Fertilizantes NPK: Como obter alta eficiência das fórmulas comerciais

Fertilizantes NPK: Como influenciam na sua produtividade e qual melhor momento para aplicação em soja e milho.

O tão conhecido e falado NPK também tem seus truques!

Esse tipo de fertilizante, contendo Nitrogênio, Fósforo e Potássio, é a principal fonte de nutrientes que colocamos no solo.

Por isso, conhecer como otimizar seu uso e conseguir uma nutrição ainda melhor para a lavoura é essencial!

Veja neste artigo como obter a melhor eficiência com os fertilizantes NPK em sua lavoura.

Fertilizantes e tipos de NPK

Os fertilizantes fornecem nutrientes necessários para o pleno crescimento e desenvolvimento das plantas. Os mais utilizados são os químicos, estercos e resíduos de plantas. 

Uma fonte nutricional bem equilibrada aumenta a produtividade. Desta forma, damos destaque ao fertilizante NPK. 

Os fertilizantes NPK são fontes de três nutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O). 

No Brasil, a utilização de NPK vem crescendo devido ao aumento produtivo no país, como você pode ver na figura abaixo:

fertilizantes NPK

(Fonte: IPNI)

O fertilizante NPK pode ser disponibilizado de diferentes tipos físicos, sendo eles:

Mistura de grânulos: 

Ocorre quando dois ou três tipos de grânulos diferentes estão presentes na mistura. 

Consiste simplesmente em uma mistura física de matérias-primas previamente granuladas. Neste caso, cada grânulo é fonte de somente um nutriente

Por exemplo: Mistura de grânulos de sulfato de amônio + Grânulos de super fosfato triplo + Grânulos de cloreto de potássio.

fertilizantes NPK


(Fonte: Boletim técnico 89 – UFLA)

Mistura granulada:

É uma mistura de produtos em pó que passa pelo processo de granulação para que os diferentes nutrientes fiquem no mesmo grânulo. Não ocorre reação entre os componentes da mistura. 

Por exemplo: N-P-K no grânulo

fertilizantes NPK

(Fonte: Boletim técnico 89 – UFLA)

NPK micrado com micronutriente: 

Nesse processo ocorre, além da adição de N, P e K, também há adição de algum(ns) micronutrientes aos grânulos. Isso garante uma melhor distribuição, principalmente de micronutrientes, normalmente requeridos em pequenas quantidades. 

É uma mistura de produtos em pó que passa pelo processo de granulação. 

NPK de liberação lenta (osmocote): 

É um fertilizante constituído por grânulos, formado pela mistura das matérias primas, fonte de nitrogênio, fósforo e potássio. 

Esse fertilizante tem uma característica específica de ir liberando lentamente os nutrientes do qual é composto. 

Os benefícios da utilização deste fertilizante são:

  • Nutrição precisa e segura;
  • Utilização de uma única adubação;
  • Fornecimento contínuo dos nutrientes durante o desenvolvimento das mudas;
  • Disponibilização do nutriente num período de 2 a 14 meses;
  • Melhor aproveitamento dos nutrientes, evitando excesso e falta;
  • Proporciona maior volume e crescimento de raízes, menor suscetibilidade a condições adversas, entre outras vantagens.

Fórmulas de adubos NPK

Existe no mercado uma infinidade de fórmulas de fertilizantes NPK. Veja as mais utilizadas em cada região na tabela que eu selecionei: 

fórmula média NPK

(Fonte: IPNI) 

Mas como escolher entre as formulações? 

A escolha deve ser baseada na análise de solo associadas à demanda da cultura. A formulação deve ser a mais próxima possível das demandas da cultura plantada. 

E quando a formulação não se encaixa? 

Quando isso ocorrer, é necessário fazer uma suplementação do nutriente faltante com uma fonte externa. 

Agora que você já entendeu os diferentes tipos de NPK, vamos falar sobre a aplicação desse fertilizante na soja e também no milho.

planilha de fertilizantes

Fertilizantes NPK na soja

O  Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo atualmente. Esse destaque na produção é reflexo da atividade eficaz de manejo, principalmente relacionado à adubação equilibrada e feita no momento correto. 

Relata-se que a soja chega ao seu pico máximo de absorção aos 75 dias. Veja a tabela de exportação da soja: 

fertilizantes NPK

(Fonte: Embrapa)

Sabe-se que a soja consegue se associar a microorganismos capazes de fixar nitrogênio atmosférico. 

Hoje, inoculações com Bradyrhizobium possibilitam uma economia anual estimada de US$ 3 bilhões em fertilizantes nitrogenados. 

Com isso, podemos perceber que a soja consegue ser autossuficiente com relação ao N, quando na presença da associação biológica.

Existem relatos, em estudos, que a adubação nitrogenada interfere negativamente nas FBN. Portanto, recomenda-se que o uso de adubo nitrogenado não supere 20Kg/ha. 

Hoje ainda ocorre a associação de Azospirillum brasilense, que é responsável pela produção de fito-hormônios que desenvolvem o sistema radicular, o que também auxilia no aumento da eficiência produtiva, pois aumenta a área radicular.  

As recomendações de adubação na soja são baseadas na quantidade de produção esperada. Veja:

fertilizantes NPK

(Fonte: Boletim 100)

Recomenda-se que, quando as doses de potássio excederem 50kg/ha, haja o fracionamento de ⅔ na cobertura e ⅓ no plantio. 

Se o teor de argila for inferior a 40%, também recomenda-se o fracionamento

O fósforo é disponibilizado todo no momento da semeadura, isso devido à sua função energética, demandada principalmente no momento da germinação. 

>> Leia mais: “Como fazer o manejo mais adequado dos fertilizantes fosfatados na sua área

Fertilizantes NPK para milho

A utilização de fertilizantes químicos na cultura do milho é uma alternativa eficiente, pois expressa um aumento significativo da produtividade. 

No milho, as principais adubações  são realizadas na semeadura e na cobertura. Entre os nutrientes utilizados em grande quantidade se destacam o NPK. 

No caso específico dessa cultura, ocorre o interesse de dois produtos, a silagem e o grão. Com isso, deve-se conhecer a quantidade extraída pela planta em cada situação. 

fertilizantes

(Fonte: IPNI)

Estudos comprovam que a quantidade demandada de nutriente segue paralela à produção. Ou seja, quanto mais se produz, mais se exige. 

As maiores exigências são de nitrogênio e potássio (K), seguida de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e fósforo (P).  

No que se refere à exportação dos nutrientes nos grãos, o fósforo é quase todo translocado para as sementes (80 a 90%); seguindo-se o nitrogênio (75%); enxofre (60%); magnésio (50%); potássio (20-30%); e cálcio (10-15%).

Portanto, percebe-se que potássio e cálcio são os dois nutrientes que ficam mais retidos na palhada, sendo importante a reposição destes no solo. 

Já, quando estamos tratando de produção de silagem, devem se atentar à reposição completa desses nutrientes, visto que toda a planta é colhida. 

Bem, agora que já sabemos para onde vão os nutrientes nas plantas, vamos visar a máxima eficiência produtiva

Eficiência produtiva

Primeiramente, é importante que saibamos qual é a época que a planta mais demanda esses nutrientes e associar à atividade desses elementos no solo! 

No milho, pode-se dizer que os nutrientes são absorvidos a todo momento. Porém, a intensidade de absorção é diferenciada em cada ciclo.

A primeira absorção intensa ocorre no desenvolvimento vegetativo em V4 a V12. A segunda ocorre durante a fase reprodutiva ou formação da espiga.

Conhecido como elemento de “arranque”, o potássio tem um padrão diferente de absorção quando comparado ao N e ao P. 

A máxima absorção do K ocorre no período vegetativo, se acumulando muito entre os 30 a 40 dias de desenvolvimento. 

No caso do nitrogênio e do fósforo, ocorrem dois picos de absorção: fase de desenvolvimento vegetativo e reprodutivo (formação de espiga). 

Para garantir maior eficiência, a aplicação de N deve ser feita no plantio e na fase de desenvolvimento vegetativo. É importante também pensar na uniformidade de aplicação.

O não suprimento deste nutriente durante a fase inicial de desenvolvimento vegetativo, com aplicação de toda a dose no florescimento (65 DAP), assim como o excessivo número de aplicações parceladas, afetam negativamente a produção. 

Conclusão 

Os fertilizantes NPK vêm sendo a melhor ferramenta para aumentar a eficiência produtiva da lavoura, principalmente devido à praticidade. 

Mas para ter um bom resultado é preciso conhecer os diferentes tipos e melhor momento para aplicação na cultura. 

Neste artigo, explicamos tudo isso e outros pontos que facilitam o planejamento agrícola da sua fazenda.

Os resultados discutidos aqui evidenciam que, no manejo de fertilizantes, o conhecimento das demandas de nutrientes durante o ciclo da cultura contribuem para uma maior eficiência da adubação!

>> Leia mais:

Adubação foliar é uma prática que funciona?

“Adubação de sistemas: como fazer para ter mais economia e alta produtividade”

Fertilizantes orgânicos e seu uso na agricultura de larga escala

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Mofo-branco: como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura

Mofo-branco: características da doença e as principais formas de manejo para evitar prejuízos na sua lavoura.

As doenças estão, frequentemente, causando prejuízos na lavoura. O mofo-branco, por exemplo, tem uma ampla gama de plantas hospedeiras como soja, feijão, girassol, algodão e outras.

No caso da soja, a doença pode causar perdas de até 70% na produtividade.

Outro aspecto importante é que o fungo forma estruturas de resistência que podem permanecer viáveis no solo por vários anos. Então, é preciso evitar a entrada do patógeno na área e manejá-lo adequadamente quando já está presente para evitar perdas.

Confira a seguir as principais características da doença, ciclo de vida e formas de manejo para a sua lavoura!

O que causa o mofo-branco nas culturas agrícolas

O mofo-branco, ou podridão-de-Sclerotinia, é uma doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, principalmente, e pode causar altas perdas na produtividade de culturas como algodão, soja, feijão e muitas outras de grande importância econômica.

Estima-se que a doença pode afetar diferentes espécies de plantas, com registro de mais de 400 espécies hospedeiras (ampla gama de plantas hospedeiras, exceto as gramíneas). Além disso, está distribuída em muitas regiões do mundo. 

Alta umidade e temperaturas amenas são o ambiente favorável para desenvolvimento da doença. Dessa forma, áreas irrigadas podem favorecer o mofo-branco, por proporcionar ambientes com alta umidade.

Os sintomas da doença são bastante característicos. Normalmente, ocorrem lesões encharcadas nas partes aéreas da planta. E, após o progresso, há o crescimento de um micélio branco, com aspecto cotonoso (parecido com algodão) sobre essas lesões. Após um período, ocorre a formação de escleródios.

Os escleródios são enovelamento/agregado de hifas, que são estruturas de resistência do fungo. Assim, este fungo pode sobreviver no solo através dessas estruturas.

mofo-branco
Placa de Petri com crescimento em meio de cultura de Scletotinia sclerotiorum com micélio branco e escleródios
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A formação de escleródios ocorre em resposta às mudanças na disponibilidade de nutrientes no meio em que se encontra o fungo. Os escleródios tem formato irregular e tamanho pequeno (milímetros).

Inicialmente, essas estruturas apresentam coloração branca, que depois progride para uma cor escura e com aspecto duro.

Assim, os escleródios no final do processo da sua formação apresentam cor escura pelo depósito de melanina, que possivelmente confere proteção a essas estruturas.

Os escleródios podem sobreviver (ficarem viáveis) no solo por vários anos. Há trabalhos que apontam sobrevivência por até 10 anos, mas isso é variável conforme as condições a que essas estruturas estão expostas.

Isso é importante pois há a sobrevivência de S. sclerotiorum na área de cultivo mesmo no período de entressafra.

Disseminação S. sclerotiorum

Os escleródios podem ser disseminados por sementes, solo, máquinas agrícolas, água, entre outros.

Assim, se sua área de cultivo é livre do patógeno, este pode ser introduzido por sementes contaminadas internamente (micélio dormente) ou por escleródios que podem estar juntos com as sementes. 

Máquinas e implementos agrícolas sujos com solo contaminado também trazem problemas. 

Este conhecimento é muito importante para determinar as medidas de manejo para a doença. Vamos falar sobre isso mais a frente no texto!

E você sabe como a doença se desenvolve através dos escleródios? Vou explicar!

Ciclo de vida de S. sclerotiorum

Para entender como o patógeno se desenvolve para causar o mofo-branco, vamos discutir rapidamente o ciclo de vida de S. sclerotiorum.

Os escleródios presente no solo podem germinar de duas formas:

  • Carpogênica

Ocorre a formação de apotécios (que tem aparência de cogumelo). Esses produzem ascos que formam ascósporos (esporos do fungo), que são dispersos para o meio, disseminados pelo vento, podendo ocasionar infecções em outras plantas na área ou em regiões próximas.

Os ascósporos germinam para iniciar a infecção e causar a doença. Normalmente, a germinação carpogênica ocorre nas culturas de soja e feijão.

  • Micelogênica

Ocorre a formação de hifas e não formam esporos. Essas hifas geralmente iniciam a infecção na matéria orgânica do solo e depois penetram e colonizam a planta hospedeira (principalmente a parte das plantas em contato com o solo). Normalmente essa germinação ocorre na cultura do girassol.

É importante conhecer o ciclo de vida do patógeno para entender a importância das estruturas de sobrevivência do fungo e as medidas de manejo.

Observe no esquema abaixo como as germinações podem ocorrer e as etapas para o desenvolvimento do mofo-branco.

ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum
Esquema do ciclo de vida de Sclerotinia sclerotiorum
(Fonte: Tese Roseli Muniz Giachini adaptado de Wharton e Kirk, 2007)

Agora que você sabe um pouco mais sobre o desenvolvimento do mofo-branco, vamos mostrar o desenvolvimento da doença em algumas culturas agrícolas.

Mofo-branco na cultura da soja

A doença foi uma das principais responsáveis pela redução da produtividade das lavouras de soja na região sul do país na safra 2017/18.

Nos últimos anos, o mofo-branco na cultura da soja ocasionou perdas de até 70% na produtividade. E estima-se que cerca de 10 milhões de hectares da área brasileira de cultivo de soja estejam infestados pelo patógeno.

O fungo pode atacar qualquer parte da planta, sendo mais frequente nas inflorescências, pecíolos e ramos.

Os sintomas inicialmente são manchas encharcadas, que progridem para uma coloração castanha, com um crescimento de micélio de coloração branca e aspecto cotonoso sobre essas manchas.

E, com o desenvolvimento da doença, ocorre a formação dos escleródios, que podem estar tanto na superfície como no interior de hastes e nas vagens infectadas da planta de soja.

A fase de maior vulnerabilidade é na floração e na formação de vagens.

As sementes infectadas são menores, enrugadas e com coloração não característica da semente.

mofo-branco na soja
Fungo na soja é capaz de infectar qualquer parte da planta
(Fonte: Maurício Meyer em Embrapa)

Controle de mofo-branco em soja

Para o controle químico, falaremos dos defensivos especificamente mais a frente. Mas o importante aqui é saber que  sua eficiência vai depender do momento da aplicação.

O intuito dessa aplicação deve ser atingir as partes inferiores das plantas e a superfície do solo. 

Por isso, a primeira aplicação deve ser na abertura das flores, ou seja, estádio R1 da soja. A segunda aplicação, já deve ocorrer no intervalo de aproximadamente 15 dias em relação a primeira.

Os principais fungicidas são o Fluazinam 500 g/l, Procimidona 500 g/kg, Carbendazin 500 g/l e Tiofanato Metílico 350 g/l + Fluazinam 52,5 g/l. 

Além do controle químico, há outras medidas de manejo que você pode utilizar na sua lavoura para controle do mofo-branco. Vamos falar sobre isso mais a frente no texto!

Mofo-branco na cultura do feijoeiro

O mofo-branco do feijoeiro é uma das doenças mais agressivas na cultura. As perdas podem ultrapassar 60% se o manejo não for realizado corretamente.

Normalmente a doença é mais problemática no florescimento.

Ascósporos (esporos) disseminados pelo vento caem em pétalas de flores senescentes do feijoeiro, germinam e infectam. As pétalas senescentes colonizadas caem sobre o solo ou hastes de vagens e iniciam o ciclo da doença.

Os sintomas são lesões encharcadas de coloração castanha, com micélio branco e cotonoso. Com o progresso da doença, ocorre a formação de escleródios.

mofo-branco no feijão
(Fonte: Revista Cultivar)

Mofo-branco na cultura do algodão

A doença na cultura do algodoeiro tem maior incidência em áreas irrigadas, principalmente após o cultivo de soja e feijoeiro. 

Além disso, também tem afetado a cultura em áreas com clima de temperatura amena e alta umidade, que propiciam o desenvolvimento do fungo.

Os sintomas no algodoeiro podem ocorrer nas folhas, hastes e nas maçãs.

Os sintomas normalmente são no baixeiro das plantas, tendo inicialmente a formação de lesões aquosas, que podem ter o crescimento do micélio cotono. Com o progresso da doença, há formação de escleródios.

Na fase de floração, o patógeno tem uma disseminação mais rápida, pois a flor é a fonte primária de energia para o fungo iniciar novas infecções.

Mofo-branco na cultura do girassol

Na cultura do girassol, a doença também recebe o nome de podridão branca. É considerada, mundialmente, a mais importante para a cultura.

Se o fungo ataca na fase de plântula, pode ocasionar a morte e, consequentemente, falhas no estande.

A podridão branca pode ocorrer na cultura desde o estádio de plântula até a maturação das plantas.

A doença pode apresentar 3 sintomas diferentes nas plantas:

  • Podridão basal (ocorre do estádio de plântula até a maturação): murcha da planta e lesão marrom, mole e com aspecto de encharcada. Se houver alta umidade, a lesão pode ficar coberta por um micélio branco. Além disso, pode encontrar escleródios nas áreas afetadas.
  • Podridão na porção mediana da planta (ocorre a partir do estádio vegetativo): os sintomas são parecidos com os da infecção basal. Escleródios podem ocorrer dentro e fora da haste.
  • Podridão do capítulo (ocorre a partir da floração): inicialmente observam-se lesões pardas e encharcadas no capítulo, tendo a presença do micélio cobrindo algumas de suas partes. Com o progresso da doença, pode-se encontrar muitos escleródios no interior do capítulo, além do fungo poder destruir esta estrutura floral.

Mofo-branco na cultura do amendoim

A doença é causada por S. sclerotiorum ou também pelo fungo Sclerotinia minor e pode causar perdas superiores a 50%.

Os sintomas iniciam com lesões encharcadas que, em períodos de alta umidade, ocorre crescimento de micélio branco sobre as lesões que, com o progresso da doença, pode formar os escleródios.

Mofo-branco na cultura da canola

Também chamado de podridão branca, é uma das doenças de grande importância para a cultura da canola no Brasil.

Os sintomas ocorrem no caule e na haste da planta, com a presença de apodrecimento seco. 

Com o progresso da doença, os tecidos atacados do caule ou das hastes se tornam marrons, que também ocorre o crescimento de micélio branco e cotonoso, e com a presença de escleródios.

As plantas atacadas pelo fungo normalmente apresentam desfolhamento, maturação precoce e podem ter sementes chochas.

Medidas de manejo do mofo-branco

O controle do mofo-branco é difícil. O fungo produz estruturas de resistência (escleródios) e uma ampla gama de plantas hospedeiras. Por isso, na sua área, deve-se evitar a entrada do fungo.

Além disso, não há variedades resistentes até o momento para este fungo. O que pode ocorrer são variedades com resistência parcial.

Listamos algumas medidas de manejo que podem ser utilizadas no controle do mofo-branco. Mas lembre-se que os fungicidas diferem quanto ao seu registro nas culturas.

  • Sementes sadias e certificadas para evitar a presença de escleródios misturados com a semente ou de micélio interno nas sementes;
sementes de soja com escleródio
Sementes de soja com escleródio
(Fonte: A Granja)
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras do fungo;
  • População de plantas adequada, lembrando que espaçamentos pequenos são mais favoráveis ao mofo-branco;
  • Tratamento de sementes;
  • Cultivo sobre a palhada de gramíneas;
  • Eliminar plantas invasoras que são hospedeiras do fungo;
  • Utilizar variedades que possuem uma arquitetura que apresente boa aeração para não possibilitar um ambiente favorável para o patógeno (umidade);
  • Limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas;
  • Escolha da época de plantio (evitando períodos chuvosos nos estádios que são propensos para a doença);
  • Palhada, como de gramíneas, no solo pode reduzir a formação (desenvolvimento) do fungo. A palhada também pode favorecer o desenvolvimento de microrganismos que controlam a S. sclerotiorum (antagonista).
  • Cultivo em sistema de plantio direto pode reduzir a incidência da doença em relação ao plantio convencional por dificultar o contato da planta com o solo contaminado e também o desenvolvimento do fungo. 
  • Controle biológico;
  • Tratamento químico (fungicidas);

Verifique quais produtos são registrados para o patógeno no Brasil e para a cultura que é afetada pela doença.

Para consultar os produtos registrados, não se esqueça de buscar no site do Agrofit.

E para a prescrição do produto e da dose a ser utilizada, procure um (a) eng. Agrônomo (a).

Eficiência de fungicidas para controle do mofo-branco

A Embrapa realizou uma pesquisa sobre a eficiência de fungicidas para o controle do mofo-branco na cultura da soja na safra 2017/18.

Essas pesquisas podem te auxiliar na escolha do fungicida de acordo com a incidência da doença e seu controle. 

Lembre-se de comparar os resultados com a testemunha, que são plantas que não foram aplicadas com fungicidas.

mofo-branco
Incidência, controle relativo, produtividade da soja, redução de produtividade, massa de escleródios produzidos e redução da produção de escleródios em função dos tratamentos fungicidas utilizados nos ensaios cooperativos de controle de mofo-branco em soja, na safra 2017/18.
(Fonte: Embrapa)

Lembre-se que a melhor medida de manejo é a prevenção da entrada do patógeno na sua área de cultivo.

Banner de chamada para o kit de sucesso da lavoura campeã de produtividade

E, por fim, para um manejo efetivo, você deve utilizar várias medidas de manejo, ou seja, integrando as práticas de manejo!

Conclusão

O mofo-branco é um problema em várias culturas agrícolas, trazendo grandes perdas de produtividade.

Neste artigo, abordamos os principais sintomas, ciclo de vida, condições favoráveis e disseminação da doença. Discutimos ainda várias estratégias de manejo, que devem ser realizadas de forma integrada.

Lembre-se que a prevenção da entrada do patógeno na área é a melhor estratégia!

Agora que você sabe dessas informações, não deixe que o mofo-branco cause perdas na sua produção agrícola. Bom manejo!

>> Leia mais:

“Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Você tem problemas com mofo-branco na sua lavoura? Quais medidas de manejo utiliza para o controle da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Armazenamento de grãos: cuidados e estratégia para comercialização

Armazenamento de grãos: quais os cuidados para armazenar e quais estratégias adotar para a melhor comercialização de grãos

Entra safra e sai safra, mas a dúvida continua: devo armazenar meus grãos?

Afinal de contas, em média  15% da produção acaba sendo perdida devido ao armazenamento inadequado.

Devo correr esse risco ou vender meus grãos após a colheita? Qual a melhor estratégia de comercialização?

Nesse artigo, vamos mostrar a resposta dessas e de outras perguntas sobre o armazenamento. Não deixe de conferir!

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Armazenamento de grãos de forma descomplicada

No Brasil, o armazenamento de grãos, apesar de muito benéfico, acaba se tornando uma dor de cabeça para boa parte dos produtores.

Esse fato ocorre pela falta de estrutura para o armazenamento dos grãos produzidos no país. Isso muitas vezes obriga o produtor a vender sua produção rapidamente por um preço pouco competitivo.

Contudo, esse problema pode ser resolvido com um bom planejamento!

O armazenamento dos grãos deve ser planejado muito cedo, desde o momento da semeadura. Isso te ajudará a não ter problemas na pós-colheita e sucesso em sua comercialização.

Para isso vou mostrar alguns cuidados que você deve ter durante o planejamento de sua safra!

Armazenamento de grãos: 4 dicas para o sucesso

Quando pensamos em armazenamento, inúmeros empecilhos nos vem à mente… Então, veja algumas dicas para descomplicar o armazenamento de seus grãos! Vamos lá:

1º Dica: Parcele sua semeadura

Isso irá facilitar alguns processos como a colheita, secagem e armazenamento dos grãos em sua unidade de armazenamento. Além disso, sua comercialização poderá ser realizada com mais calma.

Parcelando sua semeadura, você não irá colher toda sua lavoura no mesmo momento e poderá pensar com mais calma se irá armazenar ou comercializar seu grão.

2º Dica: Previsão de produtividade

Assim, você poderá planejar com antecedência processos como transporte e armazenamento, pensando principalmente em custos e espaço para armazenar seus grãos.

3º Dica: Previsão de demanda do mercado

Procure adequar sua produção à demanda do mercado. Planeje a venda de seus grão.

4º dica: Parcerias

Caso você não possua uma unidade de armazenamento em sua propriedade, não deixe de fazer parcerias com vizinhos ou cooperativas. Reserve, com antecedência, o espaço para sua produção.

Armazenamento de grãos: Cuidados para evitar perdas

Além do espaço para armazenamento de grãos, muitas vezes há problemas como pragas e fungos que atacam a produção armazenada.

Alguns cuidados básicos podem reduzir suas perdas e garantir a qualidade de seus grãos.

Lembre-se: O cuidado com o armazenamento faz toda a diferença na rentabilidade de sua propriedade.

1 º Cuidado: Limpeza da unidade de armazenamento é essencial

Realize a desinfecção das unidades: baixo custo e alta eficiência

armazenamento de grãos

(Fonte:Coolchip)

2º Cuidado: Verifique a umidade dos grãos

A umidade da massa de grãos deve ser realizada no momento da entrada dos grãos na unidade de armazenamento e, periodicamente, durante o armazenamento.

Verifique se os grãos passaram pelo processo de secagem natural ou secagem artificial e se estão com a umidade ideal para entrar em seu silo, por exemplo.

Fique atento, pois a umidade aliada à temperatura intensifica a perda de qualidade dos grãos!

>> Leia mais: “Saiba como identificar e evitar os danos em grãos de milho”

3º Cuidado: Monitoramento de temperatura e aeração

Esses dois fatores são essenciais para a manutenção da qualidade dos grãos. Tanto a temperatura quando a aeração podem variar de acordo com a região em que seus grãos estão armazenados. Mas não podemos esquecer de uma regra básica:

UMIDADE RELATIVA DO AR (%) + TEMPERATURA (Co) < 55,5                  =ARMAZENAMENTO SEGURO

4º Cuidado: Monitoramento de pragas e roedores

O monitoramento constante da unidade armazenadora é fundamental, pois permite a verificação de infestações por insetos; pragas; roedores; e até mesmo pássaros, no momento inicial, impedindo grandes perdas.

armazenamento de grãos

(Fonte: Uniprag)

5º Cuidado: Tratamento da unidade

Realize o tratamento preventivo com a aplicação de inseticidas e até mesmo eliminação de pragas presentes nos grãos e muitas vezes invisíveis a olho nu! Opte por inseticidas residuais de contato ou pelo expurgo.

armazenamento de grãos

(Fonte: Bequisa)

Armazenar ou vender os grãos?

Essa pergunta é muito comum e a resposta irá depender da sua situação atual.

Bom, se você possui silo próprio e não tem dívidas que necessitam ser quitadas no final da safra, talvez a melhor opção para você seja o armazenamento.

Alguns estudos indicam que o armazenamento dos grãos em silo próprio, realizando a comercialização na entressafra, pode refletir em ganhos de até 55%.

Porém, antes de tudo, é momento de contabilizar todos os gastos!

Você precisa analisar se os gastos com armazenagem compensam uma possível alta dos preços e, principalmente, se você não tem contas a pagar.

Aqui no blog nós já falamos sobre “Secagem e armazenamento de grãos: Diferentes tipos e seus custos”.

Após considerar tudo isso, você deve pensar na situação atual de sua propriedade e do mercado interno e externo.

A nossa dica é que você faça o uso de planilhas ou de software de gestão, Assim, será possível visualizar todos os custos na palma da mão, sem inúmeras folhas e tabelas.

Nesse momento a gestão de sua propriedade irá fazer toda diferença!

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Estratégias no momento da comercialização

Como citamos acima, o momento ideal para comercialização irá depender muito do perfil de sua propriedade.

Vou citar aqui algumas estratégias para você utilizar no momento de vender seu grão!

  • Planeje com antecedência sua venda;
  • Diversifique as modalidades de comercialização;
  • Espalhe o risco, não deixe para vender seu grão de uma só vez;
  • Venda uma porcentagem antecipada, desde que consiga assegurar a margem de lucro almejada;
  • Armazene ao menos um pouco de seus grãos para vender na entressafra;
  • Fique de olho no mercado externo e interno.

Com essas estratégias, um planejamento adequado e o auxílio de um gestor, tenho certeza que será muito mais fácil traçar caminhos para uma boa comercialização!

armazenamento de grãos

(Fonte: Jornal O Celeiro)

Relação entre armazenamento de grãos e a gestão

Você parou para pensar o quanto o armazenamento está ligado a uma boa gestão em sua propriedade?!

Pois quando você realiza a gestão de sua propriedade, consegue ter em mãos informações de todas as etapas da produção de grãos, inclusive de safra anteriores!

Com isso, o gestor consegue realizar o planejamento voltado para a realidade de sua fazenda, observando os pontos fortes e fracos. E isso será fundamental na tomada de decisão.

Com gestão da fazenda, você planejar com antecedência possíveis gastos de armazenagem de grãos, seja para o silo em sua propriedade ou para armazenamento fora dela.

Você pode observar e analisar com calma quais as perspectivas do agronegócio no Brasil e no mundo e como vão as vendas. Tudo isso irá lhe auxiliar na tomada de decisão sobre o momento ideal para a comercialização dos grãos.

O segredo é usar a gestão a seu favor e estudar o mercado!

Enquanto você estuda o mercado, seus grãos devem estar armazenados em condições ideias para se manter dentro dos padrões de comercialização, conforme indica a Instrução Normativa nº 15, do MAPA, de 09 de junho de 2004.

Utilize a tecnologia a seu favor e mantenha-se atualizado sobre o mercado agrícola!

>>Leia mais: “Entenda melhor a classificação da soja e saiba usá-la para aumentar sua lucratividade

Use um software de gestão

Uma ótima opção para você conhecer seus gastos durante a safra é a utilização de um software agrícola!

Por ser um sistema desenvolvido especialmente para o agro, essa ferramenta irá auxiliar tanto na previsão de demandas da fazenda quanto no controle da produção e armazenagem.

Com a utilização de softwares, você consegue ter os dados da sua fazenda na palma da mão! Assim, pode analisar quais são seus maiores custos e como aumentar a rentabilidade.

armazenamento de grãos

Com Aegro é possível fazer o planejamento de safra, controle de estoque e visualizar a rentabilidade por talhão 

Conclusão

Após todo o esforço para garantir uma boa safra, não podemos perder tudo no armazenamento.

Neste artigo, você viu algumas dicas de como realizar o armazenamento com sucesso.

Falamos sobre os principais cuidados durante o armazenamento, qual o momento ideal para a comercialização de seus grãos e as principais estratégias.

Vimos ainda a importância da gestão no armazenamento de grãos!

Espero que com essas informações você consiga realizar o armazenamento de seus grãos e traçar estratégias para uma comercialização mais rentável.

>> Leia mais:

Vender ou guardar a produção em silos para grãos

Qual o teor de umidade de armazenamento da soja?

“Estratégias para o manejo de grãos ardidos de milho e soja”

Entenda como a umidade do grão de café pode impactar a qualidade do produto final

Você realiza o armazenamento de grãos? Ficou com alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Antracnose nas culturas de grãos: como controlar de modo eficaz

Antracnose: saiba o que fazer para evitar a doença e como realizar um manejo eficiente e eficaz nas lavouras de soja, milho, feijão e sorgo.

Ver a lavoura com as folhas manchadas nunca é um bom sinal.

Ao saber que pode ser uma doença, pior ainda. As doenças podem facilmente limitar a produção e causar muitos prejuízos.

A antracnose é uma delas e pode gerar grandes perdas nas culturas de grãos.

Saiba a seguir como identificar a doença e quais as medidas de controle mais eficazes para sua lavoura. Confira!

Importância da antracnose na cultura de grãos

A antracnose é uma doença que pode ocorrer em várias culturas e afeta diferentes partes da planta.

A doença pode ocorrer em algumas culturas de grãos como feijão, soja, milho e sorgo.

Esta doença é causada por fungos do gênero Colletotrichum.

A antracnose pode gerar muitas perdas. Ela é considerada uma das doenças mais importantes da cultura do feijão, por exemplo. Neste caso, podem ocorrer perdas de até 100% com a utilização de variedades suscetíveis.

E, além das perdas quantitativas, pode também haver perdas qualitativas. O grão apresenta manchas negras ou lesões, o que reduz o preço de comercialização do produto.

Já na cultura do sorgo, a antracnose é considerada a doença mais importante por sua ampla distribuição nas áreas produtoras e pelos danos causados. Pode haver mais de 80% de perdas na produção de grãos com variedades suscetíveis.

Esses dados mostram a importância da antracnose para as culturas de grãos, com redução da produção (perda quantitativa) e perdas qualitativas, com manchas nos grãos ou sementes.

Agora vou explicar melhor as formas de sobrevivência e as condições favoráveis para a ocorrência da doença na lavoura.

Sobrevivência e condições favoráveis para a antracnose

As espécies de fungos do gênero Colletotrichum, que causam a antracnose, podem sobreviver em sementes, restos de culturas e hospedeiros alternativos (outras plantas que são hospedeiras do fungo).

A entrada do fungo na área da lavoura ocorre, geralmente, por sementes infectadas, sendo que plântulas originadas de sementes infectadas se tornam uma fonte de disseminação da doença na lavoura.

Além disso, o fungo pode reduzir a germinação das sementes infectadas.

Já a manutenção do inóculo (patógeno) na área ocorre preferencialmente por restos de culturas e por hospedeiros alternativos.

É importante entender as formas de sobrevivência do fungo para determinar as medidas de manejo.

Como podemos observar, o patógeno pode sobreviver na área por um longo período, de uma safra para outra. Por isso, é muito importante impedir a entrada do patógeno na sua lavoura.

Além disso, é importante ficar atento às condições favoráveis para a ocorrência da doença na sua área.

As condições favoráveis para a antracnose variam de temperatura moderada a alta e alta umidade.

Lembrando que plantios muito adensados podem propiciar alta umidade nas plantas e, dependendo das condições climáticas (temperaturas moderadas a altas), podem favorecer a ocorrência da doença na sua plantação.

Qual método de controle você utiliza para a antracnose nas culturas de grãos na sua lavoura?

Vou falar melhor sobre eles a seguir:

Métodos de controle da antracnose nas cultura de grãos

Como mencionei acima, o produtor deve entender as formas de sobrevivência do fungo que causa a antracnose para determinar as estratégias de manejo.

Como o fungo pode sobreviver em restos de culturas, uma importante técnica de controle é a utilização de rotação de culturas.

Ou seja, plantio alternado de diferentes espécies, na mesma área de cultivo e na mesma época do ano.

Lembrando que você tem que utilizar espécies de plantas que não sejam hospedeiras do patógeno da doença que se pretende controlar.

No plantio direto, a rotação de culturas é uma técnica obrigatória.

Você sabe que no plantio direto, a palhada fica sobre o solo e há o mínimo de revolvimento na semeadura.

E como o Colletotrichum sp. sobrevive nos restos culturais, é essencial realizar a rotação de culturas para reduzir o patógeno da área.

Caso não realize esta prática, ocorrerá aumento da população do fungo que causa a doença. Assim, na próxima safra da cultura de grãos, pode haver aumento da doença no início do ciclo da cultura, e consequentemente, perdas na produção.

>> Leia mais: “Mofo-branco: Como identificar e prevenir na sua lavoura

Outras estratégias de manejo

Além da rotação de culturas há outras estratégias de manejo. Veja:

  • Variedades resistentes (controle genético);
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes com fungicidas;
  • Espaçamento adequado para a cultura (adequação da população de plantas);
  • Aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas.

O controle químico pode ser utilizado no tratamento de sementes e na pulverização da parte aérea das plantas. Mas lembre-se: este não é o único tipo de manejo, você deve utilizar outras técnicas também.

Para o controle da antracnose, primeiramente deve-se evitar a entrada do patógeno na área de cultivo. Isso pode ser feito utilizando sementes sadias, tratamento de sementes e outras medidas de manejo.

Se o patógeno estiver na área, deve-se realizar medidas de manejo de forma integrada, como, por exemplo, rotação de culturas, utilização de variedades resistentes, plantio com espaçamento adequado e outros.

Vou agora explicar as diferenças da antracnose nas culturas da soja, milho, feijão e sorgo.

Antracnose na soja

A antracnose foi considerada a segunda doença mais importante da cultura da soja em safras passadas, atrás da ferrugem asiática.

A espécie C. truncatum é a mais encontrada, mas há outras espécies de Colletotrichum sp. que podem causar a doença em soja.

A antracnose pode afetar a planta de soja em qualquer fase de desenvolvimento atingindo folhas, hastes e vagens.

Porém, é mais frequente na fase de floração e no enchimento de grãos, podendo causar queda das flores e vagens.

Se a doença ocorrer no início do desenvolvimento da cultura, pode haver morte das plântulas.

Os sintomas da doença nas folhas são lesões necróticas, podendo ocorrer necrose nas nervuras.

Nas vagens ocorrem lesões escuras de formato irregular e com depressões. Estes danos podem afetar os grãos ou as sementes do interior da vagem.

Os grãos e as sementes ficam com manchas, o que reduz a qualidade e o valor de comercialização, além de veicular o patógeno pela semente.

antracnose
Antracnose é a segunda pior doença da soja, perdendo apenas para a ferrugem asiática
(Fonte: Fundação Rio Verde)

Controle da antracnose na soja

  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes com fungicidas registrados para o patógeno e para a cultura;
  • Rotação de culturas;
  • Espaçamento adequado nas entre linhas;
  • Fungicidas para a parte aérea (há alguns fungicidas registrados para controle da antracnose na parte aérea, aplicados principalmente nos estádio R5 e R6).

Para consultar os produtos que são registrados para controle da antracnose nas culturas de grãos, consulte o Agrofit.

Em caso de dúvida e para a prescrição do receituário agronômico, procure sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

>> Leia mais: “Doenças de final de ciclo soja: Principais manejos para não perder a produção

Antracnose no milho

A antracnose no milho é causada por Colletotrichum graminicola, que pode atacar principalmente as folhas e os colmos. Assim, pode reduzir a produção do milho em até 40%.

Tanto o ataque nas folhas como no colmo são limitantes para a cultura do milho.

Isso se deve ao aumento das áreas de plantio direto e de cultivos de 2° safra (safrinha), o que favorece a sobrevivência do fungo nos restos de culturas e posterior infecção nas plantas de milho (aumento do inóculo na sua área de cultivo).

São sintomas da antracnose foliar as lesões necróticas, arredondadas a alongadas de coloração castanha.

antracnose
(Fonte: Rodrigo Véras da Costa em Embrapa)

Já os sintomas da antracnose no colmo são as lesões estreitas com coloração castanha; os tecidos internos ficam escuros e podem entrar em processo de desintegração.

Métodos de controle da antracnose no milho:

  • Uso de variedades resistentes;
  • Rotação de culturas.

Antracnose na cultura do sorgo

Como já comentei, a antracnose é considerada a doença mais importante no sorgo.

O fungo que causa a antracnose também é o C. graminicola, como ocorre na cultura do milho.

A doença no sorgo pode ocorrer em: folhas, colmo, panícula e grãos.

Nas folhas podem ocorrer sintomas em qualquer estádio de desenvolvimento, principalmente a partir do desenvolvimento da panícula.

Inicialmente, as lesões nas folhas são circulares a ovais, com centros necróticos de coloração palha. Esses depois se tornam escuros, com as margens avermelhadas ou castanha, dependendo da variedade.

No colmo formam-se cancros, caracterizados pela presença de áreas mais claras circundadas pela pigmentação característica da planta hospedeira, principalmente em plantas adultas.

E na panícula, pode ser a extensão da fase de podridão do colmo. Ocorrem lesões abaixo da epiderme, com aspecto encharcado de coloração cinza a avermelhada.

O que pode ser notado é que panículas de plantas infectadas são menores e amadurecem mais cedo.

Controle para antracnose no sorgo

  • Uso de variedades resistentes;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação de culturas.

>> Leia mais: “Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja

Antracnose no Feijoeiro

O fungo que causa a antracnose na cultura do feijão  é C. lindemuthianum.

Como já mencionamos, a antracnose é uma das doenças de grande importância para o feijoeiro e pode atingir toda a parte aérea da planta.

Os sintomas que você pode observar nas folhas são áreas necrosadas nas nervuras, principalmente na parte debaixo da folha, sendo um sintoma característico da doença.

Você também pode ver lesões de formato alongadas e angulosas, de coloração vermelha a marrom. Já nas vagens, as lesões são deprimidas, circulares, com borda escura (marrom ou avermelhada).

Controle da antracnose do feijoeiro

  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Variedades resistentes;
  • Rotação de culturas;
  • Fungicidas para pulverização da parte aérea.

E, para concluir, veja a tabela abaixo com as características da doença Antracnose nas culturas de soja, milho, feijão e sorgo.

antracnose

Conclusão

Neste artigo falamos sobre a antracnose, uma importante doença na cultura dos grãos.

Você viu as formas de sobrevivência do patógeno, condições favoráveis para a ocorrência da doença e as medidas de manejo.

Além disso, abordamos as principais características da antracnose nas culturas da soja, do milho, do feijão e do sorgo.

E mostramos as principais estratégias de controle da doença nas culturas de grãos.

Então, realize um bom manejo da sua cultura e evite perdas de produção com a antracnose!

>>Leia mais:

Míldio: Como identificar na sua lavoura e combater essa doença
Tudo sobre oídio e como manejá-lo em sua área

Você tem problema com a antracnose nas culturas de grãos? Qual medida de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Secagem e armazenamento de grãos: diferentes tipos e custos

Secagem e armazenamento de grãos: veja as diferenças entre secadores, os cálculos dos custos dessas operações e verifique o que realmente compensa.

O processo de secagem e armazenamento de grãos é essencial para evitar perdas após a colheita.

Estima-se que 10% de toda a produção nacional de grãos se perca justamente por problemas nessa etapa.

Compreender qual prática é mais viável para sua lavoura, portanto, reflete ganhos na produção.

Neste artigo apresentamos os secadores mais utilizados e como calcular os custos desse processo para que você tome a melhor decisão!

Secagem e armazenamento de grãos: Por que fazer essa prática conjunta?

O processo correto de secagem e armazenamento de grãos é fundamental para manter a boa qualidade alcançada na colheita.

Isso minimiza riscos na venda do produto enquanto condições impróprias podem comprometer os ganhos da safra inteira.

A secagem adequada evita alterações nos grãos durante o período de armazenagem.

Mas para que essa qualidade seja garantida é fundamental manter unidades armazenadoras de qualidade e alguns cuidados básicos que vamos mostrar para você.

Antes da chegada dos grãos, por exemplo, é preciso limpar a unidade armazenadora para eliminar qualquer possível praga ou doença presentes no ambiente.

Vou explicar melhor esse processo.

secagem e armazenamento de graos
(Fonte: Revista Científica Produção Online)
Processo de armazenagem utilizando sistema de secagem convencional

Armazenamento de grãos

O custo para a desinfecção das unidades é relativamente baixo, comparado aos benefícios que isso pode trazer.

Além disso, verifique sempre qual a umidade dos grãos antes da entrada na unidade armazenadora, pois uma alta umidade pode trazer problemas futuros.

Fatores como a temperatura e a aeração durante o tempo de armazenagem de grãos são fundamentais para o armazenamento correto dos produtos.

Se a unidade de armazenamento está localizada em uma região tropical, a aeração deve ser realizada cuidadosamente e com maiores fluxos de ar.

A combinação de umidade e temperatura elevada intensifica a deterioração dos grãos armazenados.

E como saber qual a umidade e temperatura ideal para o armazenamento?

Isso varia de acordo com a cultura que você vai armazenar e principalmente em qual região a unidade está localizada.

Uma regra básica que você deve seguir é:
UMIDADE RELATIVA DO AR (%) + TEMPERATURA (Co) < 55,5 = ARMAZENAMENTO SEGURO

Diversos estudos indicam que são desejáveis umidade relativa do ar e baixa temperatura para o armazenamento de grãos.

Se você pretende construir uma unidade de armazenamento, vale a pena dar uma olhada na Instrução Normativa Nº 24 do MAPA.

Um bom planejamento é essencial desde a instalação da estrutura até a escolha dos grãos que serão armazenados.

Um ambiente ideal para armazenamento pode ter custo elevado de instalação e manutenção dependendo da região.

Mas esse investimento reflete diretamente na manutenção da produtividade.

Assim, as perdas durante o período de armazenamento acabam sendo mínimas.

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Secagem dos grãos

A colheita dos grãos, em geral, é realizada após o ponto de maturidade fisiológica, quando a umidade ainda é alta.

A secagem é a técnica indicada para o período de pós-colheita, pois reduz o teor de umidade dos grãos a um nível adequado para o armazenamento.

Mas, se realizada de forma incorreta, pode ser prejudicial para a qualidade do grão.

Vou explicar como é ocorre o processo de secagem e como melhorar sua produtividade através dele.

Secagem dos grãos: Como melhorar sua produtividade

A secagem é representada pelo deslocamento de água que ocorre devido às diferenças de potencial hídrico existentes.

Para que aconteçam essas trocas, é necessário que haja diferença de pressão de vapor, em que o movimento da água se dá do sistema de maior para o de menor pressão.

Na prática:
Pressão de vapor do grão > Pressão de vapor do ar = Secagem
Pressão de vapor do grão < Pressão de vapor do ar = Umedecimento
Pressão de vapor do grão = Pressão de vapor do ar = Equilíbrio Higroscópico

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Movimentação de água durante o processo de secagem
(Fonte: Silva et al. em Secretaria da Agricultura RS)

planilha de produtividade da soja

Velocidade e tempo de secagem

A velocidade e o tempo de secagem dependem de alguns fatores como: tamanho dos grãos, umidade relativa, sistema de secagem, teor de água inicial e teor de água pretendido.

Por isso, não é possível dizer exatamente qual o tempo de secagem para cada cultura.

Para você ter uma ideia, vamos exemplificar a diferença entre milho e trigo. O trigo, por apresentar grãos menores, seca mais rapidamente que o milho.

Mas isso pode mudar dependendo do sistema de secagem utilizado!

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Velocidades relativas de secagem para milho e trigo
(Fonte: Silva et al. em  Secretaria da Agricultura RS)

Sistemas de secagem: natural e artificial

A secagem natural é aquela realizada no próprio campo, utilizando-se da radiação solar e temperatura do ar ambiente para redução do teor de água dos grãos.

Esse técnica ainda é bastante utilizada em nosso país, principalmente por pequenos e médios produtores de café, milho e feijão.

A principal vantagem é o baixo custo.

Mas é um método bastante demorado e que depende diretamente das condições climáticas.

Também pode favorecer a ocorrência de pragas agrícolas e microrganismos devido à exposição dos grãos.

Já a secagem artificial consiste no emprego de técnicas que aumentam a velocidade do processo, com uso de secadores.

No mercado encontramos secadores de vários tipos, com diferentes sistemas de trabalho, movidos a gás ou a lenha.

As principais vantagens dos secadores artificiais são a praticidade, melhor qualidade do produto final e maior capacidade de secagem.

Porém, há um custo mais elevado de construção e maior risco de incêndio devido às altas temperaturas.

Independente da técnica escolhida para a secagem, é importante ter planejamento inicial e saber como estimar o custo desse processo.

Abaixo, vou explicar melhor como realizar esse cálculo. Mas, antes, vamos falar mais sobre os métodos e tipos de secagem.

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(Fonte: Embrapa)

Secagem e armazenamento de grãos: secadores contínuos e intermitentes

Os secadores possibilitam estabelecer combinações de movimentação ausente ou presente, da massa de grãos, com a frequência de seu contato com o ar aquecido.

Temos no mercado secadores do tipo contínuos e/ou intermitentes.

Vou explicar melhor como funcionam.

Na secagem do tipo fluxo contínuo, os grãos passam apenas uma vez pelo secador.

Nesse tipo de secador a umidade relativa dos grãos no momento da entrada não deve ultrapassar 18%.

Já na secagem do tipo intermitente os grãos passam diversas vezes pelo secador, pois a umidade relativa deles é elevada, ou seja, acima de 18%.

Antes de utilizar os secadores, é fundamental efetuar a pré-limpeza dos grãos e saber qual o teor de água deles.

>> Leia mais: “Entenda como a umidade do grão de café pode impactar a qualidade do produto final

Secadores cascatas e fluxos cruzados

Os tipos de secadores mais utilizados no mercado são os de cascatas e os de fluxos cruzados.

Os secadores cascata possuem um corpo composto por calhas com extremidades fechadas e abertas forçando a passagem de ar pelos grãos.

Na prática, eles descem entre as calhas e o ar aquecido passa entre as camadas de grãos, diminuindo a umidade de maneira uniforme.

Já nos secadores de fluxos cruzados, os grãos ficam em movimento entre a estrutura composta por metal perfurado.

A circulação de ar desse tipo de secador ocorre de maneira desuniforme. Os grãos posicionados próximos às chapas tendem a secar mais rápido, prejudicando a conservação.

Se você optar por esse tipo de secador, fique atento às altas temperaturas durante todo o processo de secagem.

O desempenho de cada tipo de secador pode variar de acordo com o grão utilizado e propriedades físicas e químicas do grão.

O teor de água, as condições ambientais e tipo de fonte de energia utilizadas também interferem.

Realize o planejamento estratégico e escolha com antecedência qual a melhor opção para sua propriedade.

armazenagem-secagem-grãos
(Fonte: Silva e De Grand, 1998)

Como calcular o custo da secagem e armazenamento de grãos?

Entender todos os custos envolvidos na sua produção é essencial para uma boa gestão agrícola.

Assim você pode analisar e comparar os custos e benefícios gerados por esses itens!

Para descobrir qual o custo desse manejo em seus grãos, utilize esse cálculo:

CT: Ccs+ Cv+ Cf

Entenda a equação:
CT: Custo total
Ccs: Custo do combustível (R$.m3/produto)
Cv: Custo do ventilador (R$.m3/produto)
Cf: Custo Fixo (R$.m3/produto)

Após chegar ao valor, verifique o quanto gastaria com aluguel ou manutenção dos silos para armazenagem.

Coloque esses valores em uma planilha e analise qual a participação da secagem e armazenamento de grãos dentro do seu custo total de produção.

Conclusão

Como você pôde conferir, a secagem e armazenamento de grãos, quando realizadas de maneira correta, podem garantir sua produtividade.

Aqui vimos a importância da utilização dessas duas técnicas em conjunto e como realizá-las!

Também discutimos as principais vantagens e desvantagens da secagem artificial e natural e quais as condições ideais para o armazenamento de grãos.

Ainda pôde conferir como calcular os custos da utilização dessas técnicas. Aproveite esses conhecimentos e confira o que realmente compensa na sua realidade!

>> Leia Mais:

7 pragas de armazenamento de grãos para você combater
Como negociar preços mesmo sendo pequeno produtor através da gestão agrícola
Software rural no sucesso da Lavoura: a história de um produtor de Mato Grosso
Qual o teor de umidade de armazenamento da soja?

Você realiza a secagem e armazenamento de grãos na sua propriedade? Utiliza a secagem natural ou artificial? Deixe seu comentário abaixo!

Doenças de final de ciclo soja: principais manejos para não perder a produção

Doenças de final de ciclo soja: como identificar as mais recorrentes e os 5 principais manejos para reduzir o risco de prejuízos na lavoura.

Alcançar uma boa produtividade na cultura da soja é desafiador.

Além das questões climáticas e pragas ao longo do cultivo, doenças de final de ciclo soja podem colocar em risco quase toda a produção.

As perdas podem variar de 10% a 90% da produção, como no caso da ferrugem asiática, por exemplo.

A seguir, falaremos sobre os principais manejos para não perder a produtividade da sua lavoura e as doenças de final de ciclo mais recorrentes. Confira!

Principais manejos para doenças de final de ciclo soja

Uma doença pode ser controlada por mais de um método de manejo, então tente integrá-los e pense no custo-benefício.

Vou listar aqui os principais manejos para as doenças mais recorrentes no final do ciclo da cultura da soja:

1- Cultivares resistentes

Se a doença é problema na sua região e se há cultivares que são resistentes para esta doença  na plantação de soja, utilize cultivares resistentes para o manejo.

Indicado para:

  • Mancha olho de rã
  • Oídio
  • Mancha-alvo

2 – Sementes sadias e tratadas (tratamento de sementes)

É muito importante utilizar sementes certificadas, principalmente porque muitos patógenos são transmitidos pelas sementes contaminadas.

Além das sementes sadias, o tratamento de sementes também é indicado para várias doenças.

Ele pode ser realizado com controle químico e biológico.

No Agrofit você pode verificar os produtos biológicos e químicos registrados para tratamento das sementes

Indicado para:

  • Crestamento foliar
  • Mancha olho de rã
  • Mancha-alvo
  • Antracnose (fungicida sistêmico e de contato)

doenças de final de ciclo soja
(Fonte: Cotrisoja)

3 – Rotação de culturas

Realize rotação de culturas com espécies que não sejam hospedeiras dos patógenos das doenças indicadas para esta medida de manejo. 

Indicado para:

  • Mancha-parda
  • Mancha-alvo
  • Antracnose

4 – Controle químico da parte aérea das plantas

Você pode identificar quais produtos são registrados para a cultura da soja e para o patógeno no Agrofit.  Nele você também encontra qual a dose recomendada.

Não esqueça que para cada doença são realizados procedimentos diferentes.

Para algumas doenças você deve realizar aplicações de fungicidas da cultura da soja de modo protetor. Em outras, somente deve realizar as aplicações no início do desenvolvimento da doença.

Indicado para:

  • Crestamento foliar
  • Mancha-parda (na fase de formação e enchimento das vagens)
  • Oídio
  • Mancha-alvo

Em caso de dúvida no controle das doenças, procure sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

5 – Gestão agrícola

Planejamento é essencial em qualquer atividade na lavoura, inclusive para o manejo de doenças. Com um planejamento agrícola bem feito, você organiza situações como compra de fungicida, aplicação de defensivos, tratamento de sementes, insumos e outros.

Também é essencial registrar essas atividades, seja com uso de planilhas ou de software para fazenda.

Isso ajuda a gestão agrícola, a tomada de decisões e, consequentemente, o manejo de doenças de final de ciclo soja.

Por isso, esteja atento à sua gestão para o controle eficiente das doenças de final de ciclo soja.

Para lhe ajudar a começar a gestão no final de ciclo da soja, disponibilizamos aqui, gratuitamente, uma planilha de estimativa de produtividade de soja. Com ela, você irá conseguir estimar sua produção e planejar melhor a colheita e venda.

planilha-produtividade-soja

Uma das principais doenças é, na verdade, um complexo delas

Algumas doenças da soja podem ocorrer juntas, ou seja, em um complexo que pode causar perdas de até 30% no rendimento da lavoura.

Abaixo você verá as doenças de final de ciclo soja que podem formar esse complexo (crestamento foliar e mancha-parda) e suas principais características, permitindo sua correta identificação e manejo:

Crestamento foliar de Cercospora e Mancha púrpura da semente

Uma das principais doenças de final de ciclo soja é  causada pelo fungo Cercospora kikuchii. O crestamento foliar é favorecido por clima quente e chuvoso.

Este fungo pode atacar todas as partes da planta.

Os sintomas nas folhas são pontuações escuras, com coloração castanho-avermelhado, que se desenvolvem e formam grandes manchas.

Também pode ocorrer a queda prematura das folhas. Isso pode ser confundido pela senescência prematura da cultura,  que pode reduzir a produtividade da lavoura.

Nas vagens, aparecem pontuações vermelhas que evoluem para manchas castanho-avermelhadas.

Através da vagem, o fungo atinge a semente, causando a mancha-púrpura na semente ou grão.

Na haste podem ocorrer lesões avermelhadas e levemente deprimidas.

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Mancha-púrpura no grão ou semente de soja
(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Mancha-parda ou septoriose

A mancha-parda é uma doença causada pelo fungo Septoria glycines e pode ocorrer desde o início do desenvolvimento da cultura da soja. O fungo necessita de um período mínimo de molhamento foliar de 6 horas e temperatura entre 15℃ a 30℃ para o desenvolvimento dos sintomas.

No final do ciclo da cultura, a doença causa pontuações pardas nas folhas, que evoluem para manchas castanhas com centro angular com halo amarelo. A doença também causa desfolha precoce nas plantas de soja.

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Um conhecimento importante sobre as doenças é como o fungo sobrevive após a colheita da cultura.

Esse conhecimento muitas vezes ajuda no desenvolvimento das estratégias eficientes de controle da doença.

As formas de sobrevivência dos fungos que causam a mancha-parda e o crestamento foliar são através de sementes infectadas e restos culturais.

Doenças de final de ciclo soja que ocorrem também no desenvolvimento  da cultura

Algumas publicações também relatam outras doenças como sendo de final de ciclo na cultura da soja.

Porém, doenças como antracnose, oídio, mancha olho de rã, entre outras, podem ocorrer desde estádios de desenvolvimento mais iniciais até o final do ciclo.

Veja na figura abaixo as principais doenças da cultura da soja e os momentos em que elas ocorrem:

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Antracnose

Essa doença é causada pelo fungo Colletotrichum truncatum e é favorecida em regiões de clima quente e úmido.

A Antracnose foi considerada a segunda doença mais importante da cultura em safras passadas.

Pode ocorrer na cultura da soja desde o início do desenvolvimento e ocasionar morte das plântulas.

Ao longo do desenvolvimento da cultura, o fungo tende a causar manchas na haste, folhas e nas vagens.

A partir da floração pode ocorrer sintomas nas vagens, que ficam com coloração castanha-escura.

As sementes ou grãos, se atacadas pelo fungo, apresentam manchas castanhas deprimidas. O fungo pode sobreviver em restos culturais e sementes.

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(Fonte: Fundação Rio verde)

Mancha olho de rã

As perdas com está doença podem chegar até 60%. Ela é causada pelo fungo Cercospora sojina.

Esta doença também é favorecida por presença de água nas folhas e temperaturas altas, sendo mais comum na fase de floração da planta.

Nas folhas, inicialmente, ocorrem pequenos pontos escuros que evoluem para lesões marrons, com margem mais escura.

Com o desenvolvimento da doença, na face superior ocorrem manchas castanho-claras no centro, com bordos castanho-avermelhados. Na face inferior, a região central apresenta coloração cinza.

Nas vagens podem ocorrer lesões avermelhadas circulares a alongadas.

O fungo que causa esta doença também pode atacar as sementes, que ficam com coloração acinzentada a marrom.

Este fungo sobrevive em restos de culturas e pode ser disseminado por sementes.

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(Fonte: Paulo Edimar Saran)

Mancha-alvo

A mancha alvo é causada por Corynespora cassiicola, que é favorecida por temperaturas amenas e alta umidade.

A doença pode apresentar perdas de até 35% na produtividade.

Podem ocorrer sintomas nas folhas, haste, vagens e sementes ou grãos.

Nas folhas, os sintomas da doença se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para manchas circulares de coloração castanha.

Normalmente, essas manchas apresentam pontuação no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura (semelhantes a um alvo).

Nas vagens, podem ocorrer lesões de formato circular, levemente deprimidas.

O fungo pode penetrar da vagem para a semente de soja, formando lesões de coloração castanha.

Este fungo também pode sobreviver em restos culturais e ser disseminado por sementes contaminadas.

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(Fonte: Dirceu Gassen em Agrolink)

Oídio

Doença causada pelo fungo Microsphaera difusa, que é favorecido por temperaturas amenas e baixa umidade.

Oídio pode ocorrer em folhas, vagens e hastes, apresentando inicialmente coloração branca e, com o passar do tempo, coloração castanha-acinzentada.

Esta doença também pode favorecer a queda precoce das folhas.

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(Fonte: Cláudia V. Godoy em Embrapa)

Ferrugem asiática

Phakopsora pachyrhizi é o fungo que causa a ferrugem asiática, podendo causar perdas de 10% a 90% nas lavouras.

Essa doença pode ser observada em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, mas preferencialmente a partir do fechamento do dossel.

Esta doença é de difícil identificação nos estádios iniciais, por não ter os esporos alaranjados como em outras ferrugens.

Os esporos desta ferrugem são mais claros. Assim, deve-se olhar na parte de baixo das folhas com auxílio de uma lupa e procurar saliências que são as pústulas.

-Caso você dificuldade para o diagnostico, procure uma clínica fitopatológica para a correta identificação.

Com o progresso da doença, essas estruturas ficam com coloração castanha, se abrem e liberam esporos.

Se você observar folhas amarelas na lavoura, provavelmente a ferrugem já está presente há mais de 30 dias na lavoura, ficando difícil o controle.

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Lavoura de soja durante o período reprodutivo intensamente atacada por ferrugem asiática (A), e a mesma lavoura, uma semana após, apresentando severa desfolha (B)
(Fonte: Pioneer sementes)

Recentemente no blog nós demos 6 dicas para combater de vez a ferrugem asiática da sojaTambém falamos sobre combate às ferrugens: controle essas doenças nas culturas do milho e soja.

planilha - monitore e planeje a safra de soja de forma automática

Conclusão

Neste texto apresentamos a classificação das doenças de final de ciclo soja, os sintomas e condições favoráveis para cada uma delas.

Você também conferiu dicas que podem te ajudar no manejo das doenças e evitar perdas de produtividade na cultura da soja.

Com essas informações, aperfeiçoe seu planejamento agrícola e faça um bom manejo das doenças de final de ciclo.

Afinal, sua lavoura é parte da sua empresa agrícola e você precisa obter lucro com ela!

>> Leia mais:

“Mancha-púrpura na soja: como livrar sua lavoura dela”

“Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja”

Quais doenças de final de ciclo soja têm sido mais recorrentes em sua lavoura? Quais métodos de controle você tem utilizado? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como ter sucesso no cultivo de arroz em rotação com soja

Cultivo de arroz em rotação com soja: Vantagens e desvantagens, principais pontos para se atentar e 3 dicas essenciais para transformar essa prática em rentabilidade.

São 300 mil hectares plantados de rotação com soja, no Rio Grande do Sul.

A contribuição dessa rotação são muitas: redução de plantas daninhas, fertilidade do solo e, claro, maior rentabilidade.

Mas fazer essa rotação de culturas dar certo pode não ser tão fácil, já que estamos trabalhando com culturas muito diferentes.

Neste artigo mostramos em detalhes os benefícios e desvantagens dessa prática, além de 3 dicas fundamentais para a rotação dar resultados. Confira:

Por que fazer o cultivo de arroz em rotação com soja?

O cultivo de arroz (Oryza sativa) com outras culturas, especialmente soja, começou em meados dos anos 90, mas ganhou forças na última década.

Isso foi devido principalmente aos ganhos de produção no arroz, e a maior rentabilidade pela venda de soja.

É também uma decisão estratégica, segundo o sojicultor Felipe Reichsteiner:

“Como a soja vira dinheiro na hora da colheita, a gente ganha tempo para vender o arroz por melhor preço mais tarde”.

Assim, surgindo como uma opção aos orizicultores, a rotação de arroz com soja tem sido cada vez mais rentável.

cultivo de arroz
(Fonte: Foto de Paulo Rossi, Cachoeira do Sul (RS), em Globo Rural)

A rentabilidade acontece também devido ao melhor uso do espaço. Estima-se que apenas um terço da área de arroz em várzea é efetivamente utilizada.

As áreas costumam ficar em pousio por até dois anos, sendo, às vezes, subutilizada pela pecuária.

No entanto, com exigências de condições tão diferentes, da várzea ao sequeiro, o manejo só é possível com um bom planejamento, conhecimento dos custos de produção, e técnica.

Vantagens do cultivo de arroz em rotação com soja

Em termos gerais, a cultura da soja em rotação com o arroz  favorece o solo. Ela promove a estruturação do mesmo e a maior fertilidade.

Além de um complemento financeiro na renda, essa rotação contribui ainda em outros aspectos no ambiente, como:

  • Ciclagem de nutrientes, pela rotação de cultura e preparo de solo
  • Controle de ervas daninhas, como o arroz vermelho
  • Diminuição da degradação do solo
  • Rotação de produtos, como o sistema Clearfield (rodízio de mecanismos de ação) com o uso de sementes geneticamente modificadas, lançado em 2003
  • Diminuição de pragas e inóculos de patógenos
  • Aumento de produtividade de 4 para 8 mil kg de arroz por hectare

Desvantagens do cultivo de arroz em rotação com soja

É claro que os desafios são muitos para manejar dois ciclos de culturas com exigências de ambientes distintos.

O arroz é uma planta comumente cultivada em solos inundados. Então, especialmente nesses casos, a condição física da área é o principal desafio.

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Ecossistema da produção de arroz na América Latina: Pontos azuis são lavouras irrigadas e os pontos laranjas são cultivos de sequeiro
(Fonte: Zeigler)

É necessário considerar a drenagem natural, o que tem contribuição direta da topografia, a qual, se plana, terá drenagem dificultada.

Outro fator é o adensamento do horizonte superficial, ou seja, alta relação dos micro e macroporosidade (relação da água e ar no solo), que pode prejudicar a nutrição da soja.

Abaixo discutimos melhor as soluções para esses desafios em cada sistema de cultivo de arroz:

Entenda os sistemas de cultivo de arroz e melhore sua rotação

Produção de sequeiro (ou terras altas)

Esse sistema de produção de arroz de terras altas é cultivado predominantemente como cultura de abertura e, justamente, em rotação de culturas.

Além disso, em áreas de pastagens degradadas é comum utilizar essa cultura porque a planta de arroz pode tolerar bem solos ácidos, recuperando assim os solos.

Variedades lançadas pela Embrapa , inclusive algumas em parceria com IRGA, foram desenvolvidas pensando na rotação com o feijão, milho, algodão e a soja.

No entanto, é preciso lembrar que essas variedades, especialmente de soja, são tolerantes, mas isso não significa que a produção ficará a mesma em um solo muito úmido.

Nesse caso, provavelmente, a cultura poderá apresentar menor produção, mas não vai morrer, enquanto que se a umidade foi intensa há risco de se perder a cultura.

Arroz em terras baixas (ou cultivo de arroz irrigado)

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(Fonte: Técnico do Agronegócio)

No sistema de plantio em rotação com arroz em terras baixas, a rotação pode ser tanto na primeira ou na segunda safra, no lugar do milho safrinha. Também é muito rotacionado com pastagens.

O cultivo de arroz irrigado por inundação e depois o cultivo da soja exige alguns cuidados, como já citamos.

O principal deles é sobre o manejo cultural. É importante realizar até duas adubações verdes entre a cultura do arroz e a cultura da soja.

Essa prática deve ser feita com diversidade de espécies de adubo verde, que vão estruturar o solo com suas raízes, possibilitando adequada aeração para soja, especialmente para possibilitar sua apropriada nodulação.

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3 Cuidados para obter sucesso no cultivo de arroz em rotação com a soja

Como já falamos, a necessidade de dois ambientes tão distintos para a rotação exige certo manejo para criar as condições ideais.

1. pH do solo

No cultivo de arroz com inundação do solo ocorre a correção da acidez naturalmente.

Com o solo alagado, ocorre um processo químico de redução do solo, resultando o fenômeno conhecido como “autocalagem”.

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Processo de redução do solo, o qual corrige a acidez
(Fonte: Aula de solos alagados, UFSM.)

No entanto, nos cultivos em sequeiro (após o arroz), esse processo de redução não ocorre mais.

A agrônoma Claudia Lange, do Irga, relata que cerca de 75% das terras baixas do Estado do Rio Grande do Sul têm pH abaixo de 6, se traduzindo em deficiência nutricional para a soja.

Por isso, é importante se atentar ao pH do solo sem estar alagado, para que ele seja corrigido pela calagem adequadamente.

É recomendado fazer a calagem para um pH de 6,0, pela maior exigência dessas culturas anuais, como a soja.

O pH nesse valor também minimiza os efeitos da toxidez por Ferro, proveniente do arroz irrigado.

2. Drenagem do solo

Os solos de várzea pela alta densidade e baixa porosidade possuem velocidade baixa de infiltração.

Nesse sentido a construção de drenos externos a lavoura que facilitem a rápida drenagem são muito importantes.

Sendo que a prática de nivelamento da superfície do terreno e entaipamento são fundamentais.

Sistema sulco/camalhão

Esse sistema de sulco/camalhão é feito em terras baixas do delta do Mississipi/USA.

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(Fonte: Smdema e Rycroft (1983), Beauchamp (1952) em Silva et al.)

Também chamado de microcamalhão, o mais utilizado são aqueles com 15 centímetros, levando duas linhas de soja.

Esse sistema tem sido eficiente para a drenagem da água em solos alagados.

São dois os parâmetros que devemos considerar em relação a remoção e drenagem da água, que são, os macro e microdrenagem do sistema.

Macrodrenagem

São os drenos escavados para coletar os excedentes de águas de chuvas e da irrigação.

De acordo com a microbacia no qual as lavouras estão inseridas, devem ser adequadamente dimensionados.

Os drenos coletores destinados a receber as águas de outros drenos e conduzi-las ao ponto de descarga da microbacia.

Além de bem dimensionados, devem ser limpos, ter reformas e/ou desobstrução, para que sejam eficientes e cumpram sua função.

Microdrenagem

São os drenos internos da lavoura.  Eles são compostos por drenos secundários e de outras adequações.

O dimensionamento desses se dá de acordo com vários fatores, antecipados pelo aplainamento do solo, tão importante para as plantações de arroz.

Além disto, a cultura da soja apresenta uma evapotranspiração máxima total no ciclo de aproximadamente 830 mm, sensível ao encharcamento

3. Planejamento agrícola e gestão de custos

O planejamento agrícola é essencial para uma boa rotação entre soja e arroz. Por meio dele, as outras atividades vão acontecer no período certo e de modo adequado.

Nesse sentido, programe a época de semeadura adequada e ajustada às previsões climáticas.

Semear a soja em dezembro e janeiro, promove uma vantagem em relação a ferrugem asiática, por exemplo.

Manter a gestão dos custos sob controle também é fundamental para conhecer o custo dessas mudanças de manejo e verificar o que compensa mais fazer.

Veja como começar sua gestão neste artigo:

Conclusão

A rotação de arroz com soja exige um preparo maior do sistema para receber culturas com necessidades de ambientes tão distintos.

Apesar disso, os retornos econômicos e ambientais são muito compensatórios. Além de que a soja possui maior liquidez (dinheiro mais rápido) que o arroz.

E com isso, você pode se especializar mais, otimizar seu sistema produtivo e ganha a vantagem de ter uma garantia a mais para a sua renda.

Para isso, mantenha um bom planejamento das culturas e uma boa gestão financeira para administrar esses manejos distintos.

Com isso e nossas dicas, com certeza a rotação do cultivo de arroz e soja será um ótimo negócio!

>>Leia mais: 

Tudo que você precisa saber sobre armazenagem do arroz

Como você faz o cultivo de arroz em rotação com soja hoje? Tem mais alguma dica que não citamos aqui? Alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Como fazer a dessecação de soja para uma colheita eficiente

Dessecação de soja para colheita: saiba qual é o ponto ideal e as principais orientações para garantir boa produtividade e rentabilidade da colheita.

A dessecação em pré-colheita da soja é uma prática estratégica para os agricultores brasileiros.

Ela permite controlar plantas daninhas, uniformizar a maturação e antecipar a colheita do grão. Isso também beneficia os plantios seguintes, como o do milho safrinha.

Porém, a perda de produtividade por dessecação inadequada pode chegar a 12 sacas/ha. Você sabe como fazer a dessecação de soja para colheita mais eficiente e sem perdas?

Veja neste artigo o que você precisa considerar e qual o momento ideal para dessecar a lavoura.

O que é dessecação e por que fazer?

A dessecação pré-colheita da soja consiste em aplicar um herbicida, geralmente de contato, quando a semente atinge o ponto de maturação fisiológica. A aplicação mata a planta e seca suas folhas, uniformizando a maturação, o que permite antecipar a safra.

A dessecação é utilizada em alguns casos, como quando condições climáticas adversas (oscilação de umidade e alta temperatura) na pré-colheita podem ocasionar maior percentual de sementes verdes na colheita.

Quanto mais tempo a semente fica no campo após seu ponto de maturidade fisiológica, maior a taxa de deterioração. Isso diminui a qualidade das sementes.

Quanto menos tempo a semente ficar no campo, menor a exposição a patógenos, assegurando a sanidade do lote. Por isso, para a produção de grãos, o uso do dessecante é bastante importante.

Ele diminui o nível de impurezas no momento da colheita, pois elimina folhas e pecíolos das plantas.

Eliminar as partes verdes da planta também pode impedir a inoculação de doenças da soja e ataque de pragas.

Outra vantagem da dessecação é o controle de escapes de plantas daninhas que podem dificultar a colheita e prejudicar a próxima cultura.

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Uniformidade de maturação e antecipação da colheita são alguns dos principais benefícios buscados com a dessecação
(Fonte: A Voz do Campo)

Em regiões de milho safrinha, a dessecação permite antecipar o plantio do milho. E com isso, há menor chance de ocorrência de geadas no cultivo.

Em regiões que semeiam algodão após a soja, a prática auxilia o plantio do algodão em época mais favorável.

Ou seja: a dessecação de soja permite o planejamento e a antecipação da colheita.

Agora que te mostrei os principais motivos da prática, vou te explicar quando esse manejo é recomendado!

planilha controle de custos por safra

Ponto ideal da dessecação de soja para colheita

A partir do momento em que a semente atinge o ponto de maturidade fisiológica a planta cessa o transporte de nutrientes para a semente. Com isso, ela chega ao máximo acúmulo de matéria seca.

Neste ponto a semente encontra-se com as melhores características fisiológicas.

Porém devido à alta umidade e presença de ramos e folhas verdes, a colheita mecânica não é possível.

Para conseguir colher a semente com melhor qualidade, realiza-se a dessecação da soja logo após o ponto de maturidade fisiológica que ocorre no estádio fenológico R7.

Este estádio inicia-se pelo aparecimento de uma vagem com coloração de madura na haste principal.

Depois é dividido em 3 classes que vão de acordo com o nível de amarelecimento das folhas e vagens.  

A melhor época de aplicação do herbicida é quando a soja possui em torno de 70% de suas vagens com coloração amarronzada ou bronzeada, no estádio R7. 2.

Em regiões ou anos atípicos, em que o clima durante os estádios R6 e R7 tem escassez de chuva e altas temperaturas, o manejo de dessecação não é necessário.

Nessa situação, a técnica só é utilizada se houver necessidade de controle de plantas daninhas.

fenologia da soja. Fonte: Coopertradição

(Fonte: Coopertradição)

Posso dessecar em R6 e antecipar ainda mais minha colheita?

Nesse estádio, as sementes de soja atingem sua máxima expansão. Porém, fisiologicamente, essa semente não está pronta!

Em lavouras comerciais produtoras de grãos, essa prática pode ocasionar uma diminuição de até 27% da produção.

Além disso, a dessecação em R6 diminui o teor de extrato etéreo na soja, que é essencial na alimentação animal, principal finalidade dos grãos.

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Planta da soja em estádio R6
(Fonte: Embrapa)

Como aumentar a eficiência do manejo

Mesmo utilizando herbicidas como paraquate, que tem efeito rápido sobre a planta (não perde a eficiência com chuvas após 30 min), não é bom que haja chuvas após a dessecação da lavoura de soja.

Por isso fique sempre atento às condições climáticas no momento e após aplicação do herbicida.

Caso ocorram chuvas após a aplicação do dessecante, pode não haver grande antecipação da colheita, como esperado. Mas, quando a chuva cessar, a área dessecada perderá umidade mais facilmente.  

É muito importante utilizar a tecnologia de aplicação adequada para a dessecação.

Em geral, produtos de contato somente serão eficientes se tiverem boa cobertura da planta.

A eficiência da dessecação e potencial de fitotoxidade podem variar de acordo com a cultivar.

Por isso, tente se informar sobre a resposta dos seus cultivares de soja para o manejo que pretende utilizar.

É fundamental que os herbicidas utilizados possuam recomendação para cultura da soja e a carência mínima para colheita seja respeitada. Fique atento!  

Principais herbicidas na dessecação de soja para colheita

O herbicida mais utilizado para o manejo de dessecação da soja para colheita é o paraquate.

Isso se deve à sua ação rápida e por não deixar resíduos no grão ou prejudicar os atributos fisiológicos da semente.

Porém, com a Resolução 177 da Anvisa, sua utilização será proibida a partir de 2020, devido às suas características toxicológicas.

Por isso recomenda-se que o produtor já comece a testar novas ferramentas que possam substituir este herbicida.

Planejamento e se antecipar a problemas futuros sempre foram a chave da lucratividade.

Mesmo que a proibição seja revogada, já existem áreas com buvas resistentes a paraquate. A dessecação com este produto já não controla os escapes, nesses casos.

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(Fonte: Peluzio et al., 2008 em Geagra)

>> Leia mais: “Herbicidas pré-emergentes para soja: Os melhores produtos e suas orientações

Opções para plantas daninhas resistentes na pré-colheita

Outras opções que podem ser utilizadas como alternativa ao paraquate são os herbicidas diquat, flumioxazin, glifosato, glufosinato e saflufenacil.

Nas áreas com buva resistente a paraquate, os mais indicados seriam os herbicidas Saflufenacil na dose de 70 g/ha a 140 g/ha + adjuvante não iônico  ou glufosinato na dose de 2 L/ha + óleo mineral.

Além destes herbicidas para dessecação de áreas da plantação de soja pode se utilizar diquat 2 L/ha e flumioxazin 50 g/ha.

Após aplicação do herbicida flumioxazin deve-se esperar no mínimo 14 dias para o plantio do milho, evitando efeito residual na cultura.

O ideal é sempre que o manejo de buva ou amargoso, plantas daninhas resistentes a herbicidas, seja feito no período de entressafra.

Assim, existe maior disponibilidade de ferramentas e menor efeito guarda-chuva na aplicação.

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Buva é resistente ao Paraquate, por isso o manejo deve ser feito na entressafra
(Foto: Fernando Adegas/Embrapa)

O herbicida glifosato também pode ser utilizado para dessecação de soja para colheita convencional, mas não é efetivo no controle de buva e amargoso.

Em áreas produtoras de semente, devido ao mecanismo de ação sistêmico do glifosato, a qualidade da semente pode ser prejudicada.

É importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um agrônomo. Mas o produtor deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação.

planilha para estimativa de perdas na colheita Aegro

Conclusão

Vimos aqui diversas vantagens na prática da dessecação de soja para colheita, porém, esta deve ser aplicada de maneira técnica.

Cuidado com o momento da aplicação do herbicida, pois deve ser logo após o ponto de maturação fisiológica.

Antes desse momento podem ocorrer perdas de produtividade de grãos ou menor qualidade da semente.

Além disso, cuidado com chuvas após a aplicação do dessecante.

Não esqueça de se atentar a alguns detalhes na escolha do herbicida como a variedade utilizada e a infestação de plantas daninhas na colheita. Boa safra!

>> Leia mais:

Custo de produção de soja: Entenda por quanto vender sua saca”
Doenças de final de ciclo soja: Principais manejos para não perder a produção

Você já pensou em fazer a dessecação de soja para colheita? Ficou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!