Sou Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pós-graduada em Biotecnologia e Bioprocessos pelas Universidade Estadual de Maringá (UEM) e apaixonada pelos desafios de uma agricultura sustentável.
Cultivo de arroz em rotação com soja: Vantagens e desvantagens, principais pontos para se atentar e 3 dicas essenciais para transformar essa prática em rentabilidade.
São 300 mil hectares plantados de rotação com soja, no Rio Grande do Sul.
A contribuição dessa rotação são muitas: redução de plantas daninhas, fertilidade do solo e, claro, maior rentabilidade.
Mas fazer essa rotação de culturas dar certo pode não ser tão fácil, já que estamos trabalhando com culturas muito diferentes.
Neste artigo mostramos em detalhes os benefícios e desvantagens dessa prática, além de 3 dicas fundamentais para a rotação dar resultados. Confira:
Por que fazer o cultivo de arroz em rotação com soja?
O cultivo de arroz (Oryza sativa) com outras culturas, especialmente soja, começou em meados dos anos 90, mas ganhou forças na última década.
Isso foi devido principalmente aos ganhos de produção no arroz, e a maior rentabilidade pela venda de soja.
A rentabilidade acontece também devido ao melhor uso do espaço. Estima-se que apenas um terço da área de arroz em várzea é efetivamente utilizada.
As áreas costumam ficar em pousio por até dois anos, sendo, às vezes, subutilizada pela pecuária.
No entanto, com exigências de condições tão diferentes, da várzea ao sequeiro, o manejo só é possível com um bom planejamento, conhecimento dos custos de produção, e técnica.
Vantagens do cultivo de arroz em rotação com soja
Em termos gerais, a cultura da soja em rotação com o arroz favorece o solo. Ela promove a estruturação do mesmo e a maior fertilidade.
Além de um complemento financeiro na renda, essa rotação contribui ainda em outros aspectos no ambiente, como:
Aumento de produtividade de 4 para 8 mil kg de arroz por hectare
Desvantagens do cultivo de arroz em rotação com soja
É claro que os desafios são muitos para manejar dois ciclos de culturas com exigências de ambientes distintos.
O arroz é uma planta comumente cultivada em solos inundados. Então, especialmente nesses casos, a condição física da área é o principal desafio.
Ecossistema da produção de arroz na América Latina: Pontos azuis são lavouras irrigadas e os pontos laranjas são cultivos de sequeiro (Fonte: Zeigler)
É necessário considerar a drenagem natural, o que tem contribuição direta da topografia, a qual, se plana, terá drenagem dificultada.
Outro fator é o adensamento do horizonte superficial, ou seja, alta relação dos micro e macroporosidade (relação da água e ar no solo), que pode prejudicar a nutrição da soja.
Abaixo discutimos melhor as soluções para esses desafios em cada sistema de cultivo de arroz:
Entenda os sistemas de cultivo de arroz e melhore sua rotação
Produção de sequeiro (ou terras altas)
Esse sistema de produção de arroz de terras altas é cultivado predominantemente como cultura de abertura e, justamente, em rotação de culturas.
Além disso, em áreas de pastagens degradadas é comum utilizar essa cultura porque a planta de arroz pode tolerar bem solos ácidos, recuperando assim os solos.
Variedades lançadas pela Embrapa , inclusive algumas em parceria com IRGA, foram desenvolvidas pensando na rotação com o feijão, milho, algodão e a soja.
No entanto, é preciso lembrar que essas variedades, especialmente de soja, são tolerantes, mas isso não significa que a produção ficará a mesma em um solo muito úmido.
Nesse caso, provavelmente, a cultura poderá apresentar menor produção, mas não vai morrer, enquanto que se a umidade foi intensa há risco de se perder a cultura.
Arroz em terras baixas (ou cultivo de arroz irrigado)
No sistema de plantio em rotação com arroz em terras baixas, a rotação pode ser tanto na primeira ou na segunda safra, no lugar do milho safrinha. Também é muito rotacionado com pastagens.
O cultivo de arroz irrigado por inundação e depois o cultivo da soja exige alguns cuidados, como já citamos.
O principal deles é sobre o manejo cultural. É importante realizar até duas adubações verdes entre a cultura do arroz e a cultura da soja.
Essa prática deve ser feita com diversidade de espécies de adubo verde, que vão estruturar o solo com suas raízes, possibilitando adequada aeração para soja, especialmente para possibilitar sua apropriada nodulação.
3 Cuidados para obter sucesso no cultivo de arroz em rotação com a soja
Como já falamos, a necessidade de dois ambientes tão distintos para a rotação exige certo manejo para criar as condições ideais.
1. pH do solo
No cultivo de arroz com inundação do solo ocorre a correção da acidez naturalmente.
Com o solo alagado, ocorre um processo químico de redução do solo, resultando o fenômeno conhecido como “autocalagem”.
Processo de redução do solo, o qual corrige a acidez (Fonte: Aula de solos alagados, UFSM.)
No entanto, nos cultivos em sequeiro (após o arroz), esse processo de redução não ocorre mais.
A agrônoma Claudia Lange, do Irga, relata que cerca de 75% das terras baixas do Estado do Rio Grande do Sul têm pH abaixo de 6, se traduzindo em deficiência nutricional para a soja.
Por isso, é importante se atentar ao pH do solo sem estar alagado, para que ele seja corrigido pela calagem adequadamente.
É recomendado fazer a calagem para um pH de 6,0, pela maior exigência dessas culturas anuais, como a soja.
O pH nesse valor também minimiza os efeitos da toxidez por Ferro, proveniente do arroz irrigado.
2. Drenagem do solo
Os solos de várzea pela alta densidade e baixa porosidade possuem velocidade baixa de infiltração.
Nesse sentido a construção de drenos externos a lavoura que facilitem a rápida drenagem são muito importantes.
Sendo que a prática de nivelamento da superfície do terreno e entaipamento são fundamentais.
Sistema sulco/camalhão
Esse sistema de sulco/camalhão é feito em terras baixas do delta do Mississipi/USA.
Também chamado de microcamalhão, o mais utilizado são aqueles com 15 centímetros, levando duas linhas de soja.
Esse sistema tem sido eficiente para a drenagem da água em solos alagados.
São dois os parâmetros que devemos considerar em relação a remoção e drenagem da água, que são, os macro e microdrenagem do sistema.
Macrodrenagem
São os drenos escavados para coletar os excedentes de águas de chuvas e da irrigação.
De acordo com a microbacia no qual as lavouras estão inseridas, devem ser adequadamente dimensionados.
Os drenos coletores destinados a receber as águas de outros drenos e conduzi-las ao ponto de descarga da microbacia.
Além de bem dimensionados, devem ser limpos, ter reformas e/ou desobstrução, para que sejam eficientes e cumpram sua função.
Microdrenagem
São os drenos internos da lavoura. Eles são compostos por drenos secundários e de outras adequações.
O dimensionamento desses se dá de acordo com vários fatores, antecipados pelo aplainamento do solo, tão importante para as plantações de arroz.
Além disto, a cultura da soja apresenta uma evapotranspiração máxima total no ciclo de aproximadamente 830 mm, sensível ao encharcamento
3. Planejamento agrícola e gestão de custos
O planejamento agrícola é essencial para uma boa rotação entre soja e arroz. Por meio dele, as outras atividades vão acontecer no período certo e de modo adequado.
Nesse sentido, programe a época de semeadura adequada e ajustada às previsões climáticas.
Semear a soja em dezembro e janeiro, promove uma vantagem em relação a ferrugem asiática, por exemplo.
Manter a gestão dos custos sob controle também é fundamental para conhecer o custo dessas mudanças de manejo e verificar o que compensa mais fazer.
A rotação de arroz com soja exige um preparo maior do sistema para receber culturas com necessidades de ambientes tão distintos.
Apesar disso, os retornos econômicos e ambientais são muito compensatórios. Além de que a soja possui maior liquidez (dinheiro mais rápido) que o arroz.
E com isso, você pode se especializar mais, otimizar seu sistema produtivo e ganha a vantagem de ter uma garantia a mais para a sua renda.
Para isso, mantenha um bom planejamento das culturas e uma boa gestão financeira para administrar esses manejos distintos.
Com isso e nossas dicas, com certeza a rotação do cultivo de arroz e soja será um ótimo negócio!
Nematoides na cana-de-açúcar: veja como identificá-los em seu canavial e quais as formas de controle mais eficazes.
Plantas de tamanhos desiguais, nanismo, perfilhamento menor… Já se deparou com alguns destes problemas no canavial?
A situação é frequente no país: segundo estudos, 70% das áreas de cultivo de cana possuem nematoides.
Eles chegam a reduzir a safra pela metade, provocando perdas significativas.
Mas existem manejos que contribuem muito para o controle de populações. Confira aqui cada um deles e saiba como reconhecer os sintomas de nematoides na cana:
Nematoides na cana-de-açúcar: diferentes tipos
Os nematoides podem afetar diversas culturas, mas existem alguns tipos que podem reduzir a produtividade especificamente da cana-de-açúcar.
Diferença de área saudável (à esquerda) e com nematoides (à direita) (Fonte: Spaull et al., 2017)
Cada espécie de nematoide apresenta diferentes graus de severidade no canavial, sendo aquelas dos gêneros Meloidogyne e Pratylenchus os mais impactantes para cana.
Nesse sentido, em estudo da pesquisadora Leila Dinardo Miranda (IAC), 97% das amostras de solo de canaviais tinham presença do nematoide Pratylenchus zeae; 35% tinham Meloidogyne javanica e 20% continham Meloidogyne incognita.
Para que você identifique o aparecimento de nematoides na cana-de-açúcar separei abaixo as características das principais espécies que atacam a cultura:
Os jovens penetram nos ápices radiculares e iniciam o desenvolvimento de células gigantes nos tecidos da raiz (as galhas), prejudicando o transporte de água e nutrientes.
Sintoma de Meloidogyne javanica em cana-de-açúcar (Fonte: Macedo et al. (2011))
Os sintomas são manchas em reboleiras, com plantas pequenas e amarelas. As folhas das plantas apresentam manchas claras ou necrose entre as nervuras.
O Meloidogyne incognita é o que possui infestação e ataque mais severo, com a formação de galhas no sistema radicular.
Pratylenchus zeae
O ciclo também é curto (cerca de 40 dias) e ocorrem várias gerações em uma mesma safra.
Como sintoma, as raízes sofrem engrossamento e apresentam-se parcial ou totalmente escurecidas. Há diminuição da absorção de água e nutrientes da solução do solo, podendo apresentar também pequenas galhas.
O principal sintoma são as áreas necrosadas no sistema radicular da cultura. A infestação pode ser vista em reboleiras onde as plantas ficam menores, mas continuam verdes.
É importante lembrar nematoides são micro-organismos naturais dos solos. Algumas espécies e sua altas populações, porém, são causadoras de ataques severos às culturas.
Características do solo como temperatura, umidade, granulometria, teor de matéria orgânica e composição da população de microrganismos são fatores fundamentais para a dinâmica dos nematoides.
O solo arenoso é forte facilitador para a disseminação dos nematoides na cana-de-açúcar, pois favorece a movimentação desses microrganismos.
Alta umidade também os favorece, além de que a composição natural de um solo pode conter mais ou menos desses microrganismos.
Danos dos nematoides na cana-de-açúcar
Quando o ataque de nematoides é na cana de açúcar podemos observar algumas características como:
Tamanho desigual das plantas;
Nanismo;
Menor perfilhamento;
Tombamento de plantas (dependendo da infestação e severidade);
No primeiro corte de uma variedade suscetível, a redução da produtividade pode chegar a 30% (também dependendo dos diferentes graus de infestação);
Conforme a severidade dos danos, nas socas subsequentes pode haver diminuição drástica da longevidade da soqueira.
Reboleira com sintomas de nematoides na cana-de-açúcar (Fonte: Embrapa)
Medidas de controle: o que fazer?
Alguns manejos contribuem muito para o controle dos nematoides na cana-de-açúcar.
Dentre eles, destaco a limpeza das máquinas e implementos agrícolas, já que é comum a movimentação demaquinário entre propriedades.
Abaixo você confere em detalhes outros tipos de manejo que são eficientes para nematoides:
Adubação verde
Os adubos verdes incrementam matéria orgânica no solo e seus resultados na cultura da cana-de-açúcar para o controle de nematoides também têm sido significativos.
Em estudos, foram observadas reduções do uso de adubação nitrogenada devido à fixação biológica de nitrogênio.
Isso ocorre quando utilizamos leguminosas na adubação verde, já que há grande fixação de nitrogênio (200 a 300 kg/ha), podendo aumentar a produtividade de aproximadamente 15 a 20 toneladas de colmos por hectare.
Em especial, tem sido verificada a eficiência da Crotalaria spectabilis no controle de nematoide das galhas e das lesões radiculares.
Ela contribui na produção de biomassa de 20 t/ha a 30 t/ha e na fixação de nitrogênio de 40 kg/ha a 50 kg/ha.
Cana-de-açúcar com Crotalaria spectabilis (Fonte: Revide)
Além dela, as principais culturas utilizadas como adubos verdes nas entrelinhas da cana-de- açúcar são:
O uso de nematicidas é realizado na semeadura no sulco de plantio ou em pulverização na cana soca, aplicando o produto dirigido à base da soqueira da cana-de-açúcar.
O período ideal para a utilização é entre setembro e abril, pois são os meses mais chuvosos.
São recomendados produtos como o aldicarb (Temik 150G), carbofuran (Furadan 50G ou 100G ou 350SC) e terbufós (Counter 150G).
Na cultura da cana-de-açúcar, tem sido comprovado o uso de microrganismos como a Pochonia chlamydosporia,Paecilomyces lilanus, Bacillus subtillis. Veja os detalhes sobre cada um deles abaixo:
Pochonia chlamydosporia
Esse fungo coloniza, parasitando e matando ovos e fêmeas de nematoides.
Além disso, sobrevive na matéria orgânica no solo e na ausência de populações de nematoides.
Paecilomyces lilacinus
É um fungo que afeta a capacidade reprodutiva dos nematoides. Através do parasitismo dos ovos, ele penetra e destrói o embrião ou ataca as fêmeas sedentárias, que são colonizadas e mortas.
Pode promover redução de 60% na penetração do nematoide na fase de estabelecimento da cultura.
Bacillus amiloliquefaciens
Essa bactéria age de duas maneiras principais sobre os nematoides.
Quando aplicada no solo, promove colonização do sistema radicular, alimentando-se dos exsudatos radiculares.
Com isso, os nematoides não conseguem reconhecer os exsudatos radiculares, o que inibe sua penetração nas raízes.
Já o mecanismo de produção natural de antibióticos e toxinas promove a morte do embrião de nematoide dos ovos próximos ao sistema radicular.
Análise nematológica de solos
A análise de solo de áreas com suspeita de nematoides é fundamental. Com ela em mãos, você conseguirá definir de forma mais acertada o manejo.
Para isso, é importante realizar a correta amostragem de solo, seguindo os seguintes passos:
A coleta da amostra de solo e raízes deve ocorrer no início da observação de sinais visíveis como reboleiras
O ideal é que o solo esteja com umidade natural (evite coletar após chuva ou calor extremo).
As amostras podem seguir padrão de 0 cm a 25/30 cm;
Na amostragem das raízes, não faça o arranque das mesmas, pois assim elas perdem as radicelas, também importantes nos diagnósticos.
Para esse tipo de análise, recomenda-se a coleta de 10 subamostras a cada 30 hectares.
Aqui você pode conferir o Manual – Procedimento para coleta de amostra de solo e raiz para análise nematológicas.
Conclusão
O desenvolvimento de seu canavial livre de nematoides é possível!
Percebemos aqui a importância de realizar a correta identificação dos sintomas de nematoides na cana-de-açúcar e de realizar análise de solo para classificarmos os responsáveis pelo ataque.
Por isso, comece hoje mesmo a monitorar mais o seu canavial e a testar novos manejos de controle do solo que vimos neste texto!
Os nematoides podem causar perdas pequenas até a inviabilização de uma área em sua propriedade.
O maior desafio é correta identificação no campo, já que é facilmente confundida com deficiência de nutrientes e de água.
Depois, a grande questão é como manejar esse patógeno, o que nem sempre é simples.
Neste artigo veremos como é a identificação dos principais nematoides na soja e como fazer o seu controle de forma eficiente.
Os nematoides na soja: características gerais
Para o controle correto dos nematoides em qualquer cultura é necessário reconhecer esse problema em campo.
Por isso, vou repassar as condições favoráveis a esses patógenos, assim você já tem uma noção se pode ser esse o problema da sua lavoura.
Em geral, terrenos arenosos ou franco-arenosos são mais favoráveis aos nematoides. Bem como as áreas de baixo índice de matéria orgânica.
Isso porque é bem mais facilitado a movimentação e a migração deles no solo.
As temperaturas ideais são as acima de 28 °C e a umidade também os favorece.
A presença de nematoides causam sintomas de baixo vigor e pouco desenvolvimento da parte aérea, podendo ocorrer clorose das folhas.
Por afetarem o sistema radicular esses sintomas podem ser confundidos com deficiências nutricionaise estresse hídrico, uma vez que podem prejudicar a absorção de água e nutrientes.
Sintomas visuais causados por nematoides na soja (Fonte: LSU Ag Center)
É importante saber também que a severidade do ataque dos nematoides depende muito da suscetibilidade da cultivar plantada, e da espécie e raça do nematoide presente na lavoura.
Agora que vimos as características gerais, vou detalhar os sintomas dos principais nematoides na cultura da soja:
Nematoide de Cisto da Soja – Heterodera glycines
As fêmeas adultas e cistos se alimentam das raízes e nódulos radiculares.
Por isso, os danos causados resultam em sintomas visíveis como estresse e deficiências nutricionais.
Assim, o crescimento da soja é atrofiado e as folhas ficam cloróticas, até ganhando o nome de “doença do nanismo amarelo”.
Com a presença desses nematoides é possível visualizar sintomas foliares confundidos com estresse hídrico ou deficiência nutricional.
Em geral, a cinco semanas após a semeadura, observam-se pontos de coloração branca e amarelada nas raízes.
Se você tiver uma lupa, pode observar nas raízes nematoides brancos ou marrons, com formato de minúsculos limões.
A ocorrência dos sintomas donematoide das galhastambém são semelhantes com os outros nematoides. Assim, os sintomas são em reboleira, sendo que as folhas ficam amareladas e o crescimento da planta é atrofiado.
O ciclo completo de vida do nematoide das galhas se dá em 37 dias. Os jovens penetram nos ápices radiculares e iniciam o desenvolvimento de células gigantes nos tecidos da raiz (as galhas).
Por isso, a diferença dos sintomas é no sistema radicular, onde se desenvolvem as galhas. Elas prejudicam o transporte de água e nutrientes, causando os danos que comentei.
Com certeza o manejo mais eficiente aos nematoides será os realizados na entressafra e no plantio.
Os desafios técnicos são grandes porque após o sua presença e estabelecimento na lavoura, a única saída é regredir e estabilizar a sua população, pois dificilmente eles serão eliminados.
Com isso as práticas culturais, continuam sendo as principais atividades para o controle.
Como veremos a seguir, essas práticas envolvem a rotação, sucessão de culturas e até mesmo consórcio com plantas não hospedeiras.
Mas uma prática isolada não é a solução.
A melhor opção é o uso associado de diferentes estratégias de controle, consolidando um manejo integrado.
Por isso agora vamos conhecer as 5 principais maneiras de controlar os nematoides na soja, assim você poderá selecionar as que fazem mais sentido na sua fazenda.
Já foram identificados mais de 200 diferentes organismos que são inimigos naturais dos fitonematoides.
Estes microrganismos são encontrados normalmente no solo, parasitando ovos e cistos, ou predando nematoides juvenis e adultos.
Mas, pensar em uso de microrganismos para o controle de nematoides, devemos ter em mente que esses terão que aguentar as altas temperaturas de solo na semeadura.
Assim, se atente para a temperatura no plantio nesse método de controle.
Entre os microrganismos com efeito nematicida comprovado estão Paecilomyces lilacinus, Trichoderma harzianu, Arthrobotrys oligospora, Arthrobotrys musiformis, assim como algumas rizobactérias.
A seguir confira os principais para o controle na soja:
Paecilomyces lilacinus
É um fungo que afeta a capacidade reprodutiva dos nematoides.
Através do parasitismo dos ovos, ele penetra e destrói o embrião, ou atacando as fêmeas sedentárias, que são colonizadas e mortas.
Sua capacidade é de promover a redução de 60% na penetração do nematoide na fase de estabelecimento da cultura.
E existem produtos comerciais como o Nemat da Ballagro.
Trichoderma harzianum
É um fungo que através de várias estratégias combate o nematoide das lesões radiculares Pratylenchus spp.
Pochonia chlamydosporia
Esse fungo que parasita e mata ovos e fêmeas de nematoides.
E existem produtos comerciais no mercado, como o Rizotec, desenvolvido através do trabalho colaborativo entre a Universidade Federal de Viçosa e o Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (Bioagro).
Bacillus amiloliquefaciens
Essa bactéria age de duas maneiras principais sobre os nematoides.
Quando aplicada em tratamento de semente ou em sulco de plantio, o seu estabelecimento no solo promove colonização do sistema radicular da planta, alimentando-se dos exsudatos radiculares.
Com isso, os nematoides não conseguem reconhecer os exsudatos radiculares, inibindo assim a penetração dos nematoides nas raízes
Já o mecanismo de produção de produção natural de antibióticos e toxinas, há a morte do embrião de nematoide dos ovos presentes próximos ao sistema radicular.
Existem produtos comerciais no mercado com o NemaControl, recomendado para o controle de Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões radiculares)
Além desses, tratamentos bacterianos de solos e de sementes com biopesticidas contendo Pseudomonas fluorescens, Pasteuria penetrans, Bacillus subtilis, B. methylotrophicus e o B. pumilis que controlam o nematoide dos cistos, também têm sido eficientes.
2. Cultivares resistentes
Plantas são definidas como resistentes a fitonematoides quando previnem, ou restringem marcantemente, a reprodução deles.
E existem no mercado algumas cultivares de soja e milho já resistentes a nematoides.
Sempre bom lembrar da importância de considerar realmente o posicionamento técnico recomendado pela empresa que você adquiriu.
3. Rotação de culturas
Essa é uma das principais práticas e que realmente faz a diferença.
Você pode inserir plantas não hospedeiras, que possuem a resistência passiva, ou também chamada de pré-infeccional.
Essa é uma característica inerente às plantas, ocorrendo independentemente do parasitismo pelos nematoides..
Isso ocorre devido à presença nessas plantas de substâncias repelentes ou tóxicas aos nematoides.
Nesse sentido, temos as crotalárias, girassol, sorgo, e os milhetos resistentes como ADR 300 ou ADR 8010.
Além disso, a rotação de cultura contribui na melhora das condições físicas, químicas e biológicas do solo, sendo que também quebra o ciclo de pragas e doenças.
Isso porque eles combatem esses patógenos nas primeiras semanas após o plantio, e não na safra toda. No entanto, plantas melhor formadas conseguem resistir mais aos futuros ataques de nematoides.
Além disso, essa primeiras semanas são fundamentais para a definição de produtividade e as plantas conseguem resistir mais aos futuros ataques de nematoides.
Ademais, a quantidade reduzida de nematicida utilizado na semente resulta em maior sustentabilidade e segurança no sistema de produção agrícola.
Os defensivos agrícolas mais utilizados são os à base de abamectina e de tiodicarbe.
À esquerda lavoura com tratamento de sementes com nematicidas, à esquerda sem tratamento de sementes (Fonte: Ag Update)
5. Controle químico
Aplicados em sulco ou em pulverização terrestre. Porém, sempre considere uma abordagem integrada dos métodos de controle e não só o químico.
Medidas preventivas para combater os nematoides na soja
Algumas medidas de prevenção são fundamentais para o manejo adequado dos nematoides na soja:
Inseticidas naturais: O que são, como usar e quais são os principais produtos para seu manejo ser ainda melhor e menos custoso.
Muitas vezes o uso de inseticidas pode gerar um custo pesado no orçamento da safra.
Por isso, dentro do seu planejamento agrícola inclua novas estratégias de controle de insetos.
Não só os custos, mas também o manejo de pragas como um todo fica muito mais eficiente e o ambiente equilibrado com a diversificação nos métodos de controle.
Uma dessas opções de manejo são os inseticidas naturais. Aqui recomendo os principais produtos e orientações para seu manejoser ainda melhor e menos custoso.
O que são inseticidas naturais? Eles realmente matam os insetos?
Inseticidas são os produtos ou meios que usamos para combater algum inseto praga.Quando falamos dos defensivos agrícolas químicos, esses são classificados de acordo com a sua composição química. Você pode conferir essa classificação e outros detalhes sobre inseticidas neste artigo sobre os principais tipos de inseticidas para grãos.
Mas, além dos produtos químicos, há outras formas de fazer o controle dos insetos.
Os produtos biológicos de controle de insetos são exemplos disso e estão ganhando cada vez mais adeptos.
No controle biológico nós utilizamos como base os macro e microbiológicos para realizar o controle dos insetos pragas. E os principais são:
Microbianos;
Insetos predadores;
Parasitóides.
Com o aumento do número de resistências aos produtos químicos e novos insetos pragas surgindo, as pesquisas com controladores biológicos tem aumentado.
E acredito que o futuro teremos mais soluções biotecnológicas utilizando os recursos genéticos dos microrganismos, com o descobrimento e desenvolvendo produtos mais seletivos e assertivos com base nos microrganismos.
Mas o que chamamos de inseticidas naturais são produtos botânicos de compostos vegetais secundários ou outros subprodutos de origens orgânicas. Os principais são os de base vegetal como:
Piretrina;
Rotenona;
Nicotina;
Cevadinha e Veratridina;
Rianodina;
Quassinóides.
(Fonte: Toxicidade dos principais inseticidas botânicos)
A maioria dessas substâncias são derivadas de metabólitos secundários com propriedades inseticidas, fruto da própria evolução natural das plantas.
As vantagens estão na seletividade, prejudicando bem menos insetos benéficos, como os inimigos naturais.
Além das pragas: A importância dos inseticidas naturais para outros insetos
Mas não. Os inimigos naturais são em geral bem pequenos, menores que os insetos pragas, e existem em grande quantidades em todos os agroecossistemas.
São tanto nematoides como parasitoides, e à medida em que a safra vai se desenvolvendo o número desses insetos só aumenta.
É bom lembrar as principais leis naturais que regem todo o agroecossistema terrestre.
As plantas cultivadas servem de alimento para os herbívoros, os quais ocupam o segundo nível trófico, e que por sua vez, servem de alimento para os organismos carnívoros, ocupantes do terceiro nível trófico.
Os carnívoros atuam como agentes reguladores das populações dos herbívoros, sendo esses os ‘inimigos naturais”.
(Fonte: Embrapa Agrobiologia)
Mesmo com a aplicação de muitos produtos químicos não seletivos, os inimigos naturais continuam a existir nas lavouras.
Porém, nem todos em quantidades adequadas para cumprirem seu papel de reguladores naturais.
Como por exemplo, a Cotesia flavipes é parasitóide que realiza o controle da broca da cana-de-açúcar.
Dentre os inimigos naturais, também consideremos os microrganismos. Cerca de 80% das doenças de insetos são causadas por fungos, e os principais gêneros são:
Aschersonia;
Aspergillus;
Beauveria;
Enthomophthora;
Erynia;
Hirsutella;
Metarhizium;
Nomurea;
Penicillium.
Assim, eles podem ser usados para o combate de diversas pragas.
A Beauveria bassiana, por exemplo, tem realizado controle da broca do café (Cosmopolites sordidus) e broca do pedúnculo floral do coqueiro (Homalinotus coriaceus). Já o Baculovírus anticarsia apresenta controle eficiente das lagartas nasoja.
(Fonte: Controle Biológico de Pragas: Princípios e Estratégias de Aplicação em Ecossistemas Agrícolas – Embrapa Agrobiologia)
5 Inseticidas naturais para começar a usar
Extrato de nim (Azadirachta indica)
O nim é uma árvore, nativa do continente indiano, muito resistente a seca.
O extrato de nim, tem origem na semente da árvore, e possui em sua composição mais de 30 compostos tóxicos, se destacando a azadiractina.
Sua atuação se dá principalmente retardando o desenvolvimento e repelindo insetos, sendo que nas fases da ecdise em insetos pode impedir ou interromper, causando a morte dos mesmos.
O óleo de nim é extraído por prensagem das sementes, das quais se obtém 47% de óleo com 10% de azadiractina.
Segundo Brechelt (2004) os produtos a base de nim não afetam animais de sangue quente, inclusive o homem, não se acumulam no meio ambiente, e tem pouco efeito sobre os organismos benéficos.
Veja abaixo os efeitos do óleo de Nim em insetos:
(Fonte: Brechet, 2004)
2. Extrato de Bougainvillea ou primavera (Bougainvillea spp.)
O extrato de primavera realiza um controle preventivo muito eficaz.
Sua principal atuação é sobre o tripes, inseto transmissor de viroses , pois este transmite o vírus causador da doença “Vira Cabeça” do tomateiro.
No tomate, o uso ocorre na emergência das mudas, em intervalos de 2 a 3 dias no desenvolvimento das plantas, até o início do florescimento das mesmas.
3. Extrato de Alho (Allium sativum)
O extrato possui uma composição rica em enxofre, que contribui para a repelência de insetos e, assim, controle de pragas.
Ao ser pulverizado sobre as plantas, o extrato do alho em litros de água, é absorvido pela planta, e seu odor natural “engana” os insetos pragas. Os principais controles são com lagarta das maçãs e pulgões.
4. Óleo de rícino e de citros
Outros inseticidas naturais que têm despertado interesses em mais pesquisas são o óleo de rícino e de citros que causam mortalidade em ninfas de moscas-brancas.
Também nessa linha, o extrato aquoso de cravo da índia, pó de café e de folhas de tomate repelem pulgões e outras pragas.
Esses produtos são de baixo custo e normalmente utilizados em horta orgânica, misturando-os até mesmo com sabão de coco, para combater as pragas.
No entanto, esses tipos de óleo mineral e outros extratos vêm sendo cada vez mais pesquisados para larga escala.
5. Cinamomo (Melia azedarach)
Utilizamos o extrato de folhas de cinamomo para o combate de algumas pragas agrícolas importante.
Estudos indicam, por exemplo, o controle eficiente da lagarta-mede-palmo, mosca-das-frutas, traça-das-crucíferas e outros.
6. Extrato pirolenhoso
O extrato pirolenhoso é um inseticida natural, o qual é um líquido resultante da condensação da fumaça, a partir da carbonização de madeiras.
Mesmo não sendo um produto direto de derivação botânica, sua fonte é orgânica. Este líquido pode conter mais de 200 tipos de compostos diferentes, predominando, porém, o ácido acético.
Sua principal forma de atuação é como repelente aos insetos pragas.
(Fonte: Pirolenhoso BR)
A defesa é o melhor ataque: silício
Esse elemento será cada vez mais falado na agricultura. Plantas com suprimentos adequados deste elemento, possuem resistência e tolerância a insetos e doenças.
Isso ocorre devido a uma camada protetora formada sobre a epiderme da planta.
A sua ação sobre os insetos é o desgaste das mandíbulas e a atração de inimigos naturais. Veja abaixo o efeito do silício sobre insetos:
(Fonte: IPNI – Silício: Um elemento benéfico e importante para as plantas)
O silício é um elemento pouco móvel, absorvido na forma de ácido monossilícico, o que vem a contribuir na dinâmica dos elementos no solo.
Por exemplo, na redução da fixação do fósforo, pois os dois elementos competem pelos mesmo sítios ativos, contribuindo também na saturação de bases do solo.
Controle biológico da lagarta da soja: Conheça os principais produtos, como funciona esse tipo de controle e fique livre do prejuízo causado pelas lagartas.
Mesmo após a aplicação de inseticidas nós podemos ver as folhas de soja recortadas pelas lagartas.
Isso pode resultar em grande perda de área foliar, de produtividade e até mesmo obrigar o replantio como aconteceu na safra 2016/17.
Nesse momento achamos que não tem jeito: todas aquelas lagartas não vão sair da lavoura.
Mas existe saída para se livrar desses insetos, e ela envolve o controle biológico.
Veja como esse tipo de controle funciona e como implementá-lo na sua fazenda para um manejo eficaz das lagartas.
Os tipos de controle biológico da lagarta da soja ou de outras culturas
O princípio de qualquer controle é interromper o ciclo de vida de lagartas pragas da sojaou de outra cultura.
No controle biológico há duas formas de controles principais promovidas, que são:
Parasitismo: associação entre seres vivos no qual apenas um se beneficia, ou seja, um é o parasita agente agressor e o hospedeiro;
Predação: aqui a relação entre dois seres vivos no qual um é uma presa e o outro predador;
Além disso, os produtos de controle biológico podem ser deorigem:
Microbiológicos, como bactérias, fungos e vírus;
Macrobiológicos, como parasitóides e predadores.
O primeiro passo para o controle biológico da lagarta da soja é a identificação
Sei que você já conhece elas, mas na prática às vezes muitas dúvidas surgem para identificarmos quem é quem.
E essa correta identificação é essencial para o manejo, mas é ainda mais no controle biológico da lagarta da soja.
Isso porque os produtos biológicos são mais seletivos, controlando mais especificamente cada inseto.
Assim, para te ajudar vamos conferir as principais características dessas lagartas.
Sua coloração é verde, com estrias brancas na parte superior. Em casos de grandes populações na área, ou seja, em certa escassez de alimento, sua coloração pode se tornar mais escura.
É a desfolhadora mais comum na cultura da soja, sendo encontradas geralmente nas partes inferiores das folhas se protegendo.
Possui como hábito alimentar as partes centrais das folhas, mas deixando as nervuras intactas.
Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens e Rechiplusia nu)
Sua coloração é verde-clara, com pontos pretos e linhas esbranquiçadas no dorso.
Possui como características se movimentar como se estivessem “medindo palmos”.
E o hábito de se proteger na face inferior das folhas, dificultando a sua detecção no início do ciclo de vida.
Se alimenta da região central das folhas, conforme o desenvolvimento da cultura elas se alimentam de folhas mais velhas ou do baixeiro.
Esse hábito de ficar no terço-inferior da cultura, desafia o seu controle, principalmente no momento em que as linhas da cultura já estão fechadas.
Além de causar desfolhas, também atacam flores, gerando abortamento das mesmas. O abortamento resulta em perdas de produtividade para além de diminuição do processo fotossintético.
Sua coloração é branco esverdeada com a cabeça preta. Nos últimos instares de desenvolvimento, se torna bege-amarelada com a cabeça marrom.
Realizam seu ataque na extremidades das folhas, se agrupando como fios de seda.
Também realizando o ataque através da penetração no caule da cultura, bloqueando o fluxo de seiva para as folhas, comprometendo o desenvolvimento da planta.
Mais ao final do ciclo podem ficar escondidas nas flores e vagens, dificultando o seu monitoramento.
Lagarta militar ou lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
Sua coloração varia entre cinza-escuro, verde, marrom e preta.
A lagarta apresenta também uma faixa com pontos pretos e três linhas branco-amareladas e na cabeça um desenho de “Y” invertido, características que facilitam sua identificação.
E como característica forte para identificar a lagarta é a grande quantidade de excrementos (fezes) na folha.
Além de que, só se encontra uma lagarta por planta, pois essa espécie pratica canibalismo.
Sua mariposa possuem hábitos noturnos, com asas anteriores pardo-escuras e posteriores branco-acinzentadas.
Ela realiza ataque na cultura desde a emergência (cortando as plântulas) até as fases vegetativa e reprodutiva (raspando as folhas e desfolhando).
Os principais produtos para controle biológico da lagarta da soja
Ele é conhecido a um bom tempo, principalmente no sul do brasil. Seu uso é muito frequente na cultura da soja.
Ele pode promover o controle de até 95% das lagartas até 1 cm.
Recentemente, foi lançado no mercado o Cartucho CartuchoVIT, a base de baculovírus spodoptera. O produto é recomendado para o controle da Spodoptera frugiperda.
As vantagens são a baixa necessidade de entrada e um formulado de fácil aplicação. Além disso, o baculovírus pode ser fabricado na sua própria fazenda.
Esse inseto é uma mini vespa que pode controlar lagartas ainda na fase de ovo, evitando e reduzindo os danos na lavoura.
Seus ovos são distribuídos na quantidade de cerca de 100 mil ovos por hectare previamente parasitados, que após eclodidos irão colonizar os ovos de lagartas.
Assim, o controle é através do parasitismo, pois ele localiza o alvo enquanto um produto convencional tem que atingir o alvo.
O Trichogramma também tem ação sobre as principais lagartas da soja como a Spodoptera frugiperda, a Falsa-medideira, Helicoverpa spp. e a Anticarsia gemmatalis.
A frequência de aplicação é de cerca de duas a três em um intervalo de dez dias.
A entrada na cultura da soja é recomendada em R1 a R2, pré-fechamento de linhas, cerca de 5 a 7 dias após a aplicação para ferrugem.
É um fungo, nos quais os esporos entram em contato com as lagartas germinando e crescendo diretamente através da cutícula para o interior do corpo do hospedeiro.
Assim, o fungo prolifera por toda lagarta, produzindo toxinas e utilizando seus nutrientes.
Algumas pesquisas já foram feitas no Brasil sobre o fungo no combate a S. frugiperda, veja duas delasaquieaqui.
Ao contrário da bactéria Bacillus thuringiensis, esse fungo não precisa ser ingerido para combater as pragas.
Manejo Integrado de Pragas
O controle biológico da lagarta da soja faz parte do MIP. Pode até parecer que esse é só mais um termo que temos repetido bastante nos textos.
Mas o objetivo é trazer informações válidas e que te ajudem nos manejos. Por isso, sempre vale focar no Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Ele tem como base três fatores, que são: o nível de controle, o monitoramento, e o nível de dano econômico.
Talvez não em níveis que por si só façam o controle das lagartas, mas ajuda no controle das infestações. É também um sinal muito positivo de que o agroecossistema está entrando em equilíbrio.
Além disso, pense no MIPcomo um método de prevenção da com resistência de defensivos agrícolas. Por isso, sempre recomendo seguir os passos que o IRAC orienta:
Siga os dados existentes nas instruções de uso de cada produto;
Consulte os rótulo para conhecer melhor o modo de ação de cada produto, e pode ser ainda mais facilitado pela consulta deles no site doIRAC;
Alternar os mecanismos de ação, não faça aplicação de mesmo mecanismos de ação de forma seguida;
Planeje as janelas de aplicações da tua lavoura.
Aqui disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP: saiba qual o Nível de Controle de cada praga e quando você deve aplicar, mantendo tudo organizado. Clique na figura a seguir para baixar!
E para as janelas de aplicações, a recomendação é que não ultrapasse 30 dias. De modo geral, esse é o tempo de geração de um inseto-praga. Nesta janela considere também os residuais dos produtos na lavoura.
As lagartas são um grande desafio nas lavouras de soja, principalmente aquelas que apresentam população grande na área.
Utilizar o controle biológico da lagarta da soja é uma grande vantagem, já que é outro tipo de controle para colaborar no seu manejo.
Desse modo, planeje bem o seu programa de defensivos e inclua algum desses controles biológicos como uma alternativa, monitore bem e teste.
Tenho certeza que agora, conhecendo os principais produtos biológicos e todas as dicas que falei aqui, você conseguirá manter as lagartas sob controle!
Plantio direto na soja: as espécies de cobertura mais indicadas, as máquinas agrícolas recomendadas e outras orientações para fazer esse sistema ainda melhor.
No Rally da Safra 2017/18 foi levantado que 99% produtores adotam o plantio direto em algum grau de medida. Ou seja, são milhões de hectares já com o plantio direto em algum nível.
Isso mostra que percebemos os benefícios do plantio direto na produtividade: o sistema pode aumentar em até 60% a produtividade de grãos.
Mas ao deixar a palha sobre o solo para começar o plantio direto você teve algumas dúvidas?
É normal que algumas questões apareçam ao mudar o sistema de produção agrícola.
Por isto, conheça mais desta prática que pode te ajudar a consolidar este sistema sustentável na sua lavoura.
(Fonte:Revista Granja, outubro de 2018)
O Plantio Direto na soja
O Sistema Plantio Direto (SPD) tem se destacado como uma das estratégias mais eficazes para melhorar a sustentabilidade da agricultura em regiões tropicais e subtropicais.
O grande resultado é por minimizar as perdas de solo e de nutrientes por erosão, além de ajudar a conservar a umidade de solo.
Isto devido aos três princípios básicos do SPD, que são:
Plantar sem tirar a palhada das culturas anteriores, é a proteção mais assertiva na proteção das chuvas, de erosão, lixiviação de fertilizantes.
A rotação de culturas também é importante para ajudar a resolver o problema de compactação do solo.
Dessa forma você mantém seu investimento a longo prazo no campo, além de que todos esses benefícios do SPD fazem com que seja aumentado a produtividade da cultura da soja.
Além disto, há redução de operacional, e maior sustentabilidade ambiental na tua propriedade e no teu bolso.
Tudo vai começar com a escolha da cultura de rotação que será a fonte de cobertura e palhada para a cultura da soja.
Normalmente, essas espécies são chamadas de cultura de cobertura, as quais são também utilizadas na adubação verde.
E esta cultura pode ser a responsável pela quebra de ciclo de doenças e patógenos, e de grande importância no Manejo Integrado de Pragas.
Segundo estudos do IAPAR, algumas cultivares de aveia tiveram resultados muitos positivos no controle de nematoides.
Como a IPR Afrodite, que é resistente ao nematóide das galhas (Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita), enquanto o URS Brava é resistente ao nematoide das lesões (Pratylenchus brachyurus).
O nabo forrageiro também é uma ótima opção. É uma planta que em 60 dias cobre cerca de 70% do solo, e produz 20 a 35 t/ha de massa verde, 3,5 t/ha a 8 t/ha de massa seca.
Claro que este tipo de rotação é favorecido nas regiões mais subtropicais do Brasil, onde o inverno permite a sua produção.
Além disso, nas regiões mais quentes, tropicais do país, devemos incluir gramíneas, e não só leguminosas, para que a palha permaneça no solo e não se degrade tão rapidamente.
Gramíneas para culturas de cobertura no plantio direto
Com certeza a gramínea mais utilizada como palha no plantio direto na soja, são os restos da lavoura de milho, fazendo a sucessão de culturas soja e milho.
No entanto, é muito interessante a utilização de espécies diferentes, como no consórcio de braquiárias com leguminosas.
Falando em operações agrícolas, veremos agora quais as máquinas para o plantio direto na soja:
Quais as principais máquinas agrícolas para o plantio direto?
As principais são a semeadora e a colhedora diferenciais para este tipo de sistema de plantio.
São tão importantes de serem adequadas, que pode se perder cerca de 10% com uma semeadura inadequada em uma lavoura de soja.
Isso pode ocasionar uma perda de cerca de 6 sacas por hectare, significativo né?
No plantio direto você precisa de uma máquina adequada. Aquela que mobilize o mínimo necessário a linha de plantio, que corte e afaste a palha, bem como uma que distribua bem a palhada na colheita.
Além disto, a colhedora deve ser equipada com picador de palha regulado para distribuir uniformemente a palhada sobre o solo, na faixa equivalente a largura de corte da colhedora.
E o válido mesmo, é estar sempre observando na hora da colheita como está a distribuição da palhada.
Isso porque, quanto mais você regular a distribuição de palhada neste momento, melhor será todo o teu futuro nesta lavoura.
A distribuição irregular da palhada dificulta as próximas operações agrícolas, e também pode deixar alguns espaços de área descoberta.
Isso faz com que não tenhamos os benefícios da palha em toda a área, especialmente na conservação da umidade e controle de plantas daninhas.
Colheita de soja em SPD, Mato Grosso (Fonte: Arquivo pessoal da autora)
Vantagens do Sistema Plantio Direto na soja
O SPD é por si só uma vantagem ao seu sistema agrícola.
Com ele fica mais fácil otimizar o seu maquinário, você vai formando solo e contribuindo nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo mesmo com a intensidade de manejo no mesmo nas safras.
Além de, ser significativo sua contribuição na redução dos gases do efeito estufa, bem como nos seus custos se bem planejado.
É claro que temos desafios, as opções de rotações para formação de palhada nas entressafras ou até mesmo nos consórcios das safra, nem sempre são comerciais, e isto ainda é um obstáculos.
Mas se pensar a longo prazo a palhada deixada no teu sistema é um dos melhores investimentos de baixo custo que terá feito na sua propriedade.
O que é o Padrão RTRS de Produção de Soja Responsável?
Resultado do envolvimento na cadeia de valor da soja, principalmente produtores e indústrias, foi criado o padrão RTRS, como o nome diz, uma padrão de produção de soja responsável.
Os princípios e critérios para a certificação da soja como uma cultura responsável são:
Cumprimento legal e boas práticas empresariais;
Condições de trabalho responsáveis;
Relações comunitárias responsáveis;
Responsabilidade ambiental;
Práticas agrícolas adequadas.
(Fonte:Responsiblesoy)
E se tratando das práticas agrícolas, o Sistema Plantio Direto é um deles.
Assim como, medidas sistemáticas para planejar e implementar o monitoramento de proliferação de novas pragas e espécies invasoras introduzidas.
Conclusão
De cara, parece fácil escrever aqui como se faz, mas eu sei que na prática é um desafio enorme.
Às vezes a rotação estava perfeita, mas deixamos passar um mal espalhamento de palhada em alguma parte do talhão, e só isso já traz consequências lá na frente.
Mas tenha o objetivo de ir consolidando o Sistema Plantio Direto na soja. A palhada pode ser a sua poupança segura a longo prazo.
Lembre se que a meta é você conseguir ter maior domínio dos fatores que são chave na sua propriedade, e que realmente podem ser controlados por você.
Ou seja, não falo do clima ou dos valores de mercado dos insumos e do seu produto, mas dos fatores internos a tua propriedade.
Com um bom sistema de gestão e planejamento vai ficando mais “fácil” manejar esses fatores, fazendo decisões mais assertivas.
Inoculante para soja: Como fazer inoculação, tipos de inoculantes, o que muda com o tratamento de sementes e demais orientações para você obter todos os benefícios dessa prática e ter alta produtividade.
Na safra 2017/2018 a inoculação na cultura da soja foi responsável por um aumento médio de produtividade de 1,8 sacas por hectare.
E a co-inoculação de Bradyrhizobium spp. e Azospirillum spp. resultou em aumento médio de 5,6 sacas por hectare.
Esses são dados de uma pesquisa conduzida pela Emater do Paraná sobre as condições desta última safra, você pode saber maisaqui.
No entanto, alguns descuidos em campo podem prejudicar esse e outros benefícios para a soja.
Por isso, neste artigo vou compartilhar as principais informações para você conhecer mais desta prática super importante para as nossas lavouras.
O que é inoculante para soja?
O inoculante é um produto de base biológica, ou seja, composto por microrganismos benéficos às plantas.
De maneira bem simples, a inoculação serve para promover a associação entre microrganismos e as plantas.
Assim, o Bradyrhizobium spp. (especialmente Bradyrhizobium japonicum) o é o principal tipo de inoculação utilizado atualmente nas práticas agrícolas.
E tudo porque esse microrganismos promove a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) atmosférico para a planta, podendo tranquilamente substituir a adubação nitrogenada em culturas leguminosas.
Nessa associação se formam estruturas nas raízes da soja, os nódulos, onde o corre a fixação biológica de nitrogênio.
O maior segredo da FBN efetiva é acertar a mão na hora de levar esta biotecnologia a campo!
Se lembrarmos que 78% dos gases da atmosfera é formado por N, é simples perceber que tem muita fonte livre de N por aí.
Os microrganismos assimilam de forma natural esse N, e a moeda de troca para eles é o carbono gerado na fotossíntese das plantas.
E a relação é a seguinte, a cada 1 tonelada de grãos são requeridos cerca de 80 Kg de nitrogênio, os quais as bactérias podem disponibilizar para a planta.
Além delas, outras bactérias fixam e nitrogênio, como as diazotróficas que podem fazer isto na ausência de nódulos.
Nesse sentido, o Brasil foi pioneiro em muitas pesquisas da FBN, revolucionando o entendimento e descobertas deste fantástico mecanismo biológico.
Um dos microrganismos responsável por isto, recebeu em homenagem um nome bem brasileiro, o famoso Azospirillum brasilense.
Além disso, a co-inoculação de Bradyrhizobium spp., Rhizobium spp. eAzospirillum brasiliense, já mostram que o efeito dessa prática é muito positivo.
Eaqui tem uma cartilha da Embrapa que fala mais do processo de co-inoculação para soja.
Raiz de soja co-inoculação Bradyrhizobium e Azospirillum (Fonte: Embrapa)
Quais os benefícios do inoculante para soja?
Além da assimilação e nitrogênio, muitos estudos comprovam que os inoculantes promovem aumento na resistência às condições ambientais, como:
Maior resistência à estiagens;
Maior eficiência na absorção de água e outros nutrientes,
Efeito positivo na produção de fito-hormônios capazes de modificar a taxa de crescimento de raízes, melhorando o desenvolvimento das plantas;
Aumento da simbiose com outras bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) encontradas naturalmente nos solos, o que beneficia a lavoura em geral.
Dessa forma, o inoculante deve ser uniformemente distribuído na superfície da semente para se obter benefício máximo da fixação biológica do nitrogênio.
E você deve considerar os seguintes passos com estes produto:
A embalagem deve conter o número de registro do produto no MAPA;
Prazo de validade do produto;
A legislação do Brasil estabelece que os inoculantes devem conter uma concentração mínima de 1,0 x 109 células viáveis de rizóbios por grama ou mL do produto;
Identificação de uma ou duas das quatro estirpes de bactérias que são recomendadas para o Brasil;
Conservar o inoculante em local fresco e arejado;
Realizar a operação de inoculação sempre a sombra;
Proteger as sementes inoculadas do sol e calor;
Não fazer a inoculação dentro das caixas da semeadora;
Inocular e semear em seguida;
Não utilizar menos de 100 mL de inoculante líquido por saca de 50 kg de sementes;
Ao usar inoculante turfoso, você pode utilizar uma solução açucarada a 10% para aumentar a aderência.
Como fica o inoculante para soja com o tratamento químico de sementes?
Você pode manter o tratamento químico da sua semente e realizar a inoculação como práticas em conjunto.
(Fonte: Rizobacter)
Mas, é sempre bom lembrar da importância da prática de rotacionar os mecanismos de ação dos produtos.
O uso prolongado de produtos com o mesmo princípio ativo, exerce uma pressão de seleção na comunidade microbiana dos solos. Isso pode gerar desequilíbrios e possíveis prejuízos na atividade agrícola.
Assim, produtos com certas características representam maiores riscos de danos funcionais ao solo e ao ecossistema, como:
Elevada toxicidade;
Baixa degradabilidade;
Elevada mobilidade no solo,.
Seja qual for a sequência de tratamento químico, a inoculação sempre deve ser a última operação.
É interessante também adicionar uma dose maior de inoculante para soja, para amenizar os efeitos que algumas substâncias químicas exercem sobre a população das bactérias inoculadas.
Além disso, você pode utilizar no tratamento de semente o cobalto e o molibdênio, os quais auxiliam no funcionamento adequado da fixação biológica de nitrogênio.
Alternativamente, esses nutrientes podem ser aplicados via foliar até 15 dias após a emergência.
A recomendação da quantidade desses nutrientes em soja, segundo a Embrapa, é de 12 a 25 g/ha de Mo e 2 a 3 g/ha de Co.
6 dicas extras importantes a considerar no uso de inoculante para soja
1.É obrigatório o uso de inoculantes em áreas de primeiro cultivo de soja, ou em áreas não cultivadas a anos.
2. A re-inoculação anual pode resultar em ganhos médios no rendimento de 8%;
3. Se a inoculação é bem feita, não é necessário nenhum uso de fertilizantes nitrogenado, em qualquer estágio de desenvolvimento da cultura.
Estudosconduzidos no Paraná, em ambientes de alta produção de soja, confirmam a total ausência de resposta à adubaçãonitrogenada mineral via solo ou via foliar.
Isso foi verificado tanto no início (V5), quanto nos estádios reprodutivos de início do florescimento (R1) e de granação das vagens (R5.3).
4. Há no mercado produtos com função de adesão e proteção das bactérias, que estendem o período de viabilidade da bactéria, mas é necessário confirmar os dados das pesquisas e experimentar;
5. Evitar semear “no pó”, pois isto sensibiliza as bactérias, além de não ser a condição ideal de semeadura (veja mais sobre semeadura de soja aqui);
6. Você pode fazer a inoculação para soja no sulco de plantio, mas deve considerar a dose de no mínimo 2,5 vezes a dose do inoculante usada nas sementes de cultivares de soja e diluída em no mínimo 50 litros de água/há.
Além disso, você pode ver outros conceitos e dicas importantes neste vídeo:
O custo dos inoculantes é bem acessível no mercado para ser adicionado ao tratamento de sementes.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, as doses ficam em torno de R$ 4 reais por hectare.
Você deve se atentar as dicas que apresentei antes, sobre a concentração de microrganismos no produto. Isso vai contribuir muito para que a tua prática de inoculação para soja seja um sucesso.
Por isso, é importante conhecer um pouco mais das opções do mercado. Escolha pelo custo, qualidade e dose de microrganismos presente no produto.
Por exemplo, a diferença entre um inoculante para soja turfoso e o líquido, é a praticidade de aplicação.
Enquanto o produto líquido já vem na quantidade correta para você adicionar ao processo de tratamento de semente, o turfoso necessita da preparação de uma solução açucarada a 10% para promover a aderência do mesmo a semente.
O importante é considerar todos os custos, colocá-los todos na “ponta do lápis” e verificar qual é o melhor custo benefício para sua região e propriedade.
Com o Aegro você consegue visualizar todos os seus custo em um só lugar e de modo muito mais fácil
O Sistema de Plantio direto (SPD) é um manejo diferenciado do solo, que busca diminuir o impacto da agricultura sobre ele.
A utilização das técnicas desse sistema já é muito adotada no Brasil: segundo a Febrapdp, cerca de 35 milhões de hectares estão sobre o SPD, o que corresponde a 90% das áreas ocupadas com lavouras de grãos no país.
Em contrapartida, entre as vantagens da consolidação do sistema estão o aumento da produtividade, conservação e melhoria do sistema produtivo, além da diminuição dos custos de produção.
O que plantio direto?
O plantio direto é um sistema no qual o plantio ocorre sem revolvimento (ou como revolvimento mínimo) do solo, ou seja, sem aração ou gradagem leve niveladora como acontece no plantio convencional.
Com a utilização de semeadora específica, as sementes são depositadas em um sulco ou cova com profundidade e largura adequados e em que haja manutenção da cobertura do solo (palhada/cobertura morta).
O sistema de plantio direto é diferente do manejo do solo e é necessário para garantir as características físicas, químicas e biológicas do solo. Confira os pilares do Sistema de Plantio Direto (SPD) a seguir para entender melhor:
Mínimo ou não revolvimento do solo;
Manutenção da cobertura do solo (cobertura morta);
Rotação de culturas – rotação, sucessão e/ou consórcio de outras culturas de espécies diferentes.
Para consolidar o plantio direto e manter seus pilares, é preciso aprimoramento constante.
Em grandes áreas, muitas vezes se usa apenas a palha sobre o solo, ignorando os outros pilares e o potencial completo da prática.
O plantio direto foi adotado no Brasil no início da década de 1970 como alternativa para combater a erosão e, desde então, se tornou um dos principais sistemas de manejo conservacionista do solo.
Quais as vantagens do Plantio Direto?
Uma das maiores vantagens do plantio direto é a cobertura do solo com palhada, que contribui para sua estruturação, promovendo a formação de agregados e o aumento da matéria orgânica, o que melhora a fertilidade do solo.
Outras vantagens também podem ser listadas com o plantio direto, especialmente na conservação do solo e na eficiência produtiva. Confira as principais:
Menor impacto ambiental e uso mais racional dos recursos naturais.
Além disto, a também palhada contribui com processos aleloquímicos que podem realizar o controle de doenças e favorecer os ciclos biológicos do solo.
Aleloquímicos de restos culturais: processos, fatores que controlam e efeitos potenciais sobre os componentes do agrossistema (Fonte: Adaptado de Moreira e Siqueira, 2006, p. 258)
Desvantagens do Plantio Direto
No sistema de plantio direto há mais características a serem manejadas e observadas do que as aplicadas no sistema convencional, como o não revolvimento do solo, a palhada e a rotação de culturas.
Por conta disso, existem algumas desvantagens identificadas do sistema que podemos citar, como:
Mais dificuldade no controle de plantas daninhas: Em um primeiro momento é possível que se invista mais em herbicidas para o controle de algumas plantas daninhas, pois o solo com palhada pode favorecer a germinação;
Compactação do solo: Se a drenagem ou descompactação do solo não for bem planejada antes da implantação do sistema, é possível que ocorram necessidades de revolvimento e nivelamento novamente;
Dificuldade de germinação de sementes: Dependendo da época de semeadura realizada (se em momentos muito úmidos), em conjunto com a palhada no solo, é possível que ocorram alguns problemas de germinação;
Troca de maquinário: Alguns maquinários comumente utilizados, como arados e grades deixam de serem necessários no sistema produtivo.
A implantação do SPD e sua manutenção antes, durante e depois da safra exigem mais conhecimento técnico e um planejamento agrícola maior do produtor.
Você vai precisar organizar a rotação de cultura, os manejos para a palhada, fazer melhor controle de plantas daninhas. Se possível, vai precisar de uma assistência técnica especializada para acertar no manejo.
Como é feito o plantio direto?
Primeiro, precisamos construir palhada e, para isso, a escolha da cobertura certa é fundamental. É essencial que na escolha da cultura de cobertura você considere a relação de decomposição da palhada. Isso está ligado à relação carbono/nitrogênio (C/N) das plantas de cobertura.
Ainda assim, vale lembrar que não existe a melhor planta para cultura de cobertura. O milheto, por exemplo, é uma das plantas que contribui na expansão do plantio direto pela sua grande produção de matéria seca tanto aérea como radicular.
Além disso, seu uso pode chegar a incrementar o sistema com quantidades de potássio que podem substituir a adubação com cloreto de potássio em soja, por exemplo.
Porém, caso o corte seja feito depois da época ideal, pode-se acabar perdendo esse aporte nutricional. O recomendado é conhecer as plantas de cobertura e realizar um planejamento agrícola efetivo para que tudo corra adequadamente.
Primeiros passos para fazer técnicas de plantio direto
Definição das culturas de cobertura, inclusive época de plantio e corte;
Definição das rotações de cobertura, como quais culturas e épocas do ano;
Orçamento dos insumos para esse sistema;
Dimensionamento da equipe de trabalho e maquinário para o sistema.
É necessário também verificar o maquinário específico para esse sistema de plantio direto. O rolo faca, por exemplo, é muito utilizado para fazer a cobertura morta.
Se possível, faça o planejamento do sistema junto a um profissional da área, ele pode te trazer informações valiosíssimas.
Agora, é importante considerar a quantidade esperada de produtividade da cultura, que é fator importante na definição de adubação.
Além de que, as culturas de cobertura podem ser atrativos de inimigos naturais de pragas, e aqui tem um guia da Embrapa para o reconhecimento destes inimigos naturais.
A tabela abaixo apresenta os recursos “ofertados” pelas plantas atrativas aos inimigos naturais e que contribuem para o aumento da eficiência dos mesmos com o controle biológico:
Proposto por Herbert Bartz na década de 70, o sistema de plantio direto na palha revolucionou a agricultura brasileira.
Foi esse sistema que permitiu que nosso país ficasse em pé de igualdade, décadas depois, com os maiores produtores de alimentos do mundo. Confira como o plantio direto se diferencia de outras práticas agrícolas:
Cultivo convencional: Uso intenso do revolvimento da camada arável por meio de grades, arados e subsoladores (intenso preparo do solo);
Cultivo mínimo: Se preza pelo não revolvimento do solo;
Plantio direto na palha: É baseado em três pilares: a rotação de culturas, o não revolvimento do solo e a cobertura permanente com resíduos vegetais sobre a superfície do solo.
O sistema de plantio direto tem como uma de suas bases a proteção do solo através da cobertura vegetal. Desta forma, a produção de resíduos é um dos fatores mais importantes para a adoção do sistema.
Nesse caso, a biomassa vegetal que protege o solo pode ser obtida de duas formas.A primeira é após a safra, adotando o cultivo de plantas de cobertura como milheto, sorgo, milho, nabo forrageiro, leguminosas como o guandu, entre outras culturas.
A segunda é através do consórcio entre cereais, como milho e sorgo, e forrageiras tropicais, como as brachiarias.
Para a cobertura permanente do solo na entressafra, é importante não só a quantidade de resíduo, mas também a relação entre carbono e nitrogênio (C/N) desse material vegetal.
Quanto maior o teor de nitrogênio no resíduo, mais rápida será a decomposição deste pelos microrganismos do solo. Veja na tabela abaixo:
(Fonte: Adaptado de Teixeira et al. (2009))
Cobertura vegetal
Apesar de leguminosas como guandu, crotalária e lab-lab serem usadas como plantas de cobertura, seus resíduos não oferecem a persistência necessária para proteger o solo contra a erosão em climas tropicais. No entanto, pode ser usada na rotação de culturas, adubação verde e controle de nematoides.
Além da cobertura morta, outro pilar do plantio direto é o não revolvimento do solo. Com o tempo, a falta de cobertura vegetal pode levar a problemas de erosão e compactação.
Para combater a compactação em sistemas sem revolvimento, as raízes das plantas são essenciais. As forrageiras tropicais, como as do gênero Brachiaria, geram até 5 vezes mais biomassa radicular do que aérea, melhorando a estrutura do solo, sua porosidade, infiltração de água e aumentando a matéria orgânica.
Os sistemas de plantio direto com consórcio de forrageiras tropicais aumentaram os teores de matéria orgânica do solo em 2% em apenas 6 anos, tanto na superfície quanto em profundidade.
Vantagens do sistema de Plantio Direto na Palha
O não revolvimento do solo e o aporte de resíduos vegetais aumentam a matéria orgânica, protegendo o solo e reduzindo a erosão.
A cobertura vegetal diminui o impacto das gotas de chuva, e as raízes melhoram a infiltração de água, o que retém mais nutrientes e água para as culturas.
Isso favorece a atividade biológica do solo e diminui perdas por lixiviação, essencial para cultivos de sequeiro, onde a água é o principal fator limitante.
O plantio direto também tem menores custos de implantação, pois dispensa o uso de implementos que consomem combustível, representando 25% a 30% do custo no sistema convencional.
A semeadora com disco de corte e modelos adaptados, como a semeadora com terceira caixa para consórcio de braquiária, tornam o processo mais eficiente.
Plantio direto e convencional: Qual a diferença?
Os manejos agrícolas devem garantir produtividade e, ao mesmo tempo, preservar a sustentabilidade do sistema produtivo.
Neste contexto, a sustentabilidade não se refere apenas ao meio ambiente, mas também à viabilidade econômica do negócio.
O plantio convencional e o plantio direto tem diferenças significativas, principalmente no revolvimento do solo. Veja mais informações abaixo:
1. Plantio Convencional
O uso de implementos como arado e grade niveladoraleve surgiu em regiões onde o solo congelava, e o revolvimento ajudava no descongelamento.
A prática é indicada para corrigir características do solo, já que a remoção das camadas superficiais proporciona:
Redução da compactação do solo;
Incorporação eficiente de corretivos e fertilizantes;
Aumento da porosidade e melhoria na permeabilidade;
Controle de plantas daninhas, por meio do corte e enterrio.
Etapas do plantio convencional
Afrouxamento do Solo: O solo é descompactado, as plantas daninhas são retiradas, e a superfície é preparada para receber corretivos e fertilizantes. São usados arados, escarificadores ou grades pesadas, com atuação de até 15 cm a 20 cm de profundidade.
Destorroamento e Nivelamento: Agradagem é feita para quebrar torrões e nivelar o solo. Esse processo, geralmente realizado com grades leves, é realizado em duas passadas.
Adubação e Semeadura: Com o solo nivelado, é possível realizar a adubação e a semeadura da lavoura, que podem ser feitas simultaneamente para maior eficiência.
Manejo da Cultura: Após o plantio, segue-se o manejo da cultura, garantindo que a lavoura receba os cuidados necessários para um bom desenvolvimento.
Essa sequência de etapas otimiza a preparação do solo, garantindo melhores condições para o plantio e desenvolvimento das culturas.
2. Plantio Direto
O sistema de plantio direto em comparação ao plantio convencional (preparo intensivo do solo) tem impactos inferiores.
Percebemos isso especialmente quando observamos as condições físicas e de fertilidade do solo, além do aumento das condições biológicas. As etapas realizadas para a implantação do sistema são:
Etapa 1: Eliminação das camadas compactadas do solo.
Etapa 2: Depois da eliminação das camadas compactadas, o objetivo é deixar a área homogênea, nivelando-a com sulcos ou valetas.
Etapa 3: REalize o manejo de adubação e correção das necessidades do solo. Caso necessário, é feita a calagem com calcário incorporado em profundidade.
Etapa 4: É feito o controle do crescimento das plantas daninhas.
Etapa 5: Deve ser espalhada a palha de resto de culturas. Pode-se usar um picador de palhas.
Etapa 6: Deve ser feito o manejo com herbicidas para garantir o controle das plantas daninhas;
Etapa 7: É realizado o plantio com semeadoras que abrem o sulco e depositam as sementes.
Plantio direto por culturas: O que muda?
O plantio direto (PD) pode variar conforme a cultura, já que diferentes plantas têm necessidades e comportamentos distintos no solo. No caso de culturas como soja e milho, por exemplo, as práticas de manejo precisam ser ajustadas para otimizar o uso do sistema.
Para cada cultura são feitos ajustes na cobertura do solo, manejo de nutrientes, controle de pragas e doenças e o controle de plantas daninhas.
A adaptação do sistema para cada cultura é necessária para garantir a eficácia do plantio direto e maximizar a produtividade. Confira abaixo:
1. Milho
No plantio direto de milho, o solo precisa estar coberto por palha, que pode ser obtida por consórcio de culturas, plantios de inverno ou outras práticas.
A cobertura deve ser densa e de alta relação C/N, garantindo uma decomposição lenta. A dessecação da vegetação de cobertura deve ser planejada com antecedência ao plantio, para que a palha esteja seca para evitar problemas com a semeadura.
Já a semeadura precisa ser feita com discos de corte ondulados e controlando a velocidade para garantir a uniformidade do plantio.
Enquanto a adubaçãodeve ter aplicação de fósforo na linha de semeadura, o potássio pode ser adubado de forma antecipada, enquanto o nitrogênio deve ser parcelado para evitar perdas.
O SPD pode favorecer o desenvolvimento de pragas, como o coró e o percevejo barriga-verde, além de doenças como a antracnose e a mancha-branca, que podem ser controladas com rotação de culturas.
2. Soja
O plantio direto de sojapreserva a saúde do solo ao evitar o revolvimento, mantendo sua estrutura, biodiversidade e matéria orgânica.
Esse sistema pode trazer uma série de benefícios, como a redução da erosão, melhor infiltração de água, aumento da matéria orgânica, menor emissão de carbono e redução de custos, já que não é necessário arar ou gradear o solo.
Para que seja bem-sucedido, é aconselhado realizar o manejo adequado de plantas daninhas, controlar a compactação do solo e adotar a rotação de culturas, para a sustentabilidade da lavouras a longo prazo.
3. Trigo
O plantio direto do trigo é uma técnica que segue os mesmos princípios do plantio direto em outras culturas, como a soja, onde o solo é semeado sem revolvimento, preservando sua estrutura original.
No caso do trigo, essa prática ajuda a conservar a umidade e evitar a erosão, além de aumentar a matéria orgânica e melhorar a infiltração de água.
A adoção do plantio direto no trigo também contribui para eliminação da necessidade de preparo do solo, como aragem e gradagem.
No entanto, o sucesso dessa prática depende do manejo adequado de plantas daninhas, controle de pragas e doenças.
A rotação de culturas, especialmente com leguminosas, também deve entrar como uma dos cuidados da saúde do solo e produtividade.
A técnica é indicada principalmente em regiões com solo bem estruturado e boa gestão de nutrientes.
4. Arroz
O plantio direto do arroz tem ganhado espaço, principalmente em áreas com sistemas de irrigação, como nas regiões de arroz de várzea, onde o solo é mantido alagado.
O principal desafio está relacionado à necessidade de manter a umidade do solo constante, especialmente em sistemas de irrigação.
Para isso, é preciso o manejo adequado da água, para que o solo fique suficientemente úmido, mas sem causar encharcamento excessivo, o que pode afetar o crescimento das plantas de arroz.
5. Cevada
O plantio direto da cevada é uma prática cada vez mais adotada, especialmente em regiões com clima temperado, onde a cultura é amplamente cultivada para a produção de malte e alimentação animal.
A cevada éplantada diretamente no solo sem a necessidade de revolvimento, o que ajuda a preservar a estrutura do solo, reduzir a erosão e melhorar a infiltração de água.
O plantio direto acaba favorecendo o aumento da matéria orgânica no solo e reduz os custos operacionais, pois elimina a necessidade de arar ou gradear o terreno.
Embora a cevada seja mais sensível a certos fatores climáticos e do solo, com um manejo adequado, o plantio direto pode ser uma técnica eficiente e sustentável para essa cultura.
6. Feijão
O plantio direto do feijão é mais comum em regiões de clima tropical e subtropical, onde o sistema pode trazer benefícios em termos de conservação do solo e aumento da produtividade, desde que o manejo seja adequado.
E, assim como em outras culturas, com o feijão é preciso fazer o controle eficaz de plantas daninhas, já que o manejo sem preparo do solopode dificultar o controle dessas espécies.
7. Sorgo
O sorgo é uma cultura adaptável a condições de clima seco e solo menos fértil, por isso o plantio direto é especialmente eficaz em áreas de menor disponibilidade de água, onde a técnica ajuda a manter a umidade por mais tempo e melhora a retenção de água no solo.
A prática também permite que o sorgo se beneficie de uma maior infiltração de água e reduz o impacto das chuvas intensas, que podem causar erosão.
Com um bom manejo de água e controle de plantas daninhas, o plantio direto de sorgo pode ser uma prática eficiente, que impacta positivamente a preservação do solo.
Quais os impactos do sistema de plantio direto?
O solo é o principal regulador do ciclo do carbono e o maior objetivo é buscar manejos que o tornem dreno de carbono da atmosfera e não fonte.
Você sabia que 40% de C a mais pode ser sequestrado sobre SPD do que aqueles sob cultivo convencional? Veja o estudo comparativo:
Estimativa da taxa de adição ou perda anual de C dos diferentes sistemas de manejo no Cerrado:
(Fonte: Corraza et al.)
O sistema também contribui muito na maior mineralização donitrogênio em solo com cultivo convencional do que com sistema de plantio direto.
Além de contribuir no aumento nos exsudatos liberados pelas raízes e da diversidade de estirpes de FBN, tem impacto positivo na diversidade de espécies de fungos micorrízicos arbusculares nativos em solo de cerrado.
Agricultura de precisão e Sistema de Plantio Direto
O desafio de manejar as variações das lavouras e a possibilidade de manejá-la visando aumentar a eficiência no uso de insumos é possível com a agricultura de precisão (AP).
A partir de amostragem de solo georreferenciada pode ser gerado o mapeamento da fertilidade e, com isso, é possível a utilização da taxa variável de corretivos e fertilizantes.
Mas é importante lembrar que nem todos os problemas da lavoura estarão resolvidos desta forma. É necessário encarar que os manejos devem ser sustentáveis para valerem a pena, com integração de todos os conceitos do plantio direto.
Ou seja: é preciso mobilizar pouco o solo, manter palhada em boa quantidade e bem distribuída, além de realizar a rotação de culturas.
Aí sim, com informações da diferenças dos atributos de solo e vegetação, você conseguirá otimizar os fertilizantes e outros insumos.