Ferramentas para safra rentável que todo produtor precisa usar

Ferramentas para safra rentável que o produtor pode adotar para diminuir os erros, aumentar a eficiência agrícola e a rentabilidade da propriedade

A atividade agrícola tem exigido dos produtores rural um nível de profissionalização crescente. Isso se deve ao fato de que a atividade agrícola tem um risco cada vez maior.

Flutuações de valores de insumos e maquinários, condições climáticas incertas e variações do valor de venda de commodities agrícolas fazem com que haja grande incerteza e baixa margem de lucro.

Para contornar esses desafios e aumentar a eficiência da sua propriedade, o produtor precisa controlar os investimentos e as atividades executadas na safra e focar no planejamento da safra.

Hoje existem muitas ferramentas capazes de auxiliar o produtor no planejamento de safra. Neste texto, falaremos sobre essas ferramentas, suas integrações com tecnologias agrícolas, seus benefícios e como acessá-las. Boa leitura!

Planejamento de safra

Normalmente o período de entressafra é quando o produtor se prepara e organiza a safra seguinte. Em grande parte do território brasileiro, esse período acontece entre julho e agosto. Assim, o início da semeadura de novas lavouras começa no final de setembro.

Há uma lista de coisas que devem ser programadas para a entressafra e safra:

  • Amostragem e envio de amostras de solo para análise;
  • Manutenção de máquinas;
  • Definição das culturas a serem plantadas, suas áreas e tipos de plantio;
  • Capacidade de investimento e definição de orçamento;
  • Definição de manejos e planejamento e compra de produtos a serem usados;
  • Preparo do solo;
  • Plantio ou semeadura;
  • Controle de pragas, doenças e plantas daninhas ao longo do ciclo;
  • Manutenção e operação dos sistemas de irrigação;
  • Colheita e secagem;
  • Armazenamento e comercialização de produtos colhidos.

Como se pode notar, muitas atividades precisam ser planejadas e executadas durante a safra. Uma boa organização de recursos e mão de obra é fundamental para a eficiência dos processos e se evitar gastos extras.

Planejamento: antes, durante e depois

O planejamento agrícola não deve ser feito apenas na entressafra, como se pode imaginar. Existem etapas do planejamento que também ocorrem durante e depois da safra.

Confira a seguir as principais etapas do planejamento.

Antes da safra

Neste momento, você deve definir as culturas, áreas de alocação e o sistema de plantio da safra. Também é hora de definir o orçamento e o manejo usado, além das atividades que serão executadas.

Durante a safra

Aqui, é importante comparar o planejado ao executado. Como cada safra é diferente da outra, pode ser necessário adaptar o manejo e o investimento.

Alguns fatores verificados durante a safra podem alterar o planejamento, como doenças, pragas, estresses abióticos, data de plantio, previsão de colheita etc.

Depois da safra

É fundamental, então, analisar os resultados obtidos e compará-los ao programa inicial. Isso permite mapear pontos fortes e fracos da safra em termos das atividades executadas, e como isso impactou a produção final.

Aprendendo com safras anteriores

Uma forma de planejar a safra seguinte é olhar para as anteriores. O produtor que possua um sistema de armazenamento e análise de dados das safras anteriores tem maior capacidade de entender que processos necessitam maior atenção.

Isso permite verificar quais foram os gargalos e processos menos eficientes e planejá-los melhor para o próximo ano agrícola. O produtor também pode verificar as condições e o potencial produtivo de diferentes talhões, e escolher que culturas utilizar.

O Aegro é um software para gestão de fazendas que permite criar bancos de dados de safras anteriores e auxiliar você nas tomadas de decisões futuras.

Com esse histórico de safras, é possível analisar erros e acertos, identificar oportunidades para reduzir custos, melhorar o uso dos insumos na lavoura — enfim, adotar técnicas variadas em prol do processo produtivo.

Aegro é uma das melhores ferramentas para safra rentável
Tela do Aegro com o custo realizado
(Fonte: Aegro)

Principais áreas de planejamento

Podemos listar algumas áreas básicas que são necessárias ao bom planejamento e dão embasamento ao produtor. São elas:

Cronograma e definições técnicas

A escolha das culturas, dos sistemas de plantio e dos manejos usados na propriedade são um passo importante para o bom planejamento agrícola.

A partir disso, definimos os insumos necessários, como sementes, fertilizantes e agroquímicos.

Além disso, define-se o número de entradas de cada maquinário na lavoura e o tempo que cada máquina precisará ser utilizada.

Orçamento

Com base no balanço financeiro da propriedade, nas definições técnicas da próxima safra e no retorno previsto, o produtor define seu orçamento.

Neste ponto, o produtor define em que momento vai gastar com insumos e maquinários e também a flexibilidade do uso de recursos.

Preparo para execução

Planejar o uso de maquinários e insumos permite um bom controle de estoque — tanto de produtos destinados à lavoura como ao maquinário. Isso também permite definir a melhor época para manutenção de máquinas e a necessidade de mão de obra ao longo da safra.

Esse tripé de cronograma, orçamento e preparo para execução, se bem feito, facilita bastante a vida do produtor e pode trazer grandes retornos.

Tecnologias e os benefícios das ferramentas de planejamento

Atualmente, a maioria dos produtores usam ferramentas tecnológicas para a gestão de dados e atividades da fazenda. Assim, todo o controle e planejamento é feito de maneira digital e, muitas vezes, automática.

As principais vantagens do uso de ferramentas de planejamento digitais são:

  • Aumento da eficiência de processos;
  • Redução de perdas de combustível, mão de obra, insumos etc.;
  • Uso racional de energia, água e insumos;
  • Maior retorno do investimento;
  • Maior robustez do negócio e menor dependência de fatores externos;
  • Maior controle de custos;
  • Diminuição da possibilidade de erros de execução;
  • Maior capacidade de tomada de decisões em tempo real;
  • Aumento da sustentabilidade — seja social, econômica ou ambiental;
  • Benefícios ao meio-ambiente.
planilha de fluxo de caixa

Simplificando o planejamento com o Aegro

Com o Aegro, você mantém o histórico de todas as safras e tem acesso a relatórios para acompanhar a evolução da sua safra.

O registro e análise de dados durante o planejamento é fundamental para você agir de forma assertiva e tomar as melhores decisões antes, durante e depois da safra.

Para planejar e acompanhar as atividades da lavoura, você pode orçar o custo estimado, planejar atividades, receber lembretes de manutenção de máquinas e monitorar as atividades por área.

Assim, você tem uma atualização da evolução de seu planejamento e consegue identificar rapidamente os ajustes necessários.

Só com o Aegro você tem o controle da sua safra do planejamento à venda, programando seus custos durante todo o processo, monitorando e acompanhando a evolução da safra e utilizando os dados de toda a produção para identificar o melhor valor de venda.

Monitore as atividades da lavoura e mantenha seu planejamento com o Aegro
Monitore as atividades da lavoura e mantenha seu planejamento com o Aegro
(Fonte: Aegro)

Conclusão

A necessidade de profissionalizar e aumentar a eficiência dos processos agrícolas é urgente. Estratégias e ferramentas para o planejamento de safra pode ser um diferencial entre o sucesso e o fracasso da sua atividade.

Devido ao alto fluxo de informações, à necessidade de monitoramento em tempo real, às incertezas e à complexidade de uma fazenda, as ferramentas de gestão são essenciais para um bom gerenciamento do seu negócio rural.

Softwares, planilhas, formulários e banco de dados digitais, preferencialmente automáticos, são ferramentas que auxiliam o produtor no planejamento, execução e análise das diferentes etapas do processo produtivo.

>> Leia mais:

“Aegro lança emissão de nota fiscal com CNPJ”

“Software administração rural gratuito: 3 ferramentas que vão te ajudar”

“Importação de histórico, filtros múltiplos e mais: conheça as novidades do Aegro em 2023”

“Conheça as integrações de máquinas com o Aegro

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O que é ESG no agronegócio? Entenda os principais impactos

ESG no agronegócio: saiba o que é, por que isso está revolucionando o mercado e como sua implementação pode impactar positivamente os seus negócios e a sociedade em geral.

À medida que os desafios ambientais, sociais e de governança se intensificam globalmente, as discussões sobre a importância da implementação dos padrões ESG no agronegócio ganham cada vez mais relevância. 

Estamos falando de uma série de iniciativas que podem ser tomadas no campo para contribuir com a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento das comunidades rurais. E que, de quebra, ainda ajudam a aumentar a competitividade e a lucratividade das fazendas. 

Por isso, neste artigo, vamos abordar o significado do ESG no contexto do agronegócio, conhecer cada um de seus pilares e explorar os impactos positivos que sua implementação pode trazer para os produtores rurais. 

Boa leitura!

O que é ESG e como funciona?

Utilizada pela primeira vez em 2004, durante uma conferência da ONU, a sigla ESG se refere às boas práticas Ambientais, Sociais e de Governança  (do inglês “Environmental, Social and Governance”) nas empresas. 

Na prática, trata-se de um conjunto de iniciativas adotadas pelas organizações com o objetivo de diminuir os impactos de suas operações no meio ambiente e na sociedade e de tornar a governança corporativa mais responsável, ética e transparente em seus processos de tomada de decisão.

A essa altura, você pode estar se perguntando: afinal, como o ESG se relaciona com o agronegócio? Ou, ainda, quais são as práticas ESG no agronegócio?

Para ajudar a responder a essas perguntas, separamos abaixo alguns exemplos de como cada um dos pilares ESG se relaciona com o dia a dia dos produtores rurais. Veja:

Pilares do ESG no agronegócio: do campo à indústria

1. Ambiental

No contexto do agronegócio, o pilar ambiental do ESG tem a ver com a adoção de estratégias e tecnologias que ajudem a reduzir os impactos negativos ao meio ambiente.

Vale destacar que, com a  aproximação do agronegócio com a tecnologia e consolidação da agricultura 4.0, a maioria dessas medidas foi facilitada (falaremos mais sobre essa relação ao longo deste artigo).

2. Social

Já o pilar social no agronegócio diz respeito às relações humanas com trabalhadores rurais e com as comunidades impactadas direta ou indiretamente pela atividade agrícola.

Nessa esfera, é importante que os produtores rurais busquem adotar práticas que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico local. Algumas maneiras de fazer isso são:

  • promover a segurança e saúde dos trabalhadores;
  • respeitar as leis trabalhistas;
  • valorizar a mão de obra local;
  • capacitar moradores da comunidade;
  • oferecer treinamentos adequados para manejo dos equipamentos agrícolas.

3. Governança

Por fim, o pilar de governança do ESG refere-se à forma com que as empresas agrícolas são administradas e conduzidas. Isso envolve, por exemplo:

  • a transparência na gestão de empresas e indústrias;
  • o cumprimento das leis e regulamentações;
  • a ética nos negócios;
  • a gestão responsável dos recursos financeiros;
  • o combate à corrupção;
  • o estabelecimento de protocolos de segurança.

Importância do ESG no agronegócio

Responsável por pelo menos 27% do PIB brasileiro e por garantir a segurança alimentar global, o agronegócio desempenha um papel fundamental na geração de empregos e no desenvolvimento econômico do país.

Por outro lado, quando a agenda ESG não é considerada, as atividades agrícolas podem ter impactos negativos bastante significativos no meio ambiente e na sociedade.

A degradação do solo, o uso excessivo de água, a contaminação de recursos hídricos, a emissão de gases de efeito estufa e questões como a segurança e as condições de trabalho dos agricultores são alguns exemplos de como a falta de um olhar voltado para o ESG no agronegócio pode ser prejudicial.

Mas engana-se quem pensa que os benefícios do ESG se restringem “apenas” ao meio ambiente. Na verdade, a implementação dessa agenda também traz diversas vantagens para os produtores rurais e para o setor como um todo. Veja abaixo.

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Por que implementar o ESG no agronegócio?

Acesso a crédito rural

O primeiro e talvez mais evidente benefício tem a ver com o acesso ao crédito. Isso porque produtores rurais alinhados às boas práticas de sustentabilidade têm sido beneficiados por instituições financeiras.

Um bom exemplo vem do Plano Safra 2023/2024, que trouxe a possibilidade da redução das taxas de juro para aqueles que adotam práticas sustentáveis, como produção orgânica ou agroecológica, bioinsumos, tratamento de dejetos na suinocultura, pó de rocha e calcário, energia renovável na avicultura, rebanho bovino rastreado e certificação de sustentabilidade.

Mais investimentos

As instituições financeiras não são as únicas priorizando o ESG na hora de tomar decisões. 

Considerando a boa gestão de riscos e a tendência que empresas ambiental e socialmente responsáveis têm de alcançar melhores resultados no longo prazo, os investidores também estão – cada vez mais –  direcionando seu capital para essas companhias.

Para ter ideia, a Bloomberg estima que os recursos investidos em empresas ESG chegaram a marca de 38 trilhões de dólares em 2020 e devem saltar para impressionantes  53 trilhões de dólares até 2025.

Aumento do lucro por safra

A implantação de práticas de gestão sustentável e eficiente resulta em melhorias na produtividade, redução de desperdícios e otimização dos recursos disponíveis. Mas não é só isso.

Uma pesquisa  do Institute of Business Value (IBV) mostrou que 54%  dos consumidores globais estariam dispostos a pagar um valor mais alto por produtos de baixo impacto ambiental. 

Isso significa que produtores rurais alinhados às boas práticas ESG podem considerar cobrar mais por seus produtos e, ainda assim, esperar impactos positivos em seus resultados financeiros.

Mas não é só isso. O aumento do interesse dos consumidores (e, consequentemente, da competitividade do negócio) também tende a atrair novas oportunidades de negócio – inclusive em mercados externos, historicamente mais exigentes com relação à sustentabilidade das operações.

ESG no agronegócio: por onde começar?

É difícil falar sobre a implementação do ESG no agronegócio sem falar sobre o processo de digitalização do setor – especialmente no que diz respeito ao pilar da governança corporativa.

Por meio de softwares de gestão e inteligência artificial, por exemplo, é possível coletar, analisar e identificar padrões em grandes volumes de dados, o que ajuda a gerar insights valiosos para a tomada de decisões e a melhorar a eficiência operacional.

Há também soluções baseadas na tecnologia blockchain, que permitem estabelecer uma rastreabilidade completa ao longo da cadeia de suprimentos – tornando o acesso a informações sobre a origem dos produtos mais transparente e confiável para consumidores, investidores e demais partes interessadas.

Além disso, a digitalização desempenha um papel fundamental na adoção de práticas sustentáveis, uma vez que possibilita:

  • o monitoramento detalhado de áreas de cultivo;
  • o uso de drones para monitorar o crescimento da safra;
  • a aplicação mais precisa de insumos agrícolas;
  • a gestão eficiente de recursos hídricos;
  • a comunicação entre fornecedores, indústria e clientes;

Essas e outras práticas ajudam a reduzir o uso excessivo de fertilizantes, pesticidas e água, minimizando os impactos ambientais negativos e aumentando a eficiência produtiva das fazendas.

Nesse contexto, investir em digitalização desponta como uma etapa essencial do processo de implementação do ESG no agronegócio.

Outro passo importante é buscar certificações e selos que atestem o comprometimento do seu negócio rural com a sustentabilidade ambiental, a responsabilidade social e a transparência corporativa.

Selos e certificações ESG para o agronegócio

Existem várias certificações e selos que ajudam a comprovar o comprometimento das empresas do agronegócio com as práticas de ESG.  

Elas funcionam como uma espécie de garantia para os consumidores (e outras partes interessadas), atestando que a organização está verdadeiramente comprometida com a agenda sustentável.

Alguns exemplos são:

  • Certificação Orgânica: atesta que os produtos agrícolas foram produzidos de acordo com práticas agrícolas sustentáveis, sem o uso de pesticidas químicos ou fertilizantes sintéticos;
  • Selo Fair Trade: garante que as empresas pagam preços justos aos produtores agrícolas, respeitam os direitos trabalhistas, promovem a igualdade de gênero e investem em comunidades locais;
  • Certificação Rainforest Alliance: indica que os produtos agrícolas foram produzidos de acordo com práticas que protegem a biodiversidade, promovem a conservação dos recursos naturais e garantem a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.

Conclusão

A implementação do ESG no agronegócio traz diversos benefícios ao produtor rural, como acesso a taxas de juros mais favoráveis, abertura a novos mercados e aumento do lucro por safra. 

Para colher esses benefícios, os produtores rurais devem investir em digitalização e estratégias de governança que almejem promover a sustentabilidade e a responsabilidade social em suas operações. 

Ao fazer isso, estarão contribuindo para a preservação do meio ambiente, o desenvolvimento das comunidades rurais e o fortalecimento do setor agrícola como um todo.

>> Leia mais:

“Veja como adotar práticas de tecnologia e sustentabilidade na sua fazenda”

“O que é SAF: entenda tudo sobre os sistemas agroflorestais”

“Inteligência artificial no agronegócio: como ela vai beneficiar sua fazenda”

“ASG na agricultura: saiba como se beneficiar dessas práticas”

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Subsoladores: o que são e como utilizar

Subsoladores: as principais características, recomendações de uso e vantagens e desvantagens desse implemento agrícola

A agricultura tem tido grande evolução ao longo de sua história, principalmente com a invenção e o uso de equipamentos, maquinários e implementos que aumentam a eficiência e velocidade das atividades agrícolas.

O solo, muitas vezes chamado de “a metade esquecida” da produção vegetal, pode e deve ser monitorado e manejado para dar condições ideais ao crescimento das plantas.

Vários implementos agrícolas podem ser usados para corrigir parâmetros físicos do solo. O subsolador é um desses implementos de suma importância — porém, seu uso deve ser bem planejado e executado.

Neste artigo, vamos abordar as principais características desse implemento, seu uso, recomendações e as vantagens e desvantagens da sua entrada no sistema agrícola. Confira!

O que são subsoladores?

Os subsoladores são implementos agrícolas, bastante robustos, formados por hastes metálicas e têm a principal função de “quebrar” camadas condensadas de solo.

O implemento consiste em hastes profundas, muito rígidas, que conseguem penetrar no perfil do solo e, ao serem arrastados por máquina de tração, desfazem áreas condensadas do solo, causando descompactação.

Existem dois tipos básicos de subsoladores: montados ou de arrasto. Os subsoladores montados possuem rodas de ferro que auxiliam a sua movimentação e controlam a profundidade de subsolagem. Os subsoladores de arrasto são utilizados com rodas pneumáticas, mas têm as mesmas funções dos subsoladores montados.

Características dos subsoladores

Existem tipos diferentes de subsoladores e há, principalmente, variação no comprimento, número, tipo e distância entre hastes do implemento. As formas mais comuns das hastes são: reta vertical, reta inclinada, curva e parabólica.

A profundidade de atuação do subsolador, bem como a sua capacidade de explorar o perfil do solo, dependem principalmente do tamanho das hastes e da regulagem das rodas limitadoras.

Por atuar em camadas mais profundas e mover grande massa de solo, os subsoladores demandam uma grande potência do trator, sendo uma atividade de alto consumo de combustível se comparado à aração ou gradagem, por exemplo.

A Stara oferece subsoladores de alta qualidade
Exemplo de subsolador
(Fonte: Stara)

Recomendações de uso dos subsoladores

O uso de subsoladores é recomendado para romper camadas compactadas de solo em profundidades não alcançáveis para grades, arados ou escarificadores. Normalmente, os subsoladores atuam na área do perfil do solo entre 30 e 60 centímetros, podendo chegar a profundidades de até 1 metro.

Os subsoladores são recomendáveis quando há compactação de camadas mais profundas do solo. A compactação do solo é causada normalmente pelo tráfego constante de máquinas pesadas, com maior potencial de acontecerem em solos mais argilosos.

A compactação pode ser verificada por métodos de medição, como penetrômetros. O penetrômetro mede a resistência do solo à penetração e indica o seu grau de compactação. Já existem métodos de maior rendimento e precisão para mapear a compactação ao longo da área da propriedade rural.

É importante que essas medidas sejam feitas em algumas condições específicas — por exemplo, com o solo úmido, o mais próximo possível da capacidade de campo. Os valores do penetrômetro para decisão de recomendação da subsolagem dependem do tipo de solo e da sua variação com a profundidade.

Controle e acompanhe a manutenção das máquinas da sua fazenda

Vantagens do uso de subsoladores

A recomendação de uso de subsoladores, quando bem executada, pode trazer diversos benefícios ao sistema agrícola. Abaixo, citamos as principais vantagens da quebra das estruturas compactadas do solo em maior profundidade com subsoladores. Veja:

Diminuição da restrição física

A quebra das camadas compactadas diminui a resistência do solo, facilitando o crescimento da raiz. Ao explorar um maior volume de solo,a planta tem maior capacidade de absorção de água e nutrientes, além da maior sustentação da planta.

Maior infiltração de água e aeração

A subsolagem aumenta os micro e macroporos do solo, aumentando a aeração e criando espaços para a infiltração de água nas camadas mais profundas do solo.

Aumento da disponibilidade de nutrientes

Ao permitir a entrada de água e o crescimento de raízes, a subsolagem permite que os nutrientes nessas camadas do solo sejam disponibilizados e absorvidos pelas plantas. Além disso, permitem que os fertilizantes aplicados em cobertura atinjam camadas mais profundas do solo.

Favorecimento da microbiota do solo

O aumento da oxigenação e da infiltração de água nas camadas inferiores do solo facilita o desenvolvimento de microorganismos benéficos às plantas, potencializando a melhoria das características biológicas do solo.

Diminuição do revolvimento superficial

O uso de subsoladores não causa tanto revolvimento das camadas superiores do solo, como no caso do uso de grades, arados ou escarificadores superficiais. Isso evita a exposição e perda da matéria orgânica do solo.

Prevenção da erosão

Ao facilitar a entrada de água no perfil do solo, a subsolagem evita o escoamento superficial de água, diminuindo o carreamento superficial de partículas do solo e a erosão.

Em quais culturas os subsoladores são utilizados?

As culturas anuais normalmente apresentam um tráfego maior de máquinas e implementos, e essas atividades, safra após safra, tendem a causar maior compactação.

Culturas como milho e soja tendem a apresentar compactação após safras consecutivas, principalmente em solos argilosos, com alta incidência de precipitação/irrigação e altamente mecanizados.

A cultura da cana-de-açúcar também apresenta alta incidência de compactação. Culturas perenes, como café e citros, podem ter compactação nas entrelinhas e requerem uma atividade de subsolagem específica para evitar danos às raízes da cultura.

Diferenças entre escarificadores e subsoladores

Os escarificadores podem ser confundidos e recomendados para o papel dos subsoladores. Porém, há uma diferença importante entre os dois implementos: seus alcances em profundidade no solo.

No entanto, os dois implementos são recomendados para sistemas de cultivo mínimo, como é o caso do plantio direto, sendo técnicas recomendadas para a agricultura de conservação, visando ao aumento da sustentabilidade do processo produtivo.

Escarificadores e subsoladores não causam revolvimento excessivo do solo, como arados e grades. Por isso, são implementos que não provocam grande remoção da palhada na superfície do solo após a descompactação.

Conclusões

A atividade agrícola tem se modernizado em buscas de soluções cada vez mais sustentáveis para a manutenção ou aumento da produtividade, sem a necessidade de usar recursos em excesso.

O solo, um recurso primordial para o sistema agrícola, foi deixado de lado por muito tempo e agora passa a ser foco cada vez mais importante em busca de soluções sustentáveis.

Os sistemas de agricultura de conservação, com base em cultivo mínimo, tendem a causar problemas de compactação do solo, pelo baixo revolvimento das camadas do solo e o alto tráfego de máquinas pesadas.

O uso de subsolagem traz diversos benefícios às características químicas, físicas e biológicas do solo e aumenta a capacidade produtiva do sistema agrícola, evitando limitações à produção e permitindo explorar ainda mais o potencial produtivo das plantas.

>> Leia mais:

“Como uma boa gestão de máquinas agrícolas pode diminuir seus custos de safra”

“Moderfrota: o que é e como conseguir crédito para máquinas agrícolas”

“Renagro: como funciona o registro nacional de tratores e máquinas”

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Agricultura de baixo carbono: o que é e como fazer? 

Agricultura de baixo carbono: o que é, por que é importante ter tecnologias que reduzem o carbono, como aplicar ao campo, seus benefícios ao produtor e ao meio ambiente e mais! 

A agricultura brasileira é uma das principais fontes de alimento para o mundo. A variedade de culturas produzidas no Brasil, assim como sua quantidade, são alguns dos fatores para esse destaque mundial.

Entretanto, há alguns anos, a atenção do mundo tem se voltado para o clima — mais precisamente, para o aquecimento global.

Nesse sentido, a agricultura vem sendo pressionada e também tem pressionado medidas para minimizar os efeitos que os gases do efeito estufa (GEE) vem causando no planeta.

Para entender melhor esse cenário, confira neste artigo o que a agricultura tem a ver com a redução do carbono e por que, apesar de ser alvo de críticas, tem sido um dos principais setores a adotar técnicas para reduzir os impactos do aquecimento global.

Por que existem e quais são as tecnologias de baixo carbono na agricultura?

A agricultura tem recebido uma série de demandas da população mundial por causa dos moldes de sua produção. Com isso, alguns países têm incentivado formas de produção mais sustentável.

Isso ocorre por causa das mudanças climáticas, principalmente nos últimos anos, com chuvas acima da média, secas, geadas, granizos e outras intempéries que pressionam a agricultura, pois algumas atividades rurais emitem gases causadores do efeito estufa.

Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, a agricultura quer e precisa pressionar o desenvolvimento de tecnologias acessíveis aos produtores, para que eles adotem ações de mitigação dos GEE, pois as mudanças climáticas afetam diretamente a produção de alimentos.

Desse modo, políticas mundiais estão buscando a adoção de tecnologias agropecuárias sustentáveis para que este problema seja reduzido.

No Brasil, foi criado o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, resumidamente denominado Plano ABC.

“Este plano tem por finalidade a organização e o planejamento das ações a ser realizadas para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis, selecionadas com o objetivo de responder aos compromissos de redução de emissão de GEE no setor agropecuário assumidos pelo país”, segundo o governo brasileiro.

Para atender à sua finalidade, esse plano criou seis programas de tecnologia focados em mitigar os efeitos climáticos; e um último programa voltado à adaptação, visto que a mudança climática vem ocorrendo em maior escala.

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Plano ABC criado com a finalidade criar uma agricultura de baixo carbono no Brasil
(Fonte: MAPA)

Como as tecnologias agrícolas contribuem para a redução do carbono? 

O primeiro ponto a ser entendido é responder a seguinte pergunta: o que é carbono na agricultura? 

Para dar essa resposta, precisamos lembrar que o carbono tem sido um vilão, pois os principais gases responsáveis pelo efeito estufa são dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), e a agricultura e pecuária são grandes responsáveis pela emissão destes três gases.

Agora, voltando à pergunta, o carbono na agricultura é fundamental. Ele está presente no solo e na planta. E, por estar presente no sistema de produção, o carbono pode ser “resgatado” ou liberado para o ambiente.

Na agricultura, o carbono é liberado pelo processo de revolvimento do solo, como aração e gradagem, pelo uso de adubos nitrogenados, pelo desmatamento, por pastagens degradadas, pela exposição do solo e pelo diesel utilizado nos maquinários

Devido a esses fatores, foram desenvolvidas aquelas seis tecnologias presentes no Plano ABC, para que ocorra o “resgate” deste carbono atmosférico ou ao menos a sua redução.

A palavra “resgatado” se refere ao fato de as plantas utilizarem gás carbônico (CO2) no processo de fotossíntese, retirando esse carbono da atmosfera.

Esse carbono passa a ser parte constituinte das plantas, raízes, ramos e folhas, que, no momento da sua decomposição, passam a ser componentes do solo, pois se ligam aos minerais de argila, onde são utilizados pelos microrganismos do solo.

Para entender melhor como fazer uma agricultura de baixo carbono, vamos nos basear em quatro dos programas de tecnologias dispostas no Plano ABC, abordando onde e como cada um contribui para a redução do carbono.

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Programa 1: Recuperação de Pastagens Degradadas

Neste programa, a redução do carbono ocorre por meio da conservação do solo, pois, em áreas degradadas, o solo fica exposto, tem pouca matéria orgânica e é geralmente compactado, o que reduz a vida de seus microrganismos e prejudica o desenvolvimento das plantas.

Assim, em solos nestas condições, a retenção de carbono é reduzida drasticamente, favorecendo mais a sua liberação do que a sua retenção.

A consequência da recuperação de pastagens é maior quantidade de plantas saudáveis e matéria orgânica, maior quantidade e diversidade de microrganismos no solo e menor compactação.

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Pastagem degradada à esquerda e recuperada à direita
(Fonte: Embrapa)

Programa 2: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs)

Os sistemas de integração têm como finalidade a ocupação de terra com diferentes formas de produção agrícola e pecuária.

Em uma mesma área, há presença de árvores, culturas agrícolas (soja, milho, frutíferas e hortaliças) e também pode haver criação de gado, ovinos ou caprinos, o que confere diversidade ao meio ambiente.

Com isso, o solo tem sempre uma cultura ou restos de culturas; e, consequentemente, menor risco de erosão, maior ciclagem de nutrientes, pela presença de matéria orgânica proveniente das árvores e das culturas, e maior fixação de carbono e nitrogênio, tanto devido à presença de microrganismos do solo quanto pela respiração das plantas.

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Exemplo de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) (Fonte: Embrapa)

Programa 3: Sistema Plantio Direto (SPD)

Para adotar um sistema de plantio direto, o principal é o não revolvimento do solo, fator este que já contribui bastante para a redução de carbono.

Além disso, para que o sistema tenha funcionalidade, fazer adubação de cobertura é praticamente fundamental, pois as plantas conseguem ajudar a reciclar os nutrientes do solo, gerando matéria orgânica e contribuindo para a retenção de carbono.

Com solo mais equilibrado nutricionalmente, há redução da adubação, o que também é um fator que favorece a liberação do carbono. A boa condução deste sistema, com o passar dos anos, reduz a adubação das culturas.

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Sistema de plantio direto – não revolvimento do solo (Fonte: Embrapa)

Programa 4: Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN)

A fixação biológica de nitrogênio é amplamente conhecida pelos agricultores — principalmente pelos que produzem soja.

O nitrogênio fornecido para as plantas por meio da simbiose com as bactérias é o que faz a cultura da soja rentável, pois economiza cerca de 588 kg uréia/ha.

Além da soja, outras culturas podem se beneficiar dessa simbiose, como feijão, milho, alfafa, cana-de-açúcar, entre outras.

A fixação contribui para a redução dos gases do efeito estufa devido à economia gerada pela menor utilização de adubos nitrogenados.

Os adubos nitrogenados, principalmente a ureia, podem gerar liberação do N para a atmosfera por meio da volatilização da amônia e de óxido nitroso (N2O) — este último, um dos principais gases causadores do efeito estufa.

exemplo de perda de nitrogênio na agricultura de baixo carbono
Exemplo da perda de nitrogênio para a atmosfera (Fonte: A Granja)

Benefícios da adoção de práticas para redução de carbono

Como foi discutido ao longo do texto, as práticas da agricultura de baixo carbono são importantes para a redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa.

Sua importância é tanto social quanto climática, pois seus efeitos afetam diretamente a produção agrícola mundial.

Entretanto, as práticas que minimizam a emissão dos GEE trazem outros benefícios para os produtores rurais, como, principalmente, o aumento da produção.

Com a recuperação de pastagens degradadas, a quantidade de animais por hectare pode duplicar.

O uso de bactérias capazes de fixar nitrogênio nas plantas reduzem a quantidade de adubos nitrogenados e, devido à menor quantidade de adubo, geram economia para o produtor, além de ter um melhor aproveitamento do N advindo das bactérias.   

Não revolver o solo no SPD, além dos benefícios na agricultura de baixo carbono, também aumenta a palhada deixada no solo, que favorece a manutenção da umidade, a vida dos microrganismos e outros benefícios que aumentam a produtividade de diversas culturas. 

Outro benefício da agricultura de baixo carbono é o incentivo do governo por meio do Programa ABC, que é uma linha de crédito para que esses programas tecnológicos sejam implantados nas áreas agrícolas.

Essas linhas de crédito são fornecidas com taxas de juros menores para os produtores que buscam fazer atividades que reduzam a emissão dos GEE.

Outras práticas que podem gerar renda para o produtor brasileiro são os créditos de carbono. Essa remuneração pela redução dos GEE já é uma realidade em alguns países.

Para saber mais sobre esse crédito, leia o seguinte texto aqui no blog: Saiba o que é o sequestro de carbono na agricultura e como se beneficiar dele.

Conclusão

Neste texto, abordamos as principais tecnologias para a realização de uma agricultura de baixo carbono

Também falamos do impacto da agricultura na emissão dos gases causadores do efeito estufa, contribuindo negativamente e positivamente nesse cenário.

Exemplificamos algumas práticas agrícolas que contribuem para a redução de carbono e como ocorre essa redução.  

Por fim, mostramos outros benefícios que o produtor obtém ao realizar uma agricultura de baixo carbono em suas áreas.

>> Leia mais:

“Sequestro de carbono na agricultura e como se beneficiar dele”

“Consequências das queimadas no solo e os impactos para a agricultura”

“Agrometeorologia: saiba como ela é importante para a produtividade da lavoura”

Você já conhecia a agricultura de baixo carbono? Aproveite para compartilhar este artigo com a equipe que te ajuda a cuidar da lavoura.

Calcário calcítico: o que é e quando utilizar

Calcário calcítico: o que é, quais são os tipos de calcário, como escolher o melhor, quando utilizar, benefícios da calagem e muito mais.

Em geral, os solos brasileiros são naturalmente ácidos, apresentam baixa fertilidade e alumínio em níveis tóxicos para as plantas. Dessa forma, a calagem é uma prática fundamental na agricultura

Dentre os corretivos da acidez do solo, o calcário se destaca por ser o mais utilizado. Esse insumo é obtido pela moagem da rocha calcária e apresentado na forma de pó.

A seguir você pode conferir mais informações sobre os tipos de calcário e quando utilizá-los. Boa leitura!

O que é calcário calcítico

O calcário calcítico é um corretivo agrícola que tem em sua composição menos de 5% de óxido de magnésio. Em contrapartida, ele apresenta elevados valores de óxido de cálcio, de 45% a 55%. 

O calcário destinado à agricultura é dividido em três categorias de acordo com a concentração de óxido de magnésio (MgO): 

  • calcário calcítico;
  • calcário magnesiano;
  • calcário dolomítico.

 O calcário magnesiano tem em sua composição de 5% a 12% de óxido de magnésio e de 40% a 42% de óxido de cálcio. 

O calcário dolomítico tem mais de 12% de óxido de magnésio, porém apresenta baixo teor de óxido de cálcio, de 25% a 30%. 

Que tipo de calcário escolher e quando utilizar

A recomendação de calagem e a escolha do tipo de calcário dependem dos resultados da análise de solo e das necessidades da cultura a ser implantada.

O calcário dolomítico é o mais indicado para a maioria dos solos, por apresentar elevado teor de magnésio.

Os calcários do tipo magnesiano e dolomítico, além de neutralizar a acidez do solo, adicionam magnésio. Eles são a forma mais econômica de fornecer esse nutriente às plantas.

O mesmo não acontece quando se usa o calcário calcítico, que apresenta baixos valores de magnésio em sua composição. No entanto, é possível aplicar esse tipo de calcário e complementar a adubação com fertilizantes como sulfato de magnésio, carbonato de magnésio ou óxido de magnésio.

A relação entre cálcio e magnésio no solo deve ser de 3 a 4:1 mol (Ca:Mg). Nessa proporção, as plantas conseguem aproveitar os dois nutrientes sem que um interfira na absorção do outro.

Além dessas questões, é preciso se atentar aos custos. Em geral, o calcário rico em magnésio é mais caro que o calcítico.

No que diz respeito à correção da acidez do solo, o tipo de calcário não interfere na eficiência da calagem.

Como o calcário age no solo

Primeiramente, é importante deixar claro que o calcário precisa de tempo para reagir. Isso quer dizer que a calagem deve ser feita cerca de 2 a 3 meses antes do plantio da lavoura.

Além disso, o solo deve apresentar umidade superior a 80% da capacidade de campo para que as reações de solubilização do calcário ocorram. 

Após a aplicação do calcário no solo, ele reage com a água e libera Ca+2 (cálcio) e Mg+2 (magnésio), além de CO32¯ (carbonato) e HCO3¯ (bicarbonato). 

O carbonato e o bicarbonato possibilitam a formação de íons hidroxila (OH¯) que irão neutralizar os íons de hidrogênio livre (H+), responsáveis pela acidez do solo. 

Independente do tipo de calcário, a velocidade de reação depende da granulometria do produto, do grau de acidez do solo e se o corretivo foi ou não incorporado ao solo.

Benefícios da calagem

A calagem é uma prática indispensável na agricultura. Ela ajusta as propriedades químicas do solo às necessidades das culturas, o que viabiliza a produção em diferentes áreas. 

Confira a seguir os principais benefícios da calagem:

  • reduz a acidez do solo;
  • neutraliza a ação tóxica do alumínio (Al), ferro (Fe) e manganês (Mn);
  • fornece cálcio (Ca) e magnésio (Mg) para as plantas;
  • diminui a fixação do fósforo (P);
  • aumenta a disponibilidade de nutrientes, como nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), enxofre (S) e molibdênio (Mo);
  • aumenta a Capacidade de Troca Catiônica (CTC) do solo;
  • melhora a atividade microbiana;
  • favorece a fixação biológica do nitrogênio
  • favorece o desenvolvimento radicular das plantas;
  • aumenta a produtividade das culturas.

Culturas como a soja e o milho são bastante responsivas à calagem e têm aumentos significativos de produtividade.

Como determinar a necessidade de calagem

A necessidade de calagem é determinada pela análise de solo. Somente a partir dos resultados dessa avaliação é estabelecida a quantidade de calcário a ser aplicada. 

O cálculo de calagem pode ser feito pelos seguintes métodos:

  • método da saturação por bases (V%);
  • método do alumínio trocável;
  • método pH SMP.

É importante deixar claro que cada método é utilizado de acordo com a região do país. 

O método da elevação da saturação por bases é utilizado em São Paulo, no Paraná e em algumas regiões de Cerrado. O método de neutralização do alumínio é usado em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já o método pH SMP é aplicado nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Geralmente, a avaliação da exigência de calcário é realizada a cada 3-5 anos. 

Em solos mais arenosos, o intervalo de amostragem do solo deve ser menor. Isso porque os solos com maior teor de areia necessitam de calagem com maior frequência quando comparados aos solos argilosos.

Por fim, é preciso frisar que doses de calcário em excesso ou quando a operação de calagem é mal executada interferem na disponibilidade dos micronutrientes. Por isso é fundamental determinar a dose correta do calcário para que a cultura expresse seu potencial produtivo.

Para mais informações sobre a técnica da calagem e os tipos de calcário, confira nosso artigo “Calcário no solo: tipos, vantagens, como funciona e eficiência”.

Conclusão

O calcário é o principal corretivo agrícola utilizado na neutralização da acidez do solo. Ele é classificado com base na sua composição, podendo ser calcítico, magnesiano ou dolomítico.

A recomendação de calagem deve ser sempre orientada pelos resultados da análise de solo. Em geral, essa prática é realizada de 2 a 3 meses antes da semeadura

No sistema convencional, o calcário é distribuído a lanço e depois incorporado ao solo, geralmente a uma profundidade de 20 centímetros. No sistema de plantio direto, o corretivo é aplicado a lanço na superfície do solo e não é incorporado.

Os benefícios da aplicação do calcário são a correção da acidez, neutralização do alumínio e manganês, fornecimento de cálcio e magnésio para as plantas e maior desenvolvimento das raízes. Como consequência, há aumento da produtividade.

Restou alguma dúvida sobre o calcário calcítico? Você já utilizou em sua propriedade? Aproveite e assine nossa newsletter para receber mais conteúdos como este em seu e-mail!

O que é e como fazer adubação verde: Melhores práticas

Adubação verde: entenda o que é, como funciona, vantagens, características dos adubos verdes e muito mais

Os sistemas intensivos de produção agrícola têm acelerado o processo de degradação do solo e causado sérios impactos ambientais. Diante disso, é urgente a necessidade de se adotar práticas de manejo mais sustentáveis.

Essas técnicas possibilitam a manutenção da capacidade produtiva do solo a longo prazo. Se você produz, precisa ficar por dentro de como técnicas como adubação verde funcionam.

Confira a seguir informações sobre a adubação verde e entenda como essa prática pode ser vantajosa para sua lavoura. Boa leitura!

O que são adubos verdes?

A adubação verde é uma técnica agrícola para melhorar as condições do solo e aumentar sua capacidade produtiva. Consiste em cultivar determinadas espécies vegetais, que depois serão incorporadas ao solo ou roçadas e mantidas na superfície. 

Os adubos verdes podem ser usados como cobertura de solo na entressafra, protegendo o solo contra a radiação solar e a erosão. 

Fornecendo palha para o sistema de plantio direto, esses adubos favorecem a infiltração de água no solo.

Por terem raízes profundas, as plantas ajudam a descompactar camadas mais duras do solo e favorecem a circulação de água e nutrientes.

A técnica também pode ser utilizada para fixar nitrogênio atmosférico, contribuindo para a fertilização natural do solo e reduzindo a necessidade de adubação química.

Adubação verde: corte e deposição dos resíduos vegetais sobre o solo 
(Fonte: Universidade Estadual de Washington)

Como o adubo verde funciona?

A adubação verde pode ser realizada em rotação, sucessão ou consórcio com a cultura principal. No sistema de rotação, a área é dividida em talhões e cada talhão é plantado com o adubo verde de maneira rotacionada com a cultura de interesse comercial.

Em sucessão, o adubo verde é semeado na mesma área e antes da cultura principal. Nesse caso, as plantas utilizadas como adubo verde são manejadas antes do plantio da lavoura

Quando em consórcio, o adubo verde é plantado junto da cultura de interesse econômico, que pode ser cultivado na entrelinha em faixas intercaladas. Em alguns casos, o adubo verde é semeado no final do ciclo da cultura com o intuito de beneficiar a próxima safra.

O plantio das sementes é feito em linhas ou a lanço com posterior incorporação com grade niveladora. Na adubação verde, também pode ser feito um coquetel com sementes de diferentes espécies, como sorgo-forrageiro e crotalária

Outra alternativa de coquetel para adubação verde é a mistura de sementes de crotalária, feijão-guandu, mucuna-preta, sorgo-forrageiro e milheto.

Quais são as vantagens da adubação verde?

A adubação verde pode ajudar em vários pontos, desde a qualidade do solo até a redução de custos com insumos, promovendo uma agricultura mais eficiente e menos dependente de produtos químicos. 

Segundo a Embrapa, esse tipo de adubação promove a ciclagem de nutrientes, contribui para uma maior retenção de água no solo e melhora: 

  • Condições físico-químicas e biológicas do solo;
  • Incremento do teor de matéria orgânica;
  • Favorecimento de microrganismos que aumentam a absorção de água e nutrientes;
  • Fixação biológica do nitrogênio atmosférico;
  • Descompactação do solo, estruturação e aeração do solo;
  • Proteção do solo contra erosão (hídrica e eólica);
  • Proteção do solo contra radiação solar;
  • Manutenção da umidade das camadas superficiais do solo;
  • Controle de pragas, doenças e plantas daninhas;
  • Controle de fitonematóides;
  • Favorecimento da população de inimigos naturais;
  • Aumento da produtividade da cultura sucessora; 
  • Economia com fertilizantes;
  • Redução dos custos de produção.

As leguminosas, fixadoras de nitrogênio, são ideais para adubação verde, pois produzem biomassa rica nesse nutriente. 

Quando roçadas e incorporadas ao solo, melhoram as condições nutricionais e aumentam a matéria orgânica após a decomposição, liberando nitrogênio que é aproveitado pela cultura subsequente. 

Isso reduz a necessidade de fertilizantes nitrogenados, diminuindo custos e aumentando a produtividade. 

Além disso, as leguminosas favorecem a presença de fungos micorrízicos, que ajudam na absorção de nutrientes e água, e suas raízes criam canais no solo, melhorando sua estrutura e facilitando a infiltração e retenção de água.

Alelopatia: Qual a relação com adubação verde?

A alelopatia é o efeito efeito de substâncias químicas liberadas pelas plantas, vivas ou em decomposição, causam, inibindo o crescimento e/ou desenvolvimento de outras plantas.

Fenômeno muito importante na redução de populações de plantas daninhas e controle de nematoides, que pode ser causado por leguminosas usadas como adubo verde.

Assim, muitas espécies vêm sendo estudadas e descobertos inúmeros benefícios adicionais através da alelopatia.

A espécie leguminosa feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), por exemplo, se mostra como inibidora da planta daninha tiririca.

feijão de porco usado na adubação verde

Feijão-de-porco (Canavalia ensiformis)

(Fonte: Useful Tropical Plants)

Como deve ser feita a adubação verde?

É importante destacar a importância de escolher espécies de adubos verdes adaptadas às condições de clima e solo de onde será cultivada. Além disso, a época de corte das plantas é outro ponto que merece atenção. 

A biomassa aérea deve ser cortada antes das plantas produzirem sementes. O corte tardio dos adubos verdes pode gerar um grande problema. Afinal, as sementes serão liberadas no solo e têm grande potencial de se tornarem plantas invasoras na próxima safra.

Algumas espécies, como a mucuna-preta, apresentam dormência e podem germinar em diferentes épocas do ano, o que dificulta o controle. Por fim, a melhor época para a semeadura dos adubos verdes é no início da temporada de chuvas

Nesse período, as plantas acumulam maior quantidade de biomassa e nutrientes. No entanto, é justamente esse o único período viável para a semeadura da cultura comercial. Os adubos verdes são, geralmente, cultivados na entressafra.

Uma alternativa é cultivar as espécies de adubos verdes no final da estação chuvosa, após a colheita da cultura de interesse. Também é possível realizar a semeadura no veranico. Nesse caso, é importante escolher espécies de adubos verdes resistentes à seca.

Quais são os principais adubos verdes?

Plantas de diferentes famílias são utilizadas na forma de adubo verde, mas leguminosas são as preferidas e ocupam lugar de destaque, por serem capazes de realizar a fixação biológica do nitrogênio.

As leguminosas têm menor tempo de decomposição (baixa relação carbono/nitrogênio). Esse aspecto favorece a rápida disponibilização dos nutrientes para as culturas seguintes. Dentre as usadas na forma de adubo verde, destacam-se:

  • Amendoim-forrageiro;
  • Crotalárias;
  • Estilosantes
  • Feijão-bravo-do-Ceará;
  • Feijão-guandu;
  • Feijão-de-porco;
  • Labe-labe;
  • Mucunas;
  • Tremoços. 

As gramíneas também têm sido cultivadas para adubação verde. Em geral, elas se decompõem mais lentamente (alta relação carbono/nitrogênio) e permanecem no solo por mais tempo. Confira a seguir algumas gramíneas cultivadas como adubo verde:

  • Aveia-preta;
  • Azevém;
  • Braquiárias;
  • Milheto;
  • Sorgo-forrageiro.

A semeadura simultânea de diferentes plantas, como leguminosas e gramíneas, possibilita a cobertura do solo por mais tempo. Isso quando comparado ao cultivo solteiro de espécies leguminosas

Além das leguminosas e gramíneas, outras plantas são empregadas na adubação verde, como o nabo-forrageiro e o girassol.

Características das plantas de adubação verde

As espécies vegetais utilizadas como adubo verde devem apresentar algumas características agronômicas. São elas:

  • Sistema radicular profundo e ramificado;
  • Eficiência nutricional;
  • Tolerância ao alumínio;
  • Tolerância ao estresse hídrico;
  • Elevada produção de fitomassa e de sementes;
  • Sementes de fácil obtenção;
  • Rápido desenvolvimento;
  • Ciclo compatível com o sistema de produção;
  • Baixa suscetibilidade ao ataque de pragas e doenças;
  • Eficiência no controle de nematoides e plantas daninhas;
  • Capacidade de realizar a fixação biológica do nitrogênio.
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O que é SAF: entenda tudo sobre os sistemas agroflorestais

SAFs: o que são, qual sua importância na agricultura e na biodiversidade, o que é feito neste tipo de sistema, vantagens e desvantagens e mais. 

A agricultura tem passado por diversas modificações para reduzir os efeitos climáticos. No Brasil, vários sistemas têm sido estudados e implementados para alcançar uma agricultura sustentável.

Os sistemas como o SAFs buscam trazer melhorias sociais, econômicas e ambientais. Tudo isso acaba favorecendo o cultivo das culturas e a quem produz.

Neste artigo, vamos explicar o que é SAFs, qual seu objetivo, como realizar e mais informações importantes para produtores rurais. Aproveite a leitura!

O que significa SAFs?

A sigla SAFs significa sistemas agroflorestais. Ela se refere a uma junção de práticas agrícolas com florestais. Estes sistemas atuam na recuperação de áreas degradadas e florestas, permitindo um cultivo agrícola com um desenvolvimento sustentável.

Nestes sistemas, o plantio consorciado é feito entre plantas arbóreas nativas, frutíferas e/ou madeireiras e cultivos agrícolas anuais, bianuais ou perenes. Os SAFs ajudam na questão de melhorias de solo, microclima e biodiversidade.

Em relação à economia, os SAFs garantem renda ao longo do tempo para quem produz. Afinal, ele funciona através do cultivo de espécies diferentes com tempos de produção diferentes.

Como funcionam os sistemas agroflorestais no plantio consorciado

Em toda produção, o planejamento é o primeiro passo que você precisa dar. Para planejar corretamente um sistema agroflorestal, alguns fatores devem ser considerados. São eles:

  • Tipo de solo;
  • Clima;
  • Mercado consumidor;
  • Espécies;
  • Operações;
  • Custos;
  • Legislação;
  • Relevo;
  • Arranjo da área.

Observe esses aspectos antes da implementação. Afinal, uma definição de sistema agroflorestal errada pode trazer problemas de produção, o que pode levar a prejuízos na rentabilidade. 

Além disso, vale ressaltar que existem vários sistemas dentro dos SAFs. Eles podem ser agrossilviculturais, silvipastoris ou agrossilvipastoris. Entenda um pouco mais sobre cada um deles abaixo:

  • Agrossilviculturais: quando se tem o cultivo de árvores e plantio agrícola; 
  • Silvipastoris: cultivo de árvores associado com criação de animais;
  • Agrossilvipastoris: é a junção de árvores, culturas agrícolas e animais na mesma área, também conhecido como iLPF Integração Lavoura, Pecuária e Floresta.
Exemplificação de esquema de Sistemas Agroflorestal
Exemplificação de esquema de Sistemas Agroflorestal
(Fonte: Journals openedition)

O plantio nos SAFs deve ser feito para um maior aproveitamento do terreno. Nele, é preciso considerar o espaçamento entre plantas e entre linhas e a parte operacional, principalmente das culturas anuais.

Estes sistemas têm sido explorados principalmente em pequenas áreas, pois o sistema leva anos para ser instalado efetivamente. Em áreas menores, se tem maior controle das operações.

Entretanto, estes sistemas são possíveis em grandes áreas, com planejamento e execução adequados. 

planilha controle de custos por safra

Qual a importância da agricultura sustentável na agroecologia?

Assim como a escolha das árvores a serem implantadas deve ser correta, o uso de culturas agrícolas também deve ser planejado. Nesses sistemas, tudo é possível: árvores para extração (de madeira ou látex), árvores frutíferas, culturas bianuais ou anuais, dentre outros exemplos.

Um dos principais problemas para as culturas agrícolas nestes sistemas é a sombra das árvores maiores. Por isso, culturas que se adaptam bem a este tipo de ambiente mais sombreado já são consolidadas nestes sistemas. Esse é o caso do café, cacau e erva-mate.

Culturas como soja, milho e trigo também são utilizadas nestes sistemas. Entretanto, é necessário cuidado com o sombreamento, pois essas são culturas nas quais a falta de irradiação solar afeta diretamente a produção.

Caso você queira produzir estas culturas, o arranjo das árvores e espaçamentos devem ser feitos corretamente. Assim você evita o adensamento de árvores, dispondo-as no sentido que tenha maior entrada de luz entre as linhas.

Outra opção é realizar o cultivo destas culturas anuais somente no início do sistema. Assim, as árvores ainda estão se desenvolvendo, o que permite maior irradiação solar.

Alguns estilos de SAFs
Alguns estilos de SAFs 
(Fonte: Unesp)

Vantagens e desvantagens de utilizar o SAFs

Todos os modos de cultivo têm vantagens e desvantagens. Isso te ajuda a definir o melhor modo de cultivo para cada situação. Sabendo estes pontos, é possível programar e planejar ações que reduzam ou evitem as desvantagens e aproveitar ao máximo as vantagens.

Vantagens

  • Preservação do solo. Afinal, há sempre alguma cultura na área;
  • Redução da erosão. Isso acontece devido à presença das árvores auxiliam como barreiras;
  • Recuperação da fertilidade do solo. As folhas e cascas das árvores caem e se decompõem;
  • Controle de plantas daninhas. A área é feita de mais de um sistema de cultivo, e por isso os solos estão sempre “ocupados”;
  • Aumento da biodiversidade. Ocorre um aumento da microbiota e insetos do solo importantes para ciclagem de nutrientes e recuperação do solo;
  • Recuperação de áreas degradadas. Estes sistemas têm sido amplamente utilizados em áreas onde é necessária a recuperação do solo;
  • Rentabilidade ao longo do tempo. Por apresentam diferentes culturas com tempo de produção diferentes, os produtores geram renda ao longo de meses e anos;
  • Desenvolvimento sustentável. A fim de utilizar as áreas de modo com que evite alguns riscos ao meio ambiente, se tem uma produção sustentável, com maior infiltração de água, maior capacidade de absorção do solo;
  • Redução de custos. Em alguns casos de SAFs, é possível reduzir o uso de fertilizantes e até mesmo de agroquímicos, tornando a produção mais sustentável.

Desvantagens

  • É necessário maior conhecimento sobre as culturas implantadas na área agrícola;
  • Algumas culturas apresentam efeito alelopático em relação às outras, causando prejuízo no desenvolvimento e produção;
  • Quando as árvores estiverem altas, a luminosidade na área pode ser reduzida;
  • Competição por nutrientes, principalmente no início do sistema. Nesse momento, ainda não há equilíbrio da biodiversidade e há pouca presença de matéria orgânica, pode ocorrer competição pelos nutrientes disponíveis no solo;
  • Uma cultura pode ser hospedeira da doença ou inseto, perpetuando a sobrevivência destes na área. Isso pode gerar um complexo de pragas e doenças nos cultivos;
  • Caso não haja um bom planejamento operacional, a mecanização dos sistemas pode ser dificultada e podem haver mais gastos operacionais
diagnostico de gestao

Conclusão

Neste artigo, você ficou por dentro da importância que estes sistemas agroflorestais têm na agricultura atual. Ao implantar algum tipo de SAFs na sua área, não deixe de considerar os fatores mencionados no artigo para garantir boa produtividade. 

Por fim, você viu as principais vantagens desses sistemas, como a recuperação de áreas degradadas. Entretanto, também conferiu que há desvantagens que não podem ser ignoradas.

Na dúvida sobre implantar ou não um SAFs na sua propriedade, não deixe de contar com o apoio de uma pessoa especializada.

Você está pensando em implementar um desses sistemas na sua fazenda? Já sabia o que é SAFs? Assine nossa newsletter para ficar por dentro de mais informações como essa.

Genética na agricultura: qual a importância e por que ela vai mudar sua lavoura

Genética na agricultura: qual é o papel na agricultura, os impactos em soja, milho, café e algodão e fique por dentro das vantagens e desvantagens

Novas tecnologias são necessárias para alto rendimento e produtividade agrícola. Buscar inovações para prevenir e tratar doenças, pragas, nematoides e diminuir as consequências das mudanças ambientais é fundamental. 

Para conseguir todos esses objetivos, a presença da genética na agricultura é indispensável. Assim, saber como isso funciona e como aplicar é o primeiro passo para alcançá-los.

Nesse artigo, veja como o melhoramento genético pode influenciar no manejo da lavoura e entenda os impactos nas principais culturas agrícolas. Boa leitura!

Para que serve o melhoramento genético na agricultura?

Inicialmente, o melhoramento genético era feito pela escolha e cruzamento de espécies iguais ou muito parecidas. Porém, isso tornava a obtenção do resultado lenta e com possíveis modificações indesejáveis, já que não era uma técnica totalmente controlada.

Com os estudos direcionados à engenharia genética e à biotecnologia na agricultura, pesquisadores conseguiram modificar o DNA das plantas.

O papel da engenharia genética na agricultura é definir características agronômicas importantes a serem passadas para os seus descendentes.

Tudo isso é feito sem a necessidade de esperar o desenvolvimento da planta para assegurar que os genes foram repassados. Esse processo ocorre principalmente pelas sementes transgênicas.  

Atualmente, 92% da soja, 90% do milho e 47% do algodão cultivados em território nacional são modificados geneticamente. Ainda, vale lembrar que os organismos geneticamente modificados podem ser de primeira, segunda ou terceira geração. 

  • 1ª geração: plantas geneticamente modificadas com características agronômicas desejáveis, como resistência a herbicidas, pragas e vírus;
  • 2ª geração: plantas melhoradas nutricionalmente em quantidade e qualidade;
  • 3ª geração: plantas para a síntese de produtos especiais, como vacinas, hormônios e anticorpos.

Como é a aplicação da genética na agricultura?

Além da transgenia, existem outras técnicas empregadas no melhoramento genético: a seleção genética, a cisgênese, o silenciamento e a edição genética. Confira mais sobre eles a seguir.

Seleção genética

A seleção genética é feita através da seleção de plantas que apresentam características desejáveis. A partir disso, é feito o cruzamento para obter plantas híbridas com essas características.

Cisgênese

Essa técnica faz a transferência de DNA entre organismos compatíveis. É uma prática que acelera o processo natural. Ao invés de realizar diversos cruzamentos entre indivíduos da mesma espécie, apenas é feita a adição do gene necessário.

Silenciamento gênico

Diferente da transgênese e cisgênese, essa técnica “desliga” a função de um determinado gene. As plantas são alteradas para produzirem RNAi (RNA de interferência). Quando ingeridas por pragas ou patógenos, inativam genes fundamentais para sua sobrevivência.

Edição gênica

A edição gênica consiste em retirar e/ou adicionar trechos específicos de DNA. Atualmente, é muito utilizada na cana-de-açúcar, tornando-a mais tolerante à seca.

diagnostico de gestao

Vantagens e desvantagens do melhoramento genético

O melhoramento genético proporciona benefícios ao meio ambiente. Pela resistência ao ataque de pragas, diminui o uso de defensivos agrícolas. Consequentemente, diminui o consumo de água para o preparo dos defensivos e de combustíveis.

Afinal, isso reduz o uso de tratores e máquinas para a aplicação dos produtos. Porém, a utilização de produtos transgênicos pode proporcionar a eliminação de plantas que não foram modificadas geneticamente, devido à seleção natural. 

Além disso, o melhoramento genético pode diminuir espécies benéficas para a cultura utilizada, como abelhas. Em alguns casos, pode causar resistência a determinados defensivos.

Agora, veja mais detalhes sobre a importância da genética na agricultura nas culturas da soja, do milho, do café e do algodão. Confira:

Impactos na soja

Na soja, o melhoramento genético possibilitou melhoria na qualidade dos grãos, aumento do potencial produtivo e adaptação às condições ambientais. Além disso, o melhoramento ajuda na resistência às principais pragas da soja, na tolerância aos herbicidas e à seca.

Impactos no milho

O melhoramento genético no milho aumentou a produtividade e a eficiência na absorção do nitrogênio nas plantas. Além disso, também melhorou a resistência à seca.

Impactos no café

Uma das principais pragas que ataca o café é a broca do cafeeiro. Estudos são realizados por meio do melhoramento genético, para que o cafeeiro possa agir contra esse inseto.

Impactos no algodão

Pesquisas foram realizadas para que o algodoeiro recebesse genes da bactéria Bacillus thuringiensis. Esses genes estão presente na tecnologia Bollgard II RR FLEX™ (registrada pela Bayer), atuando contra as principais lagartas da cultura: 

  • curuquerê-do-algodoeiro (Alabama argillacea)
  • lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella)
  • lagarta-da-maçã (Chloridea virescens)
  • falsa-medideira (Chrysodeixis includens). 

Essa tecnologia flexibiliza o manejo de plantas daninhas do algodão, devido à resistência à aplicação do glifosato.

O uso de produtos transgênicos faz mal à saúde?

Até o momento, não houve relatos sobre consequências negativas para a saúde humana e animal. No Brasil existe a Lei 11.105/05, que regula as atividades com transgênicos, sendo uma das mais rigorosas do mundo.

A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) é o órgão responsável por avaliar cada organismo geneticamente modificado, seguindo as normas estabelecidas pela lei 11.105/05.

Além disso, um transgênico é estudado durante anos antes de chegar à mesa da população, isso para garantir a segurança alimentar e ambiental. Vale ressaltar que esse tempo depende da cultura, mas pode chegar a até 20 anos para ser desenvolvido.

Produtos transgênicos aprovados no Brasil pela CTNBio de 1998 a 2023
Produtos transgênicos aprovados no Brasil pela CTNBio de 1998 a 2023
(Fonte: CropLife Brasil)

Conclusão

Plantas modificadas geneticamente são uma excelente escolha para quem quer aumentar a produtividade da sua lavoura, diminuir custos com defensivos agrícolas e danos ao ambiente. 

Além disso, plantas geneticamente modificadas causam melhorias na qualidade nutricional dos alimentos, como o aumento do teor de vitaminas e proteínas. 

Para que novas tecnologias sejam desenvolvidas, é fundamental o apoio a investimentos em pesquisas. E para garantir o melhor uso de sementes geneticamente modificadas, é necessário buscar ajuda de profissionais da agronomia.

Já sabia sobre genética na agricultura? Aproveite para compartilhar esse artigo com a equipe responsável pela escolha da cultivar da sua lavoura.