lavoura e diminuir a quebra de safra.
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Conclusão

A agricultura é uma atividade de alto risco, principalmente porque muitos dos fatores que definem seu sucesso não podem ser controlados. 

Isso causa uma possibilidade de que a produção atingida seja muito mais baixa do que a esperada, quebrando a safra.

Fique por dentro das possíveis causas e consequências da quebra de safra através do uso de tecnologias de monitoramento e de seguro agrícola.

>> Leia mais:

“Safra de milho: conheça as previsões para 2022/23”

“Mancha olho-de-rã: saiba acabar com a doença na soja”

Você já sofreu alguma quebra de safra? Quer compartilhar sua experiência? Adoraria ler seu comentário.

Tudo que você precisa saber para escolher o milho híbrido correto

Milho híbrido: o que é, quais diferenças e tipos, como é produzida a semente, quais vantagens e desvantagens de sua utilização.

O milho é uma cultura com muita demanda mundial. Para ser possível atender a essa demanda, as plantas de milho precisam produzir muito mais grãos.

Pensando nisso, pesquisas foram desenvolvidas para buscar novas formas de aumentar a produtividade do milho. Foram dessas pesquisas que surgiram os milhos híbridos.

Neste artigo, veja qual é a diferença entre um híbrido e uma variedade de milho comum, os melhores híbridos para plantio e muito mais. Boa leitura!

O que é milho híbrido?

O milho híbrido é a primeira geração que se obtém após o cruzamento de linhagens puras de milho. Essas sementes apresentam alto vigor e elevada produtividade. As sementes derivadas desse processo possuem alto vigor híbrido e produtividade muito elevada.

As sementes de milho puras são a base da produção de híbridos. Elas são obtidas pela autofecundação em diversos ciclos, e selecionam características desejáveis até a obtenção da linhagem pura.

Ilustração de espigas de milho com diferentes tamanhos
Representação da obtenção de linhagem pura de milho 
(Fonte: Adaptado de Unesp)

Esta é a diferença entre milho híbrido e outros tipos ou cultivares de milho. As sementes das variedades são produzidas pela polinização aberta e mantém suas características nos filhos. No entanto, são plantas mais heterogêneas e menos produtivas que os híbridos.

Quais tipos de semente de milho híbrido?

Os híbridos de milho podem ser simples, duplos e triplos. Cada um possui diferenças quanto ao modo de obtenção e nível tecnológico a ser utilizado pelo produtor. Entretanto, todos  possuem uma característica igual: só podem ser produzidos com sementes compradas.

Isto quer dizer que você não pode salvar as sementes produzidas destes híbridos, pois apresentam grande variabilidade genética.

Esquema que mostra a formação do milho híbrido
Formação de híbridos e sua reprodução 
(Fonte: Seed news)

Híbrido simples

O cruzamento de duas linhagens puras resulta em sementes de híbridos simples, com alta pureza genética.

Por exemplo: a linhagem A será a planta mãe e a linhagem B a planta pai. Desse modo, retira-se o pendão da linhagem A ou utiliza uma linhagem mãe que não produz a parte masculina na flor (macho esterilidade).

A linhagem B servirá apenas para produzir grãos de pólen para fecundar a planta mãe. Após a polinização, as plantas utilizadas como pai são eliminadas.

Ilustração que mostra a formação do milho simples
Esquema de obtenção de híbridos simples
(Fonte: Geagra)

Estas linhagens puras produzem poucas sementes. Isso gera alto custo para sua aquisição e exige alto nível tecnológico para sua produção.

Entretanto, seu potencial produtivo é mais elevado dentre os híbridos. Os híbridos simples apresentam boa uniformidade de plantas e espigas, demandando maior nível tecnológico.

Híbrido duplo

Quando ocorre o cruzamento entre dois híbridos simples, as sementes produzidas serão denominadas de híbridos duplos. Portanto, o híbrido duplo é originado a partir de quatro linhagens puras.

O cruzamento da linhagem pura A com linhagem pura B irá gerar o híbrido simples AB. Do cruzamento da linhagem pura C com a linhagem pura D será formado o híbrido simples CD. Por fim, do cruzamento destes dois híbridos simples irá resultar o híbrido duplo.

Ilustração que mostra a formação do milho híbrido duplo
Esquema de obtenção de híbridos duplos
(Fonte: Geagra)

Devido sua obtenção ser de dois híbridos simples, sua produtividade não é tão elevada quanto a dos seus progenitores. Em contrapartida, o valor das sementes e o nível tecnológico necessário para semear este híbrido é menor.

Híbridos duplo

O híbrido intermediário no quesito nível tecnológico e preço de sementes é o triplo. Ele é obtido pelo cruzamento entre uma linhagem pura e um híbrido simples. Ou seja, para esse tipo de híbrido é preciso ter três linhagens puras.

Ao utilizar um híbrido para obtenção de sementes, a pureza genética é menor, se comparado com a utilização de apenas linhagens. Por este fato, o híbrido triplo apresenta o potencial produtivo menor que o simples, porém maior que o duplo.

Além disso, para que o híbrido triplo apresente a produtividade esperada, é necessário que o nível tecnológico seja médio a alto.

Ilustração que representa a formação do milho híbrido triplo
Esquema de obtenção de híbridos triplos
(Fonte: Geagra)

Saber destas informações é importante para você definir corretamente qual híbrido utilizar nas suas áreas de produção e qual será o nível tecnológico que irá empregar.

Nível tecnológico é a quantidade de investimento que a lavoura irá receber. Ou seja, quantidade de adubo que será utilizado na semeadura e em cobertura, uso de micronutrientes, aplicação preventiva para controle de pragas e doenças do milho, etc.

O nível tecnológico também envolve a saúde do solo, como uso de plantas de cobertura, adubação verde e desimpedimento físico do solo. A tecnologia também está relacionada ao manejo direto e indireto das plantas de milho.

Milho híbrido para silagem

Não é todo milho híbrido ideal para produção de silagem. Um híbrido bom para esta finalidade deve ter bom volume de massa verde e também de grãos. São estes que fornecem energia na alimentação animal.

Entretanto, não são todos os milhos que produzem grande quantidade de grãos bons para silagem. Para silagem, é preciso que o milho tenha alta digestibilidade, tanto dos grãos quanto das fibras.

Em relação à digestibilidade dos grãos, milhos híbridos com grão tipo dentado são os ideais para produção de silagem. Esses grãos apresentam o amido mais farináceo, ou seja, mais solto dentro dos grãos, o que facilita a digestibilidade.

A digestibilidade da fibra também é um fator determinante na escolha do híbrido para silagem.  O alto teor de fibra prejudica a ingestão pelos animais. O ideal é avaliar a Fibra em Detergente Neutro. Este é o melhor indicativo em relação à fibra, definido na análise bromatológica.

FDN entre 38% a 45% da matéria seca indica uma boa silagem. Além disso, o híbrido deve apresentar tolerância a pragas e doenças, principalmente a da região de utilização.

É importante escolher um híbrido que apresenta estas características para sua região. Afinal, milho destinado à silagem para região do Mato Grosso pode ser diferente do destinado para o Paraná, por exemplo.

Dentre as escolhas, empresas como DuPont Pioneer tem a Linha Nutri, que recomenda milhos híbridos para silagem em diferentes regiões. As Sementes Agroceres também possuem uma linha de milhos indicados para silagem, as sementes NK da syngenta.

Antes de comprar, pesquise na sua região os melhores preços que também te entreguem as qualidades necessárias.

Quais as vantagens e desvantagens dos híbridos de milho?

A principal vantagem do milho híbrido é a maior produtividade que possuem em relação às variedades de milho. Os híbridos também apresentam também alto vigor das sementes e maior uniformidade de plantas e espigas.

Isso gera maior eficiência na colheita do milho quando feita em  condições adequadas. Para que os híbridos expressem seu potencial, eles devem ser alocados em áreas que forneçam o que eles necessitem. Isso tanto em questões climáticas quanto na parte de manejo.

Em alguns casos, um milho variedade se comportaria melhor que os híbridos. Afinal, as variedades são mais rústicas e toleram mais condições adversas. Veja alguns exemplos em que a variedade é melhor que o híbrido:

  • em ambientes com baixa fertilidade de solo;
  • compactação do solo
  • pouca infiltração e matéria orgânica;
  • região com histórico de baixa precipitação em momentos importantes para cultura do milho;
  • clima inadequado.

Outro ponto a ser considerado é o nível tecnológico. Em propriedades onde não há grandes investimentos, a variedade será a melhor opção, pois exigem menos e suas sementes são mais baratas.

Para pequenos produtores que salvam sementes, o milho variedade também é melhor, justamente por ser o único que pode ser guardado para a próxima safra de milho

Para produtores com alto nível tecnológico na fazenda e que possuem um ambiente com qualidade de solo e clima ideal, o milho híbrido é mais indicado. Afinal, sua produtividade elevada compensa seu custo mais alto.

Entre milho híbrido simples, duplo e triplo, também há vantagens e desvantagens. Por exemplo, o milho híbrido simples possui produtividade elevada, mas custo alto. O híbrido duplo, por sua vez, possui custo mais baixo e produtividade também mais baixa.

Para simplificar, veja na tabela abaixo a comparação de alguns aspectos entre estes três híbridos:

Planilha que mostra a produtividade do milho híbrido simples, duplo e triplo.
(Fonte: adaptação da autora)

Milho híbrido para o plantio: qual escolher?

Milhos híbridos, simples, duplo ou triplo, podem ser utilizados para todo tipo de finalidade, desde alimentação humana até animal.

Outro ponto relevante a ser mencionado é o ciclo dos milhos híbridos, que interfere na escolha de época de semeadura. Isso por causa do clima ou momento de semeadura. Assim, o ciclo pode ser definido em normal, precoce e superprecoce.

No milho de ciclo normal, a emergência à maturação fisiológica é inferior a 110 dias. No grupo do milho precoce, o ciclo é maior ou igual a 110 dias e menor ou igual a 145 dias. No grupo do milho superprecoce, por sua vez, o ciclo é acima de 145 dias.

Mas fique de olho, pois pode ocorrer alteração do ciclo conforme as condições climáticas, a data de semeadura e local de plantio.

planilha de planejamento da safra de milho

Conclusão

O milho híbrido é considerado um dos melhores materiais para plantio. Há diferenças entre os híbridos mais comercializados no Brasil e no mundo, e para obter o esperado é preciso atenção às exigências de cada um

Além disso, agora você sabe mais sobre as vantagens e desvantagens de sua utilização. Essas informações serão muito úteis no momento do planejamento de safra.

A escolha entre milho híbrido ou milho variedade dependerá principalmente do investimento feito. Por isso, não deixe de se planejar bem.

>> Leia mais:

“Safra de milho: conheça as previsões para 2022/23”

“Previsão do preço do milho: o que esperar para 2023”

Está pensando em utilizar o milho híbrido na sua fazenda? Conseguiu decidir se vai utilizar o simples, duplo ou triplo? Adoraria ler seu comentário!

Pulverizador agrícola: diferentes tipos e como acertar na escolha

Pulverizador agrícola: conheça os diferentes tipos, suas características principais e recomendações

A pulverização é um método usado na agricultura para aplicação de produtos relacionados à proteção de cultivos e controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Ela consiste em jogar líquidos em gotas muito pequenas sobre uma superfície. Os pulverizadores agrícolas são os equipamentos responsáveis por essa atividade no campo. 

Eles são a máquina agrícola com maior tempo de uso durante a safra.

Nesse artigo, veja as principais técnicas de pulverização, suas vantagens e desvantagens e também as boas práticas. Boa leitura!

O que é um pulverizador agrícola?

Um pulverizador é um equipamento que tem a capacidade de “quebrar” um líquido em partículas muito pequenas. Seu objetivo é espalhar essas partículas por uma superfície-alvo.

O princípio de ação é o mesmo utilizado em borrifadores comuns. Porém, a diferença entre um borrifador e um pulverizador está principalmente no tamanho das partículas e no alcance da aplicação.

No pulverizador agrícola, os líquidos são normalmente agroquímicos. Inseticidas, fungicidas, herbicidas ou fertilizantes são lançados nas superfícies-alvo, como plantas no campo ou em estufas.

Dessa forma, a finalidade de um pulverizador agrícola é fazer com que o líquido esteja em contato com a maior parte da superfície-alvo. Isso, é claro, de maneira eficiente e com menor perda possível.

Componentes de um pulverizador

Cada um dos muitos tipos de pulverizador tem a necessidade de certos componentes para seu funcionamento. Aqui listamos alguns componentes principais em sistemas de pulverização:

  • Tanque de armazenamento: é onde a calda a ser aplicada fica armazenada;
  • Mecanismo agitador: ele mantém a calda sempre homogênea, sem decantação de partes mais pesadas;
  • Filtros: evitam a passagem de impurezas da calda para os sistemas aspersores;
  • Bombas hidráulicas: bombeiam a calda do sistema de armazenamento para os sistemas aspersores;
  • Regulador de pressão: controlam a pressão do líquido no interior do sistema de aspersão;
  • Manômetro: informam de possíveis perdas de pressão no sistema;
  • Barra de pulverização: conduzem a calda aos bicos em sistemas de barra, aumentando o alcance e eficiência da pulverização;
  • Bicos de aplicação: pulverizam o líquido em gotículas e aplicam a calda na  superfície-alvo.

Tipos de pulverizador agrícola

Como qualquer outro tipo de equipamento, para pulverizadores agrícolas também há uma grande variedade de tipos, marcas e modelos. Abaixo listamos os tipos mais utilizados de pulverizadores agrícolas:

Costal

O pulverizador costal consiste de um reservatório de produto que é carregado por um operador. Sua aplicação pode ser manual ou automática. Essa técnica tem rendimento limitado pela velocidade de aplicação e baixa capacidade do tanque. Por isso, é mais recomendada para áreas pequenas ou plantios em estufa.

Pistola

O aplicador tipo pistola normalmente é acoplado a um sistema de mangueiras e aumenta o alcance da aplicação por usar sistema de ar comprimido. Ele pode ser de acionamento manual ou elétrico.

Barra

Ele consiste em uma barra com múltiplos bicos de pulverização acoplados a uma mangueira, e podem pulverizar áreas maiores. Eles podem ser acoplados a tratores ou serem autopropelidos.

Autopropelido

O pulverizador autopropelido é o mais utilizado nas propriedades, e apresenta o sistema de barra e um sistema motriz individual, não dependendo da força motriz do trator. Esse método pode alcançar maiores áreas e rendimentos.

Atomizador

Os atomizadores são equipamentos que utilizam ventilação forçada para espalhar o produto a ser aplicado pela lavoura. Apesar de aumentar a deriva de defensivos, o alcance do método é maior.

Aéreos

Esse processo pode ser feito por meio de veículos voadores como drones para pulverização, helicópteros e aviões. Esse tipo de aplicação ainda é um pouco limitado por custos ou por baixo rendimento de aplicação, como para drones.

Foto elaborada pelo autor, com vários pulverizadores agrícolas diferentes
Tipos de pulverizadores agrícolas
(Fonte: Adaptado pelo autor de diversas fontes)

Além desses tipos de pulverizadores, existem técnicas que podem ser envolvidas nos sistemas de pulverização para aumento de eficiência. Uma dessas técnicas é a pulverização eletrostática.

Ela consiste em gerar gotas com cargas elétricas contrárias às das plantas. Isso causa atração eletromagnética entre a gota e a planta, aumenta a eficácia da aplicação e diminui as perdas.

Regulagem de pulverizador agrícola

A regulagem é o último processo antes do uso desse equipamento no campo. Porém, antes disso, há a necessidade de manutenção e limpeza do pulverizador, que garantem um bom funcionamento.

Em primeiro lugar, utilize equipamentos de proteção individual durante a regulagem e aplicação de produtos na lavoura. Os principais fatores a serem regulados em um pulverizador são:

  • Dose de produtos: normalmente presentes nas bulas dos agroquímicos, as doses definem a quantidade do princípio ativo do produto a ser aplicado por hectare;
  • Cobertura: é a quantidade de gotas do produto a ser aplicado por área da superfície-alvo;
  • Tamanho de gota: o tamanho de gota é controlado principalmente pelo tipo de bico a ser usado e a pressão de operação e é definido de acordo com o tipo de produto, estágio de fechamento da cultura, condições ambientais, dentre outros;
  • Volume de calda: o volume de calda é definido para uma área conhecida, por exemplo, em litros por hectare. Ele dependente da dose, da cobertura e do tamanho de gotas;
  • Pressão: a pressão no sistema de barras é importante para definir a vazão do produto e o tamanho de gota e pode ser verificada através do manômetro. Ele indica possíveis perdas no sistema;
  • Vazão: a vazão é o volume aplicado em um certo tempo por um sistema de pulverização. É importante para entregar a quantidade adequada do produto na superfície-alvo;
  • Tipo de bico: o tipo de bico define o espalhamento da calda, o tamanho da gota e o alcance e capacidade de penetração do produto no dossel;
  • Velocidade da máquina: a velocidade da máquina irá controlar a qualidade de aplicação e deve ser levada em conta junto com os parâmetros acima, como vazão.

Os parâmetros atmosféricos também devem ser considerados na definição da regulagem. Velocidade do vento, chuva, umidade e temperatura do ar podem causar problemas na aplicação de produtos, como deriva, evaporação, diluição do produto, etc.

Marcas de pulverizador agrícola: como escolher o melhor modelo para a fazenda

Existem várias marcas de pulverizadores agrícolas comercializados no Brasil: Valtra, Massey Ferguson, John Deere, Jacto, Aral, Stara, New Holland, Case, Jan, Metalfor, PLA, Montana, ServSpray e Pulverjet. Porém, a escolha de um pulverizador deve considerar fatores como:

  • Tipos de culturas agrícolas utilizadas na propriedade: para culturas agrícolas perenes, prefira o uso de pulverizadores atomizadores. Para culturas anuais, priorize o uso de pulverizadores costais ou autopropelidos. Algumas culturas florestais utilizam pulverização aérea;
  • Extensão da área e relevo da propriedade: para produtores médios a pequenos com extensões de terra reduzidas, o pulverizador costal é uma boa opção de custo-benefício. Com o aumento das áreas, há necessidade de um sistema mecanizado  e mais automático;
  • Nível tecnológico da fazenda e da mão de obra: a decisão por investir em sistemas de maior precisão, por exemplo com geolocalização ou mesmo o uso de drones, tem que estar de acordo com o conhecimento da mão de obra e da tecnologia da fazenda;
  • Capacidade de investimento: o investimento em um pulverizador autopropelido é maior que em um costal ou de pistola. Isso deve ser levado em conta no plano de investimento e amortização dos custos nas safras posteriores;
  • Facilidade de assistência técnica na região de atuação: de nada adianta ter maquinários na fazenda se eles não estão aptos a executar suas funções. Muitos problemas podem ser minimizados por manutenções preventivas, mas outras vezes há necessidade de mão de obra especializada. Ter especialistas disponíveis na região da propriedade é de grande valia.

Por isso, consulte sempre os fornecedores e assistentes técnicos para definição do melhor maquinário para sua realidade.

Como escolher o tipo de bico

A escolha do tipo de bico de pulverização é um passo muito importante. Ele está diretamente relacionado à qualidade e homogeneização da aplicação. Os bicos precisam ser bem escolhidos e estar sempre em boas condições.

Caso contrário, de nada adianta ter o produto correto, na dose correta e com a calda bem preparada e aplicado em condições climáticas ideais. Os principais tipos de bico são:

  • cone: pode ser de tipo cone cheio ou cone vazio. Normalmente é utilizado para aplicações de fungicidas e inseticidas;
  • leque: pode ser do tipo leque padrão ou leque uniforme. É normalmente utilizado para aplicação de herbicidas e utilizado em pulverizadores de barra;
  • impacto: os bicos de impacto são bastante abrangentes em suas características, e por isso são utilizados para pulverização de vários tipos de produtos; 
  • indução a ar: é um bico de maior tecnologia que trabalha sob maior pressão. ELe minimiza a deriva do produto, aumentando a eficiência de aplicação;

Alguns fatores são importantes na escolha do bico, como seu material, pressão de trabalho, forma e tamanho de gotas, tipo de jato. Suas condições de desgaste e possíveis entupimentos também devem ser avaliadas. 

Testes prévios são necessários para ver o molhamento executado pelos bicos.

Conclusão

Existem diversos fatores que definem o tipo de pulverizador mais recomendado. A regulagem adequada deles garante uma aplicação mais eficiente na propriedade.

O uso de novas tecnologias como drones e aviões tem crescido bastante. Porém, os sistemas autopropelidos ainda são grandemente usados nas propriedades brasileiras.

Ao fazer a escolha do pulverizador ideal para a sua fazenda, não deixe de realizar a manutenção frequente para garantir a qualidade dos processos.

>> Leia mais: “Moderfrota: veja o que é preciso para conseguir recursos

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Compensação ambiental: saiba o que é e como funciona

Compensação ambiental: conheça os tipos, os valores, como calcular, como é feita e muito mais!

A compensação ambiental é uma ferramenta que possibilita às empresas suavizar danos ao meio ambiente. Isso tudo é feito conforme previsto nos fundamentos do Princípio do Poluidor-pagador.

Para quem produz, ficar por dentro de como funciona a compensação é essencial. Com ela, é possível eliminar o caráter de ilicitude do dano causado ao meio ambiente, desde que seja paga uma indenização

Neste artigo, veja quais são os tipos de compensação, valores, como calcular e muito mais. Boa leitura!

O que é compensação ambiental?

A compensação ambiental é um instrumento financeiro que contrabalanceia possíveis impactos ambientais ocorridos, ou previstos no processo de licenciamento ou cadastro ambiental. Boa parte desses impactos são causados por atividades que usam recursos ambientais.

A compensação é uma forma de flexibilização da regulação ambiental, e foi regularizada depois da criação do Novo Código Florestal. Depois dela, a compensação da reserva legal passou a ser um processo mais seguro.

Essas atividades podem ser consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras. Elas também podem ser capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. Para cada ação de impacto ambiental, é possível uma recompensa em dinheiro.

Objetivos da legislação

O mecanismo financeiro da compensação é amparado pela Lei de Compensação Ambiental 9.9985, de 18 de julho de 2000. Ela institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.

Conforme a legislação sobre o tema, a compensação ambiental não tem por objetivo compensar impactos do empreendimento que a originou.

Ela serve para compensar a sociedade e o meio ambiente pelo uso autorizado de recursos naturais. Sobretudo por empreendimentos de significativo impacto ambiental.

A compensação ambiental é a obrigação de apoiar a implantação ou a manutenção de unidades de conservação pelo Grupo de Proteção Integral.

No caso de dano ambiental ou em virtude do interesse público, a compensação ambiental pode ser utilizada também em unidades de conservação do Grupo de Uso Sustentável. Neste último caso, a unidade de conservação beneficiária deve ser de posse ou domínio públicos.

Quais são os tipos de compensação ambiental?

A compensação ambiental pode ser preventiva ou corretiva. A compensação preventiva acontece antes do dano. Ela é verificada durante os procedimentos, com objetivo de obter licenciamento ambiental para o empreendimento.

Por meio desse procedimento, é possível obter o valor que o empreendimento vai pagar, bem como qual unidade de conservação receberá os recursos.

No caso da compensação corretiva, o dano ambiental já ocorreu. Pode ser, por exemplo, o vazamento de substância tóxica no leito de um rio, degradação do solo, rejeitos de minério ou de agrotóxicos.

Na compensação ambiental corretiva, a empresa é responsável por compensar o dano. Isso pode ser feito através do investimento em uma ação que gere impacto positivo no meio ambiente.

>> Leia mais: “Prad: entenda o que é o plano de recuperação de áreas degradadas

Qual o valor da compensação ambiental?

O valor da compensação corresponde entre 0% e 0,5% do custo total previsto para a implantação do empreendimento. Esses números são conforme o Decreto 6.848, de 14 de maio de 2009.

Assim, ela vai variar conforme o tamanho do empreendimento e o grau de impacto que ele vai causar ao meio ambiente. Os critérios para determinação das unidades elegíveis também influenciam no valor.

Por exemplo, o replantio em áreas degradadas pode custar cerca de R$ 40 mil por hectare. A compensação por servidão ambiental, por sua vez, pode custar cerca de R$ 20 mil reais por 15 anos, quase a metade do replantio.

Conforme a legislação, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade) é responsável por executar os recursos destinados para as unidades de conservação.

Como calcular o valor

A compensação ambiental é calculada em reais (R$) com a fórmula: CA = VR x GI/100.

  • CA é o valor da compensação ambiental (em R$);
  • VR é o custo total da implantação do empreendimento (também em R$);
  • GI é o grau de impacto, adimensional.

O GI corresponde à somatória dos pontos atribuídos aos impactos ambientais que se relacionam com o porte (P), à localização (L) e os fatores ambientais (FA).

Assim, GI = P + L + FA.

Segundo a legislação, os componentes P, L e FA são determinados a partir de tabelas e cálculos adimensionais, sendo: 

Componente Porte (P):

  • Índice relacionado diretamente com as características físicas do empreendimento e com a potencialidade poluidora da atividade a ser desenvolvida.

Componente Localização (L):

  • Este é um critério geográfico, relacionado ao nível de sensibilidade ambiental do local onde será instalado o empreendimento. Ele é acentuado pelo potencial poluidor (PP) da atividade a ser desenvolvida. 
  • Para a análise desse componente, será considerada a área diretamente afetada (ADA) pelo empreendimento.

O valor de L é determinado pela fórmula L= Fl + PP. Considere Fl como fator de localização e PP como potencial poluidor da atividade.

Basicamente, os cálculos do impacto da compensação seguem essas fórmulas.  A inserção de outras variáveis e cálculos relativos à flora, fauna, recursos naturais e fatores atmosféricos e climáticos depende da situação específica.

Como fazer compensação ambiental?

A compensação ambiental é feita por meio do Princípio do Poluidor-pagador. Nesse processo, uma empresa utiliza recursos naturais e retorna recursos para o ambiente, como forma de prevenção ao dano ambiental.

A compensação pode ser feita em áreas preservadas por meio de arrendamento rural, sob regime de servidão ambiental, ou cadastramento de condomínio de outra área.

O mais comum, no entanto, é a compensação das perdas ser feita por meio da destinação de recursos financeiros para manutenção. A criação de Unidades de Conservação também é uma opção.

Assim, o empreendedor é obrigado a viabilizar a existência de uma unidade de conservação de proteção integral. Ele também pode ser obrigado a apoiar a implantação e manutenção de uma unidade de conservação semelhante à área que sofreu o impacto ambiental.

Compensação ambiental e compensação de Reserva Legal

O Novo Código Florestal prevê a utilização de áreas preservadas em processos de licenciamento ambiental para compensação de Reserva Legal, que, conforme o código, é uma área da fazenda onde deve ser mantida a vegetação nativa para preservar o meio ambiente.

A Reserva Legal é obrigatória em todo o Brasil e o seu tamanho varia conforme o tipo de bioma em que está inserida a propriedade rural, independente do tamanho.

Na região da Amazônia Legal, a Reserva Legal corresponde a 80% dos imóveis rurais, e em áreas de Cerrado a 35% da propriedade. Nos demais biomas do país, a porcentagem é de 20%.

Caso essa porcentagem não seja atingida, é possível fazer uma compensação ambiental por meio da compra ou arrendamento de terras, o que resulta na compensação de reserva legal.

Além disso, a Reserva Legal pode ser usada também  para compensação de supressão de vegetação nativa.

Mas a utilização desse procedimento fica a critério dos órgãos ambientais estaduais. Eles podem optar por outras ações, como a compensação por replantio de vegetação, em caso de supressão de áreas com mata nativa.

Geralmente, a compensação por servidão ambiental é mais vantajosa economicamente para o produtor rural, porque as árvores já estão desenvolvidas. O oposto acontece no caso do replantio, quando há o risco de não haver o crescimento das plantas.

Para que esses procedimentos sejam encaminhados, é preciso que seja assinado o Termo de Compromisso de Compensação Ambiental. No termo, são descritas as condicionantes de licença ambiental de instalação ou de funcionamento.

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Conclusão

Os impactos ambientais causados por atividades do agronegócio podem ser compensados de forma satisfatória por meio da compensação.

Quanto menos impacto a atividade causar ao meio ambiente, melhor. Por isso, é necessário que todo empreendimento seja pautado na ideia de sustentabilidade econômica e ambiental.

Assim, será possível conciliar o desenvolvimento que a sociedade necessita para atender às demandas por alimentos ou serviços. Ficar por dentro dessas possibilidades é fundamental para quem produz.

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Como melhorar a qualidade do solo com terraceamento

Como evitar e corrigir a compactação do solo na sua propriedade

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Agrometeorologia: saiba como ela é importante para a produtividade da lavoura

Agrometeorologia: veja a definição, usos e aplicações, importância e potencial para aumento da produtividade

A influência do clima na agricultura é muito delicada, sobretudo porque o clima tem sido cada vez mais extremo e imprevisível. 

Veranicos longos, chuvas torrenciais, ventos muito fortes, temperaturas muito altas ou geadas bruscas têm sido cada vez mais normais.

A agrometeorologia estuda esses fenômenos. Seu conhecimento pode trazer grandes benefícios ao produtor, facilitando suas tomadas de decisão e trazendo vantagens na atividade agrícola.

Nesse artigo explicaremos, em detalhes, os diversos fatores relacionados à meteorologia agrícola. Boa leitura!

O que é meteorologia agrícola?

A agrometeorologia (ou meteorologia agrícola) é a parte da meteorologia que estuda as interações entre o clima e a atividade agrícola. Ela está relacionada à Engenharia Florestal, Agrícola e Agronômica, além da Zootecnia.

Isso inclui o estudo de diversos fatores que formam a condição do tempo atual como:

  • Temperatura;
  • Umidade do ar;
  • Chuva;
  • Vento;
  • Radiação solar.

Ao analisar essas condições ao longo do tempo, é formada a definição de clima, que é estudado pela climatologia.

A agrometeorologia de cultivos estuda as condições ideais e as respostas de cultivos diversos às condições meteorológicas. Isso ajuda a entender sua resiliência e resistência a estes fatores. 

Além disso, a meteorologia agrícola analisa e identifica a formação de microclimas. Microclimas são áreas com condições climáticas específicas e diferentes do clima predominante ao redor. 

São alterações principalmente em parâmetros como temperatura e umidade do ar. Elas acontecem devido a fatores como a cultura agrícola, as características do solo, do relevo, da presença de cursos de água, da face de exposição ao sol, dentre outras. 

Os microclimas são específicos de cada região e podem causar a necessidade de manejos específicos em áreas da propriedade. Por isso, uma análise detalhada de suas formações é essencial.

Agrometeorologia operacional: objetivos

Os objetivos do estudo da agrometeorologia podem ser definidos de acordo com sua aplicação nas atividades agrícolas e no tempo (cronológico). Esses estudos procuram identificar as condições ambientais atuais, passadas e futuras.

Esses conhecimentos são fundamentais na tomada de decisão. Esse processo é chamado de Agrometeorologia operacional. Afinal, ela define as operações agrícolas de acordo com a meteorologia.

Condições ambientais atuais

Ao estudar as condições atmosféricas na propriedade no presente momento ou no futuro próximo, o objetivo é tomar decisões sobre as atividades no curto prazo.  

Exemplos: não se deve fazer pulverização de produtos fitossanitários se houver vento ou chuva.

Condições ambientais passadas

Ao estudar as condições atmosféricas passadas e o impacto delas no comportamento das culturas agrícolas, o objetivo é compreender as melhores maneiras de manejo quando essas condições se repitam. 

Exemplo: quem produz aprende que determinada doença tende a ser mais rigorosa em anos de temperatura mais amena e maior umidade no ar.

Condições ambientais futuras

Ao prever condições atmosféricas futuras, o objetivo é diminuir os impactos delas na atividade agrícola através do planejamento de ações de manejo. 

Exemplo: ao ter informações de que a tendência de geada é grande na região, quem produz pode utilizar da irrigação como método de diminuir os impactos do frio extremo.

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Importância da agrometeorologia dos cultivos

Os estresses causados por condições atmosféricas não ideais aos cultivos agrícolas são diretamente responsáveis por grande parte das perdas de produtividade. São exemplos desses estresses: 

Além disso, outra parte das perdas da produtividade são causadas por ataques de pragas e doenças, que também estão relacionados às condições do ambiente. 

Por exemplo, a cercosporiose na soja, que causa cerca de 30% de perda de produtividade, tem maior incidência em alta umidade e em temperaturas entre 23 e 27 graus.

A agrometeorologia é importante para aumentar a capacidade de compreensão dos produtores sobre a influência do clima. Além disso, ela dá maiores possibilidades de prever e planejar ações de mitigação das perdas, aumentando produtividade.

Foto de uma estação meteorológica, ponto fundamental da agrometeorologia
Exemplo de estação meteorológica
(Fonte: AgSolve)

Quais as aplicações da Agrometeorologia na propriedade?

Você pode se perguntar como aplicar esses conhecimentos na prática. Veja alguns exemplos para ilustrar.

Estação meteorológica ou Agromet, da Embrapa

Cada dia mais o uso de tecnologia no campo tem ocupado seu espaço, principalmente após o surgimento das chamadas Agricultura 4.0 e Agricultura 5.0

Esses conceitos se baseiam bastante no uso de dados detalhados da propriedade para controle e eficiência de processos.

As características do tempo e do clima são cruciais para aumentar a eficiência da produção agrícola. Esses dados podem ser conseguidos, por exemplo, por meio de uma estação meteorológica instalada na fazendo. 

Isso permite o conhecimento das condições a que a cultura tem sido ou será exposta e auxilia na tomada de decisões.

Há também a possibilidade de se obter dados através de sites ou aplicativos gratuitos, como o portal AgroMet da Embrapa. Porém, eles são de abrangência mais geral e não específicos para micro-regiões.

Assim, é comum que muitas fazendas modernas já utilizem dados de estações em combinação com outros sensores para decidir quando e como efetuar atividades. Isso acaba aumentando a eficiência de processos e a produtividade.

Plantio

Data de plantio: normalmente há muitas dúvidas sobre a data de plantio de culturas anuais, principalmente após o início das chuvas após estiagem. Conhecendo as previsões de chuva e os níveis de água no solo, fica mais seguro decidir a data de plantio.

Além disso, conhecer características como temperaturas máximas e mínimas, incidência de vento e insolação e umidade do solo têm muitas vantagens. Por exemplo, fica mais fácil decidir quais culturas serão implantadas em cada área da fazenda.

Manejo

A decisão por irrigar ou não uma lavoura pode ser tomada em conjunto com dados de umidade do ar e do solo, de chuvas acumuladas ou previstas e da evapotranspiração da cultura. 

Além disso, a pulverização não é recomendada em certos níveis de incidência de vento. Se há previsão de chuva ou o molhamento foliar é muito grande, pode ocorrer diluição ou lavagem do produto, diminuindo ou anulando sua eficiência.

Conhecendo as características de umidade do ar e temperatura, fica mais fácil prever a chance de ataque e expansão de algumas doenças de plantas. Esse conhecimento também auxilia na previsão da produtividade.

A combinação de dados como disponibilidade de água, temperatura acumulada e evapotranspiração podem ser usados em modelos para a previsão de produção de lavouras específicas.

Colheita e pós-colheita

A colheita, principalmente de grãos, é bastante relacionada ao grau de umidade das plantas. De posse da informação das últimas chuvas e temperaturas e da previsão pros dias seguintes, fica fácil decidir sobre quando colher com perdas menores.

Ainda, para produtos que demandam secagem, por exemplo, o conhecimento das condições de chuva e temperatura facilitam a decisão de processos. Isso ocorre principalmente em condições de secagem natural.

Foto de terreiro suspenso, com grãos de café
Secagem de café em terreiro suspenso
(Fonte: shutterstock)

Conclusão

Conhecer as condições climáticas de sua região e os microclimas de sua propriedade é um fator crucial para o sucesso da atividade agrícola.

Esses dados, juntamente com novas tecnologias de mapeamento de plantas e solo, são combinados com maquinários inteligentes e geolocalização.

Em conjunto, eles permitem um manejo mais eficiente das lavouras.

Pensando em aplicar a agrometeorologia na sua fazenda? Já sabe por onde começar? Deixe seu comentário abaixo!

Drones agrícolas: Guia completo de uso

Drones agrícolas: conheça os principais tipos, funções na agricultura, valores médios e como conseguir crédito para financiar um.

Com diversas possibilidades de uso, os drones agrícolas podem trazer mais eficiência na gestão da fazenda.

Eles estão entre as principais ferramentas de agricultura de precisão. Afinal, favorecem o aumento da produtividade, a redução de custos e a sustentabilidade ambiental.

O uso de drones agrícolas na aplicação de agroquímicos, fertilizantes, adjuvantes e afins é regulamentado desde 2021 pela Portaria nº 298.

Mas há ainda diversas outras finalidades de uso dos drones agrícolas. Neste artigo, você conhecerá todas elas, os custos e como conseguir financiar um drone agro. Boa leitura!

Qual a função dos drones na agricultura?

A função do drone na agricultura é tornar a gestão da fazenda mais eficiente. Isso é possível por meio dos seus diversos usos. Um exemplo é a aplicação de insumos em taxa variada, monitoramento do índice de vegetação e mapeamento de áreas de plantio.

Mas esta eficiência vai depender de como você utiliza o drone. Por isso, há diversos modelos de drones agrícolas, com finalidades distintas. Tecnicamente, os drones estão incluídos entre os equipamentos chamados mundialmente de Vants (veículos aéreos não tripulados). 

Eles são definidos pela ABA (Associação Brasileira de Aeromodelismo) como veículos capazes de voar na atmosfera, fora do efeito do solo. Eles são projetados ou até mesmo modificados para não receber piloto humano, já que é operado por controle autônomo ou remoto.

Os Vants incluem uma grande variedade de aeronaves autônomas, semiautônomas ou remotamente operadas. No último grupo, enquadram-se os drones, cujos tipos você confere a seguir.

Tipos de drones agrícolas

Os tipos de drones são classificados conforme sua categoria funcional como alvos, sistemas de reconhecimento ou monitoramento, combate, logística ou pesquisa. Com relação aos alcance, os tipos de drones são os seguintes:

  • De mão: alcança 600 m de altura e possui raio de 2 km;
  • De curto alcance: vai a 1.500 m e tem raio de 10 km;
  • Otan: vai a 3.000 m, com raio de 50 km;
  • Tático: 5.500 m e raio de 160 km;
  • Male: 9.000 m e 200 km de raio;
  • Hale: acima de 9.100 m e alcance de raio indefinido;
  • Hipersônico: 15.200 e raio acima de 200 km;
  • Orbital: opera em baixa órbita;
  • CIS: capaz de fazer o transporte lua-terra.   

Além disso, os drones se diferenciam também pelo modelo da asa. Eles podem ser equipamentos de asa fixa ou rotativa.

1. Drones de asa fixa

Os drones de asa fixa são aqueles que se parecem com avião ou asa delta. Eles possuem motor tipo hélice na parte traseira, que o impulsiona para a frente.

Por isso, realizam voos lineares e por maior período de tempo, já que possui sistema de bateria integrado. Geralmente, eles têm 80 minutos de autonomia de voo.

Drones de asa fixa precisam de maior área para pouso e decolagem. Isso confere também maior chance de redução de impactos em uma queda, já que pode deslizar no solo.

Foto de drone agrícola de duas asas pousado sobre grama
(Fonte: Pocket-lint)

2. Drones de asa rotativa

Os drones de asa rotativa podem ser do tipo helicóptero ou multirotor. Eles possuem tecnologia embarcada com diferentes sistemas de captura de imagem. Esses drones de asa rotativa pode ser do tipo:

  • rotor único;
  • tricóptero;
  • quadcóptero;
  • hexacóptero;
  • e octocóptero;

Como você vê, esses drones de asa rotativa são mais variados. Por isso, preste atenção na descrição a seguir sobre cada um deles. 

Drones agícolas sobrevoando campo, com quatro asas
(Fonte: Sensix)

3. Drones de rotor único

São drones semelhantes aos helicópteros, só que numa versão reduzida e não tripulada.  Eles estão entre os mais populares do mercado, e possuem um rotor no interior e uma hélice para estabilização.

Por terem boa capacidade de carga e longa duração de voo, são muito utilizados para voos pairados

4. Drone tricóptero

Os drones tricóptero dividem-se em três tipos, conforme o motor: há os que possuem três controladores, quatro giroscópios e um suporte de pilotagem.

Nesses drones, os motores ficam nas extremidades dos três braços, sendo que em cada um deles há um sensor de localização integrado.

A tecnologia embarcada nesses drones permite fazer com que ele se mantenha estabilizado durante o trajeto, sem necessidade de correções manuais

5. Drone quadcóptero

Os drones quadricópteros possuem quatro lâminas de rotor. Duas movem-se no sentido horário e as outras no anti-horário.

Essa forma de rotação é o que auxilia o quadcóptero a ter uma aterrissagem mais segura. Por ser de fácil fabricação, esse tipo de drone está entre os mais vendidos no mercado.

Além disso, ele apresenta como vantagem boa velocidade em comparação aos demais. Ele também tem força suficiente para carregar alguns assessórios, sem ajustes adicionais. Outra vantagem é que requer baixa manutenção.

6. Drones hexacóptero

Esses tipos de drone têm seis motores: três trabalham no sentido horário e três no anti-horário. Atinge maior altitude, têm mais potência e maior capacidade de carga.

Também são mais velozes e suportam condições desfavoráveis, como ventanias. Por outro lado, possuem um preço mais elevado e necessitam de manutenção frequente.

7. Drones octocóptero

Os drones octóptero têm oito motores, que transmitem a potência para as oito hélices.

A capacidade de voo desses drones é superior em comparação aos demais, além de serem mais estáveis e possuírem alta performance e estabilidade. Ele também é mais pesado que os anteriores. A autonomia de voo varia com a carga e velocidade.

Os octópteros, geralmente, são os mais utilizados para realização de pulverização agrícola com drone. Isso acontece devido a sua capacidade de suportar peso, afinal, seus reservatórios podem ser de até 20 litros.

Quais são os usos do drone agrícola?

O uso de drones agrícolas tem se expandido cada vez mais nos últimos anos, oferecendo benefícios para a gestão de lavouras e a melhoria da eficiência na agricultura.

Por conta da popularidade, os dispositivos estão mais acessíveis e populares, permitindo a otimização das operações e tomada de melhores decisões. Com isso, os drones podem ser usados para:

  • Monitoramento de culturas;
  • Acompanhamento de culturas em tempo real;
  • Mapeamento de áreas;
  • Análise de saúde das plantas;
  • Aplicação de insumos;
  • Planejamento de irrigação;
  • Avaliação pós-colheita;
  • Criação de mapas de solo e levantamento de dados;
  • Análise de crescimento e desenvolvimento da cultura;
  • Gestão e planejamento da lavoura;
  • Detecção de pragas e doenças.

Essa tecnologia não só contribui para o aumento da produtividade, mas também permite um manejo mais sustentável, com uso mais eficiente de recursos como água e insumos, reduzindo impactos ambientais e melhorando a rentabilidade dos produtores.

Drone agrícola para pulverização: Como funcionam?

Na agricultura de precisão, os drones agrícolas multirotores são chamados também de RPA, sigla em inglês que significa aeronaves remotamente pilotadas.

Esses aparelhos são muito utilizados para aplicação de agrotóxicos, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos, sementes e introdução de agentes biológicos na lavoura.

Os drones utilizados na pulverização pertencem à classe 2 (peso de decolagem maior que 25 kg e até 150 kg) e à classe 3 (peso de decolagem até 25 kg).

Uma das vantagens dos drones agrícolas multirotores é que as aplicações deles podem ser feitas em taxas variadas. Isso pode ser feito conforme a necessidade de cada parte da lavoura.

A pulverização com drone agro possui as seguintes vantagens:

  • Vôo entre 3 e 5 metros de altura;
  • Economia de água e produtos químicos;
  • Aplicação mais eficiente, com bicos abaixo das hélices;
  • Redução da deriva de defensivos, com possibilidade de aplicação com ventos de até 30 km/h;
  • Baixo custo (R$ 40 a R$ 150/ha) e eficiência operacional;
  • De 20 até 100 vezes mais rápido que o trabalho manual;
  • Opera em áreas de difícil acesso.

Essas operações favorecem a eficiência na gestão da fazenda com a economia de custos.

A pulverização com drone custa, em algumas regiões do Brasil, entre R$ 40 e R$ 150 por hectare, a depender do que for feito.  O custo pode incluir ainda deslocamento dos profissionais que farão o serviço.  

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Drones de pulverização: segurança nas operações

Os drones ou ARP (aeronaves remotamente pilotadas) dão mais eficiência aos trabalhos no campo, gerando mais economia de tempo e custos, além de menor impacto ambiental.

A operacionalização, independente do modelo ou finalidade do uso, requer cuidados especiais. Esses cuidados vão desde cursos específicos às autorizações oficiais.

A aplicação de insumos com drones deve ser feita por pessoa treinada. Além disso, a aplicação deve ser baseada em procedimentos específicos para garantir a segurança operacional.

Por isso, a Portaria n.º 298 estabelece o que precisa ser feito para operar drones de pulverização. Ela também dá a nomenclatura de cada profissional envolvido na atividade.

  • Caar é um curso do Mapa. É oferecido por entidade de ensino registrada no Mapa para formação de aplicadores aeroagrícolas remotos;
  • Os aplicadores aeroagrícolas remotos são profissionais maiores de 18 anos, aprovados em Caar. Eles acompanham e auxiliam o piloto nas operações aeroagrícolas;
  • Operador de ARP (ou de drone) pode ser pessoa física ou jurídica, agricultor ou empresa rural, cooperativa, consórcio de produtores rurais, prestadores de serviço e órgão governamental, proprietário ou arrendatário de ARP. É quem realiza as operações aeroagrícolas;
  • O piloto remoto é a pessoa que manipula os controles de voo da ARP.

Regras para operadores de drones na agricultura

Segundo a Portaria nº 298, é obrigatório aos operadores de drones possuírem registro junto ao Mapa.

O registro deve ser feito por requerimento ao Sipeagro (Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários). Os requerimentos deverão ser instruídos com:

  1. Contrato social ou documento de comprovação de posse da área rural, no caso de agricultores e empresas rurais operadores de ARP;
  2. Certificado de conclusão do Caar de cada aplicador aeroagrícola remoto;
  3. comprovante de registro do responsável técnico no Conselho Profissional, nos casos de pessoas jurídicas operadoras de ARP; e
  4. Documento comprobatório da situação regular da aeronave da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

A exigência para ter responsável técnico com registro profissional que coordenará as atividades é apenas para as pessoas jurídicas operadoras de ARP.

Conforme a Portaria nº 298, coordenadores ou técnicos executores em aviação agrícola não precisam apresentar certificado de conclusão do Caar de cada aplicador.

Regras para aplicações de agrotóxicos com drones

A Portaria nº 298 proíbe que agrotóxicos, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes sejam a aplicados com drones, em áreas a menos de 20 metros de:

  • Povoações;
  • Cidades;
  • Vilas;
  • Bairros;
  • Moradias isoladas;
  • Agrupamentos de animais;
  • Mananciais de captação de água para abastecimento de população, inclusive reservas legais e áreas de preservação permanente, além de outras áreas ambientais.

Além disso, o local da aplicação precisa ter avisos sobre a atividade, locais de primeiros socorros, números de telefones de emergência e uso obrigatório o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual).

A aplicação de produtos registrados para a agricultura orgânica ou agentes biológicos não precisa seguir as regras acima. Todos os detalhes sobre o voo com a ARP devem ser informados:

  • Local;
  • Horários (início e término do trabalho);
  • Produto utilizado;
  • Dose aplicada;
  • Altura do voo;
  • Tamanho da área;
  • Receituário agronômico;
  • Mapa do local.

Quanto custa um drone agrícola?

Há modelos de drones que custam entre R$ 3 mil a R$ 60 mil, equipados com câmeras RBG ou bandas especiais multiespectrais.

Os drones com sensores hiperespectrais e sistema RTK de georreferenciamento podem variar entre R$ 150 mil e R$ 400 mil.

Geralmente, os modelos de asa fixa possuem preços mais elevados. Porém, o que vai influenciar mesmo no preço dos drones é o seu tamanho e, sobretudo, a tecnologia embarcada. Confira:

ModeloPreço MédioIndicação de Uso
DJI Agras T10R$ 8.000Pulverização de pequenas áreas, ideal para propriedades de pequeno porte.
DJI Agras T30R$ 90.000Pulverização de grandes áreas, com capacidade de carga e autonomia superiores.
F809R$ 10.000 a R$ 15.000Modelos básicos para mapeamento e monitoramento, adequado para iniciantes.
DJI Agras T40R$ 60.000 a R$ 80.000Pulverização de médio a grande porte, com tecnologia avançada e alta capacidade de carga.

IMPORTANTE: A compra de um drone agro pode ser feita com o uso de recursos do Plano Safra, por meio do crédito rural oferecido pelo Inovagro (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária)