Como tornar a colheita do algodão mais eficiente

Atualizado em 12 de setembro de 2022.

Colheita mecanizada do algodão: confira os erros mais frequentes e como corrigi-los para evitar perdas na lavoura

A colheita do algodão é uma fase crítica para assegurar boas rentabilidades na venda, pois fibras danificadas acarretam em perdas na qualidade.

Para evitar erros comuns nessa etapa da produção, há alguns pontos que merecem atenção. Estar por dentro das tecnologias aplicadas a essa cultura também é essencial.

Neste artigo, saiba quais fatores podem influenciar na colheita mecanizada do algodão e veja 5 dicas fundamentais para conseguir boas produtividades. Boa leitura!

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Como evitar perdas na colheita do algodão

As perdas na colheita podem ser quantitativas ou qualitativas. As perdas quantitativas são avaliadas em campo por meio de amostragens. 

Elas dizem respeito ao algodão que não foi devidamente colhido ou que foi perdido e se encontra sobre o solo. Essas perdas estão associadas à regulagem da colhedora de algodão e a velocidade de colheita.

Já as perdas qualitativas estão relacionadas às características das fibras do algodão. Esses tipos de perdas ocorrem em função de alguns fatores, como:

  • maturação inadequada das plantas;
  • excesso de umidade no momento da colheita;
  • presença de plantas daninhas no algodão;
  • variação no comprimento e elasticidade das fibras; 
  • coloração da fibra;
  • cultivar de algodão;
  • uso de reguladores de crescimento, desfolhantes e maturadores;
  • condições climáticas;
  • falhas no armazenamento do algodão

Colheita de algodão: manual ou mecanizada?

A colheita do algodão pode ser realizada de forma manual no caso de pequenas lavouras. Em grandes lavouras a colheita é feita de forma mecanizada.

A colheita mecanizada pode ser feita através de colhedora de algodão de fusos ou picker, ou através de colhedora de algodão de pente ou stripper. Confira a seguir um pouco sobre cada um desses sistemas de colheita.

Colhedora de algodão com sistema picker

As colhedoras de algodão com sistema picker possuem fusos cônicos. Quando em rotação, eles extraem o algodão em caroço dos capulhos abertos das plantas.

Quando comparadas às colhedoras do tipo stripper, as máquinas com sistema picker apresentam elevado custo de aquisição e manutenção. Apesar disso, elas garantem um produto com menos impurezas, o que confere mais qualidade ao algodão colhido.

No mercado já existem colhedoras do tipo picker para a colheita do algodão cultivado em espaçamento convencional e adensado.

Foto de colhedoras em lavoura, realizando a colheita mecanizada do algodão
Colhedora de algodão com fusos com doze linhas para colheita de algodão  
(Fonte: Instituto Mato-Grossense do Algodão)

Colhedora de algodão com sistema stripper 

As colhedoras de algodão do tipo stripper possuem um conjunto de dedos formando um pente, molinete, caracol e dutos com jatos de ar. Esses dutos transportam o produto colhido até o sistema de limpeza. 

Depois da etapa de limpeza, o algodão em caroço é depositado no cesto de armazenamento. Nesse sistema, a ação dos dentes e do molinete sob as plantas aumenta a quantidade de impurezas no produto colhido, reduzindo a qualidade da fibra.

No entanto, as colhedoras de algodão com sistema de pente ou stripper apresentam menores perdas em campo. Elas são as mais indicadas para a colheita do algodão cultivado em espaçamento adensado.

Foto de várias colhedoras de algodão, de diferentes modelos
Colhedoras do tipo stripper para colheita de algodão adensado
(Fonte: Instituto Mato-Grossense do Algodão)

Tecnologias aplicadas na fazenda de algodão

Atualmente, há muitas tecnologias que podem ser aplicadas na cultura do algodão e auxiliar no melhor manejo de colheita. 

No campo, é possível encontrar em uma mesma planta de algodão, flores, botões florais, capulhos e frutos. Afinal, o hábito de crescimento das plantas é indeterminado. 

Os sensores óticos podem ser utilizados para levantar informações para aplicações de insumos na lavoura

Os mapas NDVI e NDRE podem ser utilizados na cultura do algodão para orientar aplicações de nitrogênio ou de regulador de crescimento.

Os mapas são excelentes ferramentas para nortear as idas à campo e a aplicação de produtos em taxa variável. Essas aplicações são orientadas pela quantidade de biomassa presente em diferentes pontos da lavoura.

Em talhões com menor quantidade de biomassa, você pode ir a campo realizar um diagnóstico pontual e avaliar a presença de doenças. Já em áreas com mais biomassa, a alternativa é a aplicação de regulador de crescimento do algodão para assegurar maior produtividade.

Você também pode usar um software agrícola para realizar todos esses processos de forma integrada.

No Aegro, por exemplo, você obtém mapas NDVI e verifica a incidência de pragas do algodão na lavoura. Além disso, o software te ajuda a organizar as atividades de manejo e gerenciar o uso do maquinário no campo.

controle de atividades no Aegro
Cronograma de atividades de safra no software Aegro

Com esta tecnologia, fica mais fácil organizar e controlar o processo de colheita e garantir uma safra de algodão mais rentável.

5 dicas para uma melhor colheita

Agora que você sabe quais os tipos de colheita do algodão e como utilizar a tecnologia ao seu favor, veja 5 dicas para melhorar ainda mais essa etapa tão importante.

1. Saiba quando é feita a colheita do algodão 

A colheita do algodão deve ser realizada nas horas quentes do dia. No caso de lavouras onde há formação de orvalho, o ideal é que a colheita se inicie somente após o orvalho ter secado.

É importante que as plantas não estejam úmidas durante esse processo. Isso contribui para que os capulhos sejam removidos com facilidade pela colhedora.

A colheita deve ser realizada quando os frutos estiverem com 12% de umidade e 100% dos capulhos abertos.

2. Saiba quanto tempo dura o ciclo do algodão

A depender da cultivar, o ciclo do algodão dura entre 130 e 220 dias. Por isso, conhecer o ciclo e entender em qual momento a cultura está pronta é fundamental.

Plantas que apresentam maturação uniforme, ciclo precoce e estrutura compacta são características que facilitam a colheita da cultura do algodão. Além disso, conhecer o potencial produtivo e as características físicas é de extrema importância.

3. Faça manejo de plantas daninhas

A presença de plantas daninhas no momento da colheita pode comprometer o funcionamento das partes móveis da colhedora. Isso causa o mal funcionamento da máquina e prejudica o processo de colheita.

Além disso, a presença de espécies invasoras reduz a qualidade da fibra do algodão

É importante que essas plantas sejam controladas antes do início da colheita. 

4. Use reguladores de crescimento 

As cultivares de algodão de ciclo longo e porte alto são as mais exigentes quanto a utilização de reguladores de crescimento.

Plantas de algodão com altura entre 1 metro e 1,3 metro favorecem a colheita mecanizada. Se você for realizar a colheita de forma mecanizada, utilize reguladores de crescimento para atingir a altura  ideal. 

5. Utilize desfolhantes e maturadores

A presença de folhas no momento da colheita contribui para o aumento de impurezas. Além disso, eleva a umidade do produto colhido e influencia na cor por ação da clorofila.

A recomendação é que os desfolhantes sejam utilizados quando entre 60% e 70% dos capulhos estiverem abertos.

A aplicação dos maturadores deve ser realizada quando 100% dos frutos atingirem a maturidade fisiológica ou quando 90% dos capulhos estiverem abertos.

A necessidade da aplicação de reguladores de crescimento, desfolhantes e maturadores requer avaliação técnica e deve ser baseada em alguns critérios. Esses critérios são as condições climáticas, época de semeadura, a cultivar, o crescimento e a população de plantas.

planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

A colheita mecanizada do algodão permite melhor rendimento operacional comparada com a colheita manual.

As perdas na colheita dessa cultura podem variar desde a correta identificação do ponto de maturação até as regulagens das máquinas utilizadas. Existem várias práticas de manejo que devem ser adotadas para facilitar esse processo. 

Em casos de dúvidas ou dificuldades no momento da colheita, não deixe de procurar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a). Afinal, detalhes técnicos fazem toda a diferença e garantem ainda mais produtividade para seu algodoeiro.

Quais são os problemas que você enfrenta na colheita de algodão em sua propriedade? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Atualizado em 12 de setembro de 2022 por Tatiza Barcellos.

Tatiza é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.


Pesticidas: 8 mitos e verdades que você precisa saber

Pesticidas prejudicam a biodiversidade? Uso de glifosato pode reduzir absorção de nutrientes? Brasil é o país que mais utiliza pesticidas? Tire essas e outras dúvidas agora! 

Após a revolução verde e o aumento das áreas agrícolas, ocorreu consequentemente o aumento do uso de pesticidas. 

Desde então, polêmicas vêm sendo geradas sobre o uso desses produtos em nosso país. 

Por um lado, muitos defendem que o Brasil é o país que mais consome pesticidas no mundo; que inúmeras doenças estão associadas a seu uso; e que a agricultura poderia alimentar o mundo sem utilizá-los. 

Do outro, estão os que pensam que pesticidas são inofensivos; que existe a extrema necessidade de novas moléculas; e que a agricultura não poderia alimentar o mundo sem utilizá-los. 

Neste artigo, vamos discutir alguns mitos e verdades propagados pelos dois extremos e trazer informações técnicas para melhor explicá-los. Confira!

1º mito ou verdade: o Brasil é o país que mais consome pesticidas no mundo (5 litros por habitante) 

Mito. Esta é uma maneira extremamente tendenciosa de mostrar os dados!

Nessa notícia, simplesmente houve uma divisão da quantidade total de pesticidas utilizados no país pelo número total de habitantes. 

Isso não é correto, pois nem todos os produtos serão aplicados em cultivos destinados à alimentação humana.

Devemos considerar inúmeros outros fatores como a área cultivada no país e a diversidade de culturas produzidas. 

Porém, a redução do uso de pesticidas é totalmente possível por meio de recomendações corretas para controle de pragas no momento correto. 

Além disso, utilização de outras técnicas de manejo como a rotação de culturas, adubação verde, controle biológico e indução de resistência têm apresentado ótimos resultados e devem ser mais utilizadas. 

2º mito ou verdade: a utilização de pesticidas prejudica a biodiversidade do meio ambiente 

Verdade. A utilização em larga escala de pesticidas vem afetando drasticamente a biodiversidade, diminuindo a existência de inimigos naturais de pragas, insetos polinizadores e microorganismos benéficos do solo. 

Mesmo se todos os produtores seguirem todas a recomendações de uso e posicionamento técnico, ainda assim ocorreriam alguns impactos ao meio ambiente. 

Porém, o problema é agravado quando a utilização destes produtos é feita de modo indiscriminado, em modalidades proibidas (ex: aplicações aéreas de produtos não autorizados) ou de pesticidas contrabandeados ou falsificados.

Um grande problema que vem sendo relatado é a diminuição da população de abelhas ao redor do mundo. Isso preocupa muito os pesquisadores devido à sua grande importância como polinizadoras de plantas.

pesticidas

(Fonte: DW)

3º mito ou verdade: lavar frutas com bicarbonato de sódio elimina 100% dos resíduos de pesticidas

Mito. A boa higienização de frutas e verduras antes do consumo é essencial. Porém, a utilização de bicarbonato de sódio ou outras técnicas de limpeza não garante a retirada completa de qualquer produto aplicado durante o cultivo de frutas e verduras.

Se o produto for aplicado dentro das recomendações para a cultura, não se preocupe: a ocorrência de resíduos é insignificante ou nula!

Contudo, se aplicado fora da recomendação, pode ocasionar resíduos! Mas, a solução de bicarbonato não será eficiente, pois, como muitos produtos têm ação sistêmica ou fisiológica, esse resíduo estará presente não apenas na superfície externa.

O que realmente tem sido efetivo para impedir a contaminação de alimentos são campanhas de conscientização para uso correto de pesticidas e fiscalização de alimentos, como vem sendo feito pela Anvisa.

Um grande problema em nosso país é detecção de resíduos do uso de agrotóxicos em uma cultura que não tem registro para os mesmos. 

Por isso, é importante que o governo adote medidas para melhorar o suporte fitossanitário de culturas consideradas de suporte fitossanitário insuficiente.

Desta forma, produtores teriam opções disponíveis para controle de pragas em seus cultivos. Estes seriam corretamente recomendados por um agrônomo sem infringir a lei ou prejudicar o meio ambiente e consumidor final.

Fonte: Gazeta do Povo

4º mito ou verdade: o uso de glifosato pode influenciar negativamente na absorção de nutrientes e fixação biológica de nitrogênio da soja RR 

Verdade. Existem trabalhos que demonstraram que, nas primeiras gerações de soja RR, havia menor absorção de nutrientes e água e redução na fixação biológica de N em plantas tratadas com glifosato.

Porém, a empresa detentora desta tecnologia vem tentando contornar este problema nas últimas gerações lançadas

Além disso, vem sendo muito estudados os problemas ocasionados pelo uso intensivo e continuado deste produto ao longo dos anos e qual o impacto, por exemplo, do acúmulo dos composto provenientes de sua decomposição para o meio ambiente. 

Mas, até o momento, não foram detectados problemas tão graves a ponto de ser necessário tirar esta molécula do mercado.  

É importante que existam estudos que avaliem o risco ambiental de diferentes técnicas e produtos que vêm sendo utilizados na agricultura. O mesmo vale quanto à saúde humana, para impedir problemas maiores aconteçam no futuro! 

5º mito ou verdade: alimentos orgânicos são mais saudáveis e devem ser consumidos sempre no lugar de alimentos convencionais 

Mito. Não é possível afirmar que os alimentos orgânicos são mais saudáveis ou de melhor qualidade em relação aos convencionais. Se produzidos de maneira correta, os dois terão a mesma qualidade. 

Muitas pessoas optam por comprar alimentos orgânicos sem se preocupar quanto à sua procedência ou como realmente foram produzidos pelo simples fato de serem orgânicos. 

Fique atento, pois alimentos orgânicos mal produzidos podem estar contaminados com patógenos, insetos ou outras substâncias prejudiciais ao homem.

Por isso quando adquirir um alimento, seja ele orgânico ou convencional, tenha certeza de sua procedência. E faça sempre uma boa higienização antes do consumo.    

6º mito ou verdade: a utilização de pesticidas pode contaminar águas subterrâneas 

Verdade. Alguns estudos recentes demonstraram que alguns pesticidas são comumentes encontrados em águas subterrâneas ou corpos de água. Alguns deles estão proibidos há anos no país, porém ainda persistem nestes locais.   

A contaminação de águas (lençóis freáticos) por pesticidas está diretamente ligada às normas de utilização desses produtos. Se estas não forem seguidas, associadas ao uso indiscriminado, podem ocasionar sérios problemas ao meio ambiente e à saúde humana. 

Um dos grandes avanços que o Brasil conseguiu foi o alto índice de devolução de embalagens de pesticidas. O percentual ultrapassa muitos países desenvolvidos inclusive, o que diminui o risco de contaminação ambiental.

Porém, muito ainda pode ser melhorado. Além disso, estudos contínuos sobre a contaminação ambiental e risco associado são de suma importância, inclusive para preservar os recursos naturais que são explorados através da agricultura.  

7º mito ou verdade: culturas transgênicas transmitiram genes mutantes para plantas daninhas deixando-as resistentes a herbicidas 

Mito. As plantas transgênicas com resistência a herbicidas não têm a capacidade de transferir genes de resistência para outras espécies. 

Se houver possibilidade de uma cultura transgênica cruzar com uma espécie de planta daninha do mesmo gênero (ex: espécies com proximidade botânica podem cruzar), jamais seria aprovada pela CTNBio.  

O problema da resistência de plantas daninhas é explicado pelo uso indiscriminado de um mesmo herbicida em uma grande área, o que pode selecionar indivíduos resistentes.

E, devido ao uso contínuo deste produto, estas plantas se desenvolveram e produzem sementes dominando o ambiente em relação aos indivíduos sensíveis. 

Desta forma, pode-se afirmar que a resistência de plantas daninhas a herbicidas está ligada ao manejo incorreto de herbicidas e não à transferência de genes de cultivos transgênicos.   

pesticidas

Pesticida é substância química ou agente biológico com intuito de destruir, repelir ou mitigar qualquer praga; primeiro pesticida utilizado foi enxofre e depois compostos químicos como arsênio e mercúrio 

(Fonte: MAPA)

8º mito ou verdade: a compra de pesticidas via internet sem receituário agronômico é proibida 

Verdade. O Brasil possui um conjunto de leis que regulamenta a venda de pesticidas. Desta forma, a empresa deve cumprir uma série de normas para realizar a venda, incluindo a forma de armazenamento e transporte desses produtos. 

Além disso, somente é permitida a compra de pesticidas por produtores rurais cadastrados no Card/pro. É preciso ainda comprovar a necessidade de uso por meio de um receituário agronômico. 

Conclusão

Neste artigo vimos algumas notícias sobre pesticidas que são cada vez mais disseminadas pela internet, sobretudo nas redes sociais.  

Discutimos até que ponto essas informações poderiam ser verdadeiras e quais os pontos relevantes sobre o assunto. 

Sempre que ler uma notícia nas redes sociais, antes de compartilhá-la, verifique se a informação é verdadeira com um profissional da área ou com trabalhos científicos confiáveis. 

>> Leia mais:

Defensivos agrícolas: 8 curiosidades que você deveria saber

O que você precisa saber sobre mistura de defensivos agrícolas

“Inseticidas ecdisteroides: como agem nos insetos e por que são uma boa opção de manejo”

Você já recebeu alguma dessas notícias sobre os pesticidas? Ficou surpreso com alguma informação passada? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Míldio: Como identificar na sua lavoura e combater essa doença

Míldio: Veja as principais características e sintomas dessa doença, além de todas as formas de controle para evitar prejuízos na sua lavoura.

Muitas doenças podem afetar sua lavoura em alguma fase do desenvolvimento ou durante todo o ciclo da cultura. Uma delas é o míldio.

Ele ocorre principalmente em condições climáticas de alta umidade e temperatura amena, podendo afetar diversas culturas.

Sua ocorrência na lavoura de sorgo, por exemplo, pode causar danos de até 80%.

Para reduzir as perdas com esta doença, é preciso estar preparado. Confira neste artigo as principais características, como identificar os sintomas e fazer um controle eficiente na sua lavoura!

Uma doença importante para as culturas agrícolas: míldio

O míldio é causado por um grupo de patógenos chamados de oomicetos

Existem vários gêneros de oomicetos que causam míldios como: Plasmopara, Peronospora, Bremia, Sclerospora e outros. Ao longo do texto, vamos comentar sobre algumas espécies desses gêneros que causam a doença em algumas culturas.

O míldio ataca preferencialmente as folhas, mas pode ocorrer também em ramos e frutos.

A doença ocorre mais frequentemente em regiões de umidade e com temperatura amena (condições favoráveis).

São sintomas típicos do míldio as manchas de coloração verde-claro a amarela na parte superior da folha. E, com o progresso da doença, essas manchas se tornam escuras (necróticas). 

Na parte inferior da folha que corresponde ao local da mancha, ocorre o aparecimento de estruturas do patógeno, uma eflorescência de coloração esbranquiçada (bolor cinza).

Como o patógeno coloniza os tecidos foliares surge o sintoma de mancha nas folhas na parte superior com coloração verde-claro a amarelo, como descrevemos.

E, simultaneamente a isso, ocorre a reprodução do patógeno, que emite as estruturas reprodutivas para o exterior da folha (eflorescência esbranquiçada), como comentamos. Isso ocorre geralmente através dos estômatos.

míldio

Estruturas da Plasmopara viticola (míldio da videira) na parte inferior da folha

(Fonte: Gessler et al. (2011) em Phytopathologia Mediterranea)

Essas estruturas aparecem principalmente na parte inferior da folha, onde normalmente os estômatos se localizam. Essas estruturas reprodutivas, por estarem externas à folha, são disseminadas pelo vento e pela água.

Diante disso, você pode perceber que há interferência da área fotossintética da planta, sendo um dos prejuízos que a doença causa.

Agora vamos aos sintomas e às medidas de manejo para míldio em algumas culturas.

Míldio na cultura do sorgo

O patógeno que causa míldio na cultura do sorgo é Peronosclerospora sorghi.

A doença pode causar danos de até 80% nesta cultura, com a utilização de cultivares suscetíveis.

No Brasil, o míldio do sorgo se encontra distribuído em quase todas as regiões de cultivo.

Na região sul do país, esta doença é considerada a segunda mais importante, atrás apenas da antracnose.

O patógeno pode infectar a planta de duas formas: localizada e sistêmica.

A forma localizada ocorre pela infecção de esporos (estruturas do patógeno) nas folhas. 

Essa infecção causa lesões necróticas nas folhas com formato retangular que, em condições úmidas e frias, ocorre o crescimento de estruturas do patógeno (eflorescência) com aspecto pulverulento e de cor acinzentado na parte inferior da folha.

Se o patógeno atingir o meristema da planta, pode ocorrer o aparecimento de sintomas sistêmicos.

A infecção sistêmica ocorre quando o patógeno invade as células do meristema apical.

Plantas jovens, quando infectadas sistematicamente, apresentam sintomas de clorose e enfezamento, podendo morrer prematuramente.

Além disso, pode haver prejuízos no desenvolvimento dos grãos nas plantas com a doença.

A clorose foliar é um sintoma característico da infecção sistêmica.

Este sintoma de clorose apresenta faixas de coloração de verde claro a amarelo, que são intercaladas pela coloração normal da folha.

Correspondente a essas regiões cloróticas, na parte inferior da folha, quando em condições de alta umidade, pode aparecer o crescimento de estruturas de coloração branca (eflorescência).

míldio

Infecção sistêmica (A), infecção localizada (B), estádio mais avançado da infecção sistêmica (C) em sorgo

(Fonte: Luciano Viana Cota em Embrapa)

Algumas medidas de controle para o míldio do sorgo são:

  • Variedades resistentes – este é o método mais eficiente para a doença na cultura do sorgo;
  • Rotação de culturas com espécies não-hospedeiras – lembre-se de não utilizar milho na rotação, por ser hospedeiro do patógeno (vamos ver no próximo tópico);
  • Destruição dos restos culturais;
  • Época de semeadura – deve-se antecipar a semeadura em locais de alta incidência da doença;
  • Uso de sementes de boa qualidade.

No Brasil, até o momento, não há produtos químicos registrados para o controle do míldio na cultura do sorgo. 

Por isso, não há recomendações de aplicação para a parte aérea das plantas e nem para o tratamento de sementes utilizando controle químico.

Míldio na cultura do milho

Há vários patógenos que causam míldio na cultura do milho. O mais comumente encontrado no Brasil é o Peronosclerospora sorghi, o mesmo que causa a doença no sorgo e em algumas outras gramíneas.

Esta doença no milho, no caso do Brasil, não causa prejuízos econômicos tão significativos, como ocorre em outros países.

A infecção sistêmica da planta causa clorose nas folhas, que ficam com estrias e faixas brancas. Além disso, as folhas das plantas infectadas com míldio apresentam as folhas mais eretas e estreitas, com o colmo mais fino e acamado.

Folhas estreitas e eretas, com presença de faixas esbranquiçadas.

(Fonte: Carlos Roberto Casela em Embrapa)

A doença também pode ocasionar problemas na formação dos grãos nas espigas.

Em condições de alta umidade e temperaturas frias podem surgir ainda estruturas de coloração esbranquiçada nas folhas, como ocorre na cultura do sorgo.

Algumas medidas de manejo para o míldio na cultura do milho são:

  • Utilização de variedades resistentes;
  • Tratamento de sementes com fungicidas sistêmicos;
  • Eliminação de plantas doentes e restos culturais;
  • Rotação de culturas;
  • Plantio precoce em áreas com ocorrência da doença.
planilha de produtividade de milho

Míldio na cultura da soja

Na cultura da soja, o míldio pode ocorrer em qualquer região produtora do país, sendo causada pelo oomiceto Peronospora manshurica.

Nas folhas da parte superior, os sintomas são lesões de coloração verde-claro a amarelada, que pode progredir para necrose. 

Na parte inferior da folha, nessas lesões aparecem estruturas de aspecto cotonoso (aspecto de algodão) de coloração cinza, que são estruturas de frutificação do fungo.

A doença pode se desenvolver na vagem, podendo ficar com redução do grão ou deteriorada.

O patógeno pode ser introduzido na lavoura por sementes contaminadas e estruturas reprodutivas do patógeno que são disseminadas pelo vento.

Algumas literaturas não descrevem medidas de manejo para o míldio da soja por ser considerada uma doença de pouca importância econômica para as principais regiões produtoras do país.

Mas, se você tem problema com esta doença na sua lavoura, algumas medidas de manejo que você pode utilizar para soja são:

  • Tratamento de sementes com produtos registrados;
  • Destruição de restos culturais;
  • Uso de cultivares resistentes.

Míldio em outras culturas

O míldio pode afetar outras culturas além das que comentamos. Veja algumas delas:

  • Alface (Bremia lactucae);
  • Cebola (Peronospora destructor);
  • Brássicas (Peronospora parasitica);
  • Videira (Plasmopara viticola).

E você sabia que o míldio da videira está envolvido com a descoberta do primeiro fungicida?

Míldio da videira e histórico dos fungicidas

No Brasil, o míldio é considerado a doença mais importante da videira, causada por Plasmopara viticola.

Em condições favoráveis, a doença pode ocasionar perdas de até 75% da produção.

Na videira, os sintomas da doença podem ocorrer em todas as partes verdes da planta.

Nas folhas, surgem inicialmente pequenas manchas encharcadas e translúcidas na parte superior da folha, chamada de “mancha de óleo”, se você observar as folhas contra a luz. Essas manchas têm coloração verde mais claro.

míldio

Mancha de óleo com necrose na folha.

(Fonte: Gessler et al. (2011) em Phytopathologia Mediterranea)

Com o desenvolvimento da doença, essas manchas se tornam mais escuras e podem causar a queda das folhas.

Já na face abaxial da folha, na parte correspondente a essas manchas, surgem uma eflorescência esbranquiçada (estrutura reprodutiva do patógeno), com aspecto cotonoso.

As folhas severamente infectadas podem cair, o que pode comprometer o desenvolvimento da planta.

Já nos ramos ocorrem as manchas encharcadas, que rapidamente são recobertas pela eflorescência esbranquiçada.

Nos cachos ocorre morte e queda de flores, além de podridão das bagas (frutos).

E você pode ser perguntar, o que esta doença em videira tem relação com o histórico do controle químico?

Então vamos voltar um pouco na história para entender este fato:

Míldio e o uso de fungicidas

Por volta de 1870, o míldio (Plasmopara viticola) foi identificado como um dos recentes problemas em Bordeaux, uma região da França, pelo pesquisador Pierre Marie Alexis Millardet.

Ele observou que algumas plantas de videira próximas de estradas não estavam infectadas com míldio. 

Quando perguntou ao produtor se ele tinha realizado algo com as plantas, este relatou que as videiras estavam pulverizadas com uma mistura (calda) para evitar roubo das uvas, pois elas ficavam com uma cor diferente devido à pulverização e gosto amargo.

Então, Millardet e outro pesquisador (Ulysse Gayon) investigaram sobre a mistura usada pelos agricultores e aperfeiçoaram a calda. 

Assim, em 1885, eles publicam o efeito da calda bordalesa (sulfato de cobre e cal) – que era a mistura que os produtores de uvas usavam para evitar roubo – no controle do míldio da videira.

A calda bordalesa é então considerada o primeiro fungicida!

E esta mistura de cobre e cal pode ser utilizada até hoje para o controle do míldio em videira.

Veja que a partir do míldio da videira foi divulgado o primeiro fungicida, que já era utilizado pelos produtores, mas não com esse intuito.

Míldio x oídio: algumas diferenças

O oídio é outra doença que tem importância para várias culturas agrícolas, mas falaremos sobre ela em outra oportunidade.

Fato é que míldio e oídio podem ser confundidos, pois apresentam sintomas similares de cor branca e aspecto pulverulento.

Algumas diferenças são:

  • A maioria dos míldios apresenta a eflorescência (coloração esbranquiçada e pulverulenta) na face inferior da folha, onde geralmente se localizam os estômatos. Já o oídio apresenta sintomas de coloração esbranquiçada em ambas as faces da folha com extensão em grande parte do limbo foliar;
  • Míldios ocorrem geralmente em época úmida e os oídios em época seca;

Já no microscópio, as estruturas desses patógenos são muito diferentes, sendo de fácil distinção entre elas.

Por isso, se ficar com dúvida procure um(a) eng.(a) agrônomo(a) ou uma clínica fitopatológica.

Conclusão

Neste texto, comentamos sobre o míldio nas culturas agrícolas.

Abordamos a doença em várias culturas, descrevendo os sintomas, o patógeno e as principais medidas de manejo.

Também comentamos sobre o míldio da videira e o surgimento do primeiro fungicida.

Por fim, falamos de algumas diferenças entre o míldio e o oídio.

Agora que você tem essas informações, não deixe que esta doença reduza a produção da sua lavoura!

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Fungos de solo: veja as principais causas e como evitá-los

Você tem problemas com míldio na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Quem trabalha no campo, trabalha para todos: Celebre o Dia do Agricultor

Dia do agricultor: Confira a história desse dia, quais os motivos que temos para celebrar, as mudanças do agricultor nos dias de hoje e muito mais!

Dia 28 de Julho comemoramos o Dia do Agricultor!

A data foi instituída em 1960, pelo então presidente Juscelino Kubitschek, para comemorar os 100 anos da criação do Ministério da Agricultura.

Muita coisa mudou desde essa época: a ciência, a tecnologia e o empreendedorismo inerentes aos agricultores brasileiros transformaram a arte de produzir alimento.

Tanto é assim, que a produção brasileira de grãos cresceu 400% nos últimos 40 anos, enquanto a área efetivamente semeada aumentou apenas 40%.

Mas não é só nisso que se baseia o agro do Brasil. Do algodão da roupa, passando pelo etanol do seu carro, até o pãozinho de cada dia, passam pelas mãos do agricultor.

Quem trabalha no campo, trabalha para todos! Se você ainda tem dúvidas ou quer saber mais sobre isso acompanhe nosso artigo!

A história por trás da data do Dia do Agricultor

Em 28 de julho de 1860, Dom Pedro II criou a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Já em 1930, depois de diversas mudanças de nomenclatura, a Pasta passou a se chamar Ministério da Agricultura.

E em 1960, o presidente Juscelino Kubitschek foi o responsável pela instituição do dia 28 de julho como Dia do Agricultor, sancionando o Decreto de Lei nº 48.630, de 27 de julho de 1960.

O então presidente criou a data exatamente em homenagem ao centenário da fundação do Ministério da Agricultura por D. Pedro II.

Na época, o presidente disse em seu discurso que “o Brasil deve grande parte da sua prosperidade à economia agrícola”.

Nós veremos que, quase 60 anos depois, essa frase ainda é bastante atual!

Dia do Agricultor

O governo de JK, que instituiu o Dia do Agricultor, possuía um Plano de Metas, sendo uma delas a meta de mecanização da agricultura, a qual indicava a necessidade de fabricação de tratores, prevista na meta da indústria automobilística
(Fonte: FGV)

A importância do Dia do Agricultor

Como já comentamos, a importância do agricultor vai muito além de colocar um alimento em sua mesa.

Além de produzir alimentos, o agricultor é responsável por produzir matéria-prima para inúmeros insumos que você consome no dia a dia.

O papel, a borracha e o lápis que você utilizou só estavam disponíveis porque algum agricultor trabalhou arduamente plantando árvores, como eucalipto e pinus, por exemplo.

O mesmo sentido vale para sua roupa que precisa do algodão, seus móveis que precisam da madeira, enfim… todos os produtos de nosso dia a dia têm uma ligação com o agricultor.

Só quem é agricultor sabe que essa profissão vai muito além. Não existe feriado, finais de semanas, “muito cedo” ou “muito tarde”.

Além disso, a agricultura envolve muitas outras habilidades que as ciências agrárias: 

  • Gestão de pessoas para que sua equipe esteja motivada e treinada; 
  • Gestão empresarial para a saúde financeira e operacional;
  • Entender e conhecer o mercado para não perder oportunidades – e tantas outras funções que acabam exercendo.

Isso sem falar do dinamismo empreendedor que os agricultores brasileiros sempre tiveram para tornar as safras do Brasil as maiores e melhores do mundo todo.

Vale destacar aqui os inúmeros agricultores e suas famílias que deixaram seu lar em sua cidade natal e foram enfrentar fronteiras agrícolas como Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

Eles desbravaram o Brasil e conseguiram transformar condições impróprias, como o solo ácido do Cerrado ou o clima do Norte e Nordeste, em oportunidades para prosperar.

Por isso, o agricultor é um membro muito importante para a sociedade, justificando ter um dia para sua homenagem.

Dia do agricultor: agricultor(a) do passado e do presente

Conforme os anos foram passando, muita coisa mudou no campo e os agricultores também acompanharam essa evolução.

Antigamente, o produtor rural era visto como um trabalhador que vivia isolado da sociedade, sem muita escolaridade, desatualizado das informações e com poucos meios de comunicação.

Essa realidade mudou, começando pela escolaridade dos produtores, os quais, especialmente em médias e grandes propriedades, possuem graduação completa.

Não foi só o desenvolvimento do Brasil que levou a isso, mas também a necessidade de conhecimento para ter lucro com o trabalho rural que exigiu essa escolaridade.

Os agricultores sabem que, sem o devido estudo, é impossível ter sucesso em um negócio que exige tantas habilidades como já comentamos.

A comunicação e tecnologia também impulsionam o trabalho do agricultor. Hoje, 96% utilizam celulares, sendo que, destes, quase 3/4 utilizam as redes sociais.

Dia do Agricultor

Produtor rural em grandes e pequenas propriedades hoje tem mais acesso à tecnologia
(Fonte: ABMRA)

Com isso, aplicativos para auxiliar na gestão de sua propriedade, sistemas de agricultura de precisão, irrigação e outros estão se tornando comuns e vieram para ficar na agricultura brasileira, ajudando e otimizando o trabalho do agricultor. 

Falando em mudanças e no agricultor do presente, o termo mais correto aqui seria o Dia do(a) Agricultor(a).

A presença feminina do campo passou de figurante para protagonismo, lugar conquistado e merecido já há tempos pelas mulheres do nosso agro.

Conforme indica a figura abaixo, pesquisa feita pela ABMRA mostra que quase 1/3 das fazendas tem agricultoras no comando!

Dia do agricultor

(Fonte: ABMRA)

6 motivos para o Dia do Agricultor: Por que quem trabalha no campo trabalha para todos? 

Ainda tem dúvidas de que quem trabalha no campo trabalha para todos? Confira então 6 motivos para isso:

1°: Porque move os veículos com etanol e veste o mundo todo com algodão

As malhas de algodão sempre são as mais confortáveis e mais utilizadas em todo o mundo. O Brasil vem crescendo no plantio de algodão, com aumento de quase 20% em 2018/19.

Além disso, é claro que você já ouviu falar em energia limpa, energia renovável ou em biocombustíveis.

O agricultor produz a matéria-prima para a realização de todas essas técnicas, como soja, mandioca, canola e, especialmente, a cana-de-açúcar.

2º: Porque estimula a geração de empregos

O agricultor gera emprego não apenas em sua lavoura, mas em toda cadeia produtiva. 

Desde o funcionário de uma fábrica de roupas a uma startup, proporcionando crescimento econômico.

No último ano, por exemplo, o setor agropecuário fechou com saldo positivo de geração de empregos: cerca de 3,4 mil postos de trabalho.

3º: Porque usa a tecnologia para o desenvolvimento do país

O agricultor está sempre em busca de novas tecnologias para aumentar o rendimento de suas lavouras. Indiretamente, fomenta a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico voltados para o setor agro.

4º: Porque cuida da nossa terra

Além de cuidar das fronteiras com outros países, o agricultor tem o dever de cuidar da terra.

E muito se engana quem pensa que é exatamente ele que prejudica a terra, pelo menos não intencionalmente. É da terra que ele tira o sustento próprio e o de sua família e é claro que ele não tem nenhuma intenção de danar o solo.

O cuidado com as erosões, o manejo para que o solo fique próprio para os cultivos e todas as operações agrícolas têm sempre como objetivo maior cuidar da terra para que a mesma seja viável para as futuras gerações. É a sustentabilidade no agro.

5º: Porque alavanca a economia

Além dos inúmeros motivos que já destacamos aqui nesse texto sobre a importância do agricultor na sociedade, vamos ressaltar com alguns números:

Hoje, o mercado agrícola é responsável por mais de 20% do PIB e movimenta 38% dos empregos no país, sendo o setor que mais movimenta a economia.

6º: Porque alimenta o mundo!

Sabe aquela frase clichê: “Você já se alimentou hoje? Agradeça a um agricultor!”? Realmente ela faz sentido. Se o produtor rural não existisse, você não teria alimento em sua mesa.

Para você ter ideia, as fazendas brasileiras produzem o suficiente para alimentar quatro vezes a nossa população – ou mais de 850 milhões de pessoas ao redor do globo.

Dia do Agricultor

Produção de alimento no Brasil é suficiente para alimentar 850 milhões de pessoas; país é o um dos maiores produtores agrícolas do mundo
(Fonte: Blog Léo Gomes)

Dia do agricultor: Comemorações pelo Brasil

A Coordenadoria de Assistência Técnica Integra (CATI) incentiva a realização de diversos eventos no estado de São Paulo para comemoração do Dia do Agricultor. E busca, além de homenagear o homem do campo, mostrar à sociedade sua importância!

Já no estado do Paraná, a região de Ibiporã ganha destaque na comemoração do Dia do Agricultor.

Em Brasília, além dos eventos promovidos por entidades como Senar e Sebrae, o Dia do Agricultor também é festejado com doação de alimentos.

Um pouco mais para o Sul, a prefeitura de Lauro Müller geralmente realiza uma megafesta para comemorar o Dia do Agricultor!

Aqui na Aegro celebramos este dia com um especial de 3 webinares gratuitos com especialistas do agro!

Neles, você verá quais são as perspectivas de preços para o 2° semestre, além de novas formas de comercialização e como fazer uma melhor gestão da fazenda.

dia do agricultor Aegro

E na sua região, como é comemorado o Dia do Agricultor?

Conclusão

Mais tecnologia e ciência em campo, mulheres no comando e muitas outras coisas mudaram, exceto a gratidão que devemos ter pelos agricultores! 

Muito além do alimento, os agricultores alavancam a economia do país, produzem fontes de energia e hoje investem em tecnologia para produzir mais e melhor.

Os agricultores brasileiros, em especial, há muito tempo já apresentam empreendedorismo e dinamismo invejáveis, desbravando novos locais e produzindo alimento onde antes era considerado impossível.

Por isso, você tem todos os motivos para celebrar este dia 28 de Julho com orgulho do nosso setor e nossos agricultores!

E você comemora o Dia do Agricultor? Sabia da importância dele para a sociedade? Gostou do texto? Deixe seu comentário!

Todas as formas de controle para se livrar do percevejo-castanho

Percevejo-castanho: Como enfrentar as dificuldades de controle e os melhores manejos para se livrar dessa praga na sua lavoura

Quando o assunto é praga subterrânea, dá até um certo desânimo, não é mesmo? Principalmente porque ela pode lhe causar sérios prejuízos se não for detectada a tempo.

Uma delas é o percevejo-castanho-da-raiz, que tem sido bastante frequente nos últimos anos. Essa praga ataca culturas como soja, milho, sorgo, algodão, café, arroz e pastagens, dentre diversas outras. 

No Mato Grosso do Sul, por exemplo, há casos de perdas de até 100% em pastagens devido aos danos causados pela praga. 

E, então, o que devo fazer para não ser pego “de surpresa” por uma praga dessas? Vou te explicar melhor a seguir! 

Características do percevejo-castanho-da-raiz

Como o próprio nome diz, esse percevejo tem hábito subterrâneo e ataca as raízes, inserindo o aparelho sugador no tecido da planta, no qual se alimenta da seiva

Ao atacar as raízes, esses insetos injetam toxinas que reduzem o crescimento da planta, além de provocarem enfraquecimento, amarelecimento e murcha. 

O percevejo-castanho-da-raiz Scaptocoris castanea é a espécie que vem provocando danos bastante expressivos em diversas culturas de norte a sul do Brasil, principalmente na região do Cerrado. 

As ninfas passam por 5 ínstares e são branco-leitosas, inicialmente. Os adultos medem cerca de 8 mm de comprimento e têm coloração marrom-claro.

Uma característica bastante marcante desta praga é a presença de pernas anteriores do tipo escavadoras, que permitem que os insetos se movimentem no solo. 

Por ser uma praga polífaga, tem grandes chances de permanecer em uma área mesmo após o fim do cultivo. Isso ocorre principalmente se houver plantas remanescentes ou plantas daninhas que servirão como hospedeiras.

percevejo-castanho

Ciclo do percevejo-castanho

(Foto: J. M. S. Bento)

Hábitos do percevejo-castanho 

Você deve levar em consideração o clima da sua região para detectar a presença do percevejo-castanho. 

Em épocas de períodos chuvosos, esses percevejos permanecem na camada mais superficial do solo, onde atacam as raízes em reboleiras. É também quando acontecem as revoadas dos insetos adultos

A dispersão por voo acontece após a cópula dos insetos, o que permite que as fêmeas possam estar aptas a ovipositar em novas áreas e recomeçar o ciclo biológico.

A falta de umidade faz com que se aprofundem no solo. Com isso, vão para as camadas que podem variar de 50 cm a 2 metros. 

Com essas informações fica um pouco mais fácil de você detectá-los, concorda?

Ninfas e adultos de Scaptocoris castanea

Ninfas e adultos de Scaptocoris castanea

(Foto: Ivan Cruz em Defesa Vegetal)

Controle do percevejo-castanho

No geral, o controle de pragas subterrâneas costuma ser mais oneroso do que o controle de pragas aéreas. 

No caso do percevejo-castanho, existe ainda a questão de se aprofundarem no solo, o que dificulta ainda mais seu controle. 

Por isso é importante que você considere o uso de diferentes táticas do Manejo Integrado de Pragas (MIP) para te auxiliar na redução populacional deste inseto. 

>> Leia mais: “Percevejo marrom: 7 estratégias de controle na soja

Amostragens e monitoramento

Como você pode perceber, após a entrada na área, o controle dessa praga se torna bastante dificultado. Por isso, é muito importante que você conheça o histórico da área.

Se já houve algum surto anteriormente, é preciso que você considere o que conversamos sobre o hábito desta praga em diferentes climas. 

É fundamental que você faça o monitoramento através de amostragens em trincheiras em épocas de períodos chuvosos para detectar as pragas na parte mais superficial do solo. Pode realizar amostragem em covas de 30 x 30 x 50 cm. 

Se possível, faça covas mais profundas de até 1,5 m caso seu solo esteja seco, pois você já sabe que a praga pode estar presente devido à falta de umidade na parte superficial.

O nível de dano econômico não é preciso, mas a presença de 24 a 40 percevejos por metro linear já é suficiente para causar perdas nas lavouras. 

percevejo-castanho

Amostragem de solo com percevejo-castanho em café

(Fonte: Marcelo Jordão Filho e José Braz Matiello)

percevejo-castanho

 A) Foco localizado de algodoeiro atacado por percevejo castanho; B) Plantas com sintomas de ataque de percevejo castanho (à esquerda, em destaque) ao lado de planta normal (à direita)

(Fonte: José Ednilson Miranda, Circular técnica 138) 

Controle cultural

As medidas preventivas são viáveis para evitar perdas na produção por ataques do percevejo-castanho. Tais medidas devem ser realizadas quando o solo estiver mais úmido, para atingir as pragas que estarão nas camadas superficiais. 

 Dentre as táticas do controle cultural , você deve considerar:

  • Aração (do tipo aiveca) para expor as pragas e condicionar o solo 
  • Solos bem manejados com adubação equilibrada com Ca e P para um bom desenvolvimento radicular 
  • Utilizar sementes de boa qualidade
  • Fazer tratamento de sementes e antecipar a semeadura 

Controle químico

O controle químico pode ser feito no sulco de semeadura ou no tratamento de sementes. Porém, ele é difícil, pois existem poucos inseticidas registrados para controle desta praga pelo Mapa (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Esse déficit se dá pela falta de eficiência, visto que os inseticidas podem chegar a, no máximo, 15 cm de profundidade e a possibilidade de atingir o inseto é baixa. 

No site do Agrofit tem-se registro de:

  • Algodão e Milho: Counter 150 G (terbufós; grupo químico: organofosforado)
  • Milho: Durivo (Clorantraniliprole + tiametoxam; grupos químicos: diamida e neonicotinoide)

Lembre-se sempre de consultar um engenheiro(a) agrônomo(a).

>> Leia mais: “As principais orientações para se livrar do percevejo barriga-verde

Controle biológico do percevejo-castanho

O controle biológico com organismos naturalmente presentes no campo não é suficiente para controlar esta praga. 

Por isso, há a possibilidade de utilizar o fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae que tem registro no site do Mapa para todas as culturas com o produto Meta turbo SC

Da mesma forma que os inseticidas, o produto biológico deve ser aplicado no sulco de semeadura ou com jato dirigido à base das plantas. 

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Conclusão 

O percevejo-castanho é uma praga que pode causar sérios prejuízos à sua lavoura. Neste artigo, vimos as principais dificuldades de controle desse inseto e as recomendações de manejo.

É importante que você tenha o controle do histórico das infestações de percevejo-castanho na área em que for iniciar o cultivo para não ter problemas ao final da produção. 

Lembre-se que a profundidade em que ninfas e adultos se encontram depende da umidade do solo.

Somente o controle químico não é suficiente para controlar o percevejo-castanho-da-raiz. O mais recomendado é o uso de diversas táticas do MIP. Assim, seu controle será muito mais preciso!

Referências 
Avila, C.J., Xavier, L.M.S. and Santos, V., 2016. Fluctuation and vertical distribution of a population of brown root stink bug Scaptocoris castanea (Hemiptera: Cydnidae) in the soil profile in Mato Grosso do Sul State, Brazil. Embrapa Agropecuária Oeste-Artigo em periódico indexado (ALICE).

Souza, C.P.R., Turchen, L.M., Cossolin, J.F.S. and Pereira, M.J.B., 2019. Flight dispersion in field and reproductive status of Scaptocoris castanea Perty (Hemiptera: Cydnidae). EntomoBrasilis, 12(1), pp.44-46. 

>> Leia mais:

Entenda a importância das abelhas na agricultura

4 motivos pelos quais você não deve ignorar a cigarrinha-do-milho

Como fazer o manejo eficiente da mosca-branca

Você já teve ou tem problemas com o percevejo-castanho em sua área? Como tem feito o manejo? Adoraria ler seu comentário!


Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: as melhores práticas e todas as orientações

Tecnologia de aplicação: escolha de bicos, redução da deriva e outras dicas importantes para ter mais eficiência em suas aplicações.

Não adianta comprar a melhor semente do mercado ou o produto mais caro se você não tomar alguns cuidados no momento da aplicação.

Muitas vezes, cometemos erros ou esquecimentos na hora de aplicar os defensivos agrícolas, diminuindo a eficácia da aplicação e aumentando os efeitos negativos ao ambiente.

A simples mudança da ponta de pulverização, por exemplo, pode alterar completamente o tamanho de gotas da aplicação e aumentar a deriva.

Então, é necessário que algumas técnicas sejam realizadas e, dentre elas, o estudo da Tecnologia de Aplicação de Defensivos Agrícolas

Neste artigo, vamos abordar alguns assuntos sobre essa tecnologia de aplicação. Confira!

O que é tecnologia de aplicação?

A tecnologia de aplicação pode ser definida como o emprego dos conhecimentos científicos para que o produto utilizado atinja o seu alvo (seja uma planta ou insetos).

A aplicação do produto deve ser na quantidade necessária, com o mínimo de gastos extras e contaminação de áreas vizinhas.

Além disso, antes de tudo, é muito importante que o responsável seja devidamente equipado com os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) a cada aplicação, para que a exposição do aplicador ao defensivo agrícola utilizado seja a menor possível.

EPIs: equipamentos de proteção individual necessários na tecnologia de aplicação
Equipamentos de Proteção Individual
(Fonte: Rehagro Blog)

Outros dois conceitos que podemos definir para compreender melhor a tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas são pulverização e aplicação.

Pulverização e aplicação

A pulverização é a transformação de uma substância líquida em gotas. Já a aplicação é a deposição dessas gotas sobre o alvo.

As gotas precisam estar no tamanho e densidade adequados ao objetivo da aplicação.

Para que isso aconteça, é necessário o conhecimento correto da tecnologia de aplicação.

tipos de bicos
tipos de bicos

Tipos de bico de aplicação (Fonte: Agrozapp)

Observe na figura abaixo como uma mudança na ponta de pulverização muda o tamanho das gotas de aplicação:

A) papel sensível preso à haste; b) papéis sensíveis após a aplicação: gotas produzidas pelos atomizadores rotativos, pelas pontas de cone vazio (MAG-2) e pelas pontas de jato plano duplo com indução de ar (AD/IA/D 11002), respectivamente.
(Fonte: Rodrigues et al., 2011)

Regulagem e calibração

Regular um equipamento significa ajustar os componentes da máquina de acordo com a cultura e os produtos que serão utilizados.

Por exemplo: tipos de pontas mais adequados, velocidade de aplicação, altura da barra em relação ao alvo e espaçamento entre os bicos.

Já calibrar um equipamento é verificar qual será o volume de aplicação, a quantidade de produto que será utilizada e a vazão das pontas.

Sabendo desses conceitos, alguns riscos podem ser evitados, como a deriva. Mas o que seria isso?

O que é deriva de agrotóxicos?

Deriva é definida como o deslocamento da calda do produto para fora do alvo.

A deriva pode ter três causas:

  • Ação do vento
  • Escorrimentos 
  • Volatilização
Deriva
(Fonte: Química Nova)

A deriva pode ainda ser classificada em:

  • Endoderiva
  • Exoderiva

Na endoderiva, as perdas são internas, ou seja, dentro da área. Geralmente, a endoderiva está relacionada a altos volumes de calda e gotas grandes. Neste processo, ultrapassa-se a capacidade das folhas em reter o produto.

Na exoderiva, ocorre o deslocamento das gotas para fora da área da cultura. A exoderiva é causada pela ação do vento e evaporação da água utilizada no preparo da calda e está associada a gotas pequenas.

tecnologia de aplicação
Endoderiva e exoderiva
(Fonte: Cultivar)

As gotas menores têm maior capacidade de cobertura do alvo, ou seja, maior número de gotas por cm².

Gotas menores são recomendadas quando é necessária uma boa cobertura e penetração.

Porém, quando utilizamos gotas pequenas, temos que levar em conta que elas são mais propensas à evaporação e, consequentemente, a sofrerem o processo de deriva — principalmente quando aliada a alta temperatura e baixa umidade relativa do ar.

tecnologia de aplicação
Diferença de aplicação de gotas grossas e finas
(Fonte: Jacto)

Quais fatores influenciam a deriva?

A deriva pode ocorrer devido a alguns fatores, como: 

  • Tipo de ponta
  • Condições climáticas durante a aplicação
  • Velocidade de aplicação
  • Altura de aplicação
  • Composição da calda de aplicação

Esses fatores necessitam de uma atenção especial, pois pequenos detalhes podem contribuir para a redução da deriva.

tamanho de gota defensivos
Tamanhos de gotas
(Fonte: Sabri)

Devido a alguns problemas em relação ao tipo de ponta (ou bico hidráulico), gota e deriva, atualmente existe “pontas de baixa deriva” ou “bico com injeção de ar”, que produzem gotas relativamente grandes, mas como uma cobertura adequada.

Isso porque aqueles conhecidos como cone cheio de grande abertura angular são menos propensos a ter deriva do que cone vazio ou jato leque convencional. Porém, o cone cheio não permite bom controle ao se utilizar herbicidas de contato, inseticida e/ou fungicida.

Pontas de Pulverização de Jato Plano - ULD 120º
Exemplo de ponta de baixa deriva do catálogo de pontas de pulverização HYPRO
(Fonte: EMBRAPA)

Tecnologia de aplicação: o que fazer para reduzir a deriva

As condições climáticas no momento da aplicação são fundamentais para se obter eficácia do produto.

Você se lembra quais são elas?

  • Temperatura inferior a 30°C
  • Umidade relativa do ar acima de 60%
  • Ventos na faixa de 3 km/h a 6,5 km/h, não ultrapassando os 10 km/h
compensação entre condições de temperatura e umidade relativa
Temperatura e umidade relativa do ar favoráveis e desfavoráveis para o momento da aplicação
(Fonte: Syngenta)

É importante ressaltar que essas condições geralmente são observadas antes das 10 horas e após as 16 horas. 

Um outro fator é o tamanho das gotas, pois isso está diretamente relacionado ao vento. Observe na figura abaixo — com ventos de 5 km/h, as gotas mais leves percorrem 321 metros do local aplicado. Caso haja aumento da velocidade do vento, essa distância possivelmente aumentará.

Velocidade do vento e tamanho da gota: outro cuidado necessário em se tratando de tecnologias de aplicação
Movimento da gota conforme a velocidade do vento
(Fonte: Iniciativa 2,4-D)

O tamanho das gotas também depende de outros fatores, como: 

  • Tipo de ponta
  • Vazão
  • Pressão
  • Ângulo do jato 
  • Propriedade do líquido pulverizado

Em relação ao tipo de ponta, como dito anteriormente, existem no mercado pontas antideriva ou pontas com indução de ar.

Em relação ao tipo de ponta, como dito anteriormente, existem no mercado pontas de baixa deriva ou pontas com indução de ar.

Algumas características destas pontas são:

  • Tamanho das gotas não aumenta muito com o aumento da pressão de trabalho
  • Espectro de gotas homogêneo
  • Pode superar rajadas de vento entre 15 km/h e 20 km/h
  • Recomendadas para condições meteorológicas extremamente adversas

Além dessa, existem outros tipos, como leque, cone/cônico vazio e cone/cônico cheio:

Essas pontas proporcionam gotas maiores e são conhecidas como pontas de pulverização venturi. Elas produzem gotas com bolhas de ar “misturadas” no líquido pulverizado.

Aplicabilidade das principais pontas de pulverização
Aplicabilidade das principais pontas de pulverização
(Fonte: Agronomico)

Fatores que influenciam a tecnologia de aplicação

Em relação aos produtos, por exemplo, você deve atentar para as características físico-químicas.

Um produto que possua uma elevada pressão de vapor tem um maior risco de sofrer volatilização e é, consequentemente, maior a chance de ocorrer a deriva.

Outro importante fator a ser observado é em relação à formulação do produto, pois a pressão de vapor pode ser alterada com a formulação.

Alguns exemplos são: 

  • 2,4-D amina;
  • Clomazone (Gamit 360 SC);
  • Trifuralina gold
Formulações do produto para aplicação
Formulações do produto
(Fonte: Iniciativa 2,4-D)

Esses três ingredientes ativos fazem referência a novas formulações de herbicidas, os quais possuem uma menor pressão de vapor.

Portanto, podemos chegar à conclusão de que existem três principais maneiras de reduzir o risco da deriva:

  • Calibrar a pressão do pulverizador
  • Características físico-químicas das caldas (formulação dos produtos e tipos de adjuvantes)
  • Escolha de pontas de pulverização adequadas

Lembre-se sempre de que o sucesso de uma pulverização depende de:

  • Pulverizador de boa qualidade 
  • Calibração e regulagem do equipamento 
  • Água de boa qualidade
  • Produto de boa qualidade
  • Condições climáticas favoráveis
  • pH ideal
  • Operador treinado

É importante também que o produtor tenha conhecimento dos tipos de pulverizadores que podem ser utilizados: hidráulicos, autopropelidos, hidropneumáticos e eletrostáticos.

Pulverizadores hidráulicos

Fragmentam o líquido em gotas, pela pressão exercida sobre a mistura (água + produto) decorrente de uma bomba hidráulica. Como pulverizador costal manual e de barra.

Pulverizadores autopropelidos

Possuem grande capacidade de carga e contem motor, cabine e sistema de pulverização (bombas, barras e bicos).

Pulverizadores hidropneumáticos

Conhecidos como atomizadores tipo cortina de ar. Utilizado em culturas perenes.

Pulverizadores eletrostáticos

Transferência de cargas elétricas às gotas.

Além de condições climáticas, tipos de pulverizadores, bicos e outros, existe um detalhe importante a ser considerado: o fato de que a planta apresenta uma barreira natural para a penetração de líquidos, conhecida como cutícula. 

Então, para que o defensivo agrícola consiga realizar sua função, é utilizada uma substância inerte chamada de aditivo ou adjuvante, que apresenta a capacidade de modificar a atividade dos produtos e as características da pulverização.

O aditivo pode alterar o depósito do ingrediente ativo na superfície da folha, causar efeito na difusão transcuticular e interferir na permeabilidade da membrana plasmática.

Esses adjuvantes podem apresentar outras funções, como:

Classificação e função dos adjuvantes
(Fonte: Rehagro Blog)

O mercado cresce e a demanda por novas tecnologias também. Por isso, existem algumas tendências com resultados positivos, que são:

  • Eletrovortex: pulverização com uma taxa de aplicação menor, por meio de carregamento eletrostático de gotas com assistência do ar atmosférico
  • Telemetria: coleta e compartilhamento remoto de informações
  • Spot Spray: presença de sensores que possibilitam a identificação de plantas que necessitam de aplicação de defensivos

Conclusão

A aplicação de defensivos agrícolas de maneira correta permite o devido controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Neste artigo, vimos como a tecnologia de aplicação nos ajuda a obter uma maior eficiência nesse controle.

Também conseguimos entender como alguns fatores interferem no sucesso da pulverização e como a tecnologia de aplicação pode nos ajudar a reduzir esses problemas.

O principal ponto tratado aqui foi a deriva, que está entre as principais perdas de defensivos que temos na agricultura hoje.

Assim, vimos que calibração, características da calda e escolha de pontas de pulverização adequadas são maneiras de reduzir essas perdas.

Com essas práticas, espero que você tenha sucesso na aplicação dos defensivos em sua lavoura!

>> Leia mais:

“Passo a passo de como fazer a limpeza de pulverizador agrícola com segurança”

“Aplicação noturna de defensivos agrícolas: quando vale a pena?”

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Atualizado em 16 de junho de 2023 por Alasse Oliveira.

Alasse é Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestrando em Fitotecnia pela (Esalq/USP).


Calcário no solo: tipos, vantagens, como funciona e eficiência

Calcário no solo: quais são os diferentes tipos, quando fazer a calagem e qual a quantidade ideal para aplicação na sua lavoura.

Muitas operações agrícolas são realizadas na fazenda antes do plantio da cultura. E a utilização de calcário no solo para correção da acidez é uma das técnicas mais conhecidas e muito recomendadas.

O calcário é proveniente de uma rocha sedimentar composta principalmente por carbonato de cálcio e age como um neutralizador da acidez do solo. 

Existem três diferentes tipos de calcário que apresentam teor de carbonato de cálcio suficiente para correção do solo, sendo que sua utilização faz grande diferença na produtividade da lavoura.

Mas você sabe por que realizar a calagem e como aumentar a eficiência dessa operação? Saiba qual tipo de calcário é mais recomendado e as quantidades certas a seguir!

O que é calagem no solo?

A calagem do solo é uma prática que consiste na aplicação de materiais corretivos, como calcário, para corrigir a acidez (pH baixo) e fornecer nutrientes essenciais, como cálcio (Ca) e magnésio (Mg).

Essa técnica faz parte de um dos principais cuidados com o solo, capaz de melhorar as condições químicas, promovendo um ambiente mais favorável para o desenvolvimento das plantas.

Para fazer a calagem, é preciso fazer uma análise de solo para identificar as necessidades, escolher o tipo de corretivo adequado (calcário dolomítico ou calcítico), calcular a quantidade recomendada e aplicar o produto de forma uniforme antes do plantio. 

Tipos de calcário no solo

Os tipos de calcário no solo variam de acordo com a porcentagem de magnésio e cálcio que eles apresentam:

  • Calcário Calcítico: maior teor de cálcio (45 a 55%) e menor de magnésio;
  • Calcário Magnesiano: teor intermediário de magnésio (5 a 12%);
  • Calcário Dolomítico: maior teor de magnésio (maior que 12%) e baixo teor de cálcio.

Existe um calcário chamado filler que tem granulometria fina, sendo indicado para o sistema de plantio direto, já que não se faz necessário o revolvimento do solo por seu alto poder de neutralização.

Para definir qual é o melhor calcário para se utilizar, verifique em sua análise de solo as quantidades de cálcio e magnésio. 

Assim você poderá escolher se irá aplicar um calcário com maior ou menor concentração desses nutrientes.

Calcário dolomítico é utilizado para aumentar Mg no solo

A aplicação do calcário no solo pode ser:

  • Incorporada: aplicação seguida de operações de aração e gradagem;  Em sistemas convencionais de cultivo, o calcário deve ser incorporado a 20 centímetros de profundidade ou mais.
  • Superficial: aplica sobre a superfície do solo sem revolvimento.

No sistema de cultivo convencional ocorre a aplicação incorporada do calcário no solo. Já no sistema de plantio direto ocorre a aplicação superficial.

Agora que você sabe um pouco mais sobre a calagem, veja como o calcário reage no solo.

Benefícios do calcário agrícola e da calagem

A calagem é uma etapa do preparo do solo para o cultivo agrícola em que materiais de caráter alcalino são adicionados ao solo para neutralizar a sua acidez. Ou seja, quando se aplica calcário no solo.

A calagem atua no pH do solo, principalmente nas camadas superficiais.

Alguns benefícios da aplicação de calcário no solo são:

  • Redução da acidez do solo;
  • Fornecimento de cálcio e magnésio para o solo;
  • Cria um ambiente propício para o desenvolvimento radicular;
  • Estimula o crescimento radicular pelo cálcio;
  • Aumenta a disponibilidade de fósforo;
  • Redução da toxidez de alumínio e manganês;
  • Aumenta a mineralização da matéria orgânica;
  • Nas propriedades físicas do solo, aumenta a agregação, podendo reduzir a compactação.

Além desses benefícios, é importante frisar que o custo com calagem representa cerca de 5% do custo com a produção total. 

Esse custo é muito baixo comparado aos efeitos positivos que a calagem pode trazer para sua propriedade.

Antes de entender como o calcário agrícola reage no solo, você precisa saber se deve aplicar e quanto de calcário usar em sua propriedade.

Que tipo de calcário escolher e quando utilizar?

A recomendação de calagem e a escolha do calcário dependem da análise de solo e das necessidades da cultura.

O calcário dolomítico é geralmente o mais indicado por seu elevado teor de magnésio, enquanto os calcários magnesiano e dolomítico, além de corrigirem a acidez, são formas econômicas de fornecer magnésio.

Já o calcário calcítico possui baixo teor de magnésio, mas sua aplicação pode ser complementada com fertilizantes como sulfato, carbonato ou óxido de magnésio.

A relação ideal entre cálcio e magnésio no solo é de 3 a 4:1 mol (Ca:Mg), garantindo boa absorção de ambos os nutrientes pelas plantas.

Embora o calcário rico em magnésio seja mais caro, todos os tipos de calcário possuem a mesma eficiência na correção da acidez do solo.

Por que corrigir o solo com calcário?

Um solo fértil é aquele que tem nutrientes suficientes para suprir as necessidades das plantas. Mas nem todos os solos são férteis.

Segundo a FAO, 33% dos solos do mundo estão degradados e os principais problemas são erosão; salinização; compactação; acidificação e contaminação. E isso tudo reduz a fertilidade dos solos.

Com o incremento da fertilidade, proporcionamos um melhor ambiente para o desenvolvimento do sistema radicular, tendo, assim, um efeito benéfico, refletindo em aumento de produtividade.

Assim, um sistema radicular bem distribuído e a posição dos nutrientes na camada de 0 cm a 40 cm do perfil do solo, permite que a raiz absorva água em profundidade e nutrientes nas quantidades necessárias para a nutrição da planta.

No entanto, em solos brasileiros, um problema recorrente é a acidez natural do solo. Já os solos ácidos têm presença de íons de hidrogênio (íons H+) e alumínio (Al3+), o que está diretamente ligado a pH do solo.

O pH pode ser dividido em ácido, básico e neutro, sendo o neutro próximo de 7. Assim, valores de pH menores que 5,5 (pH ácido), resultam em baixa disponibilidade dos nutrientes para as plantas.  Então, dependendo do pH do solo, há alteração na disponibilidade de nutrientes.

calcário no solo

(Fonte: Malavolta, 1979, em Agronomia com Gismonti)

O pH ideal para as plantas varia de 5,5 a 7, onde são disponibilizados os nutrientes essenciais para elas. Isso depende muito da cultura, como você pode observar na tabela abaixo:

(Disponível em: Associação Interprofissional de horticultura do oeste)

Por isso, a importância da correção do solo. Assim, com a calagem, você pode reduzir a acidez do solo e também fornecer nutrientes como cálcio e magnésio para as plantas.

Como determinar a necessidade de calagem?

A necessidade de calagem é determinada pela análise de solo. Somente a partir dos resultados dessa avaliação é estabelecida a quantidade de calcário a ser aplicada.  O cálculo de calagem pode ser feito pelos seguintes métodos:

  • Método da saturação por bases (V%);
  • Método do alumínio trocável;
  • Método pH SMP.

É importante deixar claro que cada método é utilizado de acordo com a região do país. O método da elevação da saturação por bases é utilizado em São Paulo, no Paraná e em algumas regiões de Cerrado.

O método de neutralização do alumínio é usado em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já o método pH SMP é aplicado nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Geralmente, a avaliação da exigência de calcário é realizada a cada 3-5 anos.  Em solos mais arenosos, o intervalo de amostragem do solo deve ser menor.

Isso porque os solos com maior teor de areia necessitam de calagem com maior frequência quando comparados aos solos argilosos.

Por fim, é preciso frisar que doses de calcário em excesso ou quando a operação de calagem é mal executada interferem na disponibilidade dos micronutrientes.

Calcário no solo: Como precisar a quantidade ideal?

Antes de começar a realizar qualquer operação de nutrição, calagem ou gessagem, você precisa realizar a análise de solo.

Com a análise química do solo, é determinada a acidez e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.

A análise do solo deve ser realizada antes da implantação da lavoura, podendo ser realizado no período de entressafra.

O calcário deve ser aplicado cerca de 3 meses antes do plantio da cultura. Assim, há tempo de reagir com o solo e reduzir a acidez.

Lembrando que o calcário no solo precisa de umidade para reagir. Assim, dependendo da região, essa aplicação deve ser feita ainda antes dos 3 meses.

Por isso, é importante realizar um bom planejamento agrícola, efetuando a análise de solo meses antes da implantação da cultura.

E você precisa realizar uma boa interpretação de análise de solo para determinar se precisa realizar a calagem e qual a quantidade de calcário utilizar.

Há dois métodos de cálculo de calagem que são mais utilizados no Brasil: Método da saturação por bases e Método baseado nos teores de Al e (Ca + Mg) trocáveis. Vou falar sobre eles a seguir:

Método da saturação por bases 

A fórmula utilizada por este método é:

NC = [CTC x (V2 – V1) x (100/PRNT)] / 100

NC = Necessidade de calcário, em t/ha;

CTC = CTCpH7 (capacidade de troca de cátions) em cmolc/dm3;

V2 = Porcentagem de saturação por bases desejada – isso depende da cultura da cultura, mas em geral utiliza-se:

  • 50% para cereais e tubérculos;
  • 60% para leguminosas e cana-de-açúcar – e é utilizado no cerrado;
  • 70% para hortaliças, café e frutas.

V1 = Porcentagem de saturação por bases atual do solo (encontrada na análise do solo) ou com:

V1 = [Soma de bases (K + Ca + Mg + Na) x 100 ]/CTC

PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (encontrado na embalagem do calcário).

Este é o conteúdo de neutralizantes contidos em corretivo de acidez, expresso em equivalente de Carbonato de Cálcio puro (%ECaCO3), que reagirá com o solo no prazo de 3 meses.

O PRNT é calculado por: PRNT = (PN x RE) / 100

PN = Poder de neutralização;

RE = Reatividade das partículas.

Assim, quanto maior o poder de neutralização do calcário, maior será a quantidade de ácidos que ele vai neutralizar – e menor será a quantidade de produto necessário. Por isso, é importante entender esse índice para a calagem.

Método baseado nos teores de Al e (Ca + Mg) trocáveis

Esse método é menos utilizado, sendo indicado para solos com baixa CTC (menor que 5 cmolc/dm3), com fórmula:

NC  = Y [Al3+ – (mt – t/100)] + [X – (Ca2+ + Mg2+)]

NC = Necessidade de calcário, em t/ha;

Y = Valor tabelado em função do poder tampão do solo:

  • Arenoso: Y = 0 a 1
  • Médio: Y = 1 a 2
  • Argiloso: Y = 2 a 3
  • Muito argiloso: Y = 3 a 4

mt = Saturação por Al3+ (100xAl/SB+Al);

t = CTCefetiva (SB + Al);

X = Teor mínimo de Ca + Mg : tabelado, sendo que para forrageiras tropicais é de 1 a 2;

Ca2+ + Mg2+ = teores trocáveis de Ca e Mg, em cmolc/dm3.

Para te auxiliar na correta determinação de calagem, procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a)!

Como o calcário reage no solo?

Quando aplicamos calcário no solo, ocorrem várias reações para a redução da acidez no solo. Veja resumidamente o que ocorre, de acordo com Vitti e Priori:

1- Calcário em contato com a água (umidade do solo) forma íons no solo de cálcio e magnésio (dependendo do tipo de calcário) e ânions HCO3 OH

calcário no solo

2- Os ânions serão utilizados para reduzir a acidez do solo, neutralizando a acidez (H+) e neutralizando o alumínio (AL+3)

calcário no solo

Assim, ocorre o aumento do pH, neutralização do alumínio e disponibilização de íons de cálcio e magnésio.

Como mencionei é importante o solo apresentar umidade e a prática de calagem ser realizada meses antes do plantio, pois o processo de aumento de pH e neutralização do alumínio podem demorar algum tempo.

Depois de realizar a calagem, você deve realizar a adubação para a cultura. De nada adianta realizar a adubação em solo com acidez, pois os nutrientes não serão disponibilizados para as plantas. Por isso, é importante realizar a calagem do solo antes da adubação.

Problemas do excesso de calcário no solo

Quando estamos doentes, tomamos uma dose adequada de remédio para nosso tratamento, certo? Se tomarmos uma dose maior, isso pode trazer malefícios.

Com o calcário, também é assim. Não é porque ele tem muitos benefícios que você pode utilizar qualquer dose e até aumentar a dose que é recomendada. 

Esse excesso de calcário no solo pode ser chamado de super calagem.

Por isso, utilizar o calcário na quantidade recomendada através da análise de solo é essencial.

Como mencionei anteriormente, o pH ideal é entre 5,5 a 7 (dependendo da cultura). E se o pH se elevar acima desse limite, vários nutrientes começam a ficar indisponíveis para as plantas.

Além disso, quando aplicamos calcário, adicionamos ao solo cálcio e magnésio. Esses dois nutrientes, quando em excesso, podem trazer problema para as plantas, além de interferir na absorção de potássio.

Dessa forma, as aplicações de calagem e gessagem, além da adubação devem ser feitas seguindo a análise de solo, com a dose recomendada para a cultura.

Fatores que tornam a calagem mais eficiente

Ao longo do texto falamos de vários fatores que tornam a calagem mais eficiente, separei alguns para te auxiliar nesta prática agrícola:

  • Amostragem e análise de solo;
  • Interpretação da análise de solo;
  • Determinação da necessidade de calagem;
  • Época de aplicação do calcário e planejamento agrícola;
  • Escolha do tipo e da aplicação do calcário;
  • PRNT;
  • Aplicação correta e na dose recomendada.
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Conclusão

Neste artigo, mostramos que a aplicação de calcário no solo corrige a acidez e fornece macronutrientes importantes como magnésio e cálcio, além de neutralizar o efeito fitotóxico do alumínio e do manganês, aumentando a disponibilidade de nutrientes e potencializando os efeitos dos fertilizantes.

Também explicamos como saber se a sua área precisa de calagem e, em caso positivo, como calcular a quantidade de calcário necessária.

Falamos ainda sobre os problemas que excesso de calagem pode causar. E, por fim, comentamos sobre os fatores que tornam a calagem mais eficiente.

Com essas informações, realize uma boa calagem na sua fazenda e aumente as chances de lucro com a sua lavoura!

Você faz aplicação de calcário no solo da sua fazenda? Já conhecia os fatores que podem aumentar a eficiência da calagem? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Gesso agrícola: o que é, benefícios para o solo e como usar para elevar sua produção

Gesso agrícola: o que é, qual é a sua função, diferenças entre calcário e gesso, quando aplicar e benefícios da gessagem.

A gessagem é uma prática agrícola que consiste na aplicação de gesso com o intuito de melhorar o ambiente para o desenvolvimento das raízes no perfil do solo.

O gesso tem ação condicionante e fertilizante pois também fornece alguns nutrientes para as plantas.

Muitas vezes a gessagem é confundida com a calagem, mas essas duas estratégias de manejo têm objetivos diferentes. Quer saber mais sobre o assunto? Confira a seguir. Boa leitura!

O que é gesso agrícola? Qual é a sua função

O gesso agrícola (sulfato de cálcio) é um condicionante de solo e corretivo de sodicidade. Isso quer dizer que ele melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo e reduz a saturação de sódio.

O termo gesso agrícola se refere tanto ao fosfogesso quanto ao gesso natural.

O fosfogesso é um subproduto obtido durante a produção de fertilizantes fosfatados, como o superfosfato simples. Já o gesso natural é produzido a partir do processamento da gipsita, um mineral abundante na natureza.

Independente da origem, a aplicação de gesso no solo tem a função de melhorar o ambiente em profundidade para o desenvolvimento das raízes. Ou seja, a gessagem beneficia o aprofundamento das raízes, o que favorece a absorção de água e nutrientes.

Além disso, o gesso agrícola fornece cálcio e enxofre para as plantas. Esse insumo tem em média 18% de cálcio e 15% de enxofre.

O gesso agrícola é um produto relativamente barato. Porém, o maior problema na compra desse insumo está na distância dos centros distribuidores, o que eleva o valor do frete. Em muitos casos, o frete é mais caro do que o gesso.

Diferença entre calcário e gesso agrícola

As técnicas de calagem e gessagem são fundamentais para a obtenção de altas produtividades, principalmente em áreas de cerrado. Essas práticas são complementares e uma não substitui a outra. 

O calcário é um insumo utilizado para corrigir a acidez do solo e neutralizar os efeitos tóxicos do alumínio e do manganês. Além disso, o calcário fornece cálcio e magnésio para as plantas.

No entanto, a calagem não corrige a acidez e a deficiência de cálcio em maiores profundidades. O gesso agrícola já atua nas camadas mais profundas do solo.

O gesso agrícola é considerado um condicionante do solo. Ele melhora as condições físico-químicas em subsuperfície e favorece a atividade microbiana, o que contribui para o desenvolvimento de raízes mais profundas. 

É importante dizer que a gessagem não altera o pH do solo — ou seja, essa prática não neutraliza a acidez. Ao contrário do calcário, o gesso não reage com o alumínio. Porém, ele tem a capacidade de carrear, o que significa levar o alumínio para maiores profundidades. 

O gesso agrícola também é fonte de cálcio e enxofre para as culturas.

Confira no quadro abaixo as diferenças entre a calagem e a gessagem.

comparativo entre calagem e gessagem

Quando fazer gessagem?

A gessagem é uma prática realizada após a calagem e em área total. Não há a necessidade de incorporação do gesso. 

Antes da aplicação desse insumo é preciso avaliar se a área apresenta deficiência de cálcio e alumínio em excesso nas camadas mais profundas do solo.

Nesse caso, para as culturas anuais, o recomendado é fazer a amostragem de solo nas profundidades de 20 a 40 centímetros e de 40 a 60 centímetros.

Somente a partir da análise físico-química do solo é possível determinar a necessidade de gessagem.

Benefícios da aplicação de gesso no solo

A acidez do solo e a deficiência de nutrientes, não apenas nas camadas superficiais mas também nas camadas mais profundas, é um fator limitante para a produção agrícola. 

Nesse sentido, a gessagem é uma prática de grande importância e que viabiliza o cultivo em diferentes solos. Os principais benefícios do uso do gesso na agricultura são:

  • redução da atividade do alumínio nas camadas mais profundas;
  • redução da salinidade;
  • melhora a estrutura do solo;
  • fornece cálcio e enxofre para as culturas;
  • favorece o crescimento radicular;
  • aumenta a absorção de água e nutrientes pelas plantas;
  • aumenta a tolerância das plantas ao estresse hídrico;
  • eleva a produtividade.

Confira a seguir como as raízes exploram um maior volume de solo quando é feita a gessagem.

Veja como as raízes exploram um maior volume de solo quando é feita a gessagem.
Distribuição relativa de raízes de milho no perfil de um latossolo argiloso, sem aplicação e com aplicação de gesso
(Fonte: Embrapa)

Como calcular a necessidade de gessagem?

1. Você pode utilizar essas duas fórmulas:

NG (kg/ha) = 0,30 x Necessidade de calcário (NC) recomendada para o solo

Nessa fórmula, utilize a NC recomendada para a camada de 20 cm a 40 cm.

QG = NG x (SC/100) x (PF/20), onde:

QG = quantidade de gesso em t ha-1;

NG = necessidade de gessagem em t ha-1, obtido com a fórmula anterior;

SC = superfície coberta pelo gesso em %. Se for área total, utilize SC = 100% e para aplicação em faixas como no café, SC = 75%;

PF = espessura da camada onde o gesso deverá agir, em cm. Para camada de 20 a 40, PF = 20 cm. Para camada de 30 a 60 cm, PF=30 cm.

2. Culturas anuais e perenes

Culturas anuais:

NG = 50 x %teor de argila
ou
NG = 5 x teor de argila (g kg-1)

Culturas perenes:

NG = 75 x %teor de argila
ou
NG = 7,5 x teor de argila (g kg-1)

3. Recomendação de acordo com a textura do solo

Na tabela abaixo você pode conferir a recomendação de gessagem em função da textura do solo e do tipo de cultura, se anual ou perene.

dose de gesso agrícola

Recomendação de gesso agrícola em função da classificação textural do solo
(Fonte: Vitti e Priori, 2009)

4. Capacidade de troca catiônica e saturação por bases:

Abaixo está a recomendação de aplicação de gesso de acordo com a capacidade de troca catiônica do solo e a saturação por bases.

Quantidade aproximada de gesso a ser aplicada de acordo com a capacidade de troca catiônica (T) e saturação por bases (V) do subsolo
(Fonte: Vitti e Priori, 2009)

Por fim, é importante ressaltar que a aplicação de gesso em excesso prejudica o equilíbrio nutricional do solo, principalmente no que diz respeito ao magnésio.

Em grandes quantidades, o gesso favorece a movimentação do magnésio para as camadas mais profundas, o que provoca um desequilíbrio no solo. Por isso é tão importante que a recomendação de gessagem seja orientada pela análise do solo.

planilha de planejamento para milho e soja

Conclusão

O gesso agrícola é um condicionante do solo e corretivo da sodicidade, além de ter efeito fertilizante, por fornecer cálcio e enxofre para as plantas. 

A gessagem e a calagem são práticas com objetivos diferentes e uma não substitui a outra.

Os principais benefícios da aplicação de gesso no solo são maior volume de solo explorado pelas raízes, fornecimento de cálcio e enxofre para as plantas, redução da atividade do alumínio em subsuperfície, maior absorção de água e nutrientes, aumento da produtividade.

A recomendação de gessagem deve ser sempre pautada pelos resultados da análise de solo.

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Como fazer calagem e gessagem nas culturas de soja, milho e pastagem

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redatora Tatiza Barcellos

Atualizado em 10 de agosto por Tatiza Barcelos

Sou engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.