About Ana Lígia Giraldeli

Sou Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar), Doutora em Fitotecnia (Esalq-USP) e especialista em Agronegócios. Atualmente sou professora da UNIFEOB.

Calagem: Guia completo de uso e cálculos 

A calagem serve para diminuir a acidez do solo, ou seja, aumentar seu pH, além de fornecer cálcio e magnésio para as plantas. 

É uma etapa de preparação para o cultivo agrícola em que materiais de caráter básico, como o calcário, são adicionados ao solo para neutralizar sua acidez.

Uma calagem bem feita pode fazer grande diferença na produtividade final, melhorando o retorno financeiro da sua lavoura.

O que é calagem?

A calagem é uma etapa do preparo do solo para o cultivo agrícola que tem dois objetivos principais: diminuir a acidez, ou seja, aumentar o pH do solo, e fornecer cálcio e magnésio para as plantas. 

É importante corrigir a acidez do solo para a faixa de pH entre 5,5 a 6,5 pois é quando os nutrientes se tornam disponíveis para as plantas absorverem.

Assim, a calagem elimina a acidez, aumenta a CTC e melhora o aproveitamento de nutrientes pelas plantas. Além disso, neutraliza o alumínio, que é tóxico para as culturas.

A importância dessa técnica no Brasil é ainda maior, já que nossos solos são ácidos e com quantidade significativa de alumínio, que é tóxico para as culturas.

Os calcários são classificados com relação à concentração de MgO em calcíticos (menos de 5%), magnesianos (5% a 12%) e dolomíticos (acima de 12%).

A qualidade do produto será em função de suas características químicas (PRNT – Poder Relativo de Neutralização Total) e físicas (tamanho das partículas).

Como funciona a calagem?

A calagem consiste na aplicação de calcário no solo, que reage com os ácidos presentes nele. O calcário contém carbonato de cálcio (CaCO₃) e, ao ser aplicado, libera íons cálcio (Ca²⁺) e óxido de carbono (CO₂). 

Esses íons neutralizam os ácidos do solo, aumentando o pH e tornando o solo mais alcalino, o que é benéfico para muitas culturas.

Também vale destacar que a correção da acidez melhora a disponibilidade de nutrientes no solo. Em solos ácidos, por exemplo, os minerais como o fósforo, o cálcio e o magnésio se tornam menos acessíveis para as plantas. 

A calagem torna os nutrientes mais solúveis e disponíveis para as raízes das plantas. E o cálcio no calcário melhora a estrutura do solo, promovendo melhor aeração e drenagem, facilitando o crescimento das raízes e a absorção de água e nutrientes.

Outro ponto de destaque é a redução da solubilidade de metais pesados, como alumínio e manganês, que são tóxicos para as plantas, tornando o solo mais seguro para o cultivo.

Por fim, a correção da acidez favorece a atividade dos microrganismos, como bactérias e fungos, que auxiliam na decomposição da matéria orgânica e na ciclagem de nutrientes, melhorando a fertilidade do solo.

Qual a importância da correção do solo? 

A correção do solo é necessária para garantir condições ideais para o crescimento das plantas, envolvendo a adição de nutrientes, como calcário e fertilizantes, para equilibrar o pH e corrigir deficiências minerais.

A correção do solo melhora a fertilidade, aumenta a eficiência dos fertilizantes, previne problemas como a acidez excessiva ou a compactação, e contribui para o aumento da produtividade.

Quanto melhor o ajuste do solo, mais saudável será o ambiente para as raízes das plantas, melhorando a qualidade do solo e a sua estrutura, facilitando a infiltração de água e o desenvolvimento das raízes.

Compactação do solo: como evitar e corrigir em sua propriedade

Como a calagem é feita?

A calagem precisa ser feita em algumas etapas principais, que incluem a aplicação do calcário, cálculo de dosagem e a incorporação ao solo. Entenda os detalhes:

1. Análise do solo

Antes de aplicar o calcário, é preciso fazer uma análise de solo para determinar o pH atual e a necessidade de correção e que seja feita em duas etapas: 

  • 1ª etapa: Logo após a colheita de verão;
  • 2ª etapa: Pouco antes do preparo de solo para culturas anuais e após o fim das chuvas para culturas perenes.

Este processo também aponta a quantidade de calcário necessária para corrigir a acidez do solo de acordo com o tipo de solo e a cultura desejada.

2. Escolha do tipo de calcário

A análise de solo indica qual tipo de calcário escolher, com maior ou menor teor de magnésio. 

Os calcários disponíveis no mercado variam em sua composição, apresentando diferentes concentrações de cálcio e magnésio. 

O calcário dolomítico, que contém tanto cálcio quanto magnésio, é o mais comum, mas também há os calcários calcíticos, que possuem uma maior concentração de cálcio.

3. Cálculo de calagem

Com base na análise de solo,é preciso calcular a quantidade necessária de calcário para atingir o pH ideal. 

Esse valor é dado em toneladas por hectare ou quilos por metro quadrado e a quantidade varia conforme o grau de acidez do solo e o tipo de calcário.

Banner da planilha de calagem

4. Aplicação do Calcário

A aplicação do calcário deve ser feita de forma uniforme e adequada para garantir que ele cubra toda a área desejada. Pode ser feita de duas maneiras:

  • Superfície: O calcário é espalhado sobre o solo, sem necessidade de incorporação imediata. Essa forma é mais comum em solos não compactados e com pouca vegetação.
  • Incorporação ao solo: Para melhorar a eficiência, o calcário é muitas vezes incorporado ao solo por meio de aragem ou gradagem. Isso garante que o calcário entre em contato direto com o solo e atue mais rapidamente.

5. Momento da Aplicação

O melhor momento para aplicar a calagem é antes do plantio, quando o solo está bem preparado. 

É recomendada a aplicação de 2 a 6 meses antes da semeadura, principalmente em solos mais compactados. Isso dá tempo para que o calcário reaja com os ácidos do solo e eleve o pH de forma eficaz.

6. Acompanhamento

Após a aplicação e a correção do pH, é importante acompanhar os efeitos da calagem, realizando novas análises de solo para verificar se o pH foi adequadamente ajustado e se os nutrientes estão mais disponíveis para as plantas.

A calagem é um processo relativamente simples, mas seu sucesso depende do momento adequado da aplicação, da quantidade de calcário aplicada e da análise de solo precisa.

Como fazer o cálculo de calagem?

O cálculo de calagem é feito com base na análise do solo, para determinar a quantidade de calcário necessária para corrigir a acidez do solo, elevando o pH para o valor ideal para o cultivo. 

A fórmula e os métodos podem variar dependendo do tipo de solo, da cultura a ser implantada e do nível de acidez presente. Sendo assim, os cálculo podem ser:

Método da saturação por bases

Com a análise de solos em mãos, faça esse passo a passo para o cálculo de calagem:

  1. Saiba e entenda a fórmula

O cálculo de calagem pelo método da elevação da porcentagem de saturação por bases pode ser feito a partir da fórmula:

t.ha-1 de calcário = (V2 – V1) x T / PRNT

V2 = 70% (saturação por bases desejada);

V1 = saturação por bases atual (análise de solo) = [(Ca²+ + Mg²+ + K+).100]/T;

T = capacidade de troca catiônica [Ca²+ + Mg²+ + K+ + (H + Al)], em cmolc.dm-³;

PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total do calcário a ser aplicado (encontrado na embalagem do calcário).

  1. Saiba qual saturação de bases (V%) você vai usar

A saturação por bases desejada (V2) pode variar de 50% a 70%, sendo em geral:

  • 50% para cereais e tubérculos;
  • 60% para leguminosas e cana-de-açúcar, utilizado no Cerrado;
  • 70% para hortaliças, café e frutas.

Se na sua análise não possuir o V%, você pode calcular facilmente:

V% = [Soma de bases (K + Ca + Mg + Na) x 100 ]/CTC

Muitas vezes, o Na não entra nesse cálculo por ter uma quantidade muito pequena. Muitas análises de solo não o determinam.

  1. Faça o cálculo

Você tem dúvidas sobre o cálculo? Então vamos a um exemplo de uma análise de solo:

Considerando que a cultura é uma leguminosa, V2=60%. Considere que o calcário tenha PRNT = 90%.

NC = (V2 – V1) x CTC / PRNT

NC =  (60 – 25) x 15 / 90 = 5,8 t ha-1

Assim, você deve aplicar 5,8 toneladas de calcário por hectare.

Método baseado nos teores de Al e (Ca + Mg) trocáveis

Esse é um método menos utilizado, sendo indicado para solos com baixa CTC (menor que 5 cmolc dm-3). 

A sua principal finalidade é a de neutralizar o Al3+ trocável e/ou fornecer Ca2+ e Mg2+, a partir da fórmula:

NC  = Y [Al3+ – (mt x t / 100)] + [X – (Ca2+ + Mg2+)] x 100 / PRNT

  • NC = Necessidade de calcário, em  t ha-1;
  • Y = Valor tabelado em função do poder tampão do solo:
  • arenoso: Y = 0 a 1;
  • médio: Y = 1 a 2;
  • argiloso: Y = 2 a 3;
  • muito argiloso: Y = 3 a 4;
  • mt = Saturação por Al3+ (100xAl/SB+Al);
  • t = CTC efetiva (SB + Al);
  • X = Teor mínimo de Ca + Mg : tabelado, sendo que para forrageiras tropicais é de 1 a 2;
  • Ca2+ + Mg2+ = Teores trocáveis de Ca e Mg, em cmolc dm-3;
  • PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (encontrado na embalagem do calcário).

Método SMP

O método SMP é muito utilizado nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para fazer recomendações de calagem.

O método consiste em adicionar um volume de solução tampão na amostra de solo e a leitura do pH em suspensão da amostra representa o índice SMP.  

Caso o calcário não tenha PRNT de 100%, você pode utilizar a fórmula abaixo:

Dose calculada x 100 / PRNT = dose a ser aplicada (t ha-1)

Considerando um calcário com PRNT de 90% e uma dose calculada de 3,0 t ha-1:

(3,0 x 100 / 90 = 3,3 t ha-1), você aplicará 3,3 t ha-1 de calcário.

Diferentes quantidades de calcário serão necessárias conforme o valor de pH que se deseja atingir.

Tipos de calcários para calagem do solo

A correção da acidez do solo pode ser realizada com diferentes tipos de corretivos. O mais comum é o calcário, amplamente utilizado na calagem, mas existem outras alternativas que também desempenham essa função. Confira mais detalhes a seguir:

1. Calcário

O calcário no solo é um produto proveniente de uma rocha sedimentar composta principalmente por carbonato de cálcio, agindo como neutralizador da acidez do solo.

Os três tipos de calcário apresentam teor de carbonato de cálcio suficiente para correção do solo. O que o diferencia dos tipos é o teor de carbonato de magnésio que pode haver nas rochas.

2. Calcário calcítico

O calcário calcítico apresenta maior teor de óxido de cálcio, entre de 45% a 55% de CaO. As rochas provenientes deste tipo apresentam alta concentração do mineral calcita. 

O que diferencia esse tipo de calcário dos demais é a baixa concentração de óxido de magnésio, com teor de MgCO₃ variando entre 0% e 10%.

O calcítico é recomendado para solos com baixa concentração de cálcio. Isso vale principalmente se a cultura que será implantada for exigente neste nutriente.

3. Calcário magnesiano

Esse tipo de calcário é classificado como intermediário, apresentando teor de MgCO₃ entre 10% e 25% e concentração de CaO variando de 40% a 42%.

O calcário magnesiano é obtido de rochas, cujo mineral predominante é a magnesita. Em solo com teores equilibrados de cálcio e magnésio, não é sugerido utilizar para manter estes elementos nas quantidades adequadas.

4. Calcário dolomítico

Tem maior concentração do mineral dolomita nas rochas. Em solos que necessitam de calagem, e com teor de magnésio está abaixo do recomendado, o ideal é utilizar o calcário dolomítico.

Isto é devido à concentração de magnésio, que é acima de 25%, e ao teor de óxido de cálcio varia de 25% a 35%.

5. Calcário filler

Calcário filler é um corretivo de acidez caracterizado por sua granulometria extremamente fina, o que acelera sua reação no solo.

Pelo ao seu tamanho reduzido de partículas, tem alta solubilidade e rápida disponibilidade para corrigir a acidez e fornecer cálcio e magnésio às plantas.

É frequentemente utilizado em sistemas agrícolas que demandam uma resposta mais imediata, como em culturas de ciclo curto ou quando a aplicação de calcário convencional não pode ser feita com antecedência.

Mesmo com ação mais rápida, tem menor duração em comparação aos calcários de granulometria maior, o que pode exigir reaplicações mais frequentes.

6. Cal virgem

A cal virgem é o produto da calcinação ou queima completa do calcário, com ação imediata, mas que pode prejudicar sementes, plântulas e microrganismos devido à quantidade de calor gerado durante sua aplicação.

Por esse motivo, a cal virgem deve ser aplicada com antecedência ao plantio para minimizar os efeitos negativos no solo e nas culturas.

7. Cal hidratada ou extinta

A cal hidratada é produzida pela hidratação da cal virgem, um processo que transforma o óxido de cálcio (CaO) em hidróxido de cálcio (Ca(OH)₂). 

Por ser bastante fino, permite uma dissolução rápida no solo, mas, pela sua granulação fina, a aplicação a lanço não deve ser realizada em dias com ventos fortes, para evitar a dispersão inadequada do produto e garantir que ele atinja a área desejada.

8. Calcário calcinado

Esse cálcio é obtido pela calcinação total ou parcial do calcário, processo que resulta, na maioria das vezes, em um pó fino.

Suas características ficam entre o calcário convencional e a cal virgem, combinando propriedades de ambos, o que o torna eficaz na correção da acidez do solo, embora com uma ação mais rápida em relação ao calcário comum.

9. Escória básica de siderurgia

É um subproduto da indústria do ferro e do aço, composto por silício, altos teores de cálcio e magnésio, além de outros nutrientes em menores concentrações, como ferro, manganês, zinco, fósforo e enxofre.

Por ser um material resultante de um processo industrial, seu preço tende a ser mais baixo nas regiões próximas ao local de produção, sendo uma alternativa econômica para a correção da acidez do solo.

10. Carbonato de cálcio

É proveniente da moagem de depósitos de carbonato de cálcio, corais e sambaquis. Sua ação de neutralização da acidez do solo é semelhante à do calcário, promovendo melhorias nas condições do solo para o desenvolvimento das plantas.

Esse tipo de corretivo, muitas vezes denominado calcário de origem marinha, tem a capacidade de corrigir a acidez do solo de forma eficiente. 

Sua principal função é neutralizar os ácidos presentes no solo, promovendo um aumento no pH, o que facilita a disponibilidade de nutrientes essenciais para as plantas, como o fósforo e o nitrogênio.

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Qual calcário utilizar?

A escolha do calcário deve ser feita com base na análise de solo, considerando os teores de pH, cálcio e magnésio do solo e do calcário disponível.

Verifique o Poder de Neutralização (PN) e a reatividade do corretivo (RE), que determinam o PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total). O PRNT do calcário está na embalagem do produto.

Se houver dúvida entre dois calcários com o mesmo PRNT, escolha o de maior PN, pois este possui maior capacidade de reagir no solo e corrigir sua acidez.

Casos especiais:

  • Em regiões como o Sul do Brasil, onde a relação cálcio: magnésio é geralmente 1:1, é recomendado o uso do calcário calcítico, pois o solo local tende a ter maior concentração de magnésio.

Já na região Sudeste, como em Minas Gerais, onde os solos têm baixos teores de magnésio, o calcário dolomítico é a melhor opção, pois fornece mais magnésio.

Calagem e gessagem: Para o que servem?

A calagem corrige a acidez do solo, elevando o pH e neutralizando tanto a acidez ativa quanto a potencial, além de aumentar a disponibilidade de nutrientes como cálcio e magnésio, essenciais para o desenvolvimento das plantas.

Já a gessagem utiliza o gesso agrícola (CaSO₄), um subproduto da indústria de fertilizantes fosfatados concentrados. O gesso contém cerca de 20% de cálcio, 15% de enxofre e outros nutrientes, mas não aumenta o pH do solo como a calagem. 

A principal função da gessagem é potencializar os efeitos da calagem, pois ela leva cálcio e enxofre a camadas mais profundas, que não são alcançadas apenas pela calagem.

Além disso, o gesso melhora a estrutura do solo, promovendo maior penetração de raízes e maior eficiência na absorção de nutrientes.

O uso combinado dessas práticas resulta em um solo mais equilibrado, com melhor estrutura e maior capacidade de retenção de nutrientes.

Diferenças entre calagem e gessagem

A capacidade de troca catiônica (CTC) do solo é aumentada pela calagem, especialmente pelo fato de que os solos brasileiros, com cargas negativas variáveis (como os solos com argila 1:1), dependem do pH para determinar a intensidade dessas cargas.

Ou seja, ao elevar o pH do solo, há também um aumento nas cargas negativas de solos com CTC variável, como apontado pela Embrapa e pelo International Plant Nutrition Institute (IPNI).

Além disso, a CTC efetiva (soma de bases + alumínio) é ampliada pela aplicação de cálcio e magnésio, elementos essenciais fornecidos pela calagem, que não apenas ajudam na correção da acidez, mas também melhoram a fertilidade do solo, facilitando a absorção de nutrientes pelas plantas.

Benefícios da calagem e gessagem

A calagem e a gessagem são práticas complementares muito importantes para o manejo do solo, especialmente em solos ácidos e com baixa fertilidade. Quando usadas juntas, elas oferecem uma série de benefícios, como:

Correção da Acidez do Solo: A calagem corrige a acidez do solo, neutralizando o pH e tornando os nutrientes mais disponíveis para as plantas, melhorando a eficiência do uso de fertilizantes e o ambiente das culturas.

Fornecimento de Cálcio e Magnésio: A calagem fornece cálcio e magnésio, dois nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas. O cálcio, por exemplo, fortalece as células vegetais e ajuda na formação da parede celular, enquanto o magnésio é fundamental para a fotossíntese.

Usadas de forma conjunta, a calagem e a gessagem podem transformar solos que antes eram pobres ou ácidos em áreas muito mais produtivas e com maior sustentabilidade a longo prazo.

Como fazer calagem no sistema de plantio direto?

No plantio direto, a calagem deve ser feita em solos com pH inferior a 5,6 (CaCl2) ou V% abaixo de 65 na camada de 0 a 5 cm. 

A dosagem deve ser calculada para elevar a saturação por bases para 70% na camada de 0 a 20 cm, com aplicação na superfície, podendo ser feita de uma vez ou parcelada ao longo de três anos.

Em regiões chuvosas, aplique o calcário 3 meses antes da safra. Caso haja períodos de chuvas e secas, aplique antes do fim da estação chuvosa, mesmo que 4 a 5 meses antes da safra, para garantir tempo para o corretivo reagir.

Nas áreas com compactação, descompacte o solo antes de aplicar o calcário. Use adubação verde ou cultura de cobertura e, em casos extremos, o subsolador, que pode ser útil, mas com custos adicionais.

Por fim, no cultivo convencional, aplique o calcário a lanço e incorpore até 17-20 cm de profundidade, com aração e gradagem após a aplicação.

Dicas para não errar na calagem: 

  • Após a colheita de uma safra já faça a análise de solo de sua propriedade;
  • Após a análise defina a dose a ser utilizada e compre o calcário indicado;
  • Deixe o maquinário pronto: peças, combustível, tratorista.
  • Assim que houver chuva significativa aplique o calcário, mesmo que seja antes dos 3 meses para começar a lavoura, como indicado em situações normais.
Como reduzir perdas e custos na operação de colheita

O que você precisa saber sobre mistura de defensivos agrícolas

Tecnologia de Aplicação de defensivos agrícolas: Tire suas dúvidas sobre misturas de defensivos, conhecendo também o volume de calda e o tamanho de gotas ideais para sua aplicação.

Você já aproveitou uma aplicação para pulverizar outro defensivo junto?

Ou teve que aplicar um defensivo e logo depois fazer outra pulverização?

Ficou na dúvida se aquela associação ou mistura de defensivos poderia prejudicar sua cultura ou ter efeito negativo na eficiência dos produtos?

97% das propriedades brasileiras realizam mistura de defensivos agrícolas, sendo que 40,7% faz isso com 3 ou mais produtos. 

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas

como-faz-associação-defensivos-agrícolas

(Fonte: Gazziero (2015). Revista Planta Daninha, v. 33, n. 1, p. 83-92, 2015)

Logo, nesse artigo vou procurar sanar as muitas dúvidas que são geradas a partir desse tema.

Me acompanhe:

>> 5 dicas infalíveis para uma aplicação de defensivos agrícolas mais eficaz

A mistura de defensivos agrícolas é legalizada?

Até pouco tempo a mistura de defensivos agrícolas, segundo Gazziero:

“Não seria proibida para o agricultor. No entanto, os profissionais técnicos que emitem o receituário agronômico de aplicação não podem emitir uma receita sem nada que não esteja na bula.”

No entanto, em 11/10/2018 foi divulgada a Instrução Normativa que autoriza o engenheiro(a) agrônomo(a) a receitar a aplicação em mistura de defensivos, a partir de um acordo feito com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

Dessa forma, o receituário agronômico pode ser complementado pelo conhecimento técnico do profissional, resultando em maior liberdade para fazer as recomendações necessárias aos produtores.

Benefícios da mistura de defensivos agrícolas

A mistura de produtos no tanque de pulverização tem várias vantagens:

  • Redução dos custos em relação à aplicação dos produtos;
  • Diminuição do tempo para realizar o trabalho;
  • Menor exposição do aplicador.

Para saber ainda mais sobre seu custo de produção agrícola veja o artigo: Como saber seu custo de produção agrícola.

Problemas na mistura de defensivos agrícolas

Uma das principais dúvidas que envolvem o tema é quais os possíveis problemas que a mistura de dois ou mais produtos podem causar.

Na figura abaixo você pode ver que há grande ocorrência de problemas ocasionais quando há mistura de defensivos agrícolas.

tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas

Frequência de ocorrência de problemas quando da utilização de misturas em tanque

(Fonte: Gazziero (2015). Revista Planta Daninha, v. 33, n. 1, p. 83-92, 2015.)

Isso pode acontecer por dois motivos:

  • Incompatibilidade física;
  • Incompatibilidade química.

Geralmente, as interações físicas ocorrem devido aos ingredientes inertes, enquanto que as interações químicas estão relacionadas à molécula dos defensivos.

Além disso, para que ocorra a interação, primeiramente acontece a compatibilidade física.

Por isso temos os primeiros sinais de quando se deve ou não fazer a mistura:

> Tudo o que você precisa saber sobre resistências a defensivos agrícolas

Como saber se devo fazer ou não a mistura de defensivos agrícolas?

É claro que você pode, e deve, procurar o fabricante, falar com um agrônomo(a) e com o pessoal da revenda.

Mas para ter uma noção rápida de incompatibilidade física você pode fazer um teste misturando os produtos e observar o que acontece: o “teste da garrafa”.

O teste nada mais é que a mistura prévia dos produtos na exata proporção esperada no tanque.

Assim você pode ver o que aconteceria no tanque do pulverizador, seja ele autopropelido ou não, facilitando a visualização de problemas de incompatibilidade dos produtos.

teste-mistura-defensivos

Teste de compatibilidade de misturas

(Fonte: Cultivar)

Segundo a mistura Nacional De Defesa Vegetal (ANDEF), a recomendação para a sequência de mistura no tanque do pulverizador ou no misturador de calda deve ser:

  • Colocar água no tanque ou misturador;
  • Ligar agitação;
  • Colocar adjuvantes condicionadores de calda, surfactantes e emulsionantes;
  • Colocar substâncias altamente solúveis em água (sólidas ou líquidas);
  • Colocar líquidos concentrados;
  • Colocar adubos, micronutrientes e outros adjuvantes;
  • Colocar produtos de base oleosa.

>> Como fazer controle de estoque de defensivos agrícolas em 5 passos

Após a observação do que ocorreu com a mistura/mistura de defensivos agrícolas você pode consultar essa tabela do trabalho de Petter et al. (2002):

estabilidade na mistura

(Fonte: Petter et al. (2012))

O que pode ocorrer na incompatibilidade física com a mistura de defensivos agrícolas?

  • Precipitação;
  • Separação;
  • Floculação.
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Obstrução de filtros do pulverizador proporcionada pela incompatibilidade de defensivos agrícolas adicionados no tanque de pulverização

(Fonte: Infobibos)

O que pode ocorrer na incompatibilidade química com a mistura de defensivos agrícolas?

Na incompatibilidade química pode ocorrer:

  • Dissociação iônica (pH baixo);
  • Hidrólises alcalinas (pH alto);
  • Inativações por radicais nas moléculas dos produtos.

>> Armazenagem de defensivos agrícolas: como fazer e o que é preciso saber

A mistura de defensivos pode causar menor ou maior efeito deles?

Sim! A mistura de defensivos agrícolas pode também resultar em três diferentes efeitos:

  • Antagonismo: ocorre quando o efeito da mistura é menor que a soma dos efeitos quando os produtos são aplicados separadamente;
  • Aditivo: o efeito da mistura é igual a soma dos efeitos de quando os produtos são aplicados separadamente;
  • Sinergismo: a mistura tem um efeito maior que a soma dos efeitos dos produtos aplicados separadamente.

Com o aditivo ou sinergismo não precisamos nos preocupar tanto, apenas se no sinergismo o efeito for tão grande que prejudique a cultura.

Mas em geral, o antagonismo é o que causa dor de cabeça.

É devido ao antagonismo que algumas formulações não devem ser colocadas juntas no tanque de pulverização

Isso porque o resultado pode ser a perda de seletividade do produto na cultura e/ou redução na eficácia de controle.

Tem dúvida quanto a que misturas podem causar antagonismo?

>> 5 novas tecnologias envolvendo defensivos agrícolas

Exemplos de mistura de defensivos agrícolas que causa antagonismo (menor efeito)

Acontece muito quando é feita a mistura de herbicidas de contato (exemplo: paraquat), com herbicidas sistêmicos (exemplo: glifosato).

O menor efeito (antagonismo) ocorre porque a ação do paraquat acontece mais rápido, impedindo que o glifosato tenha efeito, o que reduz a eficácia de controle das plantas daninhas.

Outros exemplos:

– Redução da penetração foliar: os herbicidas inibidores de lipídios não devem ser misturados com 2,4-D, bentazon, chlorsurfuron, chlorimuron, imazaquin, imazethapyr, etc.

– Herbicida de contato é aplicado com glifosato ou com herbicidas auxínicos: Neste caso, a absorção e a translocação do glifosato ficam prejudicadas, resultando em menor eficácia.

Fitotoxicidade de herbicidas influenciada por inseticidas organofosforados ou metilcarbamatos: a tolerância do milho ao herbicida nicosulfuron é devido ao rápido metabolismo deste, mas alguns inseticidas organofosforados podem inibir ou reduzir este metabolismo, o que pode prejudicar a cultura.

– Antagonismo entre herbicidas inibidores da ACCase com inibidores de ALS: quinclorac, clomazone ou propanil + thiobencarb.

– Eventual antagonismo entre os herbicidas inibidores da ACCase e herbicidas latifolicidas: como por exemplo: diclofop + 2,4-D, sethoxydim ou fluazifop com bentazon ou acifluorfen.

Alguns outros princípios ativos de defensivos agrícolas que não devem ser misturados:

mistura-defensivos-agrícolas-incompatibilidade

(Fonte: Leite e Uemura em Campo & Negócios)

Saiba mais sobre herbicidas: >> Tudo o que você precisa saber sobre plantas daninhas na pré-safra.

Além disso, não podemos falar de mistura sem lembrar de alguns itens da tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas:

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas de herbicidas, inseticidas e fungicidas

Alguns itens abaixo você vai ver que devem ser utilizados para a aplicação de qualquer defensivo agrícola.

Em outros casos, você notará que a tecnologia de  características inerentes a cada classe de produtos.

Para aplicações ainda mais eficazes confira o artigo: Acerte nas aplicações de defensivos com planejamento agrícola.

Confira:

Regular é diferente de calibrar

Regular é ajustar os componentes da máquina à cultura e produtos a serem utilizados.

O que deve ser regulado?

  • Velocidade;
  • Tipos de pontas;
  • Espaçamento entre bicos;
  • Altura da barra.

Por isso a regulagem dos implementos agrícolas é tão importante.

Calibrar é verificar a vazão das pontas, determinar o volume de aplicação e a quantidade de produto a ser colocada no tanque.

Se você não faz os dois você pode estar perdendo tempo e dinheiro!

Pontas de pulverização

A pergunta feita aqui é: o que vou aplicar?

Dependendo do defensivo agrícola você deve escolher o melhor tipo de bico.

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Tipos de bicos de acordo com o defensivo agrícola a ser aplicado

(Fonte: Agronômico)

Tamanho de gota

Agora que você já sabe o que vai aplicar e escolheu qual o tipo de bico, o próximo passo é saber qual o tamanho de gota mais apropriado para atingir o alvo desejado.

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Tamanho de gota de acordo com a cobertura, risco de deriva, risco de evaporação e aplicação agrícola

(Fonte: Agronômico)

Volume de calda

A definição do volume de calda vai depender:

  • Tipo de alvo;
  • Tamanho de gotas;
  • Cobertura necessária;
  • Modo de ação do produto;
  • Técnica de aplicação.

No Brasil o volume de calda médio utilizado em aplicações terrestres varia de 50 a 200 L por hectare.

A densidade de gotas também vai variar de acordo com os defensivos e alvos desejados.

densidade-tecnologia-de-aplicação de defensivos agrícolas

Densidade de gotas média de acordo com o produto a ser aplicado

(Fonte: Agronômico)

Condições ambientais

Agora que você já fez tudo certo até aqui lembre-se de aplicar nas condições ideais de temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento.

>> 8 perguntas para fazer ao seu consultor sobre defensivos agrícolas

tecnologia-de-aplicação-defensivos agrícolas

(Fonte: Agronômico)

Conclusão

A mistura de defensivos agrícolas no tanque de pulverização é uma prática adotada pela maioria dos produtores.

É essencial saber quais classes de produtos pode ou não ser misturadas para evitar a incompatibilidade.

Aqui você viu quais são essas incompatibilidade e quais os principais produtos que não devem ser misturados.

Para que a aplicação dos produtos seja eficaz são necessários cuidados a respeito de tecnologia de aplicação, sendo que aqui você também viu as melhores e principais dicas sobre isso.

Lembre-se que tudo o que viu aqui faz parte de um bom planejamento agrícola que também envolve a administração rural.

Boa aplicação!

Leia também:

>>Leia mais:

Tudo o que você precisa saber para fazer sua lista de defensivos agrícolas na pré-safra”


[Infográfico] Defensivos agrícolas genéricos ou de marca: a batalha definitiva do que usar na sua propriedade”

Aplicação noturna de defensivos agrícolas: quando vale a pena?

Gostou do texto? Restou alguma dúvida? Ou tem outras dicas sobre o tema? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Tudo o que você precisa saber na pré-safra sobre as principais pragas de milho e sorgo

Conheça agora as principais pragas do milho e fique atento na Pré-safra. Não deixe sua produtividade do milho safrinha cair.

Você já entrou na lavoura e notou alguma coisa errada, como folhas comidas e plantas tombadas? Ao ver esses danos, você já sabia qual era a praga e como controlar?

É comum não reconhecer o inseto, ou não saber o melhor controle para combatê-lo.

A pré-safra é o momento ideal para conhecer um pouco mais sobre essas pragas, e melhorar seu diagnóstico da lavoura.

Assim você evita perdas de produção do milho.

E olha que pragas podem causar muitas perdas! No milho pode chegar até a 91%.

Principais pragas do milho: Pragas iniciais

Tanto na cultura do milho como na de sorgo, vamos ter pragas no início do ciclo. São aquelas pragas que você nem bem semeou a cultura e já estão dando trabalho!

Agora confira as principais pragas iniciais e como combatê-las:

1. Corós

Os corós estão presentes nas lavouras de milho e de sorgo, com maior ocorrência nos meses de outubro, novembro e dezembro.

As larvas se alimentam do sistema radicular das plantas, o que gera falhas nas linhas de plantio.

O principal manejo é com inseticidas, mas você pode realizar outras técnicas que colaboram para o manejo.

As principais técnicas que auxiliam na redução dos níveis populacionais dos corós são:

  • preparo antecipado da área;
  • eliminação de hospedeiros alternativos e plantas voluntárias (como plantas daninhas);
  • destruição dos restos de cultura após a colheita.
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A foto da esquerda mostra o Coró, e a da direita o dano causado em plantas de milho.

( Fonte: 3rlab)

2. Larva-arame

A larva-arame (Conoderus spp., Melanotus spp.) ataca as sementes após a semeadura e o sistema radicular da planta. Já adianto que essa praga também pode ser encontrada na cultura do sorgo.

Seu controle pode ser feito pelo tratamento com inseticidas fosforados sistêmicos, registrados para as culturas. Mas também, pode ser feito através de uma boa drenagem da camada agricultável do solo, pois força a larva a aprofundar-se, reduzindo o dano no sistema radicular.

A rotação de culturas também é eficaz para redução dos níveis populacionais;

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Larva-arame

( Fonte: Sistemas de Produção Embrapa)

3. Lagarta-rosca

As lagartas reduzem o número de plantas por metro linear, uma vez que cortam as plantas rentes ao solo. Mais uma dica aqui: essa praga também é encontrada na cultura do feijão!

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Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

(Fonte: Agrolink)

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Inseto adulto de lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

( Fonte: Unesp)

Para o controle dessa praga é importante fazer o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos.

Também é fundamental a eliminação antecipada de plantas invasoras, já que as mariposas preferem ovipositar em plantas ou restos culturais ainda verdes.

4. Lagarta-elasmo

Essa praga causa prejuízos entre os estádios V1 e V8, aproximadamente.

lagarta-elasmo

(Fonte: Pioneer)

A lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) também está presente nas culturas do sorgo e do feijão. A ocorrência dessa praga está associada à períodos de estiagem no início da cultura. Além disso, fique mais atento a áreas de solos arenosos e com palha, que podem favorecer a praga.

5. Larva alfinete

A larva-alfinete (Diabrotica speciosa) tem grande importância na cultura do milho, estando presente também na cultura do sorgo.

Esse inseto ataca o sistema radicular, o que deixa a planta mais suscetível ao acamamento, o que provoca o sintoma conhecido por “pescoço de ganso”.

larva-alfinete-pescoço-de-ganso

(Fonte: Monsanto, Rafael Veiga – TD Cerrados Oeste)

Na fase adulta, o inseto alimenta-se de muitas culturas como, por exemplo, o feijão e a soja. Mas para colocar seus ovos preferem gramíneas como o milho e o sorgo.

ciclo larva alfinete

(Fonte: Monsanto)

As principais medidas de controle para larva-alfinete são:

  • eliminação de restos culturais;
  • uso de inseticidas granulados ou em pulverização no sulco de plantio.

O controle biológico com os fungos Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae e Paecilomyces lilacinu é uma ótima alternativa e pode ser utilizado em conjunto com o método químico.

planilha de planejamento da safra de milho

Principais pragas do milho: pragas da parte aérea

6. Lagarta-do-cartucho

A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é uma das principais pragas do milho, causando grandes perdas, e também encontradas na cultura do sorgo.

A lagarta-do-cartucho penetra no colmo, criando galerias, o que provoca um sintoma conhecido por “coração morto”, que ocorre por causo do dano no ponto de crescimento da planta.

Essa lagarta pode causar redução de rendimento de 17% a 55,6%.

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Sintomas de “coração morto” em plantas de milho atacadas por lagarta-do-cartucho

(Fonte: Agricultura no Brasil)

A principal forma de controle da lagarta-do-cartucho é através da aplicação de inseticidas.

Mas existe também um importante inimigo natural dessa praga, a “tesourinha” (Doru luteipes), que preda ovos e lagartas pequenas.

A lagarta-do-cartucho pode também atacar as espigas causando grandes danos.

7. Lagarta-da-espiga do milho

A lagarta-da-espiga do milho (Helicoverpa zea) é outra importante praga do milho que também ataca o sorgo.

lagarta-da-espiga

(Fonte: 3rLab)

O controle químico através de inseticidas para o manejo de lagarta-da-espiga não é muito eficiente, já que a larva está protegida na espiga.

Uma das alternativas para o manejo é o controle biológico, com o uso de parasitoides e predadores, como a tesourinha (Doru luteipes).

A tesourinha deposita seus ovos nas camadas de palha da espiga e tanto a forma jovem quanto os adultos se alimentam dos ovos e das pequenas larvas da praga. Uma tesourinha pode consumir aproximadamente 42 ovos por dia .

Os ovos da lagarta-da-espiga também podem ser parasitados por Trichogramma, sendo outra forma eficiente de controle biológico. 

8. Broca-da-cana

A broca-da-cana (Diatraea saccharalis) está presente na cultura do milho e sorgo, atacando desde V6 até o final do ciclo.

broca-da-cana

(Fonte: Agranja)

Segundo a Embrapa, o controle pode ser feito do mesmo modo como é feito em cana-de-açúcar, através da liberação do parasitoide de ovos Trichogramma spp. ou através do parasitóide de larva, a vespa Cotesia flavipes.

Mais informações sobre a broca-da-cana podem ser verificadas nesse folder da Embrapa.

9.Pulgão

Os maiores danos do pulgão no milho (Rhopalosiphum maidis) são vistos durante o seu pendoamento, sendo também presente na cultura do sorgo.

Os danos mais expressivos são observados em altas infestações, especialmente quando as culturas estão em estresse hídrico, ou ainda quando há fonte de inóculo nas proximidades.

No caso do sorgo há ainda uma outra espécie conhecida por pulgão-verde (Schizaphis graminum), infestando a cultura desde a emergência das plantas até a maturação dos grãos.

O inseto suga seiva das folhas e introduzem toxinas que provocam bronzeamento e morte da área afetada.

Ainda  pode transmitir o vírus do mosaico da cana-de-açúcar, o que causa muitos danos ao sorgo.

pulgão-verda

Pulgão-verde

(Fonte: Sistema de Produção Embrapa)

O controle pode ser feito naturalmente pela chuva e inimigos naturais.

No entanto, você pode evitar a infestação pelo tratamento de sementes ou do solo com inseticidas sistêmicos seletivos aos inimigos naturais.

10. Percevejos

Os percevejos no milho podem atacar de forma severa no início da cultura. No entanto, esses insetos também se alimentam dos grãos em enchimento.

Isso pode causar danos econômicos elevados, reduzindo, segundo Embrapa, até 59,5% do peso dos grãos e mais de 98% na germinação e vigor das sementes.

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(Fonte: Pioneer)

Os percevejos estão muito presentes no final do ciclo da soja e após a colheita eles buscam fontes alternativas de alimento, como as plantas daninhas. Por isso, um dos principais manejos para esta praga é iniciar o plantio no limpo.

A boa dessecação antecipada irá ajudar a reduzir a população de percevejos na área.

As duas principais espécies são o percevejo marrom e o percevejo barriga-verde.

As principais medidas para o manejo são o tratamento de sementes e o monitoramento da área.

Segundo Kaminski (2014), se houver infestação elevada até V3 deve ser feito o controle, pois os danos podem ser desastrosos.

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Danos causados por percevejos em milho

Fonte: Pioneer

Na cultura do sorgo, os percevejos atacam as panículas. No caso, há dois grupos principais:

  • Percevejos grandes: percevejo-gaúcho (Leptoglossus zonatus), percevejo-verde (Nezara viridula) e percevejo-pardo (Thyanta perditor);
  • Percevejos pequenos: percevejo-do-sorgo (Sthenaridea carmelitana) e percevejo-chupador-do-arroz (Oebalus spp.).
percevejo-sorgo

Percevejo-do-sorgo

(Fonte: Discover Life)

O controle pode ser biológico é feito por parasitoides de ovos. Já o controle químico é limitado pela dificuldade de entrar com o trator no campo.

É recomendado utilizar pulverização aérea quando o monitoramento indicar 1 percevejo a cada 10 plantas. O controle dos percevejos pode ser feito com inseticidas fosforados ou carbamatos.

11. Helicoverpa armigera

Por fim, não podemos deixar de falar da Helicoverpa armigera.

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(Fonte: Bayer)

Essa praga causou grande preocupação entre os produtores de soja, milho e algodão.

Seu principal controle é através do manejo integrado de pragas, utilizando cultivares geneticamente modificadas que expressam a toxina Bt, inseticidas biológicos e químicos, que sejam seletivos aos inimigos naturais.

Prepare-se para combater as principais pragas de milho

Monitorar e combater as pragas é uma parte do planejamento agrícola. Para sair conforme o esperado e você ter sucesso na lavoura, o trabalho começa bem antes da semente estar no campo.

Para você ter uma safra sem prejuízos, leia mais sobre planejamento agrícola nestes artigos.
Diminua seus custos com um planejamento agrícola bem feito
Você sabe onde está o gargalo do seu planejamento agrícola?
9 aplicativos para planejamento agrícola que você deveria conhecer

Principais pragas do milho e seu controle

Medidas gerais de controle de pragas

É claro que as pragas tem suas particularidades, e você já viu sobre elas ao decorrer do texto.

Mas há medidas fundamentais para combater todas essas pragas:

1) histórico e monitoramento das pragas na área;

2) rotação de culturas;

3) dessecação antecipada;

4) tratamento de sementes;

5) escolha da tecnologia Bt (no Brasil possível para as culturas de milho, algodão e soja);

6) uso de defensivos agrícolas para pragas do milho.

Além disso, disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP: saiba qual o Nível de Controle de cada praga e quando você deve aplicar, mantendo tudo organizado. Clique na figura a seguir para baixar!

Conclusão

Saber o histórico da sua área é essencial para fazer o planejamento durante a pré-safra.

Você pode tomar algumas medidas de manejo já na pré-safra, como controle de plantas daninhas, eliminação de restos culturais e verificação das principais pragas da área pelo histórico.

Agora que você já viu os sintomas e quais são as medidas de controle para as principais pragas do milho e sorgo, é só não descuidar de sua lavoura!

Monitore com frequência, faça seu planejamento e aplique todo seu conhecimento!

>> Leia mais:

“Safra de milho: conheça as previsões para 2022/23”

Gostou do texto? Restou alguma dúvida? Ou tem outras dicas sobre o manejo das principais pragas do milho e sorgo? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Tudo o que você precisa saber sobre plantas daninhas na pré-safra

Plantas daninhas: saiba como fazer o manejo adequado durante a pré-safra para reduzir os custos de controle na lavoura.

Você continua tendo problemas e elevados custos para manejar as plantas daninhas durante a safra? Saiba que você pode reduzir esse custo fazendo o manejo adequado durante a pré-safra!

Nos últimos anos o custo com o controle de plantas daninhas vem aumentando, e em partes, se deve ao aumento no número de casos de resistência a defensivos agrícolas, o que dificulta o manejo.

Hoje, no Brasil, temos 49 casos de resistência registrados, a maior parte deles são ervas daninhas resistentes ao herbicida glifosato.

Esse fato contribui diretamente para a elevação nos custos de produção, aumentando os gastos e reduzindo os lucros.

Mas o manejo de plantas daninhas na pré-safra pode te ajudar a evitar o desenvolvimento de resistência e no manejo em geral das plantas invasoras.

O que são plantas daninhas?

As plantas daninhas, segundo Lorenzi (2014), é qualquer planta que cresce onde não é desejado, interferindo direta e indiretamente nas culturas de interesse, causando reduções na produção em torno de 20 a 30%.

Aqui também podemos incluir a chamada tiguera de cultura, como por exemplo o milho crescendo no meio da soja.

As plantas daninhas, de acordo com Lorenzi (2014), são definidas como quaisquer plantas que crescem em locais não desejados, interferindo direta ou indiretamente nas culturas agrícolas.

Essa interferência pode causar perdas significativas na produção, geralmente variando entre 20% e 30%, dependendo do grau de infestação e do manejo realizado.

Além das espécies que crescem espontaneamente, também são consideradas plantas daninhas as chamadas tigueras (ou guaxas), que são plantas voluntárias de culturas anteriores, como o milho que surge em meio à lavoura de soja.

Essas tigueras competem pelos mesmos recursos das culturas atuais, como água, luz e nutrientes, e podem servir de hospedeiras para pragas e doenças.

7 Principais Plantas Daninhas

No Brasil, existem 7 principais plantas daninhas que variam por região, tipo de cultivo e condições ambientais, mas algumas espécies são disseminadas devido à sua alta adaptabilidade, capacidade de reprodução e resistência a métodos de controle.

Abaixo você confere um pouco mais sobre as plantas daninhas predominantes do território brasileiro e as suas problemáticas na lavoura.

1. Buva

A primeira delas é a buva (Conyza): existem três espécies, a Conyza canadensis, Conyza bonariensis e Conyza sumatrensis.

Esse tipo de daninha se dispersa facilmente pelo vento e por isso estão presentes na maior parte das lavouras.

No Brasil nós temos oito casos registrados de buva resistentes a herbicidas. Destes oito casos, dois são de resistência múltipla, no qual a planta é resistente a mais de um mecanismo de ação.

O manejo dessas espécies durante a entressafra pode ajudar na prevenção a resistência, uma vez que ela já apresenta casos de resistência em boa parte do Brasil.

Leia também:

2. Leiteira ou Amendoim-bravo

Outra planta daninha que merece destaque é o leiteiro ou amendoim bravo (Euphorbia heterophylla).

É uma das plantas de maior dificuldade de controle, principalmente na cultura da soja. Está presente em praticamente todo o Brasil, podendo germinar o ano todo, mas principalmente nas épocas mais quentes (Brighenti e Oliveira, 2011).

Suas sementes podem ser arremessadas pela planta a uma distância de dois a cinco metros e no Brasil foi relatado plantas de leiteira com resistência a herbicidas inibidores da ALS e da PROTOX.

Essa planta ainda pode interferir indiretamente na produtividade da cultura, pois ela é hospedeira do vírus do mosaico-anão .

Apesar disso, é fácil de controlar, mas seu manejo pode ser otimizado com práticas como a rotação de culturas na entressafra.

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(Fonte: Plants Database)

3. Caruru

O caruru (Amaranthus spp.) é um dos gêneros de plantas daninhas mais comuns e problemáticos no Brasil. Suas espécies são disseminadas em áreas agrícolas devido à sua adaptabilidade, alta capacidade de reprodução e resistência a herbicidas.

Por conta do crescimento rápido, é capaz de produzir milhares de sementes por planta, que permanecem viáveis no solo por anos.

As espécies mais comuns incluem o caruru-roxo (Amaranthus hybridus), o caruru-de-mancha (Amaranthus viridis) e o caruru-palmeri (Amaranthus palmeri), conhecido por sua agressividade e resistência.

Você pode ter interesse por:

4. Capim-pé-de-galinha

O capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) é encontrado em áreas agrícolas e pastagens e conhecido por sua alta resistência esistência ao glifosato, além da capacidade de competir com as culturas.

A planta se reproduz principalmente por sementes, produzidas em grande quantidade e com capacidade de germinar ao longo de várias safras. Altamente adaptável, ela se desenvolve bem em solos compactados e suporta condições adversas, como altas temperaturas e baixa umidade.

Mesmo assim, em algumas culturas locais, o capim-pé-de-galinha é usado como forragem para animais, desde que manejado adequadamente.

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Doses do herbicida glifosato em população suscetível (frente) e resistente (atrás).
A dose recomendada para o controle da espécie Eleusine indica é de 840 g e.a. ha-1
(Fonte: Chen et al. 2017)

5. Azevém

O azevém (Lolium multiflorum) pode ser tanto um problema quanto uma oportunidade no manejo agrícola. Muito comum em regiões de clima temperado, é utilizado como planta forrageira, mas, quando presente em áreas de cultivo não planejadas, acaba virando uma planta daninha competitiva.

Por conta disso, é muito fácil de ser encontradas nas lavouras do Rio Grande do Sul, sendo identificada com resistência em plantações de soja, milho e trigo.

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(Fonte: Heap, 2017)

6. Capim-branco

O capim-branco (Brachiaria decumbens) é uma planta daninha muito comum no cultivado de pastagem, e na invasão de sistemas agrícolas, competindo com culturas como como soja, milho, arroz e cana-de-açúcar.

Sua resistência a herbicidas e crescimento contínuo dificultam o controle, mas rotação de culturas, adubação adequada e controle mecânico, como gradagem e capina, podem ajudar no manejo.

7. Capim-amargoso

Em 2008, Digitaria insularis foi relatada com casos de resistência ao herbicida glifosato em lavouras de soja no Paraná.

A planta é perene, mas se adapta a solos compactados e condições adversas, como seca e alta temperatura, sendo um grande desafio no manejo. Seu controle pode ser feito por uso de herbicidas de ação diferenciada, rotação de culturas e plantio direto.

Guia para manejo de plantas daninhas

Manejo de plantas daninhas na pré-safra

Já falamos muito aqui sobre o manejo integrado e aqui mais uma vez não podemos deixar de citá-lo.

Dificilmente vamos conseguir controlar todas as plantas daninhas, mas temos vários métodos que podemos utilizar na pré-safra que vão refletir de maneira positiva na safra.

E o manejo integrado de plantas daninhas é uma boa solução para controlar. Aqui estão algumas práticas infalíveis para o manejo eficaz de plantas daninhas na pré-safra:

1. Cobertura do solo

A cobertura do solo usa materiais orgânicos ou vegetais para proteger e melhorar as condições do solo, podendo ser realizada com plantas de cobertura (como leguminosas e gramíneas) ou cobertura morta (como palha ou mulching).

Os principais benefícios incluem o controle de plantas daninhas, prevenção da erosão, retenção de umidade, aumento da matéria orgânica, regulação da temperatura do solo e redução da compactação.

No entanto, é importante escolher as plantas adequadas e gerenciar a decomposição para evitar problemas como a competição excessiva com as culturas.

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Área em pousio (esquerda) e área com planta de cobertura (direita)
(Fonte: News de Rio Verde)

2. Uso de herbicidas pré-emergentes

O uso de herbicidas pré-emergentes é indicado para controlar plantas daninhas antes de sua germinação, criando uma barreira química no solo que impede o crescimento de ervas daninhas.

Essa abordagem reduz a competição com as culturas, diminui a necessidade de capina e aumenta a produtividade.

Mas tome cuidado com a escolha adequada do produto, o risco de resistência das plantas daninhas, a necessidade de considerar as condições do solo e a possível fitotoxicidade.

O uso responsável dessa tecnologia contribui para o manejo eficiente das ervas daninhas e melhora os resultados das lavouras.

Banner planilha- manejo integrado de pragas

Conclusão

Você percebeu que todas as estratégias de controle de invasoras exige um certo planejamento.

Além disso, aqui você aprendeu o que são plantas daninhas, as principais espécies que podem te causar prejuízo e até mesmo quais as espécies com resistência a herbicidas.

Agora também você sabe qual o melhor manejo para as principais plantas daninhas e está pronto para colocar em prática tudo o que você viu! Então, faça seu planejamento e boa safra!

Saiba mais informações:

As perguntas (e respostas!) mais frequentes sobre Manejo Integrado de Pragas na soja

O Manejo Integrado de Pragas na soja é uma técnica que já demostrou seus resultados. Ela reduz e otimiza custos.

O MIP pode ser aplicado em qualquer tipo cultura, desde que feito da maneira correta. Neste artigo iremos abordar as principais perguntas e respostas sobre MIP.

Você sabia que o manejo integrado de pragas pode reduzir em 50% a aplicação de defensivos?

O Brasil utilizou em aproximadamente 140 milhões de litros de inseticidas na safra 2013-2014, o que tem um custo de US$ 2,5 bilhões e isso só para a cultura da soja.

Um estudo realizado pela Embrapa mostra que é possível reduzir o número de aplicações quando se adota o MIP.

manejo integrado de pragas na soja

(Fonte: Embrapa)

Já sabemos que a prática de MIP ajuda a reduzir custos, o que contribui para aumentar a renda do produtor.

Mas…

>> Veja sobre custos aqui:  Entenda os custos de produção agrícola e esteja no comando de sua fazenda

Como integrar o manejo integrado de pragas na soja na minha lavoura?

Primeiramente vamos definir o conceito.

O MIP é a utilização de diversas práticas que facilitam o manejo de pragas, como, por exemplo:

  • Controle químico: uso de inseticidas, herbicidas, fungicidas, acaricidas, entre outros;
  • Agentes biológicos: uso de predadores e inimigos naturais;
  • Inseticidas naturais;
  • Rotação de culturas;
  • Nutrição adequada das plantas;
  • Variedades resistentes; etc.

Às vezes não sabemos, mas já adotamos parte do MIP na nossa lavoura através do uso de alguma dessas práticas.

Para saber mais sobre MIP leia este artigo aqui: Tudo o que você precisa saber sobre Manejo Integrado de Pragas [Infográfico]

bases-e-pilares-do-MIP

De qualquer maneira, é fundamental fazer o monitoramento da área ao longo de todo o ciclo da cultura, assim você pode montar o histórico da sua área.

>> Veja mais aqui: Manejo integrado de pragas: 8 fundamentos que você ainda não aprendeu

Como monitorar?

Ao longo do ciclo da cultura você vai notar a  predominância de algumas pragas de acordo com o ciclo da cultura.

No caso da soja você deverá se atentar em quatro fases, a figura abaixo resume o que é mais provável de se encontrar em cada fase da cultura.

manejo integrado de pragas na soja

Se você tem problemas também com ferrugem-asiática na soja saiba como combatê-la lendo este artigo.

>> 9 curiosidades que você não sabe sobre ferrugem-asiática da soja e como combatê-la

Para a cultura do milho a figura abaixo ilustra as principais pragas agrícolas que podem ser observadas durante o ciclo.

Este calendário pode te ajudar a identificar e Como fazer manejo integrado de pragas (MIP) na cultura do milho

manejo-integrado-de-pragas-no-milho

Falando em milho, para saber como conseguir produtividades incríveis veja este artigo:

>> Como produzir 211 Sacas de Milho por hectare com Gestão Agrícola

No início da cultura, as pragas de solo vão ser mais recorrentes.

pragas-milho-inicio-cultura

(Fonte: Pionner)

Para você saber mais recomendo esses três guias ilustrados sobre as pragas nas culturas do milho e da soja.

Pragas da soja no brasil e seu manejo integrado

Como realizar o monitoramento?

O ideal é que o monitoramento seja feito em todas as fases do ciclo da cultura.

Um método muito utilizado é a batida de pano.

manejo integrado-de-pragas pano de batida
  1. Para isso você precisará de um pano com um metro de largura por um metro de comprimento;
  2. Estenda o pano na entrelinha da cultura;
  3. “Chacoalhe” as plantas;
  4. Conte os insetos que estão no pano.

Simples, fácil e eficiente, não é mesmo?

Nessa ficha da Embrapa dá para monitorar, acompanhar e definir se já atingiu o nível de controle.

Mas preencher fichas quase que semanalmente, interpretá-las e guardá-las em local seguro além de díficil, o monitoramento se torna confuso.

Com um software de gestão agrícola você tem tudo isso de forma organizada e salva seguramente.

aegro-monitoramento

Até aqui vimos como fazer o monitoramento e como identificar as pragas, mas e a tomada de decisão?

Quando e como devo tomar a decisão?

A decisão de controle deve ser baseada no nível de dano econômico. E este vai depender de qual e quanto de inseto (ou dano na cultura por aquele inseto) foi encontrado no monitoramento.

Pragas agrícolas com maior potencial de dano à lavoura requerem mais cuidados e por isso menores são os valores de nível de controle.

A Escala Davis nos ajuda a quantificar os danos causados pelas pragas. Vamos ver o exemplo abaixo para lagarta-do-cartucho:

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(Fonte: Biogene)

Se você tem problemas com a lagarta-do-cartucho na sua lavoura, saiba que você pode estar correndo um certo risco. Monitore e planeje o controle desta praga.

Mas afinal, o que é nível de dano econômico e nível de controle?

Como podemos ver na figura abaixo o controle deve ser feito sempre que a densidade do inseto for maior que o nível de controle.

Assim evita-se que atinja o nível de dano econômico no qual ocorrerá prejuízos a produtividade.

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O próprio monitoramento ou o uso de armadilhas com feromônios ajuda a avaliar a flutuação populacional da praga.

Os feromônios são sinalizadores químicos e podem ser classificados em três técnicas:

  • coleta massal: grande quantidade de insetos é atraída para a armadilha o que contribui para a redução da população;
  • atrai-e-mata: aqui é utilizado um inseticida e o feromônio, o inseto é atraído e entra em contato com o produto;
  • confusão sexual: ocorre a liberação de feromônio naquele ambiente o que impede do macho encontrar a fêmea para o acasalamento, resultando na queda da população de insetos.

Agora que você identificou, monitorou a praga e decidiu (pelo nível de dano econômico) que tem que controlar a praga…

>> Reduza drasticamente suas aplicações utilizando o Manejo Integrado de Pragas

Qual método de controle de manejo integrado de pragas utilizar?

Todos os manejos são bem-vindos, desde a aplicação de inseticidas até o controle biológico.

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(Fonte: Entomol)

A tomada de decisão deve estar aliada ao inseto presente na lavoura e a sua densidade populacional. Assim, consegue-se decidir pelo método de controle mais adequado.

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(Fonte: Canal Rural)

O controle biológico é um dos métodos utilizados no manejo integrado de pragas.

Trata-se do uso de fungos, bactérias e insetos produzidos em laboratório para combater as pragas e doenças no campo.

O uso dos chamados biodefensivos está crescendo em média 15% ao ano e tem previsão de ter uma participação de 10% no setor até o ano de 2026.

O Trichogramma sp. é uma vespa que parasita ovos de muitos insetos considerado pragas.

tricograma

(Fonte: Frutíferas)

As cartelas com os ovos da vespa (Trichogramma sp.) são colocadas nas plantas assim que se observa a presença de mariposas-praga na área.

Sabe qual a melhor parte? O custo é de 30 a 45% mais barato que o controle químico.

A Helicoverpa armigera nas últimas safras foi a praga que mais causou preocupação dentre os produtores, principalmente nas culturas de soja, milho e algodão.

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(Fonte: AMTec Bio-agrícola)

O melhor método para manejar a Helicoverpa armigera é o cultural, tornando o ambiente desfavorável para a praga e favorável aos inimigos naturais de pragas agrícolas.

O ideal é realizar a rotação de cultura e destruir as plantas voluntárias, pois assim evita-se que a praga tenha acesso constante ao alimento.

O método físico também pode e deve ser utilizado, este consiste no uso de armadilhas e iscas.

cultura-armadilha

(Fonte: AMTec Bio-agrícola)

O manejo com culturas armadilhas é fácil de fazer, confira o passo a passo:

  1. Plantamos a cultura principal e nas áreas laterais a cultura armadilha (certifique-se de que seja uma cultura hospedeira da praga);
  2. Na cultura armadilha pode ser aplicado açúcar ou feromônio)
  3. Os insetos adultos vão preferir fazer a oviposição na cultura armadilha;
  4. Antes das lagartas atingirem a fase de pupa faz-se o controle, que pode ser realizado através do manejo biológico com Bacillus thuringiensis (Bt).

A bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) pode ser utilizada como bioinseticida ou como plantas transformadas expressando toxinas.

Lembre-se também, que além dos métodos de controle, você pode aliar o uso de plantas atrativas a inimigos naturais.

Assim consegue-se manter o equilíbrio do ambiente e atrair inimigos naturais dos insetos pragas.

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(Fonte: Insecta News)

>> Leia mais: “As melhores formas de controle para cigarrinha-das-pastagens

Conclusão

O Manejo Integrado de Pragas na soja é essencial para quem almeja garantir produtividade na lavoura.

Muito métodos podem ser empregados como o uso de inseticidas, controle biológico e cultura.

Lembre-se de sempre rotacionar os mecanismos de ação dos inseticidas para evitar a pressão de seleção sobre as pragas.

Agora que você sabe a resposta das principais perguntas sobre o MIP vá ao trabalhe, utilize menos defensivos agrícolas e mantenha sua alta produtividade!

>> Leia mais:

“Como fazer um manejo efetivo de pragas do algodão”

Controle biológico das lagartas da soja

7 pragas de armazenamento de grãos para você combater

Gostou do texto? Tem mais perguntas? Ou tem outras dicas sobre o MIP? Adoraria ver seu comentário abaixo!

5 dicas no planejamento agrícola para otimizar o uso de fertilizantes

O que você acha de produzir mais com menor custo?

Já vimos em artigo anterior como diminuir os custos através de um planejamento agrícola bem feito.

Que tal agora aplicar o planejamento para otimizar o uso de fertilizantes na sua lavoura?

O uso de fertilizantes na quantidade adequada garante um bom rendimento e pode aumentar em até 50% a produtividade.

Já sabemos que o uso de fertilizantes, sejam eles orgânicos ou minerais, auxilia de maneira imprescindível para garantirmos as altas produtividades.

Quando falta nutrientes, a produtividade da cultura fica limitada ao nutriente presente em menor quantidade no solo. Isso vai ter como consequência a redução da produtividade.

Vamos então para algumas dicas que vão lhe ajudar na hora de otimizar o uso do fertilizante na lavoura.

Dica 1: faça uma boa análise de solo e tenha investimentos certeiros

É o primeiro passo de tudo. A análise de solo deve ser feita com certa regularidade, de preferência todo ano. Assim, você saberá exatamente a quantidade de nutrientes que sua próxima cultura vai precisar.

Como vemos no campo, há várias ferramentas que podem ser utilizadas para realizar o procedimento de coleta de forma manual.

trados do solo

(Fonte: Andre Pereira Lima em Nutrical)

O tempo consumido e o trabalho envolvido são barreiras para execução dessa atividade. Mas isso está com os dias contados: novas ferramentas e equipamentos vêm ganhando força e auxiliando os produtores, como análise de solo automatizada e georreferenciada.

amostra-de-solo-automatizada

(Fonte: Saci Soluções)

Com a amostragem georreferenciada é possível fazer um planejamento agrícola mais direcionado, dando a atenção necessária e diferenciada em cada área.

Assim, dá para separar as diferentes necessidades de adubação e correção do solo por meio de mapas.

Com o mapa da sua área você poderá fazer aplicação de fertilizantes em taxa variável, ou seja, você só vai aplicar o adubo, calcário ou gesso onde realmente está faltando e na quantidade ideal.

A taxa variável é uma das utilizações da agricultura de precisão e pode ser uma excelente ferramenta para a administração rural.

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(Fonte: Inceres)

Aplicativos como o Aegro também permitem que você cadastre suas unidades produtivas e as georreferencie no mapa.

aegro

Isso permite conhecer as necessidades e custos por talhão, inclusive quanto aos fertilizantes e corretivos.

O histórico da fazenda de adubação e correção também são essenciais para saber o que está acontecendo com sua propriedade e qual a melhor estratégia de produção agrícola. Mantenha seus registros e esteja definitivamente no comando.

>> Neste artigo você aprende como escolher um software de AP: Software para Agricultura de Precisão: O guia definitivo para escolher um

Dica 2: saiba quais produtos estão disponíveis no mercado e tenha em mente todas as opções

Ao final da safra, avalie os resultados e identifique quais foram os fertilizantes que obtiveram melhor desempenho.

Sabendo isso você poderá selecionar de maneira mais rigorosa os produtos que irá comprar nos próximos cultivos.

No mercado há muitas opções, por exemplo: na hora de comprar o calcário qual você vai escolher?

Você pode optar pelo calcítico, no qual o teor de magnésio é inferior a 5%, ou magnesiano, no qual o magnésio está presente entre 5 e 12%, ou ainda optar pelo dolomítico, que possui um teor acima de 12% para o magnésio.

E o calcário é só um exemplo. Lembre-se de todos os outros insumos que você escolhe todos os anos para integrar seu manejo da lavoura, as opções são inúmeras.

Por isso, o acompanhamento da sua lavoura é vital para que você verifique se os produtos que escolheu estão adequados para os objetivos que se deseja: produtividade e rentabilidade.

Sabendo quais produtos pretende-se comprar, avalie os preços, a qualidade e os serviços oferecidos pelo vendedor que podem te auxiliar na sua próxima safra.

Mas você não vai conseguir fazer isso se comprar de última hora, na correria do plantio. Por isso é tão importante o planejamento estratégico da produção agrícola antes da safra começar.

Pense sobre isso!

E lembre-se: o fertilizante deve ser visto como um investimento procurando sempre a melhor relação custo-benefício.

Dica 3: parcelamento dos nutrientes (em especial para nitrogênio e potássio)

Os nutrientes são extraídos do solo em diferentes quantidades dependendo da cultura.

O parcelamento deve ser baseado no tipo de solo, já que os mais arenosos vão precisar de parcelamento para que não perca todo o nitrogênio.

Quando falo especialmente para nitrogênio e potássio é porque esses nutrientes são mais facilmente lixiviados no solo. Caso isso aconteça, eles não conseguem ser absorvidos pelas plantas.

A maior quantidade de nitrogênio na cultura do milho é absorvida até o florescimento.

>> Cuidados que você deve ter para evitar deficiência de potássio na soja

Essa informação nos permite compreender que a maior parte do nitrogênio utilizado pela planta precisa ser absorvido do solo, sendo que apenas 38% é remobilizado para os grãos.

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(Fonte: Agronegócio em foco)

Portanto, fica claro que a época em que o fertilizante é aplicado reflete de forma significativa nos custos e na produtividade da cultura.

No caso do milho, por exemplo, percebemos que a grande maior parte da adubação de nitrogênio deve ocorrer até o florescimento.

Para a cultura da soja, a Embrapa tem essa publicação na qual mostra os nutrientes absorvidos em cada fase da lavoura dessa leguminosa.

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(Fonte: Embrapa)

Dica 4: saiba identificar a deficiência de nutrientes caso ela ocorra

Identificar os sintomas de deficiência caso ocorram vai lhe ajudar a prevenir que aconteça nas próximas safras.

sua-planta-está-doente

(Fonte: Eng. Agrônoma Angela Rossi e Arte UOL em Eu Quero Biologia)

Se você está vendo sintomas é porque algo não aconteceu como o planejado, podendo ser dose errada de produto, ausência de aplicação ou ainda época errada de aplicação.

Nestes links para a cultura do milho e da soja, você vai poder aprender mais sobre a deficiência de nutrientes.

Dica 5: uso de tecnologias e softwares para gestão agrícola

O uso de softwares para a aplicação de fertilizantes e corretivos está cada vez mais difundida e é uma tendência que veio para ficar e auxiliar os produtores a otimizarem as aplicações.

Como já vimos, podemos utilizar essas ferramentas em vários momentos, como na realização da amostragem de solo e em aplicação de fertilizantes em taxas variáveis.

Outros, podem te auxiliar no planejamento agrícola e acompanhamento da safra, permitindo que tudo esteja ao seu alcance e totalmente controlado.

O Aegro tem uma ferramenta que te mostra os insumos que foram planejados. Você ainda pode ver na tela de estoque todas as entradas de insumos e saídas, controlando de maneira prática todo o seu estoque.

Controle de custos de safra no Aegro

Para te ajudar no planejamento também disponibilizamos gratuitamente abaixo uma planilha de fertilizantes!

Conclusão

Deu para perceber que o planejamento agrícola envolve tudo, inclusive o uso correto de fertilizantes e corretivos.

Aqui você aprendeu sobre importância da adubação, análise de solo, parcelamento de fertilizantes, identificação de deficiências nutricionais e como alguns softwares ou aplicativos podem te ajudar nessas atividades.

Aproveite as dicas para otimizar de uma vez por todas a aplicação de fertilizantes na sua lavoura. Isso pode ser o diferencial que você está procurando!

>> Leia mais:

“Fertilização em excesso? Entenda os riscos da overfert e saiba como evitar que ela ocorra”

“Calendário agrícola: saiba como organizar as atividades da lavoura de forma estratégica”

O que achou das dicas? Tem mais alguma coisa que você no planejamento agrícola e uso de fertilizantes? Ficou  alguma dúvida? Conta para a gente! Adoraria ver seu comentário abaixo!

Acerte nas aplicações de defensivos com planejamento agrícola

O planejamento agrícola deve estar presente no dia a dia da lavoura. Mas, no momento das aplicações de defensivos agrícolas, também precisa de planejamento?

Muitas vezes observei que a aplicação é decidida na última hora!

Dados divulgados pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) revelam que, em média, mais da metade dos produtos pulverizados nas lavouras podem ser perdidos por escorrimento, deriva descontrolada e má aplicação.

Sim, é preciso planejamento para as aplicações! E é o planejamento agrícola que vai integrar todas as atividades, fazendo com que a aplicação seja consciente, evitando perdas, desperdícios e, claro,  obtendo controle do alvo.

Assim,  confira os passos de como fazer isso sem dor de cabeça.

1º passo: regulagem do pulverizador para aplicações de defensivos agrícolas

Para uma correta aplicação o pulverizador deve estar regulado, isso inclui a verificação dos bicos, das barras, dos tanques, mangueiras, filtros, regulador de pressão.

É preciso atenção e conhecimento para correta regulagem e verificação dos equipamentos, implementos e acessórios, como a verificação dos bicos:

dicas-jacto-para-regulagem-de-bicos

(Fonte: Jacto)

Com a verificação, é possível constatar se há vazamentos e se tudo está funcionando de forma adequada. Assim, evita-se a perda de produtos e eleva-se a eficácia da aplicação.

A regulagem também é essencial.

O tanque de pulverização, por exemplo, deve possuir agitador funcionando adequadamente.

Para isso, é preciso trabalhar com uma rotação de 540 rpm na tomada de potência (TDP), já que esta é a rotação em que o sistema normalmente é dimensionado.

Formulações pó-molhável (PM) ou suspensão concentrada (SC), por possuírem partículas sólidas em suspensão, tendem a se depositar no fundo do pulverizador

Já a formulação concentrado emulsionável (CE), com substâncias não solúveis em água (óleo por exemplo), fica na superfície do tanque.

Isso faz com que, no início da aplicação, a concentração de produtos seja maior (para formulações PM ou SC) ou menor (para formulações CE), resultando em aplicação ineficiente.

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(Fonte: Andef)

Para saber mais sobre regulagem de máquinas e implementos recomendo a leitura desse artigo de meu amigo Eng. Agrônomo Luis Gustavo Mendes.

Tudo relacionado ao pulverizador precisa ser feito com os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) adequados.

Agora, com tudo verificado e regulado, vamos tomar algumas decisões importantes:

2º passo: escolha do produto, volume de calda e tamanho de gota

Escolha o produto recomendado para sua cultura e seu objetivo (lembre-se: o produto sempre vem com a bula, onde é possível encontrar as informações de que você precisa).

Para saber mais sobre defensivos agrícolas, com curiosidades e fatos interessantes veja esse artigo: Defensivos agrícolas: 8 curiosidades que você deveria saber.

O volume de calda e o tamanho de gota também vão depender do alvo, que agora você já conhece por meio do monitoramento e histórico da área.

Gotas finas resultam em maior cobertura do alvo, mas maior risco de deriva. Devido a isso, são utilizados em produtos de contato.

Gotas grossas dão menor cobertura do alvo, mas menor risco de deriva. São utilizadas para herbicidas residuais e de aplicação no solo – ou mesmo algum outro produto aplicado no solo.

Gotas médias são as mais utilizadas por possuir características intermediárias às finas e grossas, mas são comumente utilizadas para aplicação de produtos sistêmicos.

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(Fonte: Andef)

Por isso que a escolha do bico de pulverização é muito importante: é o bico que define o tamanho da gota e, assim, a cobertura do alvo.

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(Fonte: Copam)

É possível  encontrar os tamanhos de gotas a variar o bico e pressão na internet ou mesmo com seu fornecedor.

A tabela abaixo foi adaptada da ASAE S-572 e compara os tipos de pontas, a vazão está em litros/minuto e a pressão em Bar.

tabela-gostas-vazão-pressão

(Fonte:Adaptado ASAE S-572)

Agora com tudo regulado para aplicação, em que condições devo ou não aplicar?

3º passo: condições ideais de aplicação

Talvez aqui seja onde mais usamos o planejamento na hora da aplicação. Algumas perguntas devem ser feitas para o realizar a atividade de forma eficaz:

Quanto de área tenho para aplicar? Qual o tempo que tenho para essa atividade?

E, principalmente, qual a previsão do tempo? Lembre-se alguns produtos precisam de um tempo maior sem chuva para que possam agir nas plantas.

Então, planejar anteriormente quanto tempo levará para aplicar na sua área e verificar a precisão do tempo é fundamental.

Além disso, uma boa aplicação é aquela que ocorre nas condições climáticas ideais.

E quais são elas?

  • Temperatura: menor que 30°C
  • Umidade: maior que 50%
  • Ventos: entre 3 e 10 km/h
Leitura-Manual-Tecnologia-de-Aplicacao.pdf

(Fonte: Andef)

E por fim, utilize sempre os equipamentos de proteção individual (EPIs) para sua melhor proteção e de quem realiza as atividades, até porque a base de todo um bom planejamento é a segurança no trabalho.

4º passo: acerte na época de aplicação

Com o monitoramento da lavoura, é possível planejar as aplicações de defensivos necessárias.

Isso inclui saber se a cultura está na fase recomendada para aquele defensivo e, principalmente, se o alvo (inseto, doença ou planta daninha) atingiu um nível de infestação que realmente precisa ser feita aplicação.

Para pragas temos o Manejo Integrado de Pragas (MIP) que indica o nível de controle a depender da quantidade de injúrias ou insetos identificados no monitoramento.

Para doenças, geralmente quando se encontra sintomas no campo já é preciso a aplicação.

No caso de plantas daninhas, a aplicação de pré-emergentes garantem vantagem à cultura e durante a lavoura é preciso monitoramento verificando necessidade de novas aplicações.

5º passo: conheça seu campo

Esse passo é fundamental para quem planeja fazer uma aplicação de defensivos agrícolas, seja ele herbicida, inseticida, nematicida ou fungicida.

Assim, dentro das atividades semanais, deve-se incluir o monitoramento das lavouras identificando as pragas, doenças e plantas daninhas.

Além disso, o monitoramento das safras passadas resultará no histórico da área quanto aos insetos, doenças e plantas daninhas e, claro, quanto às aplicações.

Isso será crucial para identificar os principais problemas da propriedade e como corrigi-los.

Na internet há alguns materiais gratuitos de acordo com a cultura para identificar doenças e pragas segue um exemplo para a cultura do milho e soja:

Manual de identificação de doenças

Manual-de-identificação-de-doenças

(Fonte: Epagri)

Manual planta daninha soja

Manual-planta-daninha-Soja

(Fonte: Embrapa)

Nematoides em soja

nematóides-em-soja (1)

(Fonte: Embrapa)

Conclusão

Acertar na aplicação depende do bom planejamento da mesma.

Isso envolve o conhecimento do alvo no campo e a época ideal de aplicação; a verificação e regulação dos equipamentos de pulverização; e o conhecimento das condições climáticas ideais para essa atividade.

Com tudo isso em mente e em ações, você acertará não só nas aplicações de defensivos agrícolas, mas na redução de custos e maior eficiência dos produtos utilizados, gerando mais lucro e sucesso para você e sua fazenda!

>>Leia mais:

“O que é e para quê serve o receituário agronômico”

Gostou dessas dicas? Tem mais alguma que usa para aplicação de defensivos agrícolas de forma eficaz? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Tudo o que você precisa saber sobre resistências a defensivos agrícolas

Afinal, você sabe o que é resistência a defensivos agrícolas?

Neste artigo abordaremos tudo sobre resistência a defensivos agrícolas: insetos, plantas daninhas e doenças.

Você vai aprender porque a resistência é desenvolvida e como evitar que ocorra na sua lavoura.

O que é resistência a defensivos agrícolas?

Quando a planta daninha, o inseto ou fungo não está mais sendo controlado por um produto fitossanitário, podemos ter um caso de resistência.

Como acontece a resistência?

Nas lavouras sempre vai haver populações tolerantes e sensíveis aos produtos fitossanitários.

Uma parte dessa população (seja ela de insetos, fungos ou plantas daninhas), já é resistente a determinados ingredientes ativos, ou seja, isso é natural, já ocorre no ambiente.

Com o uso contínuo do mesmo produto na área ocorre um processo conhecido por seleção, no qual os organismos resistentes não vão morrer, é a chamada pressão de seleção!

Vamos conhecer mais sobre os casos de resistência a defensivos agrícolas  no Brasil!

Como acontece a resistência de insetos a inseticidas?

barata_resistente a inseticida

(Fonte: Fernando Gonsales em Science Blogs)

Brincadeiras à parte, agora vejamos a figura abaixo que  ilustra muito bem como realmente acontece o processo de resistência de insetos aos inseticidas.

resistencia

(Fonte: Bernardi et al.,2016)

Como podemos perceber, após o uso contínuo de inseticidas pertencentes ao mesmo mecanismo de ação, ocorre uma pressão de seleção e apenas sobrevivem os insetos resistentes.

No caso na cultura do milho, a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e a lagarta-das-maçãs (Helicoverpa armigera) já foram relatadas como resistentes a alguns inseticidas.

Conhecer os mecanismos de ação é essencial para prevenirmos a resistência aos inseticidas

No caso desses produtos, os principais mecanismos podem atuar sobre: sistema nervoso e/ou musculatura, crescimento ou no desenvolvimento, no intestino médio e sobre o metabolismo respiratório.

Mas você pode conferir com calma os mecanismos de ação neste folder aqui.

lepidoptera defensivos agrícolas

(Fonte: Irac)

Com isso você pode saber exatamente como rotacionar os mecanismos de ação e ajudar na prevenção a resistência.

>> Leia mais: “Defensivos agrícolas genéricos ou de marca: a batalha definitiva do que usar na sua propriedade

E as culturas Bt?

A tecnologia Bt, no Brasil disponível para soja e cultura do milho e algodão, veio para ajudar nesses casos.

Porém, a tecnologia Bt também possui relatos de casos de resistência pelo mundo, e até mesmo no Brasil com a lagarta Spodoptera frugiperda..

Por isso é muito importante, especialmente no caso de insetos, a adoção de métodos que auxiliam no manejo.

A figura abaixo mostra o que acontece no campo quando você tem refúgio de milho com proteína Bt.

refugio do milho

(Fonte: BioGene)

Os insetos das áreas  de milho Bt (resistentes à tecnologia já que sobreviveram no campo Bt) e não Bt (não resistentes) se reproduzem, e assim a resistência é combatida.

Portanto, mais importante para as tecnologias funcionarem é você adotar as áreas de refúgios.

Segundo Ministério da Agricultura, para milho e soja o recomendado é que a área de refúgio para plantas Bt seja de 20%, enquanto que para algodão, 10%.

Olhe a figura abaixo, você pode ter várias ideias de como implantar na sua área.

manejo da resistência a defensivos agrícolas

(Fonte: Abrasem em Pioneer)

Quer saber mais sobre como manejar resistência de insetos??

Entre nesse site do IRAC, você poderá agregar mais informações.

Um exemplo preocupante de resistência é a  Helicoverpa armigera.

A espécie ataca várias culturas, como soja e milho, e pode ter seleção de indivíduos resistentes, especialmente aos inseticidas piretroides, organofosforados e carbamatos.

Além de haver indícios de sua resistência as plantas Bt no Brasil (como nas reportagens de Universo Agro e  Revista Agrícola).

helicoverpa armigera

Helicoverpa armigera é uma praga polífaga, capaz de atacar muitas culturas
(Fonte: Embrapa)

Agora que você já sabe sobre resistência de insetos, vamos entender agora como ocorre a resistência para plantas daninhas.

Saiba sobre as plantas daninhas que tem resistência a defensivos agrícolas

Existem hoje no mundo 253 espécies de plantas daninhas resistentes a herbicidas!

No Brasil temos 48 casos de resistência, dentre as espécies mais problemáticas estão o Amaranthus palmeri, as espécies de buva, capim-pé-galinha, capim-colchão, azevém, capim-arroz e capim-branco.

A figura abaixo mostra o que acontece no campo quando se utiliza por muito tempo herbicidas com os mesmos mecanismos de ação.

mudança genética

(Fonte: Christoffoleti e López-Ovejero, 2008)

Como podemos ver ano após ano temos uma pressão de seleção imposta pelos herbicidas, que controla as plantas suscetíveis deixando no campo apenas as resistentes.

Com o tempo a população de plantas resistentes fica maior que a de suscetíveis, ficando muito difícil e caro o controle!

O Amaranthus palmeri é um dos casos mais comentados atualmente.

A planta não existia no Brasil e, logo que foi identificada, já se observou resistência aos herbicidas chlorimuron, cloransulam, glifosato e imazethapyr, ou seja, a dois mecanismos de ação (inibidores da ALS e EPSPs)!

palmeri

(Fonte: Embrapa)

Nas fotos abaixo você pode verificar mais casos de plantas daninhas resistentes a herbicidas.

Buva (Conyza sumatrensis): já foram relatados casos de resistência aos herbicidas chlorimuron, glifosato, paraquat, saflufenacil.

conyza sumatrensis

(Fonte: Weeds Brisbane)

No caso da planta daninha picão-preto nós temos duas espécies que apresentam resistência: Bidens pilosa e Bidens subalternans.

bipdi resistente a defensivos agrícolas

(Fonte: IDAO CIRAD)

A Euphorbia heterophylla é conhecida por leiteiro ou amendoim-bravo e é frequentemente encontrada na cultura da soja.

Já foram relatados casos de resistência aos herbicidas chlorimuron, cloransulam, imazamox, imazaquin, imazethapyr, acifluorfen, diclosulam, flumetsulam, flumiclorac, fomesafen, lactofen, metsulfuron, nicosulfuron e saflufenacil.

euphorbia heterophylla

(Fonte: Agro Link)

A planta daninha abaixo é conhecida como capim-pé-de-galinha e recentemente foi relatado um caso de resistência ao herbicida glifosato.

eleusine indica

(Fonte: FNA Nature Search)

O azevém é muito comum nas lavouras da região sul do Brasil e já tem registros de resistência aos herbicidas glifosato, iodosulfuron, pyroxsulam e clethodim.

lolium-multiflorum-in-ahaines-a

(Fonte: Go Botany)

Assim, você vai poder rotacionar os produtos fitossanitários na sua área e manejar de forma eficiente para prevenção a resistência.

E no caso dos fungos resistentes?

Temos muitas espécies de fungos já relatadas como resistentes: Alternaria dauci, Cercosporidium personatum, Colletotrichum fragariae, , Fusarium subglutinans f.sp. ananas, Guinardia citricarpa, Glomerella cingulata, Phytophthora infestans, Plasmopara viticola, Venturia inaequalis, etc.Mas o que sempre tira o sono dos produtores de soja é ferrugem asiática, ela é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizie.

Esse fungo encontrou no Brasil condições ideais de clima para sua rápida disseminação.

O fungo causador da ferrugem asiática é menos sensível aos fungicidas do grupo químico dos “triazóis”.

Nessa publicação da Embrapa você pode aprender mais sobre como identificar a ferrugem da soja e quais técnicas adotar para a prevenção da resistência:

ferrugem asiática

(Fonte: Embrapa)

Assim, algumas estratégias são adotadas para prevenir a resistência como:

  1. Respeitar o vazio sanitário (você deve verificar aqui as datas de acordo com a sua região);
  2. Fazer o manejo integrado;
  3. Usar os fungicidas de modo preventivo e não quando já houver uma alta proliferação da doença;
  4. Adotar o uso de misturas comerciais que contenham ingredientes ativos de diferentes mecanismos de ação;
  5. Rotacionar os mecanismos de ação.

Você ainda pode conferir no site consórcio antiferrugem qual a situação da ferrugem asiática durante a safra da soja.

Além de conferir notícias, confira qual a ocorrência da ferrugem por estádio da soja, por estado e acumulado por data.

ferugem por estado

(Fonte: Consórcio antiferrugem)

Como podemos ver, há maior ocorrência no estado do Paraná.

Manejo integrado de pragas

Manejo integrado de pragas (MIP)  é a chave para tudo o que vimos até aqui!

Seja para manejar insetos, fungos ou plantas daninhas, ele sempre deverá fazer parte do seu planejamento.

Olha quantos manejos você pode integrar ao seu sistema de produção:

manejo integrado de pragas

(Fonte: Amici)

Conclusão

Você percebeu que ter um bom planejamento agrícola ajuda no seu dia a dia e na tomada de decisão.

Lembre-se que é extremamente importante rotacionar os mecanismos de ação dos defensivos agrícolas.

Vou deixar aqui um cheklist para você fazer o seu planejamento agrícola.Vamos juntos prevenir a resistência nas lavouras!

>> Leia mais:

Como fazer o controle de estoque de defensivos agrícolas em 5 passos

Armazenagem de defensivos agrícolas: Como fazer e o que é preciso saber

O que achou do texto? Já teve caso de resistência na sua lavoura? Tem mais dicas de como prevenir a resistência? Adoraria ver seu comentário abaixo!