Como os relatórios agrícolas valorizam o trabalho do consultor

Os relatórios agrícolas trazem indicadores importantes para o acompanhamento da safra e da gestão financeira da fazenda. Veja como montar um.

Os relatórios agrícolas são ferramentas essenciais para o trabalho do consultor. Eles reúnem informações úteis para o acompanhamento da safra e gestão do negócio.

Com esses dados, consultor e produtor qualificam sua tomada de decisão, tornando a lavoura cada vez mais produtiva e rentável.

Neste artigo, falaremos sobre os tipos de relatórios agrícolas, principais indicadores que eles trazem e como estruturar o documento. Boa leitura!

Tipos de relatórios agrícolas

Existem relatórios agrícolas técnicos, produzidos por engenheiros agrônomos, que detalham questões como umidade do solo, desenvolvimento das plantas, ocorrência de pragas, entre outras.

Essas informações são valiosas pois direcionam a aplicação de insumo e outras decisões importantes para o bom andamento da safra.

Aqui, no entanto, abordaremos os relatórios de gestão e produção. Nessa categoria, entram relatórios como:

  • Relatório de rentabilidade: informa os custos e o lucro da safra ao longo do tempo.
  • Relatório de custo orçado: traz a previsão de custos da safra.
  • Relatório de custo realizado: permite avaliar a participação de cada insumo no custo total da safra.
  • Relatório de atividade da safra: mostra todas as atividades planejadas ou realizadas durante a safra.
  • Relatório de evolução de safra: com ele, o produtor acompanha o percentual de área realizada para determinada atividade ao longo do tempo.
  • Relatório de colheita: serve para acompanhar a área colhida, produção e produtividade da safra.
  • Relatório de insumos: informa a quantidade total planejada e realizada de todos os insumos.
  • Relatório de silos: lista as sementes armazenadas nos silos e sua respectiva quantidade.
  • Relatório específico de atividade: reúne informações sobre uma atividade específica, como a aplicação de um insumo em determinada área.
  • Relatório de estoque: facilita o controle do estoque de produção e insumos e sua movimentação.
  • Relatório de patrimônio: reúne informações sobre as máquinas da propriedade e seus custos.

A importância do relatório de rentabilidade

Para Marco Antônio Pinheiro Santana, consultor da parte organizacional e financeira em lavouras de soja e milho no Mato Grosso, o mais importante é o de relatório de rentabilidade.

“No meu ponto de vista, é o relatório de maior valia, porque demonstra a saúde financeira da fazenda”, opina.

Santana destaca que o relatório de rentabilidade mostra um quadro geral, mas também o detalhe, informando sobre quais talhões geraram mais receita.

A partir daí, consultor e produtor podem explorar outros relatórios, que ajudam a entender por que determinado talhão rendeu mais que outro. A investigação ajuda a entender melhor o solo e identificar os defensivos e cultivares que valem mais a pena, por exemplo.

“Olhamos o relatório de rentabilidade e depois procuramos entender o que foi feito de diferente nos talhões mais rentáveis. Esse é o ponto”, completa o consultor.

Principais indicadores agrícolas

Os indicadores são números que relacionam duas métricas diferentes, com o objetivo de revelar alguma informação importante.

O percentual de área colhida, por exemplo, relaciona o que já foi colhido com o total que tem para ser colhido. Isolados, esses números não ajudam a entender o status da colheita.

Nos relatórios agrícolas, os indicadores são essenciais, pois permitem uma rápida e fácil compreensão de alguns aspectos da lavoura. A seguir, apresentamos os principais.

Indicadores de produtividade

Relacionam números da produção com o tamanho de uma área. As unidades mais usadas são sacas e hectares. Quanto maior a produção em relação à área, maior a produtividade.

Pode ser feito um relatório de produtividade geral da safra ou específico por cultura, talhão, cultivar, período de plantio, etc.

Ele é calculado com uma simples divisão do total de sacas colhidas pelo total de hectares da área analisada.

Indicadores de rentabilidade

Relaciona as despesas com as receitas. O indicador pode ser expresso em um percentual.

Para calculá-lo, pegue a receita total e subtraia as despesas. O resultado deve ser dividido pelo total das despesas e multiplicado por 100 para chegar ao percentual.

Por exemplo, se uma fazenda teve R$ 800 mil de receita e R$ 650 mil de despesa em uma safra (uma diferença de R$ 150 mil), a conta fica assim:

Rentabilidade = (150 / 650) x 100

Rentabilidade = 23%

Se a conta der negativa, quer dizer que a safra deu prejuízo, claro. Também é possível filtrar os indicadores de rentabilidade por cultura, talhão, cultivar, etc.

Indicadores de atividades e colheita

Os relatórios de acompanhamento da safra devem trazer indicadores que mostram o status de cada fase, como o percentual da área que foi semeada, que recebeu fertilizantes e defensivos e de área colhida.

Como estruturar um relatório agrícola?

Para não se perder diante de tantos números, é preciso superar o caderninho e as planilhas do Excel e contar com um sistema de gestão agrícola, como o Aegro.

“Todo relatório passa pela inserção de dados. Quando está tudo em uma plataforma só, a análise é mais rápida e baseada em informações mais fiéis”, reflete Santana.

Isso é possível porque o software integra as informações em tempo real, cruzando os dados automaticamente.

No momento que o usuário insere a informação sobre a aplicação de um defensivo, por exemplo, com poucos cliques já é possível gerar um relatório.

“A credibilidade da informação é maior, porque quando você usa várias planilhas, acaba se perdendo. Hoje, quase não uso planilhas de Excel por fora do sistema”, acrescenta o consultor.

Além disso, os relatórios gerados por um software de gestão especializado já incluem gráficos que tornam a informação mais fácil de visualizar e entender.

Relatórios são automatizados com uso do Aegro e podem ser acompanhados por produtor e consultor em tempo real

Avaliação periódica dos indicadores

Como gerar um relatório pelo software praticamente não dá trabalho algum, é possível fazer reuniões de acompanhamento dos indicadores com maior frequência.

“Eu planejo reuniões quinzenais com meus clientes, para analisarmos os dados”, conta Santana. Nessas reuniões, ele faz uma avaliação financeira, considerando o fluxo de caixa da fazenda.

Depois da colheita, é feita uma reunião diferente, em que consultor e produtor analisam o relatório de rentabilidade. “Daí já sai a reunião de planejamento da safra. Com base no que fizemos na anterior, projetamos o que vamos fazer na próxima”, explica.

A análise do relatório de rentabilidade, do estoque e do fluxo de caixa é fundamental para tomar decisões sobre aportes financeiros.

“Quanto vamos precisar de custeio ou de investimento? Quanto temos em caixa e quanto temos de contas para pagar? Se está faltando, onde eu vou buscar isso?”, exemplifica o consultor.

Conclusão

O agronegócio brasileiro cresceu bastante, em grande parte graças à implementação de alta tecnologia no campo. Mas tecnologia não são só as máquinas robustas, produtivas e precisas, é também processo e gestão.

Contar com soluções tecnológicas para registrar e acompanhar as informações da safra traz dois benefícios enormes:

  • mais agilidade na gestão financeira e da produção
  • menos erros e mais confiabilidade nas informações

E também permite gerar relatórios agrícolas com poucos cliques, o que agrega valor ao serviço do consultor e traz ótimos resultados para seus clientes.

Marco Antônio Santana é consultor agrícola em Mato Grosso e parceiro Aegro.

>> Leia mais:

Como produtor e consultor garantiram margem de lucro histórica na negociação antecipada da safra

Restou alguma dúvida sobre os relatórios agrícolas? Quer qualificar sua consultoria com tecnologia e eficiência? Experimente gratuitamente o aplicativo de gestão rural Aegro pelo nosso programa de parcerias.

5 dicas de regulagem da semeadora para melhorar seu desempenho

Regulagem da semeadora de forma correta pode trazer benefícios à sua lavoura

O conjunto trator-semeadora pode ser comparado a um automóvel que, se estiver desregulado, comprometerá os custos e eficiência durante a operação.

Se uma semeadora de 10 linhas estiver com 1 linha entupida e falhar, as perdas na produtividade de soja poderão chegar a centenas de reais por hectare.

A regulagem correta da semeadora promove melhores resultados na produtividade das lavouras, além de economizar combustível e assegurar um plantio mais uniforme.

A seguir, separei 5 dicas para melhorar o desempenho da semeadora na lavoura. Confira!

Por que realizar a regulagem da semeadora?

A correta semeadura é um dos principais fatores que assegura boas produtividades nas lavouras. E isso vale para diversas culturas. 

A distribuição correta das sementes propicia uniformidade na emergência das plantas e estande ideal, fatores que são fundamentais para o sucesso das lavouras.

Dessa forma, é importante checar e regular todos os sistemas da semeadora. Dentre eles, os principais são:

  • discos corta-palha;
  • sistemas para abertura dos sulcos;
  • sistemas de deposição de sementes;
  • sistemas de deposição de adubo (quando presentes);
  • sistemas de fechamento do sulco (mecanismo compactador).

Como regular corretamente sua semeadora

As principais manutenções de máquinas necessárias antes e durante o plantio são:

  • velocidade de semeadura (normalmente entre 4 km/h a 6 km/h);
  • calibragem dos pneus;
  • limpeza e lubrificação das engrenagens do conjunto;
  • lubrificação das correntes;
  • checagem dos tubos condutores de sementes e adubos;
  • verificação de pinos e contrapinos;
  • lubrificação geral da máquina e graxeiras;
  • checagem das regulagens dos carrinhos;
  • análise da população de estande final desejada;
  • análise da germinação do lote de sementes utilizado;
  • cálculo do número de sementes/hectare;
  • regulagem do espaçamento entre linhas.

É fato que existe uma grande variedade de modelos de semeadoras presentes no mercado, sejam elas de sementes graúdas ou miúdas, e que para cada modelo existe uma regulagem ideal.

Mas alguns pontos são importantes de serem checados e se aplicam a uma boa parte das máquinas existentes no mercado.

As regulagens e limpezas são rotineiras e também devem ser realizadas nas semeadoras.

Limpezas de filtros e lavagem da máquina para evitar possíveis contaminações de daninhas e sementes de safras passadas também são simples de serem feitas e essenciais quando pensamos em boas práticas agrícolas.

Manutenções

Manutenções preventivas são sempre mais recomendadas que as corretivas, pois as janelas de plantio são curtas na maioria das regiões brasileiras e a máquina não pode parar durante a operação para troca de peças que já deveriam ter sido substituídas.

A quebra da semeadora durante o plantio pode causar atrasos operacionais e perdas em produtividade devido a semeaduras realizadas fora do período ótimo.

A manutenção de um estoque de peças de reposição pode ser ideal para fazendas que estão mais distantes das concessionárias e podem perder muito tempo esperando uma peça. 

Para isso, uma gestão correta da fazenda e dos maquinários te ajuda a levantar quais são as peças de reposição mais utilizadas.

A utilização de um software agrícola como o Aegro colabora para que você tenha em mãos esse controle. Você pode registrar a realização das manutenções pelo seu celular e ter um histórico detalhado das peças que foram trocadas na máquina.

Além disso, você pode programar alertas periódicos de manutenção para ser lembrado de revisar o maquinário.

Adequação do conjunto trator-semeadora-adubadora

A escolha do conjunto trator-semeadora corretos é fundamental para melhor rendimento operacional, economia de combustível, vida útil e redução de custos no campo.

Alguns pontos que você deve considerar na aquisição do conjunto trator-semeadora são:

  1. potência requerida do trator para operar a semeadora a ser utilizada;
  2. potência disponível do trator a ser utilizado na operação;
  3. analise se o conjunto está bem dimensionado.

A potência necessária para tracionar uma semeadora irá depender da quantidade de carrinhos que a semeadora possui, do espaçamento, hastes sulcadoras, peso da máquina carregada e profundidade de semeadura.

foto de uma semeadora em uma lavoura

(Fonte: John Deere)

O conjunto bem dimensionado pode ser visualizado quando a diferença entre a potência disponível no motor do trator e a exigida pela semeadora não for maior que 15%. Esses valores são utilizados como nível de segurança.

Regulagens dos sistemas da semeadora

Para início da regulagem da semeadora você deve escolher corretamente os discos e anéis que serão utilizados para a semeadura das sementes graúdas.

Alguns fabricantes fornecem anéis e discos com nomenclatura específica para cada tipo de sementes.

Após a escolha dos anéis, é recomendada a realização de um teste prático, onde será necessário inserir as sementes desejadas e avaliar seu comportamento de deposição.

Para checagem de possíveis falhas no plantio, faça o seguinte teste:

  1. Escolha o anel com friso para sementes redondas ou os anéis lisos para sementes chatas.
  2. Separe 2 sementes menores e veja se elas cabem no mesmo furo. Se sim, provavelmente esse anel acarretará plantas duplas na semeadura e deve ser trocado.
  3. Separe 2 sementes maiores e veja se elas passam com alguma folga pelos furos. Se não passarem, esse anel provocará falhas na semeadura e deve ser substituído.

Para saber mais sobre como fazer a escolha dos anéis e discos, leia este artigo do Blog do Aegro: “Como fazer a regulagem de plantadeira de soja e garantir a lavoura”.

Depois da escolha dos anéis da semeadora, a regulagem deve ser realizada nas engrenagens das máquinas que possuem esses sistemas de distribuição.

A combinação das engrenagens garante o número correto de sementes desejadas por metro linear.

As semeadoras possuem tabelas de regulagens que entregam os números de sementes por metro desejado de acordo com cada máquina e modelo.

A seleção deve ser realizada conforme a cultura a ser semeada e o estande desejado no plantio.

Uma primeira regulagem pode ser realizada com a semeadora ainda no galpão.

Vale ressaltar que pisos duros de concreto podem afetar a correta regulagem das máquinas. Por isso, a checagem e regulagem no campo é a mais correta.

6 pontos da semeadora que você deve checar em campo:

  1. quantidade de sementes que está sendo depositada por metro;
  2. distribuição e uniformidade de sementes no solo;
  3. profundidade de semeadura;
  4. profundidade e deposição do adubo;
  5. regulagens dos carrinhos e checagem da posição;
  6. regulagem e checagem dos discos de corte.

A semeadura e as regulagens podem ser alteradas dependendo do tipo de solo que será semeado. 

É importante realizar as aferições em campo e ir alterando as regulagens até mesmo durante o plantio se os parâmetros não estiverem dentro dos estabelecidos.

Regulagens dos sistemas de adubos

Assim como o sistema dosador de sementes, os sistemas dosadores de adubos, quando presentes, também podem possuir regulagens por meio de engrenagens ou sistemas pneumáticos.

A quantidade de adubo a ser depositada por hectare normalmente é expressa em quilogramas por hectare.

A deposição e profundidade do adubo precisam ser corretas para evitar efeitos de salinização e possíveis problemas iniciais de estande.

O adubo deve ser depositado ao lado e abaixo das sementes.

Cheque na tabela da semeadora as relações de engrenagens necessárias a dose a ser depositada de adubos.

Da mesma forma que nas sementes, os testes em campo devem ser avaliados para verificação da deposição da dose correta e nos locais desejados do adubo em campo. Se necessário, novas regulagens devem ser realizadas no sistema.

banner planilha combustíveis

Conclusão

A regulagem correta das semeadoras pode garantir melhor produtividade e maior ganho nas lavouras.

Máquinas bem dimensionadas e reguladas da maneira correta economizam combustível, possuem melhor rendimento operacional e asseguram um plantio mais uniforme.

Se você ainda não realiza manutenções e substituições de peças preventivamente em suas semeadoras, pode estar perdendo dinheiro no manejo de seu maquinário.

As avaliações e checagens dos parâmetros de semeadura são tão importantes quanto a condução correta das lavouras.

Se você iniciar o plantio da maneira errada, sua lavoura poderá estar comprometida desde o início.

>> Leia mais:

Cálculo de semeadura da soja: 5 passos para a população ideal de plantas no seu sistema

Você realiza a regulagem da semeadora e acompanha em campo o plantio das lavouras? Realiza alguma outra regulagem que não mencionei? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como cobalto e molibdênio na soja podem elevar sua produtividade

Cobalto e molibdênio na soja: entenda as suas funções e como eles podem aumentar a produtividade da lavoura.

A soja é uma cultura de grande importância para o agronegócio brasileiro. A estimativa da  Conab para produção do grão na safra 2020/21 é de 133,7 milhões de toneladas, confirmando o país como terceiro maior produtor mundial da oleaginosa.

Para se alcançar elevadas produtividades, é necessário um manejo nutricional adequado. Nutrientes como o molibdênio e o elemento benéfico cobalto e participam de diversas reações importantes na cultura da soja

Entenda como o cobalto e molibdênio podem elevar a produtividade da sua lavoura!

Funções do cobalto e molibdênio na soja

Os micronutrientes são considerados essenciais para o crescimento das plantas e são requeridos em menores quantidades em comparação com os macronutrientes. 

O molibdênio (Mo) é considerado micronutriente e o cobalto (Co), um elemento benéfico. 

O Mo participa da fixação biológica do nitrogênio (FBN), pois está presente na enzima nitrogenase. 

Já o Co é um elemento benéfico para o crescimento de microrganismos, como as bactérias simbióticas do gênero Rhizobium. Também é componente da cobalamina (vitamina B12), precursora da leghemoglobina, que está relacionada à atividade dos nódulos na cultura da soja

A deficiência do Co pode interferir no atraso ou redução do processo de nodulação da soja. 

A deficiência do Mo pode interferir no metabolismo do Nitrogênio (N) e na FBN. Os sintomas de deficiência na soja geralmente são similares aos do N, como é o caso da clorose. 

Disponibilidade dos micronutrientes no solo 

A prática da calagem de forma adequada pode auxiliar na correção da deficiência e disponibilidade dos micronutrientes no solo.

A calagem é o primeiro passo para a construção da fertilidade do solo e para o aumento da eficiência no uso dos fertilizantes

Para a manutenção e o aumento da produtividade da soja é necessário o uso de fertilizantes. Estima-se que estes representem cerca de 25% dos custos totais da lavoura de soja. 

gráfico de representatividade nos custos da lavoura em porcentagem: fertilizantes representam cerca de 75%

(Fonte: Aprosoja)

Dessa forma, a busca por eficiência no uso de recursos é cada vez mais importante para aumento da produtividade e redução dos custos. 

A disponibilidade dos micronutrientes é reduzida com o aumento do pH do solo. Com o molibdênio ocorre uma exceção, pois a biodisponibilidade do Mo aumenta com o aumento do pH do solo, além deste nutriente ser absorvido pelas plantas na forma de molibdato (MoO42-).

A acidez do solo, comum em solos tropicais altamente intemperizados, promove a deficiência do Mo

O cobalto é absorvido pelas plantas na forma de Co2+ e o aumento excessivo do pH do solo pode ocasionar deficiência, já que para este elemento benéfico ocorre um comportamento inverso na sua disponibilidade em comparação ao Mo

gráfico sobre disponibilidade dos nutrientes de acordo com o pH do solo

Disponibilidade dos nutrientes de acordo com o pH do solo
(Fonte: Ipni)

A calagem pode corrigir a deficiência do Mo se os teores deste nutriente no solo forem adequados. 

A deficiência do Mo ocorre com mais frequência em solos arenosos, pois o molibdato é um ânion que apresenta alta mobilidade no solo, sendo facilmente lixiviado. 

Fases de desenvolvimento da soja

A cultura da soja apresenta diferentes estádios fenológicos (vegetativos e reprodutivos). 

O processo de nodulação da soja varia conforme o crescimento e desenvolvimento em função das fases fenológicas

estádios fenológicos da soja - Cobalto e molibdênio na soja

(Fonte: Compass minerals)

Estudos mostram que os primeiros nódulos radiculares na soja começam a partir das infecções da raiz principal e suas ramificações primárias (estádios V1 e V2), sendo dependente de fatores como cultivar, estirpe de bactéria, ambiente e manejo. 

Nos estádios V4 e V5, a nodulação aumenta em intensidade e o incremento na nodulação atinge um pico durante a fase de florescimento em (R1 e R2)

Com o aumento da frutificação, a atividade fotossintética é aumentada e um novo pico é atingido em R5.1 e R5.2

Outro pico de nodulação e fixação biológica de nitrogênio (FBN) também pode ser constatado entre os estádios R5.1 e R5.3

imagem de raíz de soja com fixação biológica de nitrogênio.

(Fonte: Embrapa Soja)

Como aplicar os micronutrientes? 

Pesquisas de longo prazo realizadas com soja no Brasil recomendam uma dosagem de 12 a 25 g ha-1 de Mo e 2 a 3 g ha-1 de Co aplicados na mistura com o inoculante  (Bradyrhizobium) nas sementes de soja na semeadura ou via foliar na mesma dosagem, em até 15 dias após a semeadura. 

Entre as fontes destes elementos podemos citar para o Mo (molibdato de sódio e molibdato de amônio) e para o Co (sulfato de cobalto).  

Vale destacar novamente que, caso existam teores suficientes de Mo no solo, a correção do pH com a calagem também promoverá a disponibilidade deste nutriente para a soja.  

A recomendação é que o processo de inoculação deve ser realizado considerando cuidados como: 

  • plantio das sementes logo após a inoculação
  • quantidade e qualidade do inoculante 
  • boas condições de umidade do solo

A aplicação de Mo via foliar, antes do início da floração e na mesma concentração recomendada para as sementes é uma alternativa para o manejo nutricional da soja. 

Para o Co, a aplicação via foliar pode apresentar menor eficiência em comparação ao Mo, devido à baixa translocação na planta

Uma pesquisa mostrou que a aplicação de Mo e Co via sementes e/ou adubação foliar no estádio V4 promoveu incrementos significativos no rendimento da cultura da soja

Conclusão

Nesse texto você conferiu alguns aspectos sobre o micronutriente molibdênio e o elemento benéfico cobalto.

Você viu como eles podem interferir na fixação biológica de nitrogênio e processos de nodulação

É importante conhecer as fases fenológicas da cultura da soja para tomada de decisão sobre práticas adequadas de fertilização.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre a importância do cobalto e molibdênio na cultura da soja!

Qual é sua maior dificuldade no cultivo da soja para altas produtividades? Restou alguma dúvida sobre o cobalto e o molibdênio na soja? Adoraria ler seu comentário!

Como calcular o custo operacional de máquinas agrícolas

Custo operacional de máquinas agrícolas: como avaliar a eficiência econômica dentro de sua propriedade e obter redução de custos na lavoura.

As máquinas, equipamentos e implementos agrícolas podem representar até 40% dos custos de produção da sua lavoura.

Mas para saber como reduzir esses gastos e aumentar a rentabilidade da fazenda é preciso ter em mãos dados precisos do custo de cada uma dessas ferramentas operacionais.

Assim, é possível tomar decisões acertadas sobre terceirizar uma operação ou mesmo decidir quando é hora de investir em um novo trator, por exemplo.

A seguir, apresentamos o passo a passo de como fazer os cálculos para saber o custo operacional das máquinas agrícolas na sua propriedade e também uma ferramenta gratuita para automatizar essa conta – e que você pode usar sempre que precisar! Confira a seguir.

Custo operacional de máquinas agrícolas: por que você deve controlar

Gerenciar bem o maquinário agrícola pode ser a diferença entre o lucro e o prejuízo ao final da safra. Em um cenário de aumento nos custos produtivos e instabilidade nos preços de venda, se torna ainda mais necessário controlar de forma precisa o custo operacional das máquinas agrícolas.

O sistema mecanizado agrícola – conjunto de equipamentos, máquinas e implementos que realizam os processos de implantação, condução e retirada das culturas comerciais – pode representar de 20% a 40% dos custos de produção, dependendo da cultura. Por isso, seu gerenciamento adequado pode ser considerado um ponto estratégico para obter redução dos custos produtivos

Além do valor elevado para aquisição dos bens, as máquinas têm custos fixos (aqueles que independem da utilização) que oneram muito, principalmente pela grande sazonalidade de utilização. 

Desta forma, muitas vezes a terceirização das máquinas ou contratação de uma empresa para realizar as operações mecanizadas em sua lavoura se torna uma opção mais vantajosa. 

Na mensuração dos custos de um conjunto mecanizado (como um trator aliado a um implemento), contabiliza-se o tempo utilizado em horas. Assim, temos o custo horário, o qual é calculado para cada parte do conjunto. 

Na terceirização de máquinas, bem mais do que em utilizações em fazendas, é fundamental ter um controle detalhado do custo horário que os conjuntos mecanizados geram. Isso porque é esse valor, aliado à eficiência da operação, que indicará se o negócio está produzindo lucro ou prejuízo. 

Mas como saber quanto gasta seu trator? Vamos explicar o passo a passo a seguir.

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Como calcular o custo por hora de uma operação agrícola

O cálculo do custo de uma operação agrícola pode ser determinado a partir da quantificação de dois principais componentes: os custos fixos e variáveis

O modelo como são calculadas as variáveis dentro de cada componente muda conforme a realidade de cada propriedade. É preciso considerar, por exemplo:

  • a preexistência de um controle de dados das máquinas e implementos ao longo do ano;
  • gasto de combustível de cada trator nas diferentes operações;
  • registro das informações de manutenção;
  • quantidade de horas para as trocas de filtros e óleos.

Como você pode perceber, tudo isso acaba tornando a estimativa do custo operacional de cada atividade mais preciso. 

Veja a seguir quais variáveis podem ser utilizadas para obter os valores dos custos fixos (CF) e variáveis (CV) de cada operação e que somados possibilitam estimar o custo operacional total (CT):

CT = CF + CV

Vamos entender melhor o que é cada uma dessas variáveis e como definir seus custos em cada categoria a seguir.

Custos fixos

Os custos fixos são aqueles que devem ser debitados, independentemente da máquina ser usada ou não

É necessário ponderar que, a partir do momento em que foi adquirida, a máquina passa a onerar seu proprietário, mesmo que seja mantida inativa no galpão de máquinas. 

A forma de remover o ônus é utilizar o bem o maior número de horas por ano, reduzindo ao máximo o tempo ocioso. 

Entre os custos fixos são incluídos:

  • depreciação (D)
  • juros (J)
  • alojamento e seguros (AS)
  • mão de obra (MO)

CF = D + J + A + S + MO

Depreciação (D) 

A parcela de depreciação, que é incluída nos gastos fixos, representa a constituição de um fundo de reserva para a aquisição de uma máquina nova, do mesmo tipo, potência, peso, etc. 

A depreciação se refere à desvalorização da máquina em função do tempo, seja ela utilizada ou não. 

Ou seja, se uma máquina for pouco utilizada durante o ano, sua depreciação ocorrerá principalmente devido à obsolescência. Se for intensamente utilizada, a depreciação se dará devido ao desgaste. A diferença é que, no segundo caso, a máquina proporcionou um retorno por meio do serviço prestado. 

A depreciação de uma máquina não é conhecida com precisão enquanto ela não for vendida, pois apenas nesta ocasião se terá certeza do seu valor real. 

Por esse motivo, a depreciação é estimada por meio de diversos métodos: método da linha reta, do saldo decrescente, da soma dos dígitos e depreciação dedutível. 

O método da linha reta é o mais simples de ser usado, resultando numa depreciação anual constante da máquina, durante a vida útil, calculado da seguinte forma: 

D = (Vi – Vs)/ Vu x Hua

Onde: 

D (R$/h)  = depreciação 

Vi (R$) = valor de aquisição da máquina (valor de compra do produto novo ou usado)

Vs (R$) = valor de sucata ou de revenda (pode variar de 10% a  60% do valor de aquisição, dependendo da máquina) 

Vu (anos) = vida útil em anos (número de anos de uso).

Hua (horas/ano) = número de horas de uso por ano.

A vida útil ou econômica varia muito em função do tipo de máquina utilizado e da sua manutenção. 

Na falta de estatísticas bem detalhadas para a estimativa da vida útil das máquinas agrícolas, podem-se utilizar valores tabelados como indicação aproximada. Veja:

tabela com vida útil das máquinas e implementos agrícolas

 Vida útil das máquinas e implementos agrícolas 
(Fonte: Pacheco, 2000)

Juros (J)

As metodologias para cálculo do custo horário de operações agrícolas consideravam que o capital utilizado na aquisição das máquinas deveria ser computado como retendo juros à base do que é obtido quando este capital estivesse aplicado no comércio.

Porém, na época em que esses trabalhos foram elaborados, os investimentos de baixo risco, como a poupança, apresentavam rentabilidade de 6,16% ao ano.

Isso significa que a máquina deveria apresentar eficiência operacional e retorno econômico suficientes para justificar manter aquele capital imobilizado em maquinário. 

Atualmente, essa metodologia não se aplica, pois a poupança rende 70% da taxa básica de juros (Selic), que está em 2% (outubro/2020).

Isso significa que deixar o dinheiro “parado” nessa modalidade de investimento, com rentabilidade muito baixa, não compensa. 

A consideração de juros ao custo horário de máquinas é relevante quando assumimos que muitas máquinas e implementos agrícolas são adquiridos através de financiamentos. 

Dessa forma, torna-se importante dissolver os juros anuais sobre esse capital pela fórmula a seguir:

J = (Vi x Tj) / Hua

Onde:

J (R$/h)  = juros 

Vi (R$) = valor de aquisição da máquina

Tj (%) = taxa de juros anual atribuída ao financiamento da máquina (ex: 8,5%, 4% a.a.)

Hua (horas/ano) = tempo de uso por ano 

Abrigo (A) e Seguro (S)

Se a máquina for mantida sob abrigo quando estiver fora de uso, certamente sua vida útil será maior pela proteção e facilidade de se fazer reparos em quaisquer condições climáticas.

No Brasil, não é muito comum fazer o seguro de máquinas agrícolas. Esse fato pode levar à falsa impressão de que não é necessário calcular o custo desse seguro. 

Não podemos esquecer, porém, que o custo do seguro não é repassado a uma seguradora, é bancado pelo proprietário da máquina, pois o risco de acidentes e perdas sempre existe.

Assim, seguindo a mesma metodologia para atribuir a participação de juros ao cálculo do custo horário, é aconselhável utilizar uma porcentagem do custo inicial para os cálculos de abrigo e seguro, feito ou não em uma companhia seguradora, conforme as fórmulas a seguir:

A = (Vi x Ta) / Hua

Onde:

A (R$/h)  = Abrigo

Vi (R$) = valor de aquisição da máquina

Ta (%) = Taxa de abrigo (geralmente estipulada entre 1 e 2%, é definida conforme o tipo de abrigo, qualidade e durabilidade das construções, etc.)

Para calcular o seguro é necessário apenas substituir a taxa de abrigo (Ta) pela taxa de seguro (Ts):

S = (Vi x Ts) / Hua

Onde:

S (R$/h) = Seguro

Ts (%) = Taxa de seguro (depende da região e da máquina, varia de 0,5% a 2%) 

Mão de obra (MO)

Os salários, benefícios e encargos sociais referentes à mão de obra do operador da máquina devem ser computados no cálculo do custo operacional das máquinas. Para isso, deve-se considerar, no mínimo, a média que prevalece na região. 

Também podem ser calculados conforme as fórmulas a seguir:

Salário mensal = 1,5 x salário mínimo + 20% de encargos sociais
MO (R$/h) = (salário mensal x 13) / horas de trabalho por ano

Sugestão:
A quantidade de horas de trabalho por ano pode ser obtida através do seguinte cálculo: 47 semanas no ano x 5 dias por semana x 8 horas de trabalho por dia = 1.880 horas de trabalho por ano.

Custos variáveis (CV) 

Os custos variáveis são aqueles que dependem da quantidade de uso que se faz da máquina e são constituídos por: combustíveis (C), lubrificantes (L), reparos e manutenção (RM).

CV = C + L + RM

Combustíveis (C) 

Os combustíveis são usados principalmente para o acionamento dos motores de tratores, pulverizadores e distribuidores autopropelidos e colheitadeiras

É difícil avaliar com precisão o consumo de combustível dos tratores, devido às condições variáveis a que são submetidos durante os trabalhos de campo. Ou seja: profundidade de operação, estrutura e umidade do terreno, declividade do terreno, condições de manutenção e regulagem de implementos, por exemplo. 

Essas variáveis influenciarão o consumo mesmo que outras característica como regulagem da bomba injetora e motor, condições de lastragem, estado dos pneus e nível de combustível estejam compatíveis entre as máquinas submetidas ao comparativo. 

Portanto, o custo por hora gasto com combustível pode ser calculado por meio da fórmula a seguir: 

C = cons. horário x custo/litro

Onde: 

C (R$/h) = Combustível
Consumo horário (mL/CV.h-1) = quantidade de combustível consumida, varia de 90 a 120 mL/CV.h-1, dependendo do esforço exigido do motor. Motores de colhedoras, normalmente, consomem entre 120 a 140 mL/CV.h-1

Custo/litro (R$/L) = Custo do diesel

Lubrificantes (L)

Após calcular o consumo e o custo de combustíveis nas máquinas agrícolas, é necessário calcular o custo dos lubrificantes. 

Esse controle é fundamental para o gerenciamento das máquinas agrícolas e seu uso correto deve ser respeitado para maximização da vida útil dos componentes da máquina

Com o aumento da tecnologia no campo, tratores e colhedoras passaram a utilizar uma ampla gama de lubrificantes (motor, transmissão, hidráulico). 

Estudos nos Estados Unidos demonstram que os custos com lubrificantes são aproximadamente 15% do custo dos combustíveis. 

Então, uma vez calculado o custo dos combustíveis, pode-se calcular o custo dos lubrificantes como sendo 15% desse valor. Assumindo que o custo de combustível calculado seja de R$ 45/hora, por exemplo, então o custo com lubrificantes será igual a R$ 6,75/hora.

Reparos e manutenção (RM) 

Dentre as despesas de manutenção que devem ser computadas para o cálculo do custo operacional de máquinas agrícolas, estão aquelas realizadas para a manutenção preventiva e corretiva. 

Na manutenção preventiva, devem-se computar os gastos com componentes trocados a intervalos regulares. É o caso dos filtros de ar, filtros de óleos, lubrificantes, filtros de combustível, correias de polias, etc.

A manutenção corretiva é bem mais difícil de ser estimada, pois depende de fatores de difícil controle, como a habilidade do operador, condições do terreno, etc. 

Esses custos devem ser considerados até mesmo antes da aquisição das máquinas necessárias.

A tabela que separamos abaixo contém valores em porcentagem para a estimativa do custo inicial com reparos e manutenção durante a vida útil de tratores e outras máquinas agrícolas. 

tabela com parâmetros para cálculo de custos com reparos e manutenção de máquinas agrícolas

Parâmetros para cálculo de custos com reparos e manutenção de máquinas agrícolas
(Fonte: retirado de Pacheco, 2000)

Conclusão

Os sistemas mecanizados representam grande parte do custo de produção das culturas agrícolas.

Além disso, a intensificação do uso da mecanização na agricultura exige novos investimentos que imobilizam grande capital em máquinas com maior potência e tecnologia incorporada

Do ponto de vista da propriedade rural, à medida que o número, tamanho e complexidade das máquinas aumenta, maior se torna o impacto do gerenciamento desse sistema sobre a rentabilidade do negócio.

Portanto, é fundamental ter uma análise crítica dos custos envolvidos. Assim, o cálculo do custo operacional dos sistemas mecanizados é uma importante alternativa, não só para tomadas de decisão no momento da seleção dessas máquinas, mas também para comparação com os preços de hora/máquina praticados na sua região. 

Tudo isso te dará subsídios no momento da decisão de comprar ou alugar algum equipamento para realizar uma determinada operação.

Esperamos que você aproveite essas informações e a calculadora gratuita para tornar mais lucrativa a sua empresa rural!

Referências:

PACHECO, E. P.. Seleção e custo operacional de máquinas agrícolas. Rio Branco: Embrapa Acre, 2000. 21p. (Embrapa Acre. Documentos, 58).

Como está o custo operacional de máquinas agrícolas em sua propriedade? Restou alguma dúvida sobre o tema? Deixe seu comentário!

Artigo elaborado por nossos profissionais:

joao.franceschette

João Franceschette
Engenheiro-agrônomo em formação e parte do time de Relacionamento com o Cliente da Aegro.

jerônimo lopes

Jerônimo Branco Lopes
Engenheiro-agrônomo em formação e parte do time de Relacionamento com o Cliente da Aegro.

Como controlar a lagarta enroladeira das folhas na sua lavoura

Lagarta enroladeira das folhas: confira as características da praga, em quais estádios podem causar mais problemas e as recomendações de manejo.

A presença de pragas na lavoura é sempre um sinal de alerta. E é fundamental que você esteja sempre atento para evitar gastos e perdas de produtividade.

A lagarta enroladeira das folhas, apesar de não ser uma praga primária, vem ganhando destaque, principalmente em leguminosas.

Neste artigo, separei as informações mais importantes para que você faça um manejo eficiente da lagarta enroladeira das folhas na sua fazenda.

Características da lagarta enroladeira das folhas

Existe um complexo de lagartas da ordem Lepidoptera que causa danos nas lavouras. Dentre as várias espécies existentes, a lagarta enroladeira das folhas (Hedylepta indicata – sinonímias: Bleprosema indicata, Lamprosema indicata, Hedylepta vulgaris e Anania indicata), apesar de não ser uma praga primária, merece cuidados.

Ela ocorre em condições de climas tropicais e subtropicais, sendo que o pico populacional é observado no mês de abril. 

Pode se hospedar nas culturas da soja, feijão, milho, ervilha e amendoim.

A lagarta enroladeira das folhas possui cinco instares larvais que têm duração de aproximadamente 16 dias.

O adulto é de fácil identificação, pois possui coloração castanho-claro, com três estrias transversais escuras nas asas anteriores e envergadura de até 12 mm.

As fêmeas procuram realizar a oviposição nas folhas ou botões novos das plantas hospedeiras. Cada fêmea pode colocar em média 300 ovos.

Já nas lagartas, é possível observar que, logo nos primeiros ínstares, possuem coloração amarela, evoluindo para um verde-claro e, no final de sua fase larval, apresenta como coloração um verde mais acentuado. Seu tamanho pode variar de 12 mm a 15 mm.

O ciclo biológico dessa praga varia de 22 a 31 dias, dependendo das condições climáticas da região. 

Essa praga é facilmente reconhecida no campo por possuir o hábito de enrolar ou unir os folíolos da soja.

uma foto ao lado da outra, em uma tem a lagarta e na outra adulto da lagarta enroladeira das folhas

Lagarta (a) e adulto da lagarta enroladeira das folhas (b)
(Fonte: Embrapa)

Danos causados às lavouras

Os ataques da lagarta enroladeira das folhas ocorrem em diferentes momentos do desenvolvimento da cultura.

Nas fases iniciais, a lagarta raspa o parênquima foliar, rendilhando os folíolos, que acabam secando, sendo possível observar pequenas manchas brancas

Conforme ocorre o desenvolvimento das larvas, as lagartas necessitam de mais alimento, destruindo completamente a área foliar das plantas.

Nessa fase, a praga é considerada um grande problema no campo, pois, em casos de ataque intenso, ocasiona grande desfolha, prejudica a área fotossintética e influência no crescimento e desenvolvimento.

Caso não seja realizado o controle no momento exato, o ataque da lagarta enroladeira das folhas pode danificar até as hastes mais finas.

No campo, para observar a presença da praga nas plantas, fique atento às folhas. A lagarta entrelaça as folhas formando uma massa folhosa por meio de secreções que é utilizada também como alimento.

Caso note a presença dessa praga no final do ciclo da soja, a perda de área foliar não interfere na produtividade. Mesmo assim, é importante realizar o manejo da lavoura.

Para evitar riscos da presença dessas e outras pragas em sua lavoura, utilize sementes de qualidade e não deixe de lado o MIP (Manejo Integrado de Pragas).

Como fazer o manejo da lagarta enroladeira das folhas

Para o manejo adequado da lagarta enroladeira das folhas, o primeiro passo é verificar o histórico de pragas da fazenda. Assim, você consegue realizar o planejamento de manejo

É fundamental também realizar o monitoramento da lavoura com frequência. Isso irá facilitar a tomada de decisão.

Antes de realizar o controle, quantifique a infestação (%) em sua lavoura. Para isso, observe o número de plantas com sintomas.

Separei aqui uma planilha gratuita que pode te ajudar muito neste controle! Clique na imagem abaixo para fazer o download!

Controle cultural

Para evitar problemas com essa praga, realize:

Controle químico

Existem inúmeros produtos disponíveis para o controle químico da lagarta enroladeira das folhas. 

Você pode consultar o registro dos inseticidas no site do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o Agrofit

Veja os principais produtos recomendados nas culturas da soja e do feijão:

tabela com produtos recomendados para controle da lagarta enroladeira das folhas em soja, apresentando marca comercial e ingrediente ativo (grupo químico)

Produtos recomendados para controle da lagarta enroladeira das folhas em soja
(Fonte: Mapa)

tabela com produtos recomendados para controle da  lagarta enroladeira das folhas em feijão apresentando marca comercial e ingrediente ativo (grupo químico)

Produtos recomendados para controle em feijão
(Fonte: Mapa)

Contudo, é essencial que você consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para detalhamentos de acordo com a sua realidade.

Controle biológico

O uso de controle biológico pode ser uma alternativa para minimizar os custos com inseticidas e evitar a seleção de resistência dessa praga.

Uma opção é utilizar o parasitoide Trichogramma spp. como estratégia no manejo integrado.

Planilha MIP Aegro. Baixe grátis

Conclusão

A lagarta enroladeira das folhas, apesar de não ser uma praga primária, pode causar danos consideráveis na lavoura, provocando menor produtividade.

Neste artigo, você pôde conferir como identificar essa praga no campo e os principais prejuízos causados à lavoura.

Também falamos sobre as opções de controle químico, cultural e biológico que você pode aproveitar para fazer um manejo adequado dessa invasora. 

Com essas informações, espero que você proteja sua propriedade e não registre prejuízos com essa praga!

>> Leia mais:

11 pragas da soja que podem acabar com sua lavoura

Como acabar com as lagartas da lavoura com estas 5 dicas

Você tem problemas com lagarta enroladeira das folhas na sua lavoura? Quais medidas de prevenção realiza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

10 principais erros na consultoria rural e o que fazer para resolver

Consultoria rural: descubra as principais falhas cometidas e as dicas de uma especialista sobre o que fazer para contorná-las!

O início de qualquer nova atividade é desafiador. Conhecer os erros que podem acontecer te auxilia a evitá-los ou superá-los.

Com a consultoria rural não é diferente. Na verdade, é mais desafiador, pois além de gerir pessoas e negócios, você ainda tem que ficar atento ao clima, que pode mudar todo o planejamento.

Você verá nesse texto 10 erros cometidos durante a consultoria rural e as dicas de como contorná-los com a consultora Margareth Senne que tem experiência em comércio exterior e consultoria industrial e rural por mais de 20 anos. 

Boa leitura!

O que é prestar serviço de consultoria rural

Ser consultor é uma atividade profissional de ação ou efeito de dar consultas na sua área de especialidade.

Na consultoria rural você deve ser capaz diagnosticar o problema, traçar um planejamento e solucionar, buscando sempre melhorar o sistema de gestão e gerar mais rentabilidade para o produtor.

A consultoria rural é, portanto, um desafio a cada novo serviço e saber os erros que você pode estar cometendo te auxilia a melhorar sua atuação e conquistar o mercado.

Segundo a consultora Margareth Senne, erros são comuns de acontecer, o que você precisa é corrigi-los rapidamente

Veja 10 erros que podem ser cometidos durante a consultoria rural

1- Falta de foco no seu objetivo

Começar ou desenvolver uma atividade sem ter um objetivo é ruim, pois você não consegue traçar metas e objetivos. Isso dificulta a superação de obstáculos e a persistência no seu negócio.

A dica da consultora Margareth Senne é:

“Se prepare muito se realmente é isso que você deseja! Tenha seu objetivo sempre em mente, tenha foco e saiba que você levará vários ‘nãos’, mas não desista. Entenda a diferença entre as pessoas que desistem e as que não desistem facilmente. Saiba diferenciar entre desistir e persistir em algo que não te brilhe os olhos.”

2- Falta de conhecimento sobre o negócio

O agronegócio é amplo e não conhecer seus caminhos e sua estruturação é um erro!

Há muitas variáveis a serem consideradas na fazenda como máquinas, culturas diferentes, pragas, doenças, preços de compra e venda, valor do dólar, condições climáticas, entre outros.

Não conhecer onde irá atuar, qual problema você irá resolver e como irá resolver, gera falhas na sua atuação.

A dica da especialista aqui é buscar saber como estruturar um negócio. “Entenda dos processos, utilize uma metodologia e saiba implementar as ferramentas corretamente, principalmente as de automação que irão lhe auxiliar”, recomenda Margareth.

3- Falta de atualização profissional 

Achar que já sabe tudo de determinado assunto, é um grande erro. Mesmo que você seja especialista em um determinado assunto, sempre há algo de novo para aprender. 

Acreditar que você sabe tudo te limita a explorar e expandir seu mercado de atuação – que exige estudo, dedicação e meta. 

“Leia livros que farão você ser melhor gestor, entenda de pessoas, estude análise de processos, seja curioso para pesquisar diversas ferramentas de produtividade e gestão”, aconselha Margareth. “Estude sobre empresas e gestão de sucesso, estude sobre empresas que faliram e erraram. Você vai se surpreender e entender os erros cometidos.”

4- Falta de flexibilidade na gestão de pessoas

Na fazenda há dois tipos de personas, cada uma com uma perspicácia diferente. Alguns mais teóricos e outros mais práticos – e lidar do mesmo modo com ambos, é um erro!

Definir planos e estratégias com o gerente é diferente de realizar essa tarefa com os trabalhadores do campo. Os problemas que enfrentam no dia a dia são distintos.

A dica da consultora Margareth Senne é:

“Entenda os principais problemas das personas dentro da fazenda, tenha versatilidade ao conversar com cada persona, haja de forma coerente nos ambientes distintos, ou seja, saiba se comunicar tanto no ambiente de escritório quanto no ambiente de lavoura, pois juntos formam a empresa e você precisa integrar esses ambientes.”

5- Não diagnosticar corretamente o problema  

Conversar com o produtor e saber o que ele precisa e voltar para seu escritório para desenvolver o planejamento é um erro!

Você tem que conhecer e verificar onde estão as limitações da fazenda. Às vezes, o que o produtor pede para você não é a principal fonte da limitação.

Não rastrear o foco do problema dificulta sua resolução.

“Saiba os problemas do produtor, porque ele te contratou, mas você deve entender o que a empresa/fazenda precisa. Mostre ao produtor o que vai acontecer se ele não encontrar uma solução para o principal problema dele”, afirma a especialista.

6- Não incluir o produtor e trabalhadores no processo 

É preciso planejar e traçar as ações que serão realizadas considerando todos que fazem parte do processo.

Conversar apenas com o produtor, sem ouvir os funcionários de campo ou de escritório, e não incluí-los no desenvolvimento do seu planejamento faz com que as ações não sejam efetivas.

“Converse com todos que participam do processo, explique suas ações e ensine o que deve ser realizado. Entregue relatórios semanais ou quinzenais, mostrando seu trabalho diário na empresa/fazenda, e com a equipe de campo, se possível, faça reuniões diárias, para saber quais problemas estão enfrentando naquele dia”, diz Margareth.

7- Querer resolver demandas de vários sistemas diferentes 

Querer, inicialmente, resolver sozinho os problemas de vários processos diferentes pode ser um erro.

Na fazenda o produtor pode ter problemas:

  • na lavoura, sendo mais de uma cultura durante o ano, as quais demandam produtos diferentes e conhecimento específico como o tipo de solo, entre outros. 
  • no escritório, com anotações de custos, gestão de pessoas, entrada e saída de mercadorias e produtos no estoque, entre outros.
  • No galpão, com quebra de máquinas e implementos, que entravam a produção, entre outros.

Muitas vezes esses problemas são interligados e requerem experiência para poder resolvê-los em conjunto, principalmente em grandes propriedades.

Mas você não precisa resolver todos os problemas logo no começo! “Vá devagar, foque em um nicho para se especializar e conseguir ganhar confiança do mercado. Comece com áreas pequenas, com poucas pessoas trabalhando, assim vai ganhando experiência e confiança”, diz Margareth.

“Faça parcerias com consultores que tenham habilidades diferentes das suas e que buscam o mesmo objetivo. Tenha um mentor para ajudar você a se desenvolver, que possua experiência e possa entregar conhecimentos que não existem na internet e nem são ensinados na faculdade”, reforça a especialista.

8- Não automatizar os processos de gestão 

O mundo está cada vez mais tecnológico e ao ignorar ferramentas que auxiliam o desenvolvimento do seu trabalho, além de demandar mais tempo do seu dia, te deixa limitado.

A dica da consultora Margareth Senne é:

“A tecnologia de informação está trazendo sempre inovação e guiando a gestão. As ferramentas conseguem trazer uma visão mais clara de determinados sistemas como um todo, te auxiliando a passar as transformações para cada setor. Algumas ferramentas que me auxiliam são as da Aegro, por exemplo, para verificar custos e produtividade e de cada talhão da fazenda.”

Exemplo da visualização de custos da fazenda possível com uso do Aegro

9- Não apresentar com clareza os resultados 

Entregar um relatório padrão, com várias folhas e somente parte escrita, é um erro.

Não utilizar gráficos, imagens e até mesmo vídeos com a parte escrita minimiza a compreensão do seu alvo, seja produtor, gestor da fazenda, funcionários de campo ou de escritório.

Use ferramentas distintas para mostrar as transformações que estão ocorrendo. Algumas pessoas são mais visuais, outras mais auditivas, então, utilize vídeos, gráficos ou elementos que as pessoas entendam com maior facilidade como deve ser feita determinada atividade, e tenha horário de início e fim das reuniões”, afirma Margareth.

10- Não saber vender seu trabalho 

Não basta ser um bom consultor: é preciso saber vender seu trabalho!

Não adianta ter conhecimento de estruturação do negócio, saber os processos que é capaz de atuar e ter uma metodologia sólida, se você não souber mostrar isso para os produtores e mercado de trabalho.

A dica da consultora Margareth Senne é:

“Saiba vender seu trabalho, mostrando a importância de resolver determinado problema e as ferramentas que você utilizará para ajudar na resolução. Não acredite que vendas e marketing são áreas distintas, hoje são habilidades que o consultor tem que desenvolver para mostrar seu trabalho para o mercado.”

Dica bônus: sempre aperfeiçoe sua consultoria rural 

Ser consultor rural é um desafio, pois no campo há pessoas de diferentes níveis de conhecimento, existem diversos sistemas de produção e vários modos de realizá-los.

Toda consultoria bem-sucedida precisa ter três elementos: gestão de pessoas, processos e ferramentas de gestão e automação, como a desenvolvida pela Aegro”, diz Margareth.

Desenvolva sempre esses três elementos durante sua vida profissional, pois desafios sempre irão surgir e estar preparado para enfrentá-los e resolvê-los é o diferencial! 

planilha para gestão de clientes

Conclusão

Tenha sempre seus objetivos em mente, planeje bem seu negócio e tenha uma metodologia de trabalho.

Sempre busque conhecimento, aprimore o que você sabe e vá em busca do desconhecido.

Aprenda a lidar com pessoas diferentes e ser dinâmico na resolução e apresentação dos problemas.

Use ferramentas que auxiliam seu trabalho, e ensine o produtor a usá-las também para que ele mantenha o controle e gestão da fazenda.

A consultora Margareth Senne tem mais de 20 anos de experiência como gestora de empresas, consultoria e assessoria, atuando na estruturação e gestão na área de agronegócio e indústrias de bens e serviços, além de ser mentora de negócios. Instagram: @margareth.senne; LinkedIn: Margareth Senne.

>> Leia mais:

Consultor gera economia de R$ 20 mil em operações de máquinas usando software rural

“Como montar um projeto de consultoria rural: 7 dicas que vão te ajudar”

Quer profissionalizar sua consultoria rural e ganhar mais eficiência em sua atuação? Conte com o Aegro: conheça nosso programa de consultores aqui!

Como identificar e controlar a giberela no trigo

Giberela no trigo: sintomas, ciclo da doença, micotoxinas e como fazer o manejo adequado em sua lavoura.

A giberela é uma das principais doenças da cultura do trigo e pode causar danos significativos na lavoura.

Além da redução produtiva, ela pode causar micotoxinas, um grande contaminante dos cereais. 

Mas como identificar os sintomas da doença? Quais as formas de manejo mais indicadas? Confira essa e outras respostas a seguir!

Ocorrência e importância da giberela no trigo

A giberela ou fusariose da espiga é causada pelo fungo Fusarium graminearum. É mais frequente em regiões quentes e que coincidam períodos prolongados de chuva com a fase de floração da cultura do trigo.

A doença pode causar redução de até 30% no rendimento dos grãos e está associada à presença de micotoxinas, substância contaminante e tóxica ao homem, como veremos em detalhes mais adiante. 

Além da presença dessas micotoxinas, o fungo pode colonizar uma ampla gama de hospedeiros como aveia, cevada, centeio, milho, triticale e sorgo

Agora veja como identificar a giberela do trigo na lavoura.

Identificação da giberela na lavoura 

Na cultura do trigo, o F. graminearum infecta a flor da planta, que pode ser totalmente destruída e nem chegar a formar grão. Além disso, pode colonizar todos os componentes da espiga.

Caso a infecção do fungo seja lenta, pode ocorrer o desenvolvimento do grão com os seguintes sintomas: coloração rósea (por conta do desenvolvimento do fungo – formação de macroconídeos), que ficam enrugados e chochos.

foto de quatro grãos infectados. Genética amplia resistência à Giberela e Brusone no trigo – O Presente Rural

(Fonte: O Presente Rural)

Já as espiguetas infectadas pelo fungo exibem coloração palha, despigmentada ou esbranquiçadas, apresentando um branqueamento prematuro.

Um sintoma de fácil reconhecimento da doença são as aristas arrepiadas em espiguetas esbranquiçadas ou mortas, sinal bastante característico da giberela.

Assim, como principais danos da doença em trigo, temos o abortamento das flores e a má formação dos grãos, o que interfere na produção da lavoura.

Além disso, o fungo ainda pode produzir micotoxinas. Ou seja, a giberela no trigo provoca danos qualitativos e quantitativos.

Mas, afinal, o que são micotoxinas?

Giberela e a formação de micotoxinas

Micotoxinas são substâncias químicas produzidas por alguns fungos que são nocivas aos homens e animais.

A principal micotoxina formada por este patógeno é desoxinivalenol (DON), que atua na inibição da síntese de proteínas.

Para proteger a saúde, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exige analises laboratoriais de grãos e produtos à base de trigo, como farinha, farelo, alimentos infantis, pães, massas e biscoitos.

Assim, os limites de DON são 3.000 ppb para grãos de trigo para processamento, 1.000 ppb para farinha integral e 750 ppb para farinha branca.

Tabela de micotoxinas no trigo - legislação brasileira.

Limites de micotoxinas no trigo determinados pela Anvisa
(Fonte: Embrapa)

Agora que você conhece os sintomas e danos da giberela no trigo, veja como é o ciclo da doença na cultura, de forma resumida.

checklist planejamento agrícola Aegro

Ciclo da doença no trigo

O fungo que causa a giberela sobrevive em restos culturais (estrutura de sobrevivência do fungo), quando as condições não são favoráveis para seu desenvolvimento, fato muito importante para determinar as medidas de controle da doença.

Em condições de alta umidade e temperatura (condições ideais para o desenvolvimento do patógeno) ocorre o seu desenvolvimento e os esporos são dispersos no ambiente.

Os conídeos do fungo (ascósporos) são levados a longas distâncias pelo vento, sendo o principal inóculo. Estes atingem as anteras do trigo, germinam e penetram na flor, que inicia o processo de infecção da planta.

Na figura abaixo você pode observar como ocorre o ciclo desse fungo na cultura do trigo.

infográfico com ilustrações do ciclo do fungo da giberela no trigo

(Fonte: APS)

Como comentamos, o fungo que causa a giberela no trigo sobrevive em restos culturais e também tem como fonte de inóculo as sementes.

A suscetibilidade da cultura do trigo é entre o período da floração até a maturação.

As condições para a ocorrência da infecção do fungo na planta são 30 horas de molhamento foliar contínuo e temperaturas em torno de 20℃. Por isso, é preciso ter atenção em épocas de ocorrência de chuva.

Controle da giberela no trigo

A giberela é considerada uma das doenças de mais difícil controle entre as que ocorrem nas culturas de inverno.

No Brasil, ainda não estão disponíveis cultivares tolerantes ou resistentes a ela. Existem algumas pesquisas para a obtenção de cultivares resistentes, mas enquanto isso não está disponível, é importante observar outras estratégias de manejo da doença.

Algumas medidas de manejo para a giberela no trigo são:

  • semeadura antecipada – possibilita que a planta atinja o florescimento (período de ocorrência da doença) em condições menos favoráveis à doença.
  • uso de fungicidas no início da floração – deve-se realizar a pulverização antes da ocorrência de chuva (de maneira preventiva), tendo duração de cerca de 15 dias.

No Agrofit estão registrados 63 fungicidas para o controle da giberela no trigo. A maioria desses fungicidas é dos grupos dos triazóis, benzimidazol e estrubilurina.

Algumas pesquisas indicam que o controle químico da doença pode ser realizado quando as plantas estiverem com 25% a 50% de florescimento para primeira aplicação

Uma segunda aplicação pode ser feita quando as plantas apresentarem 75% de florescimento, tendo um intervalo de 5 a 7 dias entre as aplicações.

Em anos de condições favoráveis para o fungo (chuvoso), pode-se realizar uma terceira aplicação ou diminuir o intervalo entre as duas aplicações. Já em anos secos, uma única aplicação é eficiente.

ilustração mostra o controle químico em três aplicações no espigamento-florescimento da planta.

(Fonte: Embrapa)

Lembre-se de utilizar mais de um tipo de fungicida, com modo de ação diferente, para reduzir a probabilidade de resistência.

Faça também a rotação de culturas com plantas que não são hospedeiras do fungo.

Deve ser feito o manejo integrado, ou seja, utilizar um conjunto de medidas para minimizar os efeitos da doença na lavoura de trigo.

Para te auxiliar com o manejo da giberela no trigo consulte um(a) agrônomo(a) para as recomendações.

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão 

A giberela é de grande importância para a cultura do trigo, podendo causar perdas na produtividade da lavoura e ainda apresentar micotoxinas nos grãos.

Neste texto, falamos da importância da doença, seu ciclo no trigo, os principais sintomas e a presença dessas micotoxinas.

Discutimos ainda as principais medidas de manejo para a giberela no trigo, que devem ser preventivas para que o fungo não se instale na lavoura e cause prejuízos.

Espero que com essas informações você tenha um ótimo manejo da doença em sua propriedade!

>> Leia mais:

O que você precisa saber sobre manejo das viroses no trigo

5 dicas para uma lavoura de trigo mais produtiva

Você já teve problemas com giberela no trigo? Como realiza o manejo dessa doença? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Telemetria na agricultura: como ela melhora a gestão das máquinas na sua fazenda

Telemetria na agricultura: entenda o que é como aproveitar essa tecnologia para reduzir custos na sua propriedade.

A tecnologia tem deixado as fazendas cada vez mais inteligentes. Hoje é possível acompanhar as operações do maquinário sem precisar estar 100% no campo.

Com o auxílio de sensores acoplados nas máquinas, é possível ter redução de custos operacionais e otimizar as atividades da fazenda analisando os dados de telemetria.

Quer entender melhor como a telemetria ajuda na gestão da frota e de que forma ela pode ser aproveitada na sua propriedade? Acompanhe a seguir!

O que é telemetria?

A telemetria é uma tecnologia que permite a coleta e o compartilhamento de informações sobre equipamentos, veículos e máquinas de forma remota. O termo tem origem na palavra grega tele, que significa remoto, e metron que significa medida.

Explicando melhor: a telemetria é um sistema de monitoramento de dados e transferência por meio de sinais de rádio para uma central, que não necessariamente precisa estar dentro da propriedade. 

Em muitos casos, temos a utilização de um datalog para gravação dos dados coletados e posterior envio à central de controle, que geralmente armazena as informações na nuvem.

Na Agricultura de Precisão (AP), por meio dessa tecnologia, é possível coletar os dados utilizando sensores acoplados nas máquinas e também georreferenciar de acordo com o interesse de cada propriedade agrícola. 

Muito conhecida das corridas de Fórmula 1, a telemetria foi adaptada para o agronegócio e está cada dia mais presente nas fazendas.

Como utilizar a telemetria na agricultura

A telemetria pode ser amplamente aplicada no agronegócio, desde atividades relacionadas à coleta de dados de condições de solo e condições climáticas por meio de estações meteorológicas a dados provenientes de sensores embarcados nas máquinas. 

Os sensores nas máquinas podem ser de vários tipos: óticos, elétricos, capacitivos, acústicos, entre outros, e podem fornecer dados como:

  • pressão do óleo do motor;
  • pressão do corte de base;
  • rotações por minuto do equipamento;
  • consumo de combustível;
  • temperatura do motor;
  • horímetro;
  • posicionamento do maquinário;
  • velocidade instantânea;
  • horas do equipamento ligado;
  • motor ocioso;
  • locais de parada;
  • eficiência durante a operação;
  • área trabalhada;
  • horas produtivas;
  • e muito mais!
ilustração de como funciona um sistema de telemetria na fazenda: Por meio de um modem com software específico de telemetria instalado nas máquinas, o agricultor pode acompanhar e fazer correções em tempo real nas atividades do campo.

(Fonte: Globo Rural)

Como reduzir os custos com essa tecnologia

A telemetria ajuda na coleta de dados para análises posteriores. Inúmeras plataformas de telemetria já fornecem relatórios personalizados de acordo com os objetivos de cada cliente.

Os relatórios ajudam a identificar otimizações dentro das atividades agrícolas e reduções de custo.

Com metas e objetivos, a análise dos dados propicia que as otimizações sejam conseguidas em curto e médio prazos.

Como as máquinas e equipamentos são monitorados a todo momento, é possível tomar decisões e atuar em tempo real, ainda com as operações sendo realizadas em campo.

As análises e relatórios podem indicar que a máquina está operando fora dos padrões pré-estabelecidos, por exemplo. Tal informação auxilia na redução de custo durante a operação e possíveis reduções de custos como manutenção dos equipamentos.

Semeadura, aração, gradagem, colheita e outras operações realizadas fora dos padrões pré-estabelecidos podem acarretar falhas no plantio, consumo excessivo de combustível e maiores perdas durante a colheita.

A telemetria permite que estas informações sejam checadas e corrigidas sempre que possível.

Como otimizar a gestão de frotas com a telemetria

São muitos os benefícios da aplicação da telemetria nas fazendas agrícolas:

  • consumo de combustível;
  • temperatura e rotação do motor;
  • trajeto realizado pelo equipamento;
  • parada da máquina por quebra de peças;
  • parada do equipamento por falta de insumos;
  • tempos gastos para reabastecimento, entre outros.

Esses indicadores são muito úteis para reduções de custos e otimizações.

Caso seja analisado um consumo de combustível fora dos padrões já observados no histórico da fazenda, o equipamento pode ser destinado a manutenções ou substituições de peças.

Operadores que utilizam rotações mais altas do que as necessárias podem provocar maior consumo de combustível e o sistema de telemetria pode emitir alertas sonoros ou visuais para auxiliar na correta condução do equipamento.

Com relatórios das máquinas provenientes da telemetria sendo analisados, é possível saber quais são os equipamentos com melhor consumo de combustível e menos paradas por quebra de peças. Isso beneficia o rendimento operacional. 

Por meio da telemetria, é possível otimizar a frota da propriedade, assim como fez a Usina São Manoel.

A instalação de computadores de bordo em toda a frota utilizada nas operações agrícolas aumentou a moagem em 30% nos últimos cinco anos da usina. Isso sem a necessidade de ampliação da frota.

Sistemas de telemetria modernos conseguem auxiliar na gestão de centenas de equipamentos ao mesmo tempo, centralizando todas as informações em um único local. Assim, o gestor pode analisar os relatórios para tomar a melhor decisão.

A centralização desses dados em uma única plataforma propicia que, mesmo com equipes pequenas, a gestão possa ser feita de maneira eficiente.

As anotações em papéis ou planilhas impressas são substituídas pelas coletas e transmissões automáticas das informações, quando se utiliza telemetria, assegurando dados mais confiáveis.

Desafios para começar a usar a telemetria

Para implementar sistemas de telemetria na fazenda e equipamentos, alguns desafios devem ser considerados.

O primeiro é a escolha da melhor plataforma de telemetria presente no mercado, seleção da compra e implantação dos sensores de coleta e transmissão de dados nos equipamentos.

O segundo desafio são as máquinas mais antigas, que não possuem sistemas Isobus/CAN para coleta dos dados. Assim, é um pouco mais complicado para realizar a telemetria.

As máquinas (tratores e colhedoras) mais novas possuem um protocolo de comunicação de dados conhecida como Isobus/CAN, descrito pela norma ISO 11783, sendo mais simples a coleta e transmissão dos dados desses equipamentos para central.

O terceiro desafio está relacionado às falhas de conectividade no campo. Com isso, algumas máquinas poderão ficar de 24h a 48 horas ou mais, sem enviar dados à central. Assim, a correção da operação em tempo real é ineficiente.

Além desses desafios, é importante que as fazendas tenham pessoas e gestores capacitados a interpretar e analisar os dados gerados na central, com intuito de traçar novos planos e metas para otimizar as atividades agrícolas.

Como implementar a telemetria na fazenda

Existem diversas maneiras de se implantar a telemetria nas máquinas da fazenda.

Os métodos mais simples envolvem a aquisição de iPads, chips com sinal gprs e sensores acoplados diretamente na rede CAN das máquinas que coletam e enviam os dados a central.

Outra maneira é por meio da aquisição de plataformas e adaptações realizadas nas máquinas com hardwares e softwares como a JD Link, Solinftec, Climate Fieldview, Otmis Maps, entre outros.

imagem de um notebook aberto mostrando o sistema de telemetria na agricultura JDLink, da John Deere.

(Fonte: John Deere)

Os hardwares e softwares precisam ser instalados nas máquinas e possuir integração com a plataforma que irá receber os dados e gerar os relatórios. 

As plataformas arquivam os dados históricos dos equipamentos para que possam ser utilizados para futuros planejamentos e análises.

E, além das análises de relatórios gerados, as máquinas podem ser acompanhadas em tempo real, sempre que estiverem conectadas com sinal de rádio para transmitir os dados. Assim, é possível fazer correções no momento em que as operações estão sendo executadas.

Conclusão

A telemetria já vem sendo muito utilizada em diversos setores da economia. No agronegócio, se mostra uma ferramenta muito valiosa no gerenciamento da frota em campo e no auxílio às tomadas de decisões gerenciais.

As máquinas conectadas mostra aos operadores quais áreas já foram manejadas, reduzindo aplicações desnecessárias e otimizando os custos.

Ferramentas de telemetria otimizam as atividades no campo, trazendo novas tecnologia e inovação no setor que mais cresce no país.

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