Principais recomendações de manejo dos herbicidas para arroz

Herbicidas para arroz: confira os produtos mais recomendados para arroz de sequeiro e irrigado, além do posicionamento mais adequado

Um dos grandes problemas que afetam a produtividade dos cultivos é a ocorrência de plantas daninhas na lavoura. 

Você sabia que a estimativa de perda de produção agrícola devido às plantas daninhas é de 15%? Há casos em que as perdas podem chegar a 90%, quando nenhum método de controle é utilizado.

Para o melhor manejo dessas plantas indesejadas, o uso de várias práticas de controle é essencial. Esses métodos podem desde evitar a entrada de plantas daninhas na área até  eliminar as já existentes através da aplicação de herbicidas.

Quer saber mais sobre como realizar o controle químico de forma adequada e evitar perdas na sua lavoura? Então confira as dicas a seguir! 

Interferência das daninhas na cultura do arroz

A interferência das plantas daninhas no cultivo do arroz pode ocorrer de várias formas. A principal delas é pela perda por competição de água, luz e nutrientes. Também pode acontecer devido ao parasitismo ou por hospedar pragas e doenças.

Além disso, a presença das daninhas pode causar uma série de consequências como:

  • contaminações na pós-colheita;
  • aumento no custo de produção;
  • desgaste e maior consumo das máquinas;
  • diminuição do valor das terras;
  • degradação do solo, ambiente e risco à saúde humana e animal.

Para ter um controle eficiente, vários métodos devem ser empregados. O ideal é que você os utilize em conjunto

Para o sucesso da lavoura, é fundamental que você opte por sementes de qualidade. Além disso, faça a semeadura “no limpo” e mantenha sempre um baixo nível de infestação, principalmente durante o período crítico de competição (PCC).

Período crítico de competição

  • Período anterior à interferência (PAI): período até aproximadamente 15 dias após a emergência do arroz (DAE). Neste momento, as plantas daninhas e o arroz podem conviver sem redução na produtividade.
  • Período crítico de prevenção à interferência (PCPI): em torno de 15 – 45 DAE. Neste período, o controle é obrigatório para que não haja perdas na quantidade e qualidade da produção.
  • Período total de prevenção da interferência (PTPI): período da emergência até aproximadamente 45 DAE. Nessa etapa, quando não houver competição, a planta de arroz expressa seu melhor potencial.

A contagem de dias após a emergência é um balizador para o seu controle, mas não esqueça: além da fase, dependendo do nível de infestação e o tipo de planta daninha existente, podem ocorrer mais ou menos danos.

Principais plantas daninhas

Confira aqui as principais espécies de plantas daninhas encontradas na cultura do arroz

Folhas largas

  • Angiquinho – Aeschynomene Rudis
  • Corriola – Ipomoea grandifolia
  • Cruz de malta – Ludwigia spp
  • Erva-de-bicho –  Polygonum hidropiperoides 

Folhas estreitas

  • Arroz vermelho – Oryza sativa
  • Papuã/Campim marmelada – Brachhiaria spp
  • Junquinho/Tiririca – Cyperus
  • Milhã/Capim-colchão – Digitaria spp
  • Capim-arroz – Echinochloa spp
  • Capim-pé-de-galinha – Eleusine indica
  • Cuminho – Fimbristylis miliacea 
  • Aguapé – Heteranthera reniformis 
  • Capim do banhado – Panicum dichtomiflorum; 
  • Grama-de-ponta – Paspalum distichum 
  • Sagitária – Sagittaria spp
Plantas daninhas em lavoura de arroz

Plantas daninhas em lavoura de arroz podem trazer perdas de até 90% na produtividade se não controladas adequadamente
(Fonte: CPT)

Aplicação dos principais herbicidas para arroz

Tanto no cultivo de arroz de sequeiro quanto no de arroz irrigado, grande parte do manejo é feito através do controle químico com o uso de herbicidas pré e pós emergentes.

Veja quais são os principais herbicidas para arroz e como utilizá-los da melhor maneira possível.

Gladium

Cultivo: Arroz irrigado.

Quando usar: na pré e pós-emergência das plantas infestantes. Aplique entre o estádio de 2.ª folha até o 3.º perfilhamento. Realize no máximo 1 aplicação por ciclo da cultura.   

Espectro de controle: eficiente no controle de plantas daninhas de folha larga e estreita, como angiquinho, tiriricas, cuminho e sagitária.

Dosagem recomendada: aplique de 100 a 133,3 g de produto comercial por hectare.

Cuidados: O intervalo de segurança é de 50 dias.

Herbadox 

Cultivo: Arroz de sequeiro.

Quando usar: na pré-emergência.

Espectro de controle: controla grande parte dos capins, como capim-marmelada, capim-arroz, capim-colchão e capim-pé-de-galinha. É eficaz também no manejo do caruru de mancha.

Dosagem recomendada: de 3L a 4,5L de produto comercial por hectare, dependendo do tipo de solo. As menores doses são recomendadas para solos arenosos e as maiores para os argilosos. Somente uma única aplicação é necessária.

Cuidados: faça a aplicação na hora do plantio ou logo após. Cuide para que as sementes estejam bem cobertas pelo solo e nunca aplique após a germinação.

Gamit 

Cultivo: Arroz de sequeiro e irrigado.

Quando usar: na pré-emergência.

Espectro de controle:

  • para arroz de sequeiro: capim-pé-de-galinha, picão grande, trapoeraba, corriola;
  • para arroz irrigado: Angiquinho, capim-colchão, capim-marmelada e capim-arroz.

Dosagem recomendada: 

  • para arroz de sequeiro:  1,7L a 2L de produto comercial por hectare;
  • para arroz irrigado: 1,1L a 1,7L de produto comercial por hectare.

Cuidados: Para a utilização desse produto, as sementes de arroz devem ter sido previamente tratadas com Safener (produto específico para proteção da cultura quanto a aplicação do herbicida). 

No momento da aplicação, o solo deve estar livre de torrões e com uma umidade mínima para a ativação do produto. 

Caso precise fazer o controle de plantas já germinadas, cuide para que não haja muita movimentação de solo no processo, de modo a  manter o defensivo na camada superficial.

Basagram 

Cultivo: Arroz de sequeiro e irrigado.

Quando usar: na pós-emergência.

Espectro de controle: 

  • Para arroz de sequeiro: trapoeraba e corriola;
  • Para arroz irrigado: erva-de-bicho e tiriricas.

Dosagem recomendada: de 1L a 1,6 L por hectare, utilizando doses menores quando as folhas estiverem molhadas por neblina ou orvalho.

Cuidados:  Ao aplicar em lavouras de arroz irrigado, retire a água para deixar as folhas das plantas daninhas bem expostas. Caso seja preciso voltar com a irrigação, faça isso após 48h. O intervalo de segurança é de 60 dias.

Only 

Cultivo: Exclusivo para arroz Clearfield.

Quando usar: em dose única na pós-emergência ou sequencial, sendo uma em pré e outra em pós-emergência.

Espectro de controle: herbicida chave para controle de arroz vermelho, também controla capim-arroz e tiririca.

Dosagem recomendada: 

  • Em pós-emergência: 1L/ha, entre 4 folhas e primeiro perfilho do arroz;
  • Sequencial: 0,75L + 0,75L/ha entre 4 folhas e primeiro perfilho do arroz.

Cuidados: utilize adjuvante variando de 0,5% a 1% v/v. Para um bom funcionamento do produto, é necessário  que ocorra chuva nos próximos 5 dias ou que a área seja irrigada. O intervalo de segurança é de 60 dias.

Kifix 

Cultivo: arroz de sequeiro e irrigado, exclusivo para arroz Clearfield.

Quando usar: na pré e pós-emergência das daninhas.

Espectro de controle: amplo espectro de controle, controlando folhas largas e estreitas, inclusive arroz vermelho.

  • Para arroz de sequeiro: algumas das invasoras controladas são, capim-colonião,   capim-amargoso, trapoeraba, leiteiro, corriola; 
  • Para arroz irrigado: espécies como, arroz vermelho, angiquinho, sagitária, tiriricas, cuminho, papuã e capim-arroz. 

Dosagem recomendada: 

  • Para arroz de sequeiro: de 100g/ha a 140 g/ha ou 70g + 70g, se sequencial;
  • Para arroz irrigado: 140g de produto comercial por hectare.

Cuidados: para esse produto também utilize adjuvante 0,5% v/v. Para uma boa ação deste herbicida no arroz irrigado, é importante que a entrada da água ocorra entre 48h e 72h após a aplicação. O intervalo de segurança é de 60 dias.

O Sistema Clearfield é uma tecnologia desenvolvida pela Basf, onde sementes geneticamente selecionadas toleram a aplicação de herbicidas específicos do grupo das imidazolinonas.

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Conclusão

Nesse artigo, você viu como as plantas daninhas afetam a produtividade do arroz, e que dependendo do período e do nível de infestação, seu cultivo pode ser mais ou menos afetado.

Você também ficou por dentro das plantas daninhas mais recorrentes na cultura e quais os principais herbicidas para arroz indicados para o controle dessas invasoras.

Não se esqueça de sempre usar as boas práticas de manejo e aplicação para um controle eficiente e seguro! 

Além disso, conte sempre com a ajuda do seu engenheiro-agrônomo e siga as recomendações do fabricante. 

>> Leia mais:

“Pragas do arroz: como identificar e combatê-las na cultura”

“Como fazer o controle não químico para plantas daninhas” 

Você já precisou lidar com as plantas daninhas na sua plantação? Conhecia os principais herbicidas para arroz? Conte para a gente sua experiência aqui nos comentários!

Como fazer o manejo eficiente e livrar sua lavoura da cigarrinha-verde

Cigarrinha-verde: entenda seu comportamento e confira quais práticas de manejo cultural, biológico e químico podem ser mais eficazes no controle

A cigarrinha-verde é uma praga de grande importância nas principais culturas do Brasil. Sua presença descontrolada na lavoura pode causar perdas de até 90% na produção de grãos.

Mas sua identificação nem sempre é fácil: os danos causados por ela podem ser facilmente confundidos com estresse hídrico ou deficiência de nutrientes nas plantas.

Neste artigo, você irá conhecer melhor a cigarrinha-verde e aprender como controlá-la de maneira eficiente na lavoura. Confira a seguir!

Características da cigarrinha-verde

A cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri ROSS & MOORE, 1957) pertence à ordem Hemiptera, a mesma dos percevejos e pulgões

A família Cicadellideae, onde está inclusa, é a maior da ordem, com mais de 21 mil espécies descritas.

O inseto adulto possui coloração verde-clara e corpo de aproximadamente 3 mm. É extremamente ágil e pode se dispersar rapidamente na lavoura.

Os ovos são postos nas nervuras no lado inferior das folhas e eclodem entre uma e duas semanas. As cigarrinhas ninfas (inseto jovem) são verdes-translúcidas e tornam-se adultas com aproximadamente 15 dias.

duas fotos de Ninfa de cigarrinha-verde

Ninfa de cigarrinha-verde
(Fonte: Biodiversidadvirtual)

Ação da cigarrinha

Grãos como feijão e soja podem ter a produtividade amplamente afetada com a alta população de cigarrinha-verde.

Elas possuem aparelho bucal picador-sugador: se alimentam introduzindo o estilete no floema e sugam a seiva da planta pela parte inferior da folha (mais acessível).

Somente o fato de inserir o estilete causa injúria na planta, pois é uma porta de entrada para outros patógenos como fungos e bactérias.

Adulto de cigarrinha-verde em folha de feijão

Adulto de cigarrinha-verde em folha de feijão
(Fonte: Embrapa)

Enquanto suga a seiva, a cigarrinha injeta compostos tóxicos que podem bloquear o floema, impedindo que água e nutrientes cheguem a algumas partes da folha.

Por se tratar de uma praga polífaga, ela pode permanecer na lavoura entre cultivos. Isso acontece principalmente se houver plantas remanescentes (tiguera) ou plantas daninhas hospedeiras.

Sintomas e danos

Os danos causados pela cigarrinha-verde podem ser confundidos com estresse hídrico ou deficiência de nutrientes, justamente pelo fato do bloqueio dos vasos do floema. Só são visíveis dias após o ataque.

As lesões começam no ponto de alimentação e se desenvolvem com áreas de clorose (amarelecimento da folha). 

Além disso, as bordas das folhas apresentam leve encarquilhamento, com aspecto coriáceo e secamento.

Feijão com sintoma da injeção de toxinas pela cigarrinha-verde

Feijão com sintoma da injeção de toxinas pela cigarrinha-verde
(Fonte: Embrapa)

Com o tempo, a área de clorose se expande e vai tomando conta da folha, que se curva e finalmente cai. 

Quanto maior a população de cigarrinhas, mais rápido esse processo ocorre e maior a área foliar perdida. O rendimento da lavoura é reduzido.

Além de tudo, pode acontecer abortamento de flores. Por isso o cuidado com o inseto deve ser redobrado na época de floração.

A cultura do feijão é a mais afetada por essa praga. O feijoeiro sofre sérios danos, especialmente no cultivo de seca, época em que a gama de outros hospedeiros é escassa. 

Há relatos de que o não controle da cigarrinha-verde gera expectativa de perdas de até 90% na produção de grãos.

Como fazer o controle da cigarrinha-verde

Várias estratégias de manejo podem e devem ser adotadas para controlar a população de cigarrinhas. 

A seguir, você verá o que fazer para se livrar dos problemas causados por essa praga.

Manejo integrado de pragas (MIP)

O MIP (Manejo Integrado de Pragas) é um sistema de manejo que associa o ambiente e a dinâmica populacional da praga. 

O sistema considera todos os métodos de proteção das plantas apropriados. Ele busca manter a população da praga abaixo de um nível de dano econômico (NDE) e dentro de um nível de equilíbrio (NE) ecologicamente viável.

Dentro do MIP, delimita-se um nível de controle (NC): uma população mínima da praga, onde táticas de manejo devem ser realizadas para não alcançar o NDE. 

Algumas medidas preventivas que devem ser adotadas no MIP são:

  • amostrar e monitorar a lavoura;
  • usar armadilhas;
  • promover ambiente adequado para inimigos naturais;
  • utilizar plantas isca;
  • controlar plantas daninhas e plantas “tiguera” (manejo cultural);
  • usar controle químico quando necessário.

Monitoramento semanal:

  • da emergência até 3-4 trifólios: avaliar a parte superior e inferior das folhas em 2m;
  • a partir de 3-4 trifólios até a floração: usar pano de batida;
  • o nível de controle para ambas as amostragens é de 40 ninfas.

A avaliação de adultos é difícil pela agilidade de deslocamento do inseto.

Você pode fazer o acompanhamento do monitoramento e outras práticas do MIP através de planilhas ou de um software agrícola como o Aegro

Com o Aegro, você pode registrar o monitoramento e o armadilhamento da lavoura pelo celular, acompanhando os resultados a qualquer momento.

Também gera relatórios sobre a incidência de pragas-alvo e verifica o momento certo para pulverizar, reduzindo até mesmo os custos com defensivos.

O MIP pode ser testado gratuitamente por 7 dias. Solicite aqui uma demonstração e experiência gratuita!

Controle Biológico

Agentes como parasitoides (Anagrus spp.) e fungos entomopatogênicos que atacam ovos, além de insetos benéficos (joaninhas e crisopídeos) que atacam ovos e ninfas, são indicados.

Parasitoide Anagrus flaveolus

Parasitoide Anagrus flaveolus
(Fonte: Wikimedia)

Este tipo de controle alternativo ainda é pouco utilizado, mas ultimamente vem ganhando muitos adeptos devido a sua eficiência e baixo custo.

Controle Químico

O controle químico com inseticidas é o manejo mais utilizado. Considere fazer a rotação de ingredientes ativos e mecanismos de ação diferentes para não selecionar insetos resistentes.

Os inseticidas de contato devem ser aplicados de maneira que atinja a superfície inferior das folhas. Os inseticidas sistêmicos podem ser pulverizados na superfície superior das folhas.

Listei alguns inseticidas registrados no Agrofit, de grupos e ingredientes ativos recomendados para controle de sugadores no algodão, feijão e soja.

Neonicotinoides

  • Acetamiprido – Aceta 200SP; Acetamiprid 200SP; AutenticoBR 200SP;
  • Imidacloprido – Gaucho FS; Imidagold 700WG;
  • Tiacloprido – Calypso 480SC;
  • Tiametoxam – Actara 250WG.

Organofosforados

  • Cloropirifós – Ciclone 480EC; Catcher 480EC;
  • Terbufós – Counter 150GR.

Piretroides

  • Fenpropatina – Meothrin 300EC; Damimen 300EC;
  • Bifentrina – Brigade 25EC; Seizer 100EC;
  • Etofenpoxi – Safety 300EC.

Usar uma combinação de ingredientes ativos é uma ótima alternativa por unir ação sistêmica e de contato.

Sempre utilize produtos registrados para a cultura e na dose recomendada, de acordo com o receituário agronômico.

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Conclusão

A cigarrinha-verde tem causado infestações cada vez maiores e danos principalmente à cultura do feijão.

A praga suga a seiva na parte inferior das folhas, que apresentam sintomas de encarquilhamento, secamento e amarelamento das bordas e necrose nos pontos de injúria.

Observe atentamente e faça amostragens periódicas da emergência ao florescimento, entrando com manejo ao atingir o nível de controle (NC).

O controle biológico é bastante eficiente se feito corretamente. Já o controle químico é o mais utilizado por sua eficácia e praticidade. 

Lembre-se desses detalhes ao escolher a melhor forma de manejo!

Já enfrentou problemas com cigarrinha-verde em sua lavoura? Como fez o controle? Divida sua experiência nos comentários!

O que é a mancha alvo do algodoeiro e como ela pode afetar a sua lavoura

Mancha alvo do algodoeiro: saiba quais são os sintomas, como ela afeta a lavoura e como manejar a doença no algodoeiro.

A mancha alvo é uma doença de grande impacto econômico para a agricultura e que tem preocupado muitos produtores de algodão nos últimos anos.

Seu controle não é tão simples, já que a disseminação do fungo na lavoura ocorre pela ação do vento e pelas gotas de água da chuva. Isso favorece a repetição de ciclos da doença na área.

Nesse artigo, vou te mostrar os principais sintomas da mancha alvo do algodoeiro e como fazer o manejo ideal da doença. Confira a seguir!

Importância da mancha alvo do algodoeiro

A mancha alvo é uma doença causada pelo fungo Corynespora cassiicola. Ela tem ampla ocorrência nas áreas agricultáveis e causa prejuízos em diversas culturas, principalmente na soja. Nos últimos anos, também tem ganhado notoriedade na cotonicultura.

O patógeno tem a capacidade de sobreviver em restos culturais e em hospedeiros alternativos, favorecendo repetidos ciclos da doença na área, o que dificulta seu controle. 

Os esporos do fungo podem ser disseminados na lavoura pelo vento e por gotículas de água da chuva.

Principais sintomas da doença

Os sintomas iniciais da mancha alvo no algodoeiro podem ser observados nas folhas do terço inferior da planta. 

É comum que a doença se manifeste após o fechamento da entrelinha. O elevado número de folhas do algodoeiro e os espaçamentos adensados favorecem o desenvolvimento do fungo Corynespora cassiicola, uma vez que as folhas do baixeiro estão sob condições de alta umidade e temperatura. 

Na fase inicial, é possível observar pequenas pontuações escuras com halo amarelo nas folhas. Com o agravamento da doença, essas lesões evoluem e assumem formatos maiores, podendo ser irregulares ou circulares.

As lesões circulares apresentam anéis concêntricos de tecido necrosado em seu interior, o que lembra o formato de um alvo. Por esse motivo, o nome da doença: mancha alvo.

foto de lesão sintomática típica da mancha alvo em folha do algodoeiro

Lesão sintomática típica da mancha alvo
(Fonte: University of Tennessee Institute of Agriculture)

foto de sintomas de mancha alvo nas folhas e brácteas do algodão

Sintomas de mancha alvo nas folhas e brácteas do algodão
(Fonte: University of Tennessee Institute of Agriculture)

Outro sintoma observado é a queda prematura das folhas. A desfolha e as lesões foliares diminuem a capacidade da planta de realizar a fotossíntese. Por consequência, há prejuízos no desenvolvimento das plantas e redução da produtividade. 

foto de desfolha do algodoeiro causada pela mancha alvo

Desfolha do algodoeiro causada pela mancha alvo
(Fonte: University of Tennessee Institute of Agriculture)

Considerando os danos causados pelo fungo, a queda da produtividade está relacionada à perda da área fotossintética da planta. 

Em outras palavras, o tecido necrosado das folhas não é mais capaz de impedir a radiação solar e realizar fotossíntese. Dessa forma, há queda na produção de fotoassimilados e, consequentemente, da produtividade. 

Doenças, nematoides, ataque de insetos e toxidez por fertilizantes ou pelo uso incorreto de produtos fitossanitários também provocam alterações nas folhas, como clorose ou queima

Assim, é importante ter uma diagnose correta da doença para fazer o manejo adequado, como vou explicar melhor a seguir. 

Como fazer o manejo da mancha alvo do algodoeiro

O manejo da mancha alvo no algodoeiro requer monitoramento constante para evitar que a doença evolua e cause prejuízos. 

Dessa forma, o método químico de controle é um dos utilizados no combate a essa doença.

Dentre as moléculas registradas para o controle da mancha alvo no algodão, podemos citar:

  • epoxiconazol + fluxapiroxade + piraclostrobina 
  • protioconazol + trifloxistrobina
  • bixafem + protioconazol + trifloxistrobina
  • fluxapiroxade + piraclostrobina 
  • azoxistrobina + mancozebe + tebuconazol
  • azoxistrobina + mancozebe 

No controle químico, é importante seguir as recomendações técnicas quanto à forma de uso do produto, época e tecnologia de aplicação, dose e volume de calda.

Outra sugestão é a rotação de produtos com diferentes mecanismos de ação para evitar a pressão de seleção na área. 

Além disso, algumas práticas podem ser adotadas junto ao uso de fungicidas para evitar que a doença se estabeleça, como:

  • manejo da altura das plantas de algodão com reguladores de crescimento;
  • controle de plantas daninhas (hospedeiras alternativas);
  • incorporação dos restos culturais;
  • evitar espaçamentos adensados;
  • seguir as recomendações quanto à população de plantas;
  • parcelamento da adubação nitrogenada;
  • rotação de culturas com espécies não hospedeiras;
  • evitar a sucessão de plantio algodão-soja, uma vez que são culturas suscetíveis à mancha alvo.

Ainda não há cultivares de algodão resistentes à mancha alvo. Dessa forma, o manejo deve ser voltado para práticas que desaceleram ou interrompam o desenvolvimento da doença. 

Vale lembrar que quanto antes a doença for detectada, mais eficiente será o controle e menores serão os danos. 

Como o NDVI pode ajudar a monitorar a doença na lavoura?

O NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) vem sendo amplamente utilizado para monitorar diferentes aspectos das lavouras. Como a mancha alvo é uma doença que ataca a parte aérea do algodão, essa tecnologia permite observar o comportamento e a evolução da doença pelos mapas. 

É possível também avaliar o nível de desfolha, identificar o foco da doença na área, plantas mortas, quantificar danos e determinar o melhor momento da aplicação de fungicidas. 

A presença da mancha alvo no algodão diminui a cobertura foliar da planta, e consequentemente, altera o valor NDVI. Essa modificação irá resultar em mapas diferentes daqueles gerados para a mesma lavoura antes da presença da doença.

Assim, é possível traçar estratégias de manejo adequadas para o controle da doença, uma vez que irregularidades no campo podem ser detectadas ainda em fase inicial.

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Conclusão

A mancha alvo é uma doença fúngica causada pelo patógeno Corynespora cassiicola e que ataca culturas de interesse agronômico, como o algodão. Os principais sintomas são visíveis nas folhas: lesões e desfolha precoce.  

O manejo da mancha alvo no algodoeiro inclui ações combinadas de modo a preservar a sanidade da lavoura e evitar ou retardar a disseminação da doença na área. 

Tendo em vista os sintomas causados, os mapas NDVI também podem ser uma importante ferramenta no gerenciamento das lavouras. Eles reúnem informações que possibilitam observar padrões na área, avaliar a condição dos plantios e se antever aos problemas. 

Espero que com essas informações você possa fazer um manejo eficiente da doença em sua lavoura!

>> Leia mais:

“6 principais doenças do algodão e como controlá-las na lavoura”

Você já teve problemas com mancha alvo do algodoeiro? Conte pra gente sua experiência nos comentários! 

Inseticidas ecdisteroides: como agem nos insetos e por que são uma boa opção de manejo

Inseticidas ecdisteroides: entenda como contribuem para redução das pragas sem gerar efeitos colaterais como outros químicos!

A agricultura brasileira é um dos setores mais importantes para a economia do país

Está enganado quem pensa ser possível produzir a quantidade de alimentos produzida hoje sem o uso de pesticidas. Existem 33 sítios de ação registrados e diversos grupos químicos de inseticidas no mercado para controle de insetos-praga. 

É importante buscar conhecimento sobre a ação desses pesticidas

Os reguladores de crescimento agem de maneira mais seletiva. Já os inseticidas ecdisteroides são exemplos dos que agem com um espectro menor. 

Eles contribuem com a redução das pragas sem gerar grandes efeitos colaterais, como acontece com outros grupos químicos. Entenda mais sobre esses compostos a seguir! 

O que são inseticidas ecdisteroides?

Para que você possa compreender melhor o que são esses inseticidas, vamos recapitular quais são suas classificações.

Segundo o Irac-Brasil (Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas), os inseticidas se enquadram em cinco categorias de acordo com a atuação nos seguintes aspectos:

  • sistema nervoso central;
  • sistema digestivo;
  • respiração celular; 
  • crescimento e desenvolvimento;
  • compostos com modo de ação desconhecido ou incerto. 

Aqui, o nosso foco será no grupo de inseticidas que atuam no crescimento e desenvolvimento dos insetos. 

Esse grupo é dos IRCs (Inseticidas Reguladores de Crescimento),  introduzidos no mercado na década de 70 pela empresa Bayer Cropscience. 

O grupo possui classificações e especificações diferentes para atuar no crescimento e no desenvolvimento dos insetos. Por isso, os IRCs podem ser:

  • mímicos do hormônio juvenil;
  • inibidores da biossíntese de quitina;
  • agonistas receptores de ecdisteroides

Cada um deles tem um sítio de ação e resultam em algum efeito adverso no processo de desenvolvimento e crescimento da fase jovem dos insetos-praga.

São inseticidas bastante seletivos. Isso implica em uma efetiva ação sobre as pragas, mas que não prejudica organismos benéficos. 

Os inseticidas ecdisteroides são tipos de IRC e atuam na muda dos insetos, fazendo com que eles acelerem o processo de desenvolvimento e fiquem deformados. 

A forma mais comum de rota de exposição aos insetos-praga é por meio da ingestão. 

Esses inseticidas não possuem ação de choque, por isso é comum observar que os efeitos são mais lentos que os inseticidas de amplo espectro. Entretanto, esse não é um ponto desvantajoso quando comparado com outros grupos.

Modo de ação de inseticidas ecdisteroides 

Como já citado, os inseticidas ecdisteroides estão no grupo que atua no crescimento e desenvolvimento dos insetos.

O subgrupo que representa essa classe são as diacilhidrazinas, que são agonistas dos receptores de ecdisteroides (hormônio da ecdise). 

Mas para que você entenda como esses inseticidas agem nos insetos é necessário saber como o organismo do inseto funciona sem a ação desses compostos.

Durante a fase jovem, o exoesqueleto dos insetos vai se tornando insuficiente para os tecidos e órgãos que estão em desenvolvimento dentro deles. Por isso, é necessário que ocorra a muda e a cutícula seja trocada. 

O processo de muda começa quando as células epidérmicas cuticulares são estimuladas pela exposição do hormônio 20-hidroxiecdisona (o hormônio da muda do inseto). 

ilustração de células cuticulares epidérmicas de inseto jovem no início do processo de muda com a ação do hormônio 20-hidroxiecdisona

Células cuticulares epidérmicas de inseto jovem no início do processo de muda com a ação do hormônio 20-hidroxiecdisona
(Fonte: Larry Keeley)

Esse hormônio entra nas células epidérmicas, onde estimula genes relacionados à muda e à formação de uma nova cutícula. 

Depois disso, as células epidérmicas passam por mitose ou crescem pelo alargamento celular. Esse é o período em que o inseto jovem cresce e forma uma cutícula maior para começar o próximo instar. 

A cutícula velha (exúvia) se separa da epiderme no processo de apólise e dá lugar à nova cutícula. Dessa maneira, ocorre a muda ou ecdise, onde o inseto faz a troca de exoesqueleto. 

ilustração de momento em que ocorre a muda ou ecdise do inseto para troca de exoesqueleto

Momento em que ocorre a muda ou ecdise do inseto para troca de exoesqueleto 
(Fonte: Larry Keeley)

Ação do inseticida ecdisteroide

Quando os inseticidas ecdisteroides entram em ação, eles agem como se fossem o hormônio 20-hidroxiecdisona. 

E, como você viu, esse hormônio estimula as células epidérmicas cuticulares a começarem um novo processo de muda. 

Por isso, o inseto sofre uma mudança de forma prematura. Quando o composto começa a agir, a larva sofre inanição. 

A troca do exoesqueleto fora da hora faz com que a nova cutícula seja deformada. O inseto continua sem se alimentar e acaba morrendo. 

Como eu disse, a ação desses inseticidas é mais lenta que os de amplo espectro (que agem em vários organismos), mas o processo todo não demora mais que um dia. 

Por ter uma ação específica nas pragas e pela segurança aos inimigos naturais presentes na área de cultivo, são bastante recomendados em programas de MIP (Manejo Integrado de Pragas). 

Principais pragas que controlam

Esses inseticidas têm ação específica sobre lepidópteros-praga em diversas culturas como algodão, cana-de-açúcar, citros, eucalipto, milho e soja

Veja alguns exemplos de pragas que são controladas pelas diacilhidrazinas:

Algodão 

Cana-de-açúcar

Citros

  • Larva-minadora-das-folhas (Phyllocnistis citrella)
  • Bicho-furão (Ecdytolopha aurantiana)

Eucalipto

  • Lagarta-de-cor-parda (Thyrinteina arnobia)

Milho

Soja

Produtos ecdisteroides no mercado

As diacilhidrazinas possuem quatro ingredientes ativos segundo o Irac, que são:

  • cromafenozida;
  • halofenozida;
  • metoxifenozida;
  • tebufenozida.

Entretanto, os ingredientes ativos registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) são cromafenozida, metoxifenozida e tebufenozida

captura de tela da agrofit, Ingredientes ativos de diacilhidrazinas registrados pelo Mapa

Ingredientes ativos de diacilhidrazinas registrados pelo Mapa
(Fonte: Agrofit)

Cromafenozida

Existem dois produtos registrados com este ingrediente ativo, ambos da empresa Iharabras: Ciclone e Matric. 

captura de tela Agrofit com Produtos registrados com cromafenozida

Produtos registrados com cromafenozida
(Fonte: Agrofit)

Metoxifenozida

Existem 6 produtos registrados com este ingrediente ativo, de diferentes empresas.

Os produtos Fidele, Intrepid Edge, Intrepid 240 SC e Revolux da Dow Agrosciences; Masterole da Rainbow Defensivos; e Tecal 240 SC da Rotam do Brasil Agroquímica. 

captura de tela da Agrofit com Produtos registrados com metoxifenozida

Produtos registrados com metoxifenozida
(Fonte: Agrofit)

Tebufenozida

Existe apenas um produto registrado com este ingrediente ativo, da empresa Iharabras S.A., o Mimic 240 SC.

captura de tela Agrofit com Produto registrado com tebufenozida

Produto registrado com tebufenozida
(Fonte: Agrofit)

Cada ingrediente ativo possui as pragas-alvo principais. Por isso, é importante que você leia a bula e siga as instruções corretamente. 

Além disso, é essencial que você consulte um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a). 

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Conclusão

Neste artigo, você encontrou informações sobre os inseticidas reguladores de crescimento, que são os que agem no crescimento e desenvolvimento dos insetos. 

Existem três sítios de ação desses produtos e o foco aqui foi sobre os agonistas dos receptores de ecdisteroides, que provocam a muda prematura em lagartas

No mercado brasileiro, você encontra 9 produtos que pertencem ao grupo das diacilhidrazinas e que podem controlar diversas pragas de diferentes culturas. 

Referência

NATION SR, James L. Insect physiology and biochemistry. CRC press, 2015. 

Restou alguma dúvida sobre os inseticidas ecdisteroides? Adoraria ler seu comentário!

Passo a passo de como fazer a limpeza de pulverizador agrícola com segurança

Limpeza de pulverizador agrícola: quais cuidados você deve seguir antes e durante o procedimento para aumentar a vida útil e ter melhores resultados com o equipamento

Você sabia que a limpeza correta do pulverizador agrícola aumenta a vida útil do implemento, evita fitotoxicidade e melhora a eficiência das aplicações de defensivos agrícolas?

A limpeza deve ser rígida interna e externamente, além de realizada atendendo diversos procedimentos. 

Tanque, bomba, mangueiras e pontas de pulverização devem ser completamente limpos para evitar contaminação.

A seguir, vou explicar como realizar a limpeza correta do pulverizador. Confira!

Importância da limpeza e descontaminação do pulverizador agrícola

A utilização de produtos como agroquímicos, pesticidas, produtos fitossanitários ou defensivos agrícolas para controlar pragas, plantas daninhas e doenças faz parte do manejo de lavouras. Ela está relacionada à produtividade agrícola.

No século 20, houve um aumento considerável na utilização desses produtos, desenvolvidos comercialmente e em larga escala, movimentando bilhões de dólares no mundo todo.

Existem diversos produtos com variados ingredientes ativos para controle de insetos, fungos, plantas-daninhas, nematoides, ácaros, etc. 

Muitos destes produtos reagem entre si. Portanto, é indispensável conhecer sua natureza e indicações antes de realizar a pulverização.

O alvo, o momento de pulverização, o produto utilizado, o equipamento (pulverizador) adequado e em condições de uso comandam a tecnologia de aplicação do defensivo agrícola.

A preparação do pulverizador para uma aplicação começa bem antes da regulagem (calibração de velocidade de trabalho e/ou pressão de operação). 

É indispensável conhecer o funcionamento do seu pulverizador e entender como alguns produtos reagem com o sistema de pulverização.

A limpeza do tanque de pulverização e o sistema de distribuição da calda são as manutenções mais básicas e frequentes que precisam ser feitas. Caso contrário, o implemento pode ser danificado e ter sua vida útil consideravelmente reduzida.

foto com filtros de pontas do pulverizador agrícola com resíduos de agroquímico

Filtros de pontas do pulverizador agrícola com resíduos de agroquímico
(Fonte: DocPlayer)

Diversos agroquímicos podem se incrustar em partes ocultas do sistema, como mangueiras, filtros, registros, pontas de pulverização, etc.

Veja alguns danos que esses detritos podem causar:

  • contaminação de lavouras;
  • alteração da composição química do produto aplicado;
  • obstrução da tubulação, filtros e pontas;
  • corrosão de partes do sistema;
  • comprometimento do manejo e perdas significativas na lavoura.

Por fim, a limpeza correta deve ser realizada sempre entre operações de modo a minimizar danos ao equipamento, tornar a pulverização mais eficiente e colher bons resultados ao final da safra.

Procedimentos antes da limpeza do pulverizador agrícola

Para limpar o pulverizador agrícola, você deve seguir alguns passos:

Sobrou produto no tanque?

O volume de calda preparada deve ser exatamente a quantidade a ser aplicada no campo.

Se mesmo assim sobrar, o tanque deve ser esvaziado completamente, preferencialmente sobre a mesma lavoura que foi pulverizada.

Irá realizar outra pulverização no dia seguinte?

Se a resposta for sim, e com o mesmo produto, é recomendado colocar água limpa no tanque e pulverizar até o fim. Dessa forma, você evita que resíduos sequem no fundo do tanque e em seus demais componentes.

Caso vá trocar o produto fitossanitário na próxima pulverização, outro procedimento será adotado – e está explicado logo abaixo em 5 passos!

foto de filtro entupido por incompatibilidade de agrotóxicos no tanque - texto sobre limpeza de pulverizador agrícola

Filtro entupido por incompatibilidade de agroquímicos no tanque
(Fonte: Infobibos)

Local de limpeza e descontaminação

O equipamento deve ser levado a um local adequado, onde a limpeza e descontaminação devem ser realizadas com água e solução de limpeza (limpa tanque agrícola).

O local adequado corresponde a uma área:

  • aberta, ampla e isolada;
  • longe de cursos d’água;
  • cercada de modo a ser inacessível a animais e outras pessoas não autorizadas;
  • com acesso à água pressurizada e um piso impermeável com canaletas que direcionam a água da operação para local adequado.

Não há uma legislação específica para isso. Entretanto, algumas recomendações podem ser extraídas do artigo 7.º da IN n.º2 de 2008, que trata deste procedimento para aviões agrícolas.

Equipamentos e proteção

É indispensável que o agente de limpeza e descontaminação esteja protegido de todas as formas de exposição aos agroquímicos.

Há legislação vigente no Brasil que regula o uso de agroquímicos, inclusive tratando sobre a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs)

A NR-31,presente no artigo 13 da Lei n.º 5.889/73, trata da segurança e saúde no trabalho na agricultura.

Operador com EPI de pulverização adequado em uma lavoura de café

Operador com EPI de pulverização adequado
(Fonte: Campo e Negócios)

4 passos para fazer a limpeza interna do pulverizador agrícola

A técnica utilizada difere da tríplice lavagem, onde são feitas limpezas por três vezes com apenas água.

Neste caso, utiliza-se água e um produto químico (limpa tanque). Usualmente no rótulo ou bula dos agroquímicos os fabricantes recomendam princípios ativos específicos para o produto.

Confira abaixo o passo a passo para a limpeza interna:

  1. Coloque meio tanque de água limpa, agite e pulverize por pelo menos 5 minutos, limpando o tanque, mangueiras de linhas e pontas. Deve ser dada atenção aos componentes do circuito hidráulico para notar possíveis peças danificadas ou vazamentos;
  2. Após retirar a água, encha o tanque com água limpa e adicione o limpa tanque específico. Agite o tanque por 15 minutos e opere por tempo suficiente para que as linhas de barra e pontas sejam preenchidas com a água + limpa tanque. 
  3. Mantenha o implemento em repouso por diversas horas, preferencialmente durante a noite e, após esse período, agite o tanque novamente e pulverize a solução.
  4. Complete o tanque com água para o enxágue final e limpe combinando agitação e pulverização por 5 minutos, liberando o restante pelo fundo do tanque.

Como fazer a limpeza externa do pulverizador

Finalizado o procedimento de lavagem interna, remova filtros e pontas, que podem ser deixados em um balde com água e limpa tanque por alguns minutos. Feito isso, lave-os com água limpa e escovas de cerdas macias.

No restante do implemento, utilize um  jato de água pressurizado para remover resíduos. 

Geralmente se usa apenas água, entretanto, dependendo do estado do equipamento, é necessário utilizar agentes de limpeza adicionados à água pressurizada.

foto de limpeza externa com água pressurizada, operador com todos os equipamentos de segurança

Limpeza externa com água pressurizada
(Fonte: HardiSprayer)

Produtos para limpeza

Os mais comuns e recomendados são à base de amônia, pois elevam o pH da solução, facilitando a remoção de resíduos de agroquímicos.

Produtos à base de cloro também são amplamente utilizados. Porém, é preciso ter cuidado para não utilizá-los com produtos amoniacais e nem em tanques onde se utilizou agroquímicos à base de amônia, pois os dois componentes juntos reagem e formam gás tóxico.

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Conclusão

Planeje a pulverização para não sobrar calda no tanque e, após o manejo, limpe e descontamine o pulverizador.

Use produto limpa tanque recomendado na limpeza do pulverizador agrícola para cada categoria de agroquímico –  e leia sempre o rótulo.

Limpe cuidadosamente as partes da máquina que estiveram em contato com a calda.

Utilize corretamente todos os equipamentos e proteção individual (EPIs).

Sempre siga as recomendações de um profissional agrônomo nas operações de pulverização.

Espero que, com essas dicas, você prolongue a vida útil dos equipamentos e obtenha resultados melhores na sua fazenda!

>>Leia mais:

“Entenda os princípios e benefícios da pulverização eletrostática na agricultura”

Já enfrentou dificuldades na limpeza do pulverizador agrícola? Ainda tem alguma dúvida sobre o assunto? Conte sua experiência nos comentários!

O que são fungicidas multissítios e por que você deve passar a utilizá-los

Fungicidas multissítios na cultura da soja: como eles podem ser importantes aliados no controle e manejo de resistência de doenças. 

O Brasil é o maior produtor de soja no mundo. Mas você sabia que a produtividade poderia ser 42% superior com manejos adequados da lavoura?

O controle de doenças é um dos pontos que mais interferem nos resultados da sua safra. Por isso, conhecer as estratégias mais eficientes e fazer a utilização racional de produtos para evitar casos de resistência é fundamental!

Já utilizados com sucesso em diversas culturas, os fungicidas multissítios vêm sendo uma ferramenta importante no manejo de doenças fúngicas, especialmente em soja. 

A seguir, conheça melhor esses fungicidas e saiba por que eles podem fazer uma grande diferença nos resultados da sua próxima safra!

O que são fungicidas multissítios?

Os fungicidas podem ser classificados de acordo com o seu espectro de ação em sítio-específicos ou multissítios.  

Os fungicidas de sítio-específico atuam sobre um único ponto da via metabólica de um patógeno fúngico ou ainda sobre uma única proteína ou enzima necessária para a sua sobrevivência. 

São mais propensos a apresentarem resistência. São absorvidos pelas plantas, e geralmente possuem atuação sistêmica, ou seja, são transportados para outras partes da planta. 

Em contrapartida, os fungicidas multissítios atuam sobre diferentes pontos do metabolismo dos fungos e, devido às suas características, apresentam baixo risco de resistência, geralmente com ação de contato.

Necessitam permanecer sobre a superfície das folhas como camada de proteção contra a germinação dos esporos fúngicos. Logo, normalmente são aplicados de forma preventiva.

Essa característica dos fungicidas multissítios faz com que eles estejam suscetíveis à remoção pela água da chuva, especialmente logo após a aplicação e até mesmo pela degradação causada pela luz solar. Assim, pode conferir menor proteção ao longo do tempo e, por isso, são empregados em associação. 

Quais são os benefícios do uso desses fungicidas?

Os fungicidas multissítios apresentam capacidade de controlar vários patógenos, como demonstrado na tabela que você confere mais à frente no texto.

Por ter uma atuação de modo não específico, dificulta a pressão de seleção de patógenos resistentes. Se um local de atuação for burlado pelo patógeno, de modo que ele possa sobreviver, outros ainda estarão atuando no seu controle.

Podem ser utilizados em misturas com fungicidas de sítio específico a fim de retardar ou evitar o surgimento de resistência,  garantindo níveis de controle satisfatórios e prolongando sua vida útil.

Recomendações para aplicação de fungicidas na cultura da soja

Fungicidas multissítios

Considerando os relatos de menor sensibilidade dos principais grupos de fungicidas (triazois, estrobilurinas e carboxamidas) no manejo da ferrugem asiática da soja no Brasil, alternativas que diminuam a severidade dessa doença devem ser utilizadas. 

Resultados de pesquisa indicaram maior controle da severidade da ferrugem com a associação de picoxistrobina+ciproconazol e oxicloreto de cobre, com severidades próximas a 20%, enquanto o tratamento testemunha, sem aplicação, apresentou 73%.

A utilização de picoxistrobina+ciproconazol e clorotalonil reduziu em aproximadamente 60% a severidade da ferrugem em experimentos de campo.

Clorotalonil e mancozebe também apresentaram reduções na severidade da ferrugem em experimentos na safra 2019/20, de valores entre 40% e 50% em comparação ao tratamento controle, demonstrando potencial de utilização.

O Frac (Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas do Brasil) indica que as recomendações de fungicidas sejam baseadas em produtos registrados para o controle da ferrugem asiática. 

Você pode consultar a lista de produtos registrados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit).

Produtos de sítio-específico

Alguns fungicidas de sítio específico, quando aplicados de forma conjunta, conferem maior proteção e podem se tornar uma opção interessante. 

Estrobilurinas devem ser aplicadas combinadas com triazóis, triazolinthione e ou/carboxamidas. 

Triazóis e triazolinthione não devem ser utilizados de forma isolada por apresentarem níveis de resistência.

Carboxamidas devem ser utilizadas sempre em combinações com estrobilurinas.

O controle deve ser iniciado preventivamente, evitando assim a exposição dos produtos a altas populações dos patógenos.

Novas tecnologias, combinando a aplicação de carboxamidas (sítio específico) e multissítio como oxicloreto de cobre foram disponibilizadas recentemente para o manejo da ferrugem asiática.

A lista completa dos grupos de fungicidas e seus respectivos modos de ação, pode ser consultada na Frac.

Lembre-se que todos esses produtos devem ser utilizados conforme recomendação do fabricante quanto a doses, épocas e intervalos de aplicação. 

Combinações de fungicidas de diferentes sítios de ação (sítio específico e multissítio) no controle de diferentes patógenos causadores de doenças na cultura da soja

Combinações de fungicidas de diferentes sítios de ação (sítio específico e multissítio) no controle de diferentes patógenos causadores de doenças na cultura da soja
(Fonte: adaptado de Agrofit)

Resistência de fungos aos fungicidas: por que ocorre e como evitar?

A resistência ocorre principalmente devido à grande variabilidade de microrganismos existentes, aliada à sua capacidade de multiplicação rápida.

Dessa forma, ao aplicarmos um fungicida de sítio específico de ação, repetidas vezes e sem utilizar táticas de manejo integrado de doenças (MID), estamos realizando uma pressão de seleção.

Alguns microrganismos desenvolvem estratégias de sobrevivência à aplicação dos ingredientes ativos, que são passadas de geração para geração.

A Frac recomenda algumas estratégias para evitar a resistência dos fungos aos fungicidas, incluindo:

  • rotação de ingredientes ativos, com emprego de mecanismos de ação diferentes;
  • utilização de fungicidas na época, dose e intervalos de aplicação recomendados pelo fabricante;
  • emprego de diferentes métodos de controle de doenças, fazendo adoção do MID – Manejo Integrado de Doenças, o que inclui controle cultural, genético e biológico (quando for possível, respeitando a compatibilidade de produtos);
  • consulta a um profissional engenheiro-agrônomo para recomendações dos ingredientes ativos mais apropriados para aplicação na sua realidade.

A avaliação da necessidade de aplicação e momento (preventivo para algumas doenças) também torna-se importante para reduzir o número de tratamentos durante a safra. 

Para evitar a resistência, planeje a utilização de produtos em misturas e com diferentes mecanismos de ação.

Programa de aplicação de fungicidas, estratégia e risco de resistência. A - fungicida com alto risco de resistência; B - fungicida com baixo risco de resistência.

Programa de aplicação de fungicidas, estratégia e risco de resistência. A – fungicida com alto risco de resistência; B – fungicida com baixo risco de resistência.
(Fonte: adaptado de Zambolim, 2008)

9 possíveis causas de “insucesso” no uso de fungicidas

As falhas no controle químico de doenças geralmente são atribuídas aos fungicidas… mas você já pensou que outros fatores podem estar relacionados?

Veja os principais a seguir:

  1. diagnose do agente causal incorreta;
  2. escolha do local de plantio inadequada, com o estabelecimento da cultura em locais extremamente úmidos;
  3. clima favorável a doenças (como o caso de regiões de produção de sementes no Mato Grosso do Sul, onde a cultura da soja é cultivada sob irrigação de pivô central e o vazio sanitário muitas vezes não é adotado, favorecendo a ocorrência de inóculo inicial de ferrugem). 
  4. desconhecimento de fatores de predisposição a doenças como nutrição, clima, umidade do solo, compactação, etc.
  5. utilização de uma única medida de controle, como no caso do controle químico, usando um único ingrediente ativo durante todo o cultivo;
  6. época de aplicação inadequada (fora do estádio fenológico em que é indicada) e local de penetração dos patógenos na planta (verso das folhas, flores, frutos em formação, caules, etc);
  7. aplicação de fungicidas sistêmicos quando os patógenos já estão estabelecidos na cultura em níveis populacionais severos, como no caso da ferrugem asiática da soja; 
  8. uso de doses abaixo ou acima do recomendado, bem como utilização de um único fungicida (princípio ativo);
  9. adjuvantes inadequados e pH da calda, além da tecnologia de aplicação, tipos de bico e regulagem de equipamentos.
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Conclusão

Neste artigo vimos as diferenças entre os espectros de ação sítio-específicos e multissítios, bem como a forma que protege os cultivos. E pudemos entender como eles se tornam aliados quando utilizados em conjunto.

Vimos também as principais causas de resistência dos fungos aos fungicidas e as formas de manejo recomendadas para evitar com que elas ocorram.

Vale lembrar que um bom monitoramento da lavoura, com diagnóstico correto e precoce das doenças, bem como planejamento da utilização de produtos são fatores que determinam o sucesso no controle de doenças.

>> Leia mais:

“Lavoura saudável: como combater as doenças da soja (+ nematoides)”

“Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?”

Restou alguma dúvida sobre como atuam os fungicidas multissítios e por que são importantes no controle de doenças da cultura da soja? Deixe seu comentário!

As 6 principais plantas daninhas do algodão e como controlá-las

Plantas daninhas do algodão: confira as espécies mais problemáticas para a cultura e o que fazer para ter um manejo adequado!

O controle das plantas daninhas é de extrema importância, principalmente quando se trata de uma cultura tão sensível à competição quanto o algodoeiro.

Além dos problemas durante a safra e a colheita, as invasoras também podem prejudicar a qualidade da fibra do algodão, contribuindo para o aumento da umidade nos fardos. E isso pode prejudicar significativamente seu lucro com a lavoura, não é verdade?

Quer saber mais sobre as principais plantas daninhas do algodão e como fazer um controle mais efetivo dessas espécies em sua lavoura? Confira essas e outras informações a seguir!

6 principais plantas daninhas do algodão

1. Buva

Muito agressiva e amplamente disseminada por todo o Brasil, a buva (Conyza spp.) também é conhecida por voadeira, rabo-de-foguete e margaridinha-do-campo.

Produz quantidades elevadas de sementes que se dispersam com facilidade na área, o que justifica sua presença em grande parte do país.

A buva é uma das plantas daninhas que já apresentaram resistência ao glifosato, o que a torna de difícil controle.

foto de Buva (Conyza bonariensis)

Buva (Conyza bonariensis)
(Fonte: Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas, 2006)

2. Corda-de-viola

Também conhecida por corriola, campainha e jetirana, a corda-de-viola (Ipomoea sp.) é uma planta daninha de grande importância econômica na agricultura. 

De hábito trepador, ela se enrola no algodoeiro, podendo causar estrangulamento e acamamento da planta. 

Durante a colheita do algodão, a corda-de-viola também compromete o funcionamento dos componentes móveis da colhedora, causando mau funcionamento da máquina. 

foto de planta daninha Corda-de-viola com flor vermelha (Ipomoea hederifolia)

Corda-de-viola (Ipomoea hederifolia)
(Fonte: Herbário Vale do São Francisco)

3. Capim-amargoso

O capim-amargoso (Digitaria insularis) é uma gramínea que causa danos a diversas culturas de interesse econômico. Dependendo da região, pode ser conhecido como capim-flecha e capim-milhã.

Trata-se de uma planta com metabolismo fotossintético C4, que tem a capacidade de se desenvolver durante todo o ano.

Essa planta daninha forma volumosas touceiras a partir de rizomas e, assim como a buva, é de difícil controle por já ter apresentado resistência ao glifosato.

foto de planta daninha Capim-amargoso (Digitaria insularis)

Capim-amargoso (Digitaria insularis)
(Fonte: Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas, 2006)

4. Caruru

O caruru (Amaranthus spp.), também conhecido por bredo e crista-de-galo, é outra planta daninha com ampla janela de adaptação, ou seja, se desenvolve mesmo em situações adversas. 

Essa planta tem rápido crescimento e elevada produção de sementes, o que garante sua disseminação por todo o território. É também uma planta de difícil controle devido à resistência ao glifosato.

duas fotos de caruru (Amaranthus hybridus var. paniculatus e Amaranthus hybridus var. patulus), plantas daninhas do algodão

Caruru (Amaranthus hybridus var. paniculatus e Amaranthus hybridus var. patulus)
(Fonte: Adaptado de Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas, 2006)

5. Leiteiro

Também conhecido por amendoim-bravo e café-do-diabo, o leiteiro (Euphorbia heterophylla) tem trazido grandes prejuízos às lavouras. Sua presença causa diminuição da produção e da qualidade do produto colhido. 

O leiteiro apresenta deiscência explosiva (bolocoria). Isso quer dizer que seus frutos têm a capacidade de lançar as sementes longe da planta-mãe, o que facilita sua disseminação.

Também é uma planta daninha que, ao longo dos anos, adquiriu resistência ao glifosato. 

planta daninha Leiteiro (Euphorbia heterophylla)

Leiteiro (Euphorbia heterophylla)
(Fonte: Embrapa)

Plantas daninhas que interferem na qualidade da fibra do algodão 

Algumas espécies de plantas daninhas também interferem diretamente na qualidade da fibra do algodão, como é o caso do picão-preto (Bidens pilosa), capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum) e capim-colchão (Digitaria horizontalis)

As sementes dessas plantas apresentam estruturas que aderem à fibra, reduzindo a qualidade do produto e, consequentemente, seu valor de mercado. 

Além disso, a presença de impurezas aumenta os custos de beneficiamento do algodão.

Da direita para a esquerda: sementes de picão-preto (Bidens pilosa), capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidiu.) e capim-colchão (Digitaria horizontalis)

Da direita para a esquerda: sementes de picão-preto (Bidens pilosa), capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidiu.) e capim-colchão (Digitaria horizontalis
(Fonte: Adaptado de Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas, 2006)

Quando controlar as plantas daninhas do algodão?

É fundamental conhecer o histórico da área em que será implantada a lavoura. O conhecimento prévio da comunidade infestante permite estabelecer um plano de ação eficiente, que deve ser iniciado antes da semeadura e se estender até o momento da colheita. 

Tendo em vista que o algodoeiro é muito sensível à competição, qualquer interferência externa pode comprometer a produtividade. Assim, o cultivo e a colheita devem ser feitos com a área sem plantas invasoras, ou seja, “no limpo”.

Métodos de controle das daninhas do algodão

Controle preventivo

O controle preventivo tem intuito de evitar que novas sementes procedentes de outros locais sejam introduzidas na área cultivada. 

Para isso, é preciso:

  • fazer a limpeza de máquinas e implementos antes de transferi-los de uma área a outra. Essa medida evita que torrões de solo contendo sementes de plantas daninhas sejam levados para outra área de cultivo;
  • utilizar sementes de algodão certificadas;
  • fazer o controle das plantas daninhas também na bordadura das lavouras e nos carreadores, pois o trânsito de animais e até mesmo o vento podem levar sementes indesejadas para a área cultivada.

Controle químico

No mercado, é possível encontrar diversos produtos para o controle de espécies daninhas na cultura do algodão. No entanto, a escolha do herbicida deve ser pautada em alguns fatores, como: 

  • cultivar do algodão;
  • grau de seletividade;
  • espécie e estágio de desenvolvimento das plantas daninhas;
  • tipo de solo;
  • condições climáticas;
  • tecnologia de aplicação.

Também é importante evitar o uso de produtos isolados com resistência comprovada.

Dentre as moléculas disponíveis para o controle de plantas daninhas na cultura do algodão temos:

  • haloxifope-P-metílico;
  • carfentrazona-etílica;
  • diurom;
  • dibrometo de diquate;
  • cletodim.

Mas, o processo de escolha de herbicidas é complexo, o que remete à necessidade de acompanhamento por um engenheiro agrônomo.

Práticas de manejo integrado 

A rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação é uma das técnicas que deve ser adotada pelo cotonicultor. 

Essa medida amplia o número de espécies controladas, diminui o banco de sementes do solo e dificulta a seleção de biótipos resistentes. 

Outra técnica é a rotação de culturas, que traz inúmeros benefícios como a diversificação da produção, melhoria das qualidades físico-química e biológica do solo e controle de plantas infestantes. 

Cada cultura requer um manejo específico e os efeitos dos diferentes sistemas de produção contribuem para a diminuição do banco de sementes.

Na entressafra, deve ser dada atenção especial ao manejo das plantas daninhas. As medidas adotadas nesse período refletirão diretamente na próxima safra tanto no que se refere ao tamanho da população invasora quanto ao número de aplicações de herbicidas.

planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

Buva, corda-de-viola, capim-amargoso, caruru, leiteiro, picão-preto, capim-carrapicho, carrapicho-de-carneiro e capim-colchão são algumas das plantas daninhas que causam sérios prejuízos à cultura do algodão.

Como você viu neste artigo, o controle eficiente das plantas daninhas está pautado na adoção de práticas de manejo integradas. Utilize controle preventivo e químico, faça um bom manejo na entressafra, aposte na rotação de culturas e de produtos com mecanismos de ação diferentes.

Vale lembrar que cada área produtora deve ser avaliada isoladamente, considerando fatores técnicos, ambientais e econômicos. Dessa forma, você garante maior produtividade e reduz os custos de produção do algodão!

>>Leia mais:

Capim-rabo-de-raposa (Setaria Parviflora): guia de manejo

Restou alguma dúvida sobre plantas daninhas do algodão? Quais as espécies que dão mais dor de cabeça aí em sua lavoura? Aproveite e baixe aqui um e-book gratuito sobre o controle de plantas daninhas!

Referências

Lorenzi, H. Manual de identificação e controle de plantas daninhas: plantio direto e convencional. 6ª Edição. Nova Odessa, São Paulo. Instituto Plantarum, 2006.

O que você precisa saber sobre identificação, danos e controle da planta daninha corda-de-viola

Planta daninha corda-de-viola: confira as principais características e os herbicidas mais eficientes para controle dessa invasora

Corriola, campainha, amarra-amarra… a planta daninha corda-de-viola pode ser conhecida por vários nomes e, em todos os casos, pode causar sérios danos às culturas se não for manejada corretamente!

Estudos apontam que a presença dessa invasora pode reduzir em quase 50% a produtividade da lavoura, sendo as culturas de verão as mais afetadas.

Além disso, por ser tolerante ao glifosato, é preciso haver um controle especial para evitar sua dispersão na produção e arredores da lavoura.

Quer aprender a identificar e controlar de maneira eficiente a corda-de-viola? Confira a seguir!

Principais características da planta daninha corda-de-viola 

A corda-de-viola (Ipomea sp.) é uma planta daninha de coloração vistosa tanto nas folhas quanto nas flores. 

Possui folhas largas que, dependendo da espécie, podem ser inteiras ou recortadas. Já suas flores podem ser de diferentes cores, variando do branco ao roxo.

A reprodução da corda-de-viola ocorre por sementes e ela cresce como uma trepadeira, com hábito de se enrolar sobre as culturas, podendo atingir até 3 m de comprimento.

Seu caule e ramos são finos, fibrosos e alongados, que se prostram sobre o chão ou sobem em obstáculos (culturas na lavoura). Sendo assim, dificulta muito a colheita em culturas como soja, feijão e milho.

duas fotos de exemplares de Ipomea sp. (Corda-de-viola)

Exemplares de Ipomea sp. (Corda-de-viola)
(Fonte: Mais soja)

Segundo relatos, há mais de 140 espécies da planta-daninha corda-de-viola, que está presente em todas as regiões do Brasil. 

Além de competirem por água, luz e nutrientes com as culturas de valor econômico, também atrapalham muito o processo mecânico de colheita, como explicarei a seguir.

Culturas afetadas e problemas causados 

Diversas espécies de interesse econômico sofrem danos devido à disseminação da corda-de-viola nas lavouras.

Arroz, cana-de-açúcar, milho e soja são as mais afetadas devido à planta daninha ser de crescimento anual e ocorrer na mesma época dessas citadas.

Como a corda-de-viola apresenta tolerância ao herbicida glifosato, é comum também estar presente em lavouras onde cultivares geneticamente modificadas (RR) são cultivadas.

planta daninha corda-de-viola na cultura da soja

Corda-de-viola na cultura da soja
(Fonte: Feis/Unesp)

foto de planta daninha corda-de-viola no milho

Corda-de-viola no milho
(Fonte: Embrapa)

No caso da soja, a presença da planta daninha corda-de-viola na lavoura pode reduzir em mais de 40% a produtividade da cultura, como mostra estudo

A alta população dessa planta daninha nas culturas traz uma série de problemas como:

  • inviabilização da operação mecânica de colheita;
  • embuchamento da colhedora;
  • desgaste de componentes da plataforma de corte;
  • arrastamento e tombamento;
  • impacto no rendimento final das culturas;

E tudo isso, claro, causa prejuízos econômicos.

Outro estudo aponta que até 20 sacas de milho por hectare podem ser deixados para trás em lavouras infestadas com a daninha.

Colhedora de cana-de-açúcar “embuchada” por causa da corda-de-viola

Colhedora de cana-de-açúcar “embuchada” por causa da corda-de-viola
(Fonte: LPV/ESALQ/USP)

Como fazer o manejo da corda-de-viola na lavoura

Para minimizar ou eliminar os problemas causados pela planta daninha corda-de-viola na lavoura, faz-se necessário executar técnicas de manejo específicas, evitando a proliferação da planta invasora e reduzindo o banco de sementes no solo.

Um manejo bastante tradicional, simples e eficaz, é a aplicação de herbicidas específicos.

Como a reprodução da espécie se dá por sementes, é interessante o controle pré-emergente ou pós inicial, antes do desenvolvimento do hábito trepador. Passada essa fase, fica complicado o controle de maneira seletiva, evitando competição e problemas na colheita.

O controle na fase inicial também evita a produção de sementes, reduzindo o banco de sementes da invasora. Com o manejo correto, ao longo do tempo esse banco será reduzido a um nível que não cause mais danos econômicos.

A seguir, deixo alguns exemplos de herbicidas recomendados para o controle de Ipomea sp.

Flumioxazin

É uma alternativa eficaz e possui registro para diversas culturas, dentre elas soja, algodão e cana-de-açúcar. 

Controla na pré e pós-emergência com alta seletividade e longo residual na dose de 50 g ha-1 para a cultura da soja.

Pesquisadores de campo relatam que o uso de misturas tem obtido bons resultados no controle da corda-de-viola. A associação com glifosato, 2,4 D e/ou imazetapir amplia o espectro de controle.

2,4 D

O 2,4 D controla plantas daninhas de difícil controle, especialmente as plantas de folhas largas, como a corda-de-viola.

Esse herbicida seletivo pode ser utilizado para o controle da corda-de-viola nas culturas do trigo, milho, soja, arroz, aveia, sorgo, cana-de-açúcar, café e pastagem de braquiária.

Na soja,, a aplicação deve ser feita 7 dias antes da semeadura. No café, a aplicação deve ser feita em jato dirigido, evitando o contato do produto com a cultura.

Oxyfluorfen

Possui até 95% de controle na maioria das espécies de Ipomea sp. (Corda-de-viola). Há indicação de uso no arroz irrigado em pré e pós-emergência na dose de 1,0 – 4,0 l ha-1.

Também pode ser recomendado para outras culturas de lavoura como algodão e cana-de-açúcar.

Sulfentrazone

Mais um herbicida utilizado na pré-emergência da planta daninha. Possui indicação para soja com uma exceção: não aplicar em solos arenosos. Nesta cultura há recomendação de 0,4 a 1,2 l ha-1.

Possui ação residual para controle do banco de sementes, podendo ser usado em associação a herbicidas sistêmicos (glifosato, 2,4 D e chlorimuron).

Amicarbazone

Herbicida com alto controle na pré e pós-emergência inicial. Recomendado para controle da corda-de-viola em lavouras de milho e cana-de-açúcar na dose de 0,4 e 1,5-2,0 kg ha-1, respectivamente.

Em cana-de-açúcar, pesquisas demonstraram que este ingrediente ativo apresentou controle total de diversas espécies de corda-de-viola em pós-emergência inicial, além de ótimo efeito residual, reduzindo drasticamente eventuais danos à cultura.

No controle de plantas adultas, os herbicidas à base de 2,4-D possuem bons resultados, e são registrados para a maioria das grandes culturas de lavoura.

Importante verificar a tecnologia das cultivares na utilização de misturas:

É importante consultar um profissional da agronomia em todas as práticas de aplicação de defensivos agrícolas.

A recomendação e receituário tem o intuito de evitar a aplicação de doses excessivas ou subdoses de herbicida. 

Uma dose inadequada é muito prejudicial, seja pela fitotoxicidade causada às plantas, seja pelo controle falho e surgimento de resistência ou tolerância das daninhas.

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Conclusão

A planta daninha corda-de-viola é uma invasora comum no Brasil, possui hábito trepador e crescimento preferencial no verão.

Além da competição por água, luz e nutrientes com as culturas de interesse econômico, ela prejudica a colheita mecanizada, o que traz perdas econômicas significativas.

Como você viu neste artigo, o manejo da corda-de-viola deve ser realizado na pré-emergência ou pós-emergência inicial.

A reprodução da invasora por sementes exige um bom controle e uso de herbicidas com longo efeito residual.

Misturar herbicidas inibidores da Protox com glifosato é uma boa alternativa para controle da corda-de-viola.

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