Plantio cana ano-meio: Quais as particularidades e orientações para melhorar o canavial

Plantio cana ano-meio: veja dicas para auxiliar no manejo como espaçamento, uso de vinhaça e de torta de filtro, épocas de plantio e mais. 

Você sabia que o Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo? São mais de 8,6 milhões de hectares cultivados (SENAR, 2018).

A cana-de-açúcar é uma cultura com três épocas de plantio: cana de ano (outubro a dezembro – início da estação chuvosa), cana de ano e meio (janeiro a março) e cana de inverno (locais com disponibilidade de água).

A seguir, vamos tratar sobre o plantio cana ano-meio, suas características e dicas para melhor produtividade no canavial. Confira!

Plantio cana ano-meio: definição

A cana de ano-meio é aquela com ciclo de 18 meses, com plantio entre janeiro a março.

No entanto, de abril a agosto (devido ao inverno) o crescimento da cana de ano e meio é lento. 

Assim, a cultura começa a vegetar entre os períodos de setembro a abril, amadurecendo nos próximos meses até completar de 16 a 18 meses.

O plantio cana ano-meio é o mais utilizado pelo produtores rurais, devido às maiores produtividades, mas é necessário um tempo maior para a colheita.

plantio cana ano-meio

Ciclos da cana-de-açúcar e variações na temperatura e pluviosidade da região centro-sul do Brasil
(Fonte: Luis Fernando Sanglade Marchiori)

Vantagens do plantio de cana de ano e meio

No ano, o período de janeiro a março é o melhor para o plantio de cana-de-açúcar.

Isso porque esses meses apresentam temperatura e umidade que favorecem a brotação da cana-de-açúcar.

Essa brotação rápida reduz a incidência de doenças nos toletes, como a podridão abacaxi que é causada pelo fungo Thielaviopsis paradoxa. A doença ocorre devido ao atraso na brotação das gemas, a baixas temperaturas e seca no plantio.

Estádios de desenvolvimento da cana-de-açúcar

Estádios de desenvolvimento da cana-de-açúcar
(Fonte: YARABRASIL, 2016

Quer saber mais sobre o plantio de cana-de-açúcar? Leia também o artigo: Como plantar cana-de-açúcar para altas produtividades”.

Espaçamento do plantio cana ano-meio

O espaçamento utilizado varia de acordo com a fertilidade do solo e com a variedade de cana-de-açúcar, sendo uniforme ou combinado.

Assim, o espaçamento uniforme é aquele em que as distâncias entre os sulcos são iguais em toda área de plantio.

Já o combinado é conhecido como espaçamento abacaxi em cana-de-açúcar, feito com duas linhas de cana plantadas, a 30 cm de distância uma da outra, com espaçamento da entrelinha de 1,50 metros – num total de 1,80 metros. 

O objetivo do espaçamento combinado é de propiciar condições para o controle do tráfego.

Em solos mais arenosos, utiliza-se espaçamento de 1 m ou 1,20 m, pois permitem que a cana-de-açúcar feche mais rápido a entrelinha, reduzindo gastos com o controle de plantas daninhas.

Em solos férteis e nas áreas onde a colheita for mecanizada, o espaçamento deve ser de pelo menos 1,5 m para evitar a compactação e o pisoteamento das linhas.

plantio cana ano-meio

(Fonte: Professor Doutor Alexandrius de Moraes Barbosa)

Épocas de plantio em função dos ambientes de produção

Como sabemos, a cana-de-açúcar possui ambientes de produção e o plantio dos canaviais pode variar de acordo com este fator.

Veja na figura abaixo como o plantio pode variar de acordo com o solo, sua textura, o relevo e as épocas de plantio.

Épocas de plantio da cana-de-açúcar

Épocas de plantio da cana-de-açúcar em função dos ambientes de produção, tipos de solos, drenagem, textura e relevo
(Fonte: Boletim Técnico IAC, 2016)

Adubação de base para plantio cana ano-meio

A adubação na cultura da cana-de-açúcar vai ser diferente se for cana-planta ou cana-soca.

Na cana-planta, ou seja, no plantio da cultura, utiliza-se altas doses de fósforo e potássio, mas baixas doses de nitrogênio.

Já em cana-soca, utiliza-se altas doses de nitrogênio e potássio e baixas doses de fósforo.

Os nutrientes que devem ser fornecidos com a adubação em cana-de-açúcar são: 

  • Nitrogênio; 
  • Fósforo;
  • Potássio;
  • Cálcio;
  • Magnésio;
  • Enxofre;
  • Boro;
  • Cobre;
  • Manganês;
  • Zinco;
  • Molibdênio. 

A quantidade a ser colocada de cada nutriente varia na extração e exportação destes pela cultura. 

Extração e exportação de macronutrientes para a produção de 100 t de colmos
(Fonte: Vitti et al. (2005))

Extração e exportação de micronutrientes para a produção de 100 t de colmos
(Fonte: Vitti et al. (2005))

Quer saber mais sobre adubação de cana-de-açúcar? Leia também o artigo: Adubo para cana: principais recomendações para alta produtividade”.

Uso de vinhaça em cana-de-açúcar

A vinhaça é o resíduo da produção de álcool etílico (etanol), sendo que a cada litro de etanol produzido, 12 litros de vinhaça são gerados.

Desta forma, a vinhaça é aplicada nos canaviais com o objetivo de atingir maiores produtividades e reduzir o uso de fertilizantes nas lavouras.

Além disso, com esse método também é possível reduzir o uso de água para irrigação e aumentar a fertilidade dos solos, o que reduz custos.

Entretanto, deve-se lembrar que há um limite no uso de até 300 m³/ha. O uso em excesso pode causar danos em solos rasos e/ou arenosos, além de contaminação de água subterrânea.

A vinhaça é capaz de fornecer ao solo água e nutrientes, como cálcio, magnésio e potássio, o que contribui para altas produtividades dos canaviais.

Geralmente, é utilizada na cana-soca fornecendo parte do nitrogênio e todo o potássio necessário para o canavial.

Em doses adequadas, as principais vantagens de utilizar a vinhaça no plantio cana ano-meio são:

  • Aumento da produtividade do canavial;
  • Melhora das propriedades químicas e biológicas do solo;
  • Aumento da matéria orgânica;
  • Ajuda na melhora da fertilidade do solo;
  • Aumento do poder de retenção de água pelo solo.
plantio cana ano-meio

Plantio de mudas pré-brotadas de cana-de-açúcar
(Fonte: da autora)

Uso da torta de filtro nos canaviais

A torta de filtro, assim como a vinhaça, também é um resíduo da indústria sucroenergética.

Em sua composição podemos encontrar de 1,2% a 1,8% de fósforo, 70% de umidade, alto teor de cálcio, uma boa quantidade de micronutrientes e 50% de fósforo prontamente disponível para a planta.

Para saber mais sobre o uso de fósforo em cana-de-açúcar, leia também o artigo: Como fazer manejo de fósforo para aumentar a produção de cana”.

A alta concentração de umidade na torta de filtro é muito importante nos plantios realizados durante o inverno, porque precisam da umidade para a brotação.

O método é muito utilizado em cana-planta, na dose de 80 a 100 toneladas/ha. Em cana-soca pode ser aplicada a torta de filtro de 40 a 60 toneladas/ha nas entrelinhas.

Também pode ser utilizada na dose de 15 a 35 toneladas/ha (sulco) em área total.

planilha ponto otimo de renovacao canavial

Conclusão

Neste texto vimos mais sobre o que pode auxiliar o produtor para manter ou aumentar a produtividade dos canaviais, principalmente em plantio cana ano-meio. 

Conferimos também as épocas de plantio, adubação, espaçamento, uso de vinhaça, torta de filtro, entre outras particularidades da cultura da cana-de-açúcar.

O plantio da cana pode ser feito em três épocas e em usinas, com o devido planejamento, todas são utilizadas. Cada uma tem suas particularidades e envolvem alguns cuidados diferentes. 

>> Leia Mais:

5 passos para fazer o cultivo do consórcio cana e milho

Como fazer o melhor manejo da broca da cana-de-açúcar

E você, tem mais dicas sobre plantio cana ano-meio? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Mercado futuro da soja: seu funcionamento e as principais vantagens

Mercado futuro da soja: entenda como funciona, as principais vantagens e desvantagens e como você pode tirar proveito disso para alavancar sua rentabilidade.

E se eu te falar que você pode vender soja sem ter plantado ou comprar um “caminhão” de soja sem ter um silo para guardar?

Pois é, isso é possível no mercado futuro da soja.

Pode parecer complicado no começo, mas no futuro é uma boa maneira de assegurar o preço de venda e faturar no mercado.

Nesse artigo vamos abordar como funciona o mercado futuro da soja e como você, empresário rural, pode tirar proveito disso para aumentar sua lucratividade. Confira comigo!

O que é o mercado futuro da soja?

Sem complicações e em palavras simples, o mercado futuro da soja assegura o preço de hoje para a venda que você fará amanhã.

Mas como isso funciona? Eu explico. Por exemplo…

Vamos supor que hoje a cotação da soja  2019/20 está em R$ 80 por saca de 60 kg e, para o empresário rural, esse é um bom preço. Então prefiro não esperar, porque “vai que o preço despenca quando for vender”.

Assim, pode-se proteger das oscilações do mercado fazendo um contrato de mercado futuro e fixando o preço da soja nos R$ 80 de hoje, mesmo que a venda só se concretize meses depois.

Como veremos a seguir, temos muito o que levar em consideração ao atuar neste mercado, mas podemos tirar bom proveito disso.

Como funciona o mercado futuro da soja?

Assim como para outras commodities, os contratos são negociados na bolsa BM&FBovespa e podem ser relativos à soja Brasil ou à soja da bolsa de Chicago (Estados Unidos). Em ambos os casos os contratos são fixados em dólar.

mercado futuro da soja

(Fonte: AFNews)

Nesse mercado, se negocia soja a granel tipo exportação, com certas especificações de pureza e teor mínimo de óleo. Cada contrato segue as condições da tabela abaixo.

Os contratos em aberto ficam disponíveis no site da BM&FBovespa e o ideal é que você escolha entre esses junto com a sua corretora.

O calendário de negociações segue de acordo com o pré-estabelecido pela BM&FBovespa, disponível aqui, com informações relativas às atividades de negociação, registro, compensação, liquidação e depósito centralizado durante o referido ano.

Vale lembrar que no mercado futuro só existe a liquidação financeira, em primeiro momento, não há a entrega do produto físico. Sendo que isso é um grande atrativo para investidores. 

Se você tiver curiosidade de entrar no site da bolsa, verá que existem vários códigos para designar os produtos e serviços. Parece complicado, mas eu explico.

Como são formados os preços? 

A formação dos preços de qualquer contrato disponível para o mercado futuro da soja depende da cotação do mercado físico, dada pelo indicador da soja Cepea/Esalq-Usp e da proximidade do mês de vencimento do contrato.

Assim, quanto mais alto o valor do indicador do mercado físico, mais o contrato futuro de soja se valoriza.

No entanto, essa valorização é limitada pela proximidade do mês de vencimento. Quanto mais próximo da data, menor a valorização.

Entenda os códigos

O mercado futuro da soja utiliza códigos que indicam o produto negociado, o mês de vencimento e o ano. É importante entender essas siglas para quando for realizar suas operações no futuro.

Veja na imagem abaixo como são formados os códigos:

mercado futuro da soja

(Fonte: Autor, de acordo com as diretrizes da BM&FBovespa)

Desta forma, os meses seguem uma nomenclatura específica, que apresento na tabela abaixo.

meses de vencimento mercado futuro da soja

(Fonte: Autor, de acordo com as diretrizes da BM&FBovespa)

Vale lembrar que a data de vencimento e o último dia para negociação do contrato é sempre o 2º dia útil anterior ao mês de vencimento.

Tarifações e garantias

Para investir no mercado futuro da soja, é exigido que se tenha a garantia mínima de 4.32% do valor do negócio em conta, em ações ou em títulos do tesouro. Também existem tarifações para cada negócio.

Veja as principais tarifas cobradas em operações:

Repare que as tarifas dependem do volume de contratos e do tempo de permanência.

Quais as vantagens e desvantagens do mercado futuro da soja?

Vantagens

Com o mercado futuro da cultura de soja você consegue fixar o preço atual, protegendo-se contra oscilações do mercado.

Pelo fato da liquidação ser apenas financeira e não do produto físico em primeiro momento, isso é interessante para investidores pois não é necessário possuir um silo para comprar ou uma planta de soja para vender.

Assim, há a possibilidade de especular o mercado – como em qualquer investimento na bolsa – o que possibilita alavancar sua lucratividade.

Desvantagens

Como todo investimento, o mercado futuro da soja está sujeito a riscos. Os preços podem subir acima do que você fixou ou, ainda, existe a possibilidade de perder dinheiro com especulações na bolsa.

Por isso, o ideal é entender a dinâmica e o funcionamento do mercado futuro antes de entrar nessa jogada. 

Da mesma forma, especular na bolsa pode ser uma maneira de ganhar mais com a venda ou acordo de compra da soja, mas sempre tenha cautela.

Como investir no mercado futuro da soja?

Se após tudo o que abordamos até agora, você se interessou pelo mercado futuro da soja, decidiu conhecer mais a fundo e investir, o que você precisa fazer é encontrar uma corretora que opere na bolsa.

No site da BM&FBovespa, você encontra uma lista completa de corretoras, basta escolher uma de sua confiança e que trabalhe neste mercado.

A partir disso, faça seus investimentos e tome suas decisões de compra e venda. Geralmente, o contato é por telefone, mas algumas corretoras disponibilizam canais online para fazer suas operações. 

planilha de produtividade da soja

Conclusão

Como conferimos no texto, o mercado futuro da soja é uma opção para quem quer fugir das oscilações do mercado e garantir o preço atual na venda que virá.

E como ressaltamos, é um mercado onde não ocorre a venda física da soja em primeiro momento – há apenas a liquidação financeira do produto. Por essa razão, muitos investidores utilizam esse mercado para especulação e como alavanca para se ganhar dinheiro.

Embora existam algumas garantias iniciais e taxas que devem ser pagas, quando se entende o funcionamento esse mercado se torna um ótimo aliado para aumentar a rentabilidade do produtor e, principalmente, do empresário rural.

>> Leia mais:

“Veja a previsão do preço da soja para 2022″

Venda da soja: como garantir uma boa negociação de forma antecipada”

E você, já comprou ou vendeu no mercado futuro da soja? Restou alguma dúvida sobre este assunto? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço e até a próxima!

Citros/Citrus: Importância e principais dicas para essa cultura

Citros/Citrus: Diferenças, implantação do pomar, espaçamento e outras orientações sobre essa cultura.

Certamente você já se deparou com essas duas palavras, citros e citrus. Mas afinal, existe diferença entre elas? 

A resposta é sim! E com certeza você já sabe que ambas estão relacionadas com laranjas, mas também com as frutas cítricas.

Enquanto uma delas é mais generalista, a outra representa um nível específico dentro da classificação botânica. Ficou curioso? 

Então confira a seguir mais a respeito das frutas cítricas (citros/citrus), quais as principais cultivares, implantação de pomar cítrico, fisiologia e os principais desafios dessa cultura.

Citros e Citrus: Quais as diferenças?

Quando pensamos na classificação biológica, todas as espécies estão enquadradas em reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.

Ao falarmos citros, ou plantas cítricas, estamos referindo a espécies vegetais que pertencem à família Rutaceae em três gêneros: Citrus, Poncirus e Fortunella.

ReinoPlantae
FiloMagnoliophyta
ClasseMagnoliopsida
OrdemSapindales
FamíliaRutaceae
GênerosCitrusPoncirusFortunella

Classificação botânica dos Citros
(Fonte: Swingle, 1967)

Portanto, o termo citros se refere ao grande grupo composto das espécies desses três gêneros.

citros e citrus

Esquema representado Citros x Citrus
(Fonte: elaborado pelo autor)

Já o termo citrus é referente às espécies do gênero Citrus, excluindo as espécies dos demais gêneros. 

Esse grupo engloba as laranjas doces e azedas tais como tangerinas, mexericas, limões e limas, pomelos, toranjas, cidras e seus híbridos.

Grupo Exemplo Nome científico
1) Laranjas doces  
a)     Comuns Hamlin, Pêra e Valência  
b)     Baixa Acidez Lima Sorocaba e verde Citrus sinensis L. (Osbeck)
c)     De umbigo Laranja Bahia  
d)     Sanguíneas Moro e Sanguinello  
2) Laranja azeda Seville Citrus aurantium L.
3) Tangerinas    
a)     Comuns Ponkan e Clementina Citrus reticulata Blanco
b)     Satsumas Satsuma e satsuma owari Citrus unshiu Marchovitch
4) Mexericas IAC-606 e IAC-589. Citrus deliciosa Tenore
5) Limão verdadeiro Feminello, Lisboa e Verna. Citrus limon Lush.
6) Limas    
a)     Ácidas Tahiti e Galego Citrus latifolia Tanaka e Citrus aurantifolia Tanaka
b)     Doces Lima da pérsia e de umbigo Citrus limettioides Tanaka
7) Pomelos    
a)     Pigmentados Ruby e Star Ruby Citrus paradisi, MacFadyen
b)     Não pigmentados Duncan e Marsh
8) Toranjas Oroblanco e IAC-357 Citrus grandis
9) Cidras Etrog e Mão-de-buda Citrus medica
10) Kunquats Nagami, Marumi e Meiwa. Fortunella margarita, Híbrido e F. japonica

Principais grupos hortícolas dos citros, exemplos de cultivares e nomes científicos
(Fonte: Adaptado de Mourão Filho e Mattos Junior)

Implantação de pomar de citros

A fase de implantação do pomar é umas das etapas mais importantes para os cultivos perenes, sejam eles de espécies frutíferas ou florestais.

No caso do pomar cítrico isso não é diferente.

Para os citros, precisamos dar atenção especial para cinco pontos diferentes e você pode conferir o artigo completo sobre como não errar na implantação de pomar aqui!

Algumas dúvidas são mais frequentes que outras, portanto, abordarei duas das mais comuns a seguir.

Qual a distância de uma laranjeira para outra?

A distância entre as laranjeiras, ou o espaçamento, é definido por cinco fatores principais: 

  • A cultivar copa; 
  • O porta-enxerto;
  • O clima; 
  • O solo; 
  • E o manejo utilizado. 

Desde o início da citricultura, muito tem sido feito no sentido de aumentar a densidade dos plantios.

Isso significa ter mais plantas por área, ou seja, adensar. Para isso é necessário reduzirmos o espaçamento.

O adensamento pode trazer vantagens como o aumento da produtividade e rendimento de máquinas.

Entretanto, também pode trazer desvantagens como aumento da incidência de doenças fúngicas e necessidade de aumento da frequência de podas.

Por este motivo, cada cultivar copa apresenta um espaçamento recomendado, mas que pode variar de acordo com os fatores citados.

espaçamentos recomendados

Principais espaçamentos recomendados para as diferentes cultivares de citros
(Fonte: Embrapa Informação Tecnológica, 2005)

Como preparar a cova de mudas cítricas?

As covas para o plantio das mudas cítricas em campo normalmente apresentam as seguintes dimensões: 0,40 x 0,40 x 0,40 m.

Durante o processo de abertura das covas é interessante separar a terra da superfície (0 a 20 cm) da terra situada em maior profundidade (20 a 40 cm).

citros e citrus

Esquema de preparo das covas para o plantio
(Fonte: Embrapa Informação Tecnológica, 2005)

A terra da superfície deve ser enriquecida com adubo orgânico (esterco bovino) e fósforo e ser colocada em profundidade.

Por sua vez, a terra mais profunda não recebe os fertilizantes e é colocada na superfície, podendo ser utilizada para realizar o coroamento pós-plantio.

No caso de grandes áreas, esse preparo é normalmente realizado nos sulcos de plantio, traçados após o preparo das áreas.

>> Leia mais: para saber a respeito da fisiologia geral e do florescimento dos citros, confira o artigo que eu fiz sobre o assunto – Florada do Citros: 3 manejos essenciais para garantir uma boa produção. 

Principais desafios: passado e futuro

Os principais desafios encontrados pela citricultura no Brasil estão relacionados aos aspectos fitossanitários.

As plantas de citros são alvo de uma ampla gama de insetos e patógenos dos mais diversos tipos (como por exemplo, o cancro cítrico).

O histórico do uso de porta-enxertos na citricultura brasileira é um bom exemplo de como as doenças podem interferir negativamente no cultivo.

No início do século XX, a laranja caipira (Citrus sinensis L. Osbeck) era o principal porta-enxerto utilizado. 

Entretanto, sua sensibilidade patógeno Phytophthora spp. obrigou os produtores a utilizarem a laranja azeda (Citrus aurantium L.).

Esta por sua vez, em meados da década de 40, mostrou-se suscetível ao vírus da tristeza dos citros, disseminado por pulgões e que obrigou a migração para o limoeiro cravo.

Porta-enxerto AnoFator limitanteSolução
Laranja capiraInício séc. 20Phytophthora spp.Laranja azeda
Laranja azedaAnos 40Vírus da tristezaLimoeiro cravo
Limoeiro cravoAnos 70Declinio‘Cleópatra’ e ‘Volkameriano’
Limoeiro cravoAnos 2000Morte súbita‘Cleópatra’, ‘Swingle’ e ‘Sunki’

Histórico do uso de porta-enxertos na citricultura
(Fonte: Adaptado de Oliveira et al. (2008), Embrapa)

O limoeiro cravo apresenta a vantagem de ser resistente a estresses hídricos, porém, nos anos 70 e anos 2000, mostrou-se suscetível ao declínio e à morte súbita.

Esses eventos levaram à diversificação dos porta-enxertos e dentre outros, a tangerina cleópatra, o limão volkameriano, o citrumelo swingle e a tangerina sunki passaram a ser amplamente utilizados.

Esse processo de evolução da citricultura em conjunto com as plantas daninhas, pragas e doenças garantiu o desenvolvimento de protocolos e legislações específicas.

Graças à essa legislação, o setor citrícola do estado de São Paulo é um dos mais organizados no que se diz respeito à produção de mudas e controle fitossanitário.

Conclusão

Vimos que as frutas cítricas com destaque para as laranjas, limões, tangerinas e mexericas, têm um enorme peso no agronegócio, gerando empregos diretos e indiretos.

Grande parte das regiões produtoras são tradicionais no cultivo dessas espécies, entretanto novas tecnologias de produção e manejo surgem a cada ano.

Precisamos estar atentos às inovações e trabalhar em conjunto, buscando sempre uma citricultura cada vez mais sustentável e produtiva.

>> Leia mais:

Tudo sobre a produção de laranja pêra

E você já conhecia essas particularidades das plantas cítricas (citros/citrus)? Quais os principais desafios que você enfrenta em sua região? Conte nos comentários abaixo!

GPS agrícola: conheça os melhores tipos e escolha o ideal para sua fazenda

GPS agrícola: diferentes formas de usos no campo, como funcionam e o que considerar na hora da escolha.

O GPS é um sistema muito utilizado no nosso cotidiano, seja no carro, no celular ou na agricultura – auxiliando na gestão de empresas rurais em todo o Brasil.

Sua utilização em propriedades rurais permite a realização de atividades com maior eficiência e economia de recursos.

Mas para ter todos os benefícios, é importante selecionar o melhor para suas atividades, o que depende muito de cada propriedade rural.

Pensando nisso e para te auxiliar na escolha do melhor sistema para sua fazenda, apresentamos vários tipos e usos do GPS agrícola. Confira a seguir!

Utilização do GPS na agricultura

A tecnologia está em todo seguimento e, claro, na agricultura não seria diferente. Ela pode ser amplamente empregada na análise de solo, pulverização, plantio e colheita, e em outras atividades necessários ao longo do ciclo da lavoura.

O uso do GPS (Global Positioning System – sistema global de posicionamento) está entre as tecnologias que mais vêm ganhando espaço na agricultura. Aliado às novas técnicas de inteligência artificial e robótica, os sistemas de posicionamento são o presente e o futuro da agricultura mundial.

Isso porque seu uso permite realizar navegação, medições de áreas, determinar pontos (coordenadas), armazenar dados, entre outras funções.

Com os dados gerados e disponibilizados pelo GPS, é possível que o produtor realize as atividades com maior exatidão e eficiência, além de auxiliar na tomada de decisão.

Dessa forma, o uso do GPS nas atividades agrícolas pode otimizar os processos, facilitar a comunicação entre os envolvidos (produtor, operador, agrônomo, administrador), diminuir erros humanos, reduzir os riscos de algumas perdas agrícolas, entre outros benefícios.

Mas como escolher o melhor tipo de GPS agrícola para sua fazenda?

gps agrícola
Computador de bordo e GPS instalados no trator permitem que o plantio seja realizado de acordo com o projeto traçado, garantindo maior produtividade
(Fonte: Diário da região)

Como realizar a escolha do GPS agrícola

Cada propriedade tem suas particularidades e necessidades. Por isso, para escolher o melhor sistema, leve alguns fatores em consideração:

  • atividade na qual você utilizará o GPS
  • custo-benefício
  • precisão do GPS
  • facilidade na operação
  • facilidade na manutenção/atualização

Você pode ter o GPS agrícola no celular, tablet ou em um aparelho específico. É importante definir qual a função dele na propriedade para determinar qual GPS utilizar e qual deve ser a sua precisão de acordo com a função na fazenda.

Com essa definição, você terá o melhor GPS agrícola para a sua necessidade, potencializando seus benefícios nas atividades de manejo e auxiliando sua gestão agrícola.

Veja alguns dos usos do GPS agrícola no negócio rural.

GPS agrícola na Agricultura de Precisão

Você sabe que as porções da sua propriedade apresentam características diferentes. Por isso, é necessário um sistema de gestão que otimize e aproveite melhor cada porção da área.

É isso que a Agricultura de Precisão (AP) leva em conta. As lavouras apresentam um ambiente desuniforme e necessitam de um manejo que explore essa diferença para aproveitar a área da propriedade na parte econômica e também na sustentabilidade do sistema.

Lembrando que a AP foi viabilizada pelo surgimento do GPS e o seu uso nesse segmento permite o mapeamento da área das atividades agrícolas, localização de pontos nos talhões etc.

Basicamente, qualquer avaliação ou aplicação feita na propriedade pode ser rastreada geograficamente com exatidão. Isso permite a confecção de mapas que ressaltam as características específicas de cada área, com um nível de detalhe comparável à precisão do GPS agrícola.

GPS agrícola com piloto automático

O uso do piloto automático está cada vez mais frequente nas atividades agrícolas e é importante para que a máquina siga um caminho pré-determinado, sem (ou com pouca) interferência do operador.

Basicamente, o sistema de piloto automático funciona por meio de um receptor instalado nas máquinas agrícolas.

Esse receptor recebe sinal de satélite vindo do GPS agrícola e envia as informações de posicionamento ao sistema de direção da máquina, fazendo com que ela siga um caminho pré-determinado, sem a interferência do operador.

GPS Agrícola
(Fonte: Geo Agri)

Algumas vantagens do piloto automático são:

  • redução da fadiga do operador
  • flexibilidade de horário (por ser guiado por GPS)
  • redução no tempo da operação
  • maior produtividade (uniformidade do espaçamento)
  • menor número de manobras

GPS agrícola em aplicações a taxas variáveis

A pressão pelo uso cada vez mais racional de recursos e para a diminuição da aplicação de agroquímicos nas lavouras tem no uso do GPS agrícola um aliado bastante forte. 

A aplicação em taxa diferencial permite entregar apenas a quantidade necessária de produto em diferentes partes da lavoura, de acordo com medições prévias de sanidade, fertilidade ou ataque de pragas.

O sistema de GPS é primordial para concatenar as coordenadas das medições com o controle diferencial da aplicação de produtos, seja por aplicações aéreas ou terrestres.

GPS agrícola para monitoramento de colheita

Em uma área de lavoura, é normal que existam diferenças entre produção máxima e mínima, gerando uma produtividade média ao final do ciclo da cultura.

Mapear áreas em que a produção é mais baixa permite explorar as características específicas delas para potencializar a produção em safras seguintes, ou mesmo ao longo da safra.

O uso do GPS agrícola permite criar mapas de colheita que informam sobre a heterogeneidade da produção. Esses mapas podem ser avaliados junto a outras informações colhidas para detectar os fatores mais limitantes de produção. 

GPS agrícola para uso racional de água

Os sistemas de irrigação também podem se beneficiar do uso do GPS agrícola, permitindo uma irrigação diferencial em cada área, evitando encharcamento ou limitação hídrica, como pode acontecer quando se usa uma taxa única de irrigação.

Seja através da medição da umidade do solo ou de indicadores de teor de água nas plantas, o sistema de irrigação pode ser ajustado para entregar apenas a quantidade recomendada por área.

GPS agrícola no celular ou no tablet

Você pode utilizar aplicativos no celular ou no tablet com a função de GPS agrícola para determinar áreas, coordenadas, pontos, etc., que podem ser gratuitos ou ter um custo de aquisição de acordo com cada aplicativo. 

Veja alguns apps para uso na agricultura:

C7 GPS Dados

O C7 GPS Dados É um aplicativo para obter as coordenadas de pontos isolados (waypoints) ou de trilhas, possibilitando o armazenamento das mesmas em um arquivo GeoTXT.

Com os dados armazenados, é possível calcular a área, o perímetro de polígonos e a distância total percorrida em uma trilha registrada.

GEO AREA

Aplicativo que mede área e pode ser utilizado para estimativa de produção de culturas, medição de área de cultivo e produção agrícola.

A2

O A2 pode ser utilizado para medir a superfície (área), perímetro e distância de terra. Este aplicativo também pode ser usado para medir áreas agrícolas, telhados das casas, lote, entre outras. Oferecido no Google Play por R$ 95,99.

GPS Fields Area Measure 

Um medidor de áreas e distâncias que possibilita ter a distância, perímetro ou área por meio do mapa; ou seja, o aplicativo localiza a área no mapa e indica os pontos para o cálculo da área ou perímetro.

GPS agrícola para pulverização no celular

Realizar a pulverização detalhadamente com o uso do GPS agrícola pode trazer diversos benefícios como a utilização do insumo/produto de forma eficiente, evitando desperdício e falta do produto em alguns locais da lavoura.

Com esta ferramenta, também se pode mapear as áreas que já foram pulverizadas das que não receberam esta operação.

Alguns aplicativos que podem te auxiliar com esta atividade são:

Farm Sprayer GPS

Use no celular ou tablet para controlar a área que foi pulverizada da área sem aplicar a pulverização. Ele também pode ser utilizado para as operações de plantio e adubação.

Cálculo de Pulverização

Aplicativo para a calibração do pulverizador, com o cálculo do volume pulverizado e da vazão do bico. Disponível aqui.

Sprayer Calibrator

App desenvolvido para ajudar o agricultor a escolher e calibrar o bico de pulverização, além de auxiliar a definir a velocidade necessária do trator e a distância entre os bicos. Baixe aqui.

Além desses, existem outros tipos de GPS agrícola que podem auxiliar em sua propriedade. Seguem alguns tipos e marcas a seguir. 

Mercado de aparelhos de GPS agrícola

GPS agrícola AgriBus

A empresa trabalha com tecnologia de aplicações de suporte à operação de trator, controle de dados de operação, receptores GNSS/GPS de alta precisão, equipamento de intertravamento de máquina de operação multifuncional e operação automatizada.

Linha de Produtos AgriBus
Linha de Produtos AgriBus
(Fonte: AgriBus)

Entre os produtos desta marca estão: 

AgriBus-NAVI

Aplicação simples e de baixo custo para o acionamento de trator. É um aplicativo instalado em máquinas agrícolas para ajudar nas operações diretas no campo.

AgriBus-AutoSteer

Opções de direção automática que podem ser adaptadas.

AgriBus-GMini

GPS de ultraprecisão com conexão sem fio.

Além desses, também há navegador web para gravar operações agrícolas e modelos de receptores de GPS.

GPS agrícola Seggna

Empresa brasileira que investiu em GPS nacional para auxiliar a agricultura de precisão. Os modelos Super Challenger and Challenger Pro variam de R$ 5.700,00 a R$ 6.800,00.

GPS Agrícola
Produtos Seggna
(Fonte: Seggna)

GPS agrícola Farmpro

A Farmpro é uma empresa nacional que aplica todo seu conhecimento na área agrícola e industrial, desenvolvendo equipamentos e soluções para as montadoras e ajudando o produtor rural a obter maior produtividade e rentabilidade na sua lavoura.

Produto Farmpro Max7
Produto Farmpro Max7 – preço sob consulta
(Fonte: Farmpro)

Vale lembrar que existem várias marcas, modelos e produtos no mercado além desses. Para escolher, você deve determinar qual é o melhor para sua necessidade e propriedade rural.

Outros fornecedores de GPS agrícola são as empresas Trimble, Verion e Daga Agrinavi, dentre outras.  

Em caso de dúvidas, consulte um profissional especializado.

>> Leia mais: “O que é SIG na agricultura e como essa tecnologia pode ser útil na sua fazenda

Como funciona um GPS agrícola

O GPS é um sistema de orientação por satélite. Resumindo, os satélites enviam sinais de rádio para os receptores (aparelho de GPS), que podem estar no trator ou no celular, e esses interpretam os sinais para determinar a localização.

Na agricultura, os sistemas de posicionamento DGPS (sistema de posicionamento global diferencial), GPS absoluto e RTK (Real Time Kinematic) são muito utilizados.

Na imagem abaixo, veja melhor como funciona o sistema GPS de uma forma geral.

GPS Agrícola
(Fonte: O Globo)

Conclusão

A tecnologia está sendo muito utilizada na agricultura, como é o caso do sistema de GPS.

Neste texto, abordamos seus benefícios, como escolher o melhor para sua fazenda e como ele funciona.

Além disso, comentamos sobre alguns tipos que você pode utilizar na agricultura.

Depois dessas informações, avalie qual a necessidade da sua fazenda com a utilização do GPS agrícola, escolha o melhor para as suas atividades e obtenha os benefícios que este sistema pode trazer para sua empresa rural!

Assine nossa newsletter para receber mais conteúdos como este artigo. Envie o texto para mais pessoas que precisem de dicas sobre o GPS agrícola.

Redator João Paulo Pennacchi

Atualizado em 19 de junho de 2023 por João Paulo Pennacchi

Sou engenheiro eletricista formado pela UNIFEI e engenheiro-agrônomo formado pela UFLA. Mestre e doutor em agronomia/fisiologia vegetal pela UFLA e PhD em ciências do ambiente pela Lancaster University. Atualmente desenvolvo pesquisa na área de fisiologia de culturas agrícolas pela UFLA.

Planilha de custo de produção por hectare: como fazer e modelo pronto para baixar

Planilha de custo de produção por hectare: entenda o passo a passo para você controlar os gastos de sua propriedade e ainda ganhe uma planilha modelo grátis!

É, meu amigo, não é fácil trabalhar de sol a sol e chegar o fim do mês com a conta sem fechar. Mas você já se perguntou onde é que está indo todo esse dinheiro?

A falta de controle do custo de produção pode levar à ilusão da lucratividade quando, na verdade, se está no vermelho.

Pensando nisso, fiz um passo a passo de como controlar seu custo por hectare a partir de um kit gratuito com uma planilha modelo para você começar a controlar suas finanças. Acompanhe!

A importância de controlar os custos de produção

Toda propriedade agrícola deve ser encarada como uma empresa rural, independentemente do porte.

Como em toda empresa, a organização dos processos e controle das finanças é fundamental para o sucesso do empreendimento.

Dentre os aspectos que merecem atenção está o controle dos custos de produção.

Esse controle deve ser feito de maneira simples, anotando tudo em um caderno ou de forma mais organizada, utilizando uma planilha de custo de produção por hectare, por exemplo.

Confira a seguir, como montar uma planilha para controlar seus custos de produção.

Passo a passo para uma planilha de custo de produção por hectare

Existem várias maneiras de criar uma planilha de custo de produção, com mais ou menos detalhamento. O importante é que ela reflita a realidade de sua propriedade, englobando os custos de todas as atividades realizadas.

Para te auxiliar nisso, montamos um kit gratuito com uma planilha modelo para que você possa acompanhar os procedimentos a seguir e ainda fazer a comparação com os custos de outras propriedades do Brasil. Faça o download gratuito clicando aqui.

1. Organize suas informações

Organize as informações de cada atividade que você realiza. Veja na figura abaixo que na nossa planilha modelo podemos inserir a cultura, o ano, se é safra ou safrinha e a área de plantio.


Repare que temos o custo total da safra e por hectare, além de cada tipo de custo separado e sua contribuição para o total. 

O gráfico também facilita a visualização dos dados para extrair informações precisas para a tomada de decisão. Do contrário, seriam apenas vários números, em que ficaria difícil ver alguma coisa…

Mas, para chegar nesse resultado, devemos seguir alguns passos. Confira!

2. Comece pelos insumos

Para começar a lidar com os insumos é interessante ter todo o estoque organizado. Já tratei deste assunto em outros textos, se tiver dúvidas, confira nosso texto sobre gerenciamento rural.

Com tudo em ordem, basicamente deve ser contabilizado quais os insumos e a quantidade utilizada para cada atividade.

Por exemplo, quanto de calcário foi usado em cada área, quanto e qual tipo de adubo foi utilizado, quais vacinas foram gastas com o gado… e por aí vai. 

Desta forma fica simples e é só inserir na planilha.


Observe que a planilha trabalha com os valores por hectare e apresenta o total gasto, mas os insumos são a parte mais fácil de controlar… Vamos ao restante.

3. Custo das operações 

O uso de cada insumo geralmente está atrelado a uma ou mais operações agrícolas. Assim, cada insumo tem um custo associado: da operação para aplicá-lo ou utilizá-lo.

Cada etapa, do plantio à condução da lavoura, demanda uma série de operações. Listadas essas operações, calcule o custo de cada uma delas. Deixe a colheita para uma aba, para o caso de ser terceirizada.

Para isso, precisamos saber o tempo gasto (horas máquina/ha) para cada operação e o custo unitário de hora por hectare (R$/ha). Além disso, o maquinário precisa de manutenção e também gera custos.

Horas máquina por hectare

Na tabela abaixo, segue a nossa sugestão para estimar as horas gastas por hectare para as operações agrícolas.

É lógico que se a realidade de sua fazenda for outra, ou a eficiência maior, sinta-se livre para alterar esses números. Mas tenha muita certeza dos valores antes de alterá-los.

Custo unitário de hora máquina por hectare

Cada hora trabalhada tem um custo associado. Aqui devemos levar em conta a quantidade de diesel gasta, o valor desse combustível e o salário do operador. 

Isso varia de propriedade para propriedade, então cabe a você adaptar a planilha às suas condições. Aqui no Blog do Aegro nós já explicamos em detalhes como saber o custo operacional de máquinas agrícolas. Confira!

Custo com manutenção de máquinas

Sugerimos que você utilize um número médio de manutenções realizadas a cada safra ou a cada ano e o custo médio dessas operações.

Leve em consideração troca de óleo, peças, etc. Tudo entra nessa conta e quanto mais detalhes, melhor.

A depreciação de máquinas, parte importante e muitas vezes esquecida, será tratada a seguir.

4. Juros de custeio da safra e depreciação de máquinas

Na aba que tratamos com “investimentos” na planilha, colocamos os juros de custeio da safra e depreciação de máquinas. Empréstimos ou verbas referentes a financiamentos também podem ser colocados aqui.

A dica neste momento é não esquecer de levar em conta o valor da alíquota e dividir os custos por ano/safra pela área usada em cada ano, para então obter o custo por hectare.

5. Colheita, transporte e armazenamento

Se a sua colheita for terceirizada, o custo disso deve ser computado junto com os outros custos referentes a serviços como transporte, silos, etc.

Assim como nos casos anteriores é necessário verificar a quantidade de horas necessárias para cada operação e o preço pago por cada hora.

Um passo a mais no controle de custos por hectare

Este kit com a planilha que disponibilizamos para download é um modelo para o controle de custo de produção por hectare. Ao explorá-la, você vai notar que utilizamos valores médios e alguns arredondamentos para o cálculo. 

Como a planilha é aberta, o ideal é que você mude os valores para a realidade da sua propriedade para ter uma representação fiel do que está ocorrendo.

Caso sua fazenda já utilize planilhas, você tenha muitas informações ou ainda necessite de um detalhamento maior, somente esta planilha de custo de produção por hectare não será o suficiente. 

Talvez seja o caso de começar a utilizar um software de gestão agrícola, como o Aegro

aegro planilha de custo de produção por hectare

Com este sistema de controle é possível integrar todas as suas finanças, com detalhamento para cada atividade e ainda organizar as operações e o estoque de sua fazenda. 

As informações são agregadas e de fácil visualização, possibilitando maior controle na tomada de decisão.

O Aegro oferece ao empresário rural (produtores, consultores, engenheiros agrônomos):

  • Gestão de patrimônio e de máquinas;
  • Operações agrícolas;
  • Gestão financeira e comercialização;
  • Monitoramento integrado de pragas – MIP;
  • Integração com o Climatempo; 
  • Cotação de seguro rural
  • Anotador – ferramenta para os lançamentos do LCDPR;
  • Imagens de satélite e NDVI;
  • Entre outras funções para o controle da fazenda. 

É possível testá-lo de forma gratuita, por meio de:

Custo de produção agrícola: Controle tudo pelo Aegro!

O seu custo de produção por hectare está muito alto?

Depois de calcular o seu custo de produção com o auxílio da planilha ou software, pode ser que você comece a questionar se não está gastando além do que deveria durante a safra.

A melhor forma de solucionar essa dúvida é comparando os seus números com os números de fazendas que estão próximas de você. Caso as despesas da sua lavoura estejam acima da média, talvez seja a hora de repensá-las.

Para fazer uma análise de mercado rápida e entender melhor o seu cenário, recomendo que você utilize nosso kit comparativo de custos de safra, que permite a comparação com outras fazendas do Brasil.

Ele reúne dados confiáveis de órgãos como a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para te oferecer um comparativo geral de resultados por cultura e região.

Assim, você confere se produziu e gastou mais ou menos que os seus vizinhos.

Sem dúvida, as informações da Conab vão te ajudar a identificar oportunidades de melhoria no seu processo produtivo e aumentar a competitividade da sua lavoura.

Calcule seus custos e compare com outras fazendas

Conclusão

Ao longo do texto você conferiu a importância de se organizar e controlar os custos de produção por hectare de sua propriedade.

Conhecendo as finanças é possível identificar onde melhorar e qual atividade não está dando lucro.

Para isso, pode-se contar com a ajuda de planilhas de controle de custos, como esta que foi disponibilizada para baixar e com o passo a passo de como fazer.

Em alguns casos, um software de gestão agrícola pode facilitar ainda mais a sua vida.

Fato é: não deixe de controlar seu custo por hectare. Isso pode definir o sucesso ou o fracasso do seu negócio.

Como você controla os gastos de sua propriedade? O que achou dessa planilha de custo de produção por hectare? Deixe suas dúvidas e sugestões abaixo. Grande abraço e até a próxima!

ILPF: O que você precisa saber para utilizar esse sistema

ILPF: vantagens e desvantagens, como implantar e indicações para um sistema de integração lavoura-pecuária-floresta. 

A pressão pelo aumento da eficiência na produção, visando maiores rendimentos e a diminuição da abertura de novas áreas para a agropecuária, vem aumentando na cadeia produtiva mundial.

No Brasil, uma das soluções é o plantio direto, a integração lavoura-pecuária (ILP) e mais recentemente o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

A ILPF tem o objetivo de integrar sistemas produtivos, o que pode ser vantajoso para o meio ambiente e para o produtor.

A seguir, veja mais sobre o sistema ILPF e descubra seus pontos fortes e fracos, além de quais os melhores cenários para implantar esse sistema de produção.

O que é ILPF? 

A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) assim como a integração lavoura-pecuária (ILP) inclui diferentes sistemas produtivos em um só. Mas no caso do sistema ILPF, existe o componente florestal.

A ideia da ILPF é de produzir grãos, pastagem para o gado e madeira de forma integrada na mesma área, mas não tudo ao mesmo tempo.

Com a tecnologia atual seria praticamente impossível colocar tudo isso no mesmo balaio e ao mesmo tempo. Produzir diferentes produtos na mesma área em sistema ILPF só é possível quando se escala as culturas ao longo do tempo.

Mas como isso acontece? Bem, as árvores ficarão no sistema o tempo todo e a atividade agrícola e pecuária se alternam em sucessão ou em consórcio ao longo do tempo, nas entrelinhas das árvores.

Na figura abaixo, pode-se ter uma ideia do sistema em que a lavoura é semeada na época do plantio das árvores, até que elas tenham tamanho suficiente para a entrada do gado. 

Após algum tempo, há o desbaste das árvores que retira algumas para usos menos nobres e deixa outras para fins de maior valor agregado. 

E com a entrada de luz que o desbaste proporciona, é que acontece a retomada da lavoura entre as faixas.

ILPF

(Fonte: Embrapa (2012))

Produzir gado, grãos e árvores na mesma área era algo impensável há algumas décadas atrás e, só é possível hoje, graças aos avanços no melhoramento genético, manejo e das máquinas agrícolas.

Quais as vantagens do ILPF?

A inserção planejada de árvores no sistema pode gerar alguns benefícios agrícolas, econômicos e também ambientais à propriedade.

Do ponto de vista da agropecuária, o componente florestal pode agir como uma barreira natural para doenças dispersas pelo vento, protegendo as plantações até mesmo de condições climáticas inadequadas.

As árvores alteram o microclima da área e, se bem manejadas, podem auxiliar muito no bem-estar animal, principalmente de bovinos oriundos de raças taurinas, que são menos adaptadas ao nosso clima tropical.

Do lado econômico, a adição de árvores pode gerar mais rentabilidade na propriedade e diminuir gastos com doenças e pragas de bovinos, já que muitas estão associadas ao estresse ambiental do animal.

Os animais tendem a procurar o conforto térmico e sem áreas sombreadas podem diminuir a ingestão de forragem, diminuindo o ganho de peso ou a produção de leite.

conforto térmico

(Fonte: Embrapa (2012))

Os benefícios ambientais dessa prática são inúmeros e alguns deles, posteriormente,  refletem em ganhos econômicos – são os chamados serviços ecossistêmicos.

  • Aumento da infiltração de água; 
  • Diminuição do escoamento superficial e da erosão; 
  • Aumento nos teores de matéria orgânica no solo;
  • Auxílio na ciclagem de nutrientes do sistema;
  • Entre outros. 

São serviços que a própria natureza gera de forma muito mais barata e eficiente do que se nós mesmos fizéssemos. Os serviços ecossistêmicos estão relacionados com a purificação da água, por exemplo, aumento da fertilidade do solo, etc.

Desvantagens do ILPF

Um sistema com árvores pode ser algo um tanto diferente para quem está acostumado com apenas agricultura ou pecuária na mesma área.

O planejamento do sistema ILPF requer bem mais atenção, já que as árvores permanecerão na área por um longo tempo.

Sistema ILPF mal planejado com excesso de sombra

Sistema ILPF mal planejado com excesso de sombra
(Fonte: Embrapa)

O manejo da área também sofre algumas alterações que trataremos mais adiante, mas resumindo: o sistema ILPF necessita de maior capacitação do produtor para que sua máxima eficiência possa ser atingida.

Outro ponto negativo é a falta de mercado madeireiro em muitas regiões do país, o que certamente dificulta a comercialização da madeira.

Pensando em manejo, o eucalipto é a espécie mais indicada devido ao baixo custo de manejo e de mudas e por conta da tecnologia já acumulada. 

Outras espécies de maior valor agregado como mognos ou cedros exóticos têm maior custo na obtenção das mudas e no manejo, já que essas espécies não apresentam desrama natural, sendo necessário um alto custo operacional e de mão de obra.

Operações como o desbaste e a destoca também podem ser uma desvantagem para a adoção do sistema, pois são onerosas e podem infligir danos ao solo se malfeitas.

Em qual cenário o sistema ILPF é indicado?

O sistema ILPF pode ser adotado por qualquer produtor com capacitação ou assessoria necessária para o empreendimento, além de capital para o investimento.

Mas como já falamos, existem cenários onde o sistema pode maximizar seus benefícios e minimizar pontos negativos.

Um desses cenários é a pecuária leiteira, porque a produção das vacas é altamente influenciada pelo estresse ambiental. 

A pecuária de corte que utiliza gado de origem europeia, também pode se beneficiar do bem-estar térmico ocasionado pelo componente florestal.

Outro fator importante na hora de pensar na viabilidade do sistema ILPF é o mercado madeireiro da região.

Uma propriedade que esteja inserida em uma região com forte mercado de madeiras para fins nobres (construção, movelaria, etc.), tem grandes chances de aumentar consideravelmente os lucros ao final do ciclo de corte das árvores.

Projetando um sistema ILPF

Um sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) se baseia em renques.

Renques são faixas de arborizadas plantadas com grande distância entre elas e podem ser formados por linhas únicas, duplas ou triplas de árvores.

ILPF

Linhas Únicas, Duplas e Triplas de árvores em ILPF
(Fonte: Embrapa (2012))

Deste modo, o projeto de um sistema ILPF deve se basear no ciclo de corte da espécie florestal utilizada e, mais ainda, no número de intervenções que o proprietário está disposto a fazer no sistema.

Por exemplo, espécies de rápido crescimento como o eucalipto, se plantadas com espaçamentos pequenos entre renques vão necessitar de mais desbastes para controlar o sombreamento nas faixas de cultivo.  

Sabendo disso, o recomendado para diminuir a “manutenção” do sistema é utilizar grandes espaçamentos entre renques, acima de 30 metros. 

Outro fator que dita o espaçamento entre as faixas de árvores é o tamanho dos implementos utilizados na propriedade.

O importante é ter em mente que o componente florestal ficará por um bom tempo no sistema, até mais de 10 ou 15 anos visando madeiras com fins nobres. 

Com isso, desenhar e pensar o futuro do sistema é vital para seu sucesso! 

Conclusão 

Neste texto, vimos um pouco mais afundo sobre o sistema ILPF tão falado por aí. 

Como tudo na vida, esse sistema apresenta pontos positivos e negativos que devem ser levados em conta na hora da implantação!

A integração lavoura-pecuária-floresta é uma prova de que podemos produzir o ano todo nos trópicos, além de ser mais um exemplo da força do agro brasileiro.

>> Leia mais:

“O que é e por que investir em tecnologias poupa-terra?”

Se interessou pelo ILPF e quer saber mais a respeito? Deixe seu comentário abaixo.

Deficiência de magnésio na soja: orientações para isso não acontecer

Deficiência de magnésio na soja: conhecendo e sabendo a função do nutriente na sua cultura, fica fácil o sucesso produtivo. 

Plantas bem estabelecidas, ou seja, bem nutridas é o primeiro passo para o sucesso na produção, incluindo no cultivo de soja.

Assim, o magnésio (Mg) está entre os nutrientes cruciais por ser constituinte da molécula de clorofila, essencial para a vida vegetal. 

Sabemos que sua disponibilidade em solos arenosos tropicais ácidos e com baixo teor de matéria orgânica é um pouco limitada. 

Então, o que acha de conhecer mais esse nutriente, suas peculiaridades e formas de aumentar a eficiência na utilização? Confira a seguir!

Importância do magnésio na soja

Bom, o magnésio é o terceiro cátion mais abundante, sendo superado apenas pelo cálcio e hidrogênio. 

Além disso, o magnésio é um elemento classificado como macronutriente secundário, sendo tratado como essencial para as plantas. Mas você sabe o por quê?

Na soja e assim como em outras plantas, o magnésio (Mg) é conhecido como um componente da molécula de clorofila. 

deficiência de magnésio na soja

Estrutura das clorofilas a e b
(Fonte: Scielo)

O magnésio exerce ainda outras funções, como a ativação enzimática que atua como cofator de enzimas fosforilativas, que estão relacionadas à carga energética da célula (ATP ou ADP).

Além desta, outra função desse nutriente está relacionado à assimilação de CO2 e dos processos relacionados à produção de açúcar e amido, importante pois o magnésio ativa a RuBP carboxilase. 

Desta forma, podemos dizer que o magnésio está associado a várias atividades das plantas que requerem e fornecem energia, a exemplo da fotossíntese, respiração, síntese de moléculas (proteínas, lipídeos, carboidratos) e absorção iônica. 

Percebe-se que o Mg é de grande importância para as culturas, como podemos ver abaixo na tabela que consta os valores de composição da soja, chamando a atenção para magnésio que é o 7° em valor. 

Composição elementar de uma cultura de soja

Composição elementar de uma cultura de soja (31 de grãos e 51 de restos, matéria seca)
(Fonte: Prof. Faquin – Nutrição Mineral de Plantas)

Como identificar deficiência de magnésio na soja

Inicialmente ocorre uma coloração verde-pálido nas bordas, evoluindo para uma clorose marginal nas folhas mais velhas, em seguida a clorose avança para dentro das folhas, entre nervura. 

deficiência de magnésio na soja

(Fonte: Geagra – UFG)

Os sintomas iniciais se manifestam nas folhas basais, porém com prosseguimento dos sintomas de deficiência as folhas novas são afetadas devido à baixa produção de clorofila.

Esta ordem dos acontecimentos quanto dos sintomas de deficiência indicam que o Mg, assim como o nitrogênio (N) e o fósforo (P), é móvel na planta. 

Em alguns casos a deficiência de Mg pode induzir a formação de pintas que lembram ferrugem e manchas necróticas irregulares podendo aparecer entre as nervuras, nos folíolos intermediários e no topo da planta.

Outro sintoma causado pela deficiência de Mg em soja é uma aparente maturação precoce.

Além disso, pode ocorrer o enrugamento das margens das folhas para baixo e o amarelecimento das folhas partindo das margens para o interior, havendo um bronzeamento de toda a superfície da folha. 

Em solos arenosos tropicais ácidos e com baixo teor de matéria orgânica é mais frequente a deficiência de magnésio, assim como de cálcio, mas pode ser prevenido pela correta aplicação de calcário.

Também é comum notar deficiência de Mg em cultivos de soja em solos com baixo teor de magnésio (Mg < 8 mmolc dm-3) e/ou baixa saturação (Mg/CTC < 13%) e relação Mg/K menor que 3,0. 

Fonte de magnésio para adubação na soja

A principal forma de disponibilizar magnésio é por meio da aplicação de calcários, ou seja, via solo.

Mas para solos que demandam mais do que o fornecido pelos calcários, deve-se realizar a aplicação adicional dessa adubação com fertilizantes. 

Atualmente no mercado existem diversos produtos que fornecem magnésio de forma isolada e/ou com algum nutriente, como mostra a tabela a seguir. 

Fonte% de Mg
Calcário calcítico 2
Calcário magnesiano 3-7
Calcário dolomítico >7
Sulfato de magnésio 9-16
K-Mag18
Termofosfato 19
Hidróxido de magnésio69,1
Multifosfato magnesiano(Fosmag)5-3,5
Óxido de magnésio (Magnesita)50-90
Silicato de magnésio 40,2
Sulfato duplo de potássio e magnésio 11
Nitrato de magnésio 9,3

(Fonte: do autor – compilado da Microquímica com Agrolink)

A principal aplicação de magnésio é via solo, porém existem alguns produtos que podem ser aplicados via adubação foliar, a exemplo do sulfato de magnésio. 

Em estudos, relata-se que há efeito positivo de aplicação via foliar como mostra os dados e gráficos abaixo, entretanto muito ainda se discute sobre isso. 

Descrição dos tratamentos para avaliação de doses de magnésio aplicado foliar em três estádios na cultura da soja
(Fonte: Fundação MS)

deficiência de magnésio na soja

(Fonte: Fundação MS)

Fatores que aumentam a eficiência do magnésio na soja 

Alguns pontos devem ser considerados quando se busca eficiência na utilização do Mg na soja, sendo eles:

1- Condições ideais de pH para disponibilização do magnésio situado em valores superiores a 5,4. 

2- Além do pH, a saturação de magnésio mais adequada à cultura da soja são as seguintes:

CTC < 80 mmol dm-3  ,o Mg apresenta-se na faixa de 13% a 18% e 
CTC > 80 mmol dm-3  ,o Mg apresenta-se na faixa de 13% a 20%

3- Interações nutricionais: 

Fósforo x Magnésio

Entre esses dois nutrientes ocorre a interação chamada de sinergismos, isto é, a absorção de fósforo (P) é máxima em solos que apresentam teores adequados de magnésio. 

O Mg é um carreador de P, porque o Mg participa da ativação das ATPases da membrana responsáveis pela absorção iônica.

absorção de fósforo em função da concentração de Mg

Velocidade de absorção de fósforo em função da concentração de Mg na solução nutritiva
(Fonte: AgroMag)

Magnésio x Cálcio x Potássio

Para a cultura da soja, a relação entre os nutrientes magnésio, cálcio e potássio varia de acordo com a CTC (capacidade de troca catiônica), sendo os valores seguintes:

  • Em solos com CTC menor que 80 mmol dm-3, a relação Ca/Mg e Mg/K mais adequada à cultura da soja é de 1 a 2 e de 5 a 10, respectivamente.
  • Em solos com CTC maior que 80  mmol dm-3, a relação Ca/Mg e Mg/K mais adequada é de 1,5 a 3,5 e de 3 a 6, respectivamente.

Causas do excesso do magnésio na soja 

Normalmente, casos de excesso de magnésio são raros, porém essa situação pode ocorrer.

Com a utilização contínua de calcário com relação cálcio/magnésio de 1:1 e fazendo cálculos baseados somente no valor de Ca, tem-se uma superestimação da quantidade aplicada de Mg.

Como consequência, isso pode ocasionar deficiência de potássio e comprometer a sua produção de grãos. 

E como evitar isso? Fazendo o monitoramento visual e, ainda, aliando com análises de laboratório, tanto de solo quanto foliar, para que possa ser tomada as providências para a próxima safra, principalmente sobre a escolha do calcário a ser utilizado.

planilha de produtividade da soja

Conclusão 

Neste artigo, vimos a importância do Mg para as plantas, elencamos as principais formas de identificar a deficiência de magnésio nas plantas de soja e também informamos algumas fontes do nutriente.

Também pontuamos características que aumentam a eficiência na utilização de Mg na soja.

>> Leia Mais: 
Como identificar e evitar a deficiência de boro na soja
Manejo do zinco na soja: Como utilizá-lo para potencializar sua produção

Já ocorreu deficiência de magnésio na soja em sua lavoura? Como vem trabalhando com esse nutriente em sua plantação? Deixe o seu comentário abaixo!

Agroquímicos: importância, problemas e alternativas

Agroquímicos: veja mitos e verdades do uso no agro e conheça os principais produtos e aplicações.

Cada vez mais nos deparamos com manchetes alarmantes a respeito deles nos noticiários, envolvendo casos de poluição ambiental e até intoxicação em humanos.

São os agroquímicos, agrotóxicos, defensivos agrícolas, ‘praguicidas’ ou pesticidas’.

Mas afinal, o que são todos esses nomes? Esses produtos são bons ou ruins? Devemos amá-los ou odiá-los?

Em tempos de extremismo e fake news devemos sempre buscar informações porque, como já disse o filósofo Francis Bacon, “saber é poder”.

Confira a seguir um pouco mais a respeito do que são os agroquímicos, por que precisamos deles e que nem tudo são flores.

O que são agroquímicos?

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pela Lei Federal 7.802 de 11.07.89, os agroquímicos são definidos como:

produtos ou agentes de processos físicos, químicos ou biológicos utilizados na produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagem e proteção de florestas (…) cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos”.

Ou seja, são produtos que quando aplicados atuam no sistema agrícola modificando beneficamente o sistema produtivo.

Além de definir o que são, esta lei traz informações a respeito da pesquisa, produção, rotulagem, transporte, armazenamento e inúmeros outros tópicos.

Lei Federal 7.802 de 1989

Disposições a respeito dos agroquímicos da Lei Federal 7.802 de 1989, regulamentada pelo decreto Nº 4074/2002
(Fonte: Mapa e Menten et al., 2011)

Agora que já sabemos o que são os agroquímicos, podemos seguir em frente e explorar quais os principais tipos existentes no mercado.

Principais tipos de agroquímicos

Como a própria definição deixa explícito, a principal função desses produtos é alterar a composição da flora e fauna na produção agrícola.

Portanto, os agroquímicos podem ser enquadrados em algumas categorias, de acordo com o seu alvo sendo: fungicidas, inseticidas, herbicidas e outros.

Pragas dos cultivos agrícolas e seus defensivos

Principais pragas dos cultivos agrícolas e seus respectivos defensivos
(Fonte: CropLife Brasil)

Fungicidas

Os fungicidas atuam principalmente no controle e prevenção da ocorrência de fungos fitopatogênicos nos cultivos agrícolas. 

As demandas variam de cultura para cultura, principalmente nos diferentes níveis de sensibilidade das plantas aos patógenos.

São produtos requisitados de norte a sul do país, pois as condições climáticas brasileiras permitem o desenvolvimento destes fungos na maioria dos ambientes.

Inseticidas 

Inseticidas, por sua vez, são mais comuns em nosso dia a dia, pela razão de que muitas pessoas os possuem em suas casas.

É claro que as fórmulas bem como as doses e formas de aplicação utilizadas são bem diferentes que no campo, mas o princípio é o mesmo: prevenção e controle de insetos.

Os insetos, bem como os fungos, podem ser extremamente prejudiciais aos cultivos agrícolas quando não controlados e aparecem por todo o país.

Herbicidas

Junto com os fungicidas e inseticidas, os herbicidas são ferramentas essenciais para as práticas agrícolas, realizando o controle de plantas daninhas.

Quando não controladas, as plantas daninhas competem com os cultivos por água, luz e nutrientes, fazendo com que os cultivos não atinjam a produtividade máxima.

Outros produtos

Nessa categoria podemos enquadrar uma série de produtos que auxiliam as aplicações de modo a torná-las mais eficientes.

Os óleos espalhantes, adjuvantes, antiespumantes, sequestrantes e reguladores de pH são responsáveis por garantir maior eficiência e uniformidade no processo.

Importância do uso dos agroquímicos

Os agroquímicos são utilizados na agricultura desde o século XIX na forma de produtos inorgânicos, como o sulfato de cobre (principal componente da calda bordalesa).

Entretanto, o crescimento da população mundial associado ao aumento da expectativa de vida trouxe à tona um enorme desafio: como alimentar todas essas pessoas?

Perante essa necessidade, as alternativas eram expandir as áreas cultivadas ou aumentar a produção nas áreas já cultivadas.

A expansão das áreas traria prejuízos ambientais, principalmente no que diz respeito ao desmatamento, portanto, buscou-se o aumento da produção das áreas existentes.

Assim, a fim de aumentar a produtividade, precisamos reduzir as perdas e garantir um ambiente propício para o desenvolvimento dos cultivos.

Como grande parte dos trabalhos e pesquisas científicas indicam que as perdas de produção referente à ação de pragas chegam ao redor de 30% a 40%, a estratégia foi reduzir a ação dessas pragas nos cultivos agrícolas pelo uso de agroquímicos.

No Brasil, segundo dados do Ipea, um quinto do PIB nacional depende do agronegócio, tendo como base o cultivo e venda de commodities como soja, milho, laranja, café, entre outras culturas.

principais cultivos agrícolas do Brasil - IBGE - agroquímicos

Principais cultivos agrícolas do Brasil em volume de produção
(Fonte: Censo Agro IBGE (2017))

Esses cultivos dependem, e muito, dos agroquímicos, principalmente devido às grandes áreas cultivadas, o que dificulta a realização de outros tipos de manejo.

A tecnologia presente nos agroquímicos é extremamente eficiente, trazendo excelentes resultados de produção.

Mas, nem tudo são flores, o uso intensivo ou equivocado de agroquímicos pode trazer prejuízos irreparáveis.

Problemas relacionados ao uso de agroquímicos

Os principais problemas relacionados ao uso dos agroquímicos estão associados à saúde humana, ao meio ambiente e ao aparecimento de resistência de pragas.

O uso inadequado dos produtos afeta negativamente o sistema produtivo, deixando mais resíduos e atuando muitas vezes onde não devia.

A poluição ambiental por agroquímicos, seja do solo ou das águas, deve-se principalmente ao uso exagerado e inadequado.

agroquímicos

Exemplo de aplicação inadequada de agroquímicos, sem o uso dos equipamentos de proteção recomendados
(Fonte: Mundo Educação)

O não respeito às normas de aplicação, com o uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s), expõe os trabalhadores a riscos desnecessários.

Além disso, a utilização indiscriminada de agroquímicos pode induzir a resistência das pragas, patógenos e daninhas aos produtos, tornando-os ineficientes no controle e exigindo doses cada vez mais altas para atingir o mesmo efeito.

Para entendermos melhor, podemos traçar um paralelo entre os agroquímicos e os antibióticos

Ambos possuem ingredientes ativos que atuam sobre os organismos de modo a eliminá-los.

Da mesma forma que não tomamos antibióticos sem orientação médica, os agroquímicos também devem ser utilizados sob orientação e recomendação de engenheiros agrônomos.

Principais alternativas aos agroquímicos

Graças à pesquisas, é possível tornar a agricultura menos dependente dos agroquímicos.

Os agroquímicos, ou controle químico, não é a única ferramenta disponível para o manejo das pragas, plantas daninhas e doenças em nas lavouras.

Diferentes técnicas podem ser aplicadas para a realização do manejo como o controle físico, biológico, mecânico e cultural.

agroquímicos - manejo integrado

Principais técnicas aplicadas para realização do manejo integrado
(Fonte: AMICI Mecanização Agrícola)

Quando aplicadas juntas, ou alternadas, essas técnicas formam o chamado manejo integrado, que pode ser utilizado para o controle de pragas, doenças e até plantas daninhas.

O manejo integrado das lavouras faz uso racional dos agroquímicos, tornando a agricultura mais sustentável, aliado ao desenvolvimento de novas tecnologias de aplicação que podem auxiliar na redução do volume de agroquímicos utilizados.

Outra saída para a redução do uso de agroquímicos está associada ao desenvolvimento de novas moléculas, mais eficientes e menos tóxicas.

controle biológico

Exemplo de controle biológico: vespinhas de Trichogramma parasitando ovos de lagartas
(Fonte: Embrapa)

Porém, além do custo envolvido é um processo demorado, sendo uma alternativa a longo prazo.

A agricultura orgânica, que se baseia no cultivo totalmente livre de agroquímicos, também pode ser uma alternativa viável para frutas e verduras.

Entretanto, os orgânicos conseguem – em sua maioria – fornecer maior variedade do que volume, e muitas vezes a sazonalidade é maior.

planilha de compras de insumos

Conclusão

Os agroquímicos fazem parte da realidade da produção de alimentos do Brasil e do mundo.

Entretanto, deve-se saber ponderar o seu uso e fazê-lo de forma correta – apenas quando necessário.

Finalmente, vimos que é preciso buscar o equilíbrio entre as técnicas de manejo para tornarmos a agricultura mais sustentável e segura para todos.

E você, qual sua opinião sobre os agroquímicos? Utiliza outras técnicas de controle, além do químico, em sua lavoura? Conte pra gente nos comentários!