Fique de olho na cantoria da cigarra-do-cafeeiro e faça o controle certeiro

Cigarra-do-cafeeiro: características da praga e as formas de manejo mais efetivas para sua lavoura.

Se a cantoria das cigarras incomoda a maioria das pessoas, para os produtores de café é sinal de alerta.

A cigarra-do-cafeeiro é uma praga que causa sérios danos à cultura e seu manejo deve ser feito de forma eficiente. 

Quer entender melhor sobre essa praga e suas principais características? Confira a seguir!

Cigarra-do-cafeeiro

As espécies popularmente conhecidas como cigarras-do-cafeeiro são Quesada gigas, Fidicinoides sp. e Carineta sp. Elas pertencem à ordem Hemiptera e família Cicadidae.

Entretanto, a espécie Q. gigas é a que causa maior dano na cultura, pois suas ninfas são maiores e sugam a seiva das raízes ininterruptamente e por um longo tempo.

foto de adulto da espécie Quesada gigas

Adulto da espécie Quesada gigas 
(Fonte: UOV)

E essa espécie, por ser mais severa, deve ser muito bem manejada. Vamos à algumas características dela.

Características da cigarra-do-cafeeiro – (Quesada gigas

Uma característica marcante dessa espécie é seu ‘canto’, que, na verdade, é uma maneira do macho atrair a fêmea para cópula. E o som emitido vem de órgãos estridulatórios que ficam no abdome dos machos.

Segundo o pesquisador da Epamig, Júlio César de Souza, existe um período específico do ano em que os adultos se dispersam para o acasalamento – normalmente entre agosto e outubro

Diferente do que o senso comum diz, as cigarras não cantam até estourar. Aquelas ‘cascas’ que ficam nos troncos das árvores são as exúvias do último ínstar ninfal. Isso quer dizer que os adultos emergem e as exúvias ficam nos troncos. 

Os adultos têm o corpo robusto, coloração amarronzada, grandes olhos compostos com três ocelos entre eles e os machos são maiores que as fêmeas. 

Mas como as ninfas chegam no tronco?

Após o acasalamento, as fêmeas colocam os ovos sob ramos das árvores do cafeeiro de forma endofítica. Os ovos são de coloração esbranquiçada e tem forma alongada. 

Quando as ninfas eclodem, elas produzem um filamento para descer até o solo em busca das raízes da planta. 

Essas ninfas se alimentam da seiva elaborada (do floema) das plantas inserindo o aparelho bucal sugador nas raízes. E é aí que está o problema. Essa fase pode ficar de um a dois anos consumindo o conteúdo, o que causa severos danos. 

Ninfas móveis de Quesada gigas

Ninfas móveis de Quesada gigas
(Fonte: Embrapa)

As que se fixam nas raízes são ninfas móveis e após esse tempo se alimentando da seiva, saem do solo, deixando um orifício individual, e vão, novamente, para o tronco das árvores onde ficam imóveis até a emergência dos adultos e se inicia um novo ciclo da praga. 

Por isso, a fase que causa danos no cafeeiro é de ninfas móveis. 

Sintomas e danos

Os primeiros sintomas são fraqueza na parte aérea, que se acentua em épocas de déficit hídrico, por acarretar a morte das raízes. 

Em seguida, começam a aparecer sintomas na parte aérea como clorose, queda precoce de folhas, complicações na granação de frutos e diminuição da vida útil das lavouras.

Já houve relatos de, em uma única planta, haver de 200 a 400 ninfas móveis causando severos danos. É praticamente impossível ter uma boa produção com um ataque nesse nível. 

Pode-se observar indícios de que existe população de cigarras pela presença das exúvias ou ‘cascas’ nos troncos das plantas de café ou em plantas próximas ao cafezal.

Por ser um arbusto, o cafeeiro vai definhando conforme a população da praga vai aumentando. Se não houver controle efetivo, as lavouras passam a não responder aos tratos culturais que normalmente são feitos, deixando que as floradas fiquem bastantes escassas. 

foto de Exúvia de cigarra em um tronco

Exúvia de cigarra
(Fonte: Pixabay)

>>Leia mais: “Broca-do-café: veja as principais alternativas de controle

Manejo da cigarra-do-cafeeiro 

Quando os sinais da presença das cigarras forem aparecendo, é o momento de começar a fazer o monitoramento das ninfas móveis, que ficam se alimentando das raízes. 

Para o monitoramento, a primeira coisa a ser feita é dividir a lavoura em talhões.

Em cada talhão deverão ser feitas amostragens após observação dos orifícios de saída das ninfas móveis no solo próximas às copas do cafeeiro e das exúvias nos troncos. 

Ao encontrar esses indícios, devem ser feitas trincheiras em algumas covas para contagem de ninfas. O ideal é entrincheirar 10 covas por talhão.

A trincheira deve ser aberta de um dos lados da planta até atingir a raiz principal, que é o local de maior concentração dos insetos para succionar a seiva. 

Como a trincheira é feita apenas de um lado da planta, ao final da contagem, deve-se multiplicá-la por dois para se ter um valor aproximado do total de indivíduos naquela planta.

O nível de controle para a cigarra-do-cafeeiro Q. gigas é de 35 ninfas móveis por cova. Porém, hoje em dia já é recomendado que se faça o controle antes mesmo de atingir esse nível. 

planilha de Manejo Integrado de Pragas - MIP Aegro, baixe grátis

Atualmente, o único controle realmente eficiente é o químico, aplicado no solo, que deve ser feito no início do período chuvoso, momento em que se iniciam os enfolhamentos no cafeeiro. 

Os inseticidas utilizados devem ser sistêmicos para que atinjam o sistema vascular da planta, chegado na seiva elaborada, onde as ninfas móveis se alimentam. 

Dentre esses inseticidas, os mais indicados são os do grupo químico dos neonicotinoides, podendo ser em formulações de granulado dispersível (WG), granulado (GR), suspensão concentrada (SC) ou técnico concentrado (TK). 

Existem 10 produtos registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para controle da cigarra-do-cafeeiro. 

Conclusão

Quando as cigarras começam a ‘cantar’, o produtor de café deve estar muito atento, pois esse é o período em que a praga vai se reproduzir.

Existem três espécies de cigarras que atacam o cafeeiro, mas a Quesada gigas é a que causa maiores danos se não for controlada. 

As ninfas se alojam sob o solo para sugar a seiva elaborada e causam danos ao cafezal, podendo deixá-lo improdutivo. 

O manejo deve ser feito com o monitoramento e, em seguida, com aplicação de inseticidas no solo, quando constatado o nível de controle. 

>> Leia mais:

Poda do cafezal: como fazer para aumentar sua produção

10 dicas para melhorar a gestão de sua lavoura de café

Você tem problemas com a cigarra-do-cafeeiro na sua lavoura? Como faz o manejo? Adoraria ler seu comentário!

Como controlar a lagarta enroladeira das folhas na sua lavoura

Lagarta enroladeira das folhas: confira as características da praga, em quais estádios podem causar mais problemas e as recomendações de manejo.

A presença de pragas na lavoura é sempre um sinal de alerta. E é fundamental que você esteja sempre atento para evitar gastos e perdas de produtividade.

A lagarta enroladeira das folhas, apesar de não ser uma praga primária, vem ganhando destaque, principalmente em leguminosas.

Neste artigo, separei as informações mais importantes para que você faça um manejo eficiente da lagarta enroladeira das folhas na sua fazenda.

Características da lagarta enroladeira das folhas

Existe um complexo de lagartas da ordem Lepidoptera que causa danos nas lavouras. Dentre as várias espécies existentes, a lagarta enroladeira das folhas (Hedylepta indicata – sinonímias: Bleprosema indicata, Lamprosema indicata, Hedylepta vulgaris e Anania indicata), apesar de não ser uma praga primária, merece cuidados.

Ela ocorre em condições de climas tropicais e subtropicais, sendo que o pico populacional é observado no mês de abril. 

Pode se hospedar nas culturas da soja, feijão, milho, ervilha e amendoim.

A lagarta enroladeira das folhas possui cinco instares larvais que têm duração de aproximadamente 16 dias.

O adulto é de fácil identificação, pois possui coloração castanho-claro, com três estrias transversais escuras nas asas anteriores e envergadura de até 12 mm.

As fêmeas procuram realizar a oviposição nas folhas ou botões novos das plantas hospedeiras. Cada fêmea pode colocar em média 300 ovos.

Já nas lagartas, é possível observar que, logo nos primeiros ínstares, possuem coloração amarela, evoluindo para um verde-claro e, no final de sua fase larval, apresenta como coloração um verde mais acentuado. Seu tamanho pode variar de 12 mm a 15 mm.

O ciclo biológico dessa praga varia de 22 a 31 dias, dependendo das condições climáticas da região. 

Essa praga é facilmente reconhecida no campo por possuir o hábito de enrolar ou unir os folíolos da soja.

uma foto ao lado da outra, em uma tem a lagarta e na outra adulto da lagarta enroladeira das folhas

Lagarta (a) e adulto da lagarta enroladeira das folhas (b)
(Fonte: Embrapa)

Danos causados às lavouras

Os ataques da lagarta enroladeira das folhas ocorrem em diferentes momentos do desenvolvimento da cultura.

Nas fases iniciais, a lagarta raspa o parênquima foliar, rendilhando os folíolos, que acabam secando, sendo possível observar pequenas manchas brancas

Conforme ocorre o desenvolvimento das larvas, as lagartas necessitam de mais alimento, destruindo completamente a área foliar das plantas.

Nessa fase, a praga é considerada um grande problema no campo, pois, em casos de ataque intenso, ocasiona grande desfolha, prejudica a área fotossintética e influência no crescimento e desenvolvimento.

Caso não seja realizado o controle no momento exato, o ataque da lagarta enroladeira das folhas pode danificar até as hastes mais finas.

No campo, para observar a presença da praga nas plantas, fique atento às folhas. A lagarta entrelaça as folhas formando uma massa folhosa por meio de secreções que é utilizada também como alimento.

Caso note a presença dessa praga no final do ciclo da soja, a perda de área foliar não interfere na produtividade. Mesmo assim, é importante realizar o manejo da lavoura.

Para evitar riscos da presença dessas e outras pragas em sua lavoura, utilize sementes de qualidade e não deixe de lado o MIP (Manejo Integrado de Pragas).

Como fazer o manejo da lagarta enroladeira das folhas

Para o manejo adequado da lagarta enroladeira das folhas, o primeiro passo é verificar o histórico de pragas da fazenda. Assim, você consegue realizar o planejamento de manejo

É fundamental também realizar o monitoramento da lavoura com frequência. Isso irá facilitar a tomada de decisão.

Antes de realizar o controle, quantifique a infestação (%) em sua lavoura. Para isso, observe o número de plantas com sintomas.

Separei aqui uma planilha gratuita que pode te ajudar muito neste controle! Clique na imagem abaixo para fazer o download!

Controle cultural

Para evitar problemas com essa praga, realize:

Controle químico

Existem inúmeros produtos disponíveis para o controle químico da lagarta enroladeira das folhas. 

Você pode consultar o registro dos inseticidas no site do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o Agrofit

Veja os principais produtos recomendados nas culturas da soja e do feijão:

tabela com produtos recomendados para controle da lagarta enroladeira das folhas em soja, apresentando marca comercial e ingrediente ativo (grupo químico)

Produtos recomendados para controle da lagarta enroladeira das folhas em soja
(Fonte: Mapa)

tabela com produtos recomendados para controle da  lagarta enroladeira das folhas em feijão apresentando marca comercial e ingrediente ativo (grupo químico)

Produtos recomendados para controle em feijão
(Fonte: Mapa)

Contudo, é essencial que você consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para detalhamentos de acordo com a sua realidade.

Controle biológico

O uso de controle biológico pode ser uma alternativa para minimizar os custos com inseticidas e evitar a seleção de resistência dessa praga.

Uma opção é utilizar o parasitoide Trichogramma spp. como estratégia no manejo integrado.

Planilha MIP Aegro. Baixe grátis

Conclusão

A lagarta enroladeira das folhas, apesar de não ser uma praga primária, pode causar danos consideráveis na lavoura, provocando menor produtividade.

Neste artigo, você pôde conferir como identificar essa praga no campo e os principais prejuízos causados à lavoura.

Também falamos sobre as opções de controle químico, cultural e biológico que você pode aproveitar para fazer um manejo adequado dessa invasora. 

Com essas informações, espero que você proteja sua propriedade e não registre prejuízos com essa praga!

>> Leia mais:

11 pragas da soja que podem acabar com sua lavoura

Como acabar com as lagartas da lavoura com estas 5 dicas

Você tem problemas com lagarta enroladeira das folhas na sua lavoura? Quais medidas de prevenção realiza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Sensores no manejo integrado de pragas: por que você deve começar a usar!

Sensores no manejo integrado de pragas: entenda como essa tecnologia pode otimizar suas operações e reduzir seus custos com defensivos

A tecnologia se faz cada vez mais presente na agricultura brasileira. 

No monitoramento de pragas, que é uma das bases para o sucesso do controle efetivo, o uso de sensores tem mudado muito a forma como essa tática é implementada no campo. 

As ferramentas digitais prometem melhorar a amostragem no campo, tornar o manejo mais eficaz e fazer um controle mais eficiente!

Quer entender melhor tudo isso? Confira a seguir:

MIP e agricultura digital

Como sempre falamos aqui, o MIP (Manejo Integrado de Pragas) preconiza o uso de vários métodos de controle de pragas visando uma produção mais sustentável. 

Isso inclui uso dos controles químico, biológico, comportamental, genético, além de diversas outras maneiras de reduzir as pragas de forma integrada.  

Mas, antes mesmo de entrar com os controles, é muito importante que você faça o monitoramento das pragas. Essa é uma das principais bases para que o MIP realmente aconteça. 

bases do MIP Monitoramento Integrado de Pragas

“Casa do MIP”, com destaque para o monitoramento

Entretanto, muitas vezes, o monitoramento se torna bastante custoso ao produtor e acaba sendo deixado de lado por inúmeras dificuldades que são encontradas no caminho. 

Com isso, o risco de haver gastos desnecessários com defensivos químicos e tomadas de decisão equivocadas é grande. Então, como fazer? Qual a solução? 

A resposta não é tão simples e imediata, mas podemos dizer que a agricultura digital tem colaborado muito para que essa etapa seja um pouco mais facilitada no campo.

Com a evolução tecnológica, a coleta de dados automatizados tem sido uma realidade e pode ser aplicada no MIP para monitorar as pragas em uma velocidade que, antes, não seria possível. 

O uso de sensores promete melhorar a relação do produtor com a amostragem no campo, principalmente com o sensoriamento remoto.

O sensoriamento remoto faz aquisição das informações sem entrar em contato direto com o objeto a ser monitorado – nesse caso, as pragas.

E para que as informações cheguem nas mãos do produtor, a Internet das Coisas – IoT, em inglês Internet of Things – possibilita a conexão desses sensores à aparelhos com acesso à internet, como um tablet ou um smartphone.

Sensores no Manejo Integrado de Pragas

O sensores têm diversas aplicações que vão desde avaliação do estado nutricional da planta até a detecção de insetos-praga na lavoura. 

Os sensores mais comumente utilizados na agricultura são os térmicos, ópticos e elétricos

Para monitoramentos de pragas, os sensores podem ser acoplados a drones, fixados em implementos ou em locais específicos da lavoura para detecção das pragas.

As chamadas armadilhas inteligentes têm sensores que detectam os insetos capturados, possibilitando um acompanhamento muito preciso das pragas em tempo real. 

foto de armadilha inteligente na soja - sensores no manejo integrado de pragas

Armadilha inteligente na soja
(Fonte: Divulgação IAgro)

De forma geral, os sensores são essenciais para que a Agricultura de Precisão (AP) contribua com o MIP, principalmente em extensas áreas de produção. 

Com a AP, o manejo se torna mais eficaz por considerar pequenas áreas de forma simultânea e, na maior parte do tempo, não costumam ter um manejo homogêneo. 

Dessa forma, é possível fazer as correções necessárias em uma determinada propriedade de acordo com as necessidades de cada talhão, por exemplo. 

Assim, a tomada de decisão estará de acordo com cada área amostrada e não com a propriedade inteira – o que, em um monitoramento convencional, é algo realmente difícil de ser feito. 

Quando o controle for requisitado, será feito somente naqueles pontos específicos em que os sensores detectaram. Isso vai evitar desperdício de defensivos, desequilíbrio do agroecossistema e ainda promove economia do tempo para o manejo. 

Além de ter um controle mais efetivo e assertivo, o produtor ainda consegue realizar procedimentos agrícolas de forma otimizada, reduzir a mão de obra e se manter mais fiel aos preceitos do MIP.

Benefícios x gargalos no uso de sensores para o MIP

Existem muitos benefícios com o uso de sensores para o MIP. Podemos elencar:

  • redução de uso de defensivos;
  • controle somente onde há necessidade;
  • redução de mão de obra;
  • manejo mais sustentável;
  • preservação do agroecossistema
  • economia de tempo. 

Entretanto, existem alguns gargalos que impedem que a tecnologia esteja mais difundida, que seriam: 

  • qualidade de conexão na áreas rurais;
  • falta de capacitação dos usuários;
  • dificuldades com mão de obra;
  • maior investimento financeiro. 

Apesar de haver algumas falhas para que o uso de sensores seja mais difundido, o setor vem crescendo cada vez mais.

Diversas pesquisas em startups, universidades e grandes empresas estão voltadas para um manejo de pragas mais digitalizado com o intuito de facilitar ainda mais a vida do produtor. 

O que parecia muito distante, já está se tornando realidade e, muito brevemente, a tendência é a melhora do setor para a detecção de pragas com ainda mais precisão. 

Segundo a pesquisadora do Inpe, Ieda Sanches, as aplicações do sensoriamento remoto para o monitoramento de pragas com uso de satélites e drones é uma forte demanda tanto dos produtores quanto dos prestadores de serviço. E, futuramente, deve ser concretizado e já estará bastante acessível!

Aplicativo para o manejo integrado de pragas

Para tornar o seu manejo de pragas ainda mais eficiente, você também pode apostar em um software para o monitoramento da lavoura.

O Aegro, por exemplo, facilita as rotinas de monitoramento a partir de um aplicativo para celular que funciona mesmo sem internet. Com ele, você registra com precisão a incidência de pragas, doenças e plantas daninhas, diretamente do campo. 

Depois é só conferir, através de um mapa de calor, onde estão os focos de infestações. Assim, você consegue planejar atividades de controle somente quando for necessário.

Além disso, o Aegro oferece imagens de satélite com índice NDVI. Através desse índice, você acompanha a saúde da vegetação a distância e identifica com agilidade os talhões que estão sofrendo ataques de pragas.

Clique aqui para saber mais sobre o MIP no Aegro!

Conclusão 

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) usa de várias táticas, principalmente o monitoramento de pragas.

O uso de sensores tem contribuído para melhorar as amostragens de pragas no campo e facilitar a tomada de decisão do produtor. 

Apesar de ser uma área nova, existem diversos sensores para essa finalidade. 

Além de obter dados com maior confiabilidade, o produtor ainda pode usar da Agricultura de Precisão para fazer o controle somente onde é realmente necessário.

Você já pensou em usar sensores no manejo integrado de pragas da sua lavoura? Restou alguma dúvida sobre o assunto? Deixe seu comentário! 

Vaquinha da soja: como fazer o controle eficiente dessa praga em sua lavoura

Vaquinha da soja: aprenda a identificá-la, saiba em quais estádios ela causa mais problemas e a melhor forma de controle.

A vaquinha da soja é uma praga agrícola que causa grandes danos à cultura tanto na fase de larva quanto adulta.

É considerada bastante problemáticas na lavoura, pois ocasiona grande desfolha, prejudica a área fotossintética e influencia no crescimento e desenvolvimento da soja e também do milho.

Isso, claro, se reflete em perda de produtividade e de lucratividade. 

Mas como fazer o manejo eficiente da vaquinha da soja? A seguir, trago as principais recomendações para que você tenha sucesso no controle dessa praga agrícola.

Características da vaquinha da soja

Existe um complexo de besouros Crisomelídeos que tem por nome comum “vaquinha”. Dentre as várias espécies existentes, a Diabrotica speciosa é a de maior ocorrência no Brasil, sendo popularmente conhecida também como vaquinha-verde ou patriota.

Essa praga provoca grandes problemas tanto na fase de larva quanto adulta, principalmente na cultura do milho, soja e feijoeiro.

Para reconhecê-la no campo, é preciso atenção a alguns detalhes. A vaquinha possui três instares larvais: ovo, larva e pré-pupa e pupa. Os ovos da espécie são de coloração amarela e medem cerca de 0,5 mm de diâmetro.

A oviposição é realizada pelo adulto normalmente em solos mais úmidos e escuros e ao redor das plantas.

A larva possui 10 mm de comprimento, com coloração branca e partes (como cabeça, pernas e tórax) na cor preta. 

Fique atento, pois cerca de 90% das larvas costumam ficar ao redor das plantas!

A pré-pupa e pupa apresentam coloração branca e tamanho de aproximadamente 5 mm. 

Já o adulto é de fácil identificação, pois possui cor verde com três manchas amarelas em cada élitro, tíbias e tarsos negros e cabeça marrom, lembrando as cores do Brasil. Possuem cerca de 6 cm de comprimento.

O ciclo biológico dessa praga varia de 24 a 40 dias, dependendo das condições climáticas da região. 

Os períodos de cada fase de desenvolvimento variam de acordo com a temperatura. Geralmente, o período de incubação é de cerca de 7 dias. Passado esse período, temos a larva, de 14 a 26 dias e, em seguida, a pupa, com 6 dias em média.

 Ciclo biológico de Diabrotica speciosa vaquinha da soja

 Ciclo biológico de Diabrotica speciosa
(Fonte: Embrapa)

Danos causados às lavouras

Os ataques da vaquinha ocorrem em diferentes fases da cultura da soja e do milho.

Na fase larval, essa praga ataca raízes e sementes. Além disso, é possível observar perfurações nas folhas cotiledonares.

Na prática, as raízes não absorvem bem água e nutrientes, o que deixa a planta debilitada.

Na cultura do milho, por exemplo, o ataque da larva danifica consideravelmente as raízes, ocasionando sintomas que são confundidos com deficiência nutricional.

Podem ainda ocasionar sintomas na planta conhecidos como “pescoço de ganso”, em que a planta desenvolve o colmo em forma curvada.

Estudos realizados pela Embrapa Milho e Sorgo verificaram que a incidência de larvas da vaquinha por planta de milho podem reduzir consideravelmente o peso de grãos.

tabela com danos larval da Diabrotica speciosa em raízes de milho - vaquinha da soja

Danos larval da Diabrotica speciosa em raízes de milho
(Fonte: Embrapa)

Em soja, apesar dessa praga ser considerada secundária, também vem gerando muitos problemas, em especial em áreas de soja precedida por milho safrinha.

Ela reduzir o estande na área e consequentemente o potencial produtivo. Por isso, o monitoramento é fundamental!

Na fase adulta, a vaquinha é considerada uma das mais problemáticas, pois ocasiona grande desfolha, prejudica a área fotossintética e influencia no crescimento e desenvolvimento de milho e soja.

Essa praga se alimenta de folhas, brotos, frutos e pólen de plantas, o que pode ocasionar inclusive falhas na formação de grãos.

Para evitar a presença dessas e outras pragas em sua lavoura, utilize sementes de qualidade! E não deixe de lado o Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Como fazer o manejo da vaquinha no milho e na soja

O primeiro passo para o manejo de vaquinha é analisar o histórico de pragas em sua fazenda para, assim, iniciar o planejamento de manejo.

Realize o monitoramento de sua lavoura constantemente. Esse é o ponto decisivo para saber quando é necessário entrar com medidas de controle.

Para isso, você pode contar com um auxílio de um software agrícola como o Aegro.

Sabendo que há possibilidade de se deparar com a vaquinha, você pode se preparar com alguns métodos como:

Controle cultural

A presença da vaquinha na safra anterior, é motivo de alerta, principalmente se você utilizar o sistema soja-milho.

Para evitar problemas com essa praga, realize um bom preparo do solo e elimine possíveis plantas hospedeiras.

Controle químico

O controle químico é o principal método de controle da vaquinha. No momento da escolha do inseticida, opte por ingredientes ativos com alta persistência (6 a 10 semanas), para que a planta esteja protegida no estabelecimento do estande.

A pulverização no sulco de plantio e o uso de granulados são alternativas bastante eficientes para o controle da larva.

O registro dos inseticidas para controle da Diabrotica speciosa deve ser consultado no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Agrofit

Para a cultura do milho, por exemplo, você pode utilizar: fipronil (pirazol) ou bifentrina (piretroide).

Já para soja, você pode utilizar: fipronil (pirazol) ou  lambda-cialotrina (piretroide) + tiametoxam (neonicotinoide).

Contudo, é essencial que você consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para melhores detalhamentos de acordo com a sua realidade.

Controle biológico

O uso de controle biológico pode ser uma alternativa para minimizar os custos com inseticidas e evitar seleção de resistência.

Na literatura, encontramos vários estudos indicando um  possível controle biológico com: 

Celatoria bosqi (Dip., Tachinidae), Centistes gasseni (Hym., Braconidae), os fungos Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae e Paecilomyces lilacinus.

Contudo, estudos ainda estão sendo realizados para melhor evidenciar a eficiência do controle biológico.

Conclusão

Após todo o esforço com sua lavoura, você não pode perder produtividade por conta da presença de pragas na cultura.

A vaquinha tem causado danos nos últimos anos, principalmente no milho, soja e feijão.

Neste artigo, você pôde conferir como identificar a vaquinha no campo, seu principais danos e como realizar o manejo dessa praga agrícola. 

Espero que com essas dicas você consiga proteger sua lavoura e alcançar uma excelente produção!

Você tem problemas com vaquinha da soja na sua lavoura? Quais medidas de prevenção realiza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Percevejo no milho: identifique os danos e saiba manejar

Percevejo no milho: veja quais são as principais espécies, os danos causados, as fases mais críticas e como fazer um controle assertivo

O ataque de percevejos é frequente na cultura do milho, especialmente em em sucessão com soja. Alguns fatores fazem com que essas principais pragas do milho estejam presentes na safra principal e na safrinha.

Muitas vezes, os danos causados são observados após um tempo. Isso pode refletir na necessidade de replantio da cultura. 

Neste artigo, veja como reconhecer os principais percevejos do milho, saiba como reconhecer os danos na lavoura e entenda as melhores estratégias de manejo. Boa leitura!

O que são percevejos no milho?

Os percevejos são insetos difíceis de controlar. Eles podem ser pragas iniciais ou tardias, que são encontrados em diversos locais da cultura. A cada ano, os percevejos ganham mais importância devido aos danos causados.

Os percevejos podem atacar a cultura do milho em diferentes fases de desenvolvimento. Os danos podem aparecer desde os estágios iniciais até os mais avançados. Os que atacam a cultura do milho são, em sua maioria, da família Pentatomidae

Diversas espécies podem ser encontradas nas lavouras, como:

Os percevejos barriga-verde são os que mais causam problemas. Isso principalmente no milho safrinha, implementado após soja ou feijão. Existem duas espécies que podem deixar o início da lavoura comprometida: Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus

Quais são os danos causados na cultura?

Os percevejos podem reduzir a produção da cultura do milho. Afinal, nas fases iniciais de desenvolvimento os percevejos podem: 

  • reduzir a altura de plantas;
  • reduzir número de folhas expandidas;
  • reduzir a massa seca de raízes;
  • provocar injúrias no cartucho;
  • causar enrolamento das folhas centrais da planta.

Na figura a seguir, é possível observar os danos dos percevejos no milho.

percevejos-no-milho
Adultos de Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus
(Fonte: Eco Registros)

Principais espécies de percevejos do milho

Não existe apenas uma espécie de percevejo no milho, e saber reconhecê-las é fundamental para evitar danos na lavoura. Veja abaixo quais são as principais:

Percevejo-barriga-verde

As espécies Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus têm características muito semelhantes. Sua atividade maior se dá em horários com temperaturas mais amenas

No entanto, D. furcatus é maior e seus espinhos são escuros. Já o Dichelops melacanthus é uma espécie menor e as extremidades dos espinhos são mais escuras do que o restante do corpo.

Além disso, D. furcatus é mais frequente em regiões de temperaturas mais amenas e Dichelops melacanthus em regiões mais quentes. O período de incubação dos ovos de ambas espécies é de aproximadamente seis dias.

Esses percevejos se alimentam de diversas espécies de plantas, inclusive de plantas daninhas. Isso contribui para que os insetos permaneçam na área.  D. melacanthus é uma praga do milho, mas também ataca outras culturas:

Tanto as ninfas como os adultos perfuram o colo das plântulas e sugam o conteúdo da seiva. Ao mesmo tempo, injetam substâncias tóxicas nas plantas.

percevejos-no-milho
Diferentes estágios do percevejo-barriga-verde.
(Fonte: Embrapa)

Percevejo-marrom

Em semeaduras de milho após a soja, o ataque do percevejo-marrom ocorre na fase inicial de desenvolvimento. Ele causa danos semelhantes aos causados pelo percevejo-barriga-verde. No entanto, isso acontece em menor intensidade.

Em regiões com temperaturas mais amenas, o percevejo-marrom migra para áreas de mata ou vegetação nativa. Eles permanecem nesses locais até o final de setembro.

Por isso, o monitoramento dos percevejos do milho deve ser realizado antes mesmo da semeadura. Afinal, eles estarão presentes nas áreas de produção ou próximo delas.

percevejos-no-milho
Diferenças entre o adulto do percevejo-marrom e do percevejo-barriga-verde. 
(Fonte: Corrêa-Ferreira, 2017)

Percevejo-verde (ou percevejo-do-mato)

O percevejo-verde também é capaz de se alimentar de diversas espécies de plantas. Entretanto, os danos provocados por esse percevejo são diferentes dos demais. Afinal, ele injeta toxinas nos tecidos da planta hospedeira, podendo também disseminar fungos.

O ciclo de vida total do inseto depende de diversos fatores, principalmente temperatura. As ninfas (fase anterior à adulta), apresentam diferentes cores a depender do estágio de desenvolvimento:

  • alaranjada no primeiro ínstar;
  • preto com manchas brancas no segundo ínstar;
  • preto com manchas brancas no tórax e abdome verde com manchas amarelas no terceiro ínstar;
  • tórax preto e abdome vermelho com manchas amareladas ou verdes no quarto e quinto ínstar.

Na fase adulta, a coloração do inseto é verde. Ele pode se tornar verde escuro, dependendo dos fatores ambientais

percevejos-no-milho
Diferenças morfológicas e de coloração das principais espécies de percevejos que ocorrem na cultura do milho
(Fonte: Promip, 2019)

Percevejo-gaúcho ou percevejo-do-milho

Além de causar falhas nas espigas, o percevejo-gaúcho pode contaminar os grãos com fungos, principalmente Fusarium moniliforme, Penicillium spp. Embora o milho seja o alimento mais completo para a espécie, ele causa danos em inúmeras culturas.

Esse percevejo mede cerca de 2 cm de comprimento e tem coloração pardo-escura. Uma das características para identificação da praga é a presença de duas manchas circulares de coloração amarela em zigue-zague, localizadas nas asas.

A oviposição é realizada em linhas nas folhas. As ninfas dessa espécie (fase anterior a adulta), possuem coloração avermelhada a amarelada. Dependendo da condição climática, o ciclo biológico deste percevejo pode ser de um a dois meses.

Fases críticas para o ataque dos percevejos 

Os percevejos aproveitam a “ponte verde” para migrarem das culturas anteriores para o milho safrinha. Assim que as plantas começam a emergir, começam os ataques. Eles sobrevivem sob a palhada de plantas hospedeiras, que podem ser daninhas à cultura. 

Depois eles dispersam para a soja ou milho, e depois para o milho safrinha. Na fase vegetativa, com entre três e quatro folhas expandidas, é o período mais crítico. A alimentação intensa interfere nos estádios posteriores ao desenvolvimento da cultura.

Após esse período, ocorre a dispersão. Nesse momento, os percevejos aumentam a sua população, causando danos à cultura do milho e da soja

percevejos-no-milho
Dinâmica de percevejos em sistemas de produção milho-soja no sul do Brasil
(Fonte: Toledo et al., 2021)

Como saber o momento certo de controle?

Se houver 0,58 percevejos por m² é o momento ideal para entrar com controle. Quando a amostragem mostrar necessidade de controle, entre imediatamente com os métodos. 

Para te ajudar com o registro e controle dos percevejos na lavoura, a tecnologia pode ser um divisor de águas. Separamos uma planilha gratuita para te ajudar nessa etapa. Clique na imagem abaixo para acessar o material: 

Ao decidir pelo método químico, é importante utilizar uma boa tecnologia de aplicação para conseguir atingir os percevejos de maneira eficaz. Rotacionar diferentes ingredientes ativos ajudará a evitar perda de tecnologia devido à pressão de seleção. 

É importante evitar as aplicações em períodos em que a praga está abrigada. Por exemplo, durante a noite, em dias chuvosos ou com temperaturas amenas

Como acabar com percevejo nas plantas de milho?

O controle de percevejos pode ser feito antes e depois de identificar a presença na lavoura. Veja a seguir as melhores práticas:

Controle antes de identificar a presença

O controle deve ser feito antes mesmo da implementação da lavoura. Para isso, você deve seguir o Manejo Integrado de Pragas

Outra forma de controle é o revolvimento do solo e eliminação de plantas daninhas. Isso serve para evitar que os insetos permaneçam na área. No entanto, essa prática é inviável em sistemas de plantio direto.

O tratamento de sementes de milho com inseticidas sistêmicos vai garantir que, mesmo se houver percevejo na área, os danos sejam mais baixos. Mas para isso, é importante que as espécies presentes sejam devidamente identificadas

A identificação é importante para manejar a área antes da implantação da cultura. Assim, é possível selecionar o inseticida mais adequado para controle das espécies existentes.

Adquirir as sementes tratadas pode ser uma ótima forma de manter as plantas homogêneas, uma vez que o tratamento na propriedade pode ficar com falhas. 

Controle depois de identificar a presença das pragas

Após identificar a presença dos percevejos, você precisa entrar com o controle químico. Alguns ingredientes ativos que podem ser utilizados no controle:

  • Tiametoxam (neonicotinóide) para o percevejo-barriga-verde (ambas as espécies), dentre outros grupos químicos;
  • Para o percevejo-marrom: Beauveria bassiana e bactérias como Bacillus thuringiensis. No entanto, é necessário verificar se a bactéria produzida pelo fabricante é registrada para a cultura;
  • Outros grupos químicos podem ser consultados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários.

Para que o controle seja realmente efetivo, é ideal realizar monitoramento constante. É importante que você saiba que fazer aplicações de inseticidas preventivos ou esperar que os sintomas apareçam não é viável.

Como controlar percevejo no milho com tecnologia?

Para controlar os percevejos, nem sempre planilhas e cadernos dão conta. Isso sobretudo em grandes propriedades, com maior área a ser controlada. Justamente por isso, softwares como o Aegro estão disponíveis para mapear as pragas na área de cultivo.

Ainda, conhecendo o histórico da área, você pode planejar de forma mais assertiva quais métodos de controle usar.

Tela do Aegro, na aba de MIP aberta.
Monitoramento de pragas agrícolas no Aegro. Com o software, todos os dados do monitoramento ficam guardados de forma segura e prática.
(Fonte: Aegro)

O Aegro também oferece a você dados climáticos. Essas informações ajudam a determinar o risco de ocorrência de doenças de plantas em diversas culturas. Comece a controlar as pragas na sua lavoura com o Aegro

Conclusão

Os percevejos podem comprometer a sanidade do milho. As espécies do gênero Dichelops são as que mais causam danos à cultura.

No milho safrinha, o grande problema é a “ponte verde” que ocorre por meio das culturas anteriores, como soja e feijão.  Os sintomas só aparecem após já ter ocorrido danos, que não podem ser revertidos.  

Por isso, lembre-se que o controle dessas pragas deve ser sempre atrelado ao monitoramento desde antes mesmo do plantio até o estabelecimento da cultura. 

Você enfrenta problemas com percevejos no milho na lavoura? Não deixe de compartilhar este artigo com outros produtores ou com sua equipe de trabalho!

Como fazer o controle efetivo do ácaro-rajado

Ácaro-rajado: conheça as principais características dessa praga e os métodos de manejo mais adequados.

O ácaro-rajado é uma praga agrícola que vem causando danos expressivos em diversas culturas. 

E por que esse ácaro tem tanto potencial de destruição, sendo um organismo tão diminuto? 

Quais fatores têm contribuído para seu aumento populacional em culturas como soja, algodão e feijão? Qual a forma correta de manejo?

Confira essas e outras respostas sobre essa praga no artigo a seguir!

Características do ácaro-rajado  

Pode ser que você não saiba, mas os ácaros não são insetos. Estão no mesmo filo, Arthropoda, mas são de classe distinta. Os ácaros pertencem à classe Arachnida e subclasse Acari. E, dentre eles, está o ácaro-rajado, Tetranychus urticae, que é um ácaro tetraniquídeo (família Tetranychidae). 

Esse ácaro polífago é a principal espécie de ácaro-praga em uma gama de culturas, atacando mais de 150 espécies diferentes de plantas de importância econômica no mundo. 

Há características muito particulares que irão te ajudar a identificá-lo melhor. Uma delas é a capacidade de formar teias, que têm a função de proteger contra ataque de predadores e cria um microclima ideal para o desenvolvimento da população. 

As ninfas e os adultos produzem teias que podem encobrir a planta por completo. E, quando a infestação está muito alta, ocorre um aumento significativo, sinal de que a população está prestes a dispersar.

duas fotos representativas, uma ao lado da outra de adultos de ácaro-rajado e teia que produzem na planta.

 Adultos de ácaro-rajado e teia que produzem na planta
(Fonte: University of Florida)

Desenvolvimento e reprodução 

O ciclo de vida do ácaro-rajado varia de 7 a 20 dias e depende da condições do ambiente (temperatura e umidade). 

As fêmeas medem entre 0,5 mm e 1 mm de comprimento. Os machos são menores, medindo entre 0,3 mm e 0,5 mm de comprimento. 

Eles se reproduzem de forma sexuada e assexuada, em que ocorre partenogênese, e passam pelas fases de ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto. 

As ninfas são incolores, com olhos vermelhos. Com o desenvolvimento, vão se tornando verdes, amarelo-amarronzados e até verde-escuros. Na fase adulta, possuem duas manchas escuras no dorso.

Uma fêmea tem a capacidade de ovipositar cerca de 100 a 300 ovos ao longo da vida, em condições ideais.

Os ovos são esféricos (0,1 mm), de coloração amarela, e quase imperceptíveis a olho nu. São ovipositados na parte inferior das folhas. 

ilustração com Fases do ácaro-rajado Tetranychus urticae passando por ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e fêmea adulta.

Fases do ácaro-rajado Tetranychus urticae
(Fonte: Koppert)

Dispersão 

A dispersão pode ocorrer por meio de órgão vegetais transportados pelo homem, levando os ácaros para longas distâncias. 

Outra maneira é pela migração de poucos metros por caminhamento dos ácaros. Quando há alta densidade populacional, abandonam as folhas muito danificadas e migram para outras menos atacadas da mesma planta ou de plantas diferentes. 

A dispersão mais frequente ocorre pelo vento: as fêmeas procuram a periferia da planta hospedeira e deixam-se levar pela corrente de ar. 

Como ocorre o ataque e danos do ácaro-rajado 

O ataque do ácaro-rajado em culturas como algodão, soja e feijão ocorre em condições de altas temperaturas e ausência de chuvas. Inicialmente, em reboleiras, mas, ao longo do tempo, conseguem tomar toda a lavoura. 

O tempo seco é um fator que deixa as células das plantas com maior concentração de nutrientes. O ácaro-rajado se alimenta das células do mesofilo no tecido vegetal, succionando o conteúdo celular. 

Têm preferência pela face inferior de folhas mais velhas, localizadas nas partes medianas das plantas. Mas, em altas densidades, também se alimentam de folhas novas. 

O dano direto consiste na perfuração das células superficiais e consequente redução da taxa fotossintética. Com isso, as folhas ficam com áreas prateadas ou verde-pálidas devido à remoção dos cloroplastos. 

Ocorre também a oxidação das áreas atacadas. Em alta intensidade, os ataques provocam manchas necróticas, chegando a rasgar ou até provocam queda das folhas. 

Esses danos podem colocar em risco a sobrevivência dessas culturas por serem anuais, causando, nos piores cenários, a perda completa da planta. 

Foto de planta com Danos de ácaro-rajado

Danos de ácaro-rajado
(Fonte: ScienceDirect

Manejo do ácaro-rajado 

É preciso destacar que o manejo convencional desta praga com aplicações constantes de acaricidas tem selecionado populações resistentes

Segundo o Comitê Brasileiro de Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC BR), o ácaro-rajado tem rápido desenvolvimento de ação aos acaricidas. 

Estudos têm indicado que no Brasil, em culturas com intenso uso de produtos químicos, existem populações resistentes aos acaricidas:

  • abamectina;
  • clorfenapir;
  • dimetoato;
  • enxofre;
  • fenpiroximato;
  • milbemectina; e 
  • propargito.

Esse uso intenso ainda pode causar problemas de ressurgência da praga, devido à eliminação dos inimigos naturais da área. 

Além disso, esse ácaro tem alta capacidade reprodutiva, ciclo curto, se aloja na parte inferior das folhas e tecem as teias que o auxiliam ainda mais para se manter no ambiente. 

Por isso, é importante que o manejo deste ácaro seja realizado de forma integrada. Com o Manejo Integrado de Pragas (MIP) existe uma grande chance de evitar que esses problemas ocorram e controlar o ácaro-rajado de maneira eficiente. 

MIP 

Para que o MIP seja realizado, é importante fazer o monitoramento constante. Isso mostrará se a população do ácaro-rajado está ou não no nível de controle

Cada cultura requer pontos de amostragens diferentes, mas é necessário que esta ação seja feita.

A partir dos resultados, toma-se a decisão de controle que, atualmente, é o uso de produtos químicos e biológicos registrados pelo Mapa e o controle cultural. 

Para uso de acaricidas, é muito importante a rotação com diferentes modos de ação para o manejo da resistência e manutenção da eficiência do controle. 

Tabela indicando uso rotacionado de acaricidas

Tabela indicando uso rotacionado de acaricidas
(Fonte: Irac)

Outro ponto importante para realizar o controle químico é a preferência por produtos seletivos aos inimigos naturais. Como falado anteriormente, quanto mais seletivos, menor o risco de ocorrer pressão de seleção ao ácaro.

E o uso de controle biológico pode conter 80% das infestações

Pode ser realizado com o uso de ácaros predadores da família Phytoseiidae. As espécies Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis têm registro no Mapa e são comercializadas por biofábricas. 

Foto de Ácaro predador Neoseiulus californicus com a embalagem do produto

Ácaro predador Neoseiulus californicus 
(Fonte: Koppert)

foto do Ácaro predador Phytoseiulus macropilis com a embalagem do produto

Ácaro predador Phytoseiulus macropilis
(Fonte: Promip)

Esses ácaros predadores devem ser liberados na cultura quando existe uma baixa população da praga para que o controle seja eficiente. 

As liberações massais com essas espécies têm sido a melhor maneira de controle em diversas culturas. 

Um outro produto biológico seria o entomopatógeno Beauveria bassiana, que é também comercializado por biofábricas, aplicado em temperaturas mais amenas e clima mais úmido. 

Outros inimigos naturais ocorrem de forma natural no ambiente. Por isso, seria importante mantê-los na área (controle biológico conservativo) para contribuir com a redução da população da praga. 

Você também pode realizar o controle cultural, com destruição de restos culturais e manejo de plantas invasoras, que podem servir de hospedeiras. 

Ou realizar a destruição das teias com jatos de água sobre as plantas. 

banner planilha manejo integrado de pragas

Conclusão 

O ácaro-rajado é uma praga polífaga que ataca diversas culturas, dentre elas soja, feijão e algodão. 

Não é um inseto, mas esse artrópode possui diversas fases e seu ciclo é bastante rápido, o que contribui para a disseminação. Produz teias e causa danos significativos nas plantas, podendo levá-las à morte.

Existem diversas formas de controle e o mais indicado é fazer o manejo integrado do ácaro-rajado, o MIP. 

Espero que com essas informações você consiga ter um manejo efetivo dessa praga em sua lavoura.

>> Leia mais:

“Saiba tudo sobre o ácaro azul das pastagens, uma praga emergente no Brasil”

Você já teve muito prejuízo com o ácaro-rajado em sua lavoura? Como tem feito o controle? Adoraria ler seu comentário!

Entenda a importância da área de refúgio na lavoura

Área de refúgio: saiba como adotar em sua fazenda e tire também suas dúvidas sobre a tecnologia Bt

As pragas agrícolas são um dos principais limitantes produtivos da lavoura, podendo causar perdas de até 40% na produtividade.

Nas últimas décadas, a tecnologia Bt deu uma grande reviravolta no combate “pragas x  culturas agrícolas”. Mas essa tecnologia corre risco.

Atualmente, 86% das áreas plantadas com grãos e cereais correspondem a culturas já comercializadas com a tecnologia Bt e requerem o plantio de áreas de refúgio por lei. E negligenciá-las pode custar caro no futuro.

Entenda neste artigo a importância da área de refúgio, a tecnologia Bt e como preservar essa importante “arma” no combate às pragas!

O que são áreas de refúgio?

A área de refúgio nada mais é que uma área do talhão, cultivado com culturas com tecnologia Bt, semeada com sementes convencionais. Elas devem ser localizadas a uma distância máxima de 800 metros da lavoura com tecnologia Bt.

Essas áreas garantem que as pragas resistentes que surjam na lavoura Bt possam cruzar com os insetos suscetíveis às proteínas, gerando uma nova geração sem indivíduos resistentes.

É importante ter em mente que, nos primeiros anos da adoção das plantas Bt, o controle das pragas é eficiente. 

Mas, conforme as safras passam, a eficiência do controle diminui exatamente pelo rápido aparecimento de insetos resistentes.

O uso de cultivares convencionais de ciclo parecido com as melhoradas geneticamente é importante também. Isso garante que as pragas estarão presentes nas duas áreas ao mesmo tempo.

O uso das áreas de refúgio é essencial para manter a eficiência e os benefícios da tecnologia Bt.

O importante é sempre distribuir as áreas de refúgio de maneira uniforme, sendo em faixas, bordaduras ou blocos, permitindo que as pragas das duas áreas se encontrem e cruzem entre si.

ilustração com diferentes modelos para adoção da área de refúgio na fazenda

Diferentes modelos para adoção da área de refúgio na fazenda
(Fonte: Corteva)

É importante saber que o percentual da área de refúgio muda entre as espécies. O indicado é manter em 10% para o milho e 20% para a soja, algodão e cana.

Quanto ao manejo da área de refúgio, deve ser realizado de forma semelhante ao restante da lavoura (exceto pelo uso das sementes Bt), evitando o uso excessivo de aplicações de inseticidas, a fim de garantir o cruzamento dos insetos resistentes com os vulneráveis.

A seguir, vou explicar a evolução das plantas com tecnologia Bt e a resistência das pragas agrícolas a ela.

O que é a tecnologia Bt?

O termo Bt se refere ao nome científico da bactéria Bacillus thuringiensis, que é um microrganismo encontrado naturalmente no solo. 

Essa bactéria produz cristais de proteína que apresentam propriedades tóxicas a muitos insetos agrícolas, principalmente a lagartas (lepidópteros), moscas (dípteros) e besouros (coleópteros).

São conhecidos cerca de 70 grupos dessas toxinas, que são classificadas como “Cry, Vip ou Cyt” e que, após serem isoladas e manipuladas geneticamente, são introduzidas ao DNA das plantas de interesse econômico (como a soja ou o milho).

tabela com proteínas Bt disponíveis no mercado para milho, algodão e soja.

(Fonte: Corteva)

Essas toxinas têm um alto grau de especificidade com as pragas alvo. Isso quer dizer que apresentam um baixo dano ambiental aos demais insetos benéficos à lavoura e ao ambiente.

As proteínas Bt que estão presentes nas plantas melhoradas geneticamente precisam ser ingeridas pelos insetos para que entrem em ação. 

Depois de ingerida, a proteína entra em contato com o sistema digestório do inseto (que apresenta pH alcalino) e são quebradas por enzimas. Só então as toxinas entram em ação, matando os insetos alvo.

Os benefícios dessa tecnologia são enormes, porém, para continuar ganhando a batalha contra as pragas, as plantas Bt precisam de um manejo cuidadoso e atento.

Quais os riscos de não se adotar a área de refúgio na fazenda?

Como eu disse, à medida em que as plantas foram sendo melhoradas geneticamente, as pragas também foram evoluindo para esse combate. E isso continua acontecendo.

As pragas podem se adaptar à tecnologia Bt, tornando-a ineficaz e neutralizando mais uma das “armas” nessa batalha.

Outro problema é que o ritmo de surgimento de novos eventos Bt é lento, demanda anos e anos de pesquisa. 

Por outro lado, a resistência das pragas pode ocorrer em algumas safras.

Então, como para desenvolver a tecnologia é trabalhoso e demorado (mas para as pragas acabarem com ela é rápido), é preciso ajudar a tecnologia Bt para que ela se preserve por mais tempo.

Deste modo, é importante focar em boas práticas como um bom programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e, principalmente, no manejo de resistência de insetos.

Para isso, é necessário ficar atento ao mecanismo de ação dos inseticidas, não fazendo aplicação de inseticidas formulados à base de Bt. Também é preciso realizar a rotação ao longo das safras, impedindo que surjam insetos resistentes.

Outra prática importante do MIP é realizar um monitoramento rígido das pragas junto com a rotação de culturas.

Entre as práticas, é importante também:

O que é o refúgio no saco?

Além da área de refúgio tradicional, há o refúgio no saco. É uma técnica utilizada por empresas, em alguns estados dos EUA, para garantir a utilização do refúgio pelos produtores.

Essa técnica consiste basicamente em adicionar uma porcentagem de sementes convencionais no saco com sementes melhoradas geneticamente (tecnologia Bt).

Contudo, não foi adotada no Brasil e foi banida de algumas regiões dos EUA por motivos técnicos e burocráticos. 

Os motivos técnicos se referem principalmente à eficácia da técnica de refúgio no saco ou RIB em inglês (Refuge in a bag). 

As pesquisas ainda mostram resultados muito contrastantes sobre o refúgio no saco realmente precaver o surgimento de pragas resistentes em longo prazo.

Isso se deve principalmente pela mobilidade das pragas. Insetos que têm o hábito de se deslocar entre plantas apresentam um alto risco para o surgimento de indivíduos resistentes.

E esse tipo de praga é ainda mais comum entre as plantas de soja e algodão, o que inviabiliza, em longo prazo, o uso da técnica de refúgio no saco para essas culturas.

No caso do milho e do algodão, que apresentam em maior ou menor grau polinização cruzada, existe mais um problema. O material genético das plantas Bt podem “infectar” as plantas convencionais, o que pode acelerar o surgimento de pragas resistentes.

Já os problemas burocráticos se devem a como seria fixado um valor ao saco, já que uma quantidade de sementes ali não apresenta a tecnologia Bt, e como seria feita a diferenciação das sementes, já que é uma norma presente na legislação brasileira.

Resumindo, a técnica do refúgio no saco, apesar de ter potencial, ainda apresenta alguns entraves técnicos e burocráticos, que só devem ser solucionados pela ciência no futuro. 

Então a maneira legal e mais eficaz ainda é adotar uma área específica para o refúgio!

Conclusão

A tecnologia Bt é uma poderosa arma no combate às pragas, mas, sozinha, tem prazo de validade.

Principalmente na soja, o número de eventos Bt é limitado ainda, e um possível abandono das práticas de MIP e a não adoção da área de refúgio podem matar a tecnologia ainda no início.

Já vimos esse problema acontecer com as lavouras de milho. As sementes Bt foram ganhando cada vez mais pragas resistentes e perdendo sua eficácia. Por essa razão é que devemos adotar o plantio da área de refúgio.

A área de refúgio ajuda a garantir o futuro das nossas lavouras e as altas produtividades do agronegócio brasileiro! 

Restou alguma dúvida sobre a área de refúgio? Como você faz hoje em sua propriedade? Deixe seu comentário!

Aplicação noturna de defensivos agrícolas: quando vale a pena?

Aplicação noturna de defensivos agrícolas: saiba em quais situações pode ser utilizada e quais cuidados tomar para ter alta eficiência.

O aumento da eficiência da aplicação de defensivos agrícolas vem sendo muito discutida nestes últimos anos e pode ser crucial para o aumento de produtividade. 

Mas um grande problema é conciliar as recomendações de período ideal de aplicação com as condições ideais de clima. E essa situação é agravada nas regiões mais áridas do país, pois apresentam dias muito secos e quentes. 

Desta forma, as aplicações noturnas podem ser uma ótima opção, desde que sejam tomados os cuidados necessários para garantir sua eficiência. 

Quer saber mais sobre os cuidados e precauções para a aplicação noturna de defensivos? Confira a seguir! 

Boas práticas na tecnologia de aplicação de defensivos

Mesmo utilizando toda a tecnologia de aplicação de defensivos, o clima ainda possui uma influência muito grande em sua eficiência. 

Para que uma aplicação seja bem-sucedida, recomenda-se que: 

  • a temperatura no momento da aplicação esteja abaixo de 30℃;
  • a umidade relativa do ar esteja acima de 60%;
  • a velocidade do vento esteja entre 3 km h-1 e 6,5 km h-1, não ultrapassando os 10 km h-1.

Entretanto, vivemos em um país com uma variação climática muito grande nas diferentes regiões. E nas regiões mais áridas, é muito difícil a ocorrência destas condições durante o dia. 

Além disso, o momento de aplicação é fundamental para o controle eficiente de pragas, doenças e plantas daninhas

Por exemplo, para controle de plantas daninhas, recomenda-se aplicação de herbicidas em plantas de folhas largas com até 4 folhas e folhas estreitas com até 3 perfilhos. Assim, às vezes se entra em um dilema: realizar aplicação no momento ideal ou esperar as condições climáticas ideais? 

Para poder aplicar o defensivo na época ideal, uma opção é realizar aplicações noturnas, pois, nesse horário, as condições climáticas tendem a ser mais favoráveis. 

Mesmo essa aplicação sendo viável em muitos casos, é preciso responder a uma série de perguntas antes de optar por essa modalidade. E é sobre isso que falarei a seguir:

foto de aplicação noturna de defensivos agrícolas

Aplicação noturna de defensivos agrícolas 
(Fonte: FPA)

O que considerar para a aplicação noturna de defensivos agrícolas?

Tecnologia e capacitação do aplicador

A primeira dificuldade de se realizar uma aplicação noturna de defensivos é o nível de visibilidade no momento da aplicação. Por isso, para optar por esta aplicação, é preciso ter um pulverizador que se adapte a essas condições. 

Para isso, é essencial um bom sistema de iluminação, preferencialmente com implementação de sistema de iluminação complementar. Ainda assim, para o aplicador realizar a operação com sucesso, o pulverizador deve possuir luzes extras em locais estratégicos, caso ocorram falhas no funcionamento. 

Caso uma ponta de pulverização não funcione corretamente ou uma mangueira se solte, o aplicador deve ter plenas condições de visualizar o problema e consertá-lo, se for possível, no campo.

Além disso, uma importante ferramenta para essa modalidade é um bom sistema de posicionamento global (GPS). Ele vai auxiliar o operador em condições de menor visibilidade. 

O aplicador deve ser treinado para operar neste período, sabendo os procedimentos de segurança, para garantir a eficiência da aplicação e a integridade da máquina e de sua saúde.

O gestor da fazenda deve planejar a jornada de trabalho desse aplicador para que seja compatível com essa prática. Isso porque, devido ao nosso relógio biológico, nesse período o aplicador tem maior propensão a sono e cansaço. 

Posição do alvo

Antes de realizar uma aplicação noturna deve-se ter certeza de acertar o alvo neste período. Muitas lagartas, por exemplo, têm hábitos noturnos de alimentação e estão mais suscetíveis neste período. 

Já na aplicação de fungicidas que necessitam uma boa cobertura foliar, deve-se levar em conta o movimento natural das folhas (nictinastia) – elas estarão mais anguladas no período da noite, o que pode dificultar a deposição da calda. 

Por outro lado, essa angulação das folhas pode ser uma excelente oportunidade de atingir alvos na parte inferior da planta ou no solo, sendo uma boa estratégia no controle de lagartas (ex: lagarta-rosca). 

Também devido a essa maior angulação das folhas, o uso de gotas maiores ou adjuvantes com muita capacidade tensoativa (organosiliconados) podem proporcionar maior escorrimento e menor cobertura da folha. 

Movimentação das folhas de soja

Movimentação das folhas de soja
(Fonte: AgroPrecisão)

Necessidade de luz para funcionamento do produto

Alguns produtos como o glifosato tem melhor eficiência na presença de luz, pois o produto tem como característica uma rápida absorção e translocação logo após aplicação. 

Na ausência de luz, a cadeia transportadora deste produto não estará funcionando plenamente. 

Já outros produtos, mesmo precisando de luz para agir (ex: paraquat, diquat, inibidores da protox), podem ser aplicados no período noturno desde que o dia seguinte não amanheça nublado ou chuvoso. 

No caso destes produtos que possuem uma ação muito rápida, a aplicação noturna pode proporcionar um maior espalhamento do produto na folha. E, no dia seguinte, com as primeiras luzes do dia, os herbicidas irão apresentar um melhor controle. 

Condições climáticas no momento e após a aplicação noturna de defensivos

Os principais problemas na aplicação noturna de defensivos são os fenômenos de inversão térmica e ocorrência de orvalho.  

No começo da manhã e final da tarde, principalmente em áreas baixas ou próximas a matas, em situações de pouco vento, a atmosfera pode ficar estável. Isso mantém gotas pequenas em suspensão, impedindo que elas cheguem ao alvo, aumentando muito as chances de deriva em cultivos vizinhos.

Por isso, no momento de aplicação, certifique-se que ocorram ventos de pelo menos 3 km h-1.  

Além disso, a ocorrência de orvalho no momento ou logo após a aplicação pode ser muito prejudicial à deposição do produto na folha, favorecendo o escorrimento das gotas.  

Sendo assim, de modo geral, a aplicação noturna pode ser um ótima técnica, porém, certifique-se de estar atento a todos esses itens antes de utilizá-la.

Como saber a hora certa de aplicar defensivos

Para evitar gastos excessivos com defensivos agrícolas, é importante que você faça o monitoramento de pragas e doenças. Essa rotina de controle pode ser operacionalizada com a ajuda de um software de gestão agrícola como o Aegro.

O Aegro te ajuda a identificar focos de infestação na lavoura, gerando relatórios de controle das pragas-alvo. Você consegue identificar os talhões da propriedade que estão suscetíveis a dano econômico e planejar uma pulverização localizada

Além disso, você pode organizar todo o seu calendário de atividades de safra no Aegro. Defina a data de realização das operações e a quantidade de produto que será aplicada em cada área.

Exemplo de controle de atividades de safra pelo software Aegro

Exemplo de controle de atividades de safra pelo software Aegro

O registro da atividade é feito pelo celular, diretamente do campo, mesmo sem internet. Com o uso de tecnologia de georreferenciamento, você marca pelo aplicativo o ponto em que foi realizada a aplicação.

Assim, seu registro se torna mais preciso e detalhado para que você possa avaliar os resultados da aplicação noturna de defensivos na plantação. Clique aqui e comece a usar o Aegro de graça!

Conclusão 

Em muitas regiões existe um dilema entre realizar a aplicação no momento ideal ou esperar condições climáticas adequadas. Como alternativa a esse problema, há a opção das aplicações noturnas de defensivos.

Esse método pode ser excelente em algumas situações, mas é necessário se atentar a alguns fatores para obter alta eficiência. A boa capacitação do aplicador, adaptação do pulverizador à operação são alguns exemplos. 

Além disso, deve-se ter certeza de que irá atingir o alvo e o que o produto utilizado manterá sua atividade na ausência de luz.

Tendo cumprido esses requisitos, cuidado com os fenômenos de inversão térmica e formação de orvalho, e faça uma excelente aplicação!

>> Leia mais:

Como fazer o controle de estoque de defensivos agrícolas em 5 passos

5 novas tecnologias envolvendo defensivos agrícolas

Você realiza aplicação noturna de defensivos agrícolas? Já teve algum problema quanto à eficiência de produtos? Adoraria ver seu comentário abaixo!