5 coisas para saber que evitam a deriva de defensivos

Deriva de defensivos agrícolas: tamanho de gotas, escolha do bico, altura da barra e outras orientações para você não ter perda de produtos por deriva.

Pior do que aplicar um produto e não ver resultados, é pulverizar e ver que prejudicou as culturas sensíveis de áreas próximas.

Esse é um dos problemas da ocorrência da deriva, além da perda de produtos e aplicação de doses inadequadas em campo.

O fato da deriva ser tão comum nos mostra que não é fácil controlar essa questão na tecnologia de aplicação de defensivos.

Aqui reunimos as principais maneiras de reduzir a deriva e não prejudicar suas culturas (e nem as do vizinho). Confira!

O que é deriva de defensivos agrícolas?

É quando a aplicação do defensivo agrícola não chega ao alvo. A deriva também é definida como o movimento do defensivo no ar durante ou após a aplicação, não atingindo o local desejado.

Como sabemos, é fundamental que o defensivo atinja o local desejado, pois caso isso não ocorra estaremos perdendo dinheiro, tempo e, consequentemente, reduzindo a produtividade.

Comportamento dos defensivos agrícolas no ambiente

Comportamento dos defensivos agrícolas no ambiente
(Fonte: Campos Moraes (2012))

Mesmo com tantas informações sobre tecnologia de aplicação, podemos nos perder um pouco na hora da escolha de critérios para a tomada de decisão.

Pensando nisso, Ferrer (2014) elaborou um modelo de tomada de decisão em tecnologia de aplicação de defensivos.

Modelo conceitual de decisões em tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários

Modelo conceitual de decisões em tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários
(Fonte: Ferrer (2014))

Se quiser saber mais sobre tecnologia de aplicação, leia também o texto: “Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: as melhores práticas” e “Acerte nas aplicações de defensivos com planejamento agrícola”.

Além disso, em outro trabalho (Marasca et al. (2018)) estudaram a distância que pode chegar a deriva de produtos de acordo com a modalidade de aplicação em condições ideais e adversas. 

Observe que os valores de porcentagem de deriva podem aumentar em até 128% quando a aplicação dos defensivos ocorre em condições adversas.

deriva

Distância máxima de deriva e aumento desta em função de aplicações realizadas em diferentes modalidades e condições climáticas.
(Fonte: Marasca et al. (2018))

Agora, vamos para as principais dicas que evitam essa deriva de defensivos agrícolas!

1. Peso e diâmetro de gotas: essencial para não ocorrer deriva de defensivos

O diâmetro e peso de gotas é um dos principais fatores que afetam a deriva. Gotas com tamanho de 50 a 100 μm são classificadas como muito finas, sendo aquelas mais suscetíveis à deriva.

Manual de tecnologia de aplicação

Manual de tecnologia de aplicação
(Fonte: Andef)

Classificação das gotas e o risco de deriva

Classificação das gotas e o risco de deriva
(Fonte: Jacto)

Já, as gotas grandes são mais pesadas e por isso sua trajetória é praticamente vertical, isso confere uma maior resistência à deriva. 

Lembrando que gotas maiores resultam em menos cobertura da planta e, por isso, são mais utilizadas com defensivos sistêmicos, enquanto que gotas pequenas (finas) são recomendadas para produtos que precisam dar cobertura à planta, ou seja, àqueles de contato.

Por isso, sempre prefira usar gotas médias a grossas quando o produto permitir e as condições climáticas não estiverem propícias (como veremos na dica a seguir).

deriva

(Fonte: Jacto)

2. Condições climáticas durante as aplicações de defensivos

Para evitar a deriva, no momento da aplicação as condições climáticas precisam ser ideais. 

A recomendação é que a aplicação seja feita quando a temperatura for menor que 30°C, a umidade relativa do ar seja maior que 50%, além de velocidade do vento entre 3 e 7 km/h.

Manual de tecnologia de aplicação

Manual de tecnologia de aplicação
(Fonte: Andef)

Ventos com velocidade acima de 10 km/h contribuem para um aumento da deriva do produto, principalmente se o tamanho das gotas for fina ou muito fina, podendo atingir outras áreas de aplicação que não as desejadas. 

Entretanto, ventos com velocidade menor que 4 km/h podem reduzir a penetração dos produtos nas partes inferiores das plantas.

Para fazer a aplicação dos defensivos sempre nas melhores condições climáticas, é necessário monitorar o tempo.

3. Adjuvantes para evitar a deriva de defensivos agrícolas

Os adjuvantes podem ter diversas funções e uma delas pode ser antideriva.

Funções dos adjuvantes
(Fonte: R-TEC AGRO)

Um estudo feito por Costa et al. (2014) concluiu que o uso de óleo mineral e agente antideriva reduz a suscetibilidade à deriva em aplicação de glifosato + 2,4-D.

Adjuvantes na deriva de 2,4-D + glifosato em condições de campo
(Fonte: Costa et al., 2014)

4. Escolha corretamente a ponta de pulverização

Para escolha da ponta adequada, devemos conhecer os componentes do bico de pulverização.

Os bicos de pulverização são formados por:

  • Corpo
  • Peneira
  • Ponta
  • Capa

(Fonte: Santos e Cesar)

A escolha do bico de pulverização adequado vai ajudar a reduzir as perdas por deriva e garantir maior uniformidade na aplicação.

Vários fatores devem ser levados em consideração na hora da tomada de decisão, uma delas é qual o alvo que desejamos atingir.

Existem vários tipos de ingredientes ativos e vários alvos a serem controlados, como plantas daninhas, pragas e doenças.

Assim, primeiro defina o seu alvo, como por exemplo se ele está no solo ou na planta, como mostra a figura abaixo:

(Fonte: Agrozapp)

5. Pressão adequada, altura da barra e cobertura

Para evitar deriva e aplicar corretamente o defensivo, a altura da barra deve ser de aproximadamente 50 cm em relação ao alvo, mas o melhor é que você mude a altura dependendo do alvo, como mostramos abaixo:

Altura ideal da barra de pulverização em relação ao alvo

Altura ideal da barra de pulverização em relação ao alvo
(Fonte: Santos (2013))

Depois veja se a cobertura é a ideal, ou seja, se a quantidade de gotas do produto é suficiente.

Uma boa cobertura do alvo está relacionada a:

  • Tipo de produto
  • Tamanho de gota
  • Surfactantes
  • Volume do produto aplicado
Cobertura, pressão, deriva e vida útil dos defensivos agrícolas

Cobertura, pressão, deriva e vida útil dos defensivos agrícolas em função do tipo de bico de pulverização
(Fonte: Adegas (Embrapa Soja))

O tipo de produto envolve a formulação (granulado, pó molhável, pó solúvel, concentrado emulsionável, solução aquosa, suspensão concentrada ou grânulos dispersíveis).

Além da formulação, outras características que precisam ser observadas são:

  • Como o produto é absorvido (aplicação em pré ou pós-emergência);
  • Se o produto degrada com a luz;
  • Qual o tempo necessário para o produto ser absorvido;
  • Se ele é sistêmico ou de contato;
  • Se ele é volátil (essa é uma das principais características associados ao alto risco de deriva).
Tipos de bicos, pressão de aplicação, características e indicações de uso

Tipos de bicos, pressão de aplicação, características e indicações de uso
(Fonte: Embrapa Uva e Vinho)

Conclusão

Aqui vimos o que é deriva e quais as dicas para reduzir o risco de ocorrências.

Você viu cinco dicas importantes que podem lhe auxiliar para realmente atingir o alvo de aplicação desejado, não causando danos às outras culturas.

Com a redução da deriva, mais produtos chegam ao alvo, controlando plantas daninhas, pragas e doenças, o que consequentemente ajuda na manutenção das altas produtividades. 

Ao planejar sua aplicação, consulte sempre um engenheiro(a) agrônomo(a), leia e siga todas as instruções e precauções da bula do produto. 

Agora que você entendeu mais sobre como evitar a deriva de defensivos, que tal começar a aplicar essas dicas na hora da pulverização?

>> Leia mais:

“Entenda os princípios e benefícios da pulverização eletrostática na agricultura”

Gostou do texto? Têm mais dicas sobre como evitar a deriva de defensivos agrícolas? Adoraria ver o seu comentário abaixo!

Consultoria financeira no agro: amplie seus serviços como consultor

Consultoria financeira: veja como é possível ampliar e diversificar os serviços do consultor ao prestar consultoria financeira no agro.

“Trabalho de segunda a segunda, mas no fim do mês não me sobra nenhum dinheiro”. Você, como consultor, já deve ter ouvido algo parecido, não é mesmo?

Que tal se você pudesse ajudar seu cliente produtor a diversificar os serviços prestados e ainda faturar com isso?

A consultoria financeira no agro pode ser a solução!

Assim, você ajuda a saúde financeira da propriedade e, ainda, tem mais lucratividade no negócio. Sendo algo bom para o consultor e para o assessorado!

Veja a seguir que existe todo um processo de preparação para realizar essa consultoria financeira, mas que pode trazer muitos benefícios. Entenda como funciona, confira comigo!

O que é consultoria financeira e qual sua importância?

A consultoria financeira envolve análise, organização e planejamento das finanças do negócio.

Resumindo: ela analisa a situação financeira da propriedade/produtor, os fluxos de entrada e saída de dinheiro, bem como a lucratividade da empresa rural.

A partir disso, o consultor financeiro é quem consegue identificar os gargalos do negócio e propor mudanças, visando a melhoria da rentabilidade de seu cliente.

Como funciona uma consultoria financeira no agro?

Uma propriedade rural é como qualquer empresa e, portanto, deve visar a excelência em seus processos para obtenção de lucro. 

No agro ainda temos algumas peculiaridades, pois o mercado é complexo e o sistema totalmente dependente do clima. 

Grande parte dos produtores não encaram sua propriedade como uma empresa e, muitas vezes, as finanças da casa se misturam com as do negócio.

Assim, pouco controle é feito sobre o que entra e sai de dinheiro e como resultado, o dinheiro vai embora sem nem perceber.

O papel da consultoria financeira no agro é entender a realidade de cada cliente e, baseado em dados coletados, identificar problemas financeiros e propor soluções.

O passo a passo da consultoria financeira rural

A necessidade de cada cliente é diferente e depende da organização, situação financeira atual, atividade que realiza, além das aspirações que se tem para o negócio. 

Por isso, um passo de cada vez.

No início, geralmente cuidamos da organização dos dados para então analisá-los, sendo a fase de diagnóstico.

Com a atual situação da empresa rural em mãos e após a análise de mercado, é traçado o planejamento estratégico para a propriedade.

Esse planejamento é feito de acordo com os dados coletados e na sua própria experiência, mas a palavra final é do produtor e segundo seus objetivos. Por exemplo, se ele pretende expandir os negócios, focar em alguma atividade ou deixar de fazer outra.

Mas o serviço de consultoria não acaba aí! Embora a execução ou não das propostas seja inteiramente da decisão do produtor rural, cabe ao consultor agrícola acompanhar o andamento do projeto e propor as alterações necessárias de acordo com o desempenho.

Por isso, é muito importante a realização de relatórios de desempenho para criar e cumprir metas.

Tipos de consultoria financeira no agro

A consultoria financeira no agro pode ser de dois tipos: empresarial e pessoal.

Na empresarial, o foco do consultor são as finanças da empresa, ou seja, a propriedade rural. Já na consultoria pessoal, as finanças pessoais do cliente são o foco.

Dada a complexidade do meio rural e a recorrente mistura das finanças “da casa” com as do negócio, na prática a consultoria financeira deve mesclar um pouco das duas.

Primeiro, deve-se analisar a situação financeira atual e identificar a que pertence cada item. Depois com os processos identificados, faz-se análises separadas “da casa” e outra do negócio. 

É bom lembrar que o produtor vive (na maioria da vezes) exclusivamente daquela atividade, por isso é importante que o planejamento dimensione corretamente um pró-labore para o produtor.

Como prestar consultoria financeira no agro

Se você, consultor do agro, deseja ampliar seus serviços e prestar consultoria financeira, primeiro tenha em mente alguns aspectos importantes.

1. Prepare-se

A parte técnica da produção agropecuária, com certeza, é de seu domínio. Contudo, as finanças podem não ser.

Antes de mais nada, é importante se familiarizar com os termos e a teoria que envolve a parte financeira de uma empresa.

O primeiro passo é sempre o mais difícil, não desanime! Com dedicação a gente chega lá.

Existem cursos online e gratuitos que ajudam a se preparar e entender sobre finanças. Separei aqui alguns cursos online do Sebrae que podem ser úteis nessa jornada:

2. Vá devagar…

Com o conhecimento adquirido, pode-se começar a analisar as finanças da empresa de consultoria ou das finanças pessoais. Será que elas estão em dia?

Ao adquirir mais experiência, o consultor pode prestar esse serviço também aos clientes da consultoria agrícola.

3. Soluções da consultoria financeira

A experiência e análise do consultor faz enxergar coisas que muitas vezes o dono do negócio não vê.

Atividades não lucrativas, desorganização, erros em processos e conflitos entre as partes (principalmente em empresas familiares) são comuns e facilmente identificáveis para quem é “de fora”.

O fluxo de caixa – tão importante, mas tão negligenciado – é fundamental em uma consultoria financeira. Muitos dos erros empresariais estão aí!

Por isso, muitas vezes vale a pena investir em um software que traga essas soluções de maneira muito mais ágil e facilitada, dando a você uma diferenciação e mais tempo para expandir seu negócio.

Quanto ganha um consultor financeiro no agro

Não existem dados específicos para consultores financeiros autônomos do agro, mas segundo o site de empregos Vagas, o salário médio de um consultor autônomo é cerca de R$5.300, variando entre R$3 a R$9.5 mil.

Quais as vantagens de uma consultoria financeira

A consultoria financeira apresenta um raio x da saúde financeira da propriedade e permite prescrever a “medicação” correta para os males que a afligem.

Se a avaliação for bem feita, consegue-se reduzir e gerir os custos, além de avaliar as possibilidades de captação de recursos e de possíveis mercados a serem explorados.

Em casos críticos e com a estratégia correta, é possível recuperar empresas que estão no vermelho. 

Com isso, além de um plano a seguir, o produtor terá mais tempo para se dedicar à sua atividade, com liberdade para tomar decisões com mais clareza.

Um grande potencial para gerar lucro!

Para o consultor, além de auxiliar e possibilitar a geração de lucro dos clientes, pode-se ampliar os serviços e explorar uma área ainda pouco atendida no meio rural.

Ferramentas para auxiliar sua consultoria financeira

Uma consultoria financeira bem feita no agro deve manter registros e informações detalhadas sobre as finanças de seus clientes, para que possa propor soluções corretas e auxiliar a tomada de decisão.

No começo, organizar esses dados em uma planilha pode facilitar a vida. Dessa forma, cada cliente teria uma planilha específica com suas finanças.

Mas com uma cartela maior de clientes e muitas informações para lidar, dessa maneira o controle tende a ficar complicado.

Softwares de gestão agrícola como o Aegro, podem facilitar essa rotina. Com o Aegro você consegue integrar todas as informações, suas e de seus clientes, desde as finanças até as operações agrícolas que serão realizadas. São muitas as opções!

8-painel-controle-aegro

Desse modo, os dados ficam todos sincronizados online e com fácil visualização e controle.

O que permite extrair informações mais facilmente, que auxiliam nas orientações de sua consultoria financeira e proporcionam uma tomada de decisão mais certeira.

Conclusões

Como acompanhamos no texto, a consultoria financeira no agro pode ser um diferencial para os serviços do consultor.

Atuando nessa área, você pode contribuir para a melhoria do negócio de seus clientes e também da sua própria consultoria!

Além disso, vimos também que existem ferramentas que ajudam nessa tarefa, desde simples planilhas até softwares de gestão agrícola – como o Aegro – que facilitam a sua vida e de seus clientes.

Restou alguma dúvida sobre consultoria financeira? Você presta ou gostaria de prestar serviços desse tipo? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço!

Tudo sobre o manejo da Laranja Hamlin

Laranja Hamlin: desde a implantação do pomar até o manejo de adubação e irrigação, plantas daninhas e fitossanitário. 

Nos últimos anos, o plantio de laranjas doces precoces, como a Hamlin, aumentou nas principais regiões produtoras do país.

Essas cultivares precoces (Hamlin, Westin e Rubi) representam 23% das variedades dos pomares paulistas.

Isso garantiu aumento da produtividade dos pomares e maior oferta de frutos de qualidade para consumo in natura e para a indústria.

Mas afinal, quais as principais características dessa cultivar? E quais os manejos adequados? Confira a seguir, essas e outras informações sobre a Laranja Hamlin! 

Laranja Hamlin, uma cultivar precoce

A Laranja Hamlin (Citrus sinensis (L.) Osbeck) pertence ao grupo das laranjas doces comuns, assim como a valência.

Isso significa que quando madura apresenta níveis de acidez que podem variar de 0,9% até 1%.

Sendo considerada de maturação precoce a meia-estação, seus frutos podem entrar no mercado entre os meses de maio até agosto, dependendo da região de cultivo.

Os frutos da Laranja Hamlin são pequenos a médios, contêm poucas sementes e apresentam casca fina de coloração amarelada.

Frutos de Laranja Hamlin

Frutos de Laranja Hamlin
(Fonte: Florida Citrus Varieties)

Além disso, possuem baixos teores de suco, de açúcares (ou sólidos solúveis) e são ligeiramente ácidos.

Seu suco apresenta coloração clara quando comparado ao de outras cultivares, não sendo o ideal para processamento.

Entretanto, o principal destino para a Laranja Hamlin é a indústria de processamento para produção de suco concentrado.

Isso acontece porque as plantas, além de precoces, são muito produtivas e garantem grande quantidade de frutos em época de escassez.

Como podemos observar no gráfico abaixo:

Período de colheita por variedade SP

Período de colheita por variedade e porcentagem da produção do estado de São Paulo 
(Fonte: Markstrat – CitrusBR)

A Laranja Hamlin, como precoce, é uma das principais cultivares que alimentam a indústria de processamento para suco concentrado.

Sua precocidade permite que a indústria inicie as atividades semanas antes da maturação das demais cultivares.

Além dela, as laranjas pêra (meia-estação), valência e natal (tardias), garantem o processamento no período de maio a dezembro.

Os frutos da Hamlin também podem ser comercializados em pequena escala no mercado interno de frutas in natura.

A implantação do pomar de Laranja Hamlin

As laranjeiras são plantas perenes e permanecerão no campo por muitos anos, por isso, a implantação é um período crítico para seu sucesso.

Independente da cultivar, devemos nos atentar a pontos-chave antes e durante o plantio. 

Confira mais sobre implantação de pomares cítricos.

Manejos do pomar cítrico

A fim de alcançar elevadas produtividades, os pomares cítricos requerem manejos de adubação e irrigação, plantas daninhas, fitossanitários e outros.

1. Escolha do porta-enxerto e adensamento de plantio

Na época de obtenção das mudas, antes mesmo da implantação do pomar, precisamos determinar o espaçamento e o porta-enxerto.

Assim como para outras espécies frutíferas, o porta-enxerto tem forte influência sobre o desenvolvimento da copa da Laranja Hamlin.

Dentre os principais utilizados atualmente no Brasil, a Laranja Hamlin não apresenta incompatibilidade com nenhum deles.

Exemplos de incompatibilidade de enxertia entre copas e porta-enxertos de citros
(Fonte: Oliveira et al. (2006) – Embrapa)

Portanto, a escolha deve ser feita de acordo com as necessidades da região de cultivo e da lavoura.

Para pomares irrigados, por exemplo, não há necessidade de usar porta-enxertos resistentes à seca.

Os porta-enxertos podem influenciar no vigor, produtividade, precocidade de produção, qualidade dos frutos, tolerância seca e resistência a patógenos.

Para a Laranja Hamlin, o uso do Flying dragon – de baixo vigor, facilita o adensamento e garante produtividade superior a de outras cultivares.

Produtividade de laranjeiras Embrapa

Produtividade de laranjeiras (Citrus sinensis L. Osbeck.) Hamlin, Natal e Valência enxertadas sobre Flying dragon (Poncirus trifoliata L.) no espaçamento 4m x 2m em Bebedouro (SP). 
(Fonte: Embrapa, 2012)

2. Manejo da adubação e irrigação

A adubação e irrigação são fatores que influenciam diretamente na produtividade de pomares cítricos.

Esse processo começa com a análise de solo, continua na correção e se concretiza na adubação.

Pode ser realizado via solo ou foliar, de acordo com as necessidades do pomar no decorrer do ciclo produtivo.

Sendo assim, é um processo dinâmico que deve iniciar antes da implantação e ter acompanhamento constante, buscando atender as necessidades das plantas.

Para uma melhor adubação, confira em Adubação em Citros: 3 dicas para ser ainda mais eficiente

A irrigação, por sua vez, pode influenciar diretamente no florescimento das plantas cítricas, já que o florescimento é estimulado pelo estresse hídrico.

Em pomares irrigados, principalmente em regiões de clima tropical, podemos antecipar o florescimento regulando o fornecimento de água.

Veja mais sobre a florada do citros.

3. Manejo de plantas daninhas

Nos pomares cítricos, as plantas daninhas podem ocasionar danos diretos e indiretos.

Danos diretos são resultado da competição por água, luz e nutrientes, que leva à redução da quantidade e qualidade dos frutos colhidos.

Estima-se que as perdas de produtividade devido à competição direta com plantas daninhas possam variar de 20% até 40%.

Enquanto os danos indiretos estão relacionados ao fato das plantas daninhas serem hospedeiras em potencial para pragas, doenças e nematoides.

A Laranja Hamlin tem apresentado boa produção quando livre de plantas daninhas, principalmente nas estações mais secas.

Os manejos realizados nos pomares cítricos para o controle de daninhas, baseiam-se no uso de herbicidas na pré e pós-emergência e de roçadeira ecológica.

Outra alternativa viável é o cultivo de culturas intercalares de interesse econômico (como quiabo, berinjela e abacaxi) ou adubos verdes. 

Esses métodos integrados de manejo das plantas daninhas se destacam por evitarem a interferência, promovendo menor impacto ambiental.

Nome comumNome científico
capim-marmeladaBraquiaria plantaginea (link.) Hitchc
capim-coloniãoPanicum maximum Jacq.
capim-colchãoDigitaria horizontalis (Retz). Koel
capim-carrapichoCenchrus echinatus L.
capim-pé-de-galinhaEleusine indica (L.) Gaertn
grama-sedaCynodon dactylon (L.) Pers
capim-favoritoRhynchelitrum repens (willd.) C.E. Hubb
capim-amargosoDigitaria insularis (L.) Fedde
grama-batataisPaspalum notatum Flugee
capim-braquiáriaBraquiaria decumbens Stapf.
tiriricaCyperus rotondus L.
trapoerabaCommelina spp.
picão pretoBidens pilosa L.
guaxumasSida spp.
caruruAmaranthus spp.
falsa-serralhaEmilia sonchifolia (L.) DC.
mentrastoAgeranthum conyzoides L.
picão-brancoGalinsoga parviflora Cav
cordas-de-violaIpomoea spp.
beldroegaPortulaca oleraceae L.

Principais espécies de plantas daninhas de ocorrência nas áreas citrícolas
(Fonte: Adaptado de Victoria Filho et al. (1991))

4. Manejo fitossanitário

As laranjeiras e outras plantas cítricas são alvo de grande quantidade de pragas e doenças.

Ácaros, pulgões, lagartas, psilídeos, cochonilhas, cigarrinhas e formigas são exemplos das pragas causadoras de danos, sendo alguns deles vetores de doenças.

Doenças como a verrugose, a gomose e a pinta preta são algumas das doenças fúngicas que acometem os pomares cítricos.

Enquanto das doenças bacterianas se destacam o Huanglongbing (HLB) ou Greening, a clorose variegada dos citros (CVC) e o cancro cítrico.

Atualmente, os principais entraves da citricultura brasileira estão relacionados à ocorrência das doenças bacterianas do cancro cítrico e do HLB.

Isto porque, para estas duas doenças, há determinação legal que exige que as plantas infectadas sejam arrancadas, a fim de evitar a disseminação dos patógenos.

Portanto, para manter os pomares cítricos em bom estado fitossanitário é necessário vigilância constante e sistemática.

Monitoramento da presença do psilídeo

Monitoramento da presença do psilídeo (Diaphorina citri), inseto transmissor do HLB em pomares cítricos
(Fonte: Fundecitrus)

Amostragens e/ou inspeções periódicas são essenciais para a detecção e diagnóstico da ocorrência de pragas e doenças.

E uma vez verificado o problema, deve-se buscar a recomendação técnica adequada para a resolução do problema.

A melhor estratégia para o controle de pragas e doenças é a prevenção e isto deve acontecer desde o início do plantio.

Conclusão

A Laranja Hamlin é uma cultivar essencial para a citricultura brasileira, principalmente para a produção do suco concentrado.

Assim como outras cultivares, seu manejo requer cuidado e atenção desde as primeiras etapas do pomar até as inspeções periódicas.

Neste texto você viu características, implantação do pomar e métodos diversos de manejo. 

Um pomar bem cuidado e com os manejos adequados é garantia de longevidade e bons frutos nas colheitas.

>>Leia mais:

Como ter uma produção de mudas cítricas de boa qualidade

Tudo sobre a produção de laranja pêra

E você, quais manejos realiza em seu pomar de Laranja Hamlin? Deixe o seu comentário abaixo!

Como fazer a aplicação de fósforo para milho de altas produtividades

Fósforo para milho: doses recomendadas e mais estratégias para potencializar sua produção com este nutriente. 

O sucesso na produção é baseado no equilíbrio do solo, da planta e do ambiente. 

No solo, quando os nutrientes estão em níveis adequados as plantas conseguem completar seu ciclo com excelência, o que resulta em ganhos produtivos. 

Quando falamos de nutrientes e produção em milho, jamais esquecemos do fósforo (P), essencial para a lavoura.

A seguir vamos mostrar como fazer as recomendações de fósforo para milho, quais os fatores de interferência e mais. Vamos lá!

Importância do fósforo para o milho 

É normal que a fertilidade de solos de clima tropical seja considerada baixa, com teores de fósforo bem reduzidos. 

Desta forma, a adubação mineral fosfatada permite explorar melhor o potencial produtivo da planta de milho, conseguindo aumentar a produtividade

O P está envolvido na fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de energia, divisão celular, crescimento das células, além de contribuir na qualidade do grão de milho

Sua disponibilização deve ser feita desde o início da cultura, pois plantas mais jovens apresentam maiores absorções, acarretando crescimento dinâmico e bom desenvolvimento de raízes. 

Porém, no milho o fósforo é um dos macronutrientes de menos exigências, ficando somente na frente do enxofre. Em estudos, relata-se que a planta de milho extrai cerca de 10 Kg de P para cada tonelada de grão produzido. 

Mas, por que grande parte do total de gastos com fertilizantes é devido ao fósforo? 

Bom, esse nutriente tem uma forte interação com as partículas sólidas do solo, o que o torna indisponível para a planta e ainda se relata que 80% a 90% do P absorvido é exportado para os grãos, o que requer reposição constante. 

Assim, para conseguir maximizar essa aplicação de fósforo, temos algumas dicas que você pode ver a seguir.

O que conhecer antes de estabelecer as doses de adubação?

1- Expectativa de produtividade

Conforme aumenta a produtividade, tem-se maior extração de fósforo e, portanto, precisamos fornecer maiores doses.

extração média de fósforo pelo milho

(Fonte: IPNI)

2- Análise de solo em toda safra

Conhecer a disponibilidade real do fósforo no solo exige que sejam feitas análises em toda safra, considerando também as manchas de solo.

Vemos alguns agricultores que fazem só a “receita de bolo” da dose de 400 kg/ha de NPK 08 28 16, ano após ano. 

Nos primeiros anos a receita dá certo, muito provavelmente devido aos teores naturalmente baixos de fósforo nos solos brasileiros.

Porém, com o passar do tempo e dependendo do tipo de solo, os teores de fósforo vão aumentar e não será mais necessário essa fórmula (que por sinal, é cara). 

Assim, podemos chegar em outras formulações mais baratas e que vão atender plenamente a produção, além de gerar economia no final da safra.

Também é necessário conhecer seu solo por meio dessas análises.

Por exemplo, se for uma área com maior teor de matéria orgânica, já sabemos que menos fósforo estará disponível para as plantas, já que o P é fortemente ligado a essas moléculas.

3- Condições climáticas

Volume de chuvas, temperatura, dentre outras condições climáticas, interferem na disponibilidade dos nutrientes. 

Quanto mais seco estiver, menos solução do solo temos para que a planta absorva água e nutrientes.

4- Objetivo da cultura

Se o milho é para semente, apenas produção de grãos ou silagem, as doses recomendadas de fósforo podem mudar.

Para silagem, além dos grãos, a parte vegetativa também é removida. Por isso, como mostra a tabela anterior, há alta extração e exportação de nutrientes.

Consequentemente, problemas de fertilidade do solo deverá se manifestar mais cedo na produção de silagem do que na produção de grãos.

No entanto, para fósforo em silagem não muda muito em termos de doses de adubação, já que 80% deste nutriente ficam nos grãos da espiga.

Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada à produção de grãos e silagem, em diferentes níveis de produtividades
(Fonte: Embrapa)

5- Momentos certos de aplicação

É importante conhecer como a planta de milho exporta e acumula fósforo na sua matéria seca, para que possamos saber o momento correto de disponibilizar o nutriente.

fósforo para milho

(Fonte: INPI)

Como suprir a demanda de fósforo do milho: Recomendações de adubação

Primeiro, verifique o nível de fertilidade que deve ser feito se baseando nos valores da análise de solo, podendo inferir se os teores de fósforo estão muito baixos, baixos, médios, altos ou muito altos, de acordo com o teor de argila.

Interpretação das classes de teores de fósforo nos solos e doses recomendadas para milho

Interpretação das classes de teores de fósforo nos solos e doses recomendadas para milho
(Fonte: Coelho e França; Embrapa e IPNI)

Feito isto, o produtor poderá vincular o teor com a produtividade desejada e desta forma conseguirá obter uma quantidade em kg/ha de P2O5 como mostrado nas tabelas a seguir.

Recomendações de fósforo no sulco de plantio
Recomendações de fósforo no sulco de plantio safrinha

Recomendações de fósforo no sulco de plantio
(Fonte: IPNI)

No entanto, existem outras estratégias de adubação que o produtor pode seguir.

Quais as estratégias de manejo do fósforo na sua lavoura de milho? 

A utilização eficiente dos fertilizantes fosfatados é resultante da interação de boas práticas que afetam diretamente a disponibilidade de P no solo e seu uso pelas plantas de milho.

Tanto o milho safra, quanto o safrinha e o para silagem existem três estratégias básicas de manejo.

A primeira consiste no aumento da disponibilidade do elemento no solo através da adubação corretiva, a segunda visa manter a fertilidade do solo pela adubação de manutenção e a terceira tem o intuito de reposição

Relação entre o rendimento relativo de uma cultura e o teor de um nutriente no solo
(Fonte: Recomendações de Adubação)

Dose corretiva: esta é utilizada quando se deseja elevar os teores de fósforo no solo até condições ótimas, ou seja, elevar a classe do teor de P com o intuito de ultrapassar o teor crítico.

Esse aumento de teor de fósforo não é tão fácil, devido ao comportamento desse nutriente quando estamos tratando da sua relação com os coloides do solo.

Desta forma, nota-se que nesse tipo de adubação são exigidos dosagens pesadas, visto que essa adubação servirá tanto para aumentar a disponibilidade de P no solo quanto para a planta suprir sua demanda. É aqui que fazemos a fosfatagem.

Essa estratégia é mais voltada para solos com baixa fertilidade, o que não é difícil de verificarmos aqui no Brasil.

Dose de Manutenção: é uma adubação na qual é utilizada para manter os níveis de fertilidade do solo para os anos subsequentes, sendo uma adubação baseada na extração da planta.  

Dose de Reposição: é uma adubação baseada somente na exportação da planta de milho, isto é, o quanto daquele nutriente é colhido em forma de produto devendo ser reposto.  

Como calcular as doses nessas outras estratégias de adubação?

De maneira geral, para esse tipo de adubação você deve apenas verificar a tabela de extração e exportação abaixo, pegar um valor de extração que ache mais correto dependendo do trabalho (ou a média deles) e multiplicar para a transformação de P2O5 (multiplicar por 2,29136). 

Nutrição de Safras

(Fonte: Nutrição de Safras)

Sem contar com a eficiência desse fertilizante, o que para P geralmente é apenas 20% devido à sua fixação no solo.

Por exemplo, para a dose de reposição:

Média de exportação pelo milho = 3,15 Kg de P por tonelada de grãos de milho.

Se eu pretendo produzir 10 toneladas de milho por hectare, então a cultura exportará 31,5 Kg de P.

Mas, como o fertilizante é em P2O5, tenho que multiplicar esse valor por 2,29:

2,29 x 31,5 = 72,2 Kg/ha

Como normalmente a eficiência é de apenas 20%, temos como dose final:

(100 x 72,2)/20 = 361 Kg/ha

Adubação de fósforo para milho em plantio direto e para milho safrinha

Diversos trabalhos mostram resultados de que o fósforo também pode ser aplicado a lanço no sistema de plantio direto sem perda de produtividade, mas desde que os níveis desse nutriente estejam adequados.

Outra dúvida que sempre fica é a questão de antecipar a adubação de fósforo na cultura de verão, esperando suprir a demanda de nutriente para o milho safrinha

Ressaltamos que isso é possível também sem perda de produtividade, mas há ressalvas. Nesse caso, isso só dá certo se o solo estiver com quantidades significativas de fósforo, sendo necessário apenas a adubação de exportação.

Se esse for o seu caso, então some a adubação de seu cultivo de verão (normalmente soja, na famosa dobradinha soja-milho) com a adubação de milho.

Baixe grátis a planilha de Estimativa da Produtividade do Milho

Conclusão 

Neste artigo vimos a importância crucial do fósforo para as lavouras de milho e ainda citamos como este nutriente auxilia na potencialização de produção.

Levantamos os fatores importantes que devem ser estudados antes de realizar a adubação fosfatada. 

Além de demonstrarmos as recomendações e as metodologias utilizadas, cada qual com a sua finalidade. 

>> Leia mais: 

Potássio para milho: Por que é tão importante e como fazer seu manejo

Restou alguma dúvida quanto à adubação estratégica do fósforo para o milho? Como você realiza esse manejo em sua plantação? Deixe seu comentário abaixo!

Como melhorar a aplicação de defensivos para pragas do milho

Aplicação de defensivos para pragas do milho: Veja a melhor maneira de utilizar inseticidas, além da época e condições ideais para controle efetivo. 

A cultura do milho possui diversas pragas e, por isso, muitas vezes é necessário recorrer ao uso de defensivos agrícolas. 

As lagartas do milho, por exemplo, se não controladas podem causar até 50% de perdas na produtividade.

Mas você sabe a melhor maneira de utilizar os inseticidas? E o momento ideal da aplicação?

Essas perguntas podem até parecerem irrelevantes, mas são ideais para que se conheça todo o processo que envolve a aplicação de defensivos para pragas do milho.

Vou te explicar com mais detalhes a seguir, além do melhor manejo, o uso da tecnologia e época de aplicação. Confira! 

As pragas do milho

Na cultura do milho podemos detectar a presença de diversas pragas e doenças que prejudicam a produtividade agrícola. 

O uso de defensivos agrícolas tem o objetivo de controlar tanto insetos como ácaros, fungos, nematoides e plantas daninhas

Sendo assim, vamos falar sobre o controle de insetos-praga com o uso de inseticidas na cultura do milho. 

Os principais insetos que podem causar injúrias nesta cultura são:

  1. Corós (família Melolonthidae)
  2. Larva-arame (Conoderus scalaris)
  3. Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon
  4. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
  5. Larva-alfinete (Diabrotica speciosa
  6. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda
  7. Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea
  8. Broca-da-cana (Diatraea saccharalis)
  9. Percevejos (Dalbulus sp. e Dichelops spp.) 

Como você já deve saber, essas pragas não ocorrem ao mesmo tempo na cultura. Algumas causam maiores problemas no período inicial, outras na fase vegetativa e outras na fase reprodutiva. 

pragas-cultura-milho

E o que isso tem a ver com o controle químico desses insetos? 

Saber a época dos ataques dessas pragas é fundamental para garantir o controle efetivo da população da espécie que se deseja reduzir. 

Quando aplicar os inseticidas?

No passado, era costume que muitos produtores rurais fizessem aplicações de inseticidas de maneira calendarizada. 

Haviam épocas pré-determinadas para realizar as pulverizações na lavoura de milho. Porém, essa forma de aplicação não é aconselhável, pois pode gerar efeitos indesejáveis ao produtor. 

Hoje, com o manejo integrado de pragas (MIP), a ideia não é excluir o uso do método, mas utilizá-lo de uma forma que não seja banalizado e que se faça o uso correto da tecnologia. 

No MIP, recomenda-se a integração de vários métodos para reduzir as populações das pragas. 

O controle químico é um desses procedimentos e pode ser utilizado com base no nível de dano da praga.

O ideal é entrar com aplicação inseticida no momento em que a população atingir o nível de controle. 

Veja abaixo alguns níveis em que há necessidade de medidas de controle das pragas, podendo optar pelo controle químico. 

níveis de controle pragas do milho

Para saber o nível de controle de cada praga é necessário fazer o monitoramento. Você pode conferir as principais formas neste texto: Por que você deve fazer monitoramento de pragas e como iniciá-lo?”.

Após o monitoramento, pode-se fazer a tomada de decisão.

Da mesma maneira deve acontecer com o controle biológico para que o uso dos produtos seja efetivo.

Aplicação de defensivos para pragas do milho: Áreas com tecnologia Bt

O uso da tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis) para controle de lagartas na cultura requer alguns cuidados e, por vezes, é necessário complementar com a aplicação de defensivos para pragas do milho.

É muito importante que você saiba como fazer o manejo da resistência de pragas e junto  com o monitoramento e as práticas do MIP, com certeza, terá grandes chances de sucesso na lavoura.

Mas se mesmo com todos os cuidados for necessário o controle químico, fique atento a algumas diferenças do controle convencional. Como, por exemplo, o nível de dano em que se deve entrar com controle. 

Lembre-se que a tecnologia Bt não controla percevejos, por isso, o nível de controle para esses insetos deve ser o mesmo das áreas convencionais. 

aplicação de defensivos para pragas do milho

Nível de controle para lagartas em milho – em áreas de refúgio e Bt
(Fonte: Pioneer Sementes)

Condições para aplicação de defensivos para pragas do milho

Bom, você fez todos os passos, observou sua lavoura de milho, fez monitoramento e chegou à conclusão que vai utilizar inseticidas para controle da praga (ou das pragas) que está causando problemas na sua plantação

Mas qual seria a melhor forma de aplicar? Alguns aspectos importantes devem ser observados.

Estágios da planta

Como as pragas não atingem a planta ao mesmo tempo, o estágio fenológico deve ser levado em consideração no momento da aplicação. 

O melhor momento é no período para controlar a geração da praga, normalmente, chamado de janela de aplicação

Grupos químicos dos inseticidas

Os inseticidas têm modos de ação distintos que podem ser utilizados para controlar uma mesma praga. 

Para evitar que a tecnologia do produto se perca é importante rotacionar o modo de ação dos inseticidas, ou seja, não utilizar o mesmo produto por muito tempo e intercalar com aqueles de modo de ação diferentes. 

Não é recomendado que se repita a mesma mistura pronta de inseticidas e, caso utilize mistura, não use inseticidas que apresentem o mesmo modo de ação na próxima janela de aplicação. 

Prefira os defensivos seletivos aos inimigos naturais, devido à ação desses organismos no agroecossistema com o controle biológico natural.

Além disso, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para lhe fornecer todas essas informações. 

Veja abaixo algumas recomendações para o momento correto da aplicação (quando a praga estiver no nível de controle), para milho não-Bt (ou convencional), milho Bt e área de refúgio. 

milho não Bt
milho bt
refúgio mínimo 10% da área
aplicação de defensivos para pragas do milho

(Fonte: IRAC – Brasil (Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas – Brasil)

Condições climáticas

Outro fator muito importante no momento de fazer as aplicações com inseticidas é saber o momento certo do dia, em que as condições climáticas favoreçam e não prejudiquem o efeito dos produtos sobre as pragas.

No momento da aplicação é ideal que a temperatura esteja entre 20 a 30 °C, a umidade do ar entre 60 a 90% e a velocidade do vento não ultrapassando os 10 km/h – para que não ocorra desperdício e deriva do produto. 

Tecnologia de aplicação dos produtos

Por último e não menos importante: esteja sempre atento à tecnologia de aplicação dos produtos. 

A deposição correta do produto sobre a planta vai garantir o controle efetivo na redução populacional da praga e também vai evitar que ocorra desperdício. 

Por isso, verifique sempre se o equipamento utilizado está com as pontas ideais para aquela aplicação e se o tamanho e a densidade das gotas estão corretas e uniformes. 

Na cultura do milho são muitos os insetos que, se não controlados no momento ideal, vão causar grandes problemas por permanecerem, em grande parte do desenvolvimento, dentro da planta. 

Como no caso das espécies Spodoptera frugiperda, a lagarta-do-cartucho, e Diatraea saccharalis, a broca-da-cana. 

Dessa forma, a tecnologia de aplicação vai contribuir, e muito, para a eficácia do controle químico. 

Conclusão

A cultura do milho possui diversas pragas que, se não controladas, podem causar sérios prejuízos ao produtor.

O controle com aplicação de inseticidas é um dos métodos que pode ser utilizado no manejo integrado de pragas.

Vimos neste artigo que para saber a real necessidade de controle das pragas, o monitoramento deve ser feito tanto nos cultivos convencionais de milho como para áreas em que se utiliza milho-Bt e áreas de refúgio

E, também, que para um controle efetivo é importante saber quando, como e quais produtos devem ser utilizados. 

>> Leia mais: 

7 dicas dos especialistas para uma safra de milho verão ainda melhor

Essas dicas te ajudaram? Como você realiza aplicação de defensivos para pragas do milho? Conte para a gente nos comentários.

Como escolher o melhor trator agrícola para a realidade de sua fazenda

Trator agrícola: veja os principais nas categorias de pequeno, médio e grande porte e mais dicas de como escolher o melhor para sua propriedade

Utilizar uma frota mal dimensionada pode encarecer a operação na propriedade. Além disso, utilizar a máquina errada também pode trazer problemas e prejuízos.

Tratores pequenos e compactos são ideais para o dia a dia no campo. Porém, eles não servem para operações que demandam maiores fontes de potência. 

Por outro lado,  tratores grandes e robustos gastam muito combustível para utilização em atividades cotidianas. Assim sendo, eles podem apresentar custos fixos elevados.

Para te ajudar a escolher o trator agrícola ideal para a sua propriedade, reunimos os melhores tratores agrícolas de cada categoria (pequeno, médio e grande porte), além de te oferecer outras dicas. Boa leitura!

O que é um trator agrícola?

Os tratores agrícolas são máquinas multifuncionais utilizadas em diversas atividades, como na agricultura. O trator agrícola é uma máquina projetada para transformar a energia química em energia mecânica útil para a realização de trabalho.

Essa energia útil pode ser utilizada para as mais diversas funções no campo. Essas máquinas agrícolas podem ser classificadas de acordo com os seguintes critérios: tipos de rodado e chassi. De acordo com os tipos de rodado, eles podem ser:

  • De 2 rodas: chamado também de trator de rabiça, esse tipo de trator necessita que o operador auxilie no processo motriz, caminhando atrás do implemento agrícola;
  • De 3 rodas: mais comumente usado em cultivos em linhas, esse tipo de trator conta com duas rodas traseiras e uma pequena dianteira;
  • De 4 rodas: o mais utilizado na agricultura, ele possui 2 rodas traseiras e duas dianteiras. Esse trator pode ser ainda dos tipos 4RM ou 2RM. Os tratores de 2 RM tem duas rodas traseiras e duas rodas dianteiras menores, apenas para direcionamento. Já o 4RM tem as 4 rodas grandes motrizes;
  • De esteira: são tratores que não tem rodas propriamente ditas, mas sim um sistema motriz baseado em uma esteira.

De acordo com o tipo de chassi, os tratores podem ser classificados em: rígidos ou articulados. Os tratores articulados permitem uma maior transferência de potência do trator para o solo, aumentando a capacidade de tração. 

Porém, eles normalmente apresentam menor versatilidade para acoplamento de implementos e maior dificuldade de manobras.

Tratores Pequenos (até 100 cv)

São conhecidos por serem utilizados em todos os tipos de propriedades por conta da sua versatilidade. Os tratores pequenos são equipamentos mais estreitos, ideais para atividades como cultivo de frutas, granjas e lavouras de café.

Além disso, podem ser acopladas lâminas dianteiras, pulverizadores agrícolas no engate de três pontas ou até mesmo equipamentos de arrasto.

Tratores dessa categoria possuem cerca de 55 cv e 100 cv. Por serem compactos, são muito versáteis e bastante eficientes, seja em peças de reposição como no consumo de combustível. Nessa categoria, os tratores que merecem meu destaque são:

Trator Agrícola: Massey Ferguson 4707 (75 cv)

Esse trator vem se destacando no mercado pela possibilidade de sair configurado cabinado ou não, dependendo da necessidade dos clientes. Esse modelo foi o vencedor da categoria até 100 cv na Agrishow 2021.

Com motor aspirado AGCO Power de 3 cilindros e turbo intercooler, o equipamento merece destaque pela sua capacidade de entrega de potência. Ainda, merece destaque pela grande eficiência no consumo de combustível.

O sistema hidráulico também proporciona fluxo máximo de 65l/min a uma pressão de 200 bar. Ela é ideal para atividades cotidianas de fazendas de silagem e grãos. E, ainda, oferece capacidade de opcional de telemetria para melhor gestão do equipamento.

(Fonte: Vale Rural)

John Deere 5078E (78 cv)

Esse é um trator muito versátil, que pode ser tanto cabinado quanto plataformado. Ele é ideal para realização de grande parte das operações diárias das propriedades de médio porte.

Ele possui um motor aspirado de 4.5L que fornece potência e eficiência em consumo de combustível. Essa característica une desempenho e qualidade durante todo o trabalho.

Para os produtores que adquirirem este equipamento em uma das concessionárias da rede, o fabricante fornece garantia de 3 anos ou 2000h de uso. Isso, é claro, desde que sejam seguidas as manutenções do trator com peças e serviços via concessionário.

Ela também conta com equipamentos passíveis de acoplar lâminas ou carregadores frontais, roçadeiras ou outros acessórios disponíveis. Esses acessórios são compatíveis com os presentes no mercado de máquinas e implementos agrícolas.

(Fonte: John Deere)

Valtra A94 (99 cv)

O Valtra A94 (99 cv) foi vencedor do prêmio “Trator do Ano”, na Agrishow 2019, em sua categoria de até 100 cv. Esse trator também é equipado com um motor aspirado AGCO Power de 3 cilindros e turbo intercooler, destacado pela eficiência e qualidade.

Assim, o Valtra A94 possui controle remoto no acionamento do sistema hidráulico. Ainda, possui a capacidade de acionar duas válvulas a um fluxo máximo de 57l/min com uma pressão de 200 bar.

A caixa de transmissões 12×12 com reversão mecânica ou eletro-hidráulica garantem a eficiência e o alto rendimento. Esse trator também oferece capacidade opcional de telemetria para melhor gestão do equipamento.

Juntamente com o modelo A93F cabinado, eleito o trator especial do ano na Agrishow 2021, eles formam uma linha que tem grande apreço entre os produtores brasileiros.

trator
(Fonte: Valtra)

Tratores médios (100 cv a 200 cv)

Os tratores de médio porte podem variar em 100 cv a 200 cv dependendo da marca e modelo. São tratores com maior potência, melhor capacidade nos sistemas hidráulicos e na maioria dos casos, transmissões com maior durabilidade.

As vazões hidráulicas geralmente ficam em torno de 65 L/min a 120 L/min. É muito importante que você observe o conjunto de trator de implemento que será utilizado na propriedade.

Além disso, a maioria desses tratores também possuem itens de série ou opcionais tecnológicos. Eles asseguram melhorias nas operações realizadas em campo.

Massey Ferguson MF 7719 DYNA-6 (115 cv)

Eleito o melhor trator na categoria entre 100 cv e 200 cv na Agrishow 2021, esse trator é recomendado para uso em diversas culturas agrícolas e em várias condições de campo.

Ele é equipado com motor eletrônico AGCO Power de 6 cilindros e potência de 195 cv. 

É um trator que combina potência, resistência e controle, tendo ótimo aproveitamento para produtividade na lavoura. Por possuir um sistema eletrônico de transmissão, se torna um trator de ótimo controle, sendo bastante versátil para quem produz. 

Além disso, esse motor apresenta a possibilidade de operação combinada com o uso. Ao mesmo tempo, possui dois sistemas dianteiro e traseiro de levante.

(Fonte: Massey Ferguson)

Trator Agrícola: John Deere 6115J (115 cv)

O trator John Deere 6115J possui versatilidade para uso em culturas de grãos, pecuária e em plantação de cana-de-açúcar. Por ter porte médio, ele propicia força e consumo de combustível e, dessa maneira, o resultado é o baixo custo operacional.

Ele pode ser equipado com um pacote de luzes para o trabalho noturno, no qual são instaladas duas luzes de serviço na frente da cabine e duas voltadas para trás sobre os pára-lamas.

Além disso, são equipamentos passíveis de receber soluções de gerenciamento agrícola como piloto automático, telemetria e afins.

(Fonte: John Deere)

Case IH Puma 185 (182 cv)

O trator Case IH Puma 185 faz parte da categoria de linha de média potência. 

É um trator que pode ser utilizado em operações mais pesadas como preparo de solo e até mesmo como semeadora agrícola.

Com cabine ergonômica e amplo campo de visão, esse trator é bem versátil nas diversas operações agrícolas.

Sua transmissão semi-powershift seleciona a melhor marcha para a rotação escolhida e carga tracionada. Isso proporciona economia de combustível e de trabalho nas marchas adequadas.

Outra vantagem desse equipamento é a possibilidade de financiamento via Finame, como alguns de outras marcas.

(Fonte: Case)

John Deere 7200J (200 cv)

Esse trator da John Deere possui suspensão no eixo dianteiro, que aumenta o rendimento da produtividade em 8%. Devido à sua motorização, esse trator é ideal para operações mais pesadas que demandam maior força de tração.

Apesar de ter motores potentes, o sistema de injeção de combustível eletrônico de alta pressão é o Common Rail. Ele garante a melhor eficiência operacional e assegura bom consumo de combustível.

Assim, os tratores dessa linha já saem de fábrica com sistema JDLink e piloto automático. Isso serve para aumentar as eficiências produtivas e melhorar as eficiências operacionais.

Essa linha de tratores também possui um sistema conhecido como IMS (Sistema de Gerenciamento do Implemento), que permite gerenciar até 5 comandos:

  • Avanço das marchas;
  • Bloqueio do diferencial;
  • Tração dianteira;
  • Levante hidráulico;
  • TDP (Tomada de Potência).

Além disso, a série também possui opções canavieiras que contam com ajustes de bitolas de até 3 m. Isso evita o amassamento da soqueira de cana.

(Fonte: John Deere)

Tratores Grandes (acima de 200 cv)

Os tratores de grande porte devem ser comprados com bastante cuidado. Eles possuem grande fonte de potência e a sua ociosidade pode encarecer os custos da fazenda.

São tratores que variam em média de 200 cv a 400 cv. Eles possuem grande robustez e capacidade para operar em longas e exigentes jornadas de trabalho.

Grande parte dessas máquinas agrícolas já vêm equipadas de série com diversas ferramentas para agricultura de precisão, telemetria e conectividade.

Eles também contam com maiores vazões hidráulicas (cerca de 120 L/min a 180 L/min). Porém, consomem mais combustível devido à sua maior fonte de potência.

Trator Case Magnum AFS Connect 400 (400 cv)

Esse é o trator de grande porte mais aprovado pelos produtores brasileiros e foi o vencedor da categoria acima de 200 cv na Agrishow 2021. Ele é recomendado para grandes propriedades de produção de cana e grãos. 

Ele possui conectividade, o que permite seu uso com ferramentas tecnológicas de piloto automático, geolocalização e agricultura de precisão.

Além disso, essa máquina apresenta sistemas que aumentam sua eficiência e diminuem as emissões de gases e o uso de combustível. A telemetria e controle do trator também estão disponíveis ao usuário. 

(Fonte: Case)

Trator Agrícola: John Deere 8400R (400 cv)

Esse é um dos tratores mais potentes produzidos no Brasil e certamente um equipamento perfeito para trabalho em grandes extensões rurais. Afinal, elas necessitam de ótimos rendimentos operacionais.

Possui pneus duplos na traseira para garantir menor compactação do solo, maior tração e flutuação. Consequentemente, a manutenção dos pneus agrícolas é fundamental. 

Esse modelo de trator é equipado com uma transmissão E23 Powershift com gerador de eficiência, que assegura 16% mais economia. Além disso, ele é ajustado sempre para o ponto de maior eficiência e menor consumo de combustível.

Também pode ser equipado com um pacote de luzes de LED que garantem cobertura 360° e melhoria no trabalho noturno. Sendo assim, são 40% maior alcance e 45% menor consumo de energia.

O 8400R é um trator agrícola extremamente tecnológico, recebendo também o prêmio de trator do ano em sua categoria (acima de 200 cv) na Agrishow de 2019.

Se equipado com pacotes de agricultura de precisão como sistemas de direcionamento automático, realiza até as manobras de cabeceira de maneira automatizada.

(Fonte: John Deere)

New Holland T9.700 Smarttrax (682 cv)

A New Holland lançou um trator de esteira para grandes áreas com grande potência de tração. É um novo conceito de rodado que garante menor compactação e força de tração, mesmo em condições desuniformes de terreno.

Portanto, para grandes grupos que necessitam de ótimos rendimentos operacionais de centenas de hectares por dia, esses tratores maiores são excelentes opções.

Além de durabilidade e robustez, todos os rolamentos são blindados e lubrificados, o que acaba com a necessidade de lubrificação diária. Como o chassi é único dos rodados, não há necessidade de mecanismos complexos de alinhamento das correias.

No quesito tecnológico, os equipamentos desse trator agrícola são os melhores do mercado. Eles podem ser:

  • sistemas de direcionamento automático;
  • monitores inteligentes;
  • sistemas de telemetria;
  • controle de navegação;
  • Isobus para compatibilidade com implementos agrícolas diversos.
(Fonte: New Holland)

Trator agrícola: tipos existentes no mercado e como escolher o melhor equipamento

No ramo agrícola existe uma infinidade de tratores e marcas disponíveis no mercado, adequados para cada operação. 

Há marcas tradicionais que estão há anos no mercado brasileiro, como John Deere, New Holland, Massey Ferguson, Valtra, Case, Agrale e Yanmar. Entretanto, outras estão surgindo e caindo no gosto de alguns produtores.

Marcas como a italiana Landini, a sul-coreana LS e a indiana Mahindra estão inserindo seus produtos no mercado. Afinal, há alta demanda por equipamentos no Brasil. Mas no momento da compra do trator ideal para a fazenda, o pós-venda é um fator crucial.

Escolher uma revenda já conhecida na região ou que presta assistência, reparos e manutenção de tratores pode ser um diferencial na tomada de decisão

Equipamentos mais tecnológicos e com ferramentas de agricultura de precisão auxiliam na condução das lavouras. Entretanto, vale ficar de olho para saber utilizar e calibrar cada equipamento.

Assim, os dados coletados serão reais aos que vemos no campo. Caso contrário, o investimento será em vão.

Tecnologias de agricultura de precisão em trator agrícola

Os tratores podem ser preparados para receber kits de ferramentas para agricultura de precisão. No momento da compra, o ideal é que você saiba se pretende utilizar tais ferramentas e se o trator que você está pensando em adquirir pode receber esses sistemas.

Atualmente, as tecnologias mais comuns no mercado de tratores são sistemas de direcionamento automático. Eles são mais conhecidos como piloto automático e sistemas de telemetria.

Se sua intenção é trabalhar com essas ferramentas, a busca por um revendedor especializado com essas tecnologias será vital. Assim você garantirá o sucesso das suas lavouras e operações agrícolas.

Conclusão

No mercado existe uma infinidade de marcas e modelos de tratores agrícolas. Por isso, não adianta ter o trator agrícola mais caro e tecnológico do mercado se em nossa região não conseguirmos comprar as peças de reposição para o equipamento. 

No momento da compra, é ideal que se tenha o tipo de trabalho que o trator realizará em mente. Além disso, fique por dentro da capacidade de atendimento do concessionário local, bem como a reposição das peças.

Após estas dicas, espero que fique mais fácil identificar pontos positivos que ajudarão na escolha de seu trator agrícola ideal.

>> Leia mais:

Depreciação de máquinas: Todos os cálculos de forma prática

Qual tipo de trator agrícola você considera adequado para a sua fazenda? Já comprou algum trator e se arrependeu depois? Deixe seu comentário abaixo!

redator João Paulo Pennacchi

Atualizado em 12 de janeiro de 2023 por João Paulo Pennacchi.

João é engenheiro eletricista formado pela Unifei e engenheiro-agrônomo formado pela UFLA. Mestre e doutor em agronomia/fisiologia vegetal pela UFLA e PhD em ciências do ambiente pela Lancaster University.

Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência e alternativas de controle

Fungicidas da cultura da soja: resistência, como realizar o manejo disso, além de fungicidas e medidas alternativas de manejo para doenças da soja.

A soja é um importante grão para o país, com produção estimada de 121 milhões de toneladas para a safra 2019/20, segundo a Conab.

Muitos fatores prejudicam a produção, mas no cultivo da soja as doenças vêm ganhando destaque.

Uma das razões para isso ocorrer, é que alguns fungos causadores de doença já foram identificados como resistentes a fungicidas (redução da sensibilidade).

Por isso, neste texto descrevemos alguns dos fungicidas da cultura da soja que já apresentaram resistência, medidas para realizar esse manejo e informações sobre alternativas de controle. Confira!

Importância dos fungicidas da cultura da soja

A lavoura é um sistema complexo, envolvendo fatores que podem contribuir ou afetar a produção.

Uma das razões que pode impactar negativamente a sua produção agrícola da lavoura de soja são as doenças.

O uso de fungicidas para o manejo das doenças da soja é muito importante, mas não podemos nos esquecer das outras estratégias que devem ser integradas ao manejo.

No Brasil foram utilizados cerca de 15% de fungicidas, dentre os demais defensivos agrícolas consumidos em 2017, nas diversas plantas cultivadas no país. 

defensivos agrícolas em 2017

Tipos de defensivos agrícolas empregados em 2017 (toneladas)
(Fonte: Sindiveg em Marques Junior)

Em áreas produtoras de soja, a utilização de fungicidas é bastante expressiva, que pode contribuir para o manejo da ferrugem e outras doenças como mancha alvo, mancha parda, antracnose e outras.

O volume de fungicida aplicado na cultura da soja teve um aumento ao longo dos anos, sendo um dos motivos pela ocorrência da ferrugem asiática no Brasil na cultura da soja a partir de 2001 (uso intensivo).

E esse uso de fungicidas vem sendo utilizado amplamente nessa cultura para o manejo de fungos fitopatogênicos, no entanto, deparamos com relatos de resistência a esses produtos.

Resistência de um fungo a um fungicida é a redução da sensibilidade do fungo ao defensivo agrícola, ou seja, é a resposta natural do fungo a uma ameaça externa que pode afetar sua sobrevivência, que nesse caso é o fungicida. 

Essa característica é herdável e estável em um fungo como resposta da aplicação de fungicida.

A resistência implica em falhas de manejo de doenças em uma lavoura.

Com esta definição surge o seguinte questionamento: O que leva a ter resistência de fungos a fungicidas?

Como ocorre a resistência de fungos a fungicidas?

Normalmente, a resistência a fungicidas ocorre por processos evolutivos, que pode manifestar pelo uso contínuo do defensivo agrícola com o mesmo modo de ação, uso de doses incorretas do fungicida recomendado, entre outros.

Ou seja, ocorre a seleção dos fungos resistentes pela utilização inadequada dos produtos (fungicidas).

A resistência é um processo natural (evolução), assim, populações de fungos menos sensíveis a fungicidas já estão presentes na natureza, mesmo sem nunca terem sido expostas aos mesmos.

Mas com o uso inadequado adiantamos esse impacto e, desta forma, ocorre uma influência na velocidade de desenvolvimento da resistência, com a tendência de eliminar populações mais sensíveis do patógeno, aumentando a frequência dos menos sensíveis e atuando como agentes de seleção.

Resistência de fungos aos fungicidas

Representação de como os fungos podem se tornar resistentes a fungicidas (pressão de seleção)
(Fonte: Summa Phytopathologica)

E quais os relatos de resistência dos fungicidas da cultura da soja?

Fungicidas da cultura da soja que já apresentam resistência

Alguns fungicidas que foram relatados com perda de eficiência para algumas doenças de soja foram:

– Para ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) houve redução na sensibilidade de fungicidas dos grupos químicos: Estrobilurinas, Triazóis e Carboxamidas.

A partir da safra 2007/08 foi detectado redução na eficiência dos fungicidas. Na safra 2007/08 de Triazóis, em 2013/14 de Estrobilurinas, e das Carboxamidas na safra 2016/17.

– Para mancha alvo (doença de final de ciclo) causada por Corynespora cassiicola apresentou resistência aos grupos químicos benzimidazóis, estrobilurinas e carboxamidas.

Nesses casos de redução na eficiência dos fungicidas, deve-se utilizar outras medidas de manejo das doenças de soja, mas antes, veja algumas recomendações para o manejo de resistência a fungicidas.

Como realizar o manejo de resistência a fungicidas?

Como vimos, o manejo de doenças pode ficar menos eficiente com a utilização de alguns fungicidas.

Para reduzir essa resistência e aumentar a vida útil dos fungicidas, o Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (FRAC) recomenda as seguintes estratégias que podem ser utilizadas no controle:

  • Realizar rotação de fungicidas com diferentes modos de ação;
  • Utilizar o fungicida somente na época, na dose e nos intervalos de aplicação recomendados no rótulo/bula;
  • Contar com outras medidas de manejo para o controle das doenças da soja (manejo integrado de doenças que vamos discutir no próximo tópico);
  • Consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações, monitoramento da safra e na tomada de decisão quanto à estratégia de controle para as doenças da soja na lavoura.

Além dessas estratégias, não se esqueça de realizar a aplicação do fungicida de forma eficiente, observando as condições climáticas adequadas e dos equipamentos agrícolas a serem utilizados.

A Embrapa também orienta para evitar mais que duas aplicações do mesmo produto em sequência.

Contudo, para o controle eficiente das doenças da soja da sua lavoura, verifique as alternativas de manejo.

planilha de produtividade da soja

Alternativas de controle das doenças da soja

Devemos lembrar que os fungicidas são parte do controle de doenças da soja, mas como já comentamos, devem ser utilizadas e integradas outras estratégias de manejo, que vamos discutir a seguir.

  • Vazio sanitário (controle da ferrugem asiática): é o período em que a área fica sem plantas de soja. Ele varia de 60 a 90 dias, o que reduz a sobrevivência do fungo;
  • Calendarização da semeadura (ferrugem asiática): realizar a semeadura no início do período recomendado pode reduzir o número de aplicações de fungicidas na sua área;
  • Uso de variedades resistentes;
  • Utilização de variedades precoces;
  • Uso de sementes certificadas;
  • Rotação de culturas ou sucessão;
  • Plantio no espaçamento adequado;
  • Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo;
  • Controle químico, o qual se caracteriza pelo uso de defensivos agrícolas.

Uso consciente de fungicidas para a ferrugem asiática da soja

Para o uso do controle químico, o produtor deve utilizar produtos registrados para a doença de soja que se pretende manejar, além de serem aplicados em doses, épocas e intervalos de aplicação como recomendado pelo fabricante.

Para a ferrugem asiática da soja, uma importante doença da cultura, têm-se 67 produtos registrados para a doença no Agrofit, que você pode consultar e definir qual deve ser utilizado de acordo com os mecanismos de ação e das recomendações a seguir.

Alguns fungicidas que podem ser utilizados para o manejo dessa doença da soja, segundo o FRAC, são:

Estrobilurinas (QoI): Inibidores de respiração no complexo 3

Essas devem ser utilizadas combinadas com os fungicidas triazóis, triazolintione e/ou carboxamidas para garantir adequados níveis de eficiência.

E o programa de controle de ferrugem deve ser iniciado de forma preventiva à ocorrência da doença.

Triazóis e Triazolintione (DMI): Inibidores da síntese de ergosterol

Indica a associação de DMI com estrobilurinas, como descrito no tópico anterior.

Carboxamidas (SDHI): Inibidores de respiração no complexo 2

Este grupo de fungicida deve ser combinado com fungicidas do grupo químico das estrobilurinas, para garantir adequados níveis de eficácia.

Além disso, a Embrapa também realizou um estudo sobre a eficiência de fungicidas multissítios para o controle da ferrugem da soja.

Esses fungicidas afetam diferentes pontos metabólicos do fungo e apresentam baixo risco de resistência.

Os multissítios são diferentes dos fungicidas sítio-específicos que são ativos contra um único ponto da via metabólica de um patógeno ou contra uma única enzima ou proteína necessária para o fungo, que são os que comentamos acima. 

Diante da pesquisa da Embrapa sobre a eficiência dos fungicidas multissítios na safra 2018/19, esses podem ser uma ferramenta importante para o manejo da ferrugem-asiática na soja, sendo necessário o registro do fungicida no MAPA para a sua utilização.

Dessa forma, podem-se realizar aplicações de fungicidas sítio-específicos com misturas com fungicidas multissítios.

Além da ferrugem, para a mancha alvo, o Frac recomenda não utilizar Carboxamidas de maneira isolada, mas deve-se realizar a associação com fungicidas multissitios no manejo da doença.

Conclusão

Os fungicidas são importantes para o controle de doenças da soja, mas vimos que alguns fungos se tornam resistentes a fungicidas.

Assim, neste texto foi discutido o que é resistência a fungicidas e como elas ocorrem.

Além disso, falamos sobre os fungicidas que tiveram relatos de perda de eficiência e como manejar essa suscetibilidade. E ainda, discutimos alternativas de manejo para doenças da soja.

Com isso, você pode ter um manejo mais eficiente na sua lavoura, controlando as doenças da soja e também os custos agrícolas.

>> Leia mais:

5 maneiras de controlar os nematoides na soja

O que são fungicida sistêmico e de contato e qual utilizar

“Biofungicidas: quando vale a pena usá-los para o controle de doenças na lavoura?”

Você teve problemas com perda da eficiência de fungicidas da cultura da soja? Você realiza rotação de mecanismos de ação? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Cálculo de adubação para soja

Cálculo de adubação para soja: As principais recomendações para nitrogênio, fósforo e potássio que vão aumentar sua produtividade. 

A fertilidade do solo é um dos fatores mais importantes para a produção de grãos.

Em solos tropicais, como os do Brasil, é fundamental que se faça uso de fertilizantes para que sejam alcançadas altas produtividades no cultivo de soja.

Por isso, um bom manejo da adubação, além de aumentar a produtividade, pode promover a economia deste insumo. Os fertilizantes consomem uma grande porção dos recursos investidos na lavoura!

Confira o passo a passo do cálculo de adubação para soja:

Cálculo de adubação NPK para soja em solos do Cerrado e do Rio Grande do Sul

Nitrogênio

A soja é uma planta leguminosa e que tem, portanto, capacidade de se associar a bactérias que realizam a fixação biológica de nitrogênio (FBN).

Por isso, não é necessário fazer a adubação com N para a cultura da soja.

Alguns autores recomendam que caso seja aplicado N, a dose não deve exceder 20 kg/ha.

O excesso de N pode inibir a nodulação e consequentemente a FBN.

Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, José Pereira da Silva Junior, o uso do inoculante pode aportar mais de 300 kg/ha de N.

O inoculante possui um custo de até 95% menor em comparação ao fertilizante nitrogenado.

Formação de nódulos da bactéria fixadora

Formação de nódulos da bactéria fixadora de nitrogênio Bradyrhizobium japonicum em raízes de soja 
(Fonte: Koppert)

Adubação com Fósforo e Potássio 

A recomendação de adubação fosfatada e potássica é feita em função da exigência da cultura, da textura do solo e da disponibilidades de nutrientes nos solos. 

Como estes fatores possuem particularidades regionais, é importante aprendermos a interpretar os teores de P e K no solo conforme a recomendação de cada região.

Além disso, a forma de aplicação, se em área total (adubação corretiva) ou no sulco de plantio (adubação de manutenção) é muito importante na definição da dosagem. 

Recomendação para solos do Cerrado

Para os solos da região do Cerrado, o manejo da adubação de soja com P e K é recomendado conforme a disponibilidade destes nutrientes no solo. 

Para P, a interpretação dos teores é feita com base no teor de argila como na tabela abaixo.

Classes de interpretação de fósforo para solos de Cerrados

Classes de interpretação da disponibilidade de fósforo para solos de Cerrados, de acordo com os teores de argila
(Fonte: Embrapa (2007))

Quando a disponibilidade de P nos solos for classificada como baixa e muito baixa, deve ser feita a correção do grau de fertilidade do solo.

Essa correção pode ser feita aplicando fontes de P em área total ou de forma gradual, ou seja, no sulco de semeadura

Nestas condições a mesma é feita com base na tabela abaixo.

Embrapa - adubação fosfatada solos de Cerrados

Indicação de adubação fosfatada corretiva e adubação fosfatada corretiva gradual para solos de Cerrados, de acordo com a classe de disponibilidade de P e os teores de argila
(Fonte: Embrapa (2007))

Caso a disponibilidade de P no resultado de sua análise de solo esteja nas classes médio ou bom, recomenda-se apenas a adubação de manutenção que é de 20 kg/ha de P2O5 por tonelada de soja a ser produzida. 

A adubação potássica corretiva é feita quando o teor de argila é maior que 20%.

A tabela abaixo indica as dosagens de K que devem ser aplicadas com base nos teores de K disponíveis no solo.

cálculo de adubação para soja

Indicação de adubação corretiva de potássio para solos de Cerrados com teores de argila maiores que 200 g kg-1, de acordo com a classe de disponibilidade de K
(Fonte: Embrapa (2007))

E no momento da semeadura da soja, deve-se aplicar 20 kg de K2O por tonelada de soja que se espera produzir. 

Doses acima de 50 kg/ha devem ser fracionadas.

Se este for o caso da sua lavoura, ⅓ da dose deve ser aplicado na semeadura e ⅔  da dose em cobertura (de 30 a 40 dias após a semeadura).

Recomendação para solos do Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, a recomendação de adubação com P e K para soja é feita com base no Manual de Adubação e de Calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Neste caso, vamos interpretar uma análise de solo e fazer recomendação de adubação para a soja. 

Abaixo, temos os resultados da análise de solo de 5 glebas diferentes.

Análise de solo de cinco glebas de uma lavoura

Resultados da análise de solo de cinco glebas de uma lavoura
(Fonte: Manual de adubação)

Vamos tomar a gleba 1 como exemplo para interpretarmos os teores de P e K no solo.

Para P, a classificação é feita conforme o teor de argila como pode ser visto na tabela a seguir.

Interpretação do teor de fósforo no solo

Interpretação do teor de fósforo no solo extraído pelo método Mehlich-1, conforme o teor de argila e para solos alagados
(Fonte: Manual de adubação)

Como o solo da gleba 1 possui 65% de argila, o mesmo se encaixa na classe 1.

Este mesmo solo possui um teor de 2,0 mg/dm3 de P, considerado um teor de P muito baixo.

Já para K, a interpretação do teor no solo é feita com base no resultado da CTC do solo a pH 7,0.

erpretação do teor de potássio

Interpretação do teor de potássio conforme as classes de CTC do solo a pH 7,0
(Fonte: Manual de adubação)

A CTCpH7,0 do solo da gleba 1 foi de 14,2 cmolc/dm3.

Portanto, este solo se encaixa na classe com CTCpH7,0 entre 5,1 e 15,0 cmolc/dm3.

O teor de K foi de 65 mg/dm3, sendo classificado como alto.

Agora que já sabemos como interpretar os teores de P e K em uma análise de solo, vamos aprender qual quantidade recomendada por ha.

Recomendação de P e K por hectare

A produtividade média da soja no estado do Rio Grande do Sul é de aproximadamente 3 t/ha.

Usaremos então esta produtividade média para fazer a recomendação para uma lavoura de soja no primeiro cultivo.

Neste caso, geralmente a rotação é feita com milho ou trigo no segundo cultivo.

A tabela a seguir mostra a recomendação de P e K em P2O5 e K2O, respectivamente:

Fósforo e Potássio por cultivo

Fósforo e Potássio por cultivo
(Fonte: Manual de adubação)

Como a soja é o primeiro cultivo e o teor foi classificado como muito baixo, a recomendação é de 110 kg/ha de P2O5.

É importante lembrar que este valor é para uma produtividade de 2 t/ha de soja.

Para uma produtividade maior que 2 t/ha, deve ser acrescido 15 kg de P2O5 por tonelada.

Portanto, a recomendação final é de 125 kg/ha de P2O5.

A mesma lógica é aplicada para definir quanto de K deve ser aplicado.

O teor no solo foi classificado como alto e portanto a recomendação é de que seja aplicado 45 kg/ha de K2O mais 25 kg/ha por tonelada extra.

A recomendação para K é de que seja aplicado 70 kg/ha de K2O.

Lembramos que a aplicação de K no momento do plantio não deve exceder 50 kg/ha de K2O.

Nestas condições, deve-se optar pelo parcelamento da dose.

Formulação do fertilizante para plantio

A quantidade de fertilizantes recomendada para plantio da cultura da soja no solo da gleba 1 foi de 125 kg/ha de P2O5 e 50 kg/ha de K2O.

Mas como saber a formulação do adubo que devo aplicar e a quantidade?

Você deve dividir a dose recomendada pelo nutriente em menor quantidade para determinar a proporção entre eles.

cálculo de adubação para soja

Dessa maneira, uma formulação adequada deve obedecer esta relação de 2,5/1,0.

Uma formulação NPK comercial facilmente recomendada neste caso é a 0 – 25 – 10.

Esses valores são expressos em porcentagem.

Então, em 100 kg do formulado, temos 25 kg de P2O5 e 10 kg de K2O.

Pela legislação brasileira, o somatório do teor dos nutrientes nas formulações deve ficar no intervalo de 24 a 54%:

Neste caso 25 + 10 = 35.

Ou seja, esta formulação atende a legislação.

Devem ser aplicados 500 kg/ha da formulação para atender a exportação de P e K pela cultura da soja.

>> Leia mais: Cuidados que você deve ter para evitar deficiência de potássio na Soja

Cálculo de adubação para soja: Fatores que afetam a produtividade de grãos

O Brasil é um dos maiores produtores de soja do mundo, disputando com os Estados Unidos, a cada ano, a liderança no ranking mundial.

Segundo levantamento do Departamento de Agricultura dos EUA de novembro de 2019, o Brasil tem uma estimativa de produção de 123 milhões de toneladas na safra 19/20.

Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, elencaram seis fatores como sendo os mais importantes na definição da produtividade de soja:

  • Clima;
  • Fertilidade do solo;
  • Genótipo/variedade;
  • Proteção foliar (aplicação de fungicidas e inseticidas);
  • Tratamento de sementes;
  • Espaçamento de plantio.

Assim, para obter uma boa produtividade, todos esses fatores devem ser otimizados.

Para isso, o produtor deve fazer um bom planejamento antes do plantio da soja. Tudo isso passa pela correção do solo, escolha do espaçamento e da cultivar adequada, entre outros fatores.

A importância do manejo adequado da adubação na soja

Depois do clima, a fertilidade do solo é o fator mais limitante para a produção de soja.

Um bom manejo da adubação é muito importante não só para alcançar altas produtividades como para reduzir custos de produção.

Os fertilizantes compõem em média 27,82% dos custos de produção da soja no Brasil.

O gráfico abaixo mostra a participação percentual média dos principais itens que compõem os custos operacionais de soja, entre os anos-safra 2007/08 e 2015/16.

custos operacionais de soja

(Fonte: Conab)

Cálculo de adubação para soja: Análise e correção do solo

O cálculo da adubação para soja deve ser feito com base no resultado das análises química e física do solo.

É importante também realizar uma boa correção do solo para melhorar o aproveitamento dos fertilizantes aplicados.

A calagem fornece Ca e Mg para a cultura da soja e aumenta a disponibilidade de outros nutrientes, como o fósforo (P) por elevar o pH e neutralizar o alumínio trocável (Al3+).

A gessagem é uma opção interessante em áreas em que os efeitos da calagem são limitados às camadas mais superficiais, em especial solos argilosos.

Apesar de não corrigir o pH, o gesso agrícola fornece Ca e S e reduz o Al3+ em profundidade, aumentando o crescimento radicular.

planejamento de safra de soja Aegro

Conclusão

Os custos com a aplicação de fertilizantes na lavoura são muito elevados. Por isso, um bom manejo da adubação pode promover grande economia de recursos.

A soja é capaz de se associar a bactérias fixadoras de N atmosférico e, a aplicação de N em formas minerais, inibe a formação de nódulos nas raízes.

A adubação com P e K pode ser facilmente calculada após a interpretação do teor dos nutrientes no solo.

Vimos neste artigo que o P deve ser preferencialmente aplicado na semeadura.

E o parcelamento da adubação potássica em soja pode ser necessário quando as recomendações de K forem maiores que 50 kg/ha. 

Com estas informações, espero que você possa fazer o melhor manejo de adubação na sua lavoura de soja.

>> Leia mais: 

Tipos de adubos químicos na cultura da soja

Manejo do zinco na soja: Como utilizá-lo para potencializar sua produção

Como cobalto e molibdênio na soja podem elevar sua produtividade

Restou alguma dúvida sobre o cálculo de adubação para soja? Adoraria ler seu comentário!