Aplicação noturna de defensivos agrícolas: quando vale a pena?

Aplicação noturna de defensivos agrícolas: saiba em quais situações pode ser utilizada e quais cuidados tomar para ter alta eficiência.

O aumento da eficiência da aplicação de defensivos agrícolas vem sendo muito discutida nestes últimos anos e pode ser crucial para o aumento de produtividade. 

Mas um grande problema é conciliar as recomendações de período ideal de aplicação com as condições ideais de clima. E essa situação é agravada nas regiões mais áridas do país, pois apresentam dias muito secos e quentes. 

Desta forma, as aplicações noturnas podem ser uma ótima opção, desde que sejam tomados os cuidados necessários para garantir sua eficiência. 

Quer saber mais sobre os cuidados e precauções para a aplicação noturna de defensivos? Confira a seguir! 

Boas práticas na tecnologia de aplicação de defensivos

Mesmo utilizando toda a tecnologia de aplicação de defensivos, o clima ainda possui uma influência muito grande em sua eficiência. 

Para que uma aplicação seja bem-sucedida, recomenda-se que: 

  • a temperatura no momento da aplicação esteja abaixo de 30℃;
  • a umidade relativa do ar esteja acima de 60%;
  • a velocidade do vento esteja entre 3 km h-1 e 6,5 km h-1, não ultrapassando os 10 km h-1.

Entretanto, vivemos em um país com uma variação climática muito grande nas diferentes regiões. E nas regiões mais áridas, é muito difícil a ocorrência destas condições durante o dia. 

Além disso, o momento de aplicação é fundamental para o controle eficiente de pragas, doenças e plantas daninhas

Por exemplo, para controle de plantas daninhas, recomenda-se aplicação de herbicidas em plantas de folhas largas com até 4 folhas e folhas estreitas com até 3 perfilhos. Assim, às vezes se entra em um dilema: realizar aplicação no momento ideal ou esperar as condições climáticas ideais? 

Para poder aplicar o defensivo na época ideal, uma opção é realizar aplicações noturnas, pois, nesse horário, as condições climáticas tendem a ser mais favoráveis. 

Mesmo essa aplicação sendo viável em muitos casos, é preciso responder a uma série de perguntas antes de optar por essa modalidade. E é sobre isso que falarei a seguir:

foto de aplicação noturna de defensivos agrícolas

Aplicação noturna de defensivos agrícolas 
(Fonte: FPA)

O que considerar para a aplicação noturna de defensivos agrícolas?

Tecnologia e capacitação do aplicador

A primeira dificuldade de se realizar uma aplicação noturna de defensivos é o nível de visibilidade no momento da aplicação. Por isso, para optar por esta aplicação, é preciso ter um pulverizador que se adapte a essas condições. 

Para isso, é essencial um bom sistema de iluminação, preferencialmente com implementação de sistema de iluminação complementar. Ainda assim, para o aplicador realizar a operação com sucesso, o pulverizador deve possuir luzes extras em locais estratégicos, caso ocorram falhas no funcionamento. 

Caso uma ponta de pulverização não funcione corretamente ou uma mangueira se solte, o aplicador deve ter plenas condições de visualizar o problema e consertá-lo, se for possível, no campo.

Além disso, uma importante ferramenta para essa modalidade é um bom sistema de posicionamento global (GPS). Ele vai auxiliar o operador em condições de menor visibilidade. 

O aplicador deve ser treinado para operar neste período, sabendo os procedimentos de segurança, para garantir a eficiência da aplicação e a integridade da máquina e de sua saúde.

O gestor da fazenda deve planejar a jornada de trabalho desse aplicador para que seja compatível com essa prática. Isso porque, devido ao nosso relógio biológico, nesse período o aplicador tem maior propensão a sono e cansaço. 

Posição do alvo

Antes de realizar uma aplicação noturna deve-se ter certeza de acertar o alvo neste período. Muitas lagartas, por exemplo, têm hábitos noturnos de alimentação e estão mais suscetíveis neste período. 

Já na aplicação de fungicidas que necessitam uma boa cobertura foliar, deve-se levar em conta o movimento natural das folhas (nictinastia) – elas estarão mais anguladas no período da noite, o que pode dificultar a deposição da calda. 

Por outro lado, essa angulação das folhas pode ser uma excelente oportunidade de atingir alvos na parte inferior da planta ou no solo, sendo uma boa estratégia no controle de lagartas (ex: lagarta-rosca). 

Também devido a essa maior angulação das folhas, o uso de gotas maiores ou adjuvantes com muita capacidade tensoativa (organosiliconados) podem proporcionar maior escorrimento e menor cobertura da folha. 

Movimentação das folhas de soja

Movimentação das folhas de soja
(Fonte: AgroPrecisão)

Necessidade de luz para funcionamento do produto

Alguns produtos como o glifosato tem melhor eficiência na presença de luz, pois o produto tem como característica uma rápida absorção e translocação logo após aplicação. 

Na ausência de luz, a cadeia transportadora deste produto não estará funcionando plenamente. 

Já outros produtos, mesmo precisando de luz para agir (ex: paraquat, diquat, inibidores da protox), podem ser aplicados no período noturno desde que o dia seguinte não amanheça nublado ou chuvoso. 

No caso destes produtos que possuem uma ação muito rápida, a aplicação noturna pode proporcionar um maior espalhamento do produto na folha. E, no dia seguinte, com as primeiras luzes do dia, os herbicidas irão apresentar um melhor controle. 

Condições climáticas no momento e após a aplicação noturna de defensivos

Os principais problemas na aplicação noturna de defensivos são os fenômenos de inversão térmica e ocorrência de orvalho.  

No começo da manhã e final da tarde, principalmente em áreas baixas ou próximas a matas, em situações de pouco vento, a atmosfera pode ficar estável. Isso mantém gotas pequenas em suspensão, impedindo que elas cheguem ao alvo, aumentando muito as chances de deriva em cultivos vizinhos.

Por isso, no momento de aplicação, certifique-se que ocorram ventos de pelo menos 3 km h-1.  

Além disso, a ocorrência de orvalho no momento ou logo após a aplicação pode ser muito prejudicial à deposição do produto na folha, favorecendo o escorrimento das gotas.  

Sendo assim, de modo geral, a aplicação noturna pode ser um ótima técnica, porém, certifique-se de estar atento a todos esses itens antes de utilizá-la.

Como saber a hora certa de aplicar defensivos

Para evitar gastos excessivos com defensivos agrícolas, é importante que você faça o monitoramento de pragas e doenças. Essa rotina de controle pode ser operacionalizada com a ajuda de um software de gestão agrícola como o Aegro.

O Aegro te ajuda a identificar focos de infestação na lavoura, gerando relatórios de controle das pragas-alvo. Você consegue identificar os talhões da propriedade que estão suscetíveis a dano econômico e planejar uma pulverização localizada

Além disso, você pode organizar todo o seu calendário de atividades de safra no Aegro. Defina a data de realização das operações e a quantidade de produto que será aplicada em cada área.

Exemplo de controle de atividades de safra pelo software Aegro

Exemplo de controle de atividades de safra pelo software Aegro

O registro da atividade é feito pelo celular, diretamente do campo, mesmo sem internet. Com o uso de tecnologia de georreferenciamento, você marca pelo aplicativo o ponto em que foi realizada a aplicação.

Assim, seu registro se torna mais preciso e detalhado para que você possa avaliar os resultados da aplicação noturna de defensivos na plantação. Clique aqui e comece a usar o Aegro de graça!

Conclusão 

Em muitas regiões existe um dilema entre realizar a aplicação no momento ideal ou esperar condições climáticas adequadas. Como alternativa a esse problema, há a opção das aplicações noturnas de defensivos.

Esse método pode ser excelente em algumas situações, mas é necessário se atentar a alguns fatores para obter alta eficiência. A boa capacitação do aplicador, adaptação do pulverizador à operação são alguns exemplos. 

Além disso, deve-se ter certeza de que irá atingir o alvo e o que o produto utilizado manterá sua atividade na ausência de luz.

Tendo cumprido esses requisitos, cuidado com os fenômenos de inversão térmica e formação de orvalho, e faça uma excelente aplicação!

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Como fazer o controle de estoque de defensivos agrícolas em 5 passos

5 novas tecnologias envolvendo defensivos agrícolas

Você realiza aplicação noturna de defensivos agrícolas? Já teve algum problema quanto à eficiência de produtos? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Mosaico dourado do feijoeiro e o seu manejo

Mosaico dourado do feijoeiro: como identificar os principais sintomas da doença na lavoura, o vetor e as principais medidas de manejo.

As doenças são fatores limitantes para a produção e causas de grandes prejuízos na lavoura.

O mosaico dourado é uma das mais importantes doenças da cultura do feijoeiro no Brasil e pode provocar perdas de até 100% da produção.

Para te ajudar a minimizar os riscos dessa virose na lavoura de feijão, preparamos este texto com os sintomas, vetor e o manejo adequado para o mosaico dourado do feijoeiro. Confira!

Importância da cultura do feijoeiro no Brasil

O Brasil é um dos principais produtores de feijão do mundo, sendo o grão utilizado como base alimentar da população.

O feijão pode ter até três ciclos de cultivo no país: 1ª safra, 2ª safra e 3ª safra ou safra de inverno.

Calendário agrícola da primeira safra de feijão no Brasil com a cor verde que corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita
Calendário agrícola da segunda e terceira safra de feijão no Brasil com a cor verde que corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita

Calendário agrícola das safras de feijão no Brasil; a cor verde corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita
(Fonte: Conab)

A estimativa da Conab é de que, neste ano, sejam plantados 2,9 milhões de hectares de feijão nas três safras, com produção de 3,15 milhões de toneladas e produtividade de 1,07 tonelada/ha.

Para evitar os prejuízos com as doenças na lavoura, conheça a principal virose da cultura: o mosaico dourado do feijoeiro.

Importância e sintomas do mosaico dourado do feijoeiro

O mosaico dourado é a principal virose na cultura do feijoeiro. É causada pelo vírus Bean golden mosaic virus (BGMV), que pertence ao gênero Begomovirus, que tem genoma bipartido, ou seja, dois componentes de DNA circular (DNA A e DNA B).

ilustração da organização do genoma do mosaico dourado do feijoeiro

Organização do genoma do Bean golden mosaic virus
(Fonte: Vinicius Bello em Unesp,  adaptada de Rojas et al., 2005)

A doença foi identificada no Brasil em 1961, mas ganhou importância a partir da década de 70. Há estudos que mostram que pode ocorrer incidência de 100% da lavoura com o vírus do mosaico dourado e causar perdas de produção de até 100%. Por isso, é considerada uma virose de grande importância para o feijoeiro.

Como o próprio nome da doença indica, o sintoma principal são as folhas com mosaico amarelo ou dourado

Mas, além desse sintoma, você também pode encontrar folhas enrugadas, encarquilhadas, enroladas e de tamanho reduzido.

foto da doença mosaico dourado do feijoeiro

(Fonte: IPM Images)

Também podem ocorrer sintomas de nanismo e superbrotação, com caules e ramos deformados, com muitas brotações laterais e a planta de tamanho reduzido. Os sintomas podem variar em relação à variedade e idade da planta.

Se nas plantas infectadas ocorrer a formação de vagens, elas normalmente são deformadas, com tamanho reduzido e menor número de grãos. Além disso, os grãos podem ficar mal formados, prejudicando a qualidade.

Outro aspecto muito importante desse vírus que é que ele é transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci) de maneira persistente circulativa. Vou explicar melhor sobre isso:

Vetor do vírus

A mosca branca é vetor de muitas viroses importantes para as culturas agrícolas, podendo transmitir cerca de 300 espécies de vírus diferentes.

foto da mosca branca vista de telescópio

Bemisa tabaci MEAM1
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Além disso, ela tem excelente capacidade de reprodução, dispersão e coloniza várias espécies de plantas, sendo considerada uma praga polífaga.

Ciclo de vida da mosca branca

Ciclo de vida da mosca branca
(Fonte: Promip)

A relação persistente circulativa que comentei acima é quando o vírus é adquirido pelo vetor durante um período prolongado de alimentação nos vasos do floema. O vírus circula no corpo do vetor, mas não se propaga.

Além disso, nesse tipo de transmissão, há o período de latência, que é um período até que o vetor seja capaz de transmitir o vírus para outra planta, ou seja, período entre a aquisição e a transmissão do vírus.

tabela com característica e persistência do vírus do mosaico dourado do feijoeiro

(Fonte: Fitopatologia)

Vale lembrar que esse vírus não é transmitido por sementes ou contato manual, é somente transmitido pelo vetor.

Agora que você sabe mais sobre o mosaico dourado, veja como realizar o manejo dessa doença na sua propriedade.

Medidas de manejo do mosaico dourado do feijoeiro

Para o manejo do mosaico dourado, como ocorre para outras viroses, é recomendada a redução do inóculo inicial

E uma dessas medidas é o vazio sanitário para feijoeiro, que ocorre por 30 dias. Isso é adotado em Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal.

Além disso, recomenda-se o plantio do feijão em época com baixa população de mosca branca e, se possível, longe de áreas com espécies hospedeiras da mosca branca e também do vírus.

O uso de inseticidas para reduzir a população de mosca branca tem sido adotado por muitos produtores. Porém, um inconveniente é a seleção de espécies do vetor resistente ao inseticida. Por isso, é preciso ter cautela nesse método de manejo e utilizar a rotação de moléculas.

Por isso, procure um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) para te auxiliar com o manejo dessa virose.

A maioria das variedades de feijoeiro é suscetível ao vírus do mosaico dourado, mas algumas variedades são consideradas tolerantes ou com resistência parcial, apresentando um sintoma leve da virose e menores taxas de perdas.

Além disso, já foi lançada uma variedade de feijão transgênica resistente ao mosaico dourado do feijoeiro. A Embrapa lançou essa tecnologia denominada RDM (resistente ao mosaico dourado) para o feijão carioca.

Essa tecnologia pode proporcionar maior rendimento na cultura do feijoeiro, menor aplicação de inseticida para a mosca branca (vetor do vírus) e, consequentemente, lucro.

Veja a cartilha da Embrapa sobre essa tecnologia e o manejo antes, durante e após a cultura de feijão no campo!

Conclusão

A cultura do feijoeiro é muito importante para o Brasil, sendo um dos países em que mais se produz a cultura.

E a virose mosaico dourado, uma das principais doenças do feijoeiro, pode provocar perdas extremamente elevadas na lavoura.

Por isso, neste texto falamos sobre os sintomas e o vetor da doença, além de dar dicas do manejo da virose para reduzir perdas com a doença na sua lavoura. 

Agora que você sabe tudo sobre o manejo, pratique-o na sua lavoura e reduza as perdas!

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Como fazer o preparo do solo para o plantio de feijão

Manejos essenciais em cada um dos estádios fenológicos do feijão

Você tem problema com o mosaico dourado do feijoeiro na sua lavoura? Como realiza o manejo da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Como evitar e combater a mela do algodoeiro em sua lavoura

Mela do algodoeiro: principais sintomas da doença, manejos preventivos e outras recomendações de controle para sua lavoura.

A lavoura de algodão pode sofrer com diversas doenças fúngicas. Uma delas é a mela do algodoeiro que vem causando muita dor de cabeça e perdas de produtividade em todo o país.

Por ser uma doença relativamente nova no Brasil, não existem muitas informações sobre o manejo. Por isso, o mais importante é prevenir sua entrada na lavoura. 

Acompanhe neste artigo as recomendações mais atualizadas para evitar, identificar e, se necessário, controlar a doença na sua propriedade!

O que é a mela do algodoeiro?

A mela do algodoeiro é uma doença ocasionada pelo agente causal Rhizoctonia solani Kuhn, grupo de anastomose AG4 (teleomorfo: Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk).

É um patógeno de solo capaz de infectar a cultura do algodão logo em sua fase inicial de desenvolvimento e apresenta difícil controle por produzir escleródios (estrutura de sobrevivência do fungo) no solo.

Na prática, a ocorrência da mela do algodoeiro representa menor rentabilidade ao produtor, pois reduz a população de plantas no campo, sendo necessária, muitas vezes, a ressemeadura.

A presença do fungo é favorecida principalmente pelo monocultivo do algodão, juntamente com o preparo intensivo do solo.

Casos de encharcamento e alagamento de solo podem contribuir fortemente para o aumento do patógeno, se você utilizar sementes com baixo vigor e realizar a semeadura do algodoeiro fora da época.

A dica é evitar épocas muito chuvosas para o plantio, pois esse patógeno se adapta bem a ambientes úmidos (em média 80% de Umidade Relativa) e temperatura entre 25℃ a 30℃.

O primeiro relato da doença foi na safra 2004/05 no Mato Grosso. Desde então, já foi detectada em diversos estados produtores de algodão como Mato Grosso do Sul e Bahia.

ciclo fisiológico das doenças do algodoeiro

Mela do algodoeiro é uma das doenças iniciais da cultura do algodão
(Fonte: Luiz Chitarra/Embrapa em Congresso do Algodão)

Sintomas da doença no algodoeiro

Para identificar a mela do algodoeiro na lavoura, fique atento aos sintomas iniciais: lesões, com aspecto oleoso, nas bordas dos cotilédones.

Conforme o desenvolvimento da doença, podem ser observados o encharcamento (anasarca) e a destruição total dos cotilédones, levando a plântula à morte.

Plântulas de algodoeiro com sintomas de mela

Plântulas de algodoeiro com sintomas de mela 
(Fonte: Goulart e colaboradores)

Atenção para não confundir os sintomas da mela do algodoeiro com outras doenças, como a causada pelo R. solani AG4, popularmente conhecida como “tombamento”. Seus sintomas, no caso, são formações de lesões no colo e nas raízes das plântulas de algodão, que podem ser confundidos com a mela.

Como evitar a mela do algodoeiro

A cultura do algodoeiro demanda muitos cuidados para alcançar altas produtividades. Um deles é o manejo preventivo de doenças fúngicas.

O primeiro passo é justamente evitar a entrada e a proliferação de fungos na lavoura. Para isso, realize um bom planejamento dos processos da fazenda e tome atitudes bastante simples, mas eficazes, como manejo preventivo.

Veja alguns cuidados que devem ser levados em consideração:

  • realize a limpeza frequente de máquinas e implementos agrícolas;
  • utilize sementes certificadas e de alto vigor;
  • realize teste de qualidade de água (caso utilize irrigação);
  • faça o tratamento de sementes;
  • realize a rotação de culturas (utilize gramíneas que reduzam a infestação de R. Solani);
  • mantenha o solo com adubação equilibrada;
  • escolha a época de plantio (evite períodos chuvosos);
  • realize o manejo integrado de doenças;
  • elimine plantas hospedeiras;
  • realize frequentemente análises de solo em sua lavoura.

Quando o assunto é fungos, é melhor pecar pelo excesso de manejos preventivos do que pela falta!

Situação ideal de desenvolvimento da mela do algodoeiro

Situação ideal de desenvolvimento da mela do algodoeiro; doença é altamente favorecida pelo clima chuvoso na fase inicial da cultura
(Fonte: Cultivar)

Mas, e quando a lavoura já está afetada pela doença, o que fazer? Vou explicar melhor a seguir:

Formas de controle

Para o controle da mela do algodoeiro, a utilização de tratamento de sementes com fungicidas vem como um forte aliado, principalmente pela doença se manifestar nas fases iniciais de desenvolvimento.

Estudos realizados pela Embrapa Algodão, indicam que o tratamento químico com Dynasty + Cruiser proporcionaram menor número de plântulas afetadas pelo fungo. Além disso, os resultados são potencializados com a aplicação de fungicidas preventivos nos estádios iniciais da cultura.  

Estudos também indicam ótimos resultados de emergência de plântulas para sementes tratadas com tolylfluanid + pencycuron + triadimenol.

Outra opção de manejo seria a adição de fungicida PCNB (pentachloronitrobenzene), na dose de 500g/100kg de sementes às misturas padrões (fludioxonil + mefenoxan + azoxistrobina, carbendazim + tirame + pencycuron + triadimenol e carboxina + thiram), que já eram utilizados no controle do tombamento.

Contudo, antes de escolher seu tratamento de sementes, observe quais os principais problemas da sua lavoura.

Caso sua área esteja infestada com o patógeno, opte pela combinação: tratamento de sementes+aplicação foliar logo após a emergência+rotação de cultura

Sobre qual produto utilizar para aplicação foliar no manejo da mela do algodoeiro, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a)! Além disso, sempre realize o monitoramento em sua propriedade.

O manejo imediato da mela do algodoeiro irá evitar perdas consideráveis de produtividade e, principalmente, que o fungo se espalhe por todos os talhões da propriedade.

Aproveite e baixe aqui uma planilha grátis para calcular sua produtividade de algodão!

Conclusão

A mela do algodoeiro é uma doença com relatos recentes e que vem causando problemas em diversas regiões do país.

Neste artigo, você viu como reconhecê-la no campo e os cuidados para evitar a contaminação de fungos na lavoura. Também conheceu as recomendações de manejos para controle da doença.

Espero que essas informações possam auxiliar seu dia a dia no campo e no planejamento preventivo da mela na sua propriedade!

>> Leia mais:

As 6 mais importantes dicas para a colheita do algodão

Como fazer o manejo integrado do bicudo-do-algodoeiro

Você tem problemas com a mela do algodoeiro em sua lavoura? Quais medidas de prevenção utiliza para evitar essa doença? Adoraria ver seu comentário abaixo! 

As principais doenças de culturas de inverno e como combatê-las

Doenças de culturas de inverno podem colocar sua produção a perder. Saiba como identificar as mais recorrentes e todas as recomendações de controle.

As doenças são um grande problema na lavoura, podendo colocar toda a produção a perder.

Por isso, saber identificá-las e fazer o manejo correto é essencial para garantir uma boa colheita.

Neste artigo vamos mostrar as principais doenças de culturas de inverno, como oídio, ferrugem e mancha foliar, quais suas características e as formas de controle mais recomendadas. Confira a seguir!

Importância e opções das culturas de inverno para sua propriedade

As culturas de inverno são uma ótima opção para aumentar a renda após o cultivo de verão ou mesmo diversificar as culturas agrícolas na propriedade.

Segundo a Conab, há estimativa de crescimento de 11,8% na área a ser plantada com culturas de inverno (aveia, canola, centeio, cevada, trigo e triticale) na safra 2020. 

Para escolher o melhor plantio no inverno, considere a oportunidade da cultura agrícola na sua região, ponderando a parte econômica (venda e renda) e também as condições climáticas. 

Algumas opções de culturas de inverno são:

Nos próximos tópicos vamos mostras as principais doenças de algumas dessas culturas e as medidas de controle mais recomendadas.

Milho, sorgo e feijão também são considerados culturas de inverno, mas sobre as doenças desses cultivos preparamos um texto específico que você pode conferir aqui!

Doenças de culturas de inverno: trigo

Ferrugem comum das folhas do trigo

Causada pelo fungo Puccinia triticina, é considerada a doença mais comum na cultura, ocorrendo em grande parte das regiões produtoras de trigo no Brasil. Relatos já mostraram perdas de até 50% na produtividade em estados da região Sul do país.

A doença pode se manifestar em todas as fases do ciclo da cultura. Seus sintomas são pequenos pontos arredondados de coloração alaranjada (pústulas), principalmente na parte superior das folhas.

Ferrugem da folha (Puccinia recondita f.sp. tritici)

(Fonte: Agrolink)

Controle da ferrugem da folha do trigo:

  • controle genético;
  • rotação de culturas;
  • eliminação de plantas voluntárias;
  • controle químico (fungicidas).

Helmintosporiose

A helmintosporiose ou mancha marrom causada pelo fungo Bipolaris sorokiniana é comum nas regiões mais quentes de cultivo do trigo.

Nas folhas, os sintomas são lesões elípticas de coloração cinza (regiões mais quentes). Nas regiões mais frias, a doença causa lesões retangulares e escuras nas folhas.

Mas esse fungo pode infectar qualquer órgão das plantas de trigo e como fonte de inóculo do fungo são considerados restos culturais e sementes.

Medidas de manejo para helmintosporiose são:

  • uso de sementes sadias e com tratamento de sementes;
  • rotação de culturas;
  • controle químico (mistura de triazóis e estrobilurinas).

Giberela 

A giberela é causada pelo fungo Fusarium graminearum, sendo mais frequente em regiões quentes. Este fungo pode sobreviver em restos culturais e em sementes.  

A doença é considerada o principal problema que afeta as espigas de lavouras de trigo, cevada e triticale no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e região centro-sul do Paraná.

Além das perdas em rendimento, pode ocorrer a presença de micotoxinas, substância tóxica produzida pelo fungo.

O fungo infecta a flor, causando sua morte. Caso consigam se desenvolver, os grãos ficam enrugados, chochos e de coloração rosa. 

Como sintomas da doença, você pode notar que as aristas de espiguetas infectadas se desviam do sentido não infectadas. Posteriormente, aristas e espiguetas adquirem coloração esbranquiçada ou cor de palha.

Maria Imaculada Lima - Giberela em trigo

(Fonte: Maria Imaculada Lima em Embrapa)

A doença é de difícil controle, por isso, algumas medidas de manejo para giberela são:

  • aplicação de fungicidas após início da floração;
  • semeaduras antecipadas.

Mancha amarela

Esta doença é mais facilmente encontrada em locais de plantio direto com monocultura. É uma das manchas mais importantes para a cultura e pode causar perdas de 50% no trigo e também na cevada.

A mancha amarela é causada pelo fungo Drechslera tritici-repentis que, nas plantas de trigo, pode causar sintomas de pequenas manchas cloróticas, que evoluem e se expandem para manchas de cor palha, circundadas com halo amarelo.

doenças de culturas de inverno

(Fonte: Flávio Santana em Embrapa)

Algumas medidas de manejo para esta doença são:

  • tratamento de sementes com fungicidas;
  • rotação de culturas; 
  • fungicidas;
  • eliminação de plantas voluntárias.

Septoriose

Também chamada de mancha da gluma, é causada pelo fungo Stagonospora nodorum, que pode sobreviver em restos culturais e sementes.

Como sintomas, nas folhas podem ser observadas lesões elípticas de aspecto aquoso, que após algum tempo se tornam secas e de coloração parda.

São medidas de manejo para septoriose:

  • tratamento de sementes com fungicidas;
  • rotação de culturas;
  • controle químico.

Brusone

A brusone ou branqueamento da espiga é causada pelo fungo Pyricularia grisea, sendo também uma das doenças mais importantes na cultura do arroz

Alguns sintomas da doença são espigas de coloração branca e, no local de penetração do fungo, causa a morte acima desse ponto de penetração.

Como a giberela, a brusone é de difícil controle. Assim, uma medida recomendada é o plantio precoce da cultura de trigo.

Oídio

O oídio tem como agente causal o Blumeria graminis f. sp. tritici, que pode gerar até 60% de perdas na cultura.

Você pode observar nas folhas uma coloração branca com aspecto de pó. Os tecidos atacados apresentam coloração amarela e acabam morrendo. As plantas atacadas apresentam menor vigor, redução do número de espigas e peso dos grãos.

Leila Costamilan - Sintomas de oídio em plantas de trigo

(Fonte: Leila Costamilan em Embrapa)

Algumas medidas de manejo para oídio são:

  • cultivares resistentes;
  • pulverização com fungicidas.

Doenças de culturas de inverno: aveia

Ferrugem da folha

É considerada a doença mais comum na cultura, causada pelo fungo Puccinia coronata f. sp. avenae.

Os sintomas incluem pontos pequenos e ovais de coloração alaranjada (pústulas). Com o progresso da doença, as pústulas podem se tornar mais escuras.

Ferrugem da folha (Puccinia coronata var. avenae)

(Fonte: Agrolink)

Algumas medidas de manejo para a doença são:

  • uso de fungicida;
  • eliminação de plantas voluntárias com sintomas;
  • resistência genética.

Mancha do halo amarelo

Esta doença ocorre em todos os locais de cultivo da cultura da aveia, sendo causada pela bactéria Pseudomonas syringae pv. coronafaciens. É considerada a segunda doença mais importante da cultura.

Aparece em folhas novas, com manchas cloróticas, com halo verde-claro a amarelado. Essas manchas podem tomar toda folha e matar o tecido. Também ocorrem sintomas no colmo e bainha.

Medidas de manejo para a doença são:

  • rotação de culturas;
  • sementes sadias.

Helmintosporiose

Essa doença, causada pelo fungo Drechslera avenae, traz dano principalmente quando há chuvas frequentes antes da colheita. Isso prejudica os grãos, que ficam escuros e perdem a qualidade.

Como sintomas ocorrem manchas largas de coloração marrom ou roxa, podendo necrosar o limbo foliar. Pode atacar também os grãos ou sementes.

Algumas medidas de manejo são:

  • eliminação de plantas voluntárias;
  • rotação de culturas;
  • sementes sadias;
  • fungicidas nos órgãos aéreos da planta. 

Doenças de culturas de inverno: girassol

Mofo-branco

O mofo-branco ou podridão branca é causado por Sclerotinia sclerotiorum, sendo considerado o fungo mais importante na cultura do girassol.

Se o fungo atacar na fase de plântula, pode ocasionar a morte e provocar falhas no estande. Mas pode haver outros tipos de sintomas conforme a parte atacada: basal, mediana e capítulo.

Na basal (do estádio de plântula até a maturação), o mofo-branco pode ocasionar a murcha da planta e lesão marrom, mole e com aspecto de encharcada. Se houver alta umidade, a lesão pode ficar coberta por um micélio branco. Além disso, podem ser encontrados escleródios nas áreas afetadas.

Já na porção mediana da planta, que ocorre a partir do estádio vegetativo, os sintomas são parecidos com os da infecção basal. Escleródios podem ocorrer dentro e fora da haste.

E no capítulo, que ocorre a partir da floração, inicialmente observam-se lesões pardas e encharcadas no capítulo, tendo a presença do micélio cobrindo algumas de suas partes. 

Com o progresso da doença, pode-se encontrar muitos escleródios no interior do capítulo. O fungo pode destruir essa estrutura floral.

doenças de culturas de inverno

Sintomas do mofo-branco no capítulo do girassol
(Fonte: Aguiar, R; Sampaio, J; Boniatti, P.  em IFMT)

Algumas medidas de manejo para a doença são:

  • rotação de culturas;
  • época de semeadura.

Mancha de alternaria

Doença causada por Alternaria helianthi, sendo considerada a mais comum em regiões subtropicais úmidas.

A doença pode causar necrose nas folhas, podendo ocasionar morte das células e desfolha precoce.

Inicialmente você pode observar pequenos pontos necróticos castanhos nas folhas, com halo clorótico. Com o progresso da doença, pode haver círculos concêntricos, semelhante a um alvo, que pode progredir para necrose e desfolha.

Algumas medidas de manejo são:

  • controle genético;
  • rotação de culturas;
  • escolha da época de semeadura;
  • densidade de semeadura correta para não apresentar microclima favorável.

Doenças de culturas de inverno: cevada

Mancha reticular 

A doença é causada pelo fungo Drechslera teres, considerada a principal doença da cultura de cevada.

Nas folhas com ataque deste fungo ocorrem manchas ou estrias marrons, formando rede de tecido necrosado, com halo amarelo.

Mancha angular (Drechslera teres)

(Fonte: Agrolink)

Algumas medidas de controle são:

Nanismo amarelo da cevada

Esta virose ocorre em aveia, cevada e trigo causada pelo vírus BYDV, tendo como vetor afídeos.

Como sintoma, você pode observar nas folhas mais novas manchas cloróticas, de amarelada até arroxeada.

Como medida de manejo da doença são recomendados: 

  • controle químico ou biológico do vetor; 
  • tratamento de sementes.

Para te auxiliar com a prescrição de medidas de manejo para as doenças de culturas de inverno procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão 

Culturas de inverno são uma opção para aumentar a rentabilidade e diversificar as culturas na fazenda após a safra de verão.

Neste artigo, apontamos as doenças mais recorrentes nos cultivos de trigo, aveia, girassol e cevada. 

Falamos sobre os sintomas de cada uma delas e também sobre as medidas mais efetivas de controle.

Agora que você já sabe como fazer o melhor manejo de doenças nas culturas de inverno, espero que você consiga alcançar uma boa produtividade e lucro na sua safra de inverno!

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Perspectivas para a safra de inverno!

“Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Você tem problemas com doenças de culturas de inverno na sua propriedade? Como realiza o manejo? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Pragas quarentenárias: entenda os tipos e o que fazer para impedir a sua presença

Pragas quarentenárias: importância, tipos, estações quarentenárias, como impedir sua entrada e pragas não quarentenárias regulamentadas.

As culturas agrícolas são afetadas por muitas pragas que podem causar sérios prejuízos. Muitas delas entraram no país ao longo dos anos e há constante ameaça da entrada de novos vírus, doenças, daninhas, etc.

Por isso, é extremamente importante o conhecimento de pragas quarentenárias, assim como a fiscalização e o controle de materiais vegetais.

E você sabe o que é necessário para impedir a entrada das pragas quarentenárias? Entende as definições de A1 e A2?

Tire todas as suas dúvidas neste artigo. Confira!

Introdução de pragas quarentenárias no território brasileiro

Quando falamos de pragas, devemos ter o conceito muito bem definido de acordo com a legislação: praga é todo ser vivo nocivo a vegetais! Assim, praga compreende doenças, insetos, ácaros e plantas daninhas.

Nem todas as pragas que afetam as culturas agrícolas cultivadas no Brasil estiveram sempre presentes por aqui. 

Um exemplo disso é o cultivo da soja, que foi introduzido no país em 1961. Mas a ferrugem asiática da soja, que é um grande problema para a cultura, só foi introduzida no território nacional em 2001.

Assim, não são todos os países que têm as mesmas pragas que afetam a cultura. 

Em doenças de plantas (fitopatologia), por exemplo, falamos sempre sobre o Triângulo da Doença. Para uma doença ocorrer deve haver o hospedeiro (cultura), o patógeno e o ambiente favorável.

triângulo da doença

(Fonte: Fitopatologia)

Outro exemplo de praga introduzida no país recentemente, e que foi um grande problema para a agricultura brasileira, é a Helicoverpa armigera.

A lagarta foi identificada em 2013 no Brasil – até então era considerada uma praga quarentenária. A H. armigera causou um grande transtorno e enormes prejuízos, pois não havia preparo para seu manejo. 

Outro agravante dessa praga é que ela é polífaga, ou seja, se alimenta de várias culturas como algodão, soja, milho, tomate, feijão, sorgo, milheto, trigo, crotalária, girassol e outras.

Como vimos, pragas vindas de outros locais podem causar sérios prejuízos na agricultura brasileira. Por isso, é muito importante conhecermos melhor as pragas quarentenárias.

Tipos de pragas quarentenárias

Pragas quarentenárias são aquelas pragas de importância econômica potencial para a área posta em perigo e onde ainda não está presente ou, se está, ainda não se encontra amplamente distribuída e oficialmente controlada. 

Ou seja: são pragas que ameaçam a economia agrícola do país.

Existem dois tipos de pragas quarentenárias:

  • A1: Ausente – são as pragas que não têm ocorrência no Brasil e exóticas.
  • A2: Presente – estão presentes no país, mas não em todas as regiões, e estão sob controle oficial. Então, deve-se ter cuidado de não levar da região de ocorrência para outras que não tem a praga.

Você pode conferir a lista de pragas quarentenárias para o Brasil na Instrução normativa para A1 e A2 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). 

Alguns exemplos de A2 são pinta preta dos citros, sigatoka negra da bananeira, HLB, entre outras.  

Para definir quais as pragas quarentenárias é realizado uma análise de risco. Nessa análise é feito levantamento dos patógenos de cada espécie de planta que ocorrem no mundo e os que já foram identificados no país. 

Dessa forma, há a relação dos que não existem no Brasil e qual a probabilidade deles se tornarem um problema econômico.

20 pragas quarentenárias ausentes para o Brasil

A Embrapa e o Mapa priorizaram as 20 pragas quarentenárias ausentes para o Brasil e lançaram um livro sobre o assunto. Confira a relação em ordem alfabética:

  1. African Cassava Mosaic Virus – vírus (mandioca)
  2. Anastrepha suspensa – inseto (goiaba)
  3. Bactrocera dorsalis– inseto (frutíferas)
  4. Boeremia foveata – fungo (batata)
  5. Brevipalpus chilensis – ácaro (kiwi, videira)
  6. Candidatus Phytoplasma palmae – fitoplasma (coqueiro)
  7. Cirsium arvense – planta daninha (trigo, milho, aveia, soja)
  8. Cydia pomonella – inseto (maçã)
  9. Ditylenchus destructor – nematoide (milho, batata)
  10. Fusarium oxysporum f.sp. cubense Raça 4 Tropical – fungo (banana)
  11. Globodera rostochiensis – nematoide (batata)
  12. Lobesia botrana – inseto (videira)
  13. Moniliophthora roreri – fungo (cacau)
  14. Pantoea stewartii – bactéria (milho)
  15. Plum Pox Virus – vírus (pessegueiro, ameixeira)
  16. Striga spp. – planta daninha (milho, caupi)
  17. Tomato ringspot virus – vírus (frutíferas e tomate)
  18. Toxotrypana curvicauda – inseto (mamão)
  19. Xanthomonas oryzae pv. oryzae – bactéria (arroz)
  20. Xylella fastidiosa subsp. fastidiosa – bactéria (videira)

Normalmente, as pragas estão associadas ao centro de origem da cultura e podem se distribuir para outros locais pelo intercâmbio de material vegetal (sendo uma das maneiras de introduzir as pragas). 

Além desse meio de introdução, há outros como: pessoas, máquinas, vento, trânsito de animais/aves e bioterrorismo.

Lembrando que, quanto mais movimento, mais pragas estão circulando e, com isso, podem entrar nas regiões. Estima-se que 65% dos patógenos introduzidos no Brasil foram devido a atividades humanas.

Por isso, é preciso realizar a inspeção fitossanitária. Isso pode ser realizado por estações quarentenárias, que podem ser públicas ou privadas, tendo de ser cadastradas e credenciadas ao Mapa.

Estações quarentenárias 

As estações são locais que recebem materiais vegetais que podem ter alguma praga quarentenária associada e fazem as devidas análises.

Isso é importante para reduzir a entrada e o estabelecimento de novas pragas, já que muitas vezes é essencial trazer material vegetal de outros países para programas de melhoramento genético, por exemplo. No Brasil existem algumas estações quarentenárias.

Como impedir a entrada das pragas quarentenárias

Uma das medidas para evitar a entrada de pragas quarentenárias é a prevenção, sendo a exclusão o princípio de controle.

Assim, para prevenir a entrada da praga em uma área, algumas medidas de manejo são: 

  • sementes e mudas sadias;
  • inspeção e certificação;
  • quarentena; e
  • eliminação de vetores.

A prevenção deve ser aplicada no âmbito internacional, pensando nas pragas ausentes, e no cenário estadual, principalmente para as pragas A2. 

Um exemplo de prevenção de pragas A2 ocorreu após a constatação do Cancro Cítrico no país, que proibiu o livre trânsito de material cítrico entre as regiões. 

É muito importante também saber quais os locais mais críticos para a entrada de pragas no país. Para isso, a Embrapa levantou os locais mais suscetíveis à entrada de pragas agropecuárias não presentes no Brasil. Veja na figura abaixo:

No Brasil, o órgão responsável pelas atividades de vigilância agropecuária internacional é o sistema de Vigilância Agropecuária Internacional – Vigiagro. 

Ele é composto por serviços e unidades de vigilância agropecuária localizados nos portos, aeroportos, postos de fronteira e aduanas especiais.

Esse sistema controla e fiscaliza animais, vegetais, insumos, inclusive alimentos para animais, produtos de origem animal e vegetal, embalagens e suportes de madeira importados, exportados e em trânsito internacional pelo Brasil.

Além das pragas quarentenárias, você já escutou sobre pragas não quarentenárias regulamentadas?

Pragas não quarentenárias regulamentadas

Pragas não quarentenárias regulamentadas (PNQR) são pragas que já estão no Brasil (não sendo quarentenárias aqui), mas não é permitido comercializar o produto agrícola com ela.

Exemplo é para batata-semente sem os vírus PVY (Potato virus Y), o PLRV (Potato leafroll virus), o PVX (Potato virus X) e PVS (Potato virus S). 

Assim, em batata-semente deve ser produzida, importada e comercializada sem esses vírus no país, além de outras pragas segundo a legislação.

Conclusão 

Pragas têm potencial de causar prejuízos bilionários à agricultura de um país.

Neste artigo falamos sobre os tipos de pragas quarentenárias e o que é feito para impedir a entrada delas no território nacional.

Você conferiu a lista de pragas quarentenárias ausentes no Brasil.  Além disso, discutimos a importância das pragas não quarentenárias regulamentadas.

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Tudo o que você precisa saber sobre Manejo Integrado de Pragas

Ficou com alguma dúvida sobre pragas quarentenárias? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Veja como lidar com as pragas e doenças do sorgo

Pragas e doenças no sorgo: veja quais são as principais e como você pode manejá-las em sua lavoura para não ter perdas.

No Brasil, o sorgo é mais utilizado para a ração animal, sendo cultivado principalmente na segunda safra, com produção estimada de 2,3 milhões de toneladas (Conab) na safra 2019/20.

Mas podem ocorrer perdas nas lavouras por ataques de pragas e doenças, o que causa muita dor de cabeça para o produtor.

Por isso, preparamos este texto com as principais pragas e doenças do sorgo que podem ocorrer na sua lavoura e como combatê-las. Confira!

Doenças na cultura do sorgo

Antracnose do sorgo

No sorgo, a antracnose é considerada a doença mais importante por sua ampla distribuição nas áreas produtoras e pelos danos causados. 

Essa doença pode ocasionar perdas na produção de grãos superiores a 80%, por conta da utilização de cultivares suscetíveis e de condições favoráveis à doença.

O fungo que causa a antracnose no sorgo é o Colletotrichum graminicola, que também causa antracnose na cultura do milho.

Assim, a doença no sorgo pode ocorrer em: folhas, colmo, panícula e grãos.

Nas folhas podem ocorrer sintomas em qualquer estádio, principalmente a partir do desenvolvimento da panícula. 

Inicialmente, as lesões são circulares a ovais, com centros necróticos de coloração palha, depois se tornam escuras com a margem avermelhada ou castanha, dependendo da variedade.

No colmo, formam-se cancros caracterizados pela presença de áreas mais claras circundadas pela pigmentação característica da planta hospedeira, principalmente em plantas adultas.

E na panícula, pode ser a extensão da fase de podridão do colmo. As lesões nesta fase se formam abaixo da epiderme com aspecto encharcado, adquirindo posteriormente coloração cinza a avermelhada. 

E como consequência da doença, as panículas de plantas infectadas são menores e amadurecem mais cedo.

Algumas medidas de manejo para antracnose no sorgo são:

  • Uso de variedades resistentes;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação de culturas;
  • Eliminação de plantas hospedeiras do fungo.

Ferrugem do sorgo

Causada pelo fungo Puccinia purpurea, a ferrugem do sorgo é considerada uma doença comum na cultura e favorecida por regiões frias e úmidas. 

Inicialmente, você pode observar pústulas (urédias) de coloração vermelha a castanha nas folhas mais próximas ao solo. 

Com o desenvolvimento da doença, as pústulas liberam os esporos que são disseminados pelo vento.

Recomenda-se o uso de variedades resistentes para o controle da ferrugem do sorgo.

Míldio do sorgo

O míldio é causado por Peronosclerospora sorghi e apresenta ampla distribuição nas áreas produtoras de sorgo, podendo causar danos de até 80% com a utilização de cultivares suscetíveis.

Na região Sul do país, esta doença é considerada a segunda mais importante, atrás apenas da antracnose.

Assim, podem ocorrer duas formas de infecção: localizada e sistêmica.

A localizada se caracteriza por apresentar lesões necróticas nas folhas e, em condições frias e úmidas, pode ocorrer crescimento pulverulento e acinzentado na parte inferior da folha.

Já a infecção sistêmica, as plantas ficam cloróticas (clorose foliar). Na parte inferior das folhas com clorose, em condição de umidade, pode-se observar um revestimento branco, que são estruturas do agente causal do míldio.

Plantas com infecções sistêmicas podem se tornar raquíticas e morrer precocemente ou ficarem estéreis, não produzindo grãos.

Algumas medidas de manejo que você pode utilizar para o manejo do míldio são:

  • Variedades resistentes;
  • Uso de sementes de boa qualidade;
  • Rotação de culturas.

Mosaico comum do sorgo

Esta doença é virótica, causada por Sugarcane mosaic virus (SCMV), no entanto, mais recentemente, pesquisas relataram que outros vírus podem causar o mosaico em sorgo, tendo como vetor várias espécies de afídeos, como o pulgão do milho.

Como sintomas, podemos observar mosaico principalmente nas folhas mais novas, que podem desaparecer com a idade da planta. 

Além disso, pode apresentar sintomas mais necróticos nas folhas, com áreas amareladas e avermelhadas, o que pode levar à morte da planta ou baixa produção de grãos.

Para o controle dessa doença é recomendado utilizar variedades tolerantes ou resistentes.

Doença açucarada do sorgo

Esta doença também é conhecida por secreção doce ou ergot, causada pelo fungo Sphacelia sorghi, e reduz a quantidade de grãos produzidos afetando seu desenvolvimento.

Como sintoma da doença, você pode observar a presença de um líquido pegajoso de coloração rosada que progride para parda na região da panícula.

Algumas medidas de manejo para a doença açucarada são:

  • Utilização de fungicidas na fase de floração;
  • Tratamento de sementes;
  • Eliminação de plantas com sintomas da doença, principalmente em áreas de produção de sementes.

Pragas na cultura do sorgo

Lagarta-do-cartucho

Essas lagartas são larvas de mariposa (Spodoptera frugiperda) que afetam o cartucho da planta, sendo mais prejudicial quando ataca a planta com até 8 folhas.

A lagarta-do-cartucho é uma importante praga para a cultura do sorgo, podendo causar prejuízos de 17% a 38,7% na produção.

Inicialmente esta praga pode “raspar” as folhas e depois se alimentar das mais novas e centrais da planta (palmito).

O ataque em plantas pequenas pode causar a morte, já em plantas maiores ocorre a redução da produtividade.

Por isso é importante realizar o monitoramento da lavoura, que pode ser feito com armadilhas para a captura de insetos adultos (uma armadilha a cada cinco hectares) ou o monitoramento das plantas de sorgo.

Para definir quando realizar o controle, fique de olho se a praga atinge o nível de controle que é em média 3 mariposas por armadilha de feromônio. 

Ao monitorar as plantas, recomenda-se o manejo da lagarta quando for observado que 10% das folhas do cartucho estão com pequenas lesões circulares e algumas pequenas lesões alongadas, de até 1,3 cm de comprimento.

Tanto o uso de controle químico (inseticidas) quanto de controle biológico são recomendados para a lagarta-do-cartucho.

Lagarta-elasmo

Elasmopalpus lignosellus causa danos principalmente em locais em que ocorreu estiagem após a emergência das plantas.

Inicialmente, as lagartas podem “raspar” as folhas e depois afetam a região do colo da planta. Desta forma, podem danificar o ponto de crescimento e favorecer a morte das folhas centrais, provocando o sintoma de “coração morto”.

Recomenda-se realizar o manejo com o uso de inseticidas nas plantas ou nas sementes, além do plantio direto.

Broca-da-cana-de-açúcar

A broca-da-cana (Diatraea spp.) pode causar dano pelo quebramento e ataque no colmo das plantas.

No início do seu desenvolvimento, a broca também pode raspar as folhas do sorgo.

O controle dessa praga pode ser semelhante ao realizado em cana-de-açúcar com a liberação de parasitóides.  

Outras medidas de controle que também podem ser utilizadas são o tratamento de sementes e destruição de restos culturais.

Pulgão no sorgo

O sorgo pode ser infestado pelo pulgão do milho (Rhopalosiphum maidis) e pelo pulgão verde (Schizaphis graminum).

O pulgão verde pode introduzir toxinas que causam o bronzeamento das folhas e até a morte das áreas afetadas, podendo ainda ser vetor de viroses.

O controle pode ser realizado por inimigos naturais e, também, aplicação de inseticidas quando ocorrer altas populações.

Corós

Corós, bichos-bolo ou pão-de-galinha são larvas de várias espécies que podem atacar as plantas de sorgo.

Para a identificação, você pode observar que as larvas apresentam formato de “C” de cor clara e a cabeça de coloração marrom.

Normalmente, elas afetam o sistema radicular das plantas podendo causar murcha nas plantas, tombamento ou a morte.

Algumas medidas de manejo são:

  • Eliminação de hospedeiros alternativos;
  • Destruição de restos culturais;
  • Utilização de inseticidas.

Larva arame

A larva arame, Conoderus scalaris, causa danos principalmente na destruição das sementes no sulco de plantio, reduzindo o estande inicial e vigor das plantas, o que causa perdas em seu sistema de produção.

As recomendações de manejo são:

  • Rotação de culturas;
  • Tratamento de sementes.

Percevejos no sorgo

Esses insetos se alimentam principalmente dos grãos no momento de enchimento, o que podem torná-los manchados e reduzir o tamanho.

Existem dois grupos de percevejos: grandes (percevejo-gaúcho, percevejo-verde e percevejo-pardo) e pequenos (percevejo-do-sorgo e percevejo-chupador-do-arroz).

Normalmente, o controle desses percevejos é natural. Quando em altas populações, pode-se utilizar controle químico (aéreo).

Controle de pragas e doenças do sorgo

Até aqui, comentei sobre as particularidades de pragas e doenças do sorgo, no entanto, algumas medidas gerais de manejo que você pode utilizar na sua área são:

  • Planejamento agrícola da cultura: é nessa fase que se escolhe a variedade de sorgo e, como vimos, o uso de variedades resistentes é uma medida de manejo muito utilizada;
  • Identificar as pragas e doenças que afetam a cultura do sorgo;
  • Conhecer o histórico da área a ser cultivada (quais os problemas que ocorreram nas culturas ao longo dos anos);
  • Conhecer as culturas em volta da sua plantação: várias doenças e pragas do sorgo podem ocorrer em outras culturas;
  • Monitoramento da área.

Lembrando que se for utilizar produto químico, verifique o registro no Agrofit para a cultura e para praga/doença. 

Em caso de dúvidas, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

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Conclusão

Como vimos, existem muitas pragas e doenças que podem afetar a sua cultura de sorgo. 

Algumas podem atacar as plantas no início do desenvolvimento ou já na fase de panícula.

Por isso, é importante conhecê-las e manejá-las para não afetar a produção da sua lavoura.

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“Zoneamento agrícola para o sorgo forrageiro: o que você precisa saber sobre essa nova medida”

Quando e como usar as forrageiras em seu sistema de produção

Quais pragas e doenças do sorgo afetam a sua lavoura? Quais medidas de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Fungos de solo: veja as principais causas e como evitá-los

Fungos de solo: entenda o que são, veja as características dos principais tipos, as causas e como evitá-los.

A presença de fungos de solo patogênicos, frequentemente, causam muita dor de cabeça ao produtor rural.

Isso porque trazem prejuízo à lavoura, reduzindo consideravelmente a produtividade.

Por isso, é fundamental evitar a entrada de patógenos em sua propriedade e realizar um manejo adequado quando já estão presentes.

Nesse artigo, separamos algumas informações que podem te auxiliar muito na prevenção de fungos de solo. Confira!

O que são fungos de solo?

Os fungos são habitantes naturais do solo, onde podem atuar de forma benéfica ou não ao cultivo, dependendo de sua espécie.

Alguns fungos são responsáveis pela decomposição de matéria orgânica, pelo maior desenvolvimento das culturas e pelo aumento da produtividade. Estes podem estar naturalmente presentes na área ou serem incorporados via inoculação (superfície do solo).

Contudo, outras espécies podem ocasionar diversos tipos de injúrias nas culturas agrícolas, podendo reduzir a produtividade ou até mesmo matar as plantas, como é o caso do Fusarium sp. e da Scleriotinia sclerotiorum – agentes causais da podridão da raiz e do mofo branco.

Estes fungos considerados patógenos para as plantas, normalmente sobrevivem em resíduos de culturas ou em plantas hospedeiras. Mas se na área não existirem locais para abrigo, os fungos podem ser encontrados livres no solo devido à sua alta capacidade de sobrevivência

Por esse motivo os fungos de solo fitopatogênicos, uma vez introduzidos em uma lavoura, acabam gerando diversos problemas ao produtor rural.

Abaixo vou mostrar os principais fungos de solo que podem ser encontrados em sua lavoura. Acompanhe!

Conheça os principais fungos de solo

Separei para você apenas alguns dos principais fungos de solo que afetam as culturas de interesse agronômico como soja, milho, feijão e trigo

Observe as características e identifique o fungo em sua lavoura para realizar o manejo e controle adequado da doença.

Macrophomina phaseolina (podridão da raiz)

Este patógeno é capaz de infectar as culturas nos diferentes estádios de crescimento das plantas e apresenta difícil controle por produzir microescleródios (estrutura de sobrevivência do fungo) no solo.

Na prática, é capaz de ocasionar menor rentabilidade, pois além de induzir a maturação precoce, pode reduzir o estande da cultura no campo e em casos mais extremos levar à morte das plantas.

Para identificar essa doença, você pode ter um pouco de dificuldade nos estádios iniciais de infecção do patógeno, pois não apresenta sintomas visíveis.

Conforme o desenvolvimento da cultura é possível identificar alguns sintomas, que são baseados na coloração preta e empoeirada do fungo, podendo ser observada em tecidos vasculares e radiculares.

fungos de solo

Sintomas da podridão do colmo ocasionada pela Macrophomina phaseolina em milho
(Fonte: Embrapa, foto de Nicésio F. F. A. Pinto)

Fusarium sp. (podridão radicular e murcha)

Este patógeno é capaz de infectar plantas em diferentes estádios de desenvolvimento e apresenta manejo por produzir clamidósporos (estruturas de resistência), que permanecem presentes no solo por várias estações.

Na prática, é capaz de ocasionar perdas consideráveis na produção, podendo gerar baixa estatura levar à morte de plantas.

Para você identificar essa doença, fique atento à descoloração vascular e foliar, ao amarelecimento das folhas mais velhas e, principalmente, à murcha da cultura.

fungos de solo

Fusarium solani f. sp. phaseoli (podridão radicular seca) em feijoeiro
(Fonte: Embrapa)

Scleriotinia sclerotiorum (mofo branco)

Este fungo é capaz de infectar plantas de mais de 400 espécies, principalmente caule, folhas e flores por conta de sua estrutura de sobrevivência (na forma de escleródios).

Mas fique atento: as sementes são as principais fontes de inóculo!

Já a fase de maior vulnerabilidade é na floração e na formação de vagens.

Esse patógeno, como os já mostrados aqui, também influenciam diretamente a produtividade da cultura podendo levá-la à morte.

Como sintoma, você pode observar a presença de murcha e seca da planta. Também leve em consideração a presença de lesões encharcadas nas folhas (ou em outro tecido na parte aérea da planta) e, principalmente, de micélios (sua forma física lembra um algodão).

Scleriotinia sclerotiorum

Sintomas Scleriotinia sclerotiorum
(Fonte: Revista Cultivar)

Para evitar que esses e outros fungos de solo entrem em sua lavoura, separei para você quais as causas desses fungos e como evitá-los. Confira!

Fungos de solo: principais causas e como evitá-los

Os fungos que são considerados patógenos para as plantas, muitas vezes aparecem na lavoura por um pequeno descuido.

Dentre as principais causas para a entrada dos fungos de solo podemos citar a entrada na lavoura de máquinas e implementos agrícolas sujos com solos contaminados, uso de sementes não certificadas e, até mesmo, irrigação realizada com água de má qualidade.

Para evitar a entrada e a proliferação dos fungos de solo são fundamentais alguns cuidados durante o planejamento do manejo.

Por isso, realize o planejamento de sua lavoura com o devido cuidado!

E não esqueça: o sucesso no controle de qualquer doença ocasionada por fungos de solo está diretamente relacionado ao momento em que o manejo é iniciado.

Veja alguns cuidados que devem ser levados em consideração:

  • Realize a limpeza de seus maquinários e implementos frequentemente;
  • Utilize sementes certificadas;
  • Realize o tratamento de sementes;
  • Quando possível, opte por cultivares resistentes a doenças fúngicas;
  • Realize a rotação de culturas;
  • Mantenha o solo com adubação equilibrada;
  • Escolha da época de plantio;
  • Realize o manejo integrado de doenças;
  • Elimine plantas hospedeiras;
  • Realize frequentemente análises de solo em sua lavoura.

Além disso, o monitoramento de sua propriedade é fundamental, pois o manejo imediato pode fazer toda a diferença para evitar que o fungo se espalhe por todos os talhões.

E sempre que surgir qualquer dúvida sobre qual fungicida utilizar naquele momento, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a)!

Conclusão

Após todo o esforço com sua lavoura, você não pode perder tudo pela presença de um fungo de solo.

Neste artigo, vimos o que são fungos de solo, quais os principais e como reconhecê-los.

Falamos também sobre as principais causas de contaminações por fungos patogênicos e como podemos evitá-los com um bom planejamento.

Espero que essas informações possam auxiliar em seu dia a dia no campo. 

>> Leia Mais: 

“Tudo sobre tombamento da soja e como fazer o melhor manejo”

“Como identificar e manejar a podridão radicular em soja”

Você tem problemas com fungos de solo na sua lavoura? Quais medidas de prevenção utiliza para evitar essas doenças? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Vazio sanitário para soja, feijão e algodão: tudo o que você precisa saber

Vazio sanitário da soja: saiba como fazer, quem fiscaliza o cumprimento, o que fazer na lavoura durante esse período e mais!

Atualmente, quem produz soja, feijão e algodão deve respeitar o vazio sanitário. A medida evita a proliferação de pragas e doenças nas lavouras.

Nesse períodos, as pragas não conseguem se alimentar e se multiplicar. Isso resulta na eliminação ou diminuição da sua incidência.

Quer saber mais sobre os períodos de vazio sanitário da sua região?

Neste artigo, você entenderá a importância desse momento e o que fazer na sua lavoura enquanto ele dura. Confira a seguir!

O que é o vazio sanitário?

O vazio sanitário é a proibição total do cultivo de uma cultura durante um período específico.

Antes de semear soja, feijão ou algodão, você deve se atentar ao período de vazio sanitário para a sua região.

O vazio sanitário é obrigatório. Além disso, é uma medida fitossanitária que gera benefícios para quem produz.

O principal objetivo é proteger as lavouras de pragas e doenças. Isso acontece por meio da eliminação total de hospedeiros por um tempo. Ajudando na diminuição populacional de pragas como a mosca branca, lagartas e cigarrinhas, além de problemas relacionados a fungos e vírus.

O objetivo do calendário de semeadura da soja, por exemplo, é reduzir o número de aplicações de fungicidas e resistência dos fungos aos agrotóxicos

Semeaduras tardias podem receber os fungos nos estádios vegetativos, necessitando a antecipação e o aumento da aplicação de fungicidas.

Quanto tempo dura o vazio sanitário?

O período dura de 60 a 90 dias. Porém, o período não é definitivo e muda de acordo com a região.

Durante os anos, pode haver variação das datas em que se inicia e termina o vazio sanitário nas regiões, pois essa definição se baseia na incidência da praga ou doença na safra anterior.

Ou seja, caso a incidência da praga ou doença tenha aumentado em uma região, o período destinado ao vazio será maior na safra seguinte.

Durante esse tempo, o setor agrícola se beneficia com:

  • diminuição da incidência de pragas e doenças;
  • queda do uso de defensivos agrícolas e custos operacionais;
  • contribuição no manejo de resistência de pragas e doenças.

A seguir, entenda mais sobre a importância do vazio sanitário da soja, feijão e algodão.

Vazio sanitário do feijão

O período de vazio sanitário para o feijão-comum (Phaseolus vulgaris) é de 30 dias. Esse tempo vale para os Estados de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

Durante esse período, quem produz deve eliminar as plantas vivas de feijão. Sejam elas cultivadas, espontâneas ou remanescentes da safra anterior.

A medida foi estabelecida como forma de controle da mosca-branca, praga que ataca o feijão.

A mosca-branca é o inseto transmissor do vírus que causa o mosaico-dourado. Essa é uma das principais doenças do feijoeiro comum.

Confira abaixo os períodos de vazio sanitário do feijão:

Tabela com informações sobre vazio sanitário em Minas (20 de setembro a 20 de outubro de 2022), Goiás (5 de setembro a 5 de outubro de 2022) e DF (20 de setembro a 20 de outubro de 2022)

(Fonte: Mapa, 2014)

Se você produz feijão e não cumprir essas regras, poderá receber multas.

Vazio sanitário do algodão

O vazio sanitário do algodão previve e controla o bicudo-do-algodoeiro. O objetivo é proteger a lavoura dos prejuízos causados pela praga.

Quem produz ou arrenda lavouras com algodão deve, obrigatoriamente, eliminar os restos culturais ou soqueira de algodão. Isso deve acontecer por 60 dias.

O período do vazio sanitário é definido pelo Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático).

Cada estado produtor possui um período específico, baseado na dinâmica do inseto-alvo.

O bicudo-do-algodoeiro possui grande capacidade de infestação. 

Seu ataque provoca queda dos botões florais. Isso impede a abertura das maçãs e, consequentemente, há queda na produtividade.

A manutenção de plantas vivas de algodão durante o vazio sanitário é uma ameaça para a cotonicultura brasileira.

Fique de olho e confira a seguir as datas para a sua região.

Tabela com datas de vazio sanitário para todas as demais regiões do Brasil

(Fonte: Governo dos Estados, 2021)

Quem descumprir as regras do vazio sanitário do algodão também estará sujeito à multa.

Vazio sanitário da soja

Por da ferrugem asiática nas lavouras de soja no Brasil,  surgiu o PNCFS (Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja). 

O programa foi criado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Nesse programa,  ficou estabelecida a criação de Comitês Estaduais de Controle da Ferrugem da soja.

Foi determinado que cada estado deve estabelecer o período do vazio sanitário. Essa é uma medida legislativa para o controle da doença.

Atualmente, a adoção do vazio sanitário ocorre em 20 estados brasileiros:

  • Acre;
  • Alagoas;
  • Amapá;
  • Bahia;
  • Ceará;
  • Distrito Federal;
  • Goiás;
  • Maranhão;
  • Minas Gerais;
  • Mato Grosso;
  • Mato Grosso do Sul;
  • Pará;
  • Paraná;
  • Rio Grande do Sul;
  • Rondônia;
  • Roraima;
  • Santa Catarina;
  • São Paulo;
  • Tocantins.

Um período mínimo de 60 dias foi estabelecido. Durante esses dias, não é possível cultivar ou manter plantas de soja no campo.

É considerado que o período máximo de sobrevivência dos esporos da ferrugem asiática no ar é de 55 dias.

Lembre-se: fique de olho no período de vazio da sua região. Ele muda conforme a legislação local. 

Tabela - Vazio Sanitário
(Fonte: MAPA)

Na Portaria SDA nº 781, de 6 de abril de 2023, informa os períodos de vazio sanitário para a cultura da soja. Em alguns estados brasileiros há a distribuição por região, as quais as cidades são descritas no documento.

Por exemplo, região I1 do estado do Maranhão se encontram as seguintes cidades: Barão de Grajaú, Buriti Bravo, Colinas, Fernando Falcão, entre outros, enquanto na região II2: Buritirana, Campestre do Maranhão, Cidelância, Davinópolis, entre outros. Assim segue para os outros estados.

O vazio sanitário é de responsabilidade de quem produz. Quem descumpre o período está sujeito à punições e multas pelo Estado.

Ferrugem asiática

O fungo causador da ferrugem asiática pode gerar grande desfolha nas plantas e impactar na produtividade.

Esta é considerada a doença mais importante para cultura da soja. A doença pode causar danos de até 90% na lavoura. 

Os custos para combater a doença podem chegar a US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil. Por isso, é importante a identificação e combate da ferrugem quanto antes.

Como identificar a ferrugem asiática na soja

Observe as folhas das plantas do terço inferior ou médio. Verifique se existe a presença de sintomas e/ou estrutura do fungo.

Na parte superior da folha, veja se há pontos escuros. Se encontrar, use uma lupa e analise se na parte inferior há saliências. Nessas essas estruturas são formados os esporos do fungo.

imagem de três folhas de soja em estádios diferentes da ferrugem asiátia. Na primeira folha há apenas alguns pontos amarronzados na superfície, na segunda há mais pontos alaranjados, e a terceira folha tem aspecto de enferrujada por completo.

(Fonte: Agro Bayer)

Também é importante realizar algumas medidas de manejo antes da doença aparecer. O vazio sanitário, a calendarização da semeadura e uso de variedades precoces são bons exemplos.

Realize o vazio sanitário para impedir a sobrevivência do fungo na entressafra da cultura. Assim, você quebrará o ciclo da doença.

Quem fiscaliza o cumprimento do vazio sanitário?

Os órgãos estaduais de sanidade vegetal fiscalizam o cumprimento do vazio sanitário.

Essas instituições têm competência legal para aplicar penalidades a quem não cumprir as regras do vazio estabelecidas, como multa, interdição da propriedade rural e destruição do plantio.

Como realizar o vazio sanitário?

Após a colheita da cultura (soja, feijão ou algodão), você deve:

  • limpar a área de cultivo;
  • destruir as plantas por meio do controle químico ou mecânico;
  • aguardar o período de vazio sanitário estipulado para sua região.

O que pode ser feito na lavoura durante o período de vazio sanitário?

Durante esse período, o solo não deve ficar descoberto. Isso facilita a ocorrência de plantas daninhas e de processos erosivos do solo.

Uma alternativa é investir em práticas que melhorem a qualidade química, física e biológica do solo. Assim, você pode potencializar a produção da próxima safra.

Algumas práticas são:

  • utilização de plantas de cobertura;
  • adubação verde;
  • adoção de sistemas de rotação de culturas com espécies que não sejam hospedeiras das pragas e doenças do vazio sanitário.

Quais as exceções do vazio sanitário?

Durante o vazio sanitário algumas atividades podem ser realizadas em caráter excepcional como pesquisa científica e produção de sementes genéticas.

Porém, é necessário solicitar ao órgão estadual da defesa sanitária vegetal do estado em questão.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

O objetivo do vazio sanitário é prevenir a incidência de pragas e doenças. Isso garante lavouras sadias e de alta rentabilidade

A eliminação das plantas de soja, feijão e algodão deve ser feita por controle químico ou mecânico.

Cada estado possui um período específico de vazio sanitário que pode mudar a cada safra. Fique sempre de olho. Compartilhe com sua equipe de trabalho para se informar sobre os períodos do vazio sanitário para a soja em 2023.

Verifique o período correto e já prepare a sua área. Isso vai te ajudar a evitar perdas com pragas e doenças na sua lavoura.

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Redator Alasse Oliveira

Atualizado em 08 de agosto de 2023 por Alasse Oliveira.

Alasse é Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestrando em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Atualizado anteriormente, em 28 de fevereiro de 2022, por Denise Prevedel