Tudo o que você precisa saber para controlar a larva arame

Larva arame: conheça as características, como identificar sintomas de ataque, como monitorar e fazer o controle efetivo dessa praga

A larva arame é uma praga inicial que danifica as sementes logo após a semeadura. O sistema radicular do milho e de outras gramíneas também é afetado.

Essa praga pode causar a morte de plantas. Como consequência, há grandes perdas econômicas.

As medidas do MIP (Manejo Integrado de Pragas) devem ser planejadas antes da semeadura. 

Por isso é importante conhecer bem as características e os danos causados pela larva.

Ao fim do artigo, você saberá como identificar e monitorar a larva arame e poderá tomar a decisão de quando e como controlá-la. Confira!

O que é a larva arame e quais suas características

A larva arame é uma praga perigosa para culturas de importância econômica.

Ela pertence à família Elateridae, principalmente aos gêneros Conoderus spp. e Melanotus spp.  Na fase adulta, são besouros.

Inseto adulto da larva arame

Inseto adulto da larva arame
(Fonte: Flickr)

Dependendo da espécie, o inseto adulto mede entre 6 mm e 19 mm. Possui corpo alongado e coloração marrom avermelhada, ou mais escura.

Durante o verão, as fêmeas depositam centenas de ovos brancos e esféricos no solo, agrupados de 20 a 40. Desses ovos eclodem as larvas praga.

Antes de se tornarem adultas, as larvas vivem no solo e se alimentam apenas de raízes e sementes de plantas.

No início da fase larval, possui coloração esbranquiçada. Quando completamente desenvolvida, sua cor muda para marrom-amarelada.

O corpo da larva mede até 2 cm de comprimento. É cilíndrico, fino e rígido. Por isso a denominação “larva arame”.

Larva arame em diferentes estágios

Larva arame em diferentes estágios
(Fonte: Insect Images)

Ataque da larva arame

As culturas em que esse inseto assume importância econômica são, principalmente:

  • milho;
  • trigo;
  • arroz;
  • batata.

As raízes destas culturas são afetadas pela alimentação do inseto.

Sintomas e danos 

Nas culturas do milho e do arroz, os danos são mais severos nas lavouras com sistema de integração com pastagem. Os danos acontecem majoritariamente no início da primavera.

As larvas se alimentam de sementes germinando, raízes e mudas jovens

O dano pode ser direto, com redução de crescimento e/ou morte da planta. Também pode ser indireto, deixando uma porta de entrada para patógenos no local do ferimento.

Plantas jovens são mais suscetíveis. Na lavoura, você poderá perceber plantas atrofiadas que costumam ser roxas ou escuras. 

Você também pode notar fileiras com plantas subdesenvolvidas ou mortas.

No milho, os danos ocorrem desde a semeadura até a fase V2/V3.

Uma inspeção mais detalhada revela buracos nas sementes, raízes e caules inferiores. Esses sinais confirmam o ataque da praga.

Dano da larva arame no milho

Dano da larva arame no milho
(Fonte: Universidade de Minnesota)

As plantas ficam atrofiadas, pouco desenvolvidas e o estande é reduzido. Como consequência, ocorre a perda de rendimento da cultura e perda econômica.

Monitoramento da larva arame

Utilize o MIP (manejo integrado de pragas) como rotina na sua fazenda. 

O monitoramento das pragas é a chave para controlá-las. Faça isso antes de causarem danos à plantação.

Para monitorar essa e outras pragas subterrâneas, colete uma amostra de solo de 30 cm x 30 cm a aproximadamente 10 centímetros de profundidade. 

Faça isso em alguns pontos da lavoura durante a pré-safra.

A média de uma larva por amostra é suficiente para reduzir o estande de plantas e causar danos econômicos.

Para te ajudar neste controle, preparamos uma planilha gratuita. Para baixar, clique na figura a seguir!

Você também pode automatizar esse controle com uso de um software de gestão agrícola como o Aegro

Com o sistema de monitoramento de pragas do Aegro você pode:

  • registrar o monitoramento e armadilhamento da lavoura pelo celular;
  • gerar relatórios sobre a incidência das pragas-alvo;
  • descobrir o momento certo para pulverizar, reduzindo seus custos com defensivos.

Além disso, você mantém um histórico de pragas e de aplicações feitas em cada talhão da lavoura. 

O MIP do Aegro pode ser testado gratuitamente por 7 dias. Peça agora uma demonstração e faça uma experiência gratuita!

Formas de controle

Caso identifique pelo menos uma larva arame por amostra, existem diferentes medidas de controle que podem ser tomadas:

  • manejo preventivo;
  • controle cultural;
  • controle biológico;
  • controle químico.

Proceda com o controle prontamente após detectar a presença da praga, e preferencialmente, antes da semeadura.

Entenda as medidas de controle com detalhes a seguir!

Manejo preventivo e controle cultural

Em áreas irrigadas ou com problema de excesso de umidade, controle a umidade da camada arável. 

Isso obriga o inseto a se aprofundar no solo, protegendo a raiz no início do desenvolvimento.

Elimine hospedeiros alternativos e plantas voluntárias que precedem a safra. Elimine também a destruição dos restos culturais logo após a colheita.

Prepare o solo (quando no planejamento de safra) com arado e/ou grade, expondo a praga a predadores e ao sol.

Caso utilize o plantio direto, integração pasto/lavoura ou mantiver plantas de cobertura, fique de olho. Nem sempre as duas últimas formas de manejo são possíveis. 

Planeje bem os manejos pré-plantio, para evitar danos o quanto antes.

Controle biológico

O controle biológico tem ganhado bastante força nos últimos tempos. Ele faz parte do conjunto de boas práticas no controle de pragas do MIP.

Coleópteros da família Staphylinidae, comumente chamados de “potós” ou “besouros-do-casaco”, são insetos carnívoros. Eles se alimentam de diversas pragas, incluindo a larva arame.

Besouro predador da família Staphylinidae

Besouro predador da família Staphylinidae
(Fonte: UFV)

Larvas da mosca-estilete (Therevidae) e algumas espécies de nematoides também são predadoras da praga.

Há grande expectativa no uso do fungo entomopatogênico Metharizium anisopliae para o controle da larva arame. 

Os bioprodutos hoje são formulações com estruturas de reprodução do fungo.

Use adequadamente esta tecnologia, de acordo com as recomendações do fabricante.

Bioproduto à base de Metarhizium anisopliae

Bioproduto à base de Metarhizium anisopliae
(Fonte: Koppert)

Controle químico

Antes de decidir pelo controle químico, considere uma abordagem integrada com os outros métodos citados anteriormente.

Faça o tratamento de sementes (TS) com inseticida sistêmico. Assim, você evita que a praga ataque a semente e as raízes da planta recém-emergida. 

Isso garantirá um bom controle da população da praga.

Semente de milho tratada

Semente de milho tratada
(Fonte: Pioneer)

O ingrediente ativo imidacloprido (neonicotinoide) + tiodicarbe (metilcarbamato de oxima), como o Cropstar da Bayer, é uma boa opção.

Somente o tiodicarbe (Futur 300, Luger 350, Pontiac 350) também é muito eficiente no controle de pragas iniciais na cultura do milho.

Realize tratamento químico para controle da larva arame sempre antes da semeadura ou durante no sulco, de forma preventiva. A aplicação curativa não é eficiente.

Essa prática tem a vantagem de aplicar mais ingredientes ativos próximo à semente e raízes

Ela tem maior persistência do que o tratamento de sementes, e protege as plantas por mais tempo.

Use inseticidas granulados indicados para a cultura. 

O ingrediente ativo Fipronil é uma opção com bom controle de pragas iniciais no milho. Produtos organofosforados (clorpirifós) também são eficientes no controle.

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Conclusão

A larva arame ataca sementes e raízes de milho, principalmente, batata e outras gramíneas.

O seu ataque afeta o vigor e reduz o estande de plantas, causando perdas econômicas consideráveis.

O planejamento, regularidade de monitoramento e integração de práticas de manejo é muito importante para o controle da praga.

Controle cultural, biológico e químico são recomendados para controlar a população da larva arame.

O controle químico deve ser feito de forma preventiva, aplicado no sulco de semeadura ou logo após a semeadura.

Sempre siga as recomendações da bula e instruções de um engenheiro-agrônomo para aplicação de produtos químicos.

>>Leia mais:

“5 pragas agrícolas resistentes a defensivos agrícolas e como combatê-las”

Já passou por problemas com a larva arame na sua lavoura? Espero que esse artigo ajude a planejar a próxima safra. Assine nossa newsletter para receber conteúdos semelhantes!

Saiba tudo sobre o ácaro azul das pastagens, uma praga emergente no Brasil

Ácaro azul das pastagens: conheça mais suas características, as culturas mais afetadas e a melhor forma de controle

O ácaro azul das pastagens é uma praga ainda pouco conhecida no Brasil, mas já presente em algumas lavouras. 

Seu ataque pode causar morte de folhas e de plantas inteiras.

A presença do ácaro azul gera perdas de produtividade e lucratividade. Além disso, afeta as culturas de inverno, principalmente cereais e pastagens.

Neste artigo, você irá conhecer o ácaro azul das pastagens, saber como identificar e também ver as melhores práticas de manejo e controle. Confira a seguir!

Características do ácaro azul das pastagens

O ácaro azul das pastagens (Penthaleus major) é uma espécie da classe Arachnida (mesma das aranhas e escorpiões) e da família Penthaleidae. 

Ele não é um inseto, e sim um aracnídeo.

Também conhecido como ácaro dos grãos de inverno ou ácaro azul da aveia, é uma praga presente no mundo todo.

Adulto do ácaro azul das pastagens

Adulto do ácaro azul das pastagens
(Fonte: ScienceImage)

Poucas são as informações disponíveis sobre o ácaro. Segundo estudos, duas gerações são formadas por ano e atacam principalmente no período do inverno. 

A temperatura ideal para o desenvolvimento da praga é de 8 °C a 15 °C. Confira suas principais características:

  • as larvas medem aproximadamente 0,3 mm;
  • as ninfas medem  0,5 mm;
  • o ácaro adulto mede 1 mm;
  • sua coloração é azul escura;
  • possui quatro pares de pernas, geralmente vermelhas.

Essa espécie prefere solos arenosos. Durante condições adversas, o ácaro azul das pastagens entra no solo a uma profundidade de até 40 cm para se proteger.

A praga foi detectada em 2009, no Rio Grande do Sul. Ela é recente e pouco conhecida. Houve poucos relatos até 2020, quando foi detectada no mesmo local.

Nos Estados Unidos e Europa, é uma importante praga do trigo e de pastagens no outono e inverno.

Como identificar o ataque no campo?

O ácaro azul das pastagens ataca gramíneas de inverno. Aveia, trigo, triticale, cevada e centeio são potenciais alvos.

Você pode identificar os campos infestados pela coloração cinza, prateada ou amarelada das plantas

Caso a infestação seja muito grande, as folhas ou até a planta inteira podem morrer.

Folha de trigo danificada pelo ácaro azul das pastagens

Folha de trigo danificada pelo ácaro azul das pastagens
(Fonte: Researchgate)

Você também poderá notar retardo no crescimento das gramíneas, e maior suscetibilidade às doenças foliares.

Não há muitos relatos dessa praga no Brasil. Apenas em áreas de pastagens no Rio Grande do Sul, mas sem causar danos graves.

Segundo pesquisa, o ataque severo da praga em gramíneas de inverno pode reduzir o rendimento pela metade.

Como identificar o ácaro azul das pastagens na sua lavoura

Em meados do outono e no final do inverno, avalie a lavoura para fazer o reconhecimento da praga. 

Observe cuidadosamente a folhagem das plantas e a superfície do solo. Também arranque algumas plantas em busca da praga dentro do solo.

O ácaro azul das pastagens evita a luz solar e muito vento. Por isso, faça o manejo no início da manhã ou ao final da tarde, em dias calmos, frescos e/ou nublados.

Após identificar o ácaro na sua lavoura, você pode contar com a ajuda do MIP (Manejo Integrado de Pragas). As medidas do Manejo Integrado poderão controlar melhor as pragas da sua lavoura. 

Para te ajudar nessa etapa, preparamos uma planilha de controle. Você pode baixar gratuitamente, clicando na imagem abaixo:

Manejo do ácaro azul das pastagens

Caso o ácaro azul esteja presente, intervenha quando a população atingir entre 2 e 30 indivíduos por planta, ou quando houver mudança de coloração para 10% das plantas.

Como é uma praga pouco conhecida, fique de olho caso haja registro nas proximidades de sua região.

Realize o MIP com constância, independente de observar danos. Entretanto, se observar sintomas do ataque da praga nas folhas das plantas, tenha atenção.

Se em algum monitoramento você detectar a presença do ácaro com população pequena, dispersa e houver poucos danos nas folhas, inspecione novamente após uma semana.

Utilize o controle cultural com rotação de culturas. As folhas largas, no período de inverno, são suas aliadas em caso da presença da praga.

Faça quando necessário o preparo do solo com aração e/ou gradagem como técnica de controle. Os ácaros vivem no solo e são muito expostos à luz e ao calor. Essas condições diminuem sua multiplicação.

Considere o controle químico quando a população ou os danos atingirem o limite de dano econômico.

O tratamento com controle biológico também pode ser uma boa opção. Há recomendação de ácaros predadores da família Phytoseiidae. 

Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis têm registro no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e são comercializadas por biofábricas.

Predador Neoseilus californicus utilizado no MIP

Predador Neoseilus californicus utilizado no MIP
(Fonte: Koppert)

Controle químico

Não há trabalhos no Brasil que avaliem a eficiência de acaricidas no controle desta praga. Afinal, ela é uma praga emergente e até então, possui pouca importância.

Um trabalho realizado na Europa avaliou a utilização do inseticida Permetrina, um ingrediente ativo do grupo químico dos piretroides no controle da praga. 

A aplicação de 50 ml de ingrediente ativo por ha resultou em significativa redução na população de ácaros. Além disso, houve aumento no rendimento das pastagens. Porém, a cultura sofreu efeitos colaterais, como redução de potássio e de rendimento.

No portal Agrofit há diversos produtos com esse ingrediente ativo registrados para o trigo e outras gramíneas. No entanto, vale lembrar que não existem produtos registrados especificamente para controlar o ácaro azul.

Outro produto testado em pastagens na Austrália e eficiente no controle do ácaro azul das pastagens é o dimetoato. Ele é um inseticida/acaricida sistêmico do grupo químico dos organofosforados.

O dimetoato está registrado no Mapa para o trigo em dois produtos: Dimetoato 500 EC (Nortox S.A.) e Dimexion (FMC Química).

Todas as aplicações de produtos químicos devem seguir as recomendações da bula e as boas práticas de manejo na agricultura.

Dê preferência a produtos seletivos aos inimigos naturais. Assim, será menor o risco de ocorrer pressão de seleção ao ácaro.

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Conclusão

Culturas de inverno, principalmente cereais e pastagens são os principais alvos do ácaro azul das pastagens. No entanto, existem formas de se livrar dele.

Monitore principalmente áreas com solo arenoso, pois proporcionam as melhores condições para o ácaro azul se desenvolver.

Folhas com coloração cinza a prateada ou amarelada são indicativos da presença da praga. Uma grande população pode matar plantas e reduzir significativamente a produção.

Faça monitoramento periódico no outono e inverno, e utilize a rotação de culturas com não gramíneas nesse período.

Utilize a pulverização com inseticidas/acaricidas quando necessário para o controle do ácaro azul das pastagens. E, é claro, não se esqueça de consultar um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a)!

>> Leia mais:

“Como proteger sua lavoura dos ácaros na soja”

“Como fazer o controle efetivo do ácaro-rajado”

Já verificou danos semelhantes aos causados pelo ácaro azul das pastagens? Como fez para identificar e controlar essa praga? Adoraria ler seu comentário!

Como identificar e realizar o controle de tripes em soja

Tripes em soja: o que é, danos causados, transmissão de viroses e quais cuidados você deve ter durante o cultivo para evitar perdas

As tripes são pragas secundárias da cultura da soja, o que significa que, apesar de causarem danos, os prejuízos econômicos não são tão expressivos. Porém, esses insetos podem ser responsáveis por uma grande redução de produtividade, especialmente em longos períodos de estiagem e em solos de baixa fertilidade.

Essa praga pode transmitir viroses e deixar lesões que servem de porta de entrada para outros patógenos, como fungos e bactérias

Neste artigo, você lerá sobre as características das tripes e sobre aspectos importantes na tomada de decisão do controle a ser utilizado.

O que são tripes: características biológicas da praga

As tripes são pequenos insetos da família Thripidae, que possui mais de 290 gêneros e duas mil espécies. Podem ser de colorações variadas – marrons, brancas, bege-claras, amareladas ou pretas. Diversas espécies de tripes podem ser encontradas nas plantas de soja, com destaque para Caliothrips brasiliensis, C. phaseoli e Frankliniella schultzei.

As ninfas, que eclodem dos ovos, têm aparência semelhante aos insetos adultos e parte de seu ciclo de vida ocorre no solo

Costumam se abrigar em folíolos novos e interiores e na face inferior das folhas. Atingem a fase adulta entre oito e nove dias após a fase de ninfa.

Se alimentam dos tecidos vegetais e possuem um estilete em seu aparelho bucal raspador. Esse aparelho raspa a epiderme, suga a seiva e causa posterior morte do tecido.

Possuem corpo alongado e asas franjadas, ligeiramente transparentes, medindo entre 1 mm a 3 mm de comprimento.

Corpo característico das tripes: alongado e um par de antenas

Corpo característico das tripes: alongado e um par de antenas
(Fonte: SOSA-GOMEZ et al., 2013)

Caliothrips brasiliensis e Caliothrips phaseoli

Ambas as espécies são encontradas de forma mais abundante na cultura da soja no Sul do Brasil.

Caliothrips phaseoli é uma espécie polífaga, capaz de causar danos em diversas culturas de interesse agrícola, como feijão, soja e outras fabáceas.

Caliothrips brasiliensis causa danos em algodão, feijão, soja, amendoim e ervilha.

Os adultos medem cerca de 1 mm de comprimento, e possuem coloração amarelada. Ninfas e adultos se alimentam da seiva das plantas, que se tornam amareladas e deformadas e sofrem queda prematura.

Quando associados a outras pragas, como ácaros, foram relatadas reduções significativas de 50% na taxa de fotossíntese

Localizados no extrato superior no estádio R5 da cultura (início do enchimento dos grãos) 73 tripes/folíolo ocasionam perdas de 17%  no rendimento da cultura.

Caliothrips brasiliensis causando lesões características prateadas em soja. Adulto (a), ninfa (b) e sintomas de raspagem das folhas (c)

Caliothrips brasiliensis causando lesões características prateadas em soja. Adulto (a), ninfa (b) e sintomas de raspagem das folhas (c)
(Fonte: SALVADORI et al., 2007)

Frankliniella schultzei

Vem sendo relatada com frequência em infestações elevadas em regiões da Bahia, especialmente no oeste.

Ovos de Frankliniella schultzei são introduzidos no interior do tecido epidérmico das folhas, com eclosão em média quatro dias após

As fêmeas ovipositam de 20 a 139 ovos durante o seu ciclo de vida, com duração de 9 a 18 dias, a depender da temperatura e umidade relativa do ar. Em temperaturas mais elevadas, o ciclo é acelerado.

Ambas as fases, adulta e ninfa, provocam danos por raspagem na superfície foliar. Podem causar ainda, danos nas flores, causando sua esterilidade e aspecto de coloração avermelhada.

Na fase reprodutiva, atingem seu maior nível populacional, sendo indispensável o monitoramento prévio.

Vista dorsal de Frankliniella schultzei

Vista dorsal de Frankliniella schultzei
(Fonte: KAKKAR et al., 2010)

Identificação e danos causados pelas tripes em soja

Reduções entre 10% a 25% na produtividade da cultura foram registradas quando o controle adequado das tripes não foi feito.

De forma geral,  elas provocam lesões em faixas ou estrias, de coloração escura ao longo do caule das vagens, curvamento dos ponteiros e bronzeamento das folhas, além das manchas características prateadas.

São disseminadas pelo vento, e embora possuam asas na fase adulta, sua capacidade de voo é considerada baixa.

tripes em folha de soja

Tripes em soja
(Fonte: Manual de Pragas da Soja)

Danos diretos 

As tripes causam manchas esbranquiçadas no feixe, com áreas de coloração prateada, que evoluem para manchas bronzeadas, marrons e posteriormente necrosadas.

Danos e infestações de níveis populacionais diferentes podem ser observados para cultivares distintas. 

Danos indiretos

Um dano indireto é a transmissão do vírus TSV (tobacco streak vírus), responsável pela “queima-do-broto” apical da planta, que pode acarretar até 100% de perdas na lavoura

O TSV afeta o desenvolvimento das plantas, deixando-as com porte reduzido, atrofiado, reduzindo consideravelmente a produtividade. No entanto, apenas as fases adultas são capazes de transmitir o vírus ao longo da área de produção.

Infestação de cravorana em lavoura de soja

Infestação de cravorana em lavoura de soja
(Fonte: KLENJI, C. A., 2020)

A maior ocorrência do TSV é relatada nas regiões do Paraná e São Paulo, devido principalmente à presença de plantas daninhas hospedeiras perenes e semiperenes.

Essas plantas favorecem a reprodução nas demais épocas do ano, como a cravorana (Ambrosia polystachya).

Sintomas do vírus TSV, transmitido por tripes, em vagens de soja (esquerda), com lesões necróticas características em formato de estrias e em grãos (direita)

Sintomas do vírus TSV, transmitido por tripes, em vagens de soja (esquerda), com lesões necróticas características em formato de estrias e em grãos (direita)
(Fonte: MUELLER, D., 2013)

Controle de tripes em soja: quando e de que forma fazer

As tripes em soja reduzem a área fotossinteticamente ativa das plantas, especialmente no terço inferior (baixeiro), nos estádios vegetativo e reprodutivo.

Causam lesões em vagens e prejudicam triplamente o enchimento dos grãos, pela diminuição da área foliar, perda de água pelas lesões, aceleração do ciclo da cultura e redução do peso.

Esses danos diminuem a qualidade dos grãos e aceleram a sua deterioração.

A decisão de controle de tripes através de inseticidas deve considerar alguns pontos importantes, como população da praga, estádio de desenvolvimento da cultura e ingredientes ativos.

Além disso, é necessário considerar que a reinfestação pela praga é rápida, uma vez que seu ciclo é completo em aproximadamente 15 dias.

Acompanhar as previsões meteorológicas de precipitações torna-se importante. Condições de baixa umidade e estresse hídrico, favorecem a reprodução da praga. Porém, ela também pode ocorrer em temperaturas amenas em períodos de estiagem.

Para o controle do vírus da queima-do-broto, é imprescindível a remoção de plantas hospedeiras, realização da rotação de culturas, além do controle das tripes (vetor).

A época de semeadura também deve ser programada para evitar que as fases críticas da cultura coincidam com menor disponibilidade hídrica (final do vegetativo e até o final do enchimento dos grãos).

8 pontos importantes sobre o controle de tripes em soja

  1. controle com populações altas (superior a 50 tripes/folha) – utilizando o método de pano de batida para contagem dos indivíduos;
  2. controle com inseticidas devem atingir as partes inferiores das folhas trifoliadas, onde as tripes normalmente estão localizadas;
  3. em estádios reprodutivos, a população deve se manter abaixo de 25 tripes por folíolo;
  4. controle dificultado pelas características da praga: alto potencial reprodutivo, pequeno intervalo entre gerações e altas populações, especialmente em plantas submetidas a estresses hídricos prolongados;
  5. parte do ciclo de vida ocorre no solo, dificultando o controle efetivo da praga;
  6. monitoramento da população da praga em estádios vegetativos: para evitar perdas de área foliar, que são importantes no período de enchimento de grãos; 
  7. monitoramento da população da praga em estádios reprodutivos: para evitar a senescência e maturação precoce, o que diminui a fase de enchimento de grãos;
  8. planejar adequadamente as plantas utilizadas em bordaduras e plantios subsequentes. O milho é uma espécie hospedeira, e não é recomendada como barreira.

Controle químico: melhores inseticidas para tripes

Além das recomendações de manejo anteriormente citadas, o controle  químico, aliado a detecção precoce da praga antes do estádio reprodutivo são consideradas as estratégias de maior efetividade.

Produtos de ação translaminar são os mais indicados. São aplicados na superfície das folhas e capazes de translocar ao lado oposto, onde ninfas e adultos estão localizados em maiores populações.

Para as três espécies principais, ingredientes ativos como o acefato, cipermetrina, metomil e clorfenapir podem ser empregados e podem ser consultados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit).

Estudos destacam que o MIP (Manejo Integrado de Pragas) pode ser eficiente, utilizando de uma mesma molécula para controle de diversas pragas alvo

O imidacloprido pode ser utilizado para o controle de tripes, porque apresenta alta eficiência econômica e controle de percevejo-verde, vaquinha-verde-amarela, mosca-branca, percevejo-marrom e percevejo-verde-pequeno.

Observe o momento, dose, intervalo adequado e número máximo de aplicações recomendadas na bula pelo fabricante. 

planilha Aegro manejo integrado de pragas, baixe agora

Conclusão

Neste artigo, você viu quais são as características biológicas das tripes e quais danos diretos e indiretos elas podem causar na lavoura de soja.

Realize o monitoramento e planejamento das culturas implantadas na área e a rotação ao longo do ano agrícola.

Além disso, realize o controle de plantas daninhas, para que espécies hospedeiras não estejam presentes entre os cultivos de soja. 

O MIP (manejo integrado de pragas) pode ser utilizado com sucesso. Além de controlar diversas pragas, o manejo integrado reduz o número de aplicações e aumenta a eficiência econômica dos produtos.

Você está passando por problemas com tripes em soja? Espero que esse artigo tenha te ajudado. Assine nossa newsletter para receber mais conteúdos semelhantes!

Melhores práticas para fazer o tratamento de sementes de trigo na fazenda

Tratamento de sementes de trigo: saiba quando fazer, quais produtos podem ser utilizados e como garantir a qualidade da operação

A compra de sementes certificadas é fundamental para garantir plântulas sadias, homogeneidade da lavoura e uma safra de sucesso.

Você pode fazer o tratamento de sementes de trigo na própria fazenda ou adquirir sementes pré-tratadas.

As doenças e pragas que atingem o trigo no início do desenvolvimento reduzem o estande de plantas e o rendimento da cultura, mas são controladas com o tratamento de sementes.

Neste artigo, você terá tudo o que precisa saber sobre o tratamento de sementes de trigo. Acompanhe!

Características do trigo

A planta de trigo (Triticum aestivum L.) é uma gramínea que pertence à família Poaceae.

A planta pode atingir até 1,5 m de comprimento, possui colmo oco e folhas planas, levemente ásperas. Em cada planta há entre 6 e 9. A última folha, chamada “folha bandeira”, é a mais importante. Os grãos são ovalados, tenros e farináceos.

O número de afilhos/perfilhos emitidos é variável conforme a cultivar e densidade de plantio.

ilustração com partes da planta de trigo antes do florescimento

Partes da planta de trigo
(Fonte: DocPlayer)

É explorada em larga escala como cultura anual de inverno. No Brasil, é cultivada principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

O desenvolvimento de novas variedades permite que a planta seja cultivada em outras regiões, como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás.

Pesquisadores têm lançado cultivares com alta estabilidade produtiva e fitossanitária, e com boa resistência às principais doenças como manchas foliares, giberela e brusone.

Apesar dos avanços notórios nas cultivares modernas, uma série de cuidados e práticas são requeridas para o máximo potencial genético ser extraído.

Vantagens do tratamento de sementes de trigo

Tratar as sementes de trigo com fungicidas e inseticidas têm diversas vantagens:

  • reduz o inóculo inicial de doenças e controla pragas iniciais da cultura;
  • aumenta a porcentagem de germinação de sementes;
  • forma plântulas mais vigorosas;
  • garante o estande de plantas homogêneo;
  • maior rendimento de grãos.

Lembrando que o tratamento de sementes de trigo sozinho não garante todas estas vantagens. É necessário que haja qualidade sanitária, poder germinativo e vigor de sementes.

Diversas doenças que ocorrem na lavoura podem ser disseminadas por sementes. Exemplo destas são as manchas foliares (amarela, marrom e septoriose), podridão comum das raízes, carvão e fusariose/giberela.

O controle do oídio e ferrugem é outra vantagem do TS, apesar de não serem transmitidas pela semente e sim por fontes de inóculo na palha. O agroquímico na semente é absorvido e translocado para as plântulas.

Pesquisas demonstram que o controle inicial de pragas beneficia indiretamente as plantas com o controle de viroses, transmitidas por insetos vetores.

infográfico com doenças que acometem o trigo nas diferentes fases

Doenças que acometem o trigo nas diferentes fases
(Fonte: Agropós)

Para entender melhor a importância do tratamento de sementes de trigo, a Revista Agrocampo disponibiliza esse vídeo, bastante esclarecedor:

Tratamento de Sementes na Cultura do Trigo

Tratamento industrial das sementes

Sementes são adquiridas já prontas para semeadura, pois foram tratadas industrialmente nas sementeiras.

Por ser um processo industrial, a eficiência é superior ao tratamento realizado na fazenda, em rapidez e qualidade de cobertura da semente.

Alguns produtos utilizados nem sempre são necessários, pois vêm num pacote sem escolha do agricultor. 

Essa é uma desvantagem: esses produtos não consideram o laudo da análise e o monitoramento da lavoura.

Equipamento de TS industrial

Equipamento de TS industrial
(Fonte: Mecmaq)

Como realizar o tratamento de sementes na fazenda

Faça o tratamento de sementes de trigo antes da semeadura a campo, seguindo todos os cuidados necessários com o manejo de agroquímicos.

Também conhecido como “treatment on farm”, é realizado na propriedade pouco antes da semeadura. É pouco prático para grandes volumes de sementes, pois os equipamentos são caros.

Associações e/ou cooperativas auxiliam realizando o tratamento com equipamentos menores que os industriais, inclusive alguns acoplados à tomada de força do trator.

Esse procedimento pode render até 70 sc por hora.

Utilizando este método, você pode escolher o produto a utilizar, de acordo com o laudo da análise sanitária das sementes. Isso torna a operação mais eficiente.

Equipamento de TS “On Farm”

Equipamento de TS “On Farm”
(Fonte: Mecmaq)

Escolha do produto

Primeiramente, para maior eficiência do tratamento, é necessário fazer análise de sementes.

A análise de sementes é um procedimento laboratorial que identifica, entre outras coisas, a porcentagem de germinação e o vigor de sementes. A análise sanitária identifica a incidência e as espécies de fungos na semente.

Conhecendo quais são as pragas do trigo e as doenças iniciais da lavoura, também é possível planejar no TS “On Farm” qual fungicida usar, de acordo com o espectro de ação.

Você pode usar diversos produtos e misturas com diferentes princípios ativos. Confira alguns exemplos na lista a seguir.

Baytan FS

Fungicida sistêmico (Triadimenol 150g/l) com amplo espectro de ação e exclusivamente indicado para o tratamento de sementes.

Controla manchas, oídio, ferrugem e carvão.

Captive

Fungicida (Captana 800g/kg) não sistêmico de ação preventiva, indicado para TS no trigo no controle de cárie, mancha marrom e fusariose.

Amulet Top

Mistura pronta contendo inseticida (Fipronil 250g/l) e fungicidas (Piraclostrobina 25g/l e Tiofanato Metílico 225g/l).

Protege sementes e plântulas contra doenças e ataque de pragas no início do desenvolvimento.

Attic

Fungicida de contato (Iprodiona 500g/l) indicado para controle de mancha marrom e brusone.

Certeza N

Fungicida sistêmico (Tiofanato-metílico 350 g/l) e de contato (Fluazinam 52,5g/l) com amplo espectro de ação, indicado no tratamento de sementes para o controle de fungos do solo.

Belure Top

Mistura pronta. Contém inseticida (Fipronil 250g/l) e fungicidas (Piraclostrobina 25g/l e Tiofanato Metílico 225g/l).

Dividend Supreme

Mistura pronta de amplo espectro contendo inseticida (Tiametoxan 92g/l) e fungicidas (Difenoconazol 37g/l e Metalaxil 3g/l). Específico para TS no controle de pulgões, pé-de-galinha, manchas, brusone e oídio.

Qualidade do tratamento

Fungicidas de formulação líquida possuem eficácia maior que em pó seco.

A quantidade de calda indicada para boa cobertura das sementes é variável. A má cobertura das sementes pode causar três tipos de plântula: originada de semente bem tratada, parcialmente e não tratada.

Assim, você pode esperar que um tratamento desuniforme resulte numa lavoura desuniforme, condição que você deve evitar!

Cuide com avarias nas sementes durante o tratamento. Sempre siga as instruções da bula e normas de segurança para o manejo.

Em lavouras de plantio direto, é comum ocorrer ataque de lagartas na cultura recém-instalada. Nestes casos, recomenda-se aplicar inseticida na dessecação para o controle dessas lagartas.

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Conclusão

O tratamento de sementes de trigo é importante para garantir o controle de pragas e doenças no início do desenvolvimento.

Sementes bem tratadas são a primeira garantia de um estande uniforme de plantas, que é componente de rendimento do trigo!

Compre sementes certificadas e faça a análise delas. Isso irá permitir escolher quais produtos utilizar no tratamento e reduzir os custos.

Não se esqueça de consultar um(a) agrônomo(a) para garantir a qualidade do manejo e a eficácia da operação.

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Veja as soluções para os principais problemas na colheita do trigo

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“Como o tratamento de plasma em sementes pode impulsionar a germinação”

“Mancha-amarela no trigo: veja como manejar a doença”

Qual prática você adota hoje: tratamento de sementes de trigo na fazenda ou industrial? Restou alguma dúvida? Vamos continuar essa conversa nos comentários!

Como fazer o melhor uso de inseticida na dessecação da lavoura

Inseticida na dessecação: quando eles podem ser vantajosos e quais produtos usar para o controle de pragas na preparação para a safra!

Muitos insetos-praga sobrevivem de uma safra para outra e precisam ser controlados ainda na dessecação.

Mas você sabe como planejar essa operação para ter um resultado mais estratégico? 

E quanto à escolha dos produtos: o que você precisa considerar?

Confira neste artigo como fazer o melhor uso de inseticida na dessecação da lavoura e ganhe mais eficiência no controle de pragas no início da safra!

Planejamento da dessecação

A dessecação é uma prática adotada para eliminar a vegetação de uma área e iniciar a semeadura da cultura comercial “no limpo”.

Esse manejo elimina plantas daninhas e restos da cultura antecessora no pré-plantio. Isso evita que, durante a fase inicial de desenvolvimento da cultura, ocorra competição por recursos com as plantas invasoras. 

Além disso, ajuda a formar palha para plantio direto quando plantas de cobertura são utilizadas na entressafra.

As plantas que não são eliminadas na dessecação podem hospedar pragas que atacam a lavoura no início do ciclo da cultura.

A pulverização para dessecação exige um planejamento apropriado, que inclui a aplicação de herbicidas com mecanismo de ação adequado para cada tipo de planta daninha identificada. 

Outros aspectos essenciais para o planejamento são:

  • o momento correto da dessecação;
  • conhecimento do solo para obter um bom residual;
  • boas práticas para pulverização;
  • informações adequadas de condições climáticas.

Uma prática importante a ser considerada no planejamento é o uso de inseticidas na dessecação da área. Você verá mais sobre isso a seguir.

Uso de plantas de cobertura na entressafra

Considere a cultura anterior para a obtenção de boas produtividades. Muitos produtores rurais têm optado pelas plantas de cobertura verde na entressafra.

No sul do país, culturas como aveia, azevém e ervilhaca são comuns. Na região Centro-Oeste, o uso do milheto, braquiária e crotalária pode ser destacado.

Neste cenário, pragas como lagartas polífagas têm sido beneficiadas. Elas têm capacidade de se reproduzir nesses campos e se abrigar na palha junto ao solo até a cultura comercial emergir, quando cortam as plântulas.

Lagartas do gênero Spodoptera apresentam esse comportamento de sobrevivência no ano todo. Isso porque completam seu ciclo se alimentando de diversas espécies vegetais até o início do ciclo da cultura, quando comem as plântulas.

Lavoura dessecada para semeadura

Lavoura dessecada para semeadura
(Fonte: Dekalb)

Regiões produtoras das principais culturas (soja, milho e algodão), onde se utilizam plantio escalonado (sucessão de culturas e/ou uso de cobertura verde) disponibilizam alimento constante para insetos, principalmente estas lagartas.

Tendo em vista o cenário de redução de estande e a consequente redução de produtividade, você viu a importância do controle inicial das pragas.

Quando é válido usar inseticidas na dessecação?

O uso dos inseticidas na dessecação visa a eliminar pragas antes do plantio da cultura comercial.

Como todo manejo, exige a avaliação de quesitos que determinam a viabilidade ou não desta prática, pois pode não haver necessidade. 

E como saber se há real necessidade?

Existem maneiras de você saber se deve ou não aplicar o manejo, respondendo a alguns questionamentos.

  • o estande de plantas é reduzido significativamente pelas lagartas?
  • a infestação de lagartas é reduzida no ciclo inicial da cultura?
  • a produtividade é afetada pelas lagartas que sobreviveram na palha?
  • os benefícios econômicos da aplicação de inseticidas na dessecação são reais?

Antes de definir qualquer estratégia, você deve conhecer as espécies presentes e escolher fazer ou não o controle. Essa informação é obtida através do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Quais inseticidas usar na dessecação?

Os produtos com ação inseticida utilizados na dessecação são normalmente piretróides, carbamatos e organofosforados. Eles possuem como vantagem o menor custo, porém não são seletivos aos inimigos naturais.

Tendo em vista esse entrave, novas moléculas estão surgindo para contornar esse problema, agindo como ferramentas estratégicas do MIP.

Empresas têm apostado no metomil, se tratando de eficiência de controle e preservação contra inimigos naturais. Este inseticida pode ser utilizado com o glifosato, facilitando muito o manejo.

No entanto, estudo realizado no MT demonstrou que essa associação pode prejudicar a ação do inseticida citado acima, não recomendando essa mistura. O mesmo estudo demonstrou boa interação de tanque e bom controle do glifosato com IA espinosade.

Espinosade é um inseticida de origem natural do grupo químico espinosinas (extraído da bactéria Saccharopolyspora spinosa). Ele é seletivo aos principais inimigos naturais de pragas de lavoura.

A seletividade dos produtos preserva o controle biológico natural, prática básica do MIP. Este fator melhora o controle das pragas, embora algumas possam ser tolerantes ou resistentes a alguns IAs.

Outros IAs também podem ser utilizados em conjunto com glifosato com bons resultados, como mostra a imagem a seguir.

tabela com produtividade da soja após pulverização de diferentes inseticidas na dessecação

Produtividade da soja após pulverização de diferentes inseticidas na dessecação
(Fonte: Revista Planta Daninha)

Ambos os inseticidas citados são recomendados para as principais culturas de plantas de lavoura e possuem bons resultados no controle de lagartas. Mais informações sobre estes e outros inseticidas você pode encontrar no Agrofit.

A utilização do controle cultural é outra estratégia importante do MIP. Soja, milho e algodão com tecnologia BT auxiliam no controle das pragas que sobrevivem à pulverização na dessecação e ajudam na manutenção do estande de plantas.

Para te ajudar no processo de pulverização, separei uma planilha para você. Clique na figura a seguir para baixá-la gratuitamente.

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Conclusão

O uso de inseticida na dessecação é uma prática importante para o controle de pragas que podem atacar a lavoura no início do ciclo da cultura.

A eliminação ou redução da população de pragas (principalmente a Spodoptera) sem afetar os inimigos naturais é o objetivo dessa prática.

Avalie bem a situação de sua lavoura antes de decidir sobre usar ou não inseticidas na dessecação. Planeje bem sua safra e melhore seu plantio!

Escolha os produtos corretos para não gerar incompatibilidade e preservar os inimigos naturais e siga todas as recomendações de boas práticas agrícolas.

Isso aumenta a sua eficiência e rentabilidade. E não se esqueça: o planejamento é a chave para o sucesso de sua safra!

Ficou alguma dúvida sobre o uso de inseticida na dessecação? Conte a sua experiência sobre o assunto aqui nos comentários. 

Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja

Crestamento bacteriano na soja: saiba quais são os sintomas da doença, como identificar e como o manejo preventivo pode evitar maiores problemas.

O crestamento bacteriano é uma das mais comuns doenças da soja, mas não tem grande importância econômica. 

Ela tem maior ocorrência em regiões úmidas e de clima temperado, apesar do patógeno estar presente em todas as áreas produtoras de soja no país.

No Brasil, ainda são escassas as informações quanto aos prejuízos causados por essa bacteriose nas lavouras de soja. Nos Estados Unidos já foram relatados danos que chegam a 40%.

Neste artigo, você poderá conferir os principais sintomas e a melhor forma de manejo dessa doença. Confira!

Sintomas do crestamento bacteriano na soja

O crestamento bacteriano na soja é uma doença causada pelo microrganismo Pseudomonas savastanoi.

Os sintomas podem aparecer em toda parte aérea da planta, como folhas, hastes, pecíolos e vagens. É comum que eles sejam observados primeiramente nas folhas jovens. 

Ao contrário de outras doenças foliares, como a ferrugem asiática, os sintomas são mais evidentes no terço médio e superior da planta

As lesões nas folhas começam com pequenas manchas de aspecto encharcado (anasarca), translúcidas e circundadas por um halo amarelo. A largura desse halo está relacionada à temperatura do ambiente.

Sob altas temperaturas, o halo amarelo que contorna as lesões pode ser estreito ou quase inexistente. Em condições mais amenas, é grande e evidente.

Folha de soja com sintomas de crestamento bacteriano causado pela bactéria Pseudomonas savastanoi pv. glycinea

Folha de soja com sintomas de crestamento bacteriano causado pela bactéria Pseudomonas savastanoi pv. glycinea
(Fonte: Daren Mueller, Iowa State University, Bugwood.org)

Com o avanço da doença, as lesões aumentam de tamanho e a área de tecido foliar morto acaba se desprendendo do ferimento. Assim, as folhas ficam com aparência rasgada.  

Folha de soja com severos sintomas de crestamento bacteriano

Folha de soja com severos sintomas de crestamento bacteriano
(Fonte: Daren Mueller, Iowa State University, Bugwood.org)

Plantas jovens, quando severamente atacadas por essa bacteriose, podem apresentar sintoma parecido ao de virose: o enrugamento das folhas.

O correto diagnóstico da doença é fundamental para estabelecer um plano de manejo eficiente.

Folhas de soja com sintomas de crestamento bacteriano: manchas necrosadas e enrugamento das folhas

Folhas de soja com sintomas de crestamento bacteriano: manchas necrosadas e enrugamento das folhas
(Fonte: Howard F. Schwartz, Colorado State University, Bugwood.org)

Como identificar a doença?

A avaliação da face inferior da folha permite realizar o diagnóstico, geralmente exato, da doença. Nas horas úmidas da manhã, você pode observar o exsudato da bactéria sob as manchas angulares e enegrecidas

Esse exsudato é um líquido produzido como reação ao ataque da bactéria. Ele se apresenta como uma película brilhante sob as lesões, o que indica a contaminação.

No entanto, somente a análise laboratorial do material vegetal garante o diagnóstico preciso.

Condições para o desenvolvimento do crestamento bacteriano na soja

A bactéria Pseudomonas savastanoi existe epifiticamente na superfície foliar. Isso quer dizer que ela consegue sobreviver nas plantas sem infectá-las. 

Nessa fase epifítica, as bactérias podem ser localizadas em pontos estratégicos da planta, de modo a garantir sua sobrevivência e multiplicação.

Em dias secos, o exsudato da bactéria é disseminado na lavoura por meio de finas escamas. No entanto, é necessária a presença de um filme de água na superfície vegetal para haver infecção da planta sadia.

O processo infeccioso começa com a entrada da bactéria no interior do tecido vegetal por aberturas naturais (estômatos) e ferimentos

Além disso, esse microrganismo é um patógeno hemibiotrófico, ou seja, coloniza plantas vivas, mas também sobrevive em tecido morto. Sendo assim, os restos culturais são fonte do inóculo de uma safra para outra. 

É importante destacar que a bactéria tem seu desenvolvimento favorecido sob temperaturas amenas, entre 20 °C  e 26 °C, e elevada umidade.

infográfico com ciclo do crestamento bacteriano na soja

Ciclo do crestamento bacteriano na soja
(Fonte: Traduzido de Crop Protection Network)

Manejo da doença

A bactéria pode ser transmitida por sementes e restos culturais contaminados. O fato desse patógeno sobreviver nos restos vegetais fora da época de cultivo aumenta as chances de infecção da próxima safra.

Além disso, as sementes infectadas podem não apresentar sintomas e acabam funcionando como veículo disseminador a longas distâncias da bactéria e também de outros microrganismos patogênicos. 

A qualidade genética, fisiológica e sanitária do material de propagação tem impacto direto na produtividade e nos custos de produção. Para evitar problemas em sua lavoura, aborde a questão sanitária das sementes com rigor.

Tratando-se de doenças, o melhor manejo é o preventivo. Para isso é importante que você adote mais de uma estratégia para reduzir as chances de desenvolvimento e disseminação da doença na área.

Abaixo, você pode conferir algumas medidas preventivas para o crestamento bacteriano na soja:

O controle químico dessa bacteriose é limitado devido à reduzida quantidade de produtos registrados para a doença. Atualmente, podem ser encontrados dois produtos para o crestamento bacteriano na soja: oxicloreto de cobre e óxido cuproso

Porém, é importante lembrar que quando a doença se encontra em estado avançado, o uso desses produtos terá pouco ou nenhum efeito.

Outro ponto relevante é o plantio contínuo de mesmos genótipos de soja resistentes à doença. Essa prática aumenta a pressão de seleção na área e favorece o crescimento populacional de bactérias com resistência natural. 

Ou seja, haverá a seleção de microrganismos adaptados às novas condições ambientais.

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Conclusão

Os principais sintomas do crestamento bacteriano na soja são visíveis nas folhas jovens: manchas de aparência encharcada e translúcida, circundadas por um halo amarelado. 

Você viu que o diagnóstico pode ser feito em campo pela avaliação da face inferior da folha. Porém, para a identificação exata da doença bacteriana, lembre-se de levar o material para ser analisado em laboratório.

Por fim, não se esqueça que o melhor manejo da doença é o preventivo. A adoção de diferentes técnicas de manejo diminui a probabilidade de desenvolvimento e estabelecimento da doença na área. 

Espero que essas informações possam ter te ajudado a identificar a doença a tempo de evitar prejuízos em sua plantação de soja.

>> Leia mais:

“Doenças de final de ciclo da soja: principais manejos para não perder a produção”

Você já teve problemas com crestamento bacteriano na soja? Conte pra gente sua experiência nos comentários!

Tudo o que você precisa saber sobre controle da broca-das-axilas

Broca-das-axilas: saiba mais sobre o ciclo de vida, época de ataque, sintomas e como fazer o manejo mais eficiente! 

Algumas pragas só são lembradas quando já estão causando danos no campo

A broca-das-axilas não gera surtos recorrentes, mas é importante que você conheça suas características principais, os males que causa e as formas de controle. 

Assim, você pode evitar o crescimento anormal das plantas e, consequentemente, a queda na produtividade da lavoura. Além disso, pode impedir a ocorrência de prejuízos econômicos.

Entenda melhor sobre essa lagarta e saiba como se livrar dela a seguir!

Características da broca-das-axilas

A espécie Crocidosema (Epinotia) aporema, popularmente conhecida como broca-das-axilas, é um tipo de mariposa. 

Pertence à família Tortricidae e à ordem Lepidoptera, e tem distribuição em todo o continente Americano, desde o sudeste dos Estados Unidos até a Argentina. 

Embora ela tenha sido encontrada em diversas regiões do Brasil, tem preocupado mais os produtores de soja das regiões de clima frio. Por isso, é considerada uma praga secundária. 

Ela ataca diversas espécies cultiváveis de leguminosas, mas principalmente a cultura da soja.

Os adultos da broca-das-axilas são microlepidópteros, medem cerca de 10 mm de comprimento, e apresentam  coloração amarronzada. Os machos são mais escuros que as fêmeas.

Adultos de Crocidosema aporema. A - fêmea; B - macho

Adultos de Crocidosema aporema. A – fêmea; B – macho
(Fonte: Vanusa Horas)

O ciclo biológico desta praga dura cerca de 30 a 40 dias, dependendo das condições climáticas. Ela passa pela fase de ovo, por cinco estádios larvais, pela pupa e pelo estádio adulto. 

Caso você queira identificar se existem ovos de broca-das-axilas no cultivo, observe os folíolos dos brotos terminais da soja. Embora muito pequenos, os ovos têm uma coloração amarelo-claro e são depositados de maneira isolada. 

Ao eclodirem, as lagartas têm coloração branca e cabeça preta. Ao longo do desenvolvimento, vão se tornando rosadas com cabeça marrom. 

No final da fase larval, as lagartas procuram o solo e ficam sob cerca de 1 cm a 2 cm de profundidade para pupar. 

O período mais favorável para o desenvolvimento dessa espécie é de setembro a abril, podendo chegar a ter até sete gerações sobrepostas.

Sintomas e danos

Como os ovos são colocados nos brotos mais novos, ao eclodirem, as lagartas passam a consumi-los e formam uma espécie de “teia”, unindo os folíolos ao produzir fios de seda. 

As lagartas permanecem dentro dessa estrutura e provocam um retardamento do desenvolvimento dos brotos, dificultando sua abertura. 

Ao longo do desenvolvimento das lagartas, os folíolos vão se deteriorando, podendo secar e morrer. Dessa forma, as lagartas vão para as axilas das folhas.

O nome comum dessa praga se dá pelo fato de penetrarem, por meio das axilas, os pecíolos e hastes, provocando uma obstrução no fluxo da seiva

Quando dentro dessas estruturas, as lagartas fazem galerias descendentes, o que causa um desenvolvimento anormal das plantas.

Quando os brotos atacados abrem, as folhas ficam com aspecto rugoso, com os contornos irregulares e encarquilhadas. O consumo dos folíolos pode provocar uma redução de 50% da área foliar nessa fase. 

três fotos, a) dano causado nos brotos; b) lagarta; c) adulto de broca-das-axilas

a) dano causado nos brotos; b) lagarta; c) adulto de broca-das-axilas
(Fonte: Embrapa)

Além disso, em estágios mais avançados da cultura, podem atacar os botões florais e também as vagens, principalmente em cultivares tardias.

Quando ocorre uma alta incidência no período vegetativo, ocorre uma redução na altura da planta, provocando a formação de ramos secundários. Em consequência, a inserção das primeiras vagens acaba ficando em uma altura em que dificulta a colheita.

Manejo da broca-das-axilas

Antes de falar sobre os controles que podem ser utilizados para reduzir as populações de broca-das-axilas, é importante salientar alguns pontos. 

Essa é uma praga considerada secundária por não causar problemas em todas as regiões produtoras de soja no país.

Porém, é fundamental lembrar que, se forem utilizadas táticas de maneira incorreta, ela pode se tornar uma praga primária. O método químico é um exemplo disso. 

Se o uso dos inseticidas for feito de maneira calendarizada, ou seja, com aplicações pré-determinadas, o risco de fazer com que se tornem primárias é maior. 

Hoje em dia, a tecnologia tem avançado e não há necessidade de utilizar os produtos químicos de maneira errada.

Depois da introdução do MIP (Manejo Integrado de Pragas) e seus conceitos, ficou ainda mais fácil usar diversos métodos sem a necessidade de fazer somente o controle com pesticidas.

Até mesmo se for utilizar inseticidas para controle desta praga, é importante que se use a dose recomendada pelo fabricante. 

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Controle varietal

Desde 2013, você pode utilizar a tecnologia da soja Intacta RR2 PRO para controle dessa e de outras pragas, como lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), a lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens), e a lagarta-das-maçãs (Chloridea virescens).

Ela confere resistência por meio da toxina da proteína Bt, Bacillus thuringiensis (Cry1Ac). Essa proteína é bastante específica para lagartas, porque age em enzimas (caderinas) localizadas no mesêntero.   

Em 2021, foi aprovada a soja Intacta 2 Xtend. Além de conferir resistência às pragas já mencionadas, também poderá controlar Helicoverpa armigera e Spodoptera cosmioides.  

Como a proteção pode variar dependendo do nível de infestação, é essencial que sejam feitas amostragens para monitoramento constante.

apresentação em infográfico das vantagens da plataforma intacta 2 Xtend

(Fonte: Plataforma Intacta 2 Xtend)

Controle químico 

O controle químico, se utilizado de maneira incorreta para pragas secundárias, pode piorar o cenário. Por isso, antes de entrar com aplicações inseticidas, realize o monitoramento.

Quando 30% dos ponteiros forem atacados, entre com as pulverizações

Existem 54 produtos registrados no site do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), mas existem apenas dois grupos químicos – organofosforado e metilcarbamato de oxima

captura de tela dos 54 produtos registrados no site do Mapa para controle química da broca-das-axilas

(Fonte: Agrofit)

Conclusão  

Neste artigo, você viu que apesar de não ser uma praga com sinal de alerta em todas as regiões brasileiras, a broca-das-axilas pode causar sérios danos em sua plantação. 

Você também viu que os sintomas que ela causa nas plantas são bastante característicos. Por isso, é importante que você saiba identificar na lavoura a tempo de evitar perda de produtividade.

O controle, seja químico ou varietal, não pode ser negligenciado, porque as opções de manejo são reduzidas. 

>>Leia mais:

Manejo integrado de pragas: 8 fundamentos que você ainda não aprendeu

E você, já precisou realizar o manejo contra a broca-das-axilas? Assine nossa newsletter para receber mais conteúdos como esse!

Como reduzir os custos da gestão de herbicidas e tornar o manejo mais eficiente

Gestão de herbicidas: quais cuidados você deve tomar para um manejo eficiente e econômico de herbicidas

A qualidade e produtividade das plantas e a colheita mecanizada são negativamente afetadas pela presença de plantas daninhas.

Sem os herbicidas, o controle de plantas daninhas seria realizado manualmente.

O custo do controle pode triplicar quando há plantas resistentes a um ou mais modos de ação de herbicidas na lavoura. Por isso, plantas resistentes a herbicidas na lavoura merecem atenção redobrada!

Neste artigo, você verá como praticar a gestão de herbicidas e ter maior produtividade e qualidade do produto com o controle das plantas daninhas.   

Importância do uso e da gestão de herbicidas

A utilização de herbicidas é importante na produção agrícola brasileira porque permite minimizar a competição das culturas de interesse com plantas daninhas, e assim, maximizar os rendimentos da lavoura.

Culturas como soja, milho, trigo, feijão, algodão e cana-de-açúcar são produzidas em larga escala em grandes áreas e são dependentes dos herbicidas para reduzir a matocompetição.

A matocompetição é a “disputa” por espaço, luz, água e nutrientes de plantas daninhas com as cultivadas. Além de reduzir a produtividade das culturas, as espécies invasoras comprometem a qualidade dos grãos/sementes/pluma e a colheita mecânica.

Capim-amargoso (Digitaria insularis) na soja

Capim-amargoso (Digitaria insularis) na soja
(Fonte: Agronegócio em foco)

Não é só a falta de controle das plantas daninhas que gera prejuízos. Estratégias mal elaboradas ou falta de planejamento também resultam em danos. 

O gerenciamento adequado do uso de herbicidas envolve a diversificação dos produtos. Ela deve ser realizada pela rotação de moléculas com diferentes mecanismos de ação. 

Também é essencial que sejam respeitadas as orientações quanto à dosagem. Essas estratégias contribuem para prevenir a seleção de genótipos resistentes.

Ainda é importante conhecer o momento correto para a aplicação dos herbicidas. Ele é determinado pelo estádio de desenvolvimento da planta daninha e da cultura.

Má gestão dos herbicidas, aplicações não planejadas no estádio inadequado de desenvolvimento da cultura ou da daninha, além das sub ou super doses são comuns no campo. 

Tudo isso pode gerar problemas sérios, como a seleção de plantas resistentes.

Resistência de plantas daninhas aos herbicidas

Os índices de resistência de plantas daninhas a herbicidas vem crescendo de forma alarmante, resultado do uso equivocado de herbicidas.

No Brasil, algumas plantas invasoras já apresentaram resistência ao glifosato. A buva (Conyza spp.)  e o capim-amargoso (Digitaria insularis) são os principais exemplos.

Em um estudo realizado em 2017 pela Embrapa, foi determinado que no sistema de produção da soja, os prejuízos causados pela resistência de plantas a herbicidas se aproximam de R$ 5 bilhões anualmente.

Hoje, o custo com o manejo de plantas daninhas pode triplicar em lavouras com plantas resistentes quando comparado a um cenário sem elas.

Em lavouras com a presença de espécies resistentes aos herbicidas, os custos com o manjo podem triplicar. Isso quando comparados ao controle feito em áreas sem genótipos resistentes.

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Custo do controle de daninhas

Operações de pulverização com herbicidas são um custo relevante na safra. As diversas aplicações e o valor dos produtos tornam essencial o gerenciamento desta prática.

O conhecimento do histórico da área, das espécies predominantes ou existência de plantas resistentes auxilia o produtor na escolha de diferentes tratamentos.

O custo varia de acordo com o tamanho da área, com o grau de infestação da lavoura e da estratégia de manejo utilizada.

Não procure a forma mais barata de manejar plantas daninhas, mas sim a mais eficiente. Doses fora do recomendado e produtos inadequados selecionam plantas resistentes.

Veja na tabela abaixo como os custos aumentam à medida que há uma ou mais plantas com resistência na área, e entenda como a falta de gerenciamento pode encarecer o manejo.

tabela com custo (em 2017) do controle de diferentes plantas resistentes ao glifosato

Custo (em 2017) do controle de diferentes plantas resistentes ao glifosato
(Fonte: Embrapa Soja)

Em áreas em que não há presença de plantas resistentes, o manejo se resume a uma aplicação (de glifosato) na dessecação e uma ou duas em pós-emergência.

Segundo a Embrapa, o custo médio para o controle de plantas espontâneas é de R$ 120 por ha por safra.

No entanto, numa área onde há plantas com resistência ao glifosato, é necessário a combinação de mais de um produto para garantir a eficiência do manejo. 

Em caso de resistência múltipla, as opções de herbicidas são ainda mais restritas. Nesse caso, os custos podem chegar a R$ 380 por ha por safra.

Como controlar as plantas daninhas de forma eficiente

Para que a aplicação dos herbicidas seja eficiente, você precisa ter planejamento e saber como e quando irá fazer. Para isso:

  • Respeite as orientações da bula do produto quanto à dosagem e modo de aplicação;
  • Siga as orientações relativas às normas de segurança e ao uso de equipamento de proteção individual;
  • Realize a aplicação do herbicida somente sob condições climáticas favoráveis;
  • Em caso de mistura de produtos, avalie a compatibilidade dos herbicidas;
  • Utilize equipamentos limpos, regulados e calibrados;
  • Conheça as plantas invasoras predominantes na área e a melhor época para realizar o controle.

Como a agricultura de precisão pode ajudar na gestão de herbicidas

Uma boa forma de controlar a aplicação de herbicidas é gerenciar através de planilhas o histórico de cada área ou talhão, registrando, por exemplo:

  • espécies daninhas presentes, com ou sem resistência;
  • produtos utilizados (modo de ação, ingrediente ativo);
  • estádio da planta daninha e comercial no momento das pulverizações;
  • custo de aplicação (considerar todas as variáveis);
  • produtividade e valor de venda do produto.

Todas as informações possíveis de registrar são importantes, permitindo ao final da safra avaliar qual

Quanto mais informações forem coletadas melhor. Isso permite avaliar quais áreas merecem mais atenção, qual manejo foi mais eficiente e economicamente viável. 

Essas informações são muito importantes para o gerenciamento das próximas safras.

A informatização dos dados com a agricultura de precisão reúne técnicas que vêm se tornando comuns nas propriedades agrícolas, e auxiliam no gerenciamento da informação e do manejo.

Mapa digital de identificação de plantas daninhas - gestão de herbicidas

Mapa digital de identificação de plantas daninhas
(Fonte: Avantagro)

Hoje há equipamentos que fazem o mapeamento de plantas daninhas na lavoura através de sensores, e junto da tecnologia de aplicação em taxa variável, reduzem o número de aplicações de 40% a 60%.

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Conclusão

Para o controle eficiente das plantas daninhas, realize a aplicação dos herbicidas seguindo as recomendações abordadas neste artigo. 

Use os produtos e doses indicadas, no momento certo, analisando a espécie invasora e a cultura que será ou está plantada, para não errar o manejo. Isso irá te auxiliar no controle dos gastos com herbicidas.

Tenha a gestão de herbicidas como uma rotina na propriedade, para que não surjam casos de plantas daninhas resistentes. Assim, você irá aumentar sua produtividade sem elevar custos.

Tome muito cuidado com as daninhas resistentes. Elas podem se tornar um gasto muito grande. Utilize a rotação de princípio ativo e modo de ação para evitar esta dor de cabeça.

E por fim, utilize as ferramentas disponíveis no mercado, inove na sua propriedade, busque novos conhecimentos com pessoas capacitadas e invista em novas tecnologias.  

Todos esses passos te ajudarão a gerenciar e aumentar seus lucros!

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Tudo o que você precisa saber sobre plantas daninhas na pré-safra

Como fazer o controle não químico das plantas daninhas

“Tudo a respeito do novo herbicida terbutilazina”

Este artigo te ajudou a entender melhor como a gestão de herbicidas pode aumentar sua lucratividade sem elevar os seus custos? Conte-nos sua experiência aqui nos comentários!