Como fazer uma dessecação em pré-colheita de soja eficiente

Dessecação em pré-colheita de soja: Qual o melhor momento para fazê-la, os principais herbicidas e outras dicas para conseguir uma colheita ainda melhor.

Dessecar uma plantação de soja para colheita é uma unanimidade entre os sojicultores.

Mesmo assim, sempre divide opiniões entre pesquisadores e até mesmo os produtores brasileiros se o processo como um todo é viável.

Alguns dizem que a maturação “forçada” da soja pode comprometer no ganho de produtividade final.

Diante de tantas especulações, reuni neste texto o que deve ou não ser feito para que a dessecação apenas acrescente ao bolso do produtor. Confira!

Por que devo dessecar uma plantação de soja?

Levando ao pé da letra, dessecar é um processo que consiste na secagem rápida e extrema de uma planta. Com isso, tiramos toda sua umidade (água) de forma que ela fique completamente seca.

A propriedade rural hoje é vista como uma empresa produtora completa de proteína vegetal e animal.

Logo, se faz necessário que adotemos técnicas, como a dessecação, e meios que permitam agilizar todo o processo de produção de soja para que uma nova safra se inicie.

plantação de soja      Os dois maiores produtores de soja mundiais, Brasil e Estados Unidos, reduziram a estimativa de produção total em relação ao esperado no começo da safra devido a fatores climáticos. Realizar uma boa dessecação pode ajudar a na redução de perdas na colheita e, consequentemente, produtividade.
(Fonte: Foto de Tarso Veloso/ARC em Globo Rural)

Além disso, houve a entrada de cultivares de soja cada vez mais precoces e produtivas para que os produtores pudessem antecipar ao máximo o plantio do milho safrinha.

Toda essa pressa tem nome: janela de plantio.

A janela de plantio é o intervalo respeitado pelos produtores rurais que define qual o período adequado de semeadura conforme a região, devido especialmente a radiação solar, temperaturas e incidência de chuvas.

Fora desse intervalo a plantação de soja não encontrará as melhores condições, portanto, pode afetar diretamente na produtividade de soja.

Objetivos da dessecação da plantação de soja

A dessecação de soja para colheita é usada de forma frequente nos últimos anos. Essa prática possui três benefícios fundamentais para os produtores:

2-plantação-de-soja
(Fonte: Syngenta)

1. Antecipação da colheita

Realizar a semeadura nos primeiros dias da janela de plantio é uma das formas de reduzir os riscos climáticos que são típicos de cada região, sejam eles geadas ou veranicos.

Além disso, a dessecação permite antecipar a colheita da soja, sendo essencial em regiões com possibilidade de realizar a segunda safra, principalmente com a cultura do milho.

Ocorre aqui uma relação que é diretamente proporcional: Se eu respeito minha janela de plantio, eu desseco minha área, antecipo minha colheita e inicio o plantio da safrinha.

A antecipação da colheita pode variar de 3 a 7 dias, dependendo de:

a) Momento da dessecação (umidade do grão);
b) Produto utilizado;
c) Condições climáticas após a dessecação.

2. Uniformidade da plantação de soja

A uniformidade da maturação dos grãos é um fator muito importante, pois permite maior rendimento operacional da colhedora.

Isso reduz os problemas de plantas com haste verde e retenção foliar, o que faz com que a máquina embuche menos, diminuindo de forma expressiva a perda de grãos e menor índice de impurezas.

3. Controle de infestação de plantas daninhas

Com a dessecação é realizado o controle de invasoras que não foram manejadas corretamente no início do cultivo, facilitando assim a colheita.

Qual o momento certo de dessecar a soja?

O momento exato para a dessecação é considerado o ponto mais crítico dessa prática.

Quando a soja completa a sua maturação fisiológica se dá o maior acúmulo de matéria seca, e a partir daí a cultura só perde água.

Isto ocorre a partir do estádio R6.5, onde já não se tem perdas no rendimento.

O mais recomendável é que se faça a dessecação entre os estádios R6.5 e R7.

Utiliza-se normalmente o estádio R7, por ser de mais fácil visualização a campo (folhas mais amareladas).

3-plantação-de-soja
(Fonte: Baseado Pedersen (2007), criado por Erin W. Hodgson (2010) publicado em Hodgson (2012))

VE: Cotilédones emergidos
VC: Folhas unifolioladas expandidas (bordas são se tocam)
V1: 1° folha trifoliolada expandida
R1: 1ª Flor aberta em qualquer nó
R2: Flor aberta no primeiro ou segundo nó do ramo principal
R3: Vagens com 5 mm nos 4 primeiros nós
R4: Vagens com 2 cm nos 4 primeiros nós
R5: Grãos com 3 mm em um dos 4 primeiros nós
R6: Grão verde que preenche a capacidade da vagem em um dos 4 primeiros nós
R7: Uma vagem do ramo principal atingiu a cor de vagem madura
R8: 95% das vagens atingiram a cor de vagem madura

O método usado para conhecer o momento ideal para fazer a dessecação numa área de soja com certeza é uma das principais preocupações do produtor rural.

Por isso, listei algumas dicas que você deve levar em consideração para fazer uma dessecação segura e eficaz:

Dica 1

Os grãos de soja precisam estar com no máximo 58% de umidade. Recolha uma amostra dos grãos que retirou das vagens e faça um teste simples de umidade.

Dica 2

4-plantação-de-soja

Folhas e vagens devem estar mudando da coloração verde intenso para verde claro a amarelo.
(Fonte: DuPont Pioneer)

Dica 3

Grãos passando de aspecto esbranquiçado para aspecto brilhoso (Lado A).

Dica 4

Quando, ao abrir a vagem, os grãos estiverem desligados um do outro (não presos por fibras, “desmamados”) (Lado B).

5-plantação-de-soja
(Foto: Adaptado pela autora de Edson e Paulo em Informações agronômicas)

Dica 5

Pelo menos uma vagem sadia sobre a haste principal que tenha atingido a cor de vagem madura, normalmente amarronzada ou bronzeada.

6-plantação-de-soja

(Foto: Edson e Paulo em Informações agronômicas)

Na agricultura essa secagem é feita com a ajuda de produtos dessecantes, facilmente encontrados em estabelecimentos credenciados para esse tipo de venda.

Nesse momento é necessário muita atenção em que dessecante usar, veja só:

Principais herbicidas para uma dessecação eficiente na pré-colheita

A dessecação pré-colheita da soja é feita com uso de herbicida que quando aplicado na soja causa o mesmo efeito em plantas daninhas: ele seca rapidamente a planta.

Automaticamente as folhas caem e com pouca água em seu interior está feito o trabalho.

O ganho com a dessecação na antecipação da colheita pode variar de 3 a 7 dias, isto depende muito de vários fatores, entre eles:

  • A umidade que o grão apresenta no momento da dessecação;
  • A qualidade do produto utilizado;
  • Condições climáticas após a dessecação.

Para obter os resultados esperados, o agricultor deve sempre respeitar o período de carência dos dessecantes.

Aqui está um complicado nos herbicidas mais usuais na dessecação de soja hoje:

Gramoxone + Agral

  • Dose: 1,0 a 1,5 l/ha + 0,1% v.v.
  • Volume de calda: 150 a 200 l/ha
  • Utilização: dessecação para antecipação de colheita ou lavoura com infestação mista predominante de gramíneas
  • Carência: pelo menos 7 dias.

Reglone + Agral

  • Dose: 1,0 a 2,0 l/ha + 0,1% v.v.
  • Volume de calda: 150 a 200 l/ha
  • Utilização: dessecação para antecipação de colheita ou lavoura com infestação mista predominante de folhas largas
  • Carência: pelo menos 7 dias

Gramoxone + Reglone (+ Agral)

  • Dose: 0,75 a 1,0 l/ha de cada produto (+ 0,1% v.v.)
  • Volume de calda: 150 a 200 l/ha
  •  Utilização: dessecação para antecipação de colheita ou lavoura com infestação mista de gramíneas e folhas largas
  • Carência: pelo menos 7 dias

Ação desses produtos é aquela de contato, ou seja, não translocam (caminham) pela planta.

Por isso, a absorção deles são em 30 minutos, fazendo com que chuvas após a aplicação não interferem na sua ação, além de que não possuem efeito residual.

Se atente para o uso desses defensivos agrícolas que deve ser orientado por um engenheiro(a) agrônomo(a).

Outros benefícios da dessecação bem feita na plantação de soja

Nós já falamos aqui sobre os principais objetivos da dessecação, mas além da uniformidade, antecipação da colheita e eliminação de plantas daninhas temos outros benefícios com essa prática:

  • Venda antecipada, obtendo melhor preço;
  • Capital de giro para aquisição de adubos, sementes e outros insumos;
  • Plantio da cultura subseqüente no limpo;
  • Aproveitamento da maior umidade do solo para a safra seguinte;
  • Melhor resultado na safrinha;
  • Transporte de grãos de soja sem impurezas;
  • Redução de perdas na colheita, como impurezas, proporcionando grãos mais limpos;
  • Melhor qualidade dos grãos colhidos.

7-plantação-de-soja
(Fonte: Foto Anderson Viegas em G1 e Ponta Porã Informa)

Desafios com a dessecação

Pode-se perceber as diversas vantagens de utilizar a dessecação na cultura da soja, no entanto, o produtor precisa ficar atento ao momento correto de se realizar a aplicação do herbicida.

Caso a colheita, após a dessecação demore, o produtor pode ter surpresas desagradáveis como:

  • Perdas com abertura de vagens;
  • Maior incidência de grãos “ardidos”;
  • Germinação da soja na própria planta, dentro da vagem, caso ocorra excesso de umidade na lavoura por período prolongado;
  • Perda de qualidade das sementes de soja.

Além disso, se ocorrerem dias chuvosos após a dessecação, pode não haver grande antecipação da colheita.

Entretanto, após a chuva cessar, a perda de umidade é mais rápida na área dessecada.

A velocidade de secagem das plantas de soja vai depender do produto que você usar, da dosagem e, principalmente, das condições climáticas.

A sua colheita ainda pode ser feita sem a dessecação da plantação de soja


A colheita também pode ser feita sem dessecação, mas o produtor deve levar em conta os benefícios da prática, aliado às informações de previsão de tempo.

Assim é necessário que você avalie os riscos envolvidos antes da tomada de decisões.

Por isso, sempre é interessante ter um bom planejamento agrícola, prevendo todas essas condições antes mesmo do plantio da soja.

Respeite o momento certo de aplicação do dessecante, que é fundamental, pois evita perdas no rendimento da cultura, caso seja feito antes do tempo correto, que é a maturação fisiológica das plantas.

Se você fizer a dessecação antes desse ponto, a soja perde massa dos grãos.

A partir desse ponto recomendado, a planta já finalizou o transporte de nutrientes para os grãos e já atingiu o pico de matéria seca e está apenas perdendo água.

É importante também que os produtores de soja que adotam a dessecação da soja sigam as orientações agronômicas de um profissional.

Conclusão

Conhecida por antecipar a colheita, a dessecação em soja sem dúvidas é uma prática que se usada corretamente proporciona somente ganhos ao produtor.

Além disso, a colheita cedo se traduz em melhor plantio de safrinha, uniformiza sua lavoura e pode proporcionar uma colheita mais eficiente.

Aqui vimos as principais orientações para que essa dessecação seja a melhor possível, mas lembre-se que existe a opção sem dessecação para safras chuvosas no período de colheita e a depender de sua estratégia de venda.

Considere todos os benefícios e riscos, tome sua decisão consciente e boa colheita!

>> Leia mais:

“Como fazer o melhor uso de inseticida na dessecação da lavoura”

A dessecação da plantação de soja é comum na sua região? Como costuma fazer? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Custo de produção de soja por hectare: entenda por quanto vender sua saca

Custo de produção de soja: saiba o seu custo real por saca, as principais dicas e como saber se sua lavoura está te dando lucro

Não deixe a colheita da soja começar antes de saber por quanto vender a saca para cobrir os custos. Para isso, tenha em mente o custo de produção de soja, o mais exato possível. 

Com tantos insumos, contratempos e atividades, é fácil se perder nos números ao calcular o preço da média de sacas de soja por hectare

Custo de produção agrícola | O que você precisa saber em 3 MINUTOS!

Na safra 2022/23, houve aumento de 26,6% nos custos em relação à safra de 2021/22. Segundo dados da Aprosoja, os custos serão de aproximadamente R$ 6.860 por hectare

Neste artigo, separamos as principais informações para que você conheça o custo de produção de soja e saiba se está obtendo lucro. Boa leitura!

Como calcular o custo de produção de soja por hectare?

Entender o custo de produção de soja é fundamental na sua gestão agrícola. Com ele, você pode analisar os custos e os benefícios gerados por esses gastos por hectare na sua propriedade.

Comparando esse custo com o preço de mercado, você consegue identificar os riscos e as oportunidades que estão à sua disposição. Isso faz com que suas decisões de mercado sejam tomadas de forma mais consciente e eficaz.

Com a pandemia de coronavírus, os preços sofreram grandes mudanças. Seu custo certamente subiu nesta última safra, correto? Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o custo de produção por hectare de soja aumentou.

Na figura abaixo, você pode observar que em todas as regiões do país houve aumento do valor gasto por hectare.

Custo de produção de soja por hectare de regiões brasileiras
Custo de produção de soja por hectare de regiões brasileiras
(Fonte: Adaptado de Conab)

O custo de produção na maioria das regiões mais que dobrou. Vale lembrar que o custo de produção por hectare calculado pela Conab é uma média da região, considerando o preço dos produtos durante o ciclo de produção agrícola.

Observar essas mudanças no custo te auxilia na tomada de decisão antes e após a produção. Decidir quando plantar, que tecnologia utilizar, o que e quando aplicar são dúvidas que sempre surgem.

Com isso, você pode decidir qual cultura irá semear, verificando qual será sua lucratividade. Tenha sempre em mente que os preços pagos aos produtores pela saca de soja estão oscilando.

Mesmo com aumento do custo de produção, o preço pago na saca de 60 kg de soja teve uma alta, mas este preço tende a buscar estabilidade.  

Preço pago em reais por 60 kg de soja em Paranaguá
Preço pago em reais por 60 kg de soja em Paranaguá
(Fonte: Cepea)

Principais fatores do custo de plantio de soja

Dentre as variáveis que compõem os custos, o gasto com fertilizantes tem sido o destaque nos custos da lavoura de soja. O aumento do dólar fez o preço dos adubos aumentarem, com destaque para os macronutrientes. 

Isso fez elevar o custo de produção de soja na safra atual.

Custo do fertilizante de base na cultura de soja em duas safras
Custo do fertilizante de base na cultura de soja em duas safras
(Fonte: Adaptado de Conab)

Não foi apenas o fertilizante que apresentou aumento na última safra. O preço de sementes e defensivos agrícolas também aumentaram. Em menor proporção no custo de produção da soja, as operações com máquinas, financeiro e administrativo fecham o custo. 

Essas operações consideram a depreciação de máquinas e implementos agrícolas. Veja abaixo os principais produtos utilizados para produção da soja hectare e como calculá-los.

Sementes

A qualidade das sementes faz toda a diferença na produtividade da lavoura. Com isso, se torna um dos insumos mais importantes do custo de produção, já que a viabilidade econômica da cultura da soja depende desse fator.

O gasto com sementes é elevado. Se o custo de produção de uma safra aumentar, o valor da semente também aumentará. Afinal, o gasto da manutenção da cultura é agregado no valor da semente colhida e que será vendida na próxima safra.

Para isso, é necessário calcular a quantidade de sementes de soja por hectare da maneira correta. Por exemplo, 1 hectare utiliza cerca de 68,75 kg de sementes. Considerando que 1 kg de soja custe R$ 12, o valor de semente por hectare seria R$ 825.

Fertilizantes, defensivos e corretivos

Na safra 2022/23, os fertilizantes foram os mais caros no custo de produção por hectare. O principal fator que ocasionou este aumento foi a elevação do preço do dólar e a menor oferta destes produtos pelos países produtores na época da compra.

Preços dos últimos anos dos fertilizantes e corretivos no custo de produção da soja por hectare
Preços dos últimos anos dos fertilizantes e corretivos no custo de produção da soja por hectare
(Fonte: Imea)

O preço dos fertilizantes foi aumentando até o fechamento de safra do ano 2022/2023, mas vem em ritmo de queda ultimamente. O preço dos micronutrientes e corretivos não tiveram um aumento tão brusco. Porém, continuam a subir.

Para calcular o preço de adubo por hectare, basta multiplicar a quantidade em kg utilizada por hectare pelo valor pago do fertilizante em kg.

Por sua vez, os defensivos acompanharam o aumento do preço pago pela saca de soja, assim como o aumento do dólar. Estes dois fatores elevaram os preços dos herbicidas, inseticidas e fungicidas.

Esses dois elementos, por sua vez, são necessários para manter a lavoura saudável e obter alta produtividade. A mesma regra vale para calcular o custo de produção de defensivos por hectare: multiplique a quantidade em kg usada para cada hectare.

Operação com máquinas

Com o aumento do preço do diesel, as operações mecanizadas se tornaram mais elevadas ao bolso do produtor. Por exemplo, veja os preços médios das safras 2022 e 2023 com essas operações:

Preços médios das últimas 2 safras de maquinário no custo de produção da soja por hectare
Preços médios das últimas 2 safras de maquinário no custo de produção da soja por hectare
(Fonte: Adaptado de Conab)

Para calcular o custo com as operações com as máquinas é necessário considerar alguns gastos: os custos e os variáveis.

Os custos fixos são aqueles gastos mesmo sem ter utilizado as máquinas e equipamentos, que devem ser anotados e divididos durante os meses do ano. Estes custos são: depreciação de máquinas, juros, alojamento, seguro e mão de obra.

Já os custos variáveis são aqueles gastos durante o uso da máquina, que são: combustíveis, lubrificantes, reparos e manutenção.

Os gastos fixos são computados para a soja em relação ao valor mensal. Ou seja, em exemplo hipotético, se uma depreciação de uma semeadora é R$ 3 mil por mês, divide-se esse valor pela quantidade de hectares.

Se o total da área é 500 hectares, faça o cálculo 3.000,00/500= R$ 6 reais por hectare por mês. Supondo que a soja fique em campo por 4 meses, considere: R$ 6 x 4= R$ 24 reais de depreciação desta máquina no custo de produção da soja.

O mesmo cálculo é feito para juros, alojamento, seguro de máquina e mão de obra. Valores de custo variável das máquinas e implementos devem ser anotados durante a condução da lavoura e divididos pela quantidade de hectares.

Para automatizar esses cálculos, você pode utilizar ferramentas como a nossa calculadora de custo operacional de máquinas agrícolas. Assim, é possível automatizar e simplificar essas contas.

Demais operações e itens

Como é possível observar na figura acima, houve aumento em todos os itens. Entretanto, o valor foi baixo, se comparado com os insumos e operações citadas nos tópicos anteriores. Observar como o mercado se comporta é fundamental para estimar seu custo de produção. 

Assim é possível saber para onde estão indo os maiores gastos no seu custo. No site da Conab, você pode pesquisar os custos com insumos agropecuários. A partir deles, avalie se os seus custos estão de acordo com a média da região.

Ainda, outro fator de grande aumento foi o de arrendamento das terras. Isso é reflexo dos preços pagos na saca de soja. Com o aumento do valor pago por 60 kg de soja, a procura por compra e arrendo de terras foi maior, com isso o valor pago de arrendamento subiu.

Se você está arrendando ou vai arrendar terras, considere esses custos nas suas contas.

Como atribuir os custos de produção de soja

Antes de tudo, você precisa saber que nem todos os custos da fazenda devem ser apropriados integralmente para a safra. Por isso, os custos de produção de soja podem ser diretos ou indiretos.

Custos diretos

Os custos diretos são aqueles custos diretamente ligados à produção agrícola, como os insumos (sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas, dentre outros). Você pode colocá-los como parte direta do custo da cultura da soja por hectare.

Custos indiretos

Esses custos são mais difíceis de atribuir à produção. Para os custos administrativos da produção, por exemplo, devem ser utilizados diversos métodos de rateio de custos.  

O Rateio acontece quando você faz 2 safras no ano e decide dividir o custo da administração entre essas duas safras. O mesmo ocorre com depreciação de máquinas e edifícios da fazenda, veículos da propriedade e outros.

planilha - monitore e planeje a safra de soja de forma automática

Qual o custo para plantar 1 hectare de soja?

Para plantar 1 hectare de soja, você precisa fazer cálculos precisos e registrar bem os detalhes das operações na lavoura. 

Registre os insumos utilizados, inclusive horas trabalhadas pelo pessoal e máquinas. Anote também todos os custos de cada insumo em cadernos, softwares de gestão ou planilhas no Excel. Com essas informações você já consegue calcular o custo de produção.

Faça esses registros e cálculos durante a safra. Essa é uma forma de não esquecer nada, e no final da safra, você não tem que se preocupar em juntar essas informações. Sabendo a produção de sacas/talhão, você terá o custo de produção de soja por hectare e por talhão.

Por exemplo (dados meramente ilustrativos), considere o custo de produção de soja por hectare a R$ 8.119,41. Ainda, suponha uma produtividade de 67 sacas por hectare de R$ 8.119,41/67

Ou seja, R$ 121,19 por saca. Portanto, para cobrir seus custos, a venda deve ser de, no mínimo, R$ 121,19 por saca. Para ter lucros, você precisa vender a sua saca por valores acima desse. 

Para te ajudar a registrar esses custos, disponibilizamos gratuitamente duas planilhas agrícolas:

Como controlar custos de produção de soja por hectare com software?

Com a correria do dia a dia em campo, muitas vezes esquecemos o caderno de anotações e assim, não anotamos alguns gastos.

Para te ajudar nestes momentos, ferramentas de gestão foram criadas como o software agrícola Aegro, esses registros e cálculos ficam mais automatizados. Com essas ferramentas, você pode inserir os gastos pelo celular.
Além disso, o próprio sistema gera automaticamente gráficos e tabelas que facilitam seu entendimento e visualização:

gif que mostra a tela de custo realizado do software de gestão rural Aegro

Saiba mais sobre o software Aegro aqui!

Agora que você já sabe qual o seu custo de produção e tem tudo contabilizado, fica mais fácil definir qual será sua margem de lucro. Assim, você pode definir qual a produtividade e preço necessários para chegar na sua meta.

Como comparar seus custos da saca de soja com outras lavouras?

Sem dúvida, um custo de produção alto impacta a rentabilidade da sua lavoura. Você pode acabar lucrando menos em função de gastos excessivos durante a safra. Por isso, é importante saber como estão as suas despesas em relação a outras fazendas. 

Será que você está gastando mais ou menos que os seus vizinhos? Existe uma forma fácil de responder essa pergunta. O Kit Comparativo de Custos de Safra conta com duas planilhas gratuitas para levantar o custo da lavoura de soja. 

Na primeira, você irá calcular os custos de produção da sua cultura por hectare e ter os seus dados sob controle. E na segunda planilha, você irá comparar os seus resultados com fazendas de todo o Brasil com base nos dados da Conab.

Ou seja, ela te oferece uma comparação geral de custos. Com seus números, você poderá fazer uma análise comparativa, segmentada por cultura, região e ano. Assim, pode entender se os seus custos de produção estão dentro da média. 

Essas estimativas vão te ajudar a descobrir gargalos no seu processo produtivo e oportunidades de melhoria. Como consequência, você será capaz de tomar melhores decisões de mercado. Clique na imagem abaixo para baixar:

planilha - calcule seus custos

Qual o preço mínimo de venda da soja?

A renda (ou lucro) é definida utilizando o preço, a produtividade da soja obtida e os custos de produção. Ou seja: a renda é igual ao preço multiplicado pela produtividade menos os custos. 

A renda igual a zero significa que o preço de venda é o mínimo para que cubra os custos. Assim, conhecendo o custo de produção de soja real, você consegue saber qual é esse preço mínimo de venda.

Destas três variáveis, o preço é a única que não conseguimos exercer influência, exceto quando fazemos um contrato futuro. O preço é influenciado por alguns fatores como:

  • cotação da soja em Chicago (já que a soja é uma commodity negociada na Bolsa de Chicago, que oferece um número na equação de formação do preço da soja para a exportação);
  • custos portuários;
  • oferta e demanda;
  • clima;
  • prêmio no porto;
  • custo com frete;
  • estoques no mundo;
  • dólar.

Devido às incertezas do mercado, houve grande instabilidade dos preços pagos ao produtor. Por isso, é importante ficar por dentro das informações e da sua planilha de gastos. Dessa forma, você obtém os melhores preços de venda.

De acordo com os dados de 2007 a 2017 do indicador Cepea/Esalq, os melhores meses para vender a soja no país são agosto e setembro, seguido de dezembro. Com a pandemia do Covid-19, esta curva de venda de preços se inverteu. 

Segundo especialistas, os melhores meses para comercialização da soja de 2020/21 foram de janeiro a julho. Para a comercialização da safra 2022/23, este período já voltou à normalidade, com melhores preços pagos em agosto e setembro.

A tendência é a curva voltar ao normal, sendo os melhores meses de venda no segundo semestre do ano. Especialistas apontam para a importância de se vender a soja aos poucos, aproveitando os períodos de elevação no preço ao longo do ano.

Defina uma boa estratégia de comercialização

Para definir uma boa estratégia, você precisa seguir alguns passos para garantir assertividade no processo. Confira quais são:

  1. Tenha em mãos os custos de produção da safra ou o orçamentamento;
  2. Leve em conta os custos operacionais, depreciação e custos econômicos;
  3. Defina as estratégias de venda;
  4. Considere também as formas de pagamento (crédito bancário, barter ou capital próprio);
  5. Determine a margem esperada. Se for o caso, procure ajuda nessa etapa. Assim, juntos vocês podem discutir sobre cenários de preços possíveis;
  6. Quando o mercado estiver com preço elevado, aproveite para vender o que estiver definido para aquele período;
  7. Não deixe de vender, mesmo que o preço esteja abaixo do esperado, pois o preço pode continuar caindo. Mas obviamente, não se deve vender se isso for gerar prejuízos.
gif com dados de colheita de milho no software de gestão agrícola Aegro

Com o Aegro, você obtém uma gestão da sua produção muito mais precisa e simples de ser visualizada!

Conclusão

É importante contabilizar cada detalhe do processo produtivo, para que se possa estabelecer boas estratégias de venda. Acompanhar os preços, definir estratégias e metas é essencial para não haver surpresas no final. 

Afinal, cada ano é diferente, e o que aconteceu em uma safra pode acabar não se repetindo na próxima. Neste artigo, você entendeu um pouco mais onde estão os maiores custos de produção da soja e a importância de gerenciá-los. 

Assim, você poderá atingir a meta de produtividade de soja e margem de lucro. 

Como você calcula o custo de produção da soja por hectare? Se você conhece outros sojicultores, não deixe de compartilhar esse artigo com eles.

Calcule sua produtividade de soja antes da colheita

Produtividade de soja: Saiba qual é a sua por talhão por um método simples e prático, além de conhecer como essa informação pode ajudar na sua gestão.

YouTube video player

Nesta safra de soja estima-se quebra de 5%, resultando na previsão de 114 milhões de toneladas do grão, segundo a SNA.

As condições climáticas limitaram a produção, especialmente em Paraná, Sul de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.

E na sua área? Qual será a produtividade média da soja?

Saiba aqui como fazer esta estimativa e entenda como usá-la a seu favor durante e após a colheita.

Importância da estimativa da produtividade de soja

Independentemente da cultura, a estimativa da produtividade pode fornecer informações valiosas.

Com elas, o produtor de soja pode tomar decisões de:

  • Frota necessária para colheita;
  • Dias necessários para a conclusão da colheita;
  • Contratação ou não de equipe adicional;
  • Logística do transporte da produção agrícola;
  • Armazenamento do grão;
  • Planejamento financeiro para a colheita e para a próxima safra, e outros.

Além disso, ao coletar essas informações por talhão esteja atento a condição da área.

Tenha o registro de plantas daninhas, cultivar de soja, defensivos agrícolas utilizados, pragas, doenças, adubação e outros.

Com esses dados você saberá como aumentar sua produtividade nas próximas safras.

Para essa estimativa é fundamental o conhecimento de três componentes da cultura da soja:

  1. População de plantas;
  2. Vagens por planta;
  3. Peso dos grãos por vagem.

A sua produtividade de soja é diretamente em função do seu manejo.

Mesmo que milhões de hectares tenham tido prejuízos por seca, pode ser que algum dos seus talhões a produtividade tenha até mesmo aumentado.

Isso porque o solo daquele local pode armazenar mais água, o manejo nutricional foi melhor, incidência de pragas menor, e outras particularidades.

Assim, veja a seguir como fazer esta estimativa para cada talhão de sua área e obter todos os benefícios dessas informações:

Passo a passo como calcular de forma simples a produtividade de soja

Passo 1 – Conte o número de plantas em uma área conhecida

Você pode contar o número de plantas em qualquer tamanho de área conhecida, como 1 m², por exemplo.

No entanto, sempre é recomendado a área de pelo menos 4 m² para que dê uma boa ideia do estande em campo.

Assim, escolha no mínimo 10 pontos diferentes e representativos do seu talhão. Em cada um desses pontos, conte o número de plantas em 4m².

Para te ajudar nisso, veja o comprimento que você deve medir em função do espaçamento, para obter 4 m²:

produtividade de soja

(Fonte: IPNI)

Faça a média de número de plantas nos 10 pontos e anote o valor em papel ou planilha de Excel.

Passo 2 – Calcule a média de vagens por planta

Colete pelo menos 20 plantas em diferentes pontos do talhão, sempre pegando aquelas porções representativas da área.

Conte o número de vagens dessas plantas e faça a média, também deixando este valor anotado em papel ou planilha.

3-produtividade-de-soja

(Fonte: Foto por Ignacio Ciampitti, K-State Research and Extension em Agriculturewire)

Passo 3 – Calcule o número total de vagens

Para isso, pegue o número de plantas em 4 m² (passo 1) e multiplique pela média de vagens por planta (passo 2).

Por exemplo: Uma área com 160 plantas em 4 m² e com 32 vagens por planta de soja:

160 x 32 = 5.120 vagens em 4 m²

1 hectare = 10 000 m²

5.120 x 10000 m²/4 m² = 12 800 000 vagens em 1 hectare

Passo 4 – Peso dos grãos

Os grãos de uma vagem tem em média 0,4024 gramas. Assim, é só multiplicar o número de total de vagens (passo 3) por esse valor. Por exemplo:

12 800 000 vagens em 1 hectare x 0,4024 gramas = 5 150 720 gramas

5 150 720 / 1000 = 5 150, 72 Kg / 60 Kg = 85,84 sacas por hectare

No entanto, nem todas as vagens vão possuir esse peso em sua propriedade, podendo superestimar a produtividade.

4-produtividade-de-soja

(Fonte: Foto por Ignacio Ciampitti, K-State Research and Extension em Agriculturewire)

Assim, para melhores estimativas colete as vagens de algumas plantas e pese os mesmos.

Com esse número você faz as contas acima e tem uma estimativa muito melhor.

Para facilitar esses cálculos, disponibilizamos aqui, gratuitamente, uma planilha de estimativa de produtividade de soja. Com ela, você irá conseguir estimar sua produção de forma mais automática e com menor risco de erros.

planilha de produtividade da soja

Algumas dicas para melhorar sua estimativa de produtividade de soja

Seguindo esta metodologia, podemos ter a estimativa da produtividade da lavoura, porém, a precisão dela será mais rigorosa se mais pontos dentro da área forem amostrados.

Desse modo, recomendamos que você faça essa estimativa por talhão, e no final realize a média das estimativas.

Outro ponto importante e que já citamos é sobre sempre escolher um ponto representativo da lavoura para as amostras.

Utilize espaços fora da área de amassamento por manobras de pulverização ou sobre curvas de nível e manchas de solo.

Outros fatores também interferem na estimativa de produtividade de soja, como:

  • Umidade do solo (lembrando que o sistema de plantio direto na soja colabora para uma umidade adequada);
  • Estresse por pragas e doenças (como mosca-da-haste que apresenta maiores infestações nesta safra, ou como ferrugem asiática da soja);
  • Temperaturas;
  • Outras condições ambientais.
5-produtividade-de-soja-mosca-da-haste


Mosca-da-haste (Melanagromyza sojae) foi relatado recentemente em RS, MG, GO, BA e MT.
(Fonte: Comitê Estratégico Soja Brasil – CESB)

Esses fatores podem levar à redução do valor de alguns dos componentes de rendimento, resultando em produtividades menores do que as estimadas.

Condições estressantes podem desencadear o desenvolvimento de vagens de 1 ou 2 sementes em vez de vagens de 3 ou 4 sementes, além de reduzir o desenvolvimento das mesmas.

Enquanto que condições favoráveis ​​durante o enchimento de sementes não aumenta o número de sementes, mas elevam a produção agrícola pela retenção de vagens.

Por isso, chuvas no final da safra podem aumentar o rendimento, estendendo o preenchimento de sementes e o tamanho final das sementes.

Quando devo fazer estimativas de produtividade de soja?

Ao fazer esta estimativa em um determinado estádio, estamos considerando que todos os componentes vão estar com desenvolvimento normal até a colheita, o que não acontece.

Por isso, qualquer estimativa de produtividade melhora à medida que nos aproximamos da colheita da cultura da soja.

Isso porque as plantas continuam interagindo com o ambiente após sua estimativa, então pode ocorrer efeitos externos que modifique esses valores.

Por exemplo, se houver falta de água pode ocorrer menor retenção de vagens, se algum percevejo aumentar sua população pode diminuir o peso dos grãos, etc.

Assim, as estimativas de produtividade da soja podem começar quando a soja entra em R5.

Neste ponto, uma boa parte das vagens se desenvolveu e as sementes estão se enchendo em toda a planta.

6-produtividade-de-soja

Vagem e sementes de soja em R5 (início do enchimento dos grãos)
(Fonte: Shaun N. Casteel em Purdue University)

A floração continuará a uma taxa limitada e logo cessará. O desenvolvimento da vagem (retenção e número de sementes por vagem) ficará atrás do padrão da floração.

No entanto, as estimativas vão melhorar à medida que as plantas continuarem se desenvolvendo nos próximos 15 dias e entrarem em R6.

7-produtividade-de-soja

Vagem e sementes de soja em R6
(Fonte: Shaun N. Casteel em Purdue University)

Nesse ponto, a retenção de vagens e as sementes por vagem  se tornam mais claras e o potencial para sementes grandes, médias ou pequenas será mais perceptível.

Portanto, considere essas diferenças de estimativa quando for fazê-la em sua propriedade.

Verifique se a estimativa de produtividade de soja coincide com o que você esperava

É importante que você verifique esses valores estimados com aqueles que você tinha como meta.

A principal razão para usar metas de produtividade é a economia.

As metas de produtividade são necessárias para que você  controle seu custo de produção agrícola, melhorando a rentabilidade da fazenda.

produtividade de soja


Exemplo de safra de soja já com a área colhida e sua comparação com as metas anteriormente estabelecidas no Aegro

Várias decisões de produção, incluindo seleção de espécies de culturas, taxa de semeadura e recomendações de fertilizantes, são diretamente impactadas pela meta de produção.

Um bom exemplo é  população de plantas que é diretamente influenciada pela sua meta.

Em ambientes mais sujeitos a seca (como solos mais arenosos e com clima de menor frequência de chuvas), as taxas de semeadura podem ser reduzidas para melhorar a tolerância à estiagem.

Isso afeta diretamente as margens de lucro, tanto por meio de custos de sementes quanto por meio dos níveis finais de produção alcançados.

Sempre lembrando que é preciso possuir metas realistas de produtividade, já que nem sempre maiores produtividades garantem melhores lucros.

planilha controle de custos por safra

Conclusão

Com a produção média da soja brasileira tendendo a cair devido às condições climáticas, é mais importante ainda ter uma ideia da sua produtividade.

Com ela, o produtor rural pode tomar medidas de planejamento da colheita, pós-colheita e comercialização, além de se preparar financeiramente e outros.

Aqui você viu um método simples e prático de fazer essa estimativa, com algumas dicas para obter mais precisão.

Saiba sua produtividade de soja antes da colheita e já comece a se preparar!

>>Leia mais:

“O que esperar dos preços da soja em 2021”

Plantação de soja na pré-colheita: Como fazer uma dessecação eficiente

Como você estima sua produtividade de soja hoje? Tem mais alguma dica que não falei aqui? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Inseticidas para soja: Faça eles se pagarem

Inseticidas para soja: Veja as principais dicas de defensivos e suas aplicações para que você tenha um manejo de pragas mais eficiente e econômico.

O uso adequado dos inseticidas, com o MIP, economizaria R$ 4 bilhões na produção nacional de soja, segundo Embrapa.

Os produtos corretos, a tecnologia e o momento da aplicação são fundamentais para isso.

No entanto, ao ver a lavoura com percevejos e lagartas fica difícil estimar o quanto podemos esperar para compensar a aplicação, ou mesmo as alternativas de controle.

Por isso, aqui mostramos as mais importantes informações para embasar suas decisões na lavoura e conseguir um manejo que faça os inseticidas se pagarem. Confira:

Entendendo as realidades da soja Bt e não-Bt

Liberada para comercialização desde a safra 2013/2014, a soja transgênica, que expressa a proteína inseticida derivada de Bacillus thuringiensis (Bt), representa a maior parte das lavouras brasileiras.

A tecnologia de soja Bt, comercialmente chamada de INTACTA RR2 PRO, apresenta atividade inseticida e efetividade no controle dos insetos:

  • Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens);
  • Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis);
  • Lagarta-das-maçãs( Chloridea (=Heliothis) virescens);
  • Helicoverpa armigera.
inseticidas

Principais pragas alvo da soja Bt
( Fonte: Pioneer)

O que isso quer dizer para o manejo de pragas na cultura da soja?

O uso da tecnologia Bt implica na realização de áreas de refúgio. Elas devem corresponder a 20% da área, e é importante que você a faça para evitar a resistência dos insetos da sua área aos defensivos agrícolas.

Essas áreas tem como objetivo de manter os insetos suscetíveis às proteínas Bt, se acasalando com os insetos resistentes da vindos da lavoura Bt.

Além disso, você preserva essa tecnologia e consegue aumentar o número de safras com ela, o que resulta em economia das pulverizações e sustentabilidade do meio ambiente.

Você pode conferir o passo a passo de como fazer a área de refúgio aqui.

Consequentemente, os insetos alvo da tecnologia Bt serão grandes problemas como pragas nas áreas cultivadas com soja não-Bt (área de refúgio).

O esperado é que nas áreas de soja não-Bt teremos mais lagartas atacando as plantas quando comparado a soja Bt.

2-inseticidas-pragas-área-de-refúgio

Área semeada com soja não-Bt à esquerda e soja Bt à direita
(Fonte: Monsanto)

No entanto, pragas em comum nas sojas Bt e não-Bt também ocorrerão, como é o caso das lagartas do gênero Spodoptera spp., os percevejos-fitófagos, mosca-branca, ácaros, entre outras pragas.

A pergunta que fica é: Será que esse ataque na parte não Bt vai afetar minha produtividade e rentabilidade?

Se você seguir as recomendações do Manejo Integrado de Pragas (MIP), inclusive as dicas aqui citadas, aplicando somente quando necessário, a resposta dessa pergunta é não.

Aliás, diversos estudos de caso e científicos mostram cada vez mais que a produtividade e economia tendem a aumentar em áreas que seguem essas recomendações do MIP.

Como fazer o manejo nas áreas de soja Bt e não-Bt

Você pode aplicar inseticidas e outros métodos de controle nas áreas de refúgio.

Mas, antes de fazer qualquer aplicação de inseticida nas áreas de soja Bt e não-Bt é fundamental o monitoramento e amostragens dos insetos-praga para verificar se há a necessidade de alguma intervenção.

Monitore sua lavoura constantemente, sendo recomendado a frequência semanal. Anote os danos ou número de inseto que você encontrou em algum lugar e verificar o Nível de Controle (NC).

O NC é o nível de danos ou de insetos que ainda não estão prejudicando economicamente sua produção, mas que indica a necessidade de tomar alguma medida de controle dentro de pouco tempo, evitando o prejuízo econômico.

Os níveis de ação ou de controle das pragas podem ser verificados na figura abaixo.

3-inseticidas-nc

Níveis de ação para os principais lepidópteros-praga da soja
(Fonte: IRAC-BR)

No caso dos percevejos na soja, os níveis de ação são os mesmo e podem ser verificados no post “Percevejo marrom: 7 estratégias de controle na soja”.

Para facilitar os registros do seu monitoramento de pragas e verificação do NC, nós preparamos uma planilha de Excel que automatiza mais essas informações e te dá muito mais segurança.

Baixe sua planilha gratuita clicando na imagem abaixo!

5-monitoramento-pivo
Com o Aegro você tem seu monitoramento georreferenciado e ainda mais facilitado. Veja como aqui.

Dica de manejo antes da decisão de aplicar

A cultura da soja, diferente das demais, consegue compensar níveis de desfolhas sem que haja interferência na sua produtividade.

Na fase vegetativa ela tolera até 30% de desfolha e na fase reprodutiva até 15% sem que haja implicações na produção.

Sendo assim, faça o monitoramento de pragas e também verifique o nível de desfolha na cultura.

6-inseticidas-desfolha-soja

Escala de desfolha em folíolos de soja
(Fonte: NC Soybean)

Principais orientações sobre inseticidas para soja

Uma coisa que você deve estar ciente é que as pragas se diferenciam de local para local.

Ou seja, elas sofrem a influência da cultura anterior e das condições climáticas, entre outros, que poderão favorecer ou não determinado inseto-praga.

Portanto o “segredo” do manejo é amostrar os insetos, antes e durante o plantio, para saber o melhor inseticida a ser utilizado, e o momento correto.

Aqui vamos dividir as pragas e os principais tipos de inseticidas utilizados conforme o momento de ataque na cultura.

Antes disso, confira os grupos químicos e os principais inseticidas em cada um, entendendo melhor as dicas a seguir:

7-grupo-químico-inseticidas

(Fonte: IRAC)

Pragas iniciais e de solo

Considerado um dos períodos críticos da cultura, esse conjunto de pragas pode comprometer o número de plantas de soja/ha (estande).

Isso porque elas atacam a raiz, o colo da planta e seccionam o caule da planta, implicando em replantio.

As principais pragas nessa fase são:

Aqui pode-se fazer o controle químico com inseticidas do grupo químico dos carbamatos, organofosforados e piretroides no momento da dessecação da área para o plantio.

Após a dessecação da área, pode se fazer o tratamento de sementes com inseticidas do grupo químico dos fenilpirazóis, carbamatos, piretroides, neonicotinoides e diamidas conforme as pragas-alvo da área.

Pragas da parte aérea ou de folhas

Conforme mencionado anteriormente, a cultura da soja pode tolerar 30% de desfolha na fase vegetativa e 15% na fase reprodutiva.

Durante a fase vegetativa os principais grupos de pragas que atacam a cultura são os lepidópteros (lagartas), coleópteros (besouros) e hemípteros (mosca-branca).

Entre as lagartas, as principais espécies são Helicoverpa armigera e Chrysodeixis includens.

Com relação aos besouros, se destaca D. speciosa e Maecolaspis sp. Nas últimas 5 safras tem se verificado o intenso ataque de Bemisia tabaci biótipo B (mosca-branca).

8-inseticidas-mosca-branca

(Fonte: Mato Grosso Econômico)

Por serem espécies diferentes, com comportamentos distintos, os inseticidas aqui também deverão ser específicos para cada grupo de praga:

Lagartas

Ao atingirem o nível de controle, os principais inseticidas utilizados são representados pelos grupos químicos das benzoilfeniluréias, diamidas, diacilhidrazina, espinosina, oxadiazina e semicarbazone.

Além dos químicos, temos os inseticidas microbiológicos a base de vírus que podem ser utilizados para o controle de C. includens, H. armigera e Spodpotera spp.

Aqui cabe uma ressalva: não utilize inseticidas a base de B. thuringiensis nas áreas de soja Bt e nas áreas de refúgio.

O intuito é não aumentar a pressão de seleção das pragas-alvo da soja Bt e retardar o processo de evolução da resistência.

Vaquinha (fase adulta)

Com relação ao controle de D. speciosa na fase adulta, os principais inseticidas utilizados são do grupo químico dos piretroides e análogo ao pirazol.

Mosca-branca

Para B. tabaci os principais inseticidas são a base de diamidas, éter piridiloxipropílico, cetoenol, feniltioureia, o microbiológico a base de Beauveria bassiana e Tetranortriterpenóide (azadiractina).

Pragas das estruturas reprodutivas ou de vagens

Nessa fase os principais grupos de pragas são os lepidópteros e os percevejos pragas. No primeiro grupo tem destaque as espécies do complexo Spodoptera spp., S. frugiperda, S. eridania e S. cosmioides.

Por danificarem as vagens e os grãos, devem ser eficientemente controladas. Os principais inseticidas utilizados são os mesmos mencionados no item anterior para pragas de parte aérea.

Entre os percevejos-praga, as principais espécies são Euschistus heros, Piezodorus guildinii e Dichelops spp.

Atualmente esse grupo de pragas carece de novas moléculas inseticidas para o seu controle e está limitado basicamente a três principais grupos químicos, que são: neonicotinoides, piretróides e organofosforados.

Por isso, é importante pensar no manejo dos inimigos naturais e no uso de inseticidas naturais. Saiba mais sobre eles nestes artigos:

Como manejar os inimigos naturais de pragas agrícolas da sua área
6 Inseticidas naturais para você começar a usar na sua lavoura

Dicas para uma tecnologia de aplicação ainda melhor

Cada cultivar de soja possui uma arquitetura que favorece ou desfavorece a penetração dos inseticidas.

Assim, o sojicultor pode trabalhar com algumas estratégias de tecnologia de aplicação para maximizar o controle.

Dentre elas, se atente para:

  • Pontas de pulverização;
  • Taxa de aplicação (L/ha);
  • Pressão de serviço;
  • Assistência de ar na barra de pulverização;
  • Momento da aplicação: umidade do ar e temperatura devem ser observadas;
  • Estude o uso de adjuvantes ou surfactantes.

Uso de inseticidas seletivos e manejo da resistência

Priorize inseticidas seletivos na fase inicial da cultura para evitar o desequilíbrio biológico. Esse desequilíbrio prejudica ainda mais a infestação de pragas na sua lavoura.

Faça também o manejo da resistência de inseticidas intercalando grupos de inseticidas diferentes por janela da praga.

Atenção especial deverá ser dada às áreas de refúgio (soja não-Bt). Esteja ciente quanto ao número de aplicações permitidas por janela e o grupo químico do inseticida utilizado para não comprometer o MRI e efetividade da soja Bt.

Veja o quadro informativo abaixo:

9-inseticidas-janela-aplicação
Esquema de manejo de pragas da soja com inseticidas
( Fonte: IRAC-BR)

Os inseticidas se pagaram?

Você utilizou novos defensivos, alguns produtos biológicos, fez talhões com manejos diferentes… mas isso se pagou?

Só a partir dos registros corretos do que foi utilizado na sua área, e do quanto foi produzido, é possível saber se o manejo foi rentável.

Para isso, softwares de gestão agrícola facilitam esses registros e as análises provenientes dos mesmos. Veja o exemplo da rentabilidade de uma safra abaixo:

10-rentabilidade-custo-ganho-por-área
Exemplo de rentabilidade total e por talhão em uma safra. Saiba mais sobre o Aegro aqui.

Além disso, como citamos anteriormente, também temos a planilha de excel para o MIP na soja e milho gratuita que você pode baixar aqui!

Conclusão

Aqui vimos que os inseticidas estão entre as principais estratégias de manejo na cultura da soja. Mas, eles apenas deverão ser utilizados quando detectado o nível de controle da praga em questão.

Tenha em mente que a escolha de inseticidas seletivos é fundamental para preservar a comunidade de inimigos naturais e favorecer o controle biológico de pragas.

O manejo da resistência de insetos na soja Bt e não-Bt também deverá ser realizado para prolongar a vida útil e efetividade dessa ferramenta no MIP na cultura da soja.

Aproveite todas essas dicas e faça seus inseticidas, e todo seu manejo, se pagar!

Como você contabiliza a eficiência dos seus inseticidas hoje? Tem outras dicas que não citei aqui? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário aqui embaixo!

5 maneiras de controlar os nematoides na soja

Nematoides na soja: veja como reconhecê-los na sua lavoura e as 5 principais maneiras de controlá-los de forma eficiente.

YouTube video player

No Centro-Oeste brasileiro já foram relatadas perdas de até 80% da produtividade de soja devido aos nematoides.

Os nematoides podem causar perdas pequenas até a inviabilização de uma área em sua propriedade.

O maior desafio é correta identificação no campo, já que é facilmente confundida com deficiência de nutrientes e de água.

Depois, a grande questão é como manejar esse patógeno, o que nem sempre é simples.

Neste artigo veremos como é a identificação dos principais nematoides na soja e como fazer o seu controle de forma eficiente.

Os nematoides na soja: características gerais

Para o controle correto dos nematoides em qualquer cultura é necessário reconhecer esse problema em campo.

Por isso, vou repassar as condições favoráveis a esses patógenos, assim você já tem uma noção se pode ser esse o problema da sua lavoura.

Em geral, terrenos arenosos ou franco-arenosos são mais favoráveis aos nematoides. Bem como as áreas de baixo índice de matéria orgânica.

Isso porque é bem mais facilitado a movimentação e a migração deles no solo.

As temperaturas ideais são as acima de 28 °C e a umidade também os favorece.

A presença de nematoides causam sintomas de baixo vigor e pouco desenvolvimento da parte aérea, podendo ocorrer clorose das folhas.

Por afetarem o sistema radicular esses sintomas podem ser confundidos com deficiências nutricionais e estresse hídrico, uma vez que podem prejudicar a absorção de água e nutrientes.

nematoides na soja

Sintomas visuais causados por nematoides na soja
(Fonte: LSU Ag Center)

É importante saber também que a severidade do ataque dos nematoides depende muito da suscetibilidade da cultivar plantada, e da espécie e raça do nematoide presente na lavoura.

Agora que vimos as características gerais, vou detalhar os sintomas dos principais nematoides na cultura da soja:

Nematoide de Cisto da Soja – Heterodera glycines

As fêmeas adultas e cistos se alimentam das raízes e nódulos radiculares.

Por isso, os danos causados resultam em sintomas visíveis como estresse e deficiências nutricionais.

Assim, o crescimento da soja é atrofiado e as folhas ficam cloróticas, até ganhando o nome de “doença do nanismo amarelo”.

Com a presença desses nematoides é possível visualizar sintomas foliares confundidos com estresse hídrico ou deficiência nutricional.

Em geral, a cinco semanas após a semeadura, observam-se pontos de coloração branca e amarelada nas raízes.

Se você tiver uma lupa, pode observar nas raízes nematoides brancos ou marrons, com formato de minúsculos limões.

2-nematoides-na-soja

Cistos do nematoide nas raízes da soja
(Fonte: Santino Aleandro da Silva em Agro Rural News)

Nematoide das galhas – Meloidogyne spp.

A ocorrência dos sintomas do nematoide das galhas também são semelhantes com os outros nematoides. Assim, os sintomas são em reboleira, sendo que as folhas ficam amareladas e o crescimento da planta é atrofiado.

O ciclo completo de vida do nematoide das galhas se dá em 37 dias. Os jovens penetram nos ápices radiculares e iniciam o desenvolvimento de células gigantes nos tecidos da raiz (as galhas).

Por isso, a diferença dos sintomas é no sistema radicular, onde se desenvolvem as galhas. Elas prejudicam o transporte de água e nutrientes, causando os danos que comentei.

3-nematoides-na-soja

(Fonte: Phytus Club)

Lesões radiculares – Pratylenchus brachyurus

Esse nematoide está bem presente em culturas de gramíneas também. Eles são favorecidos em áreas com solos mais arenosos.

O sistema radicular da soja parasitada se apresenta totalmente escurecido e as raízes finas ficam curtas.

4-nematoides-na-soja

(Fonte: Phytus Club)

Reniforme – Rotylenchulus reniformis

Os sintomas são muito parecidos com aqueles causados por outros tipos de nematoides, se assemelhando com problemas de deficiência nutricional.

Eles ocorrem em qualquer textura de solo, fazendo com que o sistema radicular se apresenta de forma mais “fraca”, mas sem formação de galhas.

A característica principal para a identificação é a massa de ovos sobre a superfície das radicelas (raízes finas).

5-nematoides-na-soja

Rotylenchulus reniformis em raízes
(Fonte:Jonathan D. Eisenback, Virginia Polytechnic Institute and State University em  CABI)

Baixe aqui a planilha gratuita para estimar sua produtividade de soja!

5 maneiras de controlar os nematoides na soja

Com certeza o manejo mais eficiente aos nematoides será os realizados na entressafra e no plantio.

Os desafios técnicos são grandes porque após o sua presença e estabelecimento na lavoura, a única saída é regredir e estabilizar a sua população, pois dificilmente eles serão eliminados.

Com isso as práticas culturais, continuam sendo as principais atividades para o controle.

Como veremos a seguir, essas práticas envolvem a rotação, sucessão de culturas e até mesmo consórcio com plantas não hospedeiras.

Mas uma prática isolada não é a solução.

A melhor opção é o uso associado de diferentes estratégias de controle, consolidando um manejo integrado.

Por isso agora vamos conhecer as 5 principais maneiras de controlar os nematoides na soja, assim você poderá selecionar as que fazem mais sentido na sua fazenda.

1. Controle Biológico de nematoides

Já foram identificados mais de 200 diferentes organismos que são inimigos naturais dos fitonematoides.

Estes microrganismos são encontrados normalmente no solo, parasitando ovos e cistos, ou predando nematoides juvenis e adultos.

Mas, pensar em uso de microrganismos para o controle de nematoides, devemos ter em mente que esses terão que aguentar as altas temperaturas de solo na semeadura.

Assim, se atente para a temperatura no plantio nesse método de controle.

Entre os microrganismos com efeito nematicida comprovado estão Paecilomyces lilacinus, Trichoderma harzianu, Arthrobotrys oligospora, Arthrobotrys musiformis, assim como algumas rizobactérias.

A seguir confira os principais para o controle na soja:

Paecilomyces lilacinus

É um fungo que afeta a capacidade reprodutiva dos nematoides.

Através do parasitismo dos ovos, ele penetra e destrói o embrião, ou atacando as fêmeas sedentárias, que são colonizadas e mortas.

Sua capacidade é de promover a redução de 60% na penetração do nematoide na fase de estabelecimento da cultura.

E existem produtos comerciais como o Nemat da Ballagro.

Trichoderma harzianum

É um fungo que através de várias estratégias combate o nematoide das lesões radiculares Pratylenchus spp.

Pochonia chlamydosporia

Esse fungo que parasita e mata ovos e fêmeas de nematoides.

E existem produtos comerciais no mercado, como o Rizotec, desenvolvido através do trabalho colaborativo entre a Universidade Federal de Viçosa e o Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (Bioagro).

Bacillus amiloliquefaciens

Essa bactéria age de duas maneiras principais sobre os nematoides.

Quando aplicada em tratamento de semente ou em sulco de plantio, o seu estabelecimento no solo promove colonização do sistema radicular da planta, alimentando-se dos exsudatos radiculares.

Com isso, os nematoides não conseguem reconhecer os exsudatos radiculares, inibindo assim a penetração dos nematoides nas raízes

Já o mecanismo de produção de produção natural de antibióticos e toxinas, há a morte do embrião de nematoide dos ovos presentes próximos ao sistema radicular.

Existem produtos comerciais no mercado com o NemaControl, recomendado para o controle de Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões radiculares)

Além desses, tratamentos bacterianos de solos e de sementes com biopesticidas contendo Pseudomonas fluorescens, Pasteuria penetrans, Bacillus subtilis, B. methylotrophicus e o B. pumilis que controlam o nematoide dos cistos, também têm sido eficientes.

2. Cultivares resistentes

Plantas são definidas como resistentes a fitonematoides quando previnem, ou restringem marcantemente, a reprodução deles.

E existem no mercado algumas cultivares de soja e milho já resistentes a nematoides.

Sempre bom lembrar da importância de considerar realmente o posicionamento técnico recomendado pela empresa que você adquiriu.

3. Rotação de culturas

Essa é uma das principais práticas e que realmente faz a diferença.

Você pode inserir plantas não hospedeiras, que possuem a resistência passiva, ou também chamada de pré-infeccional.

Essa é uma característica inerente às plantas, ocorrendo independentemente do parasitismo pelos nematoides..

Isso ocorre devido à presença nessas plantas de substâncias repelentes ou tóxicas aos nematoides.

Nesse sentido, temos as crotalárias, girassol, sorgo, e os milhetos resistentes  como ADR 300 ou ADR 8010.

Além disso, a rotação de cultura contribui na melhora das condições físicas, químicas e biológicas do solo, sendo que também quebra o ciclo de pragas e doenças.

4. Tratamento de sementes

O tratamento de sementes é um método complementar no manejo dos nematoides na soja.

Isso porque eles combatem esses patógenos nas primeiras semanas após o plantio, e não na safra toda. No entanto, plantas melhor formadas conseguem resistir mais aos futuros ataques de nematoides.

Além disso, essa primeiras semanas são fundamentais para a definição de produtividade e as plantas conseguem resistir mais aos futuros ataques de nematoides.

Ademais, a quantidade reduzida de nematicida utilizado na semente resulta em maior sustentabilidade e segurança no sistema de produção agrícola.

Os defensivos agrícolas mais utilizados são os à base de abamectina e de tiodicarbe.

6-nematoides-na-soja

À esquerda lavoura com tratamento de sementes com nematicidas, à esquerda sem tratamento de sementes
(Fonte: Ag Update)

5. Controle químico

Aplicados em sulco ou em pulverização terrestre. Porém, sempre considere uma abordagem integrada dos métodos de controle e não só o químico.

Medidas preventivas para combater os nematoides na soja

Algumas medidas de prevenção são fundamentais para o manejo adequado dos nematoides na soja:

  • Cultivares de soja de alta produtividade e resistentes;
  • Monitoramento da lavoura antes do plantio, amostragem de solo;
  • Rotação de culturas como já comentado;
  • Culturas de adubos verdes ou de cobertura (ex: trevo), como hospedeiros alternativos, para atrair nematoides para longe das plantas de soja;
  • Eliminação das plantas daninhas, pois estas podem contribuir no aumento da população de nematoides;
  • Limpeza de equipamentos para não disseminar os patógenos.

Você pode ver mais artigos sobre doenças da soja aqui:
>>6 Dicas para combater de vez a ferrugem asiática da soja
>>9 curiosidades que você não sabe sobre ferrugem-asiática da soja e como combatê-la
>>O Combate às ferrugens: Controle essas doenças nas culturas do milho e soja

Conclusão

Na disciplina de fitopatologia, existia a ideia de que as melhores respostas na prova seria sempre a rotação de cultura e cultivar resistente.

E realmente essa é uma dobradinha que dá resultado. E, por isso, realmente deveria ser um mantra nas lavouras.

Mas, existem mais práticas que contribuem significativamente para combater os nematoides na soja, especialmente a integração delas.

Aqui, vimos as principais maneiras de controle para que você escolha as melhores dentro da realidade da sua fazenda e consiga um manejo efetivo!

>>Leia mais:

Nematoides na cana-de-açúcar: como reconhecer e manejar

Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência e alternativas de controle

Como você faz o controle de nematoides na soja da sua propriedade? Tem mais dicas sobre esse manejo? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Soja RR: tire suas dúvidas e consiga melhores resultados

Soja RR: saiba sua história, como é feita, como funciona e as principais dicas para tirar o máximo proveito de sua lavoura de soja.

Das lavouras de soja brasileiras, 96,5% é transgênica, sendo a maior parte com resistência a herbicidas.

Dentre elas, a tecnologia Roundup Ready (RR) é a mais adotada, conferindo resistência ao glifosato.

Apesar de tão empregadas, é normal ter algumas dúvidas sobre essas tecnologias.

Aqui vamos discutir suas principais informações, como surgiu, como funciona e as melhores maneiras de aproveitar essa tecnologia em campo.

História da soja RR (Roundup Ready)

A história do melhoramento de plantas começou com a domesticação das mesmas há mais de 10 000 anos.

Esse melhoramento era feito pela simples seleção das melhores plantas da área para a alimentação humana ou animal.

Com o desenvolvimento e evolução da tecnologia o melhoramento das plantas começou a ser feito também pela transformação genética.

Dessa forma hoje nós conseguimos ter uma planta resistente a insetos e herbicidas, como a soja RR ou Bt. Conseguimos também aumentar a produtividade de soja, obter culturas mais tolerantes à seca, e outros.

Assim, há 20 anos os transgênicos foram aprovados no Brasil.

A primeira soja transgênica foi desenvolvida nos Estados Unidos em 1995, era justamente a semente de soja tolerante ao glifosato (Roundup Ready ou RR).

Dois anos depois, em 1997, a soja RR foi aprovada na Argentina e em 1998 foi aprovada no Brasil.

Porém, enquanto Estados Unidos e países vizinhos já possuíam a legalização da soja RR há alguns anos, no Brasil ela só foi legalmente cultivada em 2005.

Desde então, o manejo de ervas daninhas na cultura ficou mais fácil e barato pelo uso da soja RR, resultando em intensa adoção dessa tecnologia.

Em trabalho realizado por Duarte (2009), foi pesquisado os principais motivos pelos quais os produtores adotaram o uso dos transgênicos.

planilha de produtividade da soja

Entenda o que são transgênicos

Transgênicos são organismos geneticamente modificados (OGM), que através do uso da biotecnologia recebem um gene de outro organismo.

Dentre todas as culturas com eventos transgênicos, a cultura de soja é a mais conhecida e plantada.

Mas muitas outras culturas, como algodão, milho, feijão, eucalipto e cana-de-açúcar possuem eventos transgênicos aprovados no Brasil.

E não é só na agricultura que os transgênicos estão presentes.

No Brasil existem 144 aprovações de eventos transgênicos, o que inclui plantas, vacinas, insetos, microrganismos e medicamentos.

No entanto agricultura corresponde a uma grande e importante parte dos transgênicos no país, já que O Brasil é o segundo país com maior área de cultivo desses organismos, com 50,2 mil hectares.

Desse total de área cultivada com transgênicos, 67% são de soja, 31% de milho e 2% com algodão.

Embora tenha discussões sobre os transgênicos, temos que admitir que essa tecnologia na agricultura proporciona inúmeros benefícios:

Como funciona a soja Roundup Ready (RR)?

Conforme vimos acima, podemos definir a soja geneticamente modificada como aquela  que teve seu código alterado pela inserção de um gene de um outro organismo.

Essa modificação genética tem como objetivo introduzir características que a soja convencional não tem.

Mas eu não conseguiria introduzir essas características sem a ajuda da transgenia?

A resposta é sim, entretanto o melhoramento genético pode levar anos para selecionar e conseguir transferir essa característica.

A soja RR possui um evento transgênico que confere tolerância ao herbicida glifosato, tecnologia a qual foi desenvolvida pela Monsanto.

O glifosato é um herbicida pós-emergente, não seletivo, de amplo espectro de controle de plantas daninhas, com ação sistêmica.

Esse produto é absorvido pelas folhas e translocado pelo floema, impedindo a formação dos  aminoácidos: fenilalanina, tirosina e triptofano.

No caso da soja RR, o gene que confere a tolerância ao herbicida glifosato é conhecido por cp4-epsps;

Esse gene foi isolado de uma bactéria chamada Agrobacterium spp. Assim, segmentos do DNA dessa bactéria são introduzidas nas plantas de soja, dando origem à soja RR.

Adoção da soja RR e suas consequências

O produtor brasileiro adotou muito rápido e extensivamente a soja RR, o que se deve especialmente pela facilidade do manejo que ela proporciona.

Como o glifosato é um herbicida com boa eficiência de controle e barato, é normal “se acomodar” a esse sistema.

No entanto, isso essas aplicações repetidas do mesmo produto vão selecionando as plantas que não morrem. Com isso, ao longo dos anos você terá uma área cheia de plantas daninhas que desenvolveram resistência ao glifosato, além de prejudicar o meio ambiente.

Você pode ver mais sobre a resistência a herbicidas aqui: “9 Fatos primordiais para o manejo de plantas daninhas resistentes ao glifosato”.

Eventos transgênicos aprovados para soja no Brasil

Abaixo você pode conferir todos os tipos de transgênicos aprovados para a cultura da soja no Brasil:

  • Tolerante ao herbicida glifosato;
  • Tolerante aos herbicidas do grupo químico das imidazolinonas;
  • Tolerante ao herbicida glufosinato;
  • Resistente aos insetos da ordem Lepidóptera (lagartas) e tolerante ao herbicida glifosato;
  • Tolerante aos herbicidas à base de ácido diclorofenoxiacético (2,4-D) e ao glufosinato de amônio;
  • Tolerante aos herbicidas glifosato e de isoxaflutole;
  • Tolerante aos herbicidas glifosato, glufosinato e isoxaflutole;
  • Resistente a insetos da ordem Lepidóptera e tolerante ao herbicida glufosinato;
  • Resistente a insetos da ordem Lepidóptera (lagartas) e tolerante ao herbicida glufosinato;
  • Tolerante ao herbicida dicamba;
  • Tolerante aos herbicidas dicamba e glifosato;
  • Resistente a insetos da ordem Lepidóptera (lagartas);
  • Resistente a insetos e tolerante aos herbicidas 2,4-D, glifosato e glufosinato;
  • Resistente a Insetos e tolerante aos herbicidas glifosato e dicamba;
  • Soja com perfil de ácidos graxos modificado e tolerante a glifosato;
  • Soja com perfil de ácidos graxos modificado;
  • Resistente a insetos e tolerante aos herbicidas 2,4-D, glifosato e glufosinato.

Além disso, em 2017 foram aprovados vários eventos transgênicos de diversas culturas, veja abaixo:

9-Soja-RR

As empresas têm um grande portfólio de cultivares de soja, com diversas transgenias. Veja o da Embrapa Soja aqui.

Para conferir quais variedades estão sendo comercializadas e entender se são recomendadas para sua área, veja este artigo: “Como escolher as melhores cultivares de soja para sua lavoura”

Soja Bt

A soja resistente a insetos é conhecida por Bt. Isso porque o gene que confere esta característica vem da bactéria Bacillus thuringiensis;

A  soja Bt é eficaz contra alguns dos insetos-praga que atacam as lavouras como:

  • Lagartas desfolhadoras: lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) e a falsa-medideira (Chrysodeixis includens);
  • Lagartas das vagens: lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens) e as lagartas do gênero Helicoverpa;
  • Broca-das-axilas ou dos-ponteiros (Epinotia aporema);
  • Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus).

No entanto, há relatos de perda da tecnologia Bt por resistências dos insetos. Isso se deve ao uso indevido desse tipo de transgênico.

10-Soja-RR

10 Dicas para usar soja RR e outros transgênicos envolvendo herbicidas

1. O manejo integrado de plantas daninhas sempre deve ser priorizado;

2. Manejo adequado ajudam a preservar a eficácia e o valor da semente de soja tolerante, além de auxiliar na prevenção de plantas daninhas resistentes;

3. Limite o número de aplicações de um único defensivo agrícola, herbicidas da mesma família ou modo de ação dentro de uma única safra;

4. Nesse sentido, mesmo utilizando a soja resistente  ao glifosato, você pode e deve utilizar herbicidas de outros ingredientes ativos e mecanismos de ação;

5. Leia a bula, aplique apenas produtos registrados para a cultura, na dose correta recomendada e no estágio adequado, seja de desenvolvimento da planta daninha como da cultura;

6. Observe na bula fatores importantes para tecnologia da aplicação: pressão, vazão adequada, condições ambientais no momento da aplicação (temperatura do ar, umidade relativa do ar e vento), volume de calda, tipos de pontas;

7. Além de herbicidas você deve fazer a rotação de culturas;

8. Pratique o manejo preventivo através da limpeza de máquinas e implementos agrícolas;

9. Monitore a lavoura para detectar escapes de plantas daninhas ou novas germinações;

10. Faça o manejo da entressafra, não deixando sua área muito tempo em pousio, com uso de adubação verde ou culturas de cobertura.

Conclusão

Os transgênicos foram amplamente adotados no Brasil. A soja está entre as principais culturas com transgênicos, com a maior parte dos eventos voltados para a tolerância aos herbicidas e insetos.

Aqui vimos as principais informações sobre os transgênicos, especialmente sobre a soja RR.

Apesar de seus inúmeros benefícios, precisamos de alguns cuidados ao utilizar os transgênicos, sendo que aqui vimos as principais dicas nesse sentido.

Dessa forma, sabendo de tudo isso, tire o máximo proveito das plantas de soja, sendo elas transgênicas ou não.

Gostou do texto? Tem mais informações, opiniões ou sugestões sobre soja RR ou outra transgênica? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Percevejo marrom: 7 estratégias de controle na soja

Percevejo marrom: conheça quais são as melhores estratégias de controle, incluindo os principais inseticidas, controle biológico, época de aplicação e outros.

O percevejo marrom da soja, Euschistus heros, é um grande desafio no manejo de pragas na cultura da soja.

Ao atacar as vagens de soja o percevejo afeta diretamente a produtividade e a sanidade do produto final.

Estima-se que na colheita os grãos atacados apresentam peso 40% inferior ao sadios implicando em perdas de até 10 sacas de soja por hectare.

Devido a limitação de ferramentas de manejo efetivas, essa praga tem tirado nosso sono safra após safra.

Por isso aqui vamos ver quais são as principais estratégias de controle para que você escolhas as que mais se enquadrem a sua realidade.

1ª Saiba qual o período de maior ataque do percevejo marrom na soja

Como próprio nome diz, esse inseto possui coloração marrom e mede cerca de 11 mm de comprimento.

Durante o inverno, o percevejo marrom pode entrar em diapausa. Ou seja, há redução do desenvolvimento do percevejo devido as baixas temperaturas.

Nesses períodos ele sobrevive nas palhadas/restos culturais, ou migra para áreas de refúgio e de mata.

percevejo marrom

Atividade alimentar do percevejo marrom na safra e entressafra da cultura da soja

(Fonte: Fundação MS)

Normalmente fêmeas ovipositam nas folhas ou vagens em formato de massas ou fileiras com 5 a 7 ovos de cor amarelada.

Ao eclodir, as ninfas de 1° instar (1° estágio) ficam juntas sobre os ovos.

No 2° instar já iniciam o processo de alimentação, mas os danos são insignificantes. No entanto, no 3° instar os prejuízos da alimentação se tornam significativos.

2-percevejo-marrom

Percevejo marrom Euschistus heros adulto (a), ovos (b), ninfas de primeiro (c) e quinto ínstar (d)

(Fonte: Embrapa)

3-percevejo-marrom

Ciclo de desenvolvimento do percevejo marrom, Euschistus heros
(Fonte: Cividanes)

Assim, o período de ataque que causa maiores prejuízos é de R3 até R7 na cultura da soja, quando devemos realizar amostragens e tomar as medidas de controle necessárias.

Ainda, é bom lembrar que uma das plantas daninhas maiores hospedeiras do percevejo é o capim-rabo-de-burro. Portanto, ao notar a presença dessa planta na lavoura, você deve ficar de olho também na possível presença dos percevejos.

2ª Reconheça os danos do percevejo marrom

Em fase inicial de cultivo, ataques podem levar ao abortamento de vagens e implicar no retardamento da maturação dos grãos.

É comum observar a planta com retenção foliar e hastes verdes, distúrbio fisiológico denominada de Soja Louca I.

Já ataques no seu período mais suscetível (R3- 7), o percevejo marrom da soja ataca as vagens e reduz o peso e tamanho de grãos (g). Os grãos também ficam enrugados e chochos, apresentando coloração arroxeada a enegrecida.

4-percevejo-marrom

Danos nos grãos ocasionados pela alimentação do percevejo marrom da soja
(Fonte: Bayer)

Dessa forma, em lavouras para a obtenção de sementes, as mesmas se tornam inviáveis para tal devido ao seu baixo vigor.

Também pode haver danos na qualidade ou danos invisíveis ao produtor, os quais são alterações nos teores de proteína e de óleo no grão.

Por isso, após a venda da produção, penalidades financeiras poderão vir a acontecer por parte da indústria devido aos grãos escurecidos ou sujos, que dificultam o beneficiamento e produção de óleo.

3ª Utilize inseticidas apenas ao atingir o Nível de Controle (NC)

Embora o percevejo marrom se faça presente na área desde o período vegetativo da cultura, é no período reprodutivo que ocorrem os prejuízos.

O estágio fenológico de maior suscetibilidade ocorre no início do desenvolvimento das vagens – R3 (fase de “canivetinho”) e vai até a maturação fisiológica da planta – R7.

5-percevejo-marrom

Nível de controle para o percevejo marrom da soja pelo monitoramento por exame de plantas
(Fonte: Embrapa)

Para estimar a população do percevejo marrom na cultura da soja você pode usar o método de exame de plantas (como mostra figura acima). Mas o método mais eficaz continua sendo o pano de batida.

Recomenda-se iniciar as amostragens semanalmente nos períodos mais frescos do dia.

O controle deve ser realizado atingir a média de 2 percevejos por pano-de-batida para produção de grãos e 1 percevejo por pano-de-batida em áreas destinadas a produção de sementes.

6-percevejo-marrom

Com o Aegro você tem todos os dados de monitoramento de pragas agrícolas organizados, seguros e fáceis de serem visualizados.

Aqui disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP: saiba qual o Nível de Controle de cada praga e quando você deve aplicar, mantendo tudo organizado. Clique na figura a seguir para baixar!

4ª Inseticidas para percevejo marrom

Entre as estratégias de controle do Manejo Integrado de Pragas, o controle químico por meio da pulverização de inseticidas tem sido a mais efetiva.

Infelizmente os produtos comerciais destinados ao controle do percevejo marrom se limitam basicamente a 3 grupos químicos: Organofosforado, Piretróide e Neonicotinóide.

Atualmente existem no portal Agrofit do Mapa 47 produtos registrados.

Já foi levantada a hipótese de casos de resistência do percevejo marrom ou perda da eficiência das moléculas existentes no mercado, mas nada ainda foi confirmado em campo.

Um projeto entre IRAC e PROMIP estudou as principais substâncias utilizadas no controle e que tiveram suspeita de perda de eficiência. O resultado foi de que esses produtos não perderam eficiência sobre o percevejo marrom, sendo eles:

  • Acefato;
  • Tiametoxam;
  • Imidacloprid;
  • Lambda-cialotrina;
  • Beta-ciflutrina;
  • Imidacloprid + beta-ciflutrina.

Além disso, em trabalho realizado pelo pesquisador Edmar Tuelher e colaboradores foi mapeado o risco da falha de controle do percevejo marrom em Goiás.

Também foi concluído que os produtos ainda apresentavam a eficiência mínima recomendada pelo Mapa de 80%.

Apenas foi verificada falha de controle para a beta-ciflutrina no sudoeste de Goiás e para o imidaclopride no nordeste do estado.

5ª Não promova a resistência do percevejo marrom aos inseticidas na sua área

As suspeitas de resistência na maioria das vezes são falhas na aplicação ou pulverizações em momentos inadequados, como aplicações tardias.

Mesmo assim é necessário prevenir a resistência para que os produtos continuem a ter eficiência de controle.

Para isso, tenho algumas dicas:

  • Invista em tecnologia de aplicação: barra, bicos e vazão adequada;
  • Pulverizar no momento de maior atividade da praga, normalmente nos meses mais quentes;
  • Evitar “aplicações caronas” junto aos fungicidas para o controle da ferrugem asiática. Essas aplicações são feitas em intervalos de até 21 dias, o que pode ser inapropriado ao controle do percevejo marrom;
  • Ainda nesse sentido, sempre utilize o monitoramento o Nível de Controle para direcionar suas pulverizações.

6ª Inclua o controle biológico no seu manejo

Ressalta-se que, além da eficiência dos inseticidas é importante priorizar aqueles seletivos a inimigos naturais.

Inúmeros inimigos naturais são encontrados nas lavouras de soja. Eles contribuem na redução populacional do percevejo marrom, sendo os parasitoides de ovos os mais importantes.

Destacam-se as espécies Trissolcus basalis e Telenomus podisi que atacam os ovos do percevejo marrom da soja. Já foram relatadas taxas de parasitismo de 60% para T. basalis e 80% para T. podisi.

8-percevejo-marrom

Parasitoides em ovos de percevejo
(Fonte: BUG/Koppert em Veja)

No decorrer da safra, os índices de parasitismo em ovos variam de 30 a 70%, sendo E. heros, o mais parasitado, especialmente por T. podisi.

Além de parasitoides de ovos, o parasitoide de ninfas e adultos do percevejo marrom Hexacladia smithii tem mostrado taxas de parasitismos de até 14%.

Dessa maneira, a escolha de inseticidas seletivos permite a sobrevivência desses inimigos naturais na área. Somados a eficiência dos inseticidas, eles maximizam as chances de sucesso no controle do percevejo marrom da soja.

>> Leia mais: “Todas as formas de controle para se livrar do percevejo-castanho” 

7ª Conheça e faça controles alternativos

Outras estratégias de controle também podem ser utilizadas e associadas aos métodos químico e biológico.

Uma das alternativas, é o uso de cultivares precoces associado à manipulação da época de semeadura. Também pense sobre o uso de plantas armadilhas.

Além disso, algumas novidades relacionadas ao manejo devem ser introduzidas no mercado em breve em forma de pacote tecnológico.

São elas a soja tolerante ao percevejo, até 4 percevejos/metro linear sem afetar sua produtividade e a armadilha iscada como feromônio sexual que auxiliará no monitoramento populacional da praga.

>> Leia mais: “Como fazer o manejo eficiente da mosca-branca

Conclusão

Apesar das dificuldades no controle do percevejo marrom, o monitoramento da praga para acertar o momento de aplicação maximiza as chances da efetividade do controle químico.

Ao lado desse, outras estratégias como medidas culturais e biológicas contribuem para minimizar o impacto do ataque de percevejos na cultura da soja.

Assim, utilize todas essas estratégias e informações para melhorar seu manejo e combater eficientemente o percevejo marrom!

Como você faz hoje o manejo do percevejo marrom? Restou alguma dúvida? Tem outra estratégia que não citei aqui? Deixe seu comentário abaixo!

Controle biológico das lagartas da soja

Controle biológico da lagarta da soja: Conheça os principais produtos, como funciona esse tipo de controle e fique livre do prejuízo causado pelas lagartas.

Mesmo após a aplicação de inseticidas nós podemos ver as folhas de soja recortadas pelas lagartas.

Isso pode resultar em grande perda de área foliar, de produtividade e até mesmo obrigar o replantio como aconteceu na safra 2016/17.

Nesse momento achamos que não tem jeito: todas aquelas lagartas não vão sair da lavoura.

Mas existe saída para se livrar desses insetos, e ela envolve o controle biológico.

Veja como esse tipo de controle funciona e como implementá-lo na sua fazenda para um manejo eficaz das lagartas.

Os tipos de controle biológico da lagarta da soja ou de outras culturas

O princípio de qualquer controle é interromper o ciclo de vida de lagartas pragas da soja ou de outra cultura.

No controle biológico há duas formas de controles principais promovidas, que são:

  • Parasitismo: associação entre seres vivos no qual apenas um se beneficia, ou seja, um é o parasita agente agressor e o hospedeiro;
  • Predação: aqui a relação entre dois seres vivos no qual um é uma presa e o outro predador;

Além disso, os produtos de controle biológico podem ser de origem:

  • Microbiológicos, como bactérias, fungos e vírus;
  • Macrobiológicos, como parasitóides e predadores.

O primeiro passo para o controle biológico da lagarta da soja é a identificação

Sei que você já conhece elas, mas na prática às vezes muitas dúvidas surgem para identificarmos quem é quem.

E essa correta identificação é essencial para o manejo, mas é ainda mais no controle biológico da lagarta da soja.

Isso porque os produtos biológicos são mais seletivos, controlando mais especificamente cada inseto.

Assim, para te ajudar vamos conferir as principais características dessas lagartas.

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

1-controle-biológico-da-lagarta-da-soja-Anticarsia-gemmatalis

(Fonte: Insect Images)

Sua coloração é verde, com estrias brancas na parte superior. Em casos de grandes populações na área, ou seja, em certa escassez de alimento, sua coloração pode se tornar mais escura.

É a desfolhadora mais comum na cultura da soja, sendo encontradas geralmente nas partes inferiores das folhas se protegendo.

Possui como hábito alimentar as partes centrais das folhas, mas deixando as nervuras intactas.

Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens e Rechiplusia nu)

2-controle-biológico-da-lagarta-da-soja-Chrysodeixis-includens

Lagarta Chrysodeixis includens, uma das espécies chamadas “lagarta falsa-medideira
(Fonte: Insect Images)

Sua coloração é verde-clara, com pontos pretos e linhas esbranquiçadas no dorso.

Possui como características se movimentar como se estivessem “medindo palmos”.

E o hábito de se proteger na face inferior das folhas, dificultando a sua detecção no início do ciclo de vida.

Se alimenta da região central das folhas, conforme o desenvolvimento da cultura elas se alimentam de folhas mais velhas ou do baixeiro.

Esse hábito de ficar no terço-inferior da cultura, desafia o seu controle, principalmente no momento em que as linhas da cultura já estão fechadas.

Além de causar desfolhas, também atacam flores, gerando abortamento das mesmas. O abortamento resulta em perdas de produtividade para além de diminuição do processo fotossintético.

>> Leia mais: “As 4 principais pragas no plantio da soja e como combatê-las

Broca das axilas (Crocidosema aporema)

3-Controle-biológico-das-lagartas-da-soja-Crocidosema-aporema

(Fonte: Insect Images)

Sua coloração é branco esverdeada com a cabeça preta. Nos últimos instares de desenvolvimento, se torna bege-amarelada com a cabeça marrom.

Realizam seu ataque na extremidades das folhas, se agrupando como fios de seda.

Também realizando o ataque através da penetração no caule da cultura, bloqueando o fluxo de seiva para as folhas, comprometendo o desenvolvimento da planta.

Mais ao final do ciclo podem ficar escondidas nas flores e vagens, dificultando o seu monitoramento.

Lagarta militar ou lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

4-controle-biológico-das-lagartas-da-soja-spodoptera-frugiperda

(Fonte: Insect Image)

Sua coloração varia entre cinza-escuro, verde, marrom e preta.

A lagarta apresenta também uma faixa com pontos pretos e três linhas branco-amareladas e na cabeça um desenho de “Y” invertido, características que facilitam sua identificação.

E como característica forte para identificar a lagarta é a grande quantidade de excrementos (fezes) na folha.

Além de que, só se encontra uma lagarta por planta, pois essa espécie pratica canibalismo.

Sua mariposa possuem hábitos noturnos, com asas anteriores pardo-escuras e posteriores branco-acinzentadas.

Ela realiza ataque na cultura desde a emergência (cortando as plântulas) até as fases vegetativa e reprodutiva (raspando as folhas e desfolhando).

Os principais produtos para controle biológico da lagarta da soja

Baculovírus

O baculovírus promove a mortalidade de lagartas.

Ele é conhecido a um bom tempo, principalmente no sul do brasil. Seu uso é muito frequente na cultura da soja.

Ele pode promover o controle de até 95% das lagartas até 1 cm.

Recentemente, foi lançado no mercado o Cartucho CartuchoVIT, a base de baculovírus spodoptera. O produto é recomendado para o controle da Spodoptera frugiperda.

As vantagens são a baixa necessidade de entrada e um formulado de fácil aplicação. Além disso, o baculovírus pode ser fabricado na sua própria fazenda.

Veja aqui a bula aqui.

Bacillus thuringiensis

A tecnologia Bt é uma das principais para o controle biológico da lagarta da soja ou de outras culturas.

Conhecida pelas culturas Bt, onde os genes que produzem as proteínas tóxicas às lagartas são incorporadas às plantas de soja.

Se a tua cultivar não tiver essa tecnologia, você pode entrar com o bioinseticida a base de Bt.

Quando a lagarta ingere um folha que foi “inoculada” com a bactéria Bt, ela entra no organismo da lagarta.

Com isso, ela promove a produção de proteínas, sendo que a mais conhecida é a Cry, a qual leva a morte das lagartas.

Além de, produtos comerciais registrados de alta qualidade no mercado, a Embrapa tem promovido formações de capacitações para a produção agrícola.

5-controle-biológico-da-lagarta-da-soja-BT

(Fonte: Apresentação Promip Curso de Controle Biológico em Embrapa Clima Temperado)

Trichogramma pretiosum

Esse inseto é uma mini vespa que pode controlar lagartas ainda na fase de ovo, evitando e reduzindo os danos na lavoura.

Seus ovos são distribuídos na quantidade de cerca de 100 mil ovos por hectare previamente parasitados, que após eclodidos irão colonizar os ovos de lagartas.

Assim, o controle é através do parasitismo, pois ele localiza o alvo enquanto um produto convencional tem que atingir o alvo.

O Trichogramma também tem ação sobre as principais lagartas da soja como a Spodoptera frugiperda, a Falsa-medideira, Helicoverpa spp. e a Anticarsia gemmatalis.

A frequência de aplicação é de cerca de duas a três em um intervalo de dez dias.

A entrada na cultura da soja é recomendada em R1 a R2, pré-fechamento de linhas, cerca de 5 a 7 dias após a aplicação para ferrugem.

6-controle-biológico-da-lagarta-da-soja-trichogramma

(Fonte: Apresentação Promip Curso de Controle Biológico em Embrapa Clima Temperado)

Beauveria bassiana

É um fungo, nos quais os esporos entram em contato com as lagartas germinando e crescendo diretamente através da cutícula para o interior do corpo do hospedeiro.

Assim, o fungo prolifera por toda lagarta, produzindo toxinas e utilizando seus nutrientes.

Algumas pesquisas já foram feitas no Brasil sobre o fungo no combate a S. frugiperda, veja duas delas aqui e aqui.

Ao contrário da bactéria Bacillus thuringiensis, esse fungo não precisa ser ingerido para combater as pragas.

Manejo Integrado de Pragas

O controle biológico da lagarta da soja faz parte do MIP. Pode até parecer que esse é só mais um termo que temos repetido bastante nos textos.

Mas o objetivo é trazer informações válidas e que te ajudem nos manejos. Por isso, sempre vale focar no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Ele tem como base três fatores, que são: o nível de controle, o monitoramento, e o nível de dano econômico.

Com isto você controla bem melhor as entradas com inseticidas, evitando aumento de resistências e promovendo naturalmente os inimigos naturais de pragas agrícolas.

Talvez não em níveis que por si só façam o controle das lagartas, mas ajuda no controle das infestações. É também um sinal muito positivo de que o agroecossistema está entrando em equilíbrio.

Além disso, pense no MIP como um método de prevenção da com resistência de defensivos agrícolas. Por isso, sempre recomendo seguir os passos que o IRAC orienta:

  • Siga os dados existentes nas instruções de uso de cada produto;
  • Consulte os rótulo para conhecer melhor o modo de ação de cada produto, e pode ser ainda mais facilitado pela consulta deles no site do IRAC;
  • Alternar os mecanismos de ação, não faça aplicação de mesmo mecanismos de ação de forma seguida;
  • Planeje as janelas de aplicações da tua lavoura.

Aqui disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP: saiba qual o Nível de Controle de cada praga e quando você deve aplicar, mantendo tudo organizado. Clique na figura a seguir para baixar!

E para as janelas de aplicações, a recomendação é que não ultrapasse 30 dias. De modo geral, esse é o tempo de geração de um inseto-praga. Nesta janela considere também os residuais dos produtos na lavoura.

Além disso, saiba também sobre os fundamentos do MIP e o  Manejo Integrado de Pragas no Milho.

 Para continuar a saber mais sobre o manejo de pragas agrícolas, recomendo bastante o artigo “Principais pragas agrícolas: Como se preparar”.

>>Leia mais: “6 Inseticidas naturais para você começar a usar na sua lavoura”
>>Leia mais: “Entenda a importância das abelhas na agricultura”

Conclusão

As lagartas são um grande desafio nas lavouras de soja, principalmente aquelas que apresentam população grande na área.

Utilizar o controle biológico da lagarta da soja é uma grande vantagem, já que é outro tipo de controle para colaborar no seu manejo.

Desse modo, planeje bem o seu programa de defensivos e inclua algum desses controles biológicos como uma alternativa, monitore bem e teste.

Tenho certeza que agora, conhecendo os principais produtos biológicos e todas as dicas que falei aqui, você  conseguirá manter as lagartas sob controle!

Leia mais:

“Tudo o que você precisa saber na pré-safra sobre as principais pragas de milho e sorgo
7 verdades sobre “Helicoverpa zea: sua origem e como combatê-la
“Percevejo marrom:  7 Estratégias de controle na soja”

Como fazer o MIP da soja?

Você já usa algum controle biológico da lagarta da soja? Tem outras dicas além das que citei? Conte para nós deixando seu comentário abaixo!