Adubação para café: simples e prática (+ planilha)

Adubação para café: as principais dicas para melhorar a produção nas diferentes fases do cafezal + planilha para cálculo automático de adubação!

Na hora de fazer a adubação do café surgem várias dúvidas, não é mesmo?

Ainda existe muita desinformação e picaretagem por aí, o que muitas vezes leva o produtor ao erro na adubação. E isso pode significar prejuízos tanto na produção como no bolso.

Confira no artigo a seguir as dicas para adubação nas diferentes fases do cafezal, exigências nutricionais e outras informações para não fazer feio na adubação para café! 

Princípios da adubação para café 

A adubação de café deve levar em conta três princípios básicos: exigência e estado nutricional do cafeeiro, a disponibilidade de nutrientes no solo e a eficiência da adubação.

1 – Exigência e estado nutricional do café

A demanda de nutrientes do cafeeiro depende da sua produção de biomassa: frutos + vegetação. Isso vale tanto para café arábica como conilon.

Os frutos demandam mais nutrientes. Portanto, a frutificação é a época de maior demanda.

E, quanto maior a produção, maior será a demanda nutricional do cafeeiro.

Nos anos de baixa, quando o café vegeta e produz menos, a demanda por nutrientes também é menor!

O estado nutricional da planta na cultura de café é indicado pela análise foliar do 3º ou 4º par de folhas totalmente expandidas.

teores foliares para café

2 – Disponibilidade de nutrientes no solo

Ao longo dos anos, a pesquisa determinou classes de teores de nutrientes no solo para a produção de café. Existe mais de um tipo de classificação, mas vamos focar nas recomendações do Novo Boletim 100.

nutrientes no solo para café

Esses teores servem de base para comparar os resultados da nossa análise de solo e sabermos como está a fertilidade da lavoura de café.

O ideal é manter os teores de nutrientes na faixa “adequada”.

Abaixo dessa faixa, pode haver deficiência nutricional no cafezal e devemos fazer a adubação de correção na cultura. 

Acima dela, não há resposta à adubação, portanto, basta repor os nutrientes exportados na colheita.

Veja que não existem valores para o nitrogênio (N). A adubação nitrogenada é feita de acordo com a expectativa de produção da área e teor foliar de N.

3 – Eficiência de adubação

A fonte, modo e época de aplicação dos adubos influenciam na eficiência da adubação. 

O cálculo dessa eficiência não é tão simples, mas podemos dizer que, em geral, a eficiência da adubação química é de 50% para o N; 70% para o K; e de menos de 20% para o P.

Adubos de liberação lenta/controlada, com inibidores ou adubos orgânicos/organominerais, podem aumentar essa eficiência em alguns casos por liberar os nutrientes de forma gradual. 

Contudo, isso não necessariamente é verdade ou resulta em maior produtividade e lucro. Fique com o pé atrás com “produtos milagrosos”…

Adubação para café em diferentes fases

Aqui no Blog do Aegro, já mostramos as recomendações de adubação no plantio no artigo “Todas as recomendações para o melhor plantio do café”!

Nos resta então comentar sobre as adubações de café em formação e em plena produção.

As tabelas de adubação são bons guias, contudo, conhecendo o histórico de nossa lavoura e sua resposta à adubação, podemos refinar esses valores e adaptar a dose para nossa realidade.

Não há segredo: temos que fornecer nutrientes que atendam à demanda das plantas de café na dose e na época correta.

Considerando que a calagem e a gessagem foram bem feitas, não teremos problemas com pH, alumínio e teores de cálcio (Ca) e enxofre (S). 

Adubação para cafeeiros em formação

Cafeeiros em formação estão vegetando, formando suas raízes e parte aérea. Nessa fase, as exigências de nutrientes são menores e diferentes de uma lavoura em produção.

Cafeeiro em formação
Cafeeiro em formação 
(Fonte: Arquivo do autor)

É muito importante que tenhamos P, Ca e Boro (B) para o desenvolvimento das raízes e que não falte N para vegetar. A aplicação destes nutrientes é sempre via solo, para melhor aproveitamento. 

Os demais nutrientes devem ser mantidos em níveis adequados para não comprometer o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo dos cafeeiros em formação.

É considerada adubação de formação a realizada após o plantio até o primeiro ano produtivo do cafeeiro. Ela geralmente é concentrada no período chuvoso.

adubação para café

Adubação para cafeeiro em produção

O cafeeiro produzindo tem uma maior exigência nutricional. Para cada saca produzida são necessários: 6,2 kg de N; 0,6 kg de P; e 5,9 kg de K para vegetar e frutificar.

Cafeeiros em produção plena
Cafeeiro em produção plena
(Fonte: Arquivo do autor)

Para o N, a dose será definida com base na produção esperada e análise foliar. Já para P e K, o que manda é a análise de solo e a produção esperada.

recomendação para adubação de café

Adubação para café: macro e micronutrientes

Nitrogênio (N)

Como referência prática, até o final de janeiro, devemos fornecer 70% de todo o N que vamos aplicar. 

A aplicação deve antecipar a florada principal e o novo ciclo vegetativo e ir até a granação dos frutos de forma parcelada.

Prefira nitrato de amônio à ureia para evitar perdas por volatilização do N.

As doses variam de acordo com a produtividade do sistema, como podemos ver na tabela acima.

Fósforo (P)

O fósforo é pouco exportado pela colheita: apenas 60 g por saca produzida. Portanto, sua importância maior está no plantio e formação do cafezal, pois este elemento é essencial no crescimento das raízes do cafeeiro.

Com os teores de P adequados no solo, basta adubar com a quantidade exportada.

Adubação P (kg/ha) =  
sc/ha produzidas x 0,06 kg de P/sc x 0,2 (eficiência da adubação)

Do contrário, deve-se realizar a adubação corretiva de P para elevar seus teores para a faixa adequada, entre 15 e 30 mg.kg-1. 

Feita a correção, a adubação de P para café segue como na conta acima.

Fontes menos solúveis de fósforo são preferíveis na instalação da lavoura e na adubação corretiva. Para os cafés em produção, prefira fontes solúveis como o super simples e triplo, MAP, DAP, etc.

Potássio (K)

A maior parte do potássio é exigida da floração à formação dos frutos. Portanto, na época da floração, já deve haver K disponível para a planta.

A primeira parcela deve anteceder a floração e a adubação deve seguir até a granação dos frutos.

O parcelamento deve ser maior em solos mais arenosos, onde o risco de lixiviação de K é maior.

Atenção redobrada na relação entre a disponibilidade de K e Mg. Ela deve ser 1:2 para que não haja deficiência de Mg devido à inibição de sua absorção pelas altas doses de K.

Uma fonte rica de Potássio (e também de Nitrogênio) é a palha do café. Fazer a adubação de macronutrientes com esse resíduo pode ser uma boa opção.

Micronutrientes

Os micronutrientes que demandam maior atenção na adubação para café são boro e zinco.

As doses de Zn ficam entre 1 e 4 kg.ha-1 fornecidos entre outubro e março, mas podem variar de acordo com a cultivar e análise foliar.

O boro deve ser aplicado no solo. Na forma de ácido bórico pode ser fornecido junto da calda de herbicidas. Recomenda-se 2 a 3 aplicações de 1 kg.ha-1 de B. 

Boro foliar somente para correções pontuais, pois ele não se move na planta. O correto é aplicar sempre no solo.

Adubação em café sombreado

Será que cafés sombreados devem receber a mesma adubação que os cultivados a pleno sol? 

A resposta é: depende do nível de sombreamento!

Pesquisas mostram que, com um sombreamento de até 30%, a produção do café é igual a do pleno sol. Portanto, a exigência nutricional e a adubação seriam equivalentes.

Para maiores níveis de sombra, a conversa é outra.

A diferenciação em gemas florais seria menor e, consequentemente, a produção de frutos também.

Além disso, menos luz significa menos fotossíntese, menos energia para a planta produzir, vegetar e assimilar N.

Portanto, se a adubação fosse feita com a dose do cultivo a pleno sol, estaria em excesso e o produtor estaria perdendo dinheiro, principalmente no caso do N.

A dose deve ser reduzida de acordo com as característica de sua lavoura sombreada.

>> Leia mais: “Broca-do-café: veja as principais alternativas de controle

Planilha de cálculo de adubação para café

Para te ajudar nas contas de adubação para seu café, nós fizemos uma planilha para cálculo de adubação baseada nas recomendações do Novo Boletim 100 do IAC.

Nela você pode inserir as informações de suas análises de solo e foliar, além da produtividade esperada e automaticamente visualizar os valores recomendados para lavouras em produção.

O download você pode fazer clicando na imagem abaixo! 

banner-de-implantacao-e-renovacao-do-cafezal

Conclusão

Como pudemos acompanhar no texto, a adubação para café deve ser feita de acordo com parâmetros da planta e do solo, bem como o histórico de produção e manejo da área.

A exigência nutricional do cafeeiro deve ser suprida na quantidade e na época certas para termos maior eficiência de uso dos adubos e melhor produção.

É importante ressaltar que, dependendo do sistema, as adubações para café serão distintas. 

Por isso, as tabelas de adubação são apenas um guia que devemos adequar à realidade de nossa propriedade.

>> Leia mais:

Acerte no adubo líquido para café e não jogue dinheiro fora

Pós-colheita do café: Tendências e perspectivas para cafés de qualidade (+ cuidados com a lavoura)

Restou alguma dúvida sobre adubação para café? Conte para gente nos comentários! Grande abraço!

5 Planilhas de Excel para administração rural grátis para usar agora

Planilhas de Excel para administração rural grátis: baixe ferramentas para controle de estoque, fluxo de caixa, custos de safra, depreciação de máquinas e controle de custos!

As planilhas possibilitam maior domínio sobre a fazenda, podendo controlar atividades, produtos e recursos.  Mas nem sempre é fácil começar uma planilha do zero, ainda mais com tantos fatores a serem considerados na atividade rural.

Alguns modelos prontos que separamos aqui vão te ajudar muito com controle de custos, estoque, fluxo de caixa e até depreciação de máquinas. Assim fica mais fácil gerir sua produtividade, finanças e lucratividade a partir de planilhas de Excel para administração rural grátis.

Tem alguma dúvida sobre como extrair o melhor desses materiais? Confira a seguir.

Por que usar planilhas?

Inúmeras atividades requerem controle preciso na fazenda. Desta forma, é usual a utilização de planilhas que se atualizem instantaneamente com a inserção de dados. 

As planilhas vêm sendo cada vez mais utilizadas como ferramenta para o gerenciamento rural. Elas podem, através dos números, auxiliar em estratégias que garantam mais sucesso na produção.

Existem inúmeras planilhas de Excel para administração rural grátis que auxiliam a ter a fazenda em suas mãos, garantindo a utilização de recursos com eficiência. Abaixo, separamos 5 planilhas de Excel que podem direcionar bastante seu gerenciamento agrícola. Aproveite! 

1ª planilha de Excel para administração rural grátis: Fluxo de caixa

Em um negócio rural, para tomadas de decisões, é necessário que se saiba do estado financeiro da empresa, não é mesmo? Esse controle, chamado de fluxo de caixa, pode ser realizado por planilhas. Com elas, pode-se ter o domínio de todo o recurso que sai (despesas) e que entra (receitas) na empresa rural.

Nessa planilha de fluxo de caixa da Aegro, os registro são feitos periodicamente. Desta forma, você consegue inserir as informações facilmente. Ainda, ao final, é possível:

  • verificar o total de entradas;
  • total de saídas;
  • saldo acumulado;
  • saldo mensal. 

Como essa planilha detalha cada gasto e receita, é possível discriminar em qual setor está ocorrendo os maiores gastos. Você também pode ver quais geram as maiores entradas e tudo isso permite a adoção de estratégias embasadas em dados financeiros.  Baixe a planilha gratuita:

2ª planilha: Controle de estoque

Uma das atividades que requer maior atenção dentro da fazenda é o controle de estoque. É através dele que temos conhecimento de todo movimento de entrada e saída de mercadorias da propriedade. 

Isso implica no bom funcionamento da empresa. Afinal, sempre que demandado, o produto estará de imediato em mãos, resultando em um sistema eficaz.  Nas planilhas de Excel para administração rural grátis normalmente existem três abas:

  • controle de estoque;
  • entrada de estoque;
  • saídas. 

A aba de controle é utilizada para discriminar por categoria o que se tem e qual a quantidade do produto no estoque.  Além disso, com ela se pode determinar precisamente a quantidade mínima de cada produto no estoque. 

Já as outras duas abas serão as responsáveis por abastecer as saídas e entradas de produtos no estoque. Desta forma, tem-se o controle do estoque da fazenda com precisão. Clique na imagem abaixo para baixar a planilha gratuita:

planilha de controle de estoque

3ª planilha de Excel para administração rural grátis: Custos de safra

Planilhas que controlam o custo da safra são essenciais para gestão do agronegócio. É através delas que conseguimos estimar preço de mercado (venda) e determinar em qual categoria estamos elevando os preços. 

Conseguimos elencar ainda estratégias de manejo que estejam direcionadas ao bom funcionamento financeiro do negócio. Planilhas de custo de safra são normalmente muito detalhadas e categorizadas, baseando-se nos gastos com:

  • insumos;
  • custo de manutenção de máquinas;
  • investimentos;
  • colheita;
  • transporte, etc.   

Tudo isso facilita a gestão com foco na rentabilidade. Para acessar a planilha, basta clicar na imagem abaixo:

Banner de chamada para o download da planilha de controle de custos de safra

4ª planilha: Depreciação de máquinas agrícolas

A depreciação de máquinas agrícolas significa o quanto ela se desvaloriza com o passar do tempo. E ter o controle disso é crucial para os dados financeiros do negócio rural.  A forma como calculamos a depreciação pode ser embasada no tempo de utilização ou desgaste da máquina.

Em planilhas de Excel grátis ocorrem os cálculos de depreciação Fiscal e Gerencial. O primeiro é muito utilizado para precificar a atividade enquanto o cálculo gerencial é mais voltado à tomada de decisão em casos de venda (indicando também quando deveria ocorrer essa venda). 

Clique na imagem abaixo para baixar a planilha gratuita:

Banner de chamada para o download da planilha de depreciação de máquinas agrícolas

5ª planilha de Excel para administração rural grátis: Controle de custos com insumos 

O custo de produção é essencial na precificação do produto visando um negócio lucrativo. Porém, dentro do custo de produção, os insumos são a parte mais considerável de gastos.

Em planilhas que fazem esse tipo de controle, é de suma importância a categorização dos produtos (sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas, máquinas e outros). O detalhamento das categorias é o que direciona o gestor, que pode fazer uma melhor distribuição de recursos. 

Além de planilhas, a demonstração gráfica auxilia na visualização da situação como um todo. Para facilitar mais ainda na interpretação da situação, recomenda-se o registro por talhões, o que facilita no gerenciamento de decisões de maneira pontual. 

Clique na imagem abaixo para baixar a planilha gratuita:

Banner de chamada para o download da planilha de controle de custos com insumos

Planilhas x softwares agrícolas: O que vale mais a pena?

As planilhas ajudam a organizar as informações da sua fazenda, mas será que são a melhor alternativa? A resposta depende de cada gestão agrícola. As planilhas agrícolas são ótimas para começar a gestão da empresa rural. Com o passar do tempo você vai notar que:

  • Seu conhecimento e gestão da fazenda melhoraram muito;
  • As planilhas podem ser difíceis de analisar.

Neste momento de maturidade da gestão, os softwares podem facilitar muito mais esse trabalho. Um software rural concentra todas as informações espalhadas em diferentes planilhas e facilita a análise de dados da fazenda.

Além disso, as informações ficam disponíveis em nuvem, podendo ser acessadas de qualquer lugar, inclusive do celular – mesmo em locais com difícil acesso à internet.

Se nas planilhas você precisa dar baixa no que entra e sai do estoque, inserir os custos de insumos e calcular o custo da safra, com um software agro isso pode ser feito em um clique. Essa facilidade agiliza muito a tomada de decisão. Um software agrícola permite outras vantagens como:

  1. Redução de custos na produção agrícola, pois você consegue saber onde estão os gastos excessivos e pontos de melhoria na questão financeira da produção;
  2. Aumento da produtividade dos talhões, realizando controle detalhado e sabendo precisamente sua demanda;
  3. Segurança financeira da safra devido ao total controle das despesas;
  4. Dados e informações em qualquer lugar e momento, além de análises de como está o seu negócio.
Software de gestão agrícola Aegro para computador, celular e tablet

Teste você mesmo o sistema de gestão agrícola Aegro. Temos algumas opções grátis para você começar agora:

Para conhecer o sistema completo, fale com um de nossos especialistas aqui!

Conclusão 

Organizar e controlar os dados da fazenda é essencial para obter mais rentabilidade com o negócio rural.

Neste artigo mostramos as vantagens da utilização de planilhas e disponibilizamos cinco modelos prontos para usar na sua propriedade. Com eles você tem melhor controle de custos, estoque, fluxo de caixa, dados sobre depreciação de máquinas e custos de safra.

Também falamos sobre as diferenças e quando optar pelo uso de planilhas ou de um software rural. Assim, fica mais fácil planejar melhor os próximos passos da sua empresa rural.  Aproveite as informações trazidas aqui e melhore a gestão do seu negócio!

Gostou das planilhas de Excel para administração rural grátis? Você já utilizava alguma delas? Compartilhe conosco suas experiências nos comentários!

Agricultura de precisão: equipamentos essenciais e novidades do mercado

Agricultura de precisão: equipamentos mais utilizados, etapas e recomendações de como e quando usar, além das inovações tecnológicas.  

Com tecnologias de ponta para o setor e interligando toda a propriedade, a agricultura de precisão (AP) é uma abordagem que envolve uma integração de técnicas agrícolas. 

Buscando minimizar perdas, na AP são utilizados métodos inovadores desde a amostragem de solo e de plantas até para os silos de grãos e os armazéns. 

Mas com tantas novidades para AP no mercado, quais são essenciais na lavoura? 

Aproveite este artigo para ficar por dentro das inovações e dos principais equipamentos para implementar a agricultura de precisão na sua produção rural. Confira!

Para que serve a agricultura de precisão? 

A agricultura de precisão trata nosso ambiente de uma forma desuniforme, o que é mais condizente com a realidade.

E, tratando o ambiente com suas diferenças na qualidade do solo, fertilidade, temperatura do ar, umidade e velocidade dos ventos, podemos proporcionar o manejo necessário para a lavoura atingir todo seu potencial.

mapa de produtividade desuniformidade

Exemplo de mapa de produtividade ilustrando a desuniformidade na produção
(Fonte: Arquivo pessoal do autor)

Utilizando os insumos e manejando o local correto de acordo com sua desuniformidade, conseguimos ir para uma situação mais uniforme.

mapa de produtividade uniformidade

Exemplo de mapa de produtividade ilustrando a maior uniformidade na produção
(Fonte: Arquivo pessoal do autor)

Tudo isso, usando menos insumos nas áreas com menor necessidade e investindo estrategicamente nas áreas com maior prioridade, uniformizando a lavoura.

As vantagens da AP são inúmeras:

  • Diminuição no uso de fitossanitários;
  • Diminuição no uso de adubos;
  • Aplicação de insumos no momento correto;
  • Menores perdas na colheita, etc. 

Agricultura de precisão: equipamentos essenciais nas fazendas 

Há alguns anos, os principais instrumentos utilizados na agricultura de precisão eram os sensores de produtividade em tempo real das colhedoras.

Em seguida vieram os aplicadores de insumo a taxas variáveis.

As colhedoras com sensores de produtividade em tempo real são, de longe, a tecnologia mais adotada atualmente. Elas já estão presentes na maior parte das fazendas de grande porte do nosso país!

agricultura de precisão equipamentos

Agricultura de precisão: equipamentos como console de colhedora com sensor de produtividade e variabilidade espacial já é realidade no campo
(Fonte: Farmers Weekly)

Já os aplicadores de fitossanitários e adubos a taxas variáveis são equipamentos com uso ainda em crescimento no Brasil.

E, mais recentemente, vieram as semeadoras que ajustam a taxa de semeadura para adequar à população de plantas. 

Culturas como o milho, por exemplo, podem ter um incremento expressivo da produtividade com o aumento da população em locais com alta fertilidade.

Já a soja funciona ao contrário: altas populações em solos com alta fertilidade podem levar ao acamamento de plantas. 

Então, nesse caso, a semeadora pode aumentar a população em áreas de baixa fertilidade visando maximizar o lucro daquela área.

Mesmo que os aplicadores a taxas variáveis ainda sejam pouco usados por aqui, são eles que propiciam, na prática, reduções nos usos de insumos na propriedade.

Porcentagem e tempo de uso, mapas, imagens aéreas e equipamentos presentes nas propriedades AP

Porcentagem e tempo de uso, mapas, imagens aéreas e equipamentos presentes nas propriedades que adotam AP
(Fonte: Senar)

Esses aparelhos, aliados às tecnologias de georreferenciamento, mapas de produtividade e fertilidade – e ao já bastante usado piloto automático – conseguem distribuir os insumos em maior ou menor quantidade dependendo da programação.

Mas, nos últimos anos, a chegada dos drones agrícolas e sensores cada vez mais precisos fizeram uma nova revolução na própria AP.

Sensores que indicam como a planta está nutricionalmente, além do acúmulo de biomassa e qualidade do solo, foram acoplados aos drones na agricultura de precisão.

Isso fez com que essas informações pudessem ser geradas com mais rapidez e frequência, facilitando a tomada de decisão na lavoura.

Etapas da agricultura de precisão

A agricultura de precisão se baseia essencialmente em um ciclo de três etapas: 

  • Levantamento de dados
  • Interpretação desses dados; 
  • Medidas de manejo adotadas com base nos dados levantados.

Para cada uma das etapas existem equipamentos para auxiliar o produtor, desde o levantamento dos dados até o manejo propriamente dito.

O levantamento de dados pode ser feito manualmente ou através de sensores, que têm a capacidade de adquirir um volume maior de dados, aumentando sua precisão.

Já a interpretação desses dados é feita pelo produtor rural ou por técnicos capacitados com o auxílio de programas ou softwares de gestão. 

Tecnologia e a agricultura de precisão

Esses programas, ligados aos sensores, são capazes de transformar a informação gerada em mapas e gráficos que vão embasar a tomada de decisões na propriedade.  

E, ao final do ciclo, temos os aparelhos que são instalados aos implementos para, de fato, realizar as mudanças de manejo planejadas na fase de interpretação dos dados coletados.

Na agricultura de precisão, os equipamentos permitem o uso de taxa variável na semeadura, adubação de base/cobertura e uso dos produtos fitossanitários

Eles auxiliam também na precisão do plantio, com ajustes automáticos de espaçamento e velocidade da semeadura.

>> Leia mais: “Software para Agricultura de Precisão: o guia definitivo para escolher um

Kit para Agricultura de Precisão: Equipamentos  essenciais para começar

O essencial para iniciar a Agricultura de Precisão em áreas de grandes culturas é ter uma boa administração do faturamento e gastos da propriedade.

Isso é primordial para reconhecer se o investimento em AP pode gerar retorno favorável.

Constatada a viabilidade, vale investir em equipamentos básicos que cumpram cada uma das etapas que descrevemos anteriormente!

No caso do levantamento de dados, os sensores das colhedoras para gerar mapas de produtividade são o principal equipamento.

Seguido pelas análises de solo em grade e georreferenciadas que são essenciais para se sobreporem aos mapas de produtividade, indicando como a lavoura está performando em cada situação de solo.

Já existem também alguns sensores fixos com baixo custo que podem ser deixados no campo gerando esses dados. 

Também existem formas indiretas de levantar essas informações, como no caso de equipamentos que medem a condutividade elétrica do solo e a relaciona às características físicas e químicas desse solo.

Após levantar os dados e interpretá-los junto a um técnico, é necessário aplicar as medidas de manejo diferenciadas.

Para isso, aplicadores de taxa variável são essenciais, pois são eles que colocam tudo em prática.

Como já vimos aqui, eles podem ser os aplicadores de adubo ou de semente à taxa variável ou sensores que leem, ao mesmo tempo, imagens do solo e aplicam herbicidas de acordo com a quantidade de plantas daninhas.

Novidades de mercado e o futuro do agro

O mercado da Agricultura de Precisão foi revolucionado pela ascensão dos drones, barra de luzes, sensores e algoritmos, por meio da “internet das coisas”.

A popularização dos drones na agricultura possibilitou que sensores avançados fossem capazes de analisar as lavouras em um tempo mais curto.

Os drones agrícolas são uma grande contribuição da agricultura de precisão
Os drones agrícolas são uma grande contribuição da agricultura de precisão (Fonte: DJI)

Isso melhorou o entendimento das informações sobre o que os sistemas de produção dão em resposta aos diferentes manejos adotados, que podem variar.

Por sua vez, os sensores são capazes de levantar essa quantidade de dados de forma rápida graças aos algoritmos e à inteligência artificial, permitindo a relação de dados antes sem relevância com índices de qualidade das lavouras.

Já a “internet das coisas” promete interligar todos os equipamentos e máquinas das propriedades, formando uma rede que levanta, interpreta e define o manejo, tudo na tela do proprietário.   

guia - a gestão da fazenda cabe nos papéis

Conclusão 

As inovações não param, por isso que a agricultura de precisão tende a melhorar cada vez mais o agro e a rotina do produtor rural com a implementação dessas tecnologias no campo. 

Neste artigo, vimos os equipamentos essenciais para a agricultura de precisão na fazenda, as etapas de utilização e as novidades de mercado.  

Essas novas tecnologias prometem deixar a lavoura mais eficiente, incrementando a produção de alimentos diante de um cenário de aumento da população mundial e da escassez de comida. 

E ainda mais, aumentando a rentabilidade das fazendas ao minimizar desperdícios. 

>> Leia mais:

“Quais os impactos da nanotecnologia na agricultura?”

Saiba as vantagens da Cafeicultura de Precisão e como aplicá-la

Se na agricultura de precisão equipamentos de ponta fazem a diferença, quais você já utiliza? Gostaria de saber mais sobre AP? Deixe a sua dúvida nos comentários abaixo. 

Como fazer o melhor manejo da broca da cana-de-açúcar

Broca da cana-de-açúcar: características, sintomas da praga no canavial e diferentes formas de controle para evitar prejuízos.

A broca da cana-de-açúcar é considerada praga-chave da cultura por estar presente em todo o território nacional e em outros países do continente Americano.

Sua presença na lavoura pode representar perdas significativas na produtividade, além de afetar a qualidade da produção de açúcar e de etanol.

Mas como fazer para identificar esta praga? Qual parte da planta ela ataca e como fazer um controle eficaz? Veja a seguir! 

Importância da broca da cana-de-açúcar

Esta praga é pertencente à ordem Lepidoptera e as principais espécies são Diatraea saccharalis e Diatraea flavipennella. A primeira pode ser encontrada em todo o território brasileiro enquanto a segunda é mais frequente na região nordeste do Brasil.

Daremos maior ênfase aqui para a espécie Diatraea saccharalis

A mariposa tem coloração amarelo-palha com manchas escuras nas asas anteriores e cor branca nas asas posteriores. 

 Diatraea saccharalis

Adulto de Diatraea saccharalis; broca-da-cana é importante praga da cultura 
(Fonte: Invasive.org)

Os ovos são colocados nas folhas, tanto na parte abaxial como adaxial, de forma imbricada (coberta parcialmente)

Após a eclosão, as lagartas (de coloração branco-leitosa e com pontos escuros ao longo do corpo) permanecem por um tempo nas folhas e se alimentam do parênquima foliar, por meio da raspagem.

Ovos de broca-da-cana

Ovos de broca-da-cana podem ser observados nas partes abaxial e adaxial folhas
(Fonte: Panorama Fitossanitário) 

Entre o segundo e o terceiro ínstar, as lagartas migram para o colmo da planta, o perfurando. Ali permanecem consumindo o conteúdo interno e formando galerias abertas.

broca da cana-de-açúcar

Lagarta de Diatraea saccharalis dentro do colmo 
(Fonte: Agro Bayer) 

Além disso, o ciclo total da broca da cana-de-açúcar dura até 90 dias, por isso pode haver ocorrência de quatro a cinco gerações por ano na lavoura. 

Danos da broca-da-cana

Esta praga causa danos diretos e indiretos na cultura da cana. 

Os danos diretos são causados pelo ataque da praga no colmo, formando galerias longitudinais e transversais. Isso impede o fluxo da seiva e pode, pela ação do vento, causar a quebra ou tombamento das plantas. 

Também podem ocorrer problemas como perda de peso, morte das gemas, secamento dos ponteiros (conhecido como coração morto), enraizamento aéreo e brotações laterais. 

Danos diretos causados por broca da cana-de-açúcar
(Fonte: Manual de Identificação de Pragas da Cana

De maneira indireta, a abertura de orifícios torna a planta mais suscetível ao ataque de microrganismos como Colletotrichum falcatum e Fusarium moniliforme, que causam doenças como a podridão vermelha. Isso diminui a pureza do caldo pela inversão da sacarose. 

podridão vermelha

Danos indiretos causados por broca-da-cana – podridão vermelha
(Fonte: Manual de Identificação de Pragas da Cana)

Controle da broca da cana-de-açúcar

Uma praga que fica, na maior parte de seu desenvolvimento, dentro do colmo, parece ser impossível de ser controlada.

Mas existem diversos métodos de controle capazes de reduzir a população da broca da cana-de-açúcar de maneira efetiva dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP)

E, como em qualquer outra cultura, é essencial realizar o monitoramento. 

Monitoramento

O controle deve ser baseado na intensidade de infestação da praga. Para isso, é necessário fazer cortes dos colmos da cana. 

É importante que sejam feitos levantamentos de 2 a 4 meses após o plantio (cana-planta) ou após o corte da cana (cana-soca). 

O ideal é fazer dois pontos de amostragem por hectare em sistema de mosaico:

  • Duas ruas de 5 metros cada (total de 10 m por ponto); 
  • Cada ponto amostrado deve ter um espaçamento de 50 m x 100 m;
  • Devem ser coletados cerca de 100 colmos por talhão. 
levantamento populacional da broca da cana-de-açúcar

Esquema de levantamento populacional da broca da cana-de-açúcar
(Fonte: Socicana) 

Para calcular a intensidade de infestação (IF), deve-se contar o número de internódios e o número de internódios atacados e usar a seguinte fórmula:

IF= 100 x n° internódios atacados
n° total de internódios

Se o IF estiver em nível igual ou maior do que 3%, é imprescindível entrar com controle. 

Veja as formas de controle a seguir.

Controle biológico 

Quando existe infestação em nível igual ou maior do que 3%, a maneira ideal de controlar as lagartas é por meio da liberação da vespa parasitoide Cotesia flavipes. 

Cotesia flavipes e lagarta da broca-da-cana

Cotesia flavipes parasitando lagarta da broca-da-cana
(Fonte: Defesa Vegetal) 

Muitas usinas têm produção própria, mas também existem muitas biofábricas que produzem este parasitoide em larga escala. 

A liberação vai depender da população da broca no campo. 

bula de Cotésia Biocontrol

Tabela com informações da bula de Cotésia Biocontrol
(Fonte: Agrofit

Um outro parasitoide muito utilizado é a espécie de microvespa Trichogramma galloi. Ela também tem registro de várias empresas no site do Mapa (Agrofit).

O Trichogramma galloi, diferente da Cotesia flavipes, parasita ovos da broca da cana-de-açúcar. 

Trichogramma galloi

Trichogramma galloi parasitando ovos da broca-da-cana
(Fonte: Defesa Vegetal) 

Juntos, esses dois parasitoides podem controlar até 60% da infestação da broca da cana-de-açúcar.

Existem outros inimigos naturais que ocorrem naturalmente nos canaviais. O ideal é que sejam conservados para que possam contribuir na redução da população da praga.

Controle cultural 

O controle cultural também pode ser feito para prevenir que a praga atinja o nível de controle. 

Alguns métodos são bastante difundidos e têm tido sucesso, alguns deles são:

  • Eliminar plantas hospedeiras;
  • Corte da cana sem desponte;
  • Moagem rápida da cana.

Variedade resistente

Utilizar variedade com uma boa tolerância ou resistência à praga pode contribuir muito no controle da broca-da-cana. 

Como, por exemplo, a variedade CTC9001BT que foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) no final do ano de 2018. 

Controle químico

Embora não atinja a broca quando já está alojada dentro do colmo, os inseticidas podem contribuir na redução das lagartas neonatas, logo após a eclosão. 

Logo após a eclosão, as lagartas ficam um período se alimentando das folhas por raspagem. Esse período pode durar de 2 a 6 dias. E é nesse momento que, se necessário, pode entrar com o controle químico.

Existem 45 produtos registrados para o controle de Diatraea saccharalis pelo MAPA que estão no site Agrofit

Produtos registrados pelo MAPA para controle de Diatraea saccharalis
(Fonte: Agrofit)

É importante que os inseticidas sejam seletivos aos inimigos naturais presentes no agroecossistema. Além disso, fazer rotação de ingrediente ativo impede que ocorra seleção de insetos resistentes. 

Veja alguns exemplos de inseticidas mais seletivos:

  • Altacor (clorantraniliprole)
  • Atabron (clorfluazuron)
  • Certero (triflumuron)
  • Mimic (tebufenozida)
  • Rimon (novaluron)

As doses e caldas podem ser encontradas na bula dos produtos de acordo com cada fabricante. 

Sempre consulte um engenheiro agrônomo.

Conclusão

A broca da cana-de-açúcar é a principal praga da cultura canavieira.

Os danos causados podem ser tanto diretos como indiretos e prejudicar muito a produção final.

A lagarta passa a maior parte do seu desenvolvimento dentro do colmo, por isso o monitoramento é importante. 

Existem diversos métodos de controle pelo manejo integrado de pragas que podem ser utilizados de forma concomitante, como você viu aqui.

Com essas informações, ficará mais fácil fazer o manejo adequado da broca e evitar prejuízos na lavoura.

>> Leia mais:

Nematoides na cana-de-açúcar: como reconhecer e manejar

Plantação de cana-de-açúcar: maior produtividade e ponto ótimo de renovação

Colheita de cana: 5 dicas para otimizar a sua

Restou alguma dúvida sobre a broca da cana-de-açúcar? Você já enfrentou problemas com essa praga na sua lavoura? Adoraria ler seu comentário!

Conheça as 11 principais doenças da soja e como combatê-las (+ nematoides)

Doenças da soja: saiba como identificar as mais frequentes, incluindo nematoides, e os métodos de controle mais eficazes para cada uma delas.

Identificar e controlar as doenças da soja exige um nível cada vez maior de conhecimento técnico e acompanhamento prático da lavoura. 

Embora a mais importante seja a ferrugem asiática, diversas outras doenças podem afetar a produtividade, causando perdas de até 100%.

A chave para manter a lavoura saudável é identificar a doença em seu início e realizar medidas de manejo adequadas. 

Por isso, fizemos este artigo exclusivo com a Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário para que você entenda e controle as doenças da soja. Confira!

Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário

Principais doenças da soja

As doenças podem ocorrer em todo o ciclo da cultura ou em períodos específicos (estádios de desenvolvimento). As principais doenças da soja são:

  • Ferrugem asiática
  • Mancha-alvo
  • Oídio
  • Mofo-branco
  • Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente
  • Antracnose
  • Mancha parda ou septoriose
  • Mancha olho-de-rã
  • Cancro da haste
  • Mela ou requeima
  • Podridão de carvão das raízes

Confira o período de ocorrência mais frequente das doenças da soja na imagem a seguir:

doenças da soja
(Fonte: Paulo Saran)

Tendo isso em vista, vamos agora para a identificação e manejo das principais doenças da soja:

Ferrugem asiática da soja

ferrugem asiática
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

A ferrugem asiática da soja é considerada a mais importante na cultura da soja e é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Os sintomas podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta.

ferrugem asiática da soja pode causar perdas de 10% a 90% nas lavouras, atingindo todas as regiões produtoras do Brasil. 

O diagnóstico nos estádios iniciais da doença pode ser difícil por não ter os esporos alaranjados como em outras ferrugens.

Por isso, inicialmente, procure por minúsculos pontos mais escuros nas folhas, variando de coloração verde a cinza (utilize uma lupa).

Na face inferior das folhas no local correspondente ao dos pontos, observe pequenas saliências, que são as urédias (estruturas de reprodução do fungo).

Na safra 2019/20, já tivemos registro da ferrugem asiática no campo. Acompanhe os dados de ocorrência da doença no Consórcio Antiferrugem.

Manejo da ferrugem asiática:

  • Monitore a lavoura

Não se esqueça de utilizar uma lupa e observar a parte de baixo da folha para visualização das urédias.

  • Utilize fungicidas

Use fungicidas, como a morfolina, preventivos ou quando aparecer os primeiros sintomas.

Lembre-se que já foi registrada a redução da eficiência de fungicidas à base de carboxamidas, triazóis e estrobilurina isolada.

Como existem vários produtos registrados para manejo da ferrugem da soja e com vários ingredientes ativos, você pode utilizar fungicidas com diferentes modos de ação.

Isso minimiza riscos de perda da eficiência dos fungicidas.

Além disso, reduza a aplicação excessiva de fungicidas e realize a calendarização da semeadura.

  • Vazio sanitário

É o período que a área fica sem plantas de soja. Ele varia de 60 a 90 dias, o que reduz a sobrevivência do fungo.

Atente-se ao período do vazio sanitário da sua região. Você pode conferi-lo aqui.

  • Calendarização da semeadura

Realizar a semeadura no início do período recomendado pode reduzir o número de aplicações de fungicidas na sua área. Isso ocorre porque há menos esporos da doença no ambiente.

Calendarização da semeadura
  • Uso de variedades precoces

Utilizando essas variedades, você irá reduzir o tempo de exposição da planta no campo, podendo reduzir a infecção.

Além da ferrugem asiática, conheça outras doenças da soja que podem afetar a sua lavoura e como fazer seu controle:

Mancha-alvo

doenças-da-soja-mancha-alvo
(Fonte: Mais soja)

É causada pelo fungo Corynespora cassiicola, podendo ocasionar perdas de até 50% em cultivares suscetíveis.

Nas folhas, os sintomas se iniciam por pontuações pardas, com halo amarelado, evoluindo para mancha foliar circular, de coloração castanho-clara a castanho-escura.

Essas manchas podem apresentar pontuação no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura (semelhantes a um alvo).

Formas de manejo para a mancha-alvo:

  • Utilização de cultivares resistentes;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Uso de fungicidas.

Para te auxiliar na escolha do fungicida, veja o trabalho que a Embrapa realizou para determinar a eficiência de fungicidas da cultura da soja no controle da mancha-alvo. 

Além disso, atente-se que já foram relatadas populações do fungo C. cassiicola resistentes a fungicidas MBC (metil benzimidazol carbamato).

Oídio

oídio soja
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

O oídio é uma doença é causada pelo fungo Microsphaera diffusa. Em algumas regiões do país a doença ocorre por ter as condições favoráveis para o desenvolvimento do fungo.

Essas condições são temperaturas amenas e baixa umidade, sendo frequente em regiões com maior altitude. Além disso, esse fungo tem fácil dispersão pelo vento.

Sintomas da doença podem ser observados nas folhas, que vão apresentar uma estrutura branca (micélio e esporos do fungo) – que podem se tornar cinzas com o passar do tempo.

Essas estruturas são capazes de impedir a fotossíntese e provocar queda prematura das folhas. 

Como fazer o manejo do oídio:

  • Utilização de variedades resistentes;
  • Controle químico;
  • Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do fungo.

Mofo-branco

O mofo-branco é causado por Sclerotinia sclerotiorum, fungo que tem mais de 400 espécies de hospedeiros, incluindo soja e feijão. A doença é responsável por até 30% de perdas da produção em um campo agrícola.

Os sintomas são lesões encharcadas inicialmente, que evoluem para uma coloração castanha e, depois, há a formação de um micélio branco, que formam escleródios.

O fungo pode sobreviver no solo por um longo período (em média de 5 a 10 anos) na forma de estruturas de resistência do fungo (escleródios).

mofo-branco
Placa de Petri com crescimento em meio de cultura de Scletotinia sclerotiorum com micélio branco e escleródios
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Manejo do mofo-branco:

  • Sementes certificadas, limpeza de máquinas e implementos agrícolas;
  • Tratamento de sementes com fungicidas do grupo MBC (metil benzimidazol carbamato);
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Semeadura em palhada de plantas não hospedeira como as gramíneas (isso desfavorece a formação e liberação de esporos do fungo);
  • Utilização de cultivares que favoreçam a aeração entre as plantas para não criar um ambiente ideal para desenvolvimento do fungo;
  • Controle de daninhas hospedeiras do mofo branco;
  • Controle químico com aplicação no início da floração até a formação das vagens.

Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente

mancha púrpura cercospora soja
(Fonte: Pioneer)

Doença causada pelo fungo Cercospora kikuchii, que ataca todas as partes da planta.

Ocorre em várias regiões produtoras de soja, sendo mais intensa em locais quentes e chuvosos. 

Nas folhas, você pode observar manchas castanho-avermelhadas, produzindo o efeito chamado de “bronzeamento” na folha, que pode evoluir para grandes manchas escuras.

Já nas vagens, causa manchas vermelhas a castanhas. É através das vagens que o fungo atinge a semente, causando manchas avermelhadas denominadas “mancha púrpura”.

Principais manejos

  • Uso de sementes certificadas;
  • Tratamento de sementes com fungicidas;
  • Pulverização com fungicida na parte aérea da planta: existem vários produtos registrados para este patógeno.

>> Leia mais: “Como identificar e manejar o crestamento bacteriano na soja”

Antracnose

O fungo mais comum que causa antracnose em soja é o Colletotrichum truncatum. A doença pode ocorrer no início da cultura e você pode observar o tombamento das plantas jovens de soja.

antracnose soja
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Nas vagens surgem manchas aquosas no início da doença, escurecendo depois.

Isso pode favorecer a queda das vagens e sementes com manchas deprimidas. Já nas folhas podem ocorrer manchas e necrose.

Manejo da antracnose:

  • Utilização de sementes certificadas;
  • Sementes tratadas com fungicidas;
  • Controle químico;
  • Rotação de culturas;
  • Plantio da soja no espaçamento adequado, especialmente no plantio direto, para não apresentar condições adequadas para o fungo (alta umidade e clima quente).

Mancha parda ou septoriose 

A mancha parda é causada por Septoria glycines e está disseminada por todo o país.

No início do desenvolvimento da doença, você pode observar pequenas pontuações de cor parda nas folhas que, ao se desenvolverem, formam manchas com halos amarelados e centro de contornos angulares, de coloração parda da face superior e rosada na parte inferior da folha. Pode haver desfolha prematura. 

Manejo da mancha parda:

  • Rotação de culturas;
  • Aplicação de fungicidas na parte aérea durante a formação e enchimento das vagens.

Mancha olho-de-rã

É causada pelo fungo Cercospora sojina e pode ocasionar perdas de 10% a 60%.

Os sintomas da doença podem ser observados nas folhas, hastes, vagens e sementes. 

Nas folhas ocorrem pequenas manchas encharcadas na face superior que evoluem para lesões de formato arredondado, com o centro castanho claro e bordas castanho-avermelhadas. 

Já na face inferior das folhas, as lesões apresentam coloração mais escura.

Os sintomas nas vagens são lesões circulares a alongadas, deprimidas, com coloração marrom-avermelhada.

Nas sementes, causa rachaduras e manchas de coloração parda e cinza. 

Manejo da mancha olho-de-rã:

  • Variedade resistente;
  • Tratamento de sementes.

Cancro da haste

A doença pode ser causada por Diaporthe aspalathi e Diaporthe caulivora. Ambas as espécies causam sintomas semelhantes nas plantas.

Você pode observar lesões profundas nas hastes, com coloração castanho-avermelhadas a negras, alongadas e elípticas, adquirindo coloração castanho-clara com bordas castanho-avermelhadas. 

Um aspecto importante desta doença são folhas amareladas e com necrose internerval (folha “carijó”), permanecendo presas à planta.

Já as sementes podem apresentar enrugamento e rachaduras no tegumento. E é possível observar micélio de coloração esbranquiçada a bege sobre a superfície. 

As lesões causadas por D. aspalathi raramente circundam a haste e não há murcha.

Já as lesões causadas por D. caulivora circundam o caule, causando murcha e morte da planta. 

Manejo do cancro da haste:

  • Tratamento de sementes;
  • Rotação/sucessão de culturas;
  • Cultivares resistentes (D. aspalathi).

Mela ou requeima 

Doença causada por Rhizoctonia solani, podendo apresentar até 60% de redução na cultura da soja.

Ocorre em reboleira nas lavouras e tem desenvolvimento em alta umidade relativa. 

Os sintomas são folhas com lesões encharcadas de coloração pardo-avermelhada a roxa, evoluindo para marrom-escura a preta. 

Uma particularidade é que folhas infectadas geralmente ficam aderidas às outras ou às hastes por meio do micélio, que pode disseminar o fungo para tecidos sadios.

Nas hastes, pecíolos e vagens ocorrem manchas castanho-avermelhadas. 

Nos tecidos mortos, o fungo forma um micélio fino com produção de escleródios de cor bege a castanho escuro. 

Manejo da requeima

  • Rotação de culturas não hospedeiras do fungo;
  • Semeadura direta;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Espaçamento de plantio adequado;
  • Fungicidas;
  • Nutrição equilibrada.

Podridão de carvão das raízes

A podridão de carvão na soja é causada pelo fungo Macrophomina phaseolina, sendo a doença radicular mais comum nas áreas de soja.

A infecção pode acontecer na germinação das sementes, tornando as radículas escuras.

Se sua lavoura apresentar a doença no período do florescimento e ocorrer falta de água, as folhas tornam-se cloróticas, secam e adquirem coloração marrom, permanecendo aderidas aos pecíolos.

O colo da planta apresenta lesões de coloração marrom-avermelhada e superficiais.

podridão de carvão das raízes
(Fonte: Agronômica)

Já as raízes das plantas adquirem coloração cinza com microescleródios negros.

Manejo da podridão de carvão das raízes: 

  • Cobertura do solo;
  • Plantio em campos que não tenham tido histórico da doença.

Nematoides na cultura da soja

Os nematoides causam doenças na cultura da soja que podem chegar ao prejuízo estimado de R$ 35 bilhões ao ano no Brasil.

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Danos causados pelo nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines) e pelo nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) na região de Primavera do Leste (MT)
(Fonte: Tatiane Zambiazi em Grupo Cultivar)

Para evitar esses prejuízos na lavoura, conheça os principais nematoides que podem ocorrer na soja e suas medidas de manejo:

11-doenças-da-soja-nematoides

Manejo de nematoides:

O controle dos nematoides é muito difícil, já que são parasitas do solo. Algumas medidas que podem te auxiliar são:

  • Evitar áreas com histórico dos nematoides;
  • Evitar a entrada dos nematoides: sementes de boa qualidade, limpeza de implementos, máquinas agrícolas e outros;
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras, em especial as práticas de adubo verde e culturas de cobertura;
  • Uso de cultivares de soja tolerantes ou resistentes.

Para te auxiliar nas recomendações, monitoramento da safra e tomada de decisão quanto à estratégia de controle para as doenças, procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

Caso os sintomas estejam inconclusivos, é importante que você encaminhe o material para um laboratório especializado em diagnóstico. Assim você terá o diagnóstico de forma mais rápida e precisa.

>>Leia mais: “Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Como obter sucesso no controle das doenças da soja

Antes de falarmos sobre as principais doenças da cultura da soja, é importante sabermos sobre o planejamento do manejo. Para isso, considere as seguintes informações: 

  • Histórico da área de cultivo; 
  • Conheça os sintomas e condições favoráveis para as doenças; 
  • Conheça todos os métodos de manejo que podem ser utilizados e avalie qual o melhor para sua propriedade; 
  • Utilize sementes de boa qualidade;
  • Não utilize apenas uma medida de manejo: tente integrar vários métodos;
  • Faça a adubação de soja adequadamente.

O sucesso no controle, principalmente das doenças causadas por fungos, está correlacionado ao momento em que o manejo é iniciado na lavoura.

Isso pode ser devido a medidas legislativas, como vazio sanitário, ou práticas culturais.

Para reduzir a introdução de patógenos na lavoura é preciso utilizar sementes de boa qualidade e procedência.

Por isso, é importante fazer a análise destas sementes em laboratórios confiáveis. Essa medida ajuda a garantir a alta produtividade nas próximas safras.

As sementes de soja podem transmitir alguns patógenos fúngicos como: 

  • Cercospora kikuchii
  • Septoria glycines
  • Colletotrichum truncatum
  • Diaporthe aspalathi
  • Cercospora sojina

Eles também podem ser transmitidos por restos culturais e servir de fonte de introdução para a lavoura. 

Você também pode ter doenças na lavoura de soja causadas por Sclerotinia sclerotiorum, Rhizoctonia solani e Macrophomina phaseolina.

Esses fungos de solo formam estruturas de resistência denominadas escleródios, que podem causar danos enormes nas lavouras por serem bem agressivos e de difícil controle.

planilha controle de custos por safra

Conclusão

Neste texto foram discutidas as principais doenças da soja, seus sintomas e melhores práticas para controle na lavoura.

Além disso, falamos sobre os quatro nematoides mais importantes para a soja e também como combatê-los.

Com isso, você pode orçar os custos dessas medidas de manejo e fazer um planejamento efetivo. 

Desse modo, tenho certeza que você terá uma lavoura com maior controle das doenças e também dos seus custos!

>> Leia mais:

“Mancha-púrpura na soja: como livrar sua lavoura dela”

Quais doenças da soja você encontra hoje na sua propriedade? Como você controla essas doenças? Têm problemas com nematoides? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Adubação em citros: 3 dicas para ser ainda mais eficiente

Adubação em citros: tudo o que você precisa saber para definir o quê, em que momento e quanto aplicar em seu pomar para alcançar mais produtividade.

A produção e a qualidade dos frutos cítricos estão associadas a diversos fatores como clima, planta (copa e porta-enxerto), práticas culturais, controle de pragas e doenças

Mas, sem dúvida, o fator mais básico e fundamental, com resposta rápida na produtividade, é a adubação.

E para alcançar máxima eficiência nesta prática é preciso saber o quê, quanto, quando e como aplicar. 

Confira a seguir 3 dicas para realizar a adubação em citros com maestria!

1ª Dica – adubação em citros: o quê e quanto aplicar

A lavoura de citros responde rápida e positivamente ao uso de fertilizantes. E, para garantir a eficiência da adubação em citros, precisamos saber o quê e quanto aplicar, quando aplicar e como aplicar!

Para definir o quê e quanto aplicar precisamos, antes de mais nada, descobrir quais são as principais necessidades de nossa lavoura.

E são as análises nutricionais do solo e de folhas que vão nos auxiliar a responder essas perguntas.

Deficiências nutricionais em citros

As plantas, assim como nós, precisam de nutrientes para que possam crescer e se desenvolver.

Os macro (N, P, K, Ca, S, Mg) e micronutrientes (B, Cl, Co, Cu, Mn, Mo, Zn) devem estar sempre presentes e disponíveis às plantas para alcançar máxima produtividade.

Para cada caixa de laranja (Citrus sinensis L.) de 40,8 kg produzida, cada cultivar extrai do solo uma grande quantidade de nutrientes. 

E, caso o solo não apresente as quantidades necessárias para suprir as plantas, elas podem apresentar desenvolvimento insatisfatório e sintomas de deficiência.

Entenda melhor na tabela abaixo:

extração por cultivar

A fim de evitar as deficiências, antes mesmo da implantação do pomar, devemos realizar uma adubação de correção.

E com o passar do tempo, devemos monitorar nossa lavoura, corrigindo sempre que for necessário.

Qual adubo usar em citros?

O adubo que iremos utilizar depende do nutriente que desejamos corrigir, fornecer ou complementar.

Confira na tabela que separei a seguir alguns dos adubos que podem ser utilizados para adubação em citros e seus principais constituintes.

adubação em citros

De modo mais prático, podemos optar pelo uso de formulados NPK, que garantem o fornecimento de três nutrientes numa única vez.

Como vimos, cada adubo pode conter mais de um nutriente e apresenta determinada garantia desses nutrientes.

Dessa forma, as quantidades aplicadas podem ser diversas, evitando a salinidade do solo e garantindo viabilidade financeira.

Qual a composição do adubo Super Simples?

O superfosfato simples (SSP), também conhecido como Super Simples, é um fertilizante derivado do minério natural de fosfato.

Junto com outros, fertilizantes fosfatados são os mais utilizados para corrigir os valores de fósforo (P) do solo. Sua composição básica é de 18% P2O5, 20% Ca e 12% de S.

Agora que sabemos os adubos que podemos usar na adubação em citros, vamos à próxima dica: quais as épocas de maior exigência, ou seja, “quando aplicar?”.

superfosfato simples

Detalhe de superfosfato simples ou “Super Simples”
(Fonte: BR Fértil)

2ª Dica – Adubação em citros: Quando aplicar?

Já vimos que a adubação garante resposta rápida na produtividade das plantas e que é primordial sabermos quais e quanto de adubo iremos utilizar.

Agora precisamos saber qual a época crítica para sua aplicação!

Para o citros, as fases mais críticas para a adubação são o florescimentocrescimento dos frutos, após a colheita e início da vegetação.

Mas, além disso, é importante que as adubações em citros estejam associadas às épocas de ocorrência de chuvas. 

No Estado de São Paulo, essa época ocorre de setembro a março e engloba as fases de maior demanda.

Muitas vezes, em regiões de solo menos fértil, as quantidades a serem aplicadas podem ser muito elevadas para serem distribuídas numa única vez.

Para sanar esse problema, podemos realizar o parcelamento dos adubos em duas ou até quatro vezes durante esse período.

O parcelamento, assim como a escolha dos adubos, pode ser estratégia essencial para evitar aumento da salinidade do solo.

A tabela que trago a seguir mostra os períodos de maior exigência de N, P, e K dos citros, portanto, quando devemos aplicar cada um deles.

adubação em citros

Nesse processo, os micronutrientes não podem ser esquecidos pois, assim como os macronutrientes, são essenciais para o bom desenvolvimento das plantas.

A época de maior exigência de micronutrientes é durante o florescimento, logo após a queda das pétalas e início do fluxo vegetativo.

3ª Dica – Como aplicar a adubação em citros?

Minha terceira e última dica te ajudará na escolha do modo de aplicação dos adubos em sua lavoura.

De modo geral, os macronutrientes são aplicados via solo. Isso pode ser feito na forma sólida ou ainda junto com a água de irrigação através da técnica chamada fertirrigação.

Enquanto para os nossos micronutrientes podemos optar pela aplicação foliar.

Fertirrigação em citros

Ao contrário da adubação com fertilizantes sólidos, a fertirrigação não depende da época das chuvas, pois será realizada juntamente com a irrigação e de forma localizada.

Entretanto, para utilizar desta técnica é necessário que os pomares já apresentem um sistema de irrigação previamente instalado.

Além disso, é preciso que os adubos escolhidos sejam completamente solúveis em água para não causar entupimentos.

Esta técnica demanda monitoramento constante, pois pode causar aumento da salinidade dos solos, o que prejudica o desenvolvimento radicular das plantas.

Adubação foliar em citros

A adubação foliar é normalmente restrita à aplicação de micronutrientes. O boro (B) é uma exceção, pois sua maior absorção ocorre via solo.

A principal vantagem da adubação foliar é que ela fornece os nutrientes diretamente nas regiões de demanda, o que permite melhor absorção.

Apesar de poder ser associada a outras aplicações, garantindo economia de operações, precisa ser realizada nas horas mais amenas do dia para garantir sua eficácia!

Aplicação foliar em plantas cítricas

Aplicação foliar em plantas cítricas
(Fonte: Acervo pessoal – Marcelo Brossi Santoro)

Conclusão

Para aumentarmos a eficiência da adubação em citros precisamos nos atentar ao quê e quanto aplicar, quando e como aplicar.

Esses três fatores estão intimamente ligados e vão influenciar diretamente na produtividade da lavoura.

Cada forma de aplicação e cada tipo de adubo utilizado apresenta vantagens e desvantagens que mostramos aqui.

Cabe a você avaliar e optar pelas que trarão vantagens econômicas e produtivas ao pomar.

>> Leia mais:

Como não errar na implantação do pomar de laranja valência

“Tudo sobre a produção de laranja pêra”

Em quais pontos você foca na hora de aumentar a eficiência da adubação em citros? Conte pra gente nos comentários!

Como calcular o custo de milho para silagem

Custo de milho para silagem: Veja quais dados considerar, como se planejar para o futuro e como calcular o preço de venda da silagem. 

O Brasil possui o maior rebanho bovino do mundo, com cerca de 214,7 milhões de cabeças, sendo muitas delas dependentes de silagem.

Além do maior tempo de armazenamento, a silagem de milho possui alto teor nutritivo. É um ótimo complemento na alimentação de bovinos, especialmente em áreas tropicais como o Brasil.  

No entanto, é importante que o produtor tenha em mente seus custos de produção e como fazer milho silagem de qualidade para maximizar seus lucros.  

Veja a seguir: Qual é, em média, o custo de milho para silagem e como estabelecer seu preço de venda. 

Qual o custo de milho silagem por hectare?

O custo total da silagem por hectare gira em torno de R$ 5.000 a R$ 6.500, incluindo gastos com insumos; preparo do solo; plantio; tratos culturais; colheita e ensilagem; depreciação e outros.

Porém, esse valor é maior ou menor dependendo da região e nível de tecnologia empregada.

Por isso, é importante que o produtor tenha seus custos na palma da mão para obter o máximo de rentabilidade. 

Custos de produção da silagem de milho

Custos de produção da silagem de milho
(Fonte: Santos et al., 2017)

Muitas vezes, a depreciação e o custo de oportunidade não costumam ser levados em consideração.

Mas é importante ter um bom planejamento para saber quanto lucraria caso investisse o dinheiro em outro segmento.

Colheita do milho para realizar a ensilagem
(Fonte: Rural Pecuária)

É muito importante ter sempre o dinheiro necessário para renovação de estrutura, maquinário e implementos que são a base para uma boa produção

Além disso, é preciso considerar que podem ocorrer perdas de 10% a 30% devido ao processo de fermentação ou a práticas de manejo inadequadas. 

E, quanto maior a perda, maior o custo de produção, como você pode observar na tabela abaixo:

custo milho silagem

Relação entre perdas e produtividade da silagem
(Fonte: Santos et al., 2017)

Custo de milho para silagem: Produção por hectare

A média de produção do milho para silagem é de 30 a 40 toneladas de matéria seca por hectare. 

Isso depende principalmente de fatores como:

  • Clima da região;
  • Tipo do solo;
  • Híbrido escolhido; 
  • Adubação;
  • Manejo fitossanitário. 

Além do total produzido, é muito importante que o processo de ensilagem seja feito de forma a manter a qualidade do alimento para compensar o investimento feito.  

Para tanto, é fundamental fazer a colheita no momento certo e uma boa compactação, vedação e manejo no painel do silo. 

Processo de ensilamento milho

Processo de ensilamento
(Fonte: Milkpoint)

Como calcular o preço de compra e venda da silagem?

De modo geral, o preço da silagem pode ser calculado em cima do preço de mercado do milho em grãos. 

Seguindo este raciocínio, como o processo de ensilagem é feito com aproximadamente 35% de matéria seca, a cada tonelada temos 350 kg de matéria seca. 

Como, em média, 50% da matéria seca é constituída por grãos, temos 175 kg de grãos na silagem. 

Desta forma, é só multiplicar o preço do milho em grãos pelo preço da saca de milho e chegamos ao valor base. 

Considerando o preço médio da saca de milho em R$ 30, temos: 

R$ 30  ÷ 60 kilos → R$ 0,5 por kilo

R$ 0,5 por kilo x 175 kg → R$ 87,5  por tonelada de silagem

Além do preço base, sabemos que a qualidade nutritiva da silagem influencia totalmente no seu preço devido ao valor agregado. 

Assim, silagens com alta qualidade podem ser vendidas com 10% a 15% acima deste valor base. 

Banner de chamada para o download da planilha de controle de custos de safra

Conclusão

O milho silagem é uma importante estratégia para alimentação de bovinos em regiões com períodos de baixa produtividade de pastagens ou como complemento alimentar.   

Porém, é de suma importância que o produtor saiba calcular os custos de produção para ter uma maior rentabilidade. 

Além disso, os custos de produção e a qualidade da silagem são informações imprescindíveis na precificação da silagem.

Acredito que, com essas informações, você poderá fazer um melhor  levantamento de custos e definição de preços para sua produção de silagem de milho! 

>> Leia mais:

Como fazer o manejo de herbicida para milho

7 dicas dos especialistas para uma safra de milho verão ainda melhor

Principais e melhores manejos na dessecação para pré-plantio de milho

Como você realiza o levantamento de custo de milho para silagem? Adoraria ver seu comentário!

Adubo para milho: recomendações para aumentar a produtividade da lavoura

Adubo para milho: recomendação da época certa e doses ideais para aplicação de nitrogênio, fósforo e potássio em cada situação, inclusive para milho silagem.

Muitas vezes a lavoura de milho é colocada em segundo plano na propriedade.

Mas, com o conhecimento de alguns conceitos sobre planta, solo e nutrientes, podemos aumentar a eficiência dos insumos e minimizar os riscos da cultura.

O manejo da adubação é essencial para isso, principalmente pela baixa fertilidade dos solos brasileiros.

Confira a seguir as melhores recomendações de adubo para milho e como tirar o melhor proveito delas em sua propriedade. 

Conceitos básicos da recomendação de adubo para milho

Um dos conceitos de suma importância na adubação é o de rendimento máximo econômico.

Nele, o produtor deve procurar a lucratividade máxima da exploração agrícola e não o máximo rendimento.

Isso porque, o máximo rendimento normalmente não se traduz em máxima rentabilidade.

Produtividade com doses de nitrogênio

Produtividade de grãos em função de doses de nitrogênio
(Fonte: Lyra et al., 2014)

Como podemos ver na figura acima, com o aumento da dose do nutriente, no caso nitrogênio, o incremento na produtividade da cultura diminui.

Com isso, você deve observar, de acordo com seu sistema de produção e híbrido usado, qual o maior rendimento econômico para adubação.

Junto com o conceito de rendimento máximo econômico, você deve trabalhar com as análises de solo

O solo é um ambiente dinâmico e uma análise mostra apenas uma “imagem parada”. Com isso em mente, mantenha sempre um histórico de análises para entender como as adubações e o uso de corretivos estão agindo no solo.

E outros dois conceitos importantes são os de adubação de correção e de manutenção.

A adubação de manutenção coloca a quantidade de nutrientes que foram exportados pela planta, ou seja, que foram colhidos e saíram do sistema.

Já a adubação de correção aumenta o estoque do nutriente no solo, e ele é de grande importância já que a planta necessita absorver maior quantidade do nutriente do que a exportada.

Nitrogênio na recomendação de adubação para milho

O nitrogênio é o nutriente de maior demanda nas plantas. Especialmente no milho e em outras gramíneas, ele apresenta as maiores respostas à produtividade tanto de biomassa quanto de grãos.

O nitrogênio está diretamente relacionado com a fixação de carbono pela planta e com a síntese de aminoácidos. E, carbono e aminoácidos são iguais à biomassa e proteínas.

Apesar de ser nutriente mais exigido, o nitrogênio praticamente não existe nas rochas que dão origem aos solos.

Então, podemos considerar que a fonte primária de nitrogênio é o ar. E ele vai parar no solo basicamente de duas formas: amônio (NH4) e nitrato (NO3).

Mas, como isso impacta o manejo da adubação nitrogenada?

Bom, dependendo da fonte de adubo nitrogenado que utilizarmos, ela tende a ter diferentes comportamentos no solo.

A ureia, por exemplo, após ser aplicada no solo úmido, será quebrada em amônio.

A quebra da ureia eleva o pH em uma mínima região em torno do grânulo de adubo, fazendo com que boa parte do nutriente aplicado seja perdido por volatilização.

Outros adubos nitrogenados com base no amônio, como o sulfato de amônio e o nitrato de amônio, também podem sofrer com a volatilização em menor grau, principalmente se forem aplicados sobre restos vegetais.

Já os fertilizantes à base de nitratos podem sofrer com outro problema: a lixiviação. O nitrato não se prende à famosa CTC do solo.

Isso faz com que o nutriente possa ser levado pela água até zonas mais profundas e fora do alcance do sistema radicular de algumas culturas.

Adubação com nitrogênio

Agora que já sabemos um pouco sobre alguns conceitos do nitrogênio, vamos falar de números… Quanto devo aplicar de nitrogênio na lavoura?

Para respondermos a essa pergunta, devemos ter em mente dois conceitos:

  • Saber quanto de nitrogênio estamos retirando na silagem ou nos grãos de milho para que possamos repor via adubação;
  • Considerar que, do nitrogênio absorvido pela planta, apenas de 30% a 50% (no máximo) são oriundos diretamente do adubo. 

E de onde vem o resto? Do solo!

Dessa forma, é sempre importante mantermos uma adubação nitrogenada condizente com a produtividade da área e com a quantidade de nitrogênio exportada do sistema.

recomendação de adubação para milho

Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada à produção de grãos e silagem em diferentes níveis de produtividade
(Fonte: IPNI)

Observando a tabela acima, podemos ver que o milho extrai em média 21 kg de nitrogênio por tonelada de grão. 

Se fossemos repor o nitrogênio extraído utilizando uma adubação de ureia (45% de N), seriam usados em média 47 kg do adubo por tonelada produzida.

Um talhão com produtividade média de 9 toneladas de grão/ha, por exemplo, exigiria uma reposição de aproximadamente 420 kg de ureia/ha.

No caso da produção de silagem, a exportação de nitrogênio é de 10 kg por tonelada de matéria seca produzida. 

Levando em conta uma produção de 50 toneladas de silagem, com um teor de matéria seca de 30% (15 toneladas de matéria seca), seriam necessários 150 kg de N/ha ou 330 kg de ureia/ha.

Quando aplicar o nitrogênio na adubação de milho?

Muito se fala sobre os possíveis benefícios de se parcelar a adubação nitrogenada ao longo do crescimento da planta.

Mas para compreender melhor isso, temos que entender qual o período de maior exigência de nitrogênio pela planta de milho. 

absorção do nitrogênio no milho

Estágios fenológicos e curva de absorção do nitrogênio no milho
(Fonte: Forseed)

Como podemos ver na figura acima, a fase do pendoamento é onde ocorre o pico de absorção de nitrogênio na planta de milho.

Dessa forma, devemos garantir que haja a quantidade necessária desse nutriente no solo.

Um experimento antigo, de 1974, mostra o efeito dos diferentes parcelamentos da adubação nitrogenada no milho:

recomendação de adubação para milho

Efeito do parcelamento de nitrogênio nas doses de 60 kg/ha e 120 kg/ha na produção de milho
(Fonte: Novais et al., 1974)

No experimento da tabela acima, podemos ver duas coisas interessantes. A primeira é como o nitrogênio é limitante na produção (diferenças entre 60 kg e 120 kg de N aplicados).

A segunda é que as maiores produtividades foram com o nitrogênio fornecido todo aos 45 dias após o plantio, com 33% do N fornecido no plantio e o restante aos 45 dias após o plantio (cobertura).

Adubo para milho: Fósforo

O fósforo é essencial na recomendação de adubo para milho.

A maior parte das áreas agrícolas do Brasil é deficiente em fósforo e seu manejo é um tanto quanto complexo devido à sua interação com o solo. Mas o nutriente é essencial na recomendação de adubação para milho.

Os adubos fosfatados aplicados no solo se dissolvem, passando para a solução do solo (local onde fica disponível para absorção pelas plantas) e sua tendência é de se adsorver aos sólidos do solo.

adubo para milho

Representação da relação entre o fósforo na solução do solo, na fase lábil e não lábil
(Fonte: International Superphosphate Manufacturers Association – ISMA, 1978)

Com a forte tendência de se adsorverem à camada sólida do solo, eles passam para a forma lábil. Ou seja, o fósforo aqui pode passar para a solução do solo e, consequentemente, para a planta. 

O problema é que, ao longo do tempo, o fósforo da fase lábil se “prende” mais fortemente ao solo, passando para não lábil.

Nessa forma, o fósforo fica praticamente indisponível para as plantas e seu retorno para a forma lábil é extremamente lenta.

Resumindo, toda vez que aplicamos fósforo no solo, pagamos um “pedágio” ao próprio solo (como dizia o saudoso Prof. Vitti).

Adubação com fósforo

Na hora da adubação temos duas estratégias que podem ser adotadas:

  • Corrigir os baixos níveis de fósforo no solo;
  • Fornecer apenas a quantidade necessária do nutriente para a safra atual.

A primeira estratégia se chama adubação de correção. E, como os solos brasileiros apresentam alto potencial de fixação de fósforo, essa adubação exige altíssimas doses de fertilizante.

A segunda estratégia, a adubação de manutenção, é a mais utilizada por aqui.

Mas, para se usar a segunda estratégia temos que nos lembrar do “pedágio” que pagamos ao solo. Desse modo, quanto menor o teor de fósforo do seu solo, maior a “quantia paga”.

Classes de teores de fósforo no solo

Interpretação das classes de teores de fósforo no solo
(Fonte: IPNI)

De forma geral, podemos considerar que 20% a 30% do fósforo aplicado é utilizado pela planta.

Então, de acordo com a tabela acima, o produtor deve observar qual o teor de fósforo do seu solo.

Com base lá na primeira tabela deste artigo, a planta de milho exporta aproximadamente 10 kg/ha de P2O5 (ou 4,2 kg de P) por tonelada de grão produzida.

Qual quantidade de adubo fosfatado aplicar

Então, para uma produção de 5 toneladas de grãos em um solo com teor médio ou alto de fósforo (textura média ou argilosa), precisaremos de 50 kg de P2O5

Considerando uma fonte de 50% de P2O5 (MAP ou Super Triplo), precisaríamos de 100 kg de adubo fosfatado/ha.

Já em um solo com teores baixos de fósforo, a mesma produtividade precisaria de cerca de 160 kg/ha de P2O5, ou 320 kg de MAP ou Super Triplo, considerando uma eficiência de 30%.

E, em solos arenosos com baixos teores de fósforo, a fixação (pedágio) que esse nutriente tem no solo pode ser maior ainda. Isso diminuiria ainda mais sua eficiência.

A ideia aqui é que quanto menor o teor do de P no solo e mais arenosa sua textura, maior o pedágio pago ao solo (ou menor a eficiência da adubação fosfatada).

Falando sobre eficiência da adubação fosfatada, alguns manejos podem ajudar a aumentar essa eficiência. 

A correção do pH do solo é uma forma simples de aumentar a eficiência de absorção do fósforo pelas plantas.

Como fazer a fosfatagem

Outra discussão no meio agronômico é sobre a aplicação de fósforo a lanço ou incorporado.

Aplicações de fósforo no solo

Teores de fósforo no solo de acordo com diferentes métodos de aplicação
(Fonte: Prochnow et al., 2018)

Observando a imagem acima, podemos tirar algumas conclusões sobre esses dois métodos de adubação fosfatada.

Uma delas é que a fosfatagem a lanço concentra o fósforo nas camadas superficiais.

Isso pode interferir no crescimento do sistema radicular para camadas mais profundas e, em épocas de déficit hídrico, pode ser uma desvantagem.

Outra conclusão é que como a maior parte do fertilizante fica na camada superficial, solos com pouca ou nenhuma cobertura (palha) podem sofrer com a erosão, levando todo o fertilizante embora. 

A vantagem operacional do fertilizante aplicado a lanço é clara para todos os produtores e pode ser feita de maneira técnica. 

Mas, para isso, precisamos conhecer em quais situações a incorporação ou aplicação no sulco de plantio do fósforo é recomendada.

Uma delas é em áreas novas de agricultura ou em áreas onde existam baixos teores de fósforo na subsuperfície.

Outra situação onde o fósforo incorporado se sai melhor é em terrenos declivosos ou que não tenham palha suficiente ou ainda que passem por cultivo convencional (sem o sistema de plantio direto). 

Por isso, é sempre importante estar atento ao histórico das análises de solo da propriedade.

Potássio 

O potássio é o segundo nutriente em maior quantidade nas plantas.

Apesar de não ser um componente estrutural (não está ligado à estrutura da planta), está presente em grande parte das reações, sendo o principal cátion nas plantas.

A dinâmica do potássio nos solos tropicais é muito mais simples em comparação ao nitrogênio e ao fósforo. 

Em solos muito intemperizados, como os do Brasil, todo o potássio está na CTC do solo e, por equilíbrio, passa para a água do solo, de onde a planta pode absorvê-lo.

Desse modo, uma simples análise de solo pode dizer com mais exatidão a quantidade total de potássio que temos na área.

Mas, e quanto ao manejo da adubação de potássio na lavoura de milho?

Bem, podemos dizer que, como a dinâmica desse nutriente no solo é mais simples, seu manejo é também mais simples.

Adubação potássica

O que irá nos guiar para o cálculo da quantidade de potássio a ser adicionada na área será o teor do nutriente na análise de solo (baixo, médio ou alto) e a produtividade esperada.

Para um baixo teor de potássio, o correto, como no caso do fósforo, é corrigir esse teor ao longo do tempo para que possamos diluir os custos da adubação de correção.

Então vamos lá! Com um teor médio ou adequado de potássio no solo, sabemos que a exportação de potássio nos grãos de milho fica em torno de 15,5 kg K/ton ou 26 kg KCl/ton.

Sabemos, com isso, que uma produtividade esperada de 5 toneladas de grãos irá precisar de 130 kg de KCl/ha. 

No caso da produção de silagem, o potássio é exportado em 14 kg/ton de matéria seca.

Em uma produtividade de 50t de silagem (30% matéria seca) estaremos exportando 210 kg de potássio/ha, ou 350 kg de KCl/ha.

Podemos ver que a exportação de potássio na produção de silagem é bem maior que na produção de grãos – e isso tem grande importância no manejo.

Produções de silagem podem esgotar o estoque de potássio do solo de modo bem mais rápido. Por isso, esteja atento às análises de solo e à adubação de manutenção.

Como fazer a adubação com potássio

Qual é a melhor época para a aplicação de potássio na lavoura de milho?

Como regra geral, doses acima de 50 kg/ha de cloreto de potássio no plantio podem prejudicar as sementes.

Mas essa quantidade depende muito da textura do solo e do teor de argila dele. 

Solos arenosos (menos de 15% de argila) podem facilmente apresentar problemas com altas doses de KCl na semeadura.

matéria seca, nitrogênio, fósforo e potássio no milho

Acúmulo de matéria seca, nitrogênio, fósforo e potássio na parte aérea de plantas de milho
(Fonte: Karlen et al., 1987)

Sobre o momento da aplicação, vemos na figura acima que praticamente todo o potássio necessário para a cultura é absorvido antes do florescimento.

Com essa informação em mente, o essencial é que a cultura tenha o potássio necessário desde o início. 

Para isso, o recomendado é parcelar parte da adubação na semeadura e parte entre V4 e V6 no máximo. Outra opção é realizar a adubação antecipada a lanço adotada em alguns locais.

A figura acima nos mostra que, entre V3 e V4 (aproximadamente 30 dias após a semeadura), a planta de milho aumenta exponencialmente a absorção de nutrientes.

Por isso, a importância de se programar para a adubação de cobertura e garantir que o fertilizante esteja disponível para a cultura quando ela mais necessita.

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Conclusão

A cada safra vemos surgir mais produtos que prometem resolver todos os problemas no campo e, no meio disso tudo, nos esquecemos dos conhecimentos mais simples. 

Mas o futuro do agro está exatamente aí: aplicar o conhecimento para aumentar a eficiência e o lucro dos nossos produtores, produzindo mais com menos!

Com as recomendações passadas aqui, espero que você alcance mais produtividade na sua área!

Restou alguma dúvida sobre a recomendação de adubo para o milho? Adoraria ver seu comentário!