Previsão do preço do arroz para 2024: o que esperar do mercado?

Previsão do preço do arroz: entenda o mercado dessa commoditie, veja as projeções da safra e outras informações importantes

O arroz é um dos grãos mais vendidos do mundo. Por ser um produto de muita importância, quem produz precisa estar sempre por dentro da previsão do preço e das projeções do mercado.

Para a safra 2023/24, é estimada expansão na produção de arroz. Justamente por essas previsões, é fundamental estar bem a par da previsão de preços para se manter em competitividade com seus negócios.

Neste artigo, veja quais serão os impactos no preço desse grão em 2024 e prepare-se quanto aos custos de produção de arroz para se manter em competitividade no mercado. Ainda, veja detalhes das previsões da indústria para 2024. Confira!

Importância econômica do arroz: um breve contexto

Perdendo apenas para o milho, o arroz é o segundo cereal mais cultivado no mundo. Historicamente, a plantação do arroz desempenha um papel importante ao redor do globo. 

Isso não apenas do ponto de vista econômico (já que movimenta o comércio nacional e internacional em diferentes países), mas também do ponto de vista social. Afinal, o arroz possui alto valor energético e bom potencial para combater a fome.

Rico em carboidratos e fonte de fibras e proteínas, o arroz é consumido em todos os continentes e alimenta mais de 3 bilhões de pessoas todos os dias. Ele serve, portanto, como uma poderosa ferramenta no combate à desnutrição.

O que pode influenciar na cotação do arroz?

O Brasil é o maior produtor de arroz fora do continente asiático. Cerca de 90% de todo arroz do mundo é cultivado na Ásia, de acordo com dados da Food and Agriculture Organization.

O arroz pode ser irrigado ou em sequeiro. Por aqui, o sistema de cultivo mais utilizado é irrigado, presente em cerca de 80% da produção nacional e em praticamente 100% das lavouras da região sul.

No Sul, é onde se concentra a maior parte da produção de arroz do território brasileiro. Nesse sistema, as plantas ficam em um terreno alagado durante praticamente todo o ciclo. 

Justamente por isso, os solos úmidos da região subtropical do país são favoráveis ao cultivo. Esses solos estão presentes nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, responsáveis por 70% e 10% da produção nacional, respectivamente.

Anualmente, cerca de 10 milhões de toneladas do grão são produzidas no Brasil. A maior parte (cerca de 90%, de acordo com dados da Conab) é destinada ao consumo interno e o restante à exportação direta ou indireta.

Segundo a Conab, as exportações brasileiras de arroz atingiram 1,8 milhão de toneladas em 2023. Esse número representa uma redução de 14,7% em relação ao mesmo período de 2022.

Para a safra 2023/24, é esperada uma recuperação das exportações de arroz, com crescimento de 11,1%, para 2 milhões de toneladas.

Entre os principais importadores do arroz brasileiro estão:

  • Guatemala;
  • Peru;
  • Venezuela;
  • Bolívia;
  • Estados Unidos.

Qual foi o preço do arroz em 2023?

Em linhas gerais, o preço do arroz se manteve firme ao longo de 2023.  O preço do arroz subiu mais de 38% até dezembro de 2023, passando de R$ 91,82 na última cotação de 2022 para R$ 126,80.O preço do arroz teve um movimento de baixa entre janeiro e agosto de 2023. Entretanto, passou a barreira de R$ 100,00 a saca de 50 kg em setembro, chegando a mais de R$ 130,00 em meados de dezembro.

O ano de 2023 acabou com uma das maiores altas acumuladas entre os principais produtos agrícolas cultivados no país. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o preço do arroz subiu 24,54% nos supermercados do país no acumulado do ano de 2023

Projeções da safra de arroz em 2024

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento indicam uma safra de 10,8 milhões de toneladas no período de 2023/24. Caso a previsão se concretize, a produção de arroz no país expandiria  7,2% ante a da temporada passada.

Os preços em alta incentivaram o aumento da área cultivada em alguns estados produtores. Por outro lado, o atraso no plantio, o volume excessivo de chuvas ou de períodos de com forte calor em diversas regiões, podem impactar a produtividade.No cenário internacional, as perspectivas também são de uma expansão na oferta do cereal. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam um crescimento de 345 mil toneladas na produção mundial de arroz em 2024.

Vale salientar que uma safra mundial mais fraca em alguns países pode impulsionar as exportações brasileiras. Isso enxugará o abastecimento doméstico e pressionará ainda mais os preços internos.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou uma produção de grãos de 306,4 milhões de toneladas para a safra de 2023/24. O número representa uma redução de 4,2% (ou 13,5 milhões de toneladas) em relação à safra obtida em 2022/23.

Dentre os grãos que ajudam a compor este número estão a soja, o milho e o arroz. Esse cereal é considerado alimento básico para cerca de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo e um dos principais produtos agrícolas do Brasil.

Mas, apesar da perspectiva negativa em termos de produção como um todo, pesquisadores do Cepea da Esalq/USP estimam uma expansão na produção nacional de arroz em 2023. 

Qual é a previsão do preço do arroz em 2024?

Nesse contexto, o mercado estima que o preço do arroz deve se manter em patamares elevados em 2024. A recuperação da produção e a menor oferta de importantes países exportadores,  indicam que a demanda pelo grão continue crescendo ao longo do ano. 

Isso deverá puxar os preços para cima. Uma previsão que, ao que tudo indica, já começou a se concretizar.  Para se ter ideia, a saca de 50 kg do arroz em casca foi negociada a R$129,89 no começo de 2024.

Esse número representa um aumento de mais de 41% ante o valor registrado na mesma época do ano passado. Em janeiro de 2023, o preço da saca era de R$ 90,84, de acordo com o indicador da Esalq/ Senar-RS.

Veja, abaixo, os valores da cotação do arroz no Rio Grande do Sul, segundo o Cepea/Irga-RS, principal referência nacional, desde então.

Fonte: Cepea/Irga- RS

Como saber se o preço de venda do arroz compensa

Saber por qual preço compensa vender sua safra de arroz depende principalmente do seu custo de produção. Para conseguir aumentar ou buscar a melhor margem de lucro da sua propriedade, faça corretamente o custo, anotando todos os gastos diretos e indiretos.

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Conclusão

Diante das expectativas de crescimento tanto na safra brasileira quanto na produção mundial, tudo indica que o preço do arroz deve se manter firme em 2024.

Mas a verdade é que fatores climáticos e condições macroeconômicas, que influenciam diretamente nestas previsões, podem mudar rapidamente. 

Por isso, se você produz arroz, é importante manter-se sempre bem informado sobre a indústria. Assim, você não será pego de surpresa e conseguirá realizar um planejamento assertivo para o seu negócio.

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Recomendações de adubação para o arroz: como fazer em diferentes sistemas de cultivo

Pragas do arroz: como identificar e combatê-las na cultura

Como ter mais eficiência operacional na colheita mecanizada do arroz

Ficou com alguma dúvida sobre a previsão do preço do arroz para 2024? Como está se preparando em relação aos preços? Adoraria ler seu comentário abaixo.

Confira a previsão do preço da soja para 2023: o que vai influenciar a commodity

Previsão do preço da soja para 2023: saiba qual é a tendência para os próximos meses, fatores que oscilam o valor no mercado, ferramentas de proteção contra variações e muito mais!

O mercado da cultura da soja tem sido muito visado nos últimos anos, principalmente pela recente alta nos preços da oleaginosa. Com diversos fatores influenciando os preços ao mesmo tempo, para baixo ou para cima, se intensificam as oscilações.

Diversos produtores brasileiros demoraram a comercializar a soja da safra 2021/22 esperando um aumento de preços. Entretanto, os valores acima de R$ 190 foram rápidos e alguns conseguiram fazer a venda, mas outros não.

Nesta última safra, o preço da soja alcançou o menor valor desde meados de 2020, com as sacas de 60 kg chegando a ser negociadas na casa dos R$130 em meados de maio.

Para ficar de olho e acompanhar as volatilidades do mercado, confira o que tem influenciado no preço da soja em 2023 e quais são as projeções do mercado para 2024. Boa leitura!

Influência do custo de produção no preço da soja em 2023

O custo de produção da soja para a safra 2022/23 foi elevado. A maioria dos produtores pagou um alto valor nos insumos, principalmente nos adubos. Com o aumento dos insumos, o valor de venda deu um salto em comparação com a safra anterior.

O custo de produção médio da soja em 2021/22, na região de Londrina-PR, foi de R$ 5.989,97 para uma produtividade de 3,6 mil kg/ha. Para a safra 2022/23, o custo total está em R$ 9.250,79 para a mesma produtividade esperada.

O custo de produção abrange todos os gastos, e é possível ver que o preço dos insumos são os grandes responsáveis por esse aumento. 

Veja na tabela abaixo os dados fornecidos pela Conab a respeito do custo de produção da soja em 2021/22 e 2022/23:

Custo de produção parcial da soja 2021/22 e 2022/23 para duas regiões brasileiras 
Custo de produção parcial da soja 2021/22 e 2022/23 para duas regiões brasileiras 
(Fonte: Conab)

Note que há aumento principalmente no valor pago de fertilizantes. O custo de produção influencia o valor da venda porque você só deve vender a soja quando o preço da saca estiver no mínimo definido pelos seus custos.

Como os mercados interno e externo definem os preços da soja?

O mercado da soja tem bastante influência da Bolsa de Chicago. Portanto, vários fatores devem ser considerados. A bolsa de mercadorias de Chicago é referência mundial no preço da soja e outras commodities agrícolas

Para formar esse valor, são considerados alguns fatores, como:

  • Condições climáticas dos principais locais produtores;
  • Oferta e demanda dos grãos no país e fora dele.

Após a definição dos preços na Bolsa de Chicago, ainda há outras interferências, como a taxa cambial do Brasil. A Bolsa de Chicago é em dólar, e você precisa converter esse valor para o real. Assim, o preço muda conforme a cotação diária da moeda.

Acontecimentos mundiais também mexem com a dinâmica da cotação da soja. Por exemplo, a pandemia da covid-19 teve uma grande influência nos preços, principalmente devido à demanda de alimentos durante este período.

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia foi outro ponto que influenciou o preço dos grãos. Afinal, esses países estavam entre os 10 principais países produtores de soja. Com a guerra, a produção foi prejudicada e a oferta global diminuiu.

Estes e outros fatores têm feito com que os preços apresentem grandes oscilações. Em 5 anos, o preço saiu de um patamar em torno de R$ 60 para valores acima dos R$ 150 por saca.

Gráfico que mostra previsÃo do preço da soja 2023 e ao longo dos anos, desde 2017
Cotação da saca de soja dos últimos seis anos no estado do Paraná 
(Fonte: Agrolink)

Para a safra 2022/23, o preço futuro da soja já variou bastante nos últimos meses, de R$ 160 até R$ 190, seguindo a bolsa de Chicago. 

Houve redução desse preço até chegar no produtor e na região produtora, devido ao desconto de frete, impostos e outras taxas.

Estes preços vão oscilando durante o ano devido a fatores como câmbio interno e externo, clima e estoque mundiais de soja.

Quais são os tipos de venda da soja?

Você, que produz, sabe que há diversas opções diferentes de venda da soja. Cada uma delas possui suas vantagens e desvantagens, e entendê-las bem te ajuda a escolher a melhor opção para se proteger das oscilações do mercado.

Você pode vender a soja de três maneiras diferentes: venda física, venda futura ou através do mercado de opções.

Na venda física, você depende do preço do momento ou paga a armazenagem até vender o produto no momento desejado. Ainda, corre risco de sofrer danos nos grãos por causa de algumas pragas do armazenamento, caso a espera seja muito longa.

Por outro lado, na venda futura, você faz um contrato com valor fixado de determinada quantidade de sacas de soja. Nesse caso, a entrega e o recebimento do grão são feitos em datas definidas.

Por fim, no mercado de opções, não há a entrega de soja física. Entretanto, você usa os preços futuros da soja para fixar um valor de saca. Entenda mais sobre o mercado de opções a seguir.

Mercado de opções: qual será o futuro da soja?

O mercado de opções não interfere na sua produção física, pois não há entrega de grãos. Neste mercado, são negociadas as opções de venda ou compra de ações que acompanham os valores futuros. Esses valores são os preços futuros da soja na Bolsa de Chicago.

Esse trâmite ocorre no mercado futuro da soja. Usando essas ferramentas, você consegue travar um valor para sua soja e se proteger das variações de preço do mercado físico.

Veja abaixo as cotações futuras da soja na Bolsa de Chicago em maio de 2023:

Cotações no mercado futuro da soja - Bolsa de Chicago
Cotações Mercado Futuro da Soja (Fonte: Notícias Agrícolas)

Vale destacar que o mercado de opções não é comum aos produtores brasileiros. Porém, por causa das oscilações de mercados, muitos estão conhecendo estas opções para garantir o preço desejado.

Para atuar neste ramo, é preciso de um consultor de mercado. Existem no Brasil empresas idôneas que auxiliam quem produz no mercado de opções, e buscar apoio é fundamental. 

Qual a tendência da soja para os próximos meses? 

No início de maio, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o seu relatório de oferta e demanda de produtos agrícolas, o primeiro para a safra de 2023/2024. 

No documento, o órgão estimou a safra global de soja em 2023/2024 em 370,42 milhões de toneladas. Já no Brasil, a projeção foi de 155 milhões para esta temporada. 

Nesse contexto, a previsão do preço da soja 2023/2024 é de que haja um aumento no estoque mundial do grão, o que pode exercer pressão sobre os preços, conforme já observamos nos primeiros meses do ano. 

Para se ter ideia, na parcial de maio, o preço da soja no Brasil alcançou o menor valor desde meados de 2020 (R$139,9 por saca de 60kg). Algumas regiões, como Rondonópolis (MT) e Dourados (MS), fecharam a segunda semana do mês com preços ainda mais baixos ( R$118,50 e R$123 por saca, respectivamente).

A busca por autossuficiência da China é outro fator que pode influenciar no preço da soja nos próximos meses. Um dos maiores consumidores globais da commodity, o país tem buscado aumentar sua produção interna para reduzir a dependência de importações. 

Por fim, o radar para o clima brasileiro e argentino, principais produtores do grão, também estão mexendo com os preços. 

Em algumas regiões do Paraná, o clima tem sido favorável para as lavouras. Em outros lugares, como Rio Grande do Sul e Argentina, as temperaturas elevadas têm causado preocupação. Elas podem reduzir a demanda dos grãos, também aumentando os preços.

Por outro lado, é bom pontuar uma possível queda nos preços dos insumos agrícolas, uma vez que eles interferem diretamente no valor da saca de soja.

Por exemplo, o adubo que estava custando entre R$ 4 mil e R$ 6 mil em alguns meses de 2022 está voltando aos valores inferiores pagos na safra 2021/22. 

Quanto mais esses valores caírem, mais cairá o seu custo de produção da soja e consequentemente o valor da saca.

Como se proteger das flutuações de preço da soja para 2023?

Embora as previsões atuais apontem para um aumento no estoque mundial e consequente pressão sobre os preços, é importante lembrar que o mercado da soja é influenciado por fatores que podem mudar rapidamente, como a demanda global, as condições climáticas, a produção e os estoques mundiais. 

Para se proteger dessas incertezas, é fundamental saber seu custo de produção.

Não adianta comparar o preço de venda da soja do ano passado com o deste ano. Afinal, o custo da safra atual foi bem maior.

Para facilitar esse levantamento de custos, você pode utilizar uma planilha de custos de safra por hectare. Assim, será possível saber exatamente o quanto você gastou para produzir em cada talhão da sua propriedade.

Por meio de boas práticas, como bom manejo da lavoura, monitoramento do clima por meio de estações meteorológicas na fazenda e monitoramento de pragas e daninhas, você evita perdas. Consequentemente, poderá saber quantos quilos por hectare colherá, em média, em cada área.

Com esse valor em mãos, basta fazer uma estimativa. Veja o exemplo abaixo:

Esquema que mostra previsão do preço da soja 2023

Fazendo esse cálculo, você terá definido o valor mínimo de venda de cada saca. No exemplo acima, o valor de venda mínimo é R$ 154,18/saca. Para obter um lucro de 15%, o valor de venda da saca terá que ser R$ 177,31.

Com os cálculos em mãos, tente fazer cotações da venda futura da soja junto aos compradores para os quais você costuma entregar o produto. Se o valor for dentro do adequado para você, faça uma venda futura de parte ou do total da sua soja para garantir esse preço.

Você pode calcular os custos de produção da soja de forma mais automática, utilizando nossa planilha gratuita. Para acessá-la, basta clicar na imagem abaixo.

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Como saber se o preço de venda da soja compensa

Saber por qual preço compensa vender sua safra de soja depende principalmente do seu custo de produção. Para conseguir aumentar ou buscar a melhor margem de lucro da sua propriedade, faça levantamento correto do custo, anotando todos os gastos diretos e indiretos.

Para isso, conte com o apoio da tecnologia. Softwares de gestão agrícola como o Aegro auxiliam desde o planejamento até o controle de custos da produção, garantindo uma visão clara do dinheiro gasto ao longo da safra em tempo real.  

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Acompanhe o real custo por hectare de forma automatizada dentro do Aegro

Ao fazer o planejamento e registrar as atividades da safra no sistema, o Aegro permite que você verifique a possibilidade de lucro ou prejuízo antes mesmo da colheita.

Quer saber mais sobre o Aegro? Assista ao vídeo de demonstração gratuita que preparamos para você.

Conclusão

Diversos fatores influenciam no preço da soja. Os mercados interno e externo estão sempre atentos às variáveis que puxam os preços para cima e para baixo. Além disso, a Bolsa de Chicago é a principal mandante dos preços pagos da oleaginosa no Brasil. 

Por fim, o preço das commodities tende a se equilibrar em algum momento. Porém, com tantas variáveis ainda presentes, será difícil o preço não oscilar, tanto na safra atual quanto na temporada 2023/2024. 

Acompanhar de perto as tendências do mercado e as análises especializadas é fundamental para você tomar decisões informadas e estratégicas no setor da soja. Fazer corretamente o custo de produção das suas áreas também é importante. 

Assim, será possível definir com mais segurança o preço de venda e se preparar para a venda futura.

>> Leia mais:

“Previsão do preço do arroz em 2023: confira as expectativas”

“Lucro por hectare de soja: saiba como calcular”

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Redatora Isabel Rocha

Atualizado em 09 de junho de 2023 por Isabel Rocha.

Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero, com passagens por veículos como Band News TV e EXAME e experiência nas editorias de negócios, empreendedorismo, ESG e economia.

Compensação ambiental: saiba o que é e como funciona

Compensação ambiental: conheça os tipos, os valores, como calcular, como é feita e muito mais!

A compensação ambiental é uma ferramenta que possibilita às empresas suavizar danos ao meio ambiente. Isso tudo é feito conforme previsto nos fundamentos do Princípio do Poluidor-pagador.

Para quem produz, ficar por dentro de como funciona a compensação é essencial. Com ela, é possível eliminar o caráter de ilicitude do dano causado ao meio ambiente, desde que seja paga uma indenização

Neste artigo, veja quais são os tipos de compensação, valores, como calcular e muito mais. Boa leitura!

O que é compensação ambiental?

A compensação ambiental é um instrumento financeiro que contrabalanceia possíveis impactos ambientais ocorridos, ou previstos no processo de licenciamento ou cadastro ambiental. Boa parte desses impactos são causados por atividades que usam recursos ambientais.

A compensação é uma forma de flexibilização da regulação ambiental, e foi regularizada depois da criação do Novo Código Florestal. Depois dela, a compensação da reserva legal passou a ser um processo mais seguro.

Essas atividades podem ser consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras. Elas também podem ser capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. Para cada ação de impacto ambiental, é possível uma recompensa em dinheiro.

Objetivos da legislação

O mecanismo financeiro da compensação é amparado pela Lei de Compensação Ambiental 9.9985, de 18 de julho de 2000. Ela institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.

Conforme a legislação sobre o tema, a compensação ambiental não tem por objetivo compensar impactos do empreendimento que a originou.

Ela serve para compensar a sociedade e o meio ambiente pelo uso autorizado de recursos naturais. Sobretudo por empreendimentos de significativo impacto ambiental.

A compensação ambiental é a obrigação de apoiar a implantação ou a manutenção de unidades de conservação pelo Grupo de Proteção Integral.

No caso de dano ambiental ou em virtude do interesse público, a compensação ambiental pode ser utilizada também em unidades de conservação do Grupo de Uso Sustentável. Neste último caso, a unidade de conservação beneficiária deve ser de posse ou domínio públicos.

Quais são os tipos de compensação ambiental?

A compensação ambiental pode ser preventiva ou corretiva. A compensação preventiva acontece antes do dano. Ela é verificada durante os procedimentos, com objetivo de obter licenciamento ambiental para o empreendimento.

Por meio desse procedimento, é possível obter o valor que o empreendimento vai pagar, bem como qual unidade de conservação receberá os recursos.

No caso da compensação corretiva, o dano ambiental já ocorreu. Pode ser, por exemplo, o vazamento de substância tóxica no leito de um rio, degradação do solo, rejeitos de minério ou de agrotóxicos.

Na compensação ambiental corretiva, a empresa é responsável por compensar o dano. Isso pode ser feito através do investimento em uma ação que gere impacto positivo no meio ambiente.

>> Leia mais: “Prad: entenda o que é o plano de recuperação de áreas degradadas

Qual o valor da compensação ambiental?

O valor da compensação corresponde entre 0% e 0,5% do custo total previsto para a implantação do empreendimento. Esses números são conforme o Decreto 6.848, de 14 de maio de 2009.

Assim, ela vai variar conforme o tamanho do empreendimento e o grau de impacto que ele vai causar ao meio ambiente. Os critérios para determinação das unidades elegíveis também influenciam no valor.

Por exemplo, o replantio em áreas degradadas pode custar cerca de R$ 40 mil por hectare. A compensação por servidão ambiental, por sua vez, pode custar cerca de R$ 20 mil reais por 15 anos, quase a metade do replantio.

Conforme a legislação, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade) é responsável por executar os recursos destinados para as unidades de conservação.

Como calcular o valor

A compensação ambiental é calculada em reais (R$) com a fórmula: CA = VR x GI/100.

  • CA é o valor da compensação ambiental (em R$);
  • VR é o custo total da implantação do empreendimento (também em R$);
  • GI é o grau de impacto, adimensional.

O GI corresponde à somatória dos pontos atribuídos aos impactos ambientais que se relacionam com o porte (P), à localização (L) e os fatores ambientais (FA).

Assim, GI = P + L + FA.

Segundo a legislação, os componentes P, L e FA são determinados a partir de tabelas e cálculos adimensionais, sendo: 

Componente Porte (P):

  • Índice relacionado diretamente com as características físicas do empreendimento e com a potencialidade poluidora da atividade a ser desenvolvida.

Componente Localização (L):

  • Este é um critério geográfico, relacionado ao nível de sensibilidade ambiental do local onde será instalado o empreendimento. Ele é acentuado pelo potencial poluidor (PP) da atividade a ser desenvolvida. 
  • Para a análise desse componente, será considerada a área diretamente afetada (ADA) pelo empreendimento.

O valor de L é determinado pela fórmula L= Fl + PP. Considere Fl como fator de localização e PP como potencial poluidor da atividade.

Basicamente, os cálculos do impacto da compensação seguem essas fórmulas.  A inserção de outras variáveis e cálculos relativos à flora, fauna, recursos naturais e fatores atmosféricos e climáticos depende da situação específica.

Como fazer compensação ambiental?

A compensação ambiental é feita por meio do Princípio do Poluidor-pagador. Nesse processo, uma empresa utiliza recursos naturais e retorna recursos para o ambiente, como forma de prevenção ao dano ambiental.

A compensação pode ser feita em áreas preservadas por meio de arrendamento rural, sob regime de servidão ambiental, ou cadastramento de condomínio de outra área.

O mais comum, no entanto, é a compensação das perdas ser feita por meio da destinação de recursos financeiros para manutenção. A criação de Unidades de Conservação também é uma opção.

Assim, o empreendedor é obrigado a viabilizar a existência de uma unidade de conservação de proteção integral. Ele também pode ser obrigado a apoiar a implantação e manutenção de uma unidade de conservação semelhante à área que sofreu o impacto ambiental.

Compensação ambiental e compensação de Reserva Legal

O Novo Código Florestal prevê a utilização de áreas preservadas em processos de licenciamento ambiental para compensação de Reserva Legal, que, conforme o código, é uma área da fazenda onde deve ser mantida a vegetação nativa para preservar o meio ambiente.

A Reserva Legal é obrigatória em todo o Brasil e o seu tamanho varia conforme o tipo de bioma em que está inserida a propriedade rural, independente do tamanho.

Na região da Amazônia Legal, a Reserva Legal corresponde a 80% dos imóveis rurais, e em áreas de Cerrado a 35% da propriedade. Nos demais biomas do país, a porcentagem é de 20%.

Caso essa porcentagem não seja atingida, é possível fazer uma compensação ambiental por meio da compra ou arrendamento de terras, o que resulta na compensação de reserva legal.

Além disso, a Reserva Legal pode ser usada também  para compensação de supressão de vegetação nativa.

Mas a utilização desse procedimento fica a critério dos órgãos ambientais estaduais. Eles podem optar por outras ações, como a compensação por replantio de vegetação, em caso de supressão de áreas com mata nativa.

Geralmente, a compensação por servidão ambiental é mais vantajosa economicamente para o produtor rural, porque as árvores já estão desenvolvidas. O oposto acontece no caso do replantio, quando há o risco de não haver o crescimento das plantas.

Para que esses procedimentos sejam encaminhados, é preciso que seja assinado o Termo de Compromisso de Compensação Ambiental. No termo, são descritas as condicionantes de licença ambiental de instalação ou de funcionamento.

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Conclusão

Os impactos ambientais causados por atividades do agronegócio podem ser compensados de forma satisfatória por meio da compensação.

Quanto menos impacto a atividade causar ao meio ambiente, melhor. Por isso, é necessário que todo empreendimento seja pautado na ideia de sustentabilidade econômica e ambiental.

Assim, será possível conciliar o desenvolvimento que a sociedade necessita para atender às demandas por alimentos ou serviços. Ficar por dentro dessas possibilidades é fundamental para quem produz.

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Como melhorar a qualidade do solo com terraceamento

Como evitar e corrigir a compactação do solo na sua propriedade

Você está pensando em utilizar a compensação ambiental? Ainda tem alguma dúvida sobre o assunto? Deixe seu comentário abaixo!

5 passos para realizar o fechamento de safra de forma prática e rápida

Fechamento de safra: como é feito, o que influencia e como a tecnologia pode ser sua aliada nesse processo

Toda a produção é voltada para a rentabilidade! Quantas vezes você pensou se a safra te daria ou não o retorno esperado? Se pagaria todas as aplicações e operações feitas?

Para você não perder noites e dias pensando a respeito, algumas atitudes durante os meses de produção podem e devem ser tomadas. 

Saber o que foi gasto, quanto foi colhido e por quanto foi vendido te ajuda neste processo, mas apenas isso não basta

Neste artigo, te mostrarei 5 passos para você saber se sua safra foi rentável e qual sua lucratividade. Confira!

Produção, custo e fechamento de safra 

Neste ano, a cultura da soja obteve uma produção recorde estimada em 135,4 milhões de toneladas, sendo 8,5% superior à safra 2019/2020.

O mesmo está ocorrendo com as demais culturas de primeira safra. O milho, com crescimento de 3,7% superior em relação à safra passada, estima 106,4 milhões de toneladas.

Esse aumento de produção foi reflexo da expansão das áreas de produção para as culturas de milho e soja, principalmente.

O que impulsionou esse aumento de área foram os preços elevados dos grãos dessas culturas, no segundo semestre de 2020.

Entretanto, o custo de produção também foi superior, com aumento de fertilizantes, defensivos, sementes, dentre outros insumos necessários para produção.

gráfico com comparativo dos custos de produção da soja

(Fonte: Canal Rural)

Ao finalizar a colheita, não basta apenas ver o valor recebido pela sua produção e achar que tudo foi lucro. Para saber sua lucratividade exata você precisa fazer um planejamento, antes mesmo de iniciar a lavoura.

Veja nos tópicos abaixo algumas informações que te ajudarão a fazer o fechamento de safra de modo fácil e correto.

Por que fazer o fechamento da safra? 

O aumento do valor pago na saca do produto colhido foi um estímulo ao produtor.

Entretanto, ao final da safra, também olhe o valor gasto para a implantação, manutenção e colheita da sua lavoura. Somente assim você saberá sua rentabilidade exata.

Fechar a safra é fazer o cálculo de tudo que foi gasto com a lavoura, inclusive mão de obra, energia, escritório. Também tenha em mãos tudo o que você recebeu com a venda do produto.

Assim, o cálculo do fechamento fornece informações importantes, como onde foi o maior gasto de dinheiro desta safra.

Através dessas informações, você pode chegar a conclusões como: 

  • Por que determinada atividade gastou este valor?
  • O que fazer para reduzir este custo?
  • Qual foi a margem de lucro?
  • Qual foi a rentabilidade desta atividade?
  • O que é necessário mudar para a próxima safra e garantir mais lucro?

Ao saber o destino do dinheiro da sua lavoura, você consegue tomar decisões mais assertivas sobre como economizar mais, além de fazer o planejamento para a próxima safra.

Saber quanto foi gasto e recebido te permite entender quanto terá em caixa para a próxima safra.

Como fazer o fechamento da safra?

Antes de conferir o passo a passo, veja algumas informações sobre neste vídeo que eu separei:

Como fazer o fechamento da safra

Para o cálculo de final de safra, são necessários dados do início da atividade, que muitas vezes começa antes mesmo da semeadura.

Fazer o balanço de quanto foi gasto e quanto foi recebido é importante. Você anota tudo o que gasta, inclusive as despesas cotidianas? 

Pensando em auxiliar você nessa etapa final da safra, separei alguns passos para te ajudar.

1. Faça o planejamento 

A agricultura é uma atividade de ciclos, então é possível planejar o que e quando será semeado.

Sabendo o que será cultivado, você consegue comprar os produtos antecipadamente, conseguindo tempo para pesquisar e negociar preços.

Esse é um passo importante, porque ao planejar, você diminui seus custos, sabe aproximadamente quanto irá gastar na safra, e com isso, determina o valor mínimo necessário de venda.

Não se preocupe se você não fez o planejamento da safra atual. Ainda é possível fazer o fechamento.

2. Tenha todos os gastos anotados 

Anotar todos os gastos, inclusive aqueles que você tem no cotidiano da fazenda, como parafusos, mangueiras de máquinas, por exemplo, é de extrema importância.

Fazer o fluxo de caixa te auxilia em diversos momentos. 

infográfico com composição do fluxo de caixa

(Fonte: MPinvest)

Para te ajudar a fazer um fluxo de caixa rápido e sem complicações, separei uma planilha gratuita. Para baixar, clique na figura a seguir:

3. Separe suas despesas pessoais das despesas da fazenda 

Um erro muito comum é misturar as contas pessoais com as contas da fazenda.

Já que muitas vezes a agricultura é uma atividade familiar, os gastos acabam se misturando.

Ter controle do que foi gasto com a fazenda faz com que seus custos fiquem mais corretos, e consequentemente, o valor da sua lucratividade também.

4. Acompanhe os preços de venda 

Os preços de venda da maioria das culturas agrícolas estão em alta nos últimos meses, acompanhados por grande volatilidade dos preços pagos ao produtor.

Sabendo seu fluxo de caixa e seu custo de produção, é possível saber qual o preço mínimo de venda da produção para pagar os gastos e ter uma margem de lucro.

É muito importante sempre acompanhar o preço pago pelo seu produto.

Lembre-se, no entanto, de que os preços podem sofrer quedas e altas em curto espaço de tempo. Fique atento(a)  para fazer a melhor negociação para sua empresa rural.

>> Leia mais: “Como usar software para agricultura para melhorar seu custo de produção”

5. Faça as contas 

Tendo todos os dados, é possível fazer as contas e saber realmente qual foi sua lucratividade. Então tire um tempo após a finalização da safra e faça as contas.

Utilize todas as informações anotadas durante a safra e pronto, você saberá quais foram seus gastos, seus recebimentos e sua rentabilidade.

Utilizando tecnologia no fechamento de safra

A tecnologia te auxilia em diversos momentos, e no fechamento da safra não é diferente!

Um aplicativo de gestão agrícola como o Aegro facilita o controle de despesas e receitas ao longo de todo o processo produtivo.

Assim, quando você chega no final da safra, bastam alguns cliques para descobrir quais talhões da fazenda deram lucro ou prejuízo.

relatório de rentabilidade no software de gestão rural Aegro

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Conclusão

O fechamento de safra deve ser realizado para você ter a melhor noção possível da situação do seu negócio e saber se ele foi rentável.

Ao fazer o fechamento, você saberá quanto tem em caixa, e se esse valor será suficiente para custear a próxima safra.

Para te auxiliar nessa jornada, existem tecnologias como o software da Aegro. Com ele, suas contas ficaram mais claras, corretas e rápidas.

Você faz o cálculo dos valores gastos e recebidos na sua lavoura? Já utilizou o software Aegro para te auxiliar a fazer o fechamento de safra? Deixe seu comentário abaixo!

Como fazer o cálculo de depreciação da lavoura de forma simples e rápida

Depreciação da lavoura: entenda a importância, o que considerar para formar seu custo de produção e mais!

Fazer o custo de produção é essencial para uma empresa rural.

Existem diversos modos de realizar o custo de produção da sua lavoura. O importante é considerar todos os gastos, inclusive os futuros.

Assim, a depreciação entra nos cálculos, que têm a função de considerar os desgastes de diversos bens da fazenda para posteriormente substituí-los ou arrumá-los.

No seu custo de produção, você considera a depreciação da lavoura? Confira neste artigo a importância de considerar esse fator nos seus custos!

O que é depreciação da lavoura?

Depreciação é o valor que você precisa ter para substituir os bens de capital quando eles se tornam improdutivos. 

A improdutividade acontece pelo desgaste físico ou quando os bens perdem valor com o decorrer dos anos, devido à obsolescência tecnológica ou ação natural.

Todos os bens necessários para a manutenção das atividades rurais são denominados ativos imobilizados.

Assim, tudo o que compõe a produção está sujeito a depreciar com o tempo, por exemplo:

  • máquinas;
  • equipamentos;
  • utensílios;
  • implementos;
  • benfeitorias;
  • instalações;
  • lavouras;
  • animais de trabalho;
  • embalagens.

Para cada tipo de bem, a depreciação considera uma porcentagem do valor relativo ao uso.

Aqui no blog da Aegro, já falamos sobre a depreciação de máquinas e implementos. Confira: “Depreciação de máquinas: todos os cálculos de forma prática”.

A depreciação de benfeitorias e instalações inclui locais utilizados pela fazenda, como barracão, represa, escritório, entre outros.

Por exemplo, o barracão que armazena os maquinários ao longo do tempo precisa de reforma. Assim, é necessário calcular a depreciação desse imóvel para quando for preciso realizá-la e ter dinheiro em mãos. 

A depreciação da lavoura, ou custo de produção como exaustão de cultivo, considera culturas permanentes ou semi-perenes. Essas culturas utilizam a terra por mais de um ano, como cana-de-açúcar, café, laranja, entre outros.

O cálculo de depreciação é feito em culturas permanentes porque ao término da vida útil da plantação, o produtor deve ter dinheiro para renovar sua plantação.

Não acontece o mesmo com as culturas anuais, pois as plantas produzem, morrem e não geram mais gastos após sua colheita, fazendo com que o ciclo da safra seja renovado.

Componentes que sofrem depreciação no custo de produção

Componentes que sofrem depreciação no custo de produção
(Fonte: adaptado de Esalq)

Como é feito o cálculo de depreciação da lavoura?

A depreciação de uma lavoura é calculada considerando os custos totais gastos para a formação da lavoura, além do tempo de vida útil médio da produção. 

Devemos considerar para o cálculo:

  • os gastos com mudas ou sementes;
  • atividades de plantio e replantio;
  • insumos e operações mecanizadas e manuais.

O cálculo da depreciação da cultura é diluído pelos anos de vida útil a partir da primeira colheita. Ou seja, se a cultura produzir somente em dois anos, o valor gasto nos dois anos é somado e distribuído ao longo dos anos de produção.

Modelos de cálculo 

Há dois modelos de cálculos para depreciação da lavoura:

  • o que considera apenas o valor gasto de formação e implementação diluído nos próximos anos (exemplo 1).
  • o que considera o custo de oportunidade do capital investido com a depreciação, denominado Carp (Custo Anual de Recuperação do Patrimônio) (exemplo 2).

Veja os exemplos desses cálculos na tabela abaixo:

dois exemplos de modelos de cálculo de depreciação da lavoura

(Fonte: adaptado de HFBrasil)

Você pôde perceber que o valor é maior quando se considera o custo de oportunidade do capital, pois acrescenta uma taxa considerando esse dinheiro em outra atividade.

O valor residual da cultura é considerado nos dois cálculos, já que ao término da vida útil, as plantas são retiradas e substituídas por outras.

Mesmo que para algumas culturas, como por exemplo o café, pode-se vender a madeira após o término da vida útil, este valor não é considerado no cálculo de depreciação.

Ou seja, mesmo ocorrendo entrada de dinheiro devido à venda da madeira, este valor não é abatido do valor que deve ser poupado durante cada ano pelo cálculo da depreciação.

Porém, em alguns casos, como as plantas de café, é possível utilizar madeira de fabricação de móveis ou de lenha. Essa não é uma prática usualmente utilizada, então não é considerado esse valor.

O FRC (Fator de Recuperação do Capital) pode variar de acordo com a região e o custo de oportunidade considerado.

Em área de cafezal, por exemplo, o valor do FRC pode ser considerado de 6% ao ano. Vai depender do que você considerar.

Em relação ao tipo de cálculo utilizado, fica a seu critério. Mas lembre-se: o valor poupado ao longo dos anos será a sua base financeira para a implantação da cultura novamente.

Caso tenha dúvida sobre qual valor considerar ou qual cálculo mais adequado, procure um consultor financeiro na sua região para te auxiliar nestas dúvidas.

Tabela de FRC para cálculo do Custo Anual de Recuperação do Patrimônio

Tabela de FRC para cálculo do Custo Anual de Recuperação do Patrimônio
(Fonte: adaptado de Fapan)

Importância de calcular a depreciação da lavoura

Como foi dito, a razão de calcular a depreciação dos bens é saber quanto de capital o bem vai perder ao longo da vida útil e garantir esse recurso no futuro.

Calcular a depreciação de sua lavoura é essencial. Assim, você pode poupar um valor determinado durante o ano para que, ao terminar a vida útil da cultura, você tenha o dinheiro disponível para a nova formação.

Se você não considerar o valor da depreciação da sua lavoura, ao ter de fazer alguma reforma, não haverá dinheiro em caixa para essa finalidade.

A consequência disso seria precisar realizar empréstimos, tirar dinheiro de algum outro setor da fazenda ou até mesmo colocar mais capital próprio no seu negócio.

Por isso é importante fazer um bom planejamento financeiro e considerar sempre a depreciação dos seus bens. Tendo um aporte de capital financeiro definido antes do início da lavoura, haverá dinheiro em caixa para reparos, manutenção e reforma da cultura.

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Conclusão

Neste artigo, vimos que a depreciação da lavoura é algo importante a ser considerado no seu custo de produção.

Aprendemos a realizar, de modo simples, os dois cálculos mais comumente utilizados para calcular a depreciação. 

Além disso, vimos que o dinheiro da depreciação deve ser poupado para ser usado na sua área novamente.

Você faz o cálculo de depreciação da sua lavoura? Qual metodologia você utiliza? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Como garantir a qualidade durante os processos de secagem e armazenamento de trigo

Armazenamento de trigo: confira os principais manejos que você deve adotar na pós-colheita para evitar as perdas e a desvalorização dos grãos.

O cuidado na pós-colheita do trigo é fundamental para garantir a manutenção da qualidade dos grãos e evitar perdas no seu preço de venda.

Mas você sabe quais fatores devem ser observados durante a secagem do trigo e como manejá-los? 

Sabe quais manejos devem ser adotados na armazenagem do trigo para minimizar as perdas e evitar pragas? 

Sabe quais são os principais contaminantes do trigo na pós-colheita e como monitorá-los?

Confira essas e outras recomendações a seguir!

A pós-colheita do trigo

A pós-colheita do trigo compreende a limpeza, a secagem e o armazenamento dos grãos.

A limpeza geralmente não ocasiona danos à qualidade dos grãos de trigo, pelo contrário, pode melhorar a qualidade do lote pela retirada das sujidades e de grãos chochos e quebrados.

Já na secagem e no armazenamento, os grãos de trigo podem sofrer danos se não forem adotados os manejos corretos.

Portanto, como você verá a seguir, cuidados devem ser tomados para que a qualidade dos grãos seja mantida nas operações após a colheita do trigo.

Secagem de trigo

Antes da secagem, os grãos devem passar pela pré-limpeza realizada por uma máquina de ar e peneiras. O objetivo é retirar restos culturais e materiais estranhos como pedras, terra, etc., da massa de grãos.

Essa limpeza facilita a secagem e permite o armazenamento com melhor qualidade.

A secagem dos grãos de trigo serve para reduzir o teor de água, permitindo o armazenamento seguro por maior tempo. 

Esse processo pode ser realizado com ar aquecido ou com ar natural (sem aquecimento). Vou explicar cada um deles a seguir.

Secagem com ar aquecido

O principal aspecto relacionado à secagem de grãos de trigo com ar aquecido é a temperatura do ar de secagem, que vai depender do tipo de secador (estacionário ou intermitente) e do teor de água inicial dos grãos.

Para que a qualidade tecnológica dos grãos de trigo não seja prejudicada, a temperatura da massa de grãos não deve ultrapassar 60 ℃. 

Na secagem estacionária, pelo fato de ser realizada em camadas fixas, pode haver super secagem e aquecimento excessivo da camada inferior. Portanto, é recomendada a utilização de temperaturas mais baixas (45 ℃ a 50 ℃). 

Já em secadores intermitentes, em que os grãos não permanecem o tempo todo em contato com o ar aquecido, a temperaturas deve ficar em torno de 70 ℃.

Quanto ao teor de água inicial, é recomendado que grãos com teor mais elevado (em torno de 20%) sejam secos com temperaturas mais baixas. 

Por outro lado, grãos com teor de água mais baixo (em torno de 15%) podem ser submetidos a temperaturas mais próximas da máxima indicada.

Essa recomendação é importante, visto que a retirada de água dos grãos de forma muito abrupta pode ocasionar fissuras e quebras. Isso reduz a qualidade, o potencial de conservação e o valor comercial dos grãos.

Secagem com ar natural

A secagem com ar natural é realizada em secadores estacionários ou em silos-secadores, sem o aquecimento do ar.

Neste tipo de secagem, os principais parâmetros a serem observados são:

  • temperatura e umidade relativa do ar;
  • teor de água da massa de grãos.

A secagem com ar natural é mais barata e os danos pela temperatura do ar de secagem são inexistentes. 

Por outro lado, é mais demorada e, dependendo das condições do ar e do teor de água inicial dos grãos, o produto pode demorar demais para secar e, consequentemente, sofrer deterioração.

Sendo assim, para regiões com histórico de altas umidades relativas do ar, não é indicado realizar este tipo de secagem. 

Já em regiões de clima mais seco, a secagem com ar natural funciona muito bem.

Principais cuidados no armazenamento de trigo

Os principais fatores que precisam ser observados durante o armazenamento de trigo são o teor de água e a temperatura da massa de grãos.

Grãos armazenados com elevado teor de água e em alta temperatura aumentam suas taxas respiratórias e se deterioram com maior velocidade.

Desta forma, os grãos devem ser armazenados secos (teor de água inferior a 13%) e em temperaturas da massa de grãos baixas (em torno de 18 ℃). 

O monitoramento do teor de água dos grãos pode ser realizado por amostragens sistemáticas. 

Já a temperatura da massa de grãos pode ser monitorada com o auxílio de termopares, que são sensores instalados em meio aos grãos e fazem a medição da temperatura em tempo real.

Sistema de monitoramento da temperatura da massa de grãos por termopares

Sistema de monitoramento da temperatura da massa de grãos por termopares
(Fonte: Fockink)

É importante que os silos destinados à armazenagem de grãos de trigo a granel sejam equipados com ventiladores, visando a aeração.

A aeração proporciona a uniformização da temperatura e do teor de água dos grãos, além de promover a renovação do ar intergranular.

Para realizar a aeração dos grãos, são necessários cuidados quanto às condições de temperatura e umidade relativa do ar.

Pragas do armazenamento de trigo

Durante o armazenamento, os grãos de trigo podem ser atacados por pragas, principalmente fungos e insetos, denominadas pragas de armazenagem.

Estas pragas podem ocasionar perdas significativas. Por isso, é importante conhecê-las, monitorá-las e controlá-las.

Fungos

Os fungos encontrados em grãos de trigo no armazenamento são principalmente a giberela (Fusarium graminearum), os mofos e bolores (Aspergillus spp. e Penicillium spp).

fotos de quatro grãos de trigo contaminados pela giberela (Fusarium graminearum) em estágios diferentes

Grãos de trigo contaminados pela giberela (Fusarium graminearum)
(Fonte: O Presente Rural)

Os fungos de armazenamento são os principais produtores de micotoxinas, que são toxinas produzidas pelo seu metabolismo secundário e que podem causar doenças e a morte de humanos e animais.

O controle de fungos deve ser realizado de forma preventiva. Portanto, recomenda-se que os grãos de trigo sejam armazenados com baixos teores de água (<13%) e a baixas temperaturas (em torno de 18%). 

Além disso, o processo de limpeza e higienização das estruturas de armazenagem e dos grãos antes de serem estocados é indispensável, pois restos culturais e sujeiras podem ser fonte de inóculo para os fungos.

Insetos

As principais espécies de pragas de grãos de trigo no armazenamento são o besourinho dos cereais (Rhyzopertha dominica) e o gorgulho (Sitophilus sp.).

duas fotos de grãos de trigo atacados por insetos de R. dominica e Sitophilus sp.

Grãos de trigo atacados por insetos de R. dominica e Sitophilus sp.
(Fonte: Grupo Líder e Minden Pictures)

Para fazer o controle de insetos em grãos de trigo armazenados, utilize as práticas do MIP (Manejo Integrado de Pragas)

Algumas medidas de controle são:

  • limpeza, higienização e tratamento com inseticidas protetores nas estruturas do armazém (a mais importante);
  • limpeza e secagem adequada dos grãos;
  • armazenamento de grãos secos (<13%) e a baixas temperaturas (18 ℃);
  • monitoramento da presença das pragas ao longo do armazenamento;
  • tratamento dos grãos com inseticidas recomendados no enchimento do silo;
  • expurgo com fosfina (medida corretiva).

Em silos equipados com sistema de termometria, é possível realizar o monitoramento da presença de insetos pelo surgimento de pontos localizados de aquecimento na massa de grãos, típicos da presença destas pragas.

Monitoramento de contaminantes

Devido à importância da cultura do trigo e da forma de consumo, principalmente para os produtos integrais, é importante que se faça o monitoramento dos contaminantes durante o armazenamento, buscando a identificação e as soluções a serem tomadas.

Micotoxinas, fragmentos de insetos e resíduos de agrotóxicos são os principais contaminantes que devem ser monitorados.

O monitoramento da contaminação por micotoxinas pode ser realizado de forma rápida e ágil. Já existem no mercado várias opções de monitoramento com testes rápidos para a detecção de diferentes micotoxinas e concentrações.

Equipamentos utilizados para a detecção de micotoxinas em trigo - armazenamento do trigo

Equipamentos utilizados para a detecção de micotoxinas em trigo
(Fonte: Vicam)

O limite de fragmentos de insetos em farinha de trigo está disposto na RDC N° 14 da Anvisa. O limite máximo considerado é de 75 fragmentos para cada 50 g de farinha.

Já o monitoramento da presença de resíduos de agrotóxicos nos grãos é dificultado devido à necessidade de equipamentos específicos.

Assim, é necessário respeitar o período de carência do agrotóxico e utilizar apenas produtos indicados para a aplicação em grãos armazenados.

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Conclusão

As etapas de pós-colheita do trigo são fundamentais para que o grão não perca qualidade e sofra desvalorização, o que prejudica sua lucratividade.

Vimos que, na secagem, o principal fator a ser considerado é a temperatura, que depende do teor de água inicial dos grãos e do tipo de secador.

Também falamos sobre os cuidados na etapa de armazenamento de trigo e sobre a importância do monitoramento de contaminantes, que deve ser frequente, principalmente com relação às micotoxinas. Assim, é possível identificar rapidamente as alterações e minimizar perdas.

Espero que, com essas informações, você tenha uma excelente pós-colheita do trigo!

Restou alguma dúvida sobre os processos relacionados ao armazenamento de trigo? Deixe seu comentário abaixo!

Saiba o que muda com as novas regras de sementes salvas

Sementes salvas: entenda o que diz a nova legislação que passa a vigorar em 21 de março de 2021

O decreto 10.586/2020 entra em vigor no dia 21 de março de 2021 e nele constam algumas alterações no que diz respeito às sementes salvas. 

As novas orientações prometem desburocratizar o processo e facilitar a vida do produtor. Mas também prevê punições mais severas, diferenciando o usuário do produtor ilegal de sementes. 

Quer entender melhor as novas regras para sementes salvas? Confira a seguir!

O que são sementes salvas?

Sementes salvas são aquelas sementes reservadas pelo produtor para serem plantadas exclusivamente na próxima safra, não sendo possível sua comercialização.

Essa reserva é feita somente após a aquisição comercial da semente. Ou seja, o produtor compra as sementes de uma empresa devidamente cadastrada no Renasem (Registro Nacional de Sementes e Mudas) para formar sua lavoura, que terá parte da sua produção reservada para ser plantada na safra seguinte. 

É direito do produtor, previsto em lei, guardar parte da sua produção. No entanto, é preciso estar em concordância com o que preconiza a legislação, que agora tem mudanças. Separei as principais para que você entenda melhor.

Quais alterações foram feitas?

A primeira alteração trazida pelo decreto 10.586/2020 está no aumento do prazo para que o produtor rural solicite junto ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) a amostragem para verificação do índice de germinação ou viabilidade, quando for o caso. 

Após o recebimento da semente pelo produtor, o prazo para solicitação de amostragem foi estendido de 10 para até 20 dias. É importante ressaltar que a solicitação deve ser feita mediante justificativa e que a embalagem das sementes não tenha sido violada. 

Outra modificação se refere à documentação que o produtor deve ter sob sua posse. Continua sendo obrigatório, por parte do produtor, manter à disposição da fiscalização a documentação original de aquisição da semente. Porém, a documentação necessária e o tempo de arquivamento ainda serão determinados. 

Outra alteração está relacionada às exigências quanto à identificação da embalagem e local de armazenamento das sementes. O antigo decreto não especificava essas questões.

O novo decreto indica que a semente reservada pelo produtor rural deverá ser identificada em seu local de armazenamento. Entretanto, mais informações precisam ser determinadas em norma complementar a ser divulgada.

Antes, somente as áreas destinadas à produção de cultivares protegidas precisavam ser inscritas pelo produtor. Com a nova legislação, tanto as cultivares protegidas quanto as de domínio público precisam ter suas áreas de produção declaradas.

Reserva técnica

Outra modificação trazida pelo decreto 10.586/2020 refere-se à reserva técnica

Antes, a reserva de sementes para uso próprio era quantificada somente com base na área a ser plantada na próxima safra. 

Já o novo decreto autoriza que o produtor tenha uma reserva técnica com quantidade de sementes maior que a necessária para o plantio da safra seguinte. 

Essa atualização na legislação possibilita que o produtor tenha material de propagação no caso da necessidade de ressemeadura

Apesar disso, é importante lembrar que informações sobre o percentual da reserva técnica terá por base a espécie a ser cultivada e ainda será divulgado.

Confira também: “Melhores práticas para fazer o tratamento de sementes de trigo na fazenda”

Punições previstas

O novo decreto também prevê que o produtor que descumprir as orientações poderá ser enquadrado como produtor ilegal de sementes, estando sujeito às penalidades administrativas, civis e financeiras.

A reserva de sementes não pode ser plantada fora da área de posse do produtor e deve ainda ser utilizada, exclusivamente, na safra seguinte à da sua reserva. 

Além disso, a reserva de semente deve estar em concordância com o tamanho da área a ser cultivada na safra seguinte e de acordo com as recomendações técnicas indicadas para a cultura. 

Já o percentual da reserva técnica não pode exceder o estabelecido pela legislação para a cultura.

Veja mais informações sobre as mudanças nas regras na figura abaixo:

infográfico que mostra todas as mudanças das sementes salvas para o novo decreto

(Fonte: adaptado de Sistema Faep)

Como armazenar sementes com segurança?

Depois de beneficiadas, as sementes salvas podem ser armazenadas em sacos de papel, polipropileno ou juta e também em sacos tipo big bag. 

foto de armazenamento de sementes em sacos de papel

Armazenamento de sementes em sacos de papel
(Fonte: Cocari)

foto de armazenamento de sementes em sacos tipo big bag

Armazenamento de sementes em sacos tipo big bag
(Fonte: Sementes São Francisco)

Outra forma de armazenagem é em silos de madeira com sistema de ventilação para auxiliar no processo de conservação das sementes.

Silos de madeira utilizados no armazenamento de sementes

Silos de madeira utilizados no armazenamento de sementes
(Fonte: Sementes Simão)

As sementes também podem ser armazenadas em contêineres. Essas estruturas metálicas são herméticas, de fácil higienização e podem ser transferidas de um local para outro sem prejuízo para as sementes. 

Container dry utilizado para armazenamento de sementes

Container dry utilizado para armazenamento de sementes
(Fonte: Miranda Container)

Vale lembrar que a escolha de como será o armazenamento deve considerar as características fisiológicas das sementes, bem como fatores econômicos e tecnológicos disponíveis. 

9 dicas para o armazenamento de sementes

Abaixo você pode conferir algumas orientações de como armazenar sementes de forma correta:

  1. o local deve ser seco e arejado;
  2. controle e monitore as condições ambientais do armazém como temperatura e umidade. Para a preservação e conservação das sementes é preciso ambiente com baixa temperatura e baixa umidade. É necessário respeitar as características intrínsecas de conservação de cada espécie.
  3. mantenha os sacos de sementes sob estrados (pallets), de modo que não fiquem em contato direto com o solo;
  4. identifique as sementes por lotes;
  5. não faça pilhas de sacos muito altas e mantenha distanciamento das paredes e do telhado do armazém, facilitando a ventilação;
  6. evite o contato direto das sementes com a luz solar;
  7. não guarde as sementes e outros tipos de insumos como adubos, defensivos agrícolas e ração no mesmo local;
  8. controle insetos e roedores no local de armazenagem e arredores;
  9. mantenha o local limpo, organizado e bem sinalizado.
checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

A semente é um organismo vivo e seu armazenamento requer cuidados específicos para melhor conservação. 

As corretas condições de armazenamento das sementes salvas, aliadas ao manejo adequado, garantem o bom desenvolvimento inicial da cultura e um estande de plantas uniforme, o que é importante para atingir altas produtividades. 

Diante deste cenário, é preciso estar atento às mudanças na legislação. Como você viu nesse artigo, algumas informações ainda precisam ser divulgadas por meio de normas complementares, que não têm data prevista para serem publicadas.

Enquanto algumas orientações específicas não são determinadas, considere o decreto atual para não sofrer penalidades.

>> Leia mais:

“O que caracteriza sementes piratas e como fugir disso”

“Tratamento de sementes na fazenda ou industrial? Faça a melhor escolha!”

“O que é e por que adotar o sistema de combinação de híbridos”

Restou alguma dúvida sobre as novas normas para sementes salvas? Como você faz em sua propriedade hoje? Deixe seu comentário!

Como calcular a estimativa da produtividade de arroz antes da colheita

Estimativa da produtividade de arroz: veja o passo a passo do cálculo e saiba em que estágio de desenvolvimento da lavoura ele pode ser realizado!

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê uma diminuição de 4,5% na produtividade da cultura do arroz nesta safra em relação à anterior.

As oscilações climáticas, especialmente no sul do país, afetaram as expectativas de rendimento médio da rizicultura.

Mas como ficará a produtividade média da sua lavoura? Quer saber sua estimativa de produtividade antes da colheita e ver um passo a passo destes cálculos? Confira a seguir!

Panorama da produção de arroz no Brasil e no mundo

Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a estimativa revisada para a  safra 20/21 de arroz é de aproximadamente 10,9 milhões de toneladas, incluindo arroz irrigado e de sequeiro.

Na safra 20/21, espera-se redução da produção de 2,2% em comparação com a safra anterior, fator atribuído às projeções estatísticas e aos níveis dos reservatórios de água principalmente. 

Já a produtividade da cultura nas lavouras deve ter redução de 4,5%, estimada em 6.414 kg por hectare (ha), representando diminuição de 364 kg/ha.

O Brasil conta com diferentes regiões produtoras de norte a sul, sendo a região sul responsável por aproximadamente 76% da produção nacional.

O país é responsável ainda por 1% da produção mundial total da cultura, sendo considerado o maior produtor de arroz não asiático do mundo.

Entenda a importância de estimar sua produtividade 

Nos últimos anos, o levantamento de dados das áreas de produção agrícola no país e no mundo vem aumentando consideravelmente. 

Estima-se inclusive que, em um futuro próximo, as áreas sejam precificadas de acordo com o volume de dados e informações coletadas ao longo do tempo.

Essas informações são valiosas do ponto de vista agronômico, pois norteiam o manejo e a tomada de decisão. Tudo isso para que sejam mais assertivos, menos custosos e mais eficientes no uso dos recursos disponíveis.

Além de conferir autonomia e precisão quanto aos manejos a serem adotados, a estimativa da produtividade de arroz contribui:

  • na correção da fertilidade do solo;
  • na aplicação de fertilizantes quando a cultura já está implantada e nas suas fases mais críticas de desenvolvimento;
  • na observação das condições da lavoura quanto ao potencial produtivo dos diferentes talhões e até mesmo das diferentes cultivares;
  • planejamento da safra subsequente;
  • operações de pós-colheita;
  • organização e planejamento quanto à aquisição de insumos, contratação de mão de obra e estimativa de custos e rentabilidade.

Modelos utilizados para o cálculo da produtividade do arroz 

Modelos matemáticos podem estimar a produtividade da cultura, permitindo ainda descrever as interferências dos elementos meteorológicos e seu impacto nos componentes de rendimento da cultura.

Estudos identificaram o componente de rendimento da massa de mil grãos com maior efeito sobre a produtividade do arroz

Em contrapartida, o número de espiguetas chochas obteve maior influência na redução da produtividade.

Diversos modelos são descritos para realizar os cálculos de estimativa de produtividade da cultura do arroz, incluindo o Oryza2000 e o InfoCrop

O Oryza utiliza parâmetros bioquímicos e ecofisiológicos relacionados à fotossíntese, por exemplo, assimilação de moléculas de CO2, dentre inúmeros outros. 

Já o InfoCrop é considerado um modelo de menor complexidade, utilizando parâmetros mais robustos como eficiência do uso da radiação solar pela cultura (EUR) e temperatura acumulada, dentre outros.

Mas a utilização de tais modelos não é um processo fácil para muitos produtores. Isso porque exige levantamentos prévios de dados como temperatura nos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura e precipitação acumulada, sendo geralmente realizado por técnicos especializados. 

Desta forma, metodologias mais simples podem ser utilizadas. Vou explicar melhor a seguir!

Componentes de rendimento e estimativa da produtividade de arroz com amostragem a campo

Confira a seguir os principais componentes de rendimento da cultura do arroz e estágios de desenvolvimento em que são definidos na lavoura:

  • número de panículas por m², definido ainda durante o período de germinação até dez dias após o início da visualização da panícula (MACHADO, 1994); 
  • Número de espiguetas por panícula, influenciado por fatores genéticos e condições  como fertilidade do solo e disponibilidade hídrica, especialmente nas fases reprodutivas até cinco dias que antecedem o florescimento (YOSHIDA, 1981a; YOSHIDA, 1981b);
  • Massa de mil grãos (peso em gramas), determinada durante as duas semanas posteriormente à abertura dos botões florais, sendo os primeiros sete dias dependentes da translocação de carboidratos no comprimento do grão; e, nos outros sete dias, há aumento da largura e da espessura dos grãos, sendo extremamente importante que as condições climáticas sejam favoráveis, especialmente nesta fase.

Para o cálculo da estimativa da produtividade de arroz, tanto em plantio irrigado quanto de sequeiro, pode-se determinar o peso dos grãos colhidos em torno de pontos amostrais, corrigindo a umidade para 14% (teor em que geralmente o arroz com casca é comercializado).

Passo a passo para estimar sua produtividade de arroz: metodologia conforme Durigon (2007)

1 – Identifique o estágio de desenvolvimento da lavoura

A lavoura deve estar em fase de maturação fisiológica, onde os grãos já atingiram o máximo acúmulo de matéria seca. 

Nesta fase, geralmente a umidade gira em torno de 30% a 40%.

Teoricamente, já poderia ser realizada a colheita. Porém, devido à necessidade de secagem posterior dos grãos, a umidade deve chegar em 18%  a 22% ainda na lavoura;

Mas como identificar o estágio de maturação fisiológica?

A fase de maturação fisiológica é dependente das condições ambientais do ano agrícola (temperatura, precipitação e eficiência do uso da radiação solar) e da genética da cultivar, podendo variar amplamente em relação ao número de dias. 

Por isso, o número de dias após a semeadura não se aplica para determinação das fases de desenvolvimento da cultura do arroz. 

No estágio de maturação fisiológica  80% dos grãos da lavoura já se encontram maduros. Para identificar, amostre 10 plantas aleatórias em diferentes pontos da lavoura e avalie.

Nessa fase, pelo menos um grão do colmo principal apresenta-se com pericarpo (parte externa) de coloração marrom.

2 – Escolha 10 pontos amostrais representativos da lavoura

3 – Retire as plantas

Com auxílio de um quadro de 1 metro quadrado (de metal ou madeira) de área útil, faça a retirada das plantas.

Demonstração de um quadro para amostragem de plantas de arroz para estimativa da produtividade por hectare

Demonstração de um quadro para amostragem de plantas de arroz para estimativa da produtividade por hectare
(Fonte: Reges Durigon, 2007 Aplicação de técnicas de manejo localizado na cultura do arroz irrigado (Oryza sativa L.))

4 – Separe as amostras

Acomode as amostras em embalagens correspondentes a cada ponto amostrado. Se for possível, os pontos podem ser demarcados em GPS.

5 – Debulhe as espiguetas manualmente

6 – Pese os grãos correspondentes a cada ponto amostral

7 – Corrija a umidade 

Corrija a umidade dos grãos com casca para 14% para cada ponto amostral. 

Importante avaliar a umidade de cada ponto amostral para realização da correção (umidade em que geralmente é comercializado), vide exemplo abaixo:

Peso do Ponto coletado 1 – 0,83 kg a 30% de umidade, necessário corrigir para 14%:

fórmula para correção da umidade - estimativa da produtividade de arroz

8 – Estime a produtividade dos pontos e da área

Com todos dados em mãos, agora, basta uma regra de 3 para extrapolar os valores levantados de cada metro quadrado para um hectare, que possui 10.000 metros quadrados.

Para que você entenda melhor, fiz uma tabela com alguns exemplos hipotéticos, considerando que obtivemos a pesagem dos seguintes pontos da lavoura:      

Exemplo do peso de 10 amostras representativas de uma lavoura de arroz para cálculo da estimativa de produtividade

Exemplo do peso de 10 amostras representativas de uma lavoura de arroz para cálculo da estimativa de produtividade

Assim, no Ponto 1 temos:

estimativa da produtividade de arroz

Basta você realizar a conta para todos os pontos e, posteriormente, calcular a média (soma de todas as estimativas individuais dos pontos amostrados, dividido pelo número de amostras – 10).

Assim, você terá a estimativa de produtividade da sua lavoura de arroz.

Outros métodos como cálculo do índice de vegetação, além do emprego de imagens de satélite, também podem ser bastante eficientes para obtenção da estimativa de produtividade do arroz. 

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Como melhorar a produtividade do arroz

Para que a produtividade da cultura do arroz atinja seu potencial máximo, diversas necessidades específicas devem ser supridas, incluindo o manejo da cultura antes mesmo da sua implantação:

  • correção prévia do pH do solo;
  • escolha da cultivar adaptada à região de cultivo (respeitando o zoneamento agrícola e suas indicações);
  • época de semeadura, para que as fases críticas de desenvolvimento coincidam com as condições ideais de temperatura, radiação principalmente;
  • população de plantas adequada de acordo com a cultivar;
  • lâmina de água (para cultivo irrigado);
  • controle adequado de pragas, doenças e plantas daninhas, especialmente nas fases críticas de desenvolvimento;
  • adubação equilibrada durante os diferentes estádios de desenvolvimento.

Variações da temperatura do ar e da radiação solar durante fases críticas de desenvolvimento, especialmente a ocorrência de períodos prolongados de sombreamento, estão relacionados com a variabilidade da produtividade do arroz nos diferentes anos agrícolas. 

Em resumo, um bom planejamento é extremamente importante nas respostas produtivas e expressão do potencial da cultura.

Conclusão

Estimar corretamente a produtividade de arroz é fundamental para tomar decisões de manejo acertadas na lavoura.

Ao longo desse artigo, você viu os panoramas da produção de arroz e os fatores que interferem na produtividade da cultura. Conferiu ainda os estágios de desenvolvimento em que são definidos os componentes de rendimento na lavoura e o passo a passo para realização do cálculo.

O cálculo da estimativa da produtividade é simples e pode ser um importante aliado no planejamento dos resultados produtivos ao longo da área de cultivo e em diferentes anos agrícolas.