Plantação de amendoim: tudo que você precisa saber

Plantação de amendoim: importância para o Brasil, vantagens do uso, sistemas de produção, características das plantas e principais manejos.

O plantio de amendoim no Brasil vem crescendo em área e produção. Esse resultado é devido principalmente ao uso dessa leguminosa em áreas de renovação.

Seu uso causa vantagens ao solo, a cultura posterior e a quem produz. Afinal, o valor pago pelo produto também tem sido atrativo nos últimos tempos. Porém, para se ter uma boa rentabilidade, é importante ter conhecimento da cultura em um todo.

Neste artigo, veja os principais pontos de manejo dessa cultura, quando plantar amendoim e cuidados desde o preparo do solo até o pós-colheita, venha conferir!

Importância da plantação de amendoim no Brasil

A plantação de amendoim no Brasil vem se expandindo novamente, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento. A previsão de área para a safra 2022/23 é 212,1 mil hectares.

O Brasil não semeava esta quantidade de área desde a década de 80, quando o plantio de amendoim no país foi reduzido. Isso aconteceu principalmente devido a fatores tecnológicos e de mercado.

Ele voltou a subir nos últimos dez anos, por causa do aumento de tecnologia no campo e novas cultivares no mercado. O cultivo de amendoim é feito principalmente no Estado de São Paulo. 

Na safra 2021/22, este Estado apresentou 92,8% do total da produção. O volume produzido foi de 692,7 mil toneladas. Os Estados do Mato Grosso do Sul e Minas Gerais foram, respectivamente, o segundo e terceiro em produção.

Principais locais de produção de amendoim no estado de São Paulo 
(Fonte: Instituto de Economia Agrícola – IEA)

O avanço tecnológico da cultura contribuiu para sua nova expansão no território nacional. Por isso, o uso do amendoim em reforma de canaviais teve grande influência no aumento de área semeada.

Amendoim em rotação com cana-de-açúcar

Em área de plantação de cana-de-açúcar, é preciso haver rotação. Afinal, essa cultura permanece na mesma área por 6 ou 7 ciclos, se for plantada cana em cima de cana. Sem rotação, ocorre queda significativa de produção por causa da exploração contínua do solo.

Assim, o plantio de amendoim nestas áreas traz diversas vantagens, como:

  • aumento da produtividade da cana-de-açúcar;
  • boa fixação biológica de nitrogênio;
  • diminuição na população de nematoides que ocorrem na cana-de-açúcar;
  • cobertura do solo; 
  • ciclo curto;
  • PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas);
  • ciclagem de nutrientes;
  • redução do custo de implantação do canavial.

Por este motivo, rotacionar áreas canavieiras com amendoim tem sido uma opção para os produtores. Além de melhorar o solo na parte física, química e biológica, ele aumenta a renda e reduz os custos do canavial.

Com estas vantagens, já se tem visto áreas de pastagens rotacionadas com amendoim.

Características e ciclo do amendoim

O ciclo do amendoim pode variar de 90 a 180 dias. Isso vai depender do genótipo e das condições climáticas da região durante o ciclo da cultura. Existem dois tipos de hábitos de crescimento da planta de amendoim: o tipo ereto ou tipo rasteiro.

O hábito de crescimento também tem influência na duração do ciclo da planta. Se a cultivar for de ramificação alterada (tipo rasteiro) o ciclo é mais longo. Esse tipo de amendoim é conhecido comercialmente como Virgínia Runner.

Cultivares de tipo ereto, com ramificação sequencial, precisam de um tempo mais curto para produzir suas vagens e grãos. Esse tipo é conhecido comercialmente como Valência ou Tatu.

Tipo de crescimento de cultivares de amendoim 
(Fonte: Infoamendoim)

Manejo do plantio de amendoim 

Para a cultura do amendoim, do preparo do solo até a colheita, é necessário saber alguns pontos para obter boas produções. Veja abaixo os principais manejos em diversos momentos da lavoura.

Qual é a época de plantar amendoim?

O plantio do amendoim precisa ser feito em temperaturas ideais para a cultura, além de boa umidade no solo. Nos estados de São Paulo, Minas Gerais e estados do Sul, ele é semeado na época das águas, de setembro a novembro

Na Bahia e Paraíba o plantio é feito em abril e maio, no sequeiro. O importante é semear quando a temperatura estiver entre 20 °C e 30 °C. Ainda, o solo precisa estar com umidade adequada para que ocorra a germinação e estabelecimento da plântula.

Preparo do solo

Como os grãos de amendoim são produzidos abaixo do solo, o preparo e a boa escolha da área é muito importante. Todos tipos de solo podem ser utilizados para semeadura do amendoim. 

Entretanto, para ter um bom desenvolvimento radicular e produção, solos arenosos, bem drenados e férteis são os desejados.

O preparo do solo pode ser convencional, com arações e gradagens antes do plantio. Ou, por outro lado, pode ser feito em plantio direto. Neste sistema, você tem redução de 20% a 30% do custo de produção.

Semeadura

A semeadura deve ser realizada corretamente, com regulagem da semeadora e velocidade de plantio adequada. A profundidade de plantio deve variar entre 3 cm a 8 cm, sendo mais profundos em solos arenosos.

Em relação a quantidade de sementes por metro, irá depender da recomendação de cada cultivar, mas no geral, as recomendações são as seguintes:

  • Para plantas de porte ereto, são semeadas de 18 a 20 sementes por metro. O espaçamento entre linhas deve ser de 60 cm;
  • Para plantas de porte rasteiro, são semeadas de 14 a 15 sementes por metro. O espaçamento entre linhas deve ser entre 80 cm e 90 cm.

Como adubar amendoim?

A adubação deve ser feita conforme a necessidade da cultura. A quantidade de nutrientes presentes no solo e qual sistema está sendo semeado o amendoim também precisam ser considerados. Na média das cultivares, a adubação necessária é de:

  • 190 kg/ha de nitrogênio;
  • 60 kg/ha de potássio;
  • 13 kg/ha fósforo;
  • 26 kg/ha de cálcio;
  • 20 kg/ha magnésio;
  • 9 kg/ha enxofre.

Além desses nutrientes, a cultura do amendoim tem respondido em produtividade à adubação fosfatada, com valores de 40 kg/ha e 80 kg/ha de P2O5.

Entretanto, é muito importante lembrar que é necessário fazer uma boa análise antes de fazer a adubação. Assim, você garantirá que não fornecerá nutrientes a mais ou a menos do que a sua cultura precisa.

Principais plantas daninhas da cultura

Plantas daninhas reduzem muito a produção de amendoim se não controladas no momento correto. Em cultivares de plantas de crescimento ereto, o período crítico é até os dias após a emergência. Por outro lado, para cultivares rasteiras, esse período passa para 70 dias

Em qualquer uma das etapas, as principais plantas daninhas do amendoim são:

Principais doenças 

O aparecimento das doenças depende do sistema de manejo, condições climáticas durante o ano e da susceptibilidade da cultivar. Como as principais doenças no plantio de amendoim, há:

  • mancha-castanha;
  • pinta-preta;
  • ferrugem;
  • verrugose;
  • mancha em “V”;
  • mofo-branco;
  • murcha de Sclerotium;
  • podridão de Rhizoctonia.

Principais pragas do cultivo de amendoim

A atenção com as pragas deve ser principalmente com o tripes-do-prateamento e lagarta-do-pescoço-vermelho. Essas pragas atacam as folhas, reduzindo a área fotossintética das plantas.

Outras pragas também são encontradas dependendo da região de cultivo, como:

Os ácaros rajados e vermelhos também atacam as plantas de amendoim, além de pragas de armazenamento como traça-das-vagens e gorgulho.

Colheita, pós-colheita e secagem do amendoim

A colheita do amendoim deve ser feita com cuidado. Ela começa quando 70% das vagens atingem o ponto de maturidade. O indicativo disso é o amarelecimento das folhas e/ou o preenchimento dos grãos dentro da vagem.

O arranquio tem que ser feito em dia de sol, e ele pode ser feito de maneira manual ou mecânica. Após o arranquio, você deve recolher as vagens.

Alguns cuidados devem ser observados após a colheita do amendoim, sendo o principal a umidade das vagens. Se não for feita corretamente a secagem, elas podem adquirir fungos que diminuem a qualidade dos grãos.

planilha controle de custos por safra

Quais são os custos para produzir amendoim?

De modo geral, o custo para implantação para o cultivo de amendoim varia de região para região e do tipo de tratos culturais adotados. Entretanto, o valor gasto para safra 2021/2022 foi de 12 mil reais por hectare, em média.

A maior parte do custo fica por conta das sementes. Elas precisam ter uma boa qualidade e ser originadas em locais idôneos. Ainda, o arrendamento da área vem em segundo lugar no custo, o que se for terra própria reduz este valor.

Em relação à rentabilidade de quem produz, o preço pago dos produtos tem que acompanhar o aumento dos insumos, como adubos. Porém, nem sempre isso ocorre.

Comparando os preços dos últimos 10 anos, o valor pago na saca de 25 kg de amendoim em casca tem aumentado. Isso causa uma rentabilidade maior de quem produz.

O lucro por hectare de amendoim vai depender do valor gasto com insumos, da produtividade obtida e do valor de venda por saca. Por isso, é importante fazer o custo de produção para saber qual valor mínimo de venda da sua produção. 

Valor dos últimos 10 anos da saca de 25 kg de amendoim em casca, em vermelho preço nacional e azul preço pago no estado de São Paulo 
(Fonte: Agrolink)

Conclusão

A plantação de amendoim é importante em diversos sistemas de produção. O Estado de São Paulo é o maior produtor desta cultura no Brasil, principalmente devido ao seu plantio pós cana-de-açúcar.

Cada um dos dois tipos de porte de plantas possui suas peculiaridades quanto ao ciclo e desenvolvimento de vagens. Entretanto, a rentabilidade causada por ambos é igualmente boa.

Por isso, fique de olho nos métodos de manejo para cada um desses tipos de porte para garantir boas produtividades. Na dúvida, não deixe de tirar dúvidas com uma pessoa profissional da agronomia.

E aí? Ficou com alguma dúvida sobre a plantação do amendoim? Acha que essa pode ser uma boa opção para a sua fazenda? Deixe seu comentário abaixo!

Irrigação por superfície: veja se a prática é ideal para sua fazenda

Irrigação por superfície: saiba como funciona, quais são os tipos existentes, as fases desse processo, vantagens e desvantagens.

A agricultura irrigada fornece água às plantas em momentos em que a precipitação natural não é suficiente para manter o solo com bons níveis de umidade. Para isso, existem 3 tipos principais de irrigação: por superfície, por aspersão e localizada.

Cada tipo e método de irrigação se adequa à realidade dos produtores. Isso varia conforme capacidade de investimento, características da área e culturas de interesse

Dentre esses tipos, a irrigação por superfície pode ser interessante para produtores em áreas planas e com solos mais pesados. Pensar em utilizar um método de irrigação te ajuda a evitar estresse hídrico e danos na cultura.

Nesse artigo, conheça as vantagens e desvantagens do método de irrigação por superfície, suas especificações e técnicas de implantação. Boa leitura!

Como funciona o método de irrigação por superfície?

A irrigação por superfície é um método que se baseia na cobertura do solo com uma lâmina de água que irá infiltrar no perfil do solo. A água é aplicada diretamente na superfície a ser irrigada, e isso acontece através da gravidade.

Por isso, esse método também é conhecido como irrigação por gravidade.

A água pode se acumular na superfície do solo, criando uma diferença de potencial hídrico entre a superfície e as camadas do perfil do solo. Isso faz com que a água seja distribuída para as camadas mais profundas pela força da gravidade.

Consequentemente, o gradiente de umidade existente é igualado. O método depende, principalmente, das características do solo, como capacidade de retenção de água na superfície, escoamento e infiltração.

Esses parâmetros devem ser considerados antes da implantação do sistema de irrigação por superfície. Você também precisa os considerar nos cálculos de quantidade de água e frequência de molhamento.

O que é irrigação por subsuperfície?

A irrigação de subsuperfície por inundação é um método que pode também ser aplicado. Ele se baseia na aplicação de água no subsolo, em em camadas mais profundas. O objetivo é aumentar artificialmente o nível natural do lençol freático.

Isso permite maior disponibilidade de água na parte mais superficial do solo. Esse método é normalmente indicado para solos e áreas onde a lençol freático é pouco profundo.

Diferença entre irrigação por faixas, sulcos e inundação

Existem 3 tipos básicos de irrigação por superfície: sulcos, faixas e inundação. Cada um possui suas características próprias e recomendações específicas. Veja mais detalhes sobre cada um deles:

  • Sulcos: o sistema por sulcos consiste na abertura de canais paralelos, normalmente sentido da linha de plantio. Esses canais são inundados, fornecendo água na região da entrelinha. Essa água é absorvida pelas raízes das plantas;
  • Irrigação por faixas: o sistema de faixas consiste na inundação de faixas demarcadas no campo, limitadas por diques paralelos. Normalmente, esses diques são definidos pelo nível do terreno;
  • Inundação: o sistema de inundação consiste na aplicação de água para inundação de área total do talhão.
Exemplo de campo com irrigação de superfície, faixas e inundação total
(Fonte: Seduc)

Fases da irrigação superficial

A irrigação superficial é feita por fases, que acontecem durante todo o processo de irrigação por superfície. Essas fases são relacionadas às etapas do processo como um todo e podem ser divididas em fases de avanço, de infiltração e de recesso. 

Fase de avanço

É a fase de inundação do sulco, das faixas ou do campo como um todo. Essa é a fase em que a água se espalha pela área a ser inundada. É importante que a água chegue com uniformidade de lâmina a todos os pontos planejados na irrigação.

Fase de infiltração

Essa fase começa no momento em que a lâmina de água se estabiliza com uniformidade sobre toda a área e termina no momento em que a aplicação de água é encerrada. 

Nesse ponto, ocorre a infiltração da água no perfil do solo. A água infiltra desde a superfície até as camadas mais profundas.

Fase de recesso

A fase de recesso começa com a interrupção do fornecimento de água, e termina com o total escoamento do campo. Nessa fase, ainda haverá absorção e transporte de água no solo e escoamento da lâmina aplicada.

Vantagens e desvantagens desse método de irrigação do solo

Os métodos de irrigação apresentam vantagens e desvantagens, e a escolha pelo mais adequado tem que ser bastante criteriosa. O mesmo acontece com a irrigação por superfície. Dentre as suas principais vantagens, temos:

  • Baixo custo de implantação;
  • Baixo custo energético;
  • Não há necessidade de água límpida para execução;
  • Operação simples;
  • Adaptável a várias culturas;
  • Baixa influência de ventos que podem causar heterogeneidade de aplicação de água.

Por outro lado, assim como os demais métodos de irrigação, há desvantagens que você precisa conhecer e considerar. As principais são: 

  • Baixa uniformidade de distribuição da água, no caso do método em sulco;
  • Menor controle da lâmina de irrigação e da quantidade de água aplicada por área;
  • Alta necessidade de mão de obra qualificada;
  • Adubação mais complexa e de maior dificuldade;
  • Maior capacidade de causar acidez do solo;
  • Baixa eficiência (entre 40% e 65%) se comparada a outros métodos;
  • Maior potencial de salinização do solo por uso de altos volumes de água e alta vazão.

Fatores para escolha de sistema de irrigação de superfície

Antes de decidir se o sistema de irrigação por superfície é o ideal para você, é necessário analisar e considerar alguns pontos. 

  • Capacidade de investimento: o sistema de superfície é um sistema de baixo custo de implementação e de operação. Isso o torna uma opção viável para produtores com menor capacidade de investimento;
  • Tipo de solo e relevo: o sistema de irrigação por superfície é mais recomendado para solos mais pesados/argilosos e com maior capacidade de retenção de água e de infiltração mais lenta. Além disso, esse método é utilizado em áreas de relevos mais planos como áreas de baixada;
  • Culturas a serem implantadas: apesar de ser bastante utilizado para a cultura do arroz em baixadas, o método pode ser aplicado para diversas culturas. Isso principalmente naquelas culturas que se adaptam bem nas áreas mais planas;
  • Tamanho da propriedade: o método de irrigação por superfície pode ser usado em propriedades pequenas e também em propriedades maiores. Porém, em maiores escalas, o controle de entrega de água deve ser mais bem planejado e monitorado; 
  • Mão de obra: esse método tem uma necessidade de mão de obra bastante elevada.

Conclusão

A irrigação por superfície é um método de baixo custo de implantação e operação. Ele é interessante para produtores em áreas planas e com solos pesados.

O método tem uma baixa eficiência do uso de água por necessitar de um alto volume aplicado à área. Entretanto, pode ser uma solução para aumento de produtividade ou diminuição de perdas em alguns casos.

Casos de baixos níveis pluviométricos e risco de déficit hídrico no solo são os principais deles. Um profissional da área pode te ajudar com mais detalhes para o processo de decisão.

Leia mais>>

“Proirriga: saiba como financiar a irrigação da fazenda”

E aí? Ficou com alguma dúvida sobre o sistema de irrigação por superfície? Já utilizou algo parecido na sua fazenda? Deixe seu comentário abaixo!

Como o compêndio de defensivos agrícolas online facilita a emissão do receituário agronômico

Compêndio de defensivos agrícolas online: emissão do receituário agronômico exige consulta fitossanitária assertiva para escolha do produto certo

A emissão do receituário merece cuidados especiais, mas a boa notícia é que hoje a consulta fitossanitária dos defensivos agrícolas pode ser feita através de dispositivos online. Isso é feito do campo, facilitando o dia a dia dos profissionais habilitados na prescrição dos produtos. 

O receituário agronômico deve ser emitido de acordo com as informações das bulas dos defensivos, seguindo as recomendações dos fabricantes e das legislações dos órgãos competentes. 

Por isso, é fundamental que esses profissionais estejam sempre atentos às atualizações e registros de novos produtos, evitando-se problemas legais e ambientais. 

A escolha de uma ferramenta com informações atualizadas para a pesquisa fitossanitária é fundamental para a prescrição e uso correto dos agroquímicos. Assim, você evita multas e autuações por erros na recomendação desses produtos.  

Neste artigo, vamos mostrar como um compêndio de defensivos agrícolas online pode ser uma ferramenta de apoio nesta etapa tão importante. Boa leitura! 

Para que serve um compêndio de defensivos agrícolas?

Um compêndio de defensivos agrícolas deve fornecer dados essenciais e atualizados para embasar a prescrição de defensivos agrícolas, tornando-a mais assertiva. É sabido que a indicação e o uso correto desses produtos aumentam a eficiência do processo produtivo!

Eles são atualizados conforme as bulas desses produtos e informações recebidas de seus fabricantes, como:

  • Listagem de produtos que podem ser comercializados no Brasil;
  • Empresas fabricantes;
  • Classificação toxicológica e ambiental;
  • Classificação por organismo alvo de sua ação;
  • Controle de produtos aptos e não aptos por estados; 
  • Diagnósticos (relação de pragas);
  • Relação de culturas;
  • Modalidade e época de aplicação do defensivo
  • Controle de dosagem, volume de calda e intervalo de segurança;
  • Informações de aplicação aérea quando aplicável; 
  • Controle de número de aplicações mínimo e máximo. 

Dessa forma, a pesquisa através do compêndio agrícola auxilia os profissionais técnicos na tomada de decisão sobre os produtos mais utilizados para determinado alvo ou problema

Banner de chamada para o download da planilha de cálculos de insumos

Tipos de defensivos agrícolas

A classificação dos defensivos pode ser feita de diversas formas. Normalmente a mais usual é de acordo com o organismo alvo de sua ação. Como exemplo, podemos citar:

  • Classificação para controle de doenças fúngicas: fungicidas;
  • Classificação para controle de doenças bacterianas: bactericidas;
  • Classificação para controle de insetos: inseticidas;
  • Classificação para controle de ácaros: acaricidas;
  • Classificação para controle de nematóides nos solo: nematicidas;
  • Classificação para controle de ervas daninhas: herbicidas

Outro tipo de classificação considera o nível de toxicidade dos produtos a humanos, sendo elas por categorias

  • Categoria 1 (faixa vermelha): produto extremamente tóxico;
  • Categoria 2 (faixa vermelha): produto altamente tóxico;
  • Categoria 3 (faixa amarela): produto moderadamente tóxico;
  • Categoria 4 (faixa azul): produto pouco tóxico;
  • Categoria 5 (faixa azul): produto improvável de causar dano agudo;
  • Não classificado (faixa verde).
agroreceita
Modelo de faixa de classificação toxicológica a ser exibida no rótulo e bula de agroquímicos. 
(Fonte: Anvisa)

Como o compêndio online minimiza erros causados pelas alterações nas bulas dos defensivos

Acompanhar o grande volume de informações contidas nas bulas dos mais de 3 mil defensivos agrícolas registrados no Brasil e suas constantes alterações é uma tarefa que exige tempo e conhecimento. 

De acordo com o Decreto Federal 4.074/02, os defensivos só poderão ser prescritos conforme as recomendações de uso de seus rótulos e bulas.

Informações mais detalhadas sobre esses produtos podem ser consultadas no Agrofit (Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários), plataforma do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Conforme banco de dados da plataforma AgroReceita, em apenas 6 meses, de março a agosto de 2022, 43% das bulas dos defensivos químicos e biológicos foram atualizadas pelo Mapa.

Dentre os tipos de defensivos, os herbicidas foram os produtos que mais sofreram alterações. Na sequência tivemos os inseticidas e os fungicidas.

Além das atualizações das bulas, até agosto deste ano, o Brasil registrou 228 novos produtos formulados. Ainda existiam  881 produtos químicos formulados e 90 orgânicos, biológicos e microbiológicos aguardando para serem registrados.

Diferenças na comercialização de defensivos por estado

Somando-se a isso, a legislação para a comercialização e uso desses produtos é extensa e não padronizada nos estados brasileiros. Isso dificulta o dia a dia dos engenheiros-agrônomos, engenheiros-florestais e técnicos-agrícolas.

Eles são responsáveis pela prescrição dos defensivos, que precisam se manter atualizados sobre essas alterações. Embora exista uma listagem nacional dos produtos aptos e não aptos, cada estado pode decidir pela comercialização e uso em suas fronteiras. 

Como exemplo, podemos citar o estado de São Paulo, cujo órgão responsável é o Gedave, que atualmente possui 2.140 produtos aptos para serem comercializados. Enquanto isso, o Rio Grande do Sul, regulado pelo Siga, possui 1.570 aptos para comercialização.  

Portanto, antes de prescrever os defensivos, os responsáveis técnicos precisam avaliar se os produtos podem ou não ser comercializados naquele estado.

Por que o compêndio de defensivos agrícolas online auxilia na emissão do receituário 

A consulta fitossanitária deve seguir procedimentos para avaliação sobre o nível de infestação de uma determinada praga ou doença e independe do método. Isso é feito visando ao controle por meio de aplicação de produtos fitossanitários.

A recomendação sobre quais produtos utilizar, a quantidade por hectare e métodos de aplicação deve ser acompanhada de métodos alternativos de controle e manejo de solo. O objetivo é a redução das pragas e doenças

Com um compêndio de defensivos agrícolas online é possível realizar a consulta dos defensivos químicos e biológicos registrados para uso no Brasil. Você pode fazer isso direto do campo ou de onde você estiver.

Também é possível identificar quais são os produtos mais indicados para determinada cultura, alvo ou problema. 

O compêndio de defensivos agrícolas online do AgroReceita, por exemplo, disponibiliza um banco de dados das bulas desses produtos, com atualização em tempo real, conforme dados do Mapa.

Foto da página da Agro Receita

Além disso, possibilita a pesquisa dos produtos que podem e não podem ser comercializados nos estados brasileiros. A plataforma não permite que o usuário selecione um produto inapto para seu estado. 

Um bom compêndio deve fornecer automaticamente as seguintes informações: 

  • Listagem dos defensivos aptos e não aptos por estados, por fabricantes;
  • Tipos e classificação; 
  • Relação de pragas e diagnósticos;
  • Relação de culturas; 
  • Número máximo e mínimo de aplicações;
  • Fase da cultura, do solo ou do estágio do problema;
  • Dosagem recomendada, volume de calda e cálculo da área a tratar;
  • Intervalo de segurança;
  • Época e modalidade de aplicação.

Conclusão

As atualizações das bulas dos defensivos agrícolas registrados no Brasil ocorrem com certa frequência, bem como a liberação de novos produtos a cada ano. 

Por isso, é importante que os profissionais técnicos habilitados na emissão do receituário agronômico usem ferramentas confiáveis. Elas ajudam na pesquisa do produto mais recomendado para determinado alvo ou problema. 

Outro fato importante é a base da legislação atual, que é extensa e não padronizada nos estados brasileiros. Ela pode induzir o profissional ao erro no momento da prescrição desses produtos, gerando multas altíssimas

Para tanto, o uso de um banco de dados atualizado, seja para a pesquisa fitossanitária ou para a emissão do receituário agronômico, é fundamental para a segurança dos profissionais envolvidos e para a assertividade do seu negócio

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Plantação de gergelim: tudo o que você precisa saber

Plantação de gergelim: conheça as características, principais pragas e doenças da cultura, quais são as condições para o plantio e muito mais

O gergelim é uma das principais oleaginosas do mundo. Ele foi introduzido no Brasil durante a colonização portuguesa. Trata-se de uma cultura de fácil cultivo, que apresenta resistência à seca.

Nos últimos anos, as áreas destinadas ao plantio dessa oleaginosa têm crescido expressivamente. No Brasil, onde mais há plantação de gergelim é no estado do Mato Grosso.

Para cultivá-lo, é necessário saber as características da cultura e as condições ideais para garantir boa produtividade. Além disso, é interessante saber as vantagens de se plantar gergelim.

Neste artigo, veja esses detalhes e conheça as principais pragas, doenças e plantas daninhas da plantação de gergelim. Aproveite a leitura!

Características da planta do gergelim

O gergelim ou sésamo (Sesamum indicum) é uma espécie oleaginosa da família Pedaliaceae. O ciclo dessa planta varia entre 90 e 130 dias.

O caule é ereto e tem entre 0,5 e 3,0 metros de altura. O caule pode ou não apresentar ramificações, e o sistema radicular do gergelim é pivotante. As raízes secundárias alcançam grandes profundidades, o que permite o aproveitamento da água armazenada no subsolo. 

As folhas do gergelim são alternadas e opostas. Numa mesma planta, é possível encontrá-las em diferentes formatos. Nas plantas adultas, as folhas localizadas na parte inferior são mais largas e têm as bordas irregularmente dentadas

As folhas da porção superior da planta são menores e têm formato lanceolado. As flores do gergelim estão localizadas nas axilas das folhas. Pode haver entre 1 e 3 flores por axila foliar, com cor branca ou rosada. Cada flor dá origem a um fruto com cerca de 50 sementes.

O fruto do gergelim é uma cápsula de formato alongado, com entre 2 e 8 centímetros de comprimento. Dependendo da variedade, o fruto pode se abrir de maneira espontânea quando as sementes estiverem maduras, ou pode não se abrir ao atingir a maturação. 

Vale ressaltar que o grau de frutos do gergelim que se abrem espontaneamente está relacionado à colheita mecanizada. 

As sementes de gergelim são ricas em lipídeos e proteínas. Em média, elas contém 50% de óleo de elevada qualidade nutricional. As sementes são bem pequenas, têm formato ovalado e são levemente achatadas. Dependendo da cultivar, elas podem ser pretas, amarelas ou brancas.

O peso médio de mil sementes varia entre 2 e 4 gramas. Essa variação de peso ocorre em função das características da cultivar e do ambiente em que as plantas se desenvolveram. 

Principais pragas e doenças no cultivo de gergelim

A cultura do gergelim é suscetível ao ataque de várias pragas e doenças. É importante destacar que a incidência severa de fatores bióticos reflete negativamente no desenvolvimento das plantas e na produtividade final. Isso torna o manejo integrado de pragas necessário.

As principais pragas que atacam a plantação de gergelim são:

As principais doenças dessa oleaginosa são:

  • mancha-de-cercospora (Cercospora sesami);
  • mancha-angular (Cylindrosporium sesami);
  • podridão-negra-do-caule (Macrophomina phaseolina);
  • murcha-de-fusário (Fusarium oxysporum).
  • mancha-de-alternária (Alternaria sesami);
  • podridão-do-colo (Sclerotium rolfsii);
  • mancha-bacteriana (Xanthomonas campestris);
  • filoidia (Phytoplasma asteris);
  • virose (Bean common mosaic virus – BCMV).

Interferência das plantas daninhas na cultura do gergelim

As plantas de gergelim apresentam crescimento inicial bastante lento. Esse fato faz com que a fase inicial de desenvolvimento dessa oleaginosa seja sensível à presença de espécies invasoras.

As plantas daninhas competem com a cultura do gergelim por água, luz, espaço e nutrientes. Assim, o manejo das espécies invasoras deve ser realizado com muito rigor nos primeiros 45 dias após a emergência das plântulas da plantação de gergelim.

Além disso, o manejo integrado das doenças e das pragas está diretamente relacionado ao controle das plantas daninhas. Afinal, elas podem ser hospedeiras de diferentes pragas e patógenos.

Como plantar gergelim?

O gergelim é uma cultura que pode ser explorada em sistemas solteiros ou consorciados, de sequeiro ou irrigado. A época da semeadura dessa oleaginosa é determinada com base no ciclo da cultivar e com o período de chuvas onde a lavoura será instalada.

Preparo do solo e adubação

O preparo de solo é realizado com operações de aração e gradagem. Como as sementes do gergelim são pequenas e leves e a velocidade de crescimento inicial é lenta, é muito importante que o solo esteja bem preparado. 

Isso garante boas condições para a germinação e para o estabelecimento da lavoura. Para o plantio do gergelim, as recomendações de calagem e adubação devem ser sempre orientadas pela análise físico-química de solo

Vale lembrar que o gergelim extrai muito nitrogênio, fósforo e potássio do solo. Ainda, essa espécie pode ser cultivada de forma manual ou mecanizada.

Recomendações de semeadura na plantação de gergelim

Na semeadura realizada manualmente, a indicação é distribuir de 25 a 30 sementes por metro linear, em sulcos ou covas. O consumo de sementes por hectare pode variar de 1,5 kg a 3,5 kg, dependendo do espaçamento entre plantas e entre linhas adotado.

Para o plantio de cultivares de gergelim ramificadas, a recomendação de espaçamento varia de 80 cm a 100 cm entre fileiras, e 20 centímetros entre plantas. 

Já para cultivares não ramificadas, o espaçamento é de 60 cm a 70 cm entre filas, e 10 centímetros entre plantas.

Densidade do plantio das cultivares de gergelim

É importante que as sementes de gergelim sejam plantadas a uma profundidade de 1 cm a 2 cm. A densidade de plantio indicada para a plantação de gergelim é de 100 mil plantas/hectare. Para isso, é preciso realizar dois desbastes, eliminando as plantas menos vigorosas.

O primeiro desbaste é feito quando as plantas apresentarem quatro folhas. Nesse caso, são conduzidas 20 plantas/metro

Já o segundo desbaste é realizado quando as plantas estiverem com aproximadamente 15 centímetros de altura. Aqui, o ideal é que se conduza de 8 a 10 plantas/metro.

Solo e clima adequados para o plantio de gergelim

O gergelim se desenvolve bem em solos de textura média e férteis. Outras características desejáveis são boa drenagem do solo e boa profundidade. 

Essa planta também tem preferência por solos com boa capacidade de retenção de água e pH próximo da neutralidade, em torno de 7%. Além do mais, o gergelim não tolera encharcamento, compactação do solo e salinidade.

De modo geral, condições de clima quente e seco favorecem o desenvolvimento dessa espécie. As temperaturas ideais para o desenvolvimento do gergelim situam-se entre 25°C e 30°C.

A plantação de gergelim é pouco exigente em água. Porém, é importante que as chuvas sejam bem distribuídas ao longo do ciclo da cultura. O plantio dessa oleaginosa é recomendado em áreas com precipitação média anual variando entre 400 mm e 650 mm

Durante o ciclo da cultura, 80% do total de chuva deve ocorrer até a fase do florescimento e, no máximo, 20% durante a maturação dos frutos.

Chuvas em excesso e por longos períodos são prejudiciais para o crescimento das plantas de gergelim, além de favorecer o aparecimento de doenças fúngicas. Chuvas intensas podem provocar ainda o acamamento das plantas e queda das flores.

Por que ter plantação de gergelim no Brasil?

Nos últimos anos, o interesse pela cultura do gergelim tem crescido em função do alto valor comercial da semente e do óleo. Apesar disso, quando comparada a outras oleaginosas, como a soja e o girassol, a produção de gergelim ainda é pouco expressiva no Brasil.

Diante disso, é importante reforçar que o gergelim é uma espécie resistente à seca e adaptada às condições de solo e clima brasileiro. Além disso, é uma ótima opção para diversificar a produção agrícola

Essa oleaginosa pode ser cultivada em rotação com a soja, feijão, milho, sorgo e algodão. Ainda, há a possibilidade do plantio consorciado com espécies frutíferas e florestais. 

A plantação de gergelim também é de fácil cultivo e exige práticas agrícolas simples. Isso faz dessa cultura uma excelente alternativa para pequenos e médios produtores.  Além do valor nutricional das sementes, o gergelim é usado em diversos setores da indústria cosmética, farmacêutica e oleoquímica.

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Conclusão

O gergelim é uma importante oleaginosa e que vem despertando o interesse dos produtores em razão do alto valor da semente e do óleo. As sementes do gergelim são ricas em óleos, que podem ser aplicados em diferentes segmentos industriais.

Além de ser um excelente alimento, o gergelim é uma opção para a rotação de culturas e para diversificar a produção agrícola. Também é uma cultura adaptada às condições edafoclimáticas do Brasil, que não necessita de tratos culturais complexos.

Se você tem interesse em cultivar essa espécie e tem alguma dúvida sobre os manejos, não deixe de consultar um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a).

Você já conhecia essa cultura? Já pensou em ter uma plantação de gergelim na sua propriedade? Conte sua experiência nos comentários.

Irrigação por gotejamento: conheça as vantagens e desvantagens

Irrigação por gotejamento: saiba o que considerar antes de escolher o sistema, como ele funciona, quais são as partes que o compõem e mais!

Há vários tipos de irrigação, cada um com suas técnicas. A irrigação por gotejamento é uma delas, com vasto uso no meio do agronegócio.

A irrigação fornece água às plantas em épocas em que a precipitação não é suficiente para manter o solo em condições ótimas para a cultura. Isso evita o estresse hídrico, que pode causar perdas de produtividade.

Cada método de irrigação apresenta vantagens e desvantagens. Elas são altamente relacionadas ao declive, tipo de solo, cultura agrícola, capacidade de investimento, dentre outros.

Nesse artigo, saiba tudo sobre como funciona o gotejamento na irrigação, bem como as técnicas de implantação e manejo. Boa leitura!

Como fazer irrigação por gotejamento?

A irrigação por gotejamento é um método de micro-irrigação que economiza água e nutrientes. Afinal, a água escorre de forma lenta para as raízes das plantas (seja acima ou abaixo da superfície do solo).

Essa entrega de água para a planta é feita através de um tubo com aberturas. Esses tubos ficam na superfície do solo ou abaixo dele, através do uso de tubos enterrados.

Esse método se baseia em baixa vazão e alta frequência. Ou seja, gotas aplicadas em intervalos pequenos. A vazão irá depender de características como número e dimensão de furos, além do diâmetro do tubo.

Ele permite uma aplicação mais próxima da raiz e evita o molhamento de outras partes da planta. A irrigação por gotejamento pode entregar uma eficiência entre 90% e 100%

Os sistemas de irrigação por aspersão possuem eficiência entre 80% a 85%. Por outro lado, sistemas de inundação possuem eficiência entre 60% a 70%.

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Como montar o sistema de irrigação por gotejamento

Os equipamentos necessários para o kit de irrigação de gotejamento é formado basicamente por:

  • tubo gotejador;
  • peças para conexão dos tubos entre eles;
  • sistema de fornecimento de água;
  • conectores de fim de linha.

O tubo gotejador pode ter furos em distâncias diferentes, permitindo a adequação do sistema a culturas diversas. O tipo de tubo pode depender do sistema ser de superfície ou irrigado, devido às características únicas de cada um.

Partes componentes de um kit para irrigação de gotejamento
(Fonte: Zanagro)

Qual o custo por área do sistema de gotejamento?

Um custo básico de implantação de sistema de gotejamento fica em torno de 20 mil reais por hectare. Além disso, deve-se considerar os custos com manutenção ao longo dos anos e o gasto operacional, além do preço da água de irrigação.

Os custos variam especificamente por cultura e em sistemas automatizados ou não. Estima-se que para pastagens, esse valor varie entre 6 mil e 10 mil por hectare.

Quantos litros de água o gotejamento na irrigação consome na lavoura?

O consumo de água de uma lavoura depende muito da cultura a ser usada e da capacidade evaporativa ao longo do seu ciclo. Além disso, varia de acordo com a população de plantas por área, definida pelo espaçamento entre plantas e linhas.

Por exemplo, para milho, o requerimento para o ciclo todo varia de 500 mm a 800 mm. Ou seja:

  • entre 500 L/m2 a 800 L/m2;
  • ou entre 5000 m3/ha a 8000 m3/ha

A quantidade de água a ser ministrada via gotejamento varia conforme com a quantidade requerida pela cultura e com a quantidade disponível naturalmente pela precipitação. 

É importante ressaltar que a necessidade de água das plantas não é constante. Ela varia com os estágios fenológicos. Assim, a quantidade de água através de gotejamento terá que ser calculada para cada caso específico, em curtos intervalos de tempo.

Vantagens e desvantagens do sistema

Como todo método, a irrigação por gotejamento apresenta vantagens e desvantagens quando comparado a outros métodos. Dentre as principais vantagens, temos:

  • Alta eficiência e precisão de entrega de água;
  • Irrigação localizada, com menor molhamento de plantas e risco de doenças;
  • Fácil instalação e pouca necessidade de manutenção;
  • Possibilidade de automatização do sistema;
  • Uniformidade na distribuição de água;
  • Evita formação de barro;
  • Possibilidade de uso de fertirrigação;
  • Adaptável a tipos de solo e relevo e a propriedades de diversas extensões;
  • Diminui a lixiviação de nutrientes no perfil do solo, por carreamento na água de irrigação;
  • Baixa evaporação da água de irrigação.

Como todo e qualquer método de irrigação, a irrigação por gotejamento também possui desvantagens que precisam ser consideradas.

  • Custo inicial de implantação considerável, quando comparado a outros métodos;
  • Possível necessidade de troca de mangueiras por ressecamento ou entupimento;
  • Limitação de uso de alguns produtos químicos para fertirrigação;
  • Necessidade de uso de água limpa para evitar entupimentos;
  • Dificuldade de verificação da situação da mangueira de irrigação por gotejamento enterradas, bem como da distribuição de água;
  • Possibilidade da diminuição de crescimento de raiz em profundidade por disponibilidade de água na superfície;
  • Necessidade de mão de obra especializada.

Como escolher o sistema de irrigação por gotejamento

Alguns fatores devem ser considerados na escolha do sistema de irrigação mais adequado para a realidade do produtor:

  • Capacidade de investimento: o sistema de gotejamento tem preço de instalação consideravelmente elevado. Entretanto, a sua alta eficiência traz retornos de produtividade que fazem com que o retorno sobre investimento seja alto e rápido;
  • Tipo de solo e relevo: o sistema de gotejamento se adapta bem a diversos tipos de solo e relevos. Ele consegue entregar água em pequenas quantidades e de maneira constante, evitando degradação de solos leves ou a inundação de solos pesados;
  • Culturas a serem implantadas: o gotejamento pode ser usado para uma gama de culturas. Afinal, pode ser adaptada a diferentes espaçamentos e populações de plantas, além de não ter limites com a altura de planta;
  • Tamanho da propriedade: o método de irrigação por gotejamento é bastante adaptável e pode ser implantado em propriedades de diversos tamanhos;
  • Mão de obra: a implantação, condução e manutenção requerem mão de obra. Assim, deve-se considerar o conhecimento dos funcionários sobre o sistema.
Planta de milho em estágios iniciais em campo com irrigação por gotejamento
(Fonte: Agro Galaxy)

Conclusão

A irrigação de gotejamento é um método com custo relativamente alto para instalação. Entretanto, ele traz um retorno grande na produtividade da lavoura. Por isso é usado em culturas de alto valor agregado.

O método tem alta eficiência no uso da água e possui muitas vantagens sobre outros métodos.

Sua aplicação se encaixa em diversos tipos de propriedade. Seja quanto à dimensão, capacidade tecnológica, monetária, condições edáficas e de relevo. Ou seja, a irrigação por gotejamento pode ser uma boa opção para sua fazenda.

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Restou alguma dúvida sobre a irrigação por gotejamento? Ainda não conseguiu avaliar se é uma boa opção para a sua propriedade? Deixe um comentário abaixo!

Níquel nas plantas: entenda a importância do nutriente

Níquel nas plantas: veja o que é, quais são as funções, como identificar sintomas de deficiência e toxidez e mais!

Os micronutrientes são elementos essenciais para as plantas. Entretanto, eles são exigidos em pequenas quantidades. 

O níquel é um exemplo de micronutriente que, quando não fornecido na dosagem necessária, compromete o crescimento e a produtividade das plantas. Além disso, esse elemento tem relação direta com o processo de fixação biológica do nitrogênio.

Por ser um elemento importante, você precisa estar por dentro dos sintomas de deficiência e de toxidez na sua cultura. Assim, você garante boa produtividade da sua lavoura e consegue acertar na adubação com níquel.

Neste artigo, saiba a importância do níquel nas plantas e no solo, além de entender mais sobre a função desse micronutriente. Boa leitura!

O que é o níquel nas plantas?

O níquel é um metal pesado e também um micronutriente das plantas. Até pouco tempo, ele não era considerado um nutriente essencial. Ele foi o último a integrar o grupo dos micronutrientes, junto do cloro, manganês, boro, zinco, ferro, cobre e molibdênio. 

Em leguminosas, ele é fundamental para o processo de fixação biológica de nitrogênio. O níquel atende aos critérios direto e indireto da essencialidade dos nutrientes. No critério direto, ele é constituinte estrutural de algumas enzimas, dentre elas a urease e a hidrogenase.

No critério indireto, por sua vez, ele não pode ser substituído por nenhum outro nutriente.  Na ausência do níquel, as plantas não completam o ciclo de vida

O níquel é absorvido pelas raízes via difusão passiva e transporte ativo. Nas plantas, este elemento apresenta alta mobilidade. Durante a fase de senescência de plantas de soja, até 70% do níquel presente nas folhas pode se deslocar para os grãos. 

A concentração desse micronutriente varia ao longo do ciclo da planta e de acordo com o tecido vegetal. O níquel pode ser encontrado em todos os tecidos vegetais. Apesar disso, o acúmulo desse elemento é maior nos grãos, nas folhas e nas partes jovens

Confira a seguir quais são os sintomas de deficiência e toxidez causados pelo níquel na soja e nas demais culturas agrícolas.

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Sintomas de deficiência de níquel na soja e em outras culturas

Em campo, os sintomas envolvendo a deficiência de níquel não são comuns. Um dos sintomas é conhecido como “orelha de rato”, já que a ponta das folhas apresenta manchas escuras e formato arredondado, semelhante à orelha do animal.

Essa expressão foi utilizada pela primeira vez para descrever sintomas severos de deficiência de níquel em folhas jovens de nogueira-pecã. Os principais sintomas visuais da deficiência de níquel na soja e nas demais plantas são:

  • clorose;
  • redução do tamanho das folhas;
  • alteração no formato das folhas;
  • região verde-escura na ponta das folhas;
  • necrose na região apical das folhas;
  • curvatura e enrugamento das folhas;
  • crescimento anormal das plantas.

É importante deixar claro que a clorose foliar não é uma característica confiável para avaliar a deficiência de níquel na soja e em demais culturas. A carência de outros nutrientes também causa clorose.

Em plantas de soja, a carência de níquel causa sintomas de queima e necrose na ponta das folhas. Como esse elemento é constituinte da enzima urease, a deficiência de níquel impede a ação dessa enzima. Isso causa o acúmulo em concentrações tóxicas de uréia nas folhas

Sintomas de toxidez do nutriente nas plantas

As plantas toleram níveis diferentes de níquel no solo. Ou seja, a toxicidade varia de acordo com a espécie vegetal. Existem plantas sensíveis, moderadamente tolerantes e hiperacumuladoras desse micronutriente.

É comum que os sintomas de toxidez por níquel sejam confundidos com a deficiência de manganês ou ferro. Os principais sintomas de toxidez por níquel são clorose nas folhas e redução do crescimento das raízes e da parte aérea. 

A clorose ocorre em função da menor absorção de ferro pela planta. O excesso de níquel na soja e em outras culturas também pode provocar a deficiência de zinco. Em casos severos, pode ocorrer a deformação de várias partes da planta e manchas foliares.

Sintomas de toxidez de níquel na soja cultivada em solo muito argiloso, submetido à aplicação de 5,0 mg dm-3 de níquel
(Fonte: Rodak, 2014)

Função desse micronutriente no solo

O níquel é um elemento encontrado naturalmente nos solos. No entanto, a concentração depende da composição do material de origem e da intensidade da atividade agrícola. Solos formados a partir de rochas ígneas apresentam elevada concentração total de níquel.

Isso acontece principalmente em rochas máficas e ultramáficas ricas em minerais do grupo serpentina. Contudo, nem todo níquel presente no solo encontra-se disponível para as plantas. A disponibilidade desse nutriente depende das características de cada solo

Dentre as características que influenciam na disponibilidade do níquel para as plantas, há:

  • pH (potencial hidrogeniônico);
  • CTC do solo (capacidade de troca catiônica); 
  • teor de matéria orgânica;
  • classe textural;
  • composição das argilas;
  • teores de óxidos de ferro e manganês;
  • competição pelos sítios de adsorção;
  • atividade microbiana. 

O pH do solo é o fator que mais interfere no comportamento do níquel. Quanto maior o pH, menor é a disponibilidade do níquel para as plantas.  Em solos com pH menor que 5,5 e pouca matéria orgânica, a disponibilidade de níquel é maior. 

A distribuição do níquel no solo também está relacionada à textura, ou seja, ao tamanho das partículas. As partículas de solo mais finas têm maiores cargas negativas e também maior superfície específica. Por isso, essas partículas têm maiores concentrações de níquel.

Função desse micronutriente nas plantas

O níquel é um micronutriente que tem importante papel no metabolismo das plantas. Em resumo, sua função nas culturas dizem respeito à:

  • produção de etileno;
  • germinação das sementes;
  • resistência à doenças;
  • metabolismo de aminoácidos e ácidos orgânicos;
  • componente estrutural de enzimas;
  • conservação pós-colheita de frutos.

Várias enzimas são dependentes desse elemento, dentre elas a urease. A urease é responsável por transformar a uréia em amônia e gás carbônico, sendo essencial para o metabolismo do nitrogênio. 

Na cultura da soja e em outras leguminosas, o níquel está envolvido na fixação biológica do nitrogênio. Ele é constituinte da enzima hidrogenase que atua nesse processo. 

Desse modo, a deficiência de níquel limita a atividade dessa enzima e interfere na fixação simbiótica do nitrogênio. Isso quer dizer que o fornecimento adequado de níquel favorece a nodulação em espécies leguminosas e a produção de grãos.

O níquel também tem efeito no controle de doenças. Esse micronutriente atua na síntese de fitoalexinas, que são compostos produzidos pelas plantas em resposta a algum tipo de estresse. Isso contribui para o aumento da resistência das plantas ao ataque de patógenos. 

Como fazer adubação com níquel?

Apesar da grande importância do níquel na soja e nas demais plantas, ainda não há recomendações oficiais para a utilização desse elemento em programas de fertilização.

Além disso, são escassas as informações quanto à melhor forma de aplicação desse micronutriente. A exigência de níquel pelas plantas é a mesma que a de molibdênio e cobalto, cerca de 0,05 mg/kg de massa seca. 

Confira abaixo as principais fontes utilizadas para aplicação de níquel nas lavouras:

  • cloreto de níquel;
  • nitrato de níquel;
  • sulfato de níquel;
  • carbonato de níquel;
  • quelatos de níquel;
  • silicato de níquel.

O lodo de esgoto é um resíduo urbano utilizado na agricultura. Ele apresenta elevada quantidade de níquel. Além disso, o calcário e os adubos fosfatados também são insumos que podem conter níquel.

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Conclusão

O níquel é um importante micronutriente para as plantas. O suprimento inadequado desse  elemento impacta diretamente no desenvolvimento das culturas. Diversos fatores interferem na disponibilidade do níquel, como pH do solo e CTC.

Em leguminosas, o níquel favorece a fixação biológica do nitrogênio. Além disso, o níquel promove mudanças na fisiologia das plantas que aumentam a resistência à doenças.

Apesar da grande relevância desse elemento para as diferentes culturas, ainda são escassas as informações quanto às recomendações de adubação com níquel. Por isso, consulte um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) se tiver dúvidas.

Você sabia da importância do níquel nas plantas? Tem alguma dúvida sobre isso? Adoraria ler seu comentário abaixo.

Conheça cada estádio fenológico da soja em dias e seus manejos

Estádio fenológico da soja: veja a importância de saber esses detalhes, características e manejos realizados em cada um deles.

Você provavelmente conhece todas as principais pragas da soja, doenças, tipo de solo, histórico climático e plantas daninhas da sua área. E a fenologia da sua cultura

Para fazer um manejo eficaz, você deve saber controlar os patógenos nas fases mais críticas da lavoura. Além disso, deve acertar o momento de aplicação dos produtos.

Saber quais são os estádios fenológicos das plantas de soja te ajuda a fazer um manejo mais assertivo, além de economizar com produtos.

Neste artigo, conheça todos os estádios, o que caracteriza cada um e os principais manejos a serem feitos. Boa leitura!

O que são estádios fenológicos da soja?

Estádio fenológico é o estudo das fases de crescimento de cada cultura. Isso é feito observando as principais mudanças fisiológicas, químicas e físicas das plantas. O estádio fenológico passa por diversas etapas, como:

  • fase vegetativa;
  • germinação;
  • emergência;
  • desenvolvimento da parte aérea e radicular;
  • desenvolvimento da parte reprodutiva;
  • formação de flores, vagens e grãos;
  • maturação dos grãos.

Como a duração de cada fase das plantas é influenciada pelo clima, época de semeadura e cultivar, saber os estádios fenológicos ajuda a padronizar cada ocorrência. Afinal, ele não é baseado apenas em quantidade de dias, como também no aspecto visual da planta. 

Como determinar os estádios fenológicos da soja

Para saber o estádio fenológico da cultura da soja, conhecer e observar a cultura é fundamental. É possível dividir os estádios fenológicos da maioria das culturas em dois: vegetativo e reprodutivo.

Como o próprio nome diz, nos estádios vegetativos a planta está se desenvolvendo, crescendo e produzindo folhas. Nos estádios reprodutivos, as plantas já utilizam sua energia para formação de flores, vagens e grãos.

É importante comentar que algumas cultivares continuam a produzir novas folhas mesmo após a entrada do estádio reprodutivo. Este tipo de cultivar é chamado de crescimento indeterminado.

Cultivares com crescimento determinado são aquelas que, após o início do florescimento, formam mais novas folhas.

Estádios vegetativos da cultura da soja

Os estádios vegetativos começam pela letra V, e a segunda letra muda de acordo com o avanço da planta. O estádio vegetativo da soja começa com a sigla VE e termina com a sigla VN.

Essa definição da quantidade de folhas abertas não é definida numericamente. Afinal, ela depende da cultivar utilizada, e algumas podem apresentar mais folhas que as outras.

Neste estádio é importante saber o que é considerado uma folha totalmente desenvolvida. Assim, você evita errar no momento da classificação.

Observe se os bordos dos folíolos da folha do nó imediatamente acima da planta não se tocam mais. Assim sendo, é considerado que a folha do nó abaixo está totalmente desenvolvida. Observe na figura abaixo:

Bordas dos folíolos não se tocam mais 
(Fonte: Embrapa)

Sabendo definir o que é uma folha totalmente desenvolvida, vamos definir os estádios.

VE

O estádio vegetativo da soja se inicia em VE, que é o momento de emergência da plântula. Ele começa com a emergência dos cotilédones acima do solo, formando um ângulo de 90° ou mais.

A duração dessa fase pode variar devido a temperatura. Em condições normais, dura entre 4 e 7 dias. Em clima frio, a emergência das plantas pode atrasar, havendo prolongamento dessa etapa.

Nesta fase, é o momento de ver a eficácia do tratamento de sementes. Ele deve ser feito com base nas principais pragas de solo da sua área.

Fique de olho no ataque de pragas como a lagarta-elasmo, lagarta-rosca, coró e percevejo-castanho. Elas podem prejudicar os cotilédones. Nesse estádio, eles transferem nutrientes para as plantas até a formação das folhas verdadeiras.

VC

O estádio VC é o cotiledonar, onde os cotilédones estão totalmente abertos. Isso ocorre quando as bordas das folhas unifolioladas não se tocam.

Esta fase dura entre 3 e 10 dias. Ela começa com a formação de colônias das bactérias fixadoras de nitrogênio, para formação de nódulos.

Estádio vegetativo VC, com destaque para as folhas unifolioladas não se tocando
(Fonte: Embrapa)

Assim como no estádio anterior, pragas de solo também causam danos. Entretanto, outras pragas como lagarta-da-soja e a falsa-medideira podem persistir ou aparecer até o final do ciclo da cultura.

Fungos e bactérias de solo que causam tombamento da soja são umas das principais preocupações. Estes fungos e bactérias podem afetar dos estádios VC até V2. Eles causam morte das plantas e consequente redução dos estandes. Por isso, há queda de produção.

Os que mais causam danos são:

  • Botrytis;
  • Cercospora;
  • Colletotrichum;
  • Fusarium;
  • Phoma;
  • Phytophtora;
  • Pythium;
  • Rhizoctonia;
  • Pseudomonas;
  • Xanthomonas.
Plântulas com sintomas típicos (lesões deprimidas marrom-avermelhadas no hipocótilo tombamento de pós-emergência) com ataque de Rhizoctonia solani
(Fonte: Augusto César Pereira Goulart em Research gate)

V1

É estádio quando o primeiro nó foliar se forma na planta. Somente nele as folhas são unifolioladas e opostas nas plantas. O início deste estágio é definido quando os bordos dos folíolos da primeira folha trifoliolada não estiverem mais se tocando.

Algumas doenças foliares podem começar a aparecer neste estádio fenológico da soja, e podem se prolongar até os estádios reprodutivos. Os principais exemplos são:

Desde este momento até o final do ciclo da soja, fique de olho também na ferrugem asiática da soja. O controle da doença deve ser feito para evitar grandes perdas de produção.

V2

O estádio V2 acontece quando o segundo nó foliar é formado e o primeiro trifólio está completamente desenvolvido. Para caracterizar o completo desenvolvimento, deve ser possível observar as bordas do segundo trifólio não se tocando mais.

Os nódulos se tornam visíveis nas raízes das plantas e começam a suprir as plantas com nitrogênio. Os cotilédones começam a ficar amarelados e caem entre V2 e V4.

Isso acontece devido ao início da autonomia das plantas em suprir as necessidades nutricionais pelo desenvolvimento foliar e radicular. Neste estádio, podem aparecer plantas daninhas da soja que competem por água, luz e espaço com as plantas novas.

V3 – V4

O estádio acontece com o terceiro nó foliar e segunda folha trifoliolada (V3), e com o quarto nó foliar e terceira folha trifoliolada (V4).

Nestes estádios fenológicos, principalmente em V4, ocorre maior acúmulo de matéria seca e nutrientes na parte aérea.

Como a fixação está com início de desenvolvimento entre V2 e V4, uma estratégia de manejo é a aplicação foliar de cobalto e molibdênio. Eles ajudam na fixação biológica, desfavorecendo o desenvolvimento das bactérias.

Verificando a presença de plantas daninhas em quantidade prejudicial, é o momento de fazer controle pós emergente. Faça isso antes que ocorra fechamento de linhas. 

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V5 – V6

Até V5 e V6, a duração para formação de um novo trifólio dura de 5 a 6 dias. Isso acontece porque parte da energia é utilizada também para a formação das raízes. Após este período, a duração para formação das folhas entre 3 a 4 dias, em condições ideais.  

Em V5 e V6, alguns produtores já têm utilizado como estratégia de manejo a primeira aplicação de fungicidas. Isso ajuda a manter a saúde das folhas.

Nestes estádios, pragas desfolhadoras e fungos que atacam as folhas são prejudiciais pois reduzem a área foliar. Como consequência, diminuem a produção de fotossíntese, que gera energia para as plantas. 

Se o controle for tardio, essas pragas e fungos poderão comprometer parte da produção.

VN

Com o desenvolvimento foliar ocorrendo, são definidos os estádios V7, V8, V9 e assim por diante, conforme descrito nos estádios anteriores. O estádio vegetativo da soja irá cessar após a primeira flor surgir, iniciando o início dos estádios reprodutivos.

Estádios reprodutivos da cultura da soja

Os estádios reprodutivos são representados pela letra R. Conhecê-lo bem ajuda a identificar o estádio fenológico de colheita de soja, por exemplo.

Diferente do estádio vegetativo, que varia conforme a cultivar e clima, o reprodutivo vai de R1 a R8, independente de outras variáveis. De modo geral, são 4 fases dentro do estádio reprodutivo da soja: 

  • R1 e R2: florescimento;
  • R3 e R4: formação de vagens;
  • R5 e R6: desenvolvimento dos grãos;
  • R7 e R8: maturação da planta.

R1

O primeiro estádio reprodutivo inicia com a floração. Ela ocorre com o aparecimento da primeira flor aberta na em qualquer nó presente na haste principal da planta.

R2

Em R2, a planta está em pleno florescimento. A abertura das flores na haste principal pode ocorrer simultaneamente com a fase R1 ou um dia após. Isso acontece em caso de plantas com hábito de crescimento determinado, onde a floração ocorre sincronizada.

Caso as plantas tenham hábito de crescimento indeterminado da abertura da primeira flor, pode levar entre 2 e 7 dias dependendo das condições climáticas.

Neste momento, a manutenção das flores na haste é a principal preocupação. Portanto, insetos e fungos que possam causar queda das flores devem ser controlados com uso de inseticidas e fungicidas.

Sempre faça o monitoramento da lavoura, verificando a quantidade de insetos e folhas atacadas com doenças. Assim, faça o controle no momento adequado.

É entre R1 e R2, são coletadas as folhas para realizar a análise foliar. Nesse período, ocorre maior atividade das bactérias fixadoras de nitrogênio, que se mantém alta até R6, onde atingem seu pico.

R3

O estádio R3 é caracterizado pela formação das vagens com tamanho de 5mm, em um dos últimos quatro nós da haste principal. Estresses ambientais neste período, como seca e excesso de chuvas, são prejudiciais. 

Afinal, esses fatores podem causar queda ou abortamento das flores. Se isso acontecer, a produção fica comprometida, porque o número de sementes por vagem é uma característica genética da cultivar.

Assim como estresses, deste estádio para frente, ataque de pragas e doenças devem ser monitoradas cuidadosamente. Eles afetam o desenvolvimento das vagens. Fique de olho nos seguintes: 

R4

Em R4, há a presença de uma vagem com no mínimo 2 cm localizada em um dos últimos quatro nós da haste principal. Além disso, há formação de vagens denominadas canivete.

Ainda, há início do acúmulo de matéria seca pelas vagens, que vai até a fase final do estádio fenológico R5.

R5

Nesse estádio, doenças principais de final de ciclo tem seu início e devem ser monitoradas. Além das citadas acima, fique de olho também no crestamento de cercospora e mancha-parda.

O início do enchimento de grãos ocorre em R5. Ele é subdividido em 5 fases, que correspondem a:

  • R5.1: Cerca de 10% de granação em um dos quatro últimos nós da haste principal.
  • R5.2: Cerca de 11% a 25% de granação em um dos quatro últimos nós da haste principal.
  • R5.3: Os grãos em R3 já possuem de 26% a 50% de granação em um dos quatro últimos nós da haste principal.
  • R5.4: Vagem em um dos quatro últimos nós da haste principal, com granação de 51% a 75%, caracteriza a fase R5.4.
  • R5.5: De 75% a 110% de granação em um dos quatro últimos nós da haste principal.

Durante todo o estádio fenológico R5, a atenção deve ser para insetos sugadores como os percevejos. Se o ataque for no início do enchimento, os grãos não se formam. Se for nas etapas finais, há redução de tamanho e peso dos grãos.

R6

Esse estádio corresponde ao pleno desenvolvimento dos grãos, ocupando toda a cavidade da vagem. Se ocorrer seca durante R5 e R6, os grãos ficam pouco desenvolvidos. Se ocorrer geada ou granizo, as plantas reduzem sua produção.

A fixação biológica desacelera rapidamente após o enchimento de grãos, e ocorre o início do amarelamento das folhas.

Da floração até este estádio fenológico, leva entre 25 e 35 dias para acumular matéria seca e nutrientes.

R7

Em R7, começa o desligamento dos grãos da planta mãe, pois eles já atingiram o máximo peso da matéria seca. Neste momento, os grãos começam a mudar de coloração para amarelo, porém com alto teor de umidade.

Este estádio fenológico é observado quando uma vagem na haste principal assume a coloração de madura.

R8 – como identificar o estádio fenológico de colheita da soja

É o estádio da maturação plena, onde 95% das vagens já se encontram maduras. A colheita pode ser realizada entre 5 e 10 dias se as condições climáticas forem favoráveis, sem chuvas. Assim, o teor de umidade fica entre 15% e 13%, ideal para colheita.

Os cuidados neste momento são em relação a maquinário, como na regulagem da colhedora e velocidade de colheita.

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Conclusão

Os estádios vegetativos e reprodutivos da cultura da soja precisam ser muito bem conhecidos por você, que produz o grão. Esse conhecimento é fundamental para garantir um bom manejo. 

Além disso, em cada uma dessas etapas, há os principais manejos que devem ser realizados.

É importante estar sempre de olho em cada etapa, monitorando e observando o que ocorre em cada talhão. Afinal, uma doença ou praga que ocorre em um, pode não ocorrer no outro. Em casos de dúvidas, sempre consulte um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a).

E aí? Restou alguma dúvida sobre cada estádio fenológico da soja? Adoraria ler seu comentário sobre!

ASG na agricultura: saiba como se beneficiar dessas práticas

ASG na agricultura: conheça o significado da sigla, quais são os pilares que devem ser implementados na fazenda e muito mais!

Com grandes avanços no Brasil, o ASG no agronegócio possibilita gerenciar de forma mais responsável a fazenda. Ele a torna cada vez mais sustentável sob todos os aspectos. 

As mudanças climáticas têm afetado a economia global e ameaçado a segurança alimentar. Por isso, ações de mitigação desses efeitos são cada vez mais cobradas pela sociedade. 

No agronegócio, há também uma cobrança para que sejam cada vez mais difundidas as práticas da empresa ASG.

Neste artigo, veja quais práticas já estão presentes no Brasil e como implementar cada um desses pilares na sua propriedade rural. Boa leitura!

O que é ASG no agronegócio?

O ASG na agricultura reúne um conjunto de ações e critérios de governança, sociais e ambientais para o desenvolvimento dos negócios. A sigla faz referência às palavras governança, social e ambiental, em inglês.

A sigla ASG já tem quase 20 anos, desde que apareceu pela primeira vez num relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), em 2005. O relatório trazia recomendações do setor financeiro para uma melhor integração com questões ambientais, sociais e de governança.

As preocupações eram basicamente as mesmas de hoje: aquecimento global, desmatamento, fome, pobreza e mudanças climáticas. Foram traçadas diretrizes para uma maior consciência das práticas em uma empresa ASG.

Através dessas práticas, seria possível estender o poder de competição e longevidade das empresas. O ESG, ao ser praticado, buscava antecipar os riscos e a busca por soluções. Assim, o planejamento das empresas e governos foi aperfeiçoado cada vez mais.

Mas aconteceu desde lá o que ainda ocorre hoje: muita promessa e poucos avanços no que se refere ao cumprimento dos acordos estabelecidos.

Um dos principais acordos internacionais voltado para o cumprimento das metas foi o Acordo de Paris, em 2015, para limitar o aquecimento global a menos de 2°C até 2030.

À beira da COP27 (Conferência do Clima), o relatório da ONU mostra o pouco progresso das ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Eles são os causadores do aquecimento global.

O relatório aponta que os países não estão no caminho nem mesmo para cumprir as altamente insuficientes metas climáticas. Ele também fala em efeitos irreversíveis. Por isso, o ASG na agricultura precisa ser levado cada vez mais a sério por governos e empresas.

Empresa ASG: o que significa cada um dos pilares?

Os fatores ASG estão relacionados às práticas de preservação do meio ambiente, responsabilidade social e de boa governança. Veja abaixo os detalhes de cada um deles.

Fatores ambientais

O ASG ambiental é um dos fatores ambientais estão entre os mais cobrados pela sociedade e por investidores de grandes empresas quando se refere ao ASG.

Isso porque a preservação do meio ambiente é essencial para que seja possível prolongar a vida do ser humano na terra. Afinal, a natureza ajuda a sequestrar o carbono que favorece ao aumento do aquecimento global.

Não à toa, ações voltadas para intensificar o sequestro de carbono pela natureza estão entre as principais metas do Acordo de Paris. Na COP26, realizada na Escócia, finalizou a proposta para a criação de um mercado global de créditos de carbono.

Na finalização deste acordo, o Brasil teve grande protagonismo, já que teve sua proposta aprovada para a criação desse mercado.

Além disso, publicou o Decreto 11.075/2022, passo inicial para regulamentar o mercado nacional de créditos de carbono. Ele tem incentivado as fazendas sustentáveis por meio do aumento de recursos do Plano Safra para esta finalidade.

estação meteorológica na fazenda, um dos pilares da ASG na agricultura
Criar estações meteorológicas na fazenda é uma forma de tornar a lavoura mais sustentável
(Fonte: Blog da Aegro)

O ASG no agronegócio do Brasil é incentivado por meio do Plano ABC, que estimula a agricultura de emissão de baixo carbono. O plano tem uma linha de crédito chamada Programa ABC (agricultura de baixo carbono), que teve disponibilizado no Plano Safra R$ 6,19 bilhões.

Há ainda produções sustentáveis por meio de programas voltados para a agricultura regenerativa, agricultura orgânica, agrofloresta e agricultura biológica. Outras práticas de sustentabilidade ambiental no agronegócio já difundidas no país são:

Fatores sociais

As relações sociais no ASG na agricultura também ganham cada vez mais força, diante da constante valorização do ser humano. Seja ele um colaborador da empresa, integrante de comunidades que residem no entorno ou os próprios clientes.

A sociedade moderna é composta por pessoas diferentes em vários aspectos. Cada uma deseja ser respeitada pelo que é, desde que não prejudique o outro em sua prática.

Neste sentido, as práticas sociais em uma empresa, seja ela rural ou urbana, devem prezar pelo respeito à diversidade e oportunidade igual para todos. Isso tudo independente de gênero, cor, raça ou orientação sexual.

Outro ponto essencial é o respeito às leis trabalhistas e aos direitos dos colaboradores. Eles devem ser incentivados pela empresa a se desenvolverem cada vez mais profissionalmente. Isso serve para o bem dele próprio e da própria companhia. 

Ainda sobre os aspectos sociais, as empresas precisam praticar sempre o respeito aos direitos humanos, aprimorar a proteção de dados dos colaboradores e dos clientes.

Fatores de governança

As ações de sustentabilidade ambiental e de responsabilidade social não podem ser dissociadas da governança. Ela é responsável por estruturar todas as ações da empresa rural e fazê-las acontecer.

A governança deve cuidar para que todas as regras da empresa sejam voltadas para o ESG. Além disso, outras estratégias de atuação também devem ser executadas pelos colaboradores.

Da mesma forma, a governança deve dar todo o suporte necessário ao desenvolvimento de ações fora da empresa. Isso pode ser feito junto a comunidades do entorno e ações de preservação ambiental.

Na gestão da empresa rural, é necessário que a governança atue com a mitigação de riscos. Sejam eles relacionados aos mercados ou às mudanças climáticas.

Promover, junto aos colaboradores, o bem-estar no serviço também é fundamental. Assim, eles podem desenvolver melhor suas atividades e fazer a empresa crescer.

Deve ser feito o uso de tecnologias digitais que favoreçam a maior agilidade na execução dos serviços, na sustentabilidade ambiental e eficiência na gestão.

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Conclusão

As boas práticas relacionadas ao ASG, seja no agronegócio ou qualquer outro setor da economia, precisam se tornar cada vez mais realidade no dia a dia.

Elas práticas favorecem o melhor convívio, e ainda prolonga a existência humana na terra.

Mesmo que seja uma ação pequena, de alguma forma haverá um impacto positivo. Esse impacto, ao se juntar com outras ações positivas, vão fazer uma grande diferença na humanidade.

Você tem alguma dúvida sobre a implantação da ASG na agricultura? Quais práticas você já utiliza na sua empresa rural? Adoraria ler seu comentário!