Gestão de risco no agronegócio: 4 passos simples para diminuir as incertezas na gestão da sua fazenda

Gestão de risco no agronegócio: entenda como fazer um gerenciamento bom o suficiente para enfrentar os desafios do agro e minimizar chances de um resultado negativo

O agronegócio está sujeito a fatores de risco das mais variadas fontes: clima, fatores agronômicos, mercado e por aí vai… 

São muitas situações variáveis e que se não forem bem gerenciadas, você sabe, podem colocar todo seu lucro a perder. 

Mas como fazer uma gestão de riscos boa o suficiente para enfrentar os desafios do agro e minimizar as chances de um resultado negativo na empresa rural

Nesse artigo, vou te apresentar 4 passos para fazer uma boa gestão de riscos no agronegócio e diminuir as incertezas na operação da sua fazenda.

O que é gestão de risco no agronegócio

A gestão de risco é o processo de identificar e administrar os riscos existentes em uma atividade. E essa é uma das tarefas mais importantes de qualquer gestor em uma fazenda ou agroindústria.

No agronegócio, há fatores de risco de diversas fontes, tanto do próprio sistema quanto relacionadas a fatores agronômicos, climáticos, de mercado e de estratégia organizacional.

Sua sustentabilidade está essencialmente relacionada à previsibilidade de rentabilidade. Perspectivas de produção, custos, receitas e fontes de financiamento impactam as tomadas de decisões no agro. Atenuar os riscos, portanto, se faz necessário. 

Qualquer evento incerto que possa impactar um negócio e ao qual é associada uma probabilidade de ocorrência, é considerado um fator de risco. Entende-se, portanto, o risco como incerteza.

E gerenciar essas incertezas é muito diferente de gerenciar estratégia. 

A gestão de riscos se concentra no negativo – ameaças e falhas – em vez de oportunidades e sucessos. 

Isso vai exatamente contra a cultura do “vai dar tudo certo” que a maioria das equipes de liderança tenta promover ao implementar um novo projeto na fazenda. 

Muitos líderes tendem a desconsiderar o futuro e relutam em gastar tempo e dinheiro agora para evitar um problema em um futuro cada vez mais incerto. 

Além disso, diminuir riscos normalmente envolve dispersar recursos e diversificar investimentos, exatamente o oposto do foco intenso de uma estratégia que visa o sucesso a todo custo.

Vou explicar melhor como fazer uma gestão de riscos simples e efetiva em 4 passos.

4 passos para iniciar uma gestão de risco em sua fazenda

1 – Identificação

Nessa etapa, é muito importante fazer uma análise de dados históricos do seu negócio rural. Isso torna possível a identificação de riscos que podem causar impactos negativos na rentabilidade da fazenda. 

Também devem ser estabelecidas premissas em relação ao contexto atual da safra e os riscos relacionados a ela. 

Aqui temos algumas ferramentas que podem ser utilizadas: 

Um software de gestão rural como o Aegro é capaz de organizar, de forma simples e rápida, as informações necessárias para auxiliar nessa etapa. 

Com relatórios agrícolas que são gerados em poucos cliques, os gestores podem ter acesso a informações sempre atualizadas e diretamente no celular.

2 – Classificação

À medida que se mapeiam todos os riscos que podem acontecer, a próxima etapa é priorizá-los através de uma classificação dos riscos

Nem todo risco mapeado precisa ser mitigado, controlado ou extinto. E como fazer a priorização dos riscos mais importantes?

A importância do risco é determinada por duas variáveis: probabilidade e impacto.

Probabilidade

A probabilidade consiste na medição de quão provável é a ocorrência do risco. 

Em outras palavras, é preciso avaliar o quão fácil ou difícil é que determinado risco aconteça, por exemplo, medir o quão provável é que chova hoje. 

A probabilidade deve ser medida em níveis como: muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto. 

Elas também podem ser convertidas em porcentagens para facilitar o entendimento, sendo:

  • Muito baixo = 1% a 10%;
  • Baixo = 11% a 30%;
  • Moderado = 31% a 50%;
  • Alto = 51% a 70%;
  • Muito alto = 71% a 90%.

Impacto

O impacto se refere às consequências do risco caso ele venha a ocorrer. Ou seja, quais serão os prejuízos ou danos causados caso o risco aconteça de fato. 

O impacto pode ser negativo (como prejuízos financeiros, danos ao maquinário, por exemplo) ou positivo (como novas oportunidades de negócio, utilização de uma nova tecnologia, redução de taxas ou impostos, etc.). 

O impacto também é medido em níveis como: muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto.

Portanto, para classificarmos o risco, fazemos o cruzamento dos números absolutos de probabilidade e impacto. Assim, teremos um indicador de criticidade do risco. Quanto maior o indicador, mais crítico é o risco.

Recomenda-se colocar essas informações em uma tabela para melhor visualização.

3 – Plano de Ação

Após priorizar os maiores riscos da sua fazenda, construa as estratégias de respostas para os riscos e os planos de ações para cada um. 

As soluções para a atuação sobre os riscos devem ser específicas e realizáveis, aproveitando-se dos ganhos rápidos.

Os planos de resposta são bem individuais para as realidades de cada fazenda. Mas, para documentar os planos de ação, deve-se utilizar alguma metodologia que torne tangível e facilite sua execução, como a 5W2H. Vou explicar melhor!

A 5W2H é a ferramenta usada para compreender um problema ou oportunidade de melhoria sob diferentes perspectivas através de sete perguntas: 

  • O quê?
  • Por quê?
  • Quem?
  • Onde? 
  • Quando? 
  • Como? 
  • Quanto?

Em geral, essa metodologia costuma ser utilizada em projetos para avaliar, acompanhar e garantir que as atividades sejam executadas com clareza e excelência por todos os envolvidos.

Funciona como uma espécie de guia, permitindo elencar passo a passo a estratégia a adotar.

Não por acaso, é uma excelente alternativa para elaborar um plano de ação, seja qual for a necessidade ou problema.

4 – Monitoramento

Definidas as ações e respectivos planejamentos e a priorização, é preciso ter controle sobre a execução e monitoramento de todos os riscos. 

Lembre-se: o que não é medido não pode ser gerenciado! 

Nessa etapa, é fundamental a definição de Indicadores de Desempenho (KPIs) e implantação de mecanismos de monitoramento e controle. 

Definidos de maneira assertiva, os indicadores e processos de controle, são capazes de dar as informações certas para a tomada de decisão. Isso, portanto, diminui ou elimina o impacto dos riscos na sua fazenda.

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Conclusão

O risco é um fator ligado à gestão e que deve ser analisado pelo produtor, assim como já é feito com pragas agrícolas, solo, clima, etc. 

Você pode produzir bem, com eficiência operacional acima da média e bons números, mas se não têm um resultado líquido satisfatório, pode até amargar prejuízos. Isso é resultado da ineficiência administrativa. 

Por isso, um dos caminhos para o sucesso, indiscutivelmente, tem que considerar os outros riscos. É preciso entendê-los, conhecê-los, encará-los, evitá-los (quando possível) e mitigá-los, até mesmo para utilizá-los a seu favor. 

Aqui mostramos como fazer uma boa gestão de riscos e como um software agrícola pode te ajudar nesta missão!

Espero que com todas as dicas, você diminua as incertezas na gestão da sua fazenda!

Veja mais >>

“Software para agronegócio: veja os 10 melhores para sua fazenda”

“Sustentabilidade no campo: veja como adotar as práticas”

Qual é a maior dificuldade que você enfrenta na gestão de risco no agronegócio? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Tipos de grãos de milho: tudo o que você precisa saber para fazer a escolha certeira

Tipos de grãos de milho: conheça as características e veja como cultivar melhor cada uma delas

O milho é o cereal mais produzido no mundo, sendo utilizado na indústria e alimentação humana e animal, para consumo in natura ou processado. 

Muita dessa sua versatilidade se deve aos diferentes tipos de grãos que essa cultura apresenta. 

Você já deve ter notado as diferenças visuais e de utilização que cada um dos tipos apresenta, mas sabe o que define cada um?

Neste artigo, confira as características de diferentes tipos de grãos de milho e como cultivar melhor cada uma delas! 

Diferentes tipos de grãos de milho e suas características

Os grãos de milho são classificados em cinco tipos, de acordo com seu formato e composição, sendo denominados: dentado, duro, farináceo, pipoca e doce.

Um fator importante para entender a classificação dos tipos de grãos é conhecer o endosperma presente em cada tipo. 

O endosperma é o tecido de reserva dos grãos e representa cerca de 83% da matéria seca total do grão. 

No caso do milho, essas reservas são basicamente amido e proteína. Dependendo da forma como o amido e a proteína se organizam, o endosperma pode ser considerado córneo (duro) ou amiláceo (farináceo), como você pode ver na figura abaixo:

ilustração com tipos de grãos de milho e as relativas proporções do endosperma farináceo e vítreo

Tipos de milho e as relativas proporções do endosperma farináceo e vítreo
(Fonte: adaptado de Pereira e Antunes, 2007, via Pubvet)

Vamos agora conhecer melhor cada um dos cinco tipos de grãos de milho?

1 – Milho dentado

O milho dentado, “Dent Corn”, possuiu seu endosperma duro nas laterais e farináceo no centro. Isso faz com que, ao desidratar, o grão forme uma depressão na região da coroa (parte superior do grão) e fique com o seu formato semelhante a um dente. 

Pode apresentar bastante variação na coloração, indo do branco e amarelo até tons mais avermelhados e marrons.

É amplamente utilizado na nutrição animal e indústria, para produção de álcool e xaropes.

Caso sua produção seja para silagem, é muito importante ficar atento à adubação nitrogenada e potássica, nutrientes mais exportados pela planta. Isso porque, ao remover a planta inteira da lavoura, seu solo precisará de maior reposição desses nutrientes.

2 – Milho duro

Nesse tipo de grão de milho, o endosperma duro, além de estar em maior proporção em relação ao amiláceo, recobre toda a superfície do grão. Isso confere firmeza e um aspecto liso e brilhante

Esse tipo de milho possui grãos grandes e de coloração laranja-avermelhada.

Devido a essas características, o grão duro ou “Flint Corn”, possui um bom rendimento para indústria, sendo amplamente utilizado na fabricação de canjicas, fubás, snacks, massas, cervejas, condimentos, etc.

3 – Milho farináceo

O milho farináceo, como o próprio nome sugere, possui seu endosperma mole, ou seja, farináceo. 

Seus grãos são de coloração branca e amarela, possuem sabor suave e adocicado, além de textura macia.

A maciez desse grão favorece sua moagem e possibilita uma alta extração de amido. Por isso, é ideal para a produção de farinhas, sendo muito utilizado na produção de pães e biscoitos. 

Essas características ainda o tornam uma boa opção para produção de alimentos sem glúten.

4 – Milho-pipoca

O milho do tipo pipoca possui espigas menores, grãos duros e pequenos e, em sua maioria, cor amarelo-alaranjada. 

Seu pericarpo (casca) duro de alta resistência e o teor de água e óleo no interior do grão fazem com que, ao ser aquecido, a pressão no interior do grão aumente. Assim, ele expande até estourar. Esse tipo, você já sabe a finalidade, não é mesmo?

Essa sua principal característica, a expansão, é fator importante para determinar o valor comercial. Quanto maior sua capacidade de expansão, maior o valor, pois isso significa uma pipoca grande e macia.

Produção de milho-pipoca

Para garantir uma produção de qualidade, é muito importante que você escolha variedades específicas para o cultivo de milho-pipoca.

Como comentei acima, é preciso que ele tenha uma boa capacidade de expansão, sendo desejável acima de 21 mL/mL. Variedades com excelente capacidade de expansão ficam acima de 26 mL/mL.

Outro fator importante é que, como o milho-pipoca normalmente não é transgênico, é preciso ficar ainda mais atento ao controle de pragas. As principais são a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), das espigas (Helicoverpa zea) e os percevejos.

Além disso, o cultivo do milho-pipoca exige uma qualidade ainda maior nas operações de colheita e secagem, para garantir a qualidade do produto final. 

Esse fator tem feito os produtores investirem mais em tecnologia, optando por colhedoras cada vez mais precisas e secadores de grãos mais modernos.

5 – Milho-doce ou milho-verde

Esse tipo é oriundo de uma mutação genética, fazendo com que no interior do endosperma ocorra a produção de fitoglicogênio em vez de amido. Isso confere a esse tipo de grão o sabor adocicado. 

Possui coloração amarela, formato ovalado e miolo translúcido.

Devido ao seu sabor, pericarpo fino e textura macia, o milho-doce, também conhecido como milho-verde, é utilizado basicamente para a alimentação humana. Por ter baixo teor de amido, também favorece o processo de enlatamento, pois não torna o caldo turvo. 

Produção de milho-doce

A produção de milho-verde é uma ótima alternativa para pequenos produtores, pois é um cultivo que não necessita de mecanização.

Para produzir espigas maiores e mais cheias, com maior valor de mercado, a densidade de semeadura desse cultivo deve ser menor, ficando em torno de 50 mil plantas/ha. 

O espaçamento entre linhas deve ficar em torno de 0,9 m a 1 m, o que além de proporcionar um bom desenvolvimento, facilita a entrada de pessoas na lavoura.

Para qualquer produção de milho, é preciso atenção à disponibilidade hídrica, mas para o milho-verde isso se torna ainda mais relevante. 

A falta de água em momentos-chave, como o embonecamento, pode afetar o número de grãos que irão se formar, provocando uma espiga com falhas no preenchimento. Tal condição, além de diminuir a produtividade, também acarreta menor valor comercial.

Outro fator que merece atenção redobrada é o ataque de lagartas como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e a das espigas (Helicoverpa zea).

Para garantir a maciez ideal do produto final, a colheita desse tipo de milho deve ser realizada na fase de grão leitoso.

Uma boa dica para identificar esse momento é observar se os estigmas (cabelos) já possuem coloração marrom e aspecto seco.

Agora que você  já sabe as principais diferenças entre os tipos de grãos, vamos falar sobre estratégias para alcançar um bom rendimento na sua lavoura?

Como escolher o tipo de grão de milho e planejar sua lavoura

É aqui que você deve definir quais dos tipos de grãos se enquadram melhor na sua realidade e finalidade de produção. Para isso, você pode seguir algumas dicas:

  • Avalie o mercado da região: existe demanda para esse tipo de grão? Como e para onde irá escoar a produção?
  • Quais as características físicas da sua propriedade?
  • Você possui mão de obra, maquinário e possibilidade de investimento para qual tipo de produção?

Definido qual o tipo de grão você vai produzir, começa o planejamento da lavoura

Para isso, fique atento à época ideal de desenvolvimento da cultura e, para minimizar o risco da sua produção, sempre siga o zoneamento agrícola.

  • Escolha a cultivar de acordo com sua finalidade de produção, nível de investimento, e condições climáticas e sanitárias da região. Lembre-se sempre de seguir as recomendações do obtentor.
  • Prepare o solo de 3 a 6 meses antes do plantio: faça análise de solo e contate seu engenheiro-agrônomo para a recomendação de adubação e correção da área. Trace estratégias para manter sua área livre de plantas daninhas, para proporcionar um bom desenvolvimento inicial da cultura.
  • Defina o arranjo de plantas: lembre-se sempre de seguir a orientação das cultivares e avaliar as condições ambientais do local. Se você fará um menor investimento em nutrição e o ano promete ser de chuva abaixo da média, uma boa estratégia é utilizar o limite inferior recomendado de densidade de plantas.
  • Regule o maquinário: isso é fundamental para garantir uma semeadura de qualidade.

Conclusão

O milho é uma cultura muito versátil, podendo ser utilizado para várias finalidades, é atualmente é o cereal mais consumido no mundo.

Nesse artigo vimos como é feita a classificação dos tipos de grãos de milho de acordo com sua composição e forma.

Também falamos sobre as características e algumas dicas de manejo do milho  dentado, duro, farináceo, pipoca e doce, além de como definir o melhor tipo de grão para a sua lavoura.

Você já escolheu qual dos tipos de grãos de milho vai produzir? Conte aqui nos comentários qual se enquadra melhor na sua propriedade!

Como acertar o cálculo de semeadura do algodão

Cálculo de semeadura do algodão: população ideal, regulagem de plantadeira e outras dicas para melhorar sua produtividade!

O planejamento da semeadura é essencial para alcançar o estande ideal de plantas e obter uma boa produtividade na cultura do algodão.

Além disso, as sementes representam uma fatia significativa dos custos de produção da lavoura, hoje estimados entre R$ 6 mil e R$ 8 mil por hectare, segundo o Imea. Portanto, minimizar os erros nesta etapa é fundamental para reduzir custos da fazenda.

Para que você acerte de uma vez por todas nos cálculos da semeadura do algodão, preparei este artigo com as principais recomendações. Você também verá algumas dicas de regulagem do maquinário e 12 pontos de atenção com a semeadora. Confira!

Cálculo de semeadura do algodão: comece pelo levantamento das áreas

O primeiro passo para acertar na semeadura do algodão é realizar o levantamento da área a ser semeada.

Um mapa com o desenho dos talhões e suas quantificações em hectares pode auxiliar na economia de milhares de reais.

Segundo os levantamentos do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), os custos de produção do algodão podem variar de R$ 6 mil a R$ 8 mil/hectare, dependendo das cotações do dólar e do estado brasileiro.

Tabela do Imea de custo de produção do algodão no Mato Grosso

(Fonte: Imea)

Sem o mapa das áreas, o erro de apenas 5 hectares pode acarretar um prejuízo de R$ 3.555,80 somente na compra de sementes, segundo os valores levantados pelo Imea para o estado do MT na safra 2020/21.

Com os mapas da área semeada e a correta regulagem das máquinas, a economia na semeadura pode ser superior a R$ 711 por hectare, ainda segundo o Imea.

Vale ressaltar a importância também de sempre usar sementes com boa procedência genética e qualidade fisiológica, uma vez que o sucesso no plantio é essencial para ganhos produtivos.

Vamos agora aos cálculos para atingir o estande ideal? Confira!

Quantidade de sementes de algodão por hectare

Para calcular a dose de sementes por hectares, você tem que considerar o poder germinativo das sementes e inserção de 5% ou 10% a mais do estande desejado.

Esse valor deve ser calculado sabendo que parte destas sementes inseridas no campo podem ser atacadas por pragas e doenças.

Dessa forma, iniciamos os cálculos com a seguinte fórmula:

fórmula cálculo de semeadura do algodão, Nº de plantas/ha =( estande desejado x 100 dividido pela porcentagem de germinação) x 1.1

Supondo um estande desejado de 120.000 plantas e uma % de germinação de 90:

fórmula Nº de plantas/ha =( 120.000 x 100 dividido por 90) x 1.1

O valor a ser semeado seria de 146.667 plantas por hectare para atingir o estande desejado de 120.000 plantas/ha, considerando 10% de inserção a mais devido a perdas por pragas e doenças.

O próximo passo é o cálculo de plantas por metro linear:

fórmula cálculo de semeadura do algodão, Nº de sementes/m = população de plantas/ ha  x espaçamento (m) dividido por 10.000

Para um espaçamento de 0,76 m entre linhas de plantio:

fórmula Nº de sementes/m = 146.667  x 0,76 dividido por 10.000

O número de sementes/m seria de 11,15.

Com o espaçamento de 0,76 m e uma população de plantas final de 120.000 plantas por hectare, a semeadora deverá ser regulada para distribuir 11 sementes por metro linear de sulco.

O próximo passo envolve o cálculo da necessidade em quilogramas para semear em 1 hectare e, posteriormente, a área total.

Cálculo de kg de sementes de algodão por hectare

Nessa etapa você tem que saber qual o peso de 1.000 sementes de algodão que irá utilizar.

Existem variações nos pesos de 1.000 sementes, de acordo com cada cultivar.

Esses números, geralmente, ficam por volta de 100 g a 200 g a cada 1.000 grãos de algodão.

Para calcular a quantia em kg que serão utilizados por hectare, podemos utilizar uma simples regra de 3. Supondo que o peso de 1.000 sementes seja igual a 125 g, temos:

cálculo de semeadura do algodão por hectare, sendo que mil sementes é igual a 125 gramas e 146 mil e 667 sementes é igual a x gramas.

Serão necessárias 18.333 g ou 18,34 kg de sementes de algodão por hectare

Vale ressaltar a importância de respeitar o arranjo espacial na semeadura do algodão, pois a cultura é suscetível à competição entre plantas, podendo apresentar menor produtividade.

Densidade por sistemas de cultivo

Atualmente, o algodão é semeado em dois sistemas de cultivo. O primeiro deles é o convencional, com espaçamento entre linhas igual ou superior a 0,76 m.

Nesse sistema, a semeadura é realizada como “safra principal”, ou primeira safra. São utilizadas de 6 a 12 sementes por metro linear, com população de plantas entre 70.000 e 120.000 plantas por hectare.

A colheita nesse sistema é feita por colhedora de fusos, propiciando um algodão de maior qualidade e menor contaminação das fibras.

foto de colhedora de algodão de fusos operando durante a noite  - cálculo de semeadura do algodão

(Fonte: John Deere)

O segundo sistema é o de semeadura adensada, trabalhando com espaçamentos menores que 0,76 m, geralmente, de 0,50 m e 0,45 m na entrelinha das plantas.

Esse sistema costuma ser adotado em sistemas produtivos de algodão de segunda safra, ou “safrinha”, semeados mais tardiamente (a partir de fevereiro).

Após a colheita da soja ou da cultura principal, o algodão selecionado para semeadura deve ser de ciclo curto ou médio, com o porte e os internódios reduzidos.

Devido ao pequeno porte das plantas, a população usada pode chegar a 200.000 plantas por hectare.

Nesse tipo de disposição de plantas, a colheita pode ser realizada com colhedora de fusos adaptadas ou colhedoras de pente, que são mais baratas. Porém, vale lembrar que a contaminação com colhedoras de pente é maior.

Com maior contaminação e perdas na qualidade da fibra, a lavoura conduzida em espaçamentos adensados deve estar sem a presença de plantas daninhas, com poucas maçãs imaturas e sem problemas de desfolha.

Devido a essa dificuldade na colheita, muitos produtores semeiam o algodão safrinha com espaçamento de 0,76 m entre fileiras, com populações entre 120.000 e 160.000 plantas por hectare.

Profundidade de semeadura e regulagem da plantadeira

A profundidade de semeadura das plantas do algodoeiro podem variar de 3 cm a 5 cm.

Para o caso dos solos mais argilosos e que armazenam mais água, o algodão pode ser semeado a uma profundidade de 3 cm.

Em solos arenosos e com baixa capacidade de armazenamento de água, a semeadura deve ocorrer a uma profundidade de 5 cm.

A semeadora deve estar regulada para depositar a taxa calculada de sementes por metro. Os discos devem ser selecionados de acordo com o tamanho das sementes dos híbridos utilizados.

Aqui no blog da Aegro nós já falamos sobre a regulagem correta das relações das engrenagens da semeadora. Saiba mais neste artigo: “Cálculo de semeadura da soja: 5 passos para a população de plantas ideal no seu sistema”.

Muitos fabricantes fornecem manuais de regulagem de acordo com o tipo de semeadora e equipamento utilizado no plantio.

12 pontos que você deve ter atenção na regulagem da semeadora de algodão

  1. Escolha correta dos discos e anéis de vedação;
  2. Escolha das engrenagens (em máquinas que apresentam esse sistema);
  3. Regulagem do fluxo de ar (semeadoras pneumáticas);
  4. Checagem de mangueiras de ar e óleo;
  5. Regulagem dos discos de profundidade de semeadura (carrinhos e pressão da mola);
  6. Regulagem do sistema de deposição de adubo (deve estar abaixo e ao lado da semente);
  7. Checagem dos discos de corte ou botinhas;
  8. Checar oxidações em partes de depósitos de adubo.
  9. Verificar o estado dos rotores denteados e roscas sem fim para deposição de adubo;
  10. Checar velocidade da semeadora (entre 4 km/h a 6 km/h, algumas até 10 km/h, dependendo do depositor de sementes);
  11. Calibragem dos pneus;
  12. Lubrificação da máquina e graxeiras.
planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

A semeadura correta do algodão permite que a lavoura tenha uma população ideal de plantas e melhor manejo da cultura. Isso possibilita maior produtividade e ganho com a safra.

Neste artigo, você conferiu como fazer o cálculo de semeadura do algodão para atingir o estande desejado. Também obteve recomendações de profundidade adequadas para solo arenoso ou argiloso.

Por fim, conferiu algumas dicas para a regulagem da semeadora, um passo fundamental para que o plantio seja o melhor possível!

>> Leia mais:

“Quais fatores impactam o preço do algodão para 2021?

Evite a rebrota da planta de algodão com esses 2 tipos de manejo

Você possui os mapas das suas áreas para semear o algodão? Gostou das dicas? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Dicas e cuidados que você precisa seguir para o armazenamento do algodão

Armazenamento do algodão: como estocar o algodão em pluma, em caroço e sementes

O processo de armazenamento do algodão é fundamental para manter a qualidade da matéria-prima.

A presença de partículas inadequadas dificulta o beneficiamento da indústria têxtil, entre outros problemas. E isso, claro, se reflete no preço pago ao cotonicultor.

Seja em caroço, fibra, ou sementes, é preciso garantir que uma série de quesitos sejam seguidos para o armazenamento seguro. Confira as dicas a seguir!

Armazenamento do algodão em pluma e em caroço 

A pós-colheita do algodão é diferente para o armazenamento em pluma e caroços. A seguir, vou especificar cada um deles.

Armazenamento do algodão em caroço

Durante a colheita e o armazenamento do algodão em caroço, é importante tomar alguns cuidados para evitar o aparecimento de matérias estranhas.

A detecção de impurezas no algodão é indesejável para a indústria têxtil, pois é um fator que dificulta e onera o beneficiamento. Isso se reflete em redução no preço final do fardo, pois pode prejudicar o comprimento, a uniformidade e o índice de fibras curtas.

Contaminantes como pelos e penas de animais são difíceis de ser separados, só aparecendo no final da industrialização. Isso tem consequências graves como um tecido defeituoso, sem valor comercial.

Assim, atente-se para armazenar o algodão em caroço em local seco, limpo, arejado e protegido do acesso de animais e da umidade.

Para a armazenagem convencional do algodão em caroço, o percentual de umidade é de 12%.

Armazenamento do algodão em pluma

Para armazenar o algodão em pluma, antes você precisará pesar os fardos em balança com capacidade mínima de 200 quilos.

Alguns cuidados durante o armazenamento no galpão incluem:

  • armazenar em espaço isolado;
  • local arejado;
  • isento de umidade;
  • longe do alcance de animais.

As pilhas de fardos precisam ser todas de fácil acesso, por isso recomenda-se:

  • largura de 4,5 m para os corredores centrais;
  • largura de 1,5 m para os corredores de acesso;
  • a distância entre os fardos e as paredes do depósito deve ser de 1,3 m;
  • os lotes de algodão devem ter no máximo 4 fardos por altura, 5 por largura e 12 por comprimento;
  • distância entre o último fardo e o teto de 2 m;
  • fazer amarrações intermediárias para garantir a segurança das pessoas que transitam entre as pilhas; 
  • colocar os fardos sobre estrados de madeira;
  • depósito deve ter portas contra fogo em todas as vias de acesso;
  • não exceder 4 mil toneladas de pluma por armazém;
  • os lotes de algodão deverão ter no máximo 1.500 fardos de modo a permitir acesso fácil a todas as faces da pilha.

Não coloque os fardos em contato direto com o piso, pois isso poderá ocasionar o fenômeno conhecido por cavitomia (quando ocorre a fermentação do algodão devido à presença de água). Como a temperatura fica elevada, a fibra pode pegar fogo.

Os fardos de algodão podem ser armazenados por tempo indeterminado, desde seja mantido isento de agentes contaminantes e de umidade.

A umidade ideal de armazenamento do algodão em pluma é de 10%. A partir de 15% de umidade nos fardos, começa o processo de fermentação.

Prejuízos do armazenamento inadequado do algodão 

Para o armazenamento de fibra de algodão, tem-se verificado que o grau de amarelamento tende a aumentar e o grau de reflexão a diminuir devido ao tempo de armazenamento.

A fibra de algodão fica mais amarelada com o tempo de armazenamento, podendo reduzir o tipo do algodão depois de 9 meses.

Além disso, a umidade pode favorecer algumas espécies de fungos que atacam a pluma como:

  • Monilia sp. 
  • Aspergillus flavus
  • Aspergillus parasiticus 
  • Aspergillus niger
  • Rhizopus stolonifer
  • Colletotrichum gossypii

Para o algodão em pluma, o maior cuidado refere-se à umidade. Para isso, recomenda-se:

  • fazer a colheita do algodão com tempo seco;
  • após a colheita, o algodão deve ser secado;
  • em seguida fazer o descaroçamento, enfardamento em pluma e armazenamento.
fotos de beneficiamento e armazenagem: algodão e fardos de algodão.

Beneficiamento e armazenagem: algodão e fardos de algodão
(Fonte: SLC Agrícola)

Já, no caso de você ser um produtor de sementes de algodão, atente-se à umidade de armazenamento da semente e do ambiente.

As sementes de algodão são classificadas como “sementes ortodoxas”, isso quer dizer que o período de viabilidade é inversamente proporcional à temperatura e ao teor de umidade. 

Portanto, cuidado, pois sementes úmidas submetidas a temperaturas elevadas deterioram-se rapidamente.

Quais os cuidados na armazenagem em ambiente externo e interno?

Para as sementes de algodão, a umidade baixa (o ideal é 40%) do ambiente é o fator mais importante para a conservação. Isso porque a semente de algodão é classificada como oleaginosa.

Caso você queira armazenar sementes de algodão por mais de 2 anos, recomenda-se que a soma da umidade relativa do ar (em %) e da temperatura (graus centígrados) do ambiente de armazenamento seja, no máximo, igual a 55,5.

A umidade da semente deve ser reduzida para 3% a 5%, pois isso permitirá uma boa conservação.

Resumindo, para armazenar de forma segura as sementes de algodão por um período de 6 meses, recomenda-se:

  • ambiente com temperatura de 20°C e 50% de umidade relativa do ar;
  • teor de umidade da semente de 7,6%.

Lembrando que, durante o processo de secagem das sementes de algodão, não devemos utilizar temperatura superior a 40°C. 

Temperaturas acima de 40°C no processo de secagem reduzem o poder germinativo da semente.

Para armazenar algodão em pluma, você deve seguir algumas recomendações no depósito como:

  • não pode ter qualquer tipo de instalação elétrica;
  • nada de lâmpadas e tomadas;
  • não pode haver linha telefônica;
  • não fumar nem usar telefone celular em seu interior.
planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

Neste artigo mostramos mais sobre o armazenamento do algodão de forma adequada.

O algodão pode ser armazenado em caroço, em fibra, ou ainda as sementes, no caso de lavouras com essa finalidade.

Entre as principais maneiras de armazenar o algodão de forma segura estão garantir a umidade do ar e temperatura adequadas durante o processo de estocagem.

Você pôde ver as principais diferenças no armazenamento do algodão como fazer um estoque mais seguro.

Guia prático da adubação para algodão

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre o armazenamento do algodão? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

6 dicas para alcançar alta produtividade do feijão

Produtividade do feijão: pré-plantio, escolha da cultivar e outros pontos importantes para ter melhor resultado com a lavoura.

A produção de feijão é essencial para o mercado interno brasileiro, pois forma a base da alimentação nacional.

Mas as flutuações de preço nem sempre agradam o produtor e podem afetar bastante a lucratividade da fazenda. 

Melhorar a produtividade do feijão, portanto, é fundamental para assegurar uma rentabilidade melhor. Para isso, separei algumas dicas que vão te ajudar. Confira a seguir!

1ª dica: escolha da área e rotação de culturas

Para obter alta produtividade do feijão, alguns cuidados são essenciais. E o primeiro deles é a escolha da área.

Dê preferência por áreas com fácil acesso de maquinários, com boa drenagem de solo e sem compactação.

Solos com má drenagem podem favorecer o ataque por fungos de solo, o que poderá se refletir em menores produtividades. Já a compactação pode reduzir consideravelmente o crescimento e desenvolvimento da cultura e, consequentemente, o rendimento dos grãos.

A dica é: realize a rotação de culturas em seu pré-plantio. Isso pode auxiliar na estruturação do seu solo, proporcionando uma melhor drenagem, além de auxiliar ainda no controle de patógenos e pragas.

2ª dica: manejo adequado de plantas daninhas

A cultura do feijão é bastante sensível à competição. Por isso, como em outras culturas de interesse agronômico, o estabelecimento deve ocorrer no limpo.

foto de Emergência de plântulas de feijão

Emergência de plântulas de feijão

Estudos indicam que, nos primeiros 30 dias após a emergência das plântulas de feijão, deve haver ausência de plantas daninhas, evitando, assim, perdas consideráveis de produtividade.

Além disso, lembre-se que o manejo das daninhas durante todo ciclo é fundamental!

Aqui no Blog do Aegro já falamos especificamente sobre isso. Confira: “Plantas daninhas em feijão: principais espécies, manejo e combate”.

3ª dica: adubação ideal

A recomendação de adubação com macro e micronutrientes acontece em função da análise de solo.

De modo geral, a adubação pode ocorrer em diferentes momentos para suprir as necessidades da cultura.

Estudos realizados pela Embrapa indicam que a quantidade de adubação necessária depende de diversos fatores como: época de plantio, cultura anterior, histórico da área e da produtividade esperada. Por isso, a adubação da sua lavoura de feijão irá depender da realidade da propriedade.

Nitrogênio e o fósforo são considerados os nutrientes essenciais para a cultura e limitantes na produtividade.

Uma adubação realizada de modo planejado irá trazer menores custos e maior produtividade do feijão.

Leia mais sobre o assunto neste artigo do Blog: “Conheça as melhores práticas de adubo para feijão”. 

4ª dica: inoculação e tratamento de sementes para melhorar a produtividade do feijão

Inoculação

A inoculação pode ser uma ótima alternativa para aumentar a produtividade do feijão.

De acordo com pesquisa realizada na Universidade de São Paulo, a inoculação com bactérias fixadoras de nitrogênio pode diminuir em 75% a utilização de fertilizantes nitrogenados por hectare.

O estudo realizou a comparação da adubação tradicional para a cultura do feijão (com fertilizantes nitrogenados) com a inoculação de Azospirillum brasilense e Rhizobium tropici.

Verificando que a inoculação na semente ou no sulco com Azospirillum brasilense e/ou Rhizobium tropici substitui a aplicação de nitrogênio em cobertura (60 kg ha-1), além de favorecer a nodulação e o rendimento da cultura.

A utilização da inoculação pode diminuir os custos de produção em até 12%, sendo uma ótima opção de manejo, diminuindo custos e promovendo alta produtividade e maior rentabilidade!

foto de um homem de camisa azul mostrando duas mudas de feijão com inoculação

(Fonte: Embrapa)

Leia mais sobre o assunto no artigo: “inoculante para feijão caupi: por que e como utilizar”.

Tratamento de sementes

O tratamento de sementes é uma excelente técnica para garantir o estabelecimento adequado do estande de plantas.

Tem como função proteger a semente contra o ataque de doenças e pragas e pode ser mais uma estratégia no manejo para garantir altas produtividades.

Para saber qual a melhor opção de tratamento de sementes em sua propriedade, procure um engenheiro agrônomo. 

5ª dica: cultivares e espaçamento adequados

Cultivares

A escolha da cultivar é de grande importância para o sucesso da lavoura.

Opte por sementes certificadas, com alto potencial produtivo e tolerantes a pragas e doenças.

Não esqueça de observar se a cultivar escolhida tem boa adaptabilidade para sua região.

E, antes de iniciar a sua semeadura, realize um teste de emergência em um canteiro da fazenda.

Separei algumas opções de cultivares disponíveis no mercado:

Cultivares do grupo preto

BRS FP 403

IPR Gralha

BRS Esteio

BRS Esplendor

Cultivares do grupo carioca

BRS FC 104

IPR Campos Gerais

BRS FC 401

BRS Estilo

Cultivares com grãos especiais

BRS Ártico

BRS Embaixador 

Para mais opções, confira o portfólio das empresas. 

Espaçamento

O espaçamento ideal é aquele em que a planta pode expressar melhor suas características. 

Para o plantio de feijão, diversos autores dividem o espaçamento em função do seu hábito de crescimento.

  • tipo 1: crescimento determinado
  • o tipo 2: crescimento indeterminado arbustivo 
  • e tipo 3: crescimento  indeterminado prostrado 

Separei algumas opções de espaçamento geralmente indicados:

Tabela com Faixa usual de espaçamento entrelinhas em função do hábito de crescimento da planta

Faixa usual de espaçamento entrelinhas em função do hábito de crescimento da planta
(Fonte: Unesp)

Já o espaçamento entre covas pode variar de 10 cm a 30 cm.

Alguns autores indicam que a redução do número de sementes/cova pode aumentar o rendimento da cultura.

6ª dica: manejo adequado

Para o sucesso de sua lavoura, o manejo adequado é fundamental.

Por isso, realize o planejamento na pré-safra, elencando os possíveis problemas que você pode encontrar durante o ciclo, inclusive na colheita.

Faça um planejamento para monitoramento durante todo o ciclo da cultura.

Observe quais as principais pragas e doenças que podem atacar seu cultivo e como realizar o controle. Isso irá facilitar muito na tomada de decisão!

Dica extra: baixe esse checklist gratuito para realizar um bom planejamento agrícola!

Conclusão

Alguns cuidados são fundamentais para alcançar uma melhor produtividade do feijão.

Neste artigo você conferiu algumas dicas que vão auxiliar durante a produção da cultura: os cuidados pré-safra, manejo de plantas daninhas, adubação e inoculação.

Você também conferiu as recomendações para espaçamento adequado e as diferentes cultivares para os grupos de feijão preto, carioca e grãos especiais.

Espero que com essas informações você consiga realizar uma boa safra e alcançar alta produtividade na lavoura. 

>> Leia mais:

Previsão para o preço do feijão: saiba quais são as expectativas

Manejos essenciais em cada um dos estádios fenológicos do feijão

Como você tem se programado para a próxima safra? Quais dicas daqui vão te ajudar a melhorar a produtividade do feijão? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Por que realizar a cobertura de solo no inverno

Cobertura de solo no inverno: como escolher a melhor cultura para sua lavoura e as opções que podem ser utilizadas nas diferentes regiões agrícolas

O Brasil é o quinto maior país do mundo, com uma extensão superior a 8,5 milhões de quilômetros quadrados.

Com todo esse tamanho, o potencial agricultável do país é imenso! Mas para atingir todo esse potencial precisamos de uma série de cuidados, a começar pelo solo e pela água.

Garantir uma boa cobertura de solo permite usar toda sua capacidade de armazenamento, favorecendo a lavoura principalmente em tempos de seca.

E por que você deve fazer a cobertura de solo no inverno? Quais as melhores culturas para isso? Entenda a seguir:

Cobertura de solo no inverno: por quê?

A cobertura do solo é essencial na agricultura brasileira. Ela ajuda a diminuir as perdas de água por evaporação e também a conter a erosão, aumentando o percentual hídrico nos poros dos solos.

Mas as plantas cultivadas na safra de verão não fornecem palha em quantidade suficiente para uma cobertura efetiva. Portanto, uma ótima saída é fazer a cobertura de solo no inverno (clima subtropical) ou outono (clima tropical).

Não existe uma única cultura ou melhor espécie a ser escolhida. É preciso considerar uma série de fatores, como vou explicar mais adiante neste texto.

Mas, antes, quero que você entenda melhor alguns pontos sobre o solo e sobre a importância da água para atingir uma alta produtividade!

Solo e água

O solo é constituído de partículas de diferentes tamanhos. Nós as classificamos como:

  • argila (para as partículas pequenas);
  • silte (para as partículas médias);
  • areia (para as partículas grandes).

Essas partículas se juntam para formar o solo e os espaços entre os “aglomerados” de partículas são os chamados poros do solo.

A água fica retida exatamente nesses poros sendo que, quanto menor o poro, mais fortemente a água ficará retida e mais difícil será ela escorrer até o lençol freático.

Pois bem! A quantidade de poros grandes ou pequenos (macro e microporos) está relacionada com a quantidade de cada uma das partículas e de matéria orgânica que compõe o solo.

Tente imaginar uma caixa d’água cheia de bolas de futebol e uma cheia de bolinhas de pingue-pongue. Os espaços existentes entre as bolas de futebol são grandes enquanto que as bolinhas de pingue-pongue deixam pequenos espaços entre si.

Assim funciona nos solos arenosos, que apresentam uma grande quantidade de macroporos (grandes espaços), e nos solos argilosos, que têm uma infinidade de microporos (espaços pequenos).

Assim, fica claro o motivo de plantas cultivadas em solos arenosos sofrerem mais com o estresse hídrico. 

Esses solos perdem muita água por percolação (quando a água desce no solo até o lençol freático) se comparado a solos mais argilosos.

Agora que entendemos onde está a água do solo, vamos ver como ela se perde.

Perdas de água no solo

A água chega até o solo através das chuvas ou pela irrigação. Quando entra em contato com o solo, a água tem basicamente dois caminhos: infiltrar-se no solo ou escorrer pela superfície.

O que irá ditar quanto de água irá para cada caminho é o relevo (quanto mais inclinado, maior o escorrimento superficial) e a cobertura do solo.

Nesse primeiro momento, até 30% da água pode ser perdida por escorrimento superficial e não ficará disponível para as plantas do local.

A parcela da água que se infiltra no solo preencherá os macros e microporos (como visto antes) e estará disponível para as plantas.

Uma grande parte da água do solo (20% a 40%) é perdida por evaporação. Essa água, diferente da que é absorvida e transpirada pelas plantas, é uma perda que não gera produção.

Ilustração de sistema solo-planta-atmosfera

Sistema solo-planta-atmosfera
(Fonte: Esalq)

Como sabemos, a água é essencial para a produção agrícola e, perdê-la em vão, sem que ela sequer auxilie no ciclo da lavoura, pode ser um grande prejuízo. 

Importância de se fazer a cobertura de solo no inverno

O principal manejo que podemos adotar para impedir a perda de água por evaporação é cobrir o solo.

E como eu já expliquei anteriormente, as plantas cultivadas na safra de verão não fornecem palha nas quantidades necessárias para uma cobertura efetiva do solo.

Gráfico sobre a perda diária de água por evaporação em plantio convencional (PC) e plantio direto com 0,3 e 6 toneladas de palha por hectare (PD 0, PD 3 e PD 6 respectivamente).

Perda diária de água por evaporação em plantio convencional (PC) e plantio direto com 0,3 e 6 toneladas de palha por hectare (PD 0, PD 3 e PD 6 respectivamente).
(Fonte: Andrade, 2008)

Dessa forma, as safras de outono (clima tropical) ou de inverno (clima subtropical) são uma ótima saída para o cultivo de culturas de cobertura.

Não existe uma única cultura de cobertura que se adeque a todas as situações. A temperatura, o regime de chuvas e as culturas semeadas em sucessão determinarão a melhor espécie a ser escolhida.

Como regra geral, as culturas de cobertura devem apresentar:

  • fácil estabelecimento;
  • rápido crescimento; e 
  • proporcionar uma boa cobertura do solo. 

Outro fator a se considerar são as doenças e pragas potenciais da espécie e se elas atacam a cultura principal. 

De modo geral, o recomendado é optar por gramíneas em sucessão a leguminosas como a soja. 

Opções de culturas para cobertura do solo no inverno

Nas regiões tropicais do Centro-Oeste, a cultura do milheto é uma ótima opção, juntamente com o consórcio entre milho com forrageiras tropicais como as braquiárias.

Em regiões de maior déficit hídrico no Centro-Oeste, a cultura do sorgo pode ser uma opção mais viável para a segunda safra (consorciado ou em monocultivo).

Nas regiões subtropicais, a aveia tem sido uma das principais plantas de cobertura de inverno adotadas na região sul do Brasil, acompanhada do azevém e do centeio.

O que determina quando utilizar cada uma é a temperatura da região. 

A aveia é extremamente suscetível a geadas, enquanto o centeio é uma opção mais segura em regiões de baixas temperaturas no inverno. 

Essas plantas têm algo em comum: são todas gramíneas. Como já expliquei neste texto sobre plantio direto na palha, as gramíneas fornecem uma palha mais resistente à decomposição e que permanece por mais tempo cobrindo o solo.

Diferente das leguminosas (utilizadas na adubação verde), como o feijão guandu, a ervilhaca, etc., as gramíneas apresentam alta relação entre carbono e nitrogênio (C/N). Isso torna a decomposição do material mais lenta.

A safra de verão

No início do período das chuvas, a água volta a molhar o solo. Mas quando cai em solo descoberto, as gotas d’água irão “quebrar” os aglomerados de partículas que compõem o solo.

Quando ocorre a quebra desses aglomerados, a água que escorre leva junto com ela as partículas mais leves (argilas). E assim acontece a tão famosa erosão do solo.

A cobertura do solo com palha ajuda não só a diminuir as perdas de água por evaporação como também auxilia a conter a erosão e aumentar o percentual de água infiltrada nos poros do solo.

Na figura abaixo podemos ver como a taxa de infiltração no sistema plantio direto se mantém alta ao longo do tempo. 

Isso ocorre devido à proteção que a palha fornece contra o impacto das gotas de chuva, que perdem energia potencial, e pela infinidade de poros que as raízes das plantas de cobertura abrem no solo.

No preparo convencional há a quebra da continuidade desses poros. A camada revolvida fica mais porosa em um primeiro momento, mas, com as chuvas, a água destrói os aglomerados do solo e as partículas menores cimentam os poros.

Dessa forma, quando se utiliza o preparo convencional, está se limitando a capacidade de armazenamento de água do solo praticamente apenas à camada arável.

Imagine um perfil de um latossolo (o mais frequente no brasil) chegando facilmente entre 2 m e 3 metros de profundidade, sendo utilizado apenas nos primeiros 20 cm da camada superficial. Ou seja, um grande desperdício. 

Gráfico da taxa de infiltração de água (TI) em diferentes preparos de solo ao longo do tempo

Taxa de infiltração de água (TI) em diferentes preparos de solo ao longo do tempo
(Fonte: Leite, 2007)

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

A cobertura do solo permite utilizar toda sua capacidade de armazenamento, o que favorece a lavoura. E essa diferença é sentida principalmente nos períodos de veranicos e de secas.

Neste artigo você viu que, antes de pensar na adubação ou em correção de solo, vale atentar-se à água. Ela é o principal fator limitante de produção, mas frequentemente é deixada de lado.

Nem sempre é preciso buscar soluções em novos produtos: adote novas práticas! A cobertura do solo é essencial na agricultura brasileira e permite aproveitar da melhor forma o ciclo das chuvas

Como muitos dizem: “uma boa safra começa na entressafra”!

>> Leia mais:

Rotação de culturas: vantagens e desvantagens dessa prática

Integração lavoura-pecuária: como implementar e tirar o melhor proveito

O que você precisa saber sobre a cobertura do solo com nabo forrageiro

Restou alguma dúvida sobre a cobertura de solo no inverno? Quais as culturas que você utiliza? Adoraria ler seu comentário!

Como prevenir a perda de grãos por geada

Perda de grãos por geada: saiba como se planejar, como obter o histórico climático da sua área e acertar a janela de plantio.

Todo ano, as geadas tiram o sono de muitos produtores. Embora esse fenômeno seja mais comum na região Sul, São Paulo, sul de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul também sofrem com geadas.

Existe mais de um tipo de geada e seus danos dependem da região, relevo e cultura em questão. 

Mas existem medidas que podem ser tomar e, quando usadas em conjunto, ajudam na prevenção e redução de danos nas lavouras.

Reuni alguns pontos que devemos considerar quando o assunto é prevenção das perdas de grãos por geada. Confira!

O que é a geada?

A geada é um fenômeno meteorológico que ocorre quando a temperatura atinge 0℃ e há umidade no ar. Os danos podem ser causados por ventos frios soprando por várias horas ou mesmo pelo acúmulo de ar frio. 

Por esse motivo, conforme se caminha para o inverno, maiores são as chances de ocorrência de geada. 

Do ponto de vista da produção vegetal, considera-se que ocorreu geada quando a temperatura no abrigo meteorológico fica abaixo de 2℃ e representa morte da planta ou de suas partes devido ao congelamento. 

Tipos de geada

As geadas podem ser classificadas quanto à sua formação:

  • advecção;
  • radiação;
  • mista; 
  • de canela. 

ou por seu aspecto visual: 

  • geada branca; 
  • geada negra. 

No Brasil, o mais comum é que ocorram geadas brancas de radiação, em geral, menos severas. 

duas fotos ilustrativas de geada negra e geada branca em lavouras

Geada negra e geada branca
(Fonte: adaptado de Marco Hisatomi e Gaúcha Zh)

3 passos para prevenir a perda de grãos por geada

Os danos causados pela geada podem ser minimizados ou prevenidos com um bom planejamento, escolha de variedades e manejo adequado:

1- Observe o histórico de geadas da região

Para um bom planejamento visando minimizar a perda de grão por geada é necessário conhecer o histórico de ocorrência desse fenômeno no seu local. Existe mais de uma base de dados que fornece essas informações.

Veja abaixo três exemplos de onde você pode acessar informações sobre geadas e se planejar.

Na primeira imagem, há o mapa de previsão de geadas do Sisdagro, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Note que ele informa um maior risco de geada no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina, enquanto o Paraná tem menos riscos.

Ilustração com exemplo de mapa de risco de geada no Brasil

Exemplo de mapa de risco de geada no Brasil
(Inmet)

O Cptec/Inpe também tem um sistema de previsão de geadas que gera um mapa mostrando as condições de ocorrência. Os pontos vermelhos indicam maior probabilidade de ocorrência de geada.

Mapa de ocorrência de geada, no exemplo para a madrugada do dia 30 de julho de 2020 com pontos vermelhos na região Sul e azul na região Sudeste.

Mapa de ocorrência de geada 
(Cptec/Inpe)

Mais especificamente para o estado do Paraná, o Iapar disponibiliza um histórico de geadas e gera mapas como o abaixo:

Mapa de geada no estado do Paraná, no exemplo temperatura mínima no abrigo em 08 de julho de 2019.

Mapa de geada no estado do Paraná
(Fonte: Iapar)

Independentemente da base de dados utilizada, essas informações são úteis para o planejamento do plantio de culturas de inverno. Outro fator a se levar em conta, são as espécies de planta.

2- Escolha cultivares adequadamente

As perdas nas lavouras por geada dependem da espécie e cultivar, estádio de desenvolvimento, fitossanidade e estado nutricional da plantação. 

A tabela abaixo mostra a temperatura letal para diferentes culturas. Observe:

Tabela com a temperatura letal de culturas anuais sendo trigo, aveia, feijão, soja, milho, sorgo e arroz.

Temperatura letal de culturas graníferas 
(Fonte: adaptado de Sentelhas e Angelocci)

Veja que trigo e aveia têm mais tolerância à geada. Mas isso não quer dizer que uma lavoura de trigo não sofra perdas por geada! Elas só “aguentam mais o tranco”.

Mas isso também depende da cultivar, pois dentro de uma mesma espécie existem cultivares mais ou menos resistentes ao frio. 

Milho e soja, culturas tipicamente de verão, são menos tolerantes às baixas temperaturas e não dispõem de cultivares que sejam resistentes à geada. 

Para o trigo, existem opções de cultivares mais resistentes ao frio. 

Em locais onde o risco de geada é maior, opte por variedades mais resistentes.

Note também, que mesmo para trigo e aveia, a fase de floração e enchimento de grãos é crítica, pois as plantas são menos tolerantes ao frio. Por isso, para evitar dor de cabeça, outro fator é importante de se levar em conta: a data de semeadura.

3- Não erre na data (nem no local) de semeadura

Data de semeadura

Baseado no histórico de ocorrência de geadas, mês a mês, e no ciclo da cultivar, é possível escalonar o plantio para que a fase reprodutiva não caia na época de maior ocorrência de geadas do local. 

O governo disponibiliza o Zoneamento agrícola de risco climático (Zarc), onde é possível encontrar a janela de plantio ideal para minimizar os riscos da cultura e região em que se deseja plantar. O aplicativo desenvolvido pela Embrapa facilita a visualização dessas informações do Zarc.

Plantar na janela ideal é primordial para obtenção de crédito rural e seguro agrícola também. Fique atento!

Topoclima e relevo

A intensidade e frequência de geadas também está relacionada às condições do topoclima ou relevo. As geadas são mais intensas e frequentes em locais onde há pouca circulação da massa de ar frio, como nas baixadas

Ilustração sobre problema do acúmulo de ar frio de acordo com relevo e vegetação

O problema do acúmulo de ar frio de acordo com relevo e vegetação 
(Fonte: Sentelhas e Angelocci)

Além disso, quando a face Sul/Sudoeste dos terrenos está menos exposta à luz do sol no inverno, os riscos são maiores!

Considerando a combinação de fatores – relevo, data de semeadura e cultivar – o ideal é que se deixe as cultivares menos resistentes para o fim da  janela de plantio e para as partes mais altas do relevo, reduzindo, assim, a perda de grãos por geada. 

Como alternativa de manejo na lavoura já instalada, a irrigação por aspersão durante a noite da geada ajudar a minimizar os danos.

banner e-book guia de planejamento para milho e soja

Conclusão

Como acompanhamos no texto, a geada é um fenômeno meteorológico como qualquer outro e, como tal, sua ocorrência está fora do alcance do produtor. 

Mas existem “cartas na manga” que, quando utilizadas em conjunto, podem facilitar o convívio com esse fenômeno

Dentre as possibilidades, o maior impacto na redução da perda de grãos por geada vem do bom planejamento na instalação da lavoura. É preciso evitar áreas de baixada – onde o ar frio se acumula –  e plantar na época correta do zoneamento de risco climático

Além disso, recomenda-se escolher cultivares que tenham maior tolerância nas áreas onde o histórico de ocorrência de geada for maior. A cultura do trigo dispõe de várias alternativas. Já milho e soja, não. Fique atento! 

>>Leia mais:

Qual a relação entre clima e agricultura?

“Como combater o estresse térmico nas plantas?”

“Como minimizar os impactos e prejuízos da geada no milho”

Como você se previne da perda de grãos por geada na sua propriedade? Deixe suas dúvidas ou comentários no espaço abaixo. Grande abraço, se cuide e até a próxima!

Variedades de café mais produtivas: como escolher a melhor para sua propriedade

Variedades de café mais produtivas: entenda como seu sistema produtivo influencia  e o que considerar para eleger a cultivar adequada

Quais variedades de café são mais produtivas? Qual eu devo plantar aqui na minha propriedade? Qual você recomenda?

Se você já fez ou ouviu essa pergunta, sabe que não é tão fácil respondê-la. E, na maioria das vezes, é um grande “depende”. Mas, e aí, será que existe a tal da variedade de café mais produtiva

Olha, são mais de 130 variedades de café arábica disponíveis! Algumas velhas conhecidas do produtor, como Mundo Novo e os Catuaís, mas temos também as mais recentes. Quais produzem mais?

Separei alguns pontos a se considerar quando o assunto é variedade de café e produtividade. Mas, já adianto… depende! Confira comigo a seguir!

Variedades de café mais produtivas 

Ao longo dos anos, inúmeras cultivares de café foram lançadas pelas instituições de pesquisa brasileira. Hoje, são mais de 130 variedades no RNC (Registro Nacional de Cultivares) do Mapa.

Essas variedades proporcionaram grande evolução da cafeicultura brasileira em produtividade e em outros aspectos como tolerância a estresses e resistência a doenças. 

Com tantas opções, quais as variedades de café mais produtivas? Não é uma resposta simples!

E o que complica ainda mais é o seguinte: 90% da cafeicultura brasileira é feita sobre as variedades do IAC, Mundo Novo e Catuaí, que já estão conosco desde os anos 50 e 70.

Mas, se a produtividade nacional ainda vêm crescendo nos últimos anos, como explicar esse fato se os materiais genéticos mais usados ainda são os mesmos?

Gráfico que mostra variedades produtivas de café
Série histórica da produtividade média da cafeicultura nacional; Catuaí e Novo Mundo têm sido as principais variedades há décadas

É o que vamos abordar ao longo desse texto para dar “uma luz” quanto à pergunta: “quais as variedades de café mais produtivas?”

Como veremos a seguir, a produtividade é relativa ao sistema de produção (ambiente), não somente à genética da planta; e outros fatores devem ser levados em conta na hora da escolha da variedade.

Potencial produtivo e sistema de produção

O desenvolvimento e a produtividade de uma lavoura de café é função da interação de dois fatores: o material genético (variedade) e o ambiente (clima/solo/sistema de produção).

Cada variedade tem um potencial produtivo – umas maiores que as outras. Mas, para esse potencial ser expresso, precisamos de um ambiente favorável, afinal, as variedade têm adaptabilidade diferentes às condições ambientais. 

Desse modo, o resultado final “produtividade” pode ser visto como a  expressão do potencial produtivo da variedade regulado/limitado pelo ambiente. 

Baseado nisso é possível fazer colocações importantes:

1 – A mesma variedade em ambientes distintos pode ter produtividades diferentes.

2 – Uma variedade pode ser mais produtiva em determinado ambiente e menos produtiva em outro.

Portanto, na prática, não existe “A” variedade de café mais produtiva, mas variedades que se adaptam melhor e produzem mais em determinado ambiente/sistema de produção.

Assim, ambiente e genética devem andar de mãos dadas para se obter os melhores resultados!

Critérios para escolha de variedades de café mais produtivas

A escolha de uma variedade é como um “cabo de guerra” entre as exigências dela para expressar seu potencial e o que o seu sistema produtivo pode oferecer.

Ou você escolhe a variedade que melhor se adapta às suas condições ou terá de mudar seu sistema de produção. 

Foto de grãos de café bourbon, com grãos vermelhos
Café Bourbon Vermelho
(Fonte: World Coffee Research.com)

Variedades de café: genética 

Além do potencial produtivo, alguns aspectos devem ser observados. São eles: 

  • porte (baixo, médio ou alto);
  • vigor;
  • diâmetro da copa;
  • ciclo de maturação;
  • resistência a pragas e doenças;
  • aspectos relativos à qualidade da bebida e tamanho do grão.

A tabela abaixo mostra informações relativas a algumas variedade de café em aspectos como capacidade produtiva. Como já dissemos, são muitas! 

Se você quiser informações mais detalhadas e específicas de cada cultivar, recomendo acessar o site do Consórcio Pesquisa Café.

Tabela com variedades produtivas de café
Características de algumas variedade de café arábica

Vigor, porte e diâmetro 

São importantes, considerando se o seu sistema de cultivo é adensado, se a colheita e os tratos culturais são mecanizados. 

Plantas de menor porte são preferíveis, pois muito grandes dificultam todas as operações e aumentam a necessidade de podas.

Pragas e doenças 

As variedades que dominam o parque cafeeiro nacional são suscetíveis à ferrugem e nematoides. 

A escolha de cultivares resistentes reduzem os gastos com essas enfermidades e são de vital importância em sistemas limitados, como os cultivos orgânicos.  

Novos materiais, como os Siriemas, têm múltipla resistência: são resistentes ao ataque do bicho mineiro, ferrugem, phoma e também tolerantes à seca; segundo os dados da Fundação Procafé.

>> Leia mais: “Como reduzir os impactos da seca no plantio de café”

Ciclo de maturação 

O ciclo de maturação é de extrema importância, pois define a época da colheita, bem como as operações que a precedem e sucedem. 

Por isso, a relação desse ciclo com altitude/temperatura é fundamental, pois regiões mais altas e amenas tendem a alongar o ciclo, deixando-o mais tardio.

E isso pode ser um grande problema!

Em propriedades onde predominam temperaturas frias ou em regiões mais altas, opte por variedades mais precoces.

variedades de café mais produtivas

Comparação entre a maturação de três variedades distintas de café. A maior presença de grãos verdes em relação ao Catuaí vermelho mostra o ciclo de maturação muito tardio dos Obatãs
(Fonte: Consórcio Pesquisa Café)

Qualidade de bebida

Em teoria, todas as cultivares têm potencial para gerar boas bebidas se colhidas no ponto certo. 

Algumas delas, como o Bourbon, ganharam fama de bons bebedores, mas produzem menos. Além disso, a qualidade do café depende também do pós-colheita.

O ambiente: sistemas de produção

Devemos nos perguntar: o que o meu sistema pode oferecer para que o cafeeiro se desenvolva bem?

A comparação que eu faço é a de um Fusca e uma Ferrari. Será que uma Ferrari vai andar bem naquela estrada de terra esburacada que o fuscão tira de letra? Não! Mas, ao mesmo tempo, se colocarmos os dois numa rodovia, a Ferrari sai “voando baixo”…

De nada adianta colocar um excelente material genético (a nossa Ferrari),  exigente e produtivo, se você não der as condições necessárias. Talvez seja melhor um material mais rústico, que tolere mais adversidades (o nosso Fusca).

Ambos são bons materiais, mas cada um dentro da sua realidade, em seu ambiente!

Esse entendimento do sistema possibilitou os aumentos ainda crescentes da produtividade nacional. Estamos cuidando melhor dos nosso cafeeiros e isso explica por que as antigas cultivares ainda são competitivas: o ambiente melhorou!

Fotos de folhas de café sadias
Folhas sadias do cafeeiro
(Fonte: World Coffee Research.com)

Como alteramos o nosso ambiente para melhor produção de café?

Ora, clima e tipo de solo não podemos mudar. Mas, a fertilidade do solo, o manejo e a irrigação (onde disponível) podem ser alteradas para melhor atender o cafeeiro. É nisso que devemos focar!

Uma variedade mais exigente em nutrição deve ter sempre nutrientes disponíveis, assim como as variedades suscetíveis à ferrugem devem ser sempre pulverizadas para controle. 

Da mesma forma, uma variedade que é considerada vigorosa irá necessitar de mais podas para se adequar à colheita mecanizada. E por aí vai…

Conhecendo nosso sistema e as características da variedade que pretendemos adotar, conseguiremos os melhores resultados. Ambiente e genética de mãos dadas!

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Conclusão

Existem inúmeras variedades de café à disposição do produtor, mas não existe uma “receita de bolo”, apenas recomendações gerais que devem ser adaptadas a cada situação. 

A variedade que irá desempenhar melhor na minha fazenda, pode ser diferente da sua. 

Como vimos, fatores como porte, diâmetro de copa, ciclo de maturação e resistência a pragas/doenças da variedade devem ser levados em conta para que ela se encaixe no seu sistema de produção. A não ser que você esteja disposto a mudar para atender às necessidades da variedade…

Por isso, as variedade de café mais produtivas são aquelas que atendem à demanda do seus sistema e expressam seu potencial produtivo nesse ambiente.

>> Leia mais:

Florada do café: Cuide bem das flores e colha bons frutos

“Tudo o que você precisa saber sobre a produção de cafés especiais”

“Qual é a previsão do preço do café para 2023/2024?”

Ficou com alguma dúvida sobre as variedades de café mais produtivas? Qual tipo você tem em sua propriedade hoje? Conte para gente nos comentários! Grande abraço e até a próxima!