Adubação para café: as principais dicas para melhorar a produção nas diferentes fases do cafezal + planilha para cálculo automático de adubação!
Na hora de fazer a adubação do café surgem várias dúvidas, não é mesmo?
Ainda existe muita desinformação e picaretagem por aí, o que muitas vezes leva o produtor ao erro na adubação. E isso pode significar prejuízos tanto na produção como no bolso.
Confira no artigo a seguir as dicas para adubação nas diferentes fases do cafezal, exigências nutricionais e outras informações para não fazer feio na adubação para café!
Princípios da adubação para café
A adubação de café deve levar em conta três princípios básicos: exigência e estado nutricional do cafeeiro, a disponibilidade de nutrientes no solo e a eficiência da adubação.
1 – Exigência e estado nutricional do café
A demanda de nutrientes do cafeeiro depende da sua produção de biomassa: frutos + vegetação. Isso vale tanto para café arábica como conilon.
Os frutos demandam mais nutrientes. Portanto, a frutificação é a época de maior demanda.
E, quanto maior a produção, maior será a demanda nutricional do cafeeiro.
Nos anos de baixa, quando o café vegeta e produz menos, a demanda por nutrientes também é menor!
O estado nutricional da planta na cultura de café é indicado pela análise foliar do 3º ou 4º par de folhas totalmente expandidas.

2 – Disponibilidade de nutrientes no solo
Ao longo dos anos, a pesquisa determinou classes de teores de nutrientes no solo para a produção de café. Existe mais de um tipo de classificação, mas vamos focar nas recomendações do Novo Boletim 100.

Esses teores servem de base para comparar os resultados da nossa análise de solo e sabermos como está a fertilidade da lavoura de café.
O ideal é manter os teores de nutrientes na faixa “adequada”.
Abaixo dessa faixa, pode haver deficiência nutricional no cafezal e devemos fazer a adubação de correção na cultura.
Acima dela, não há resposta à adubação, portanto, basta repor os nutrientes exportados na colheita.
Veja que não existem valores para o nitrogênio (N). A adubação nitrogenada é feita de acordo com a expectativa de produção da área e teor foliar de N.
3 – Eficiência de adubação
A fonte, modo e época de aplicação dos adubos influenciam na eficiência da adubação.
O cálculo dessa eficiência não é tão simples, mas podemos dizer que, em geral, a eficiência da adubação química é de 50% para o N; 70% para o K; e de menos de 20% para o P.
Adubos de liberação lenta/controlada, com inibidores ou adubos orgânicos/organominerais, podem aumentar essa eficiência em alguns casos por liberar os nutrientes de forma gradual.
Contudo, isso não necessariamente é verdade ou resulta em maior produtividade e lucro. Fique com o pé atrás com “produtos milagrosos”…
Adubação para café em diferentes fases
Aqui no Blog do Aegro, já mostramos as recomendações de adubação no plantio no artigo “Todas as recomendações para o melhor plantio do café”!
Nos resta então comentar sobre as adubações de café em formação e em plena produção.
As tabelas de adubação são bons guias, contudo, conhecendo o histórico de nossa lavoura e sua resposta à adubação, podemos refinar esses valores e adaptar a dose para nossa realidade.
Não há segredo: temos que fornecer nutrientes que atendam à demanda das plantas de café na dose e na época correta.
Considerando que a calagem e a gessagem foram bem feitas, não teremos problemas com pH, alumínio e teores de cálcio (Ca) e enxofre (S).
Adubação para cafeeiros em formação
Cafeeiros em formação estão vegetando, formando suas raízes e parte aérea. Nessa fase, as exigências de nutrientes são menores e diferentes de uma lavoura em produção.

(Fonte: Arquivo do autor)
É muito importante que tenhamos P, Ca e Boro (B) para o desenvolvimento das raízes e que não falte N para vegetar. A aplicação destes nutrientes é sempre via solo, para melhor aproveitamento.
Os demais nutrientes devem ser mantidos em níveis adequados para não comprometer o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo dos cafeeiros em formação.
É considerada adubação de formação a realizada após o plantio até o primeiro ano produtivo do cafeeiro. Ela geralmente é concentrada no período chuvoso.

Adubação para cafeeiro em produção
O cafeeiro produzindo tem uma maior exigência nutricional. Para cada saca produzida são necessários: 6,2 kg de N; 0,6 kg de P; e 5,9 kg de K para vegetar e frutificar.

(Fonte: Arquivo do autor)
Para o N, a dose será definida com base na produção esperada e análise foliar. Já para P e K, o que manda é a análise de solo e a produção esperada.

Adubação para café: macro e micronutrientes
Nitrogênio (N)
Como referência prática, até o final de janeiro, devemos fornecer 70% de todo o N que vamos aplicar.
A aplicação deve antecipar a florada principal e o novo ciclo vegetativo e ir até a granação dos frutos de forma parcelada.
Prefira nitrato de amônio à ureia para evitar perdas por volatilização do N.
As doses variam de acordo com a produtividade do sistema, como podemos ver na tabela acima.
Fósforo (P)
O fósforo é pouco exportado pela colheita: apenas 60 g por saca produzida. Portanto, sua importância maior está no plantio e formação do cafezal, pois este elemento é essencial no crescimento das raízes do cafeeiro.
Com os teores de P adequados no solo, basta adubar com a quantidade exportada.
Adubação P (kg/ha) =
sc/ha produzidas x 0,06 kg de P/sc x 0,2 (eficiência da adubação)
Do contrário, deve-se realizar a adubação corretiva de P para elevar seus teores para a faixa adequada, entre 15 e 30 mg.kg-1.
Feita a correção, a adubação de P para café segue como na conta acima.
Fontes menos solúveis de fósforo são preferíveis na instalação da lavoura e na adubação corretiva. Para os cafés em produção, prefira fontes solúveis como o super simples e triplo, MAP, DAP, etc.
Potássio (K)
A maior parte do potássio é exigida da floração à formação dos frutos. Portanto, na época da floração, já deve haver K disponível para a planta.
A primeira parcela deve anteceder a floração e a adubação deve seguir até a granação dos frutos.
O parcelamento deve ser maior em solos mais arenosos, onde o risco de lixiviação de K é maior.
Atenção redobrada na relação entre a disponibilidade de K e Mg. Ela deve ser 1:2 para que não haja deficiência de Mg devido à inibição de sua absorção pelas altas doses de K.
Uma fonte rica de Potássio (e também de Nitrogênio) é a palha do café. Fazer a adubação de macronutrientes com esse resíduo pode ser uma boa opção.
Micronutrientes
Os micronutrientes que demandam maior atenção na adubação para café são boro e zinco.
As doses de Zn ficam entre 1 e 4 kg.ha-1 fornecidos entre outubro e março, mas podem variar de acordo com a cultivar e análise foliar.
O boro deve ser aplicado no solo. Na forma de ácido bórico pode ser fornecido junto da calda de herbicidas. Recomenda-se 2 a 3 aplicações de 1 kg.ha-1 de B.
Boro foliar somente para correções pontuais, pois ele não se move na planta. O correto é aplicar sempre no solo.
Adubação em café sombreado
Será que cafés sombreados devem receber a mesma adubação que os cultivados a pleno sol?
A resposta é: depende do nível de sombreamento!
Pesquisas mostram que, com um sombreamento de até 30%, a produção do café é igual a do pleno sol. Portanto, a exigência nutricional e a adubação seriam equivalentes.
Para maiores níveis de sombra, a conversa é outra.
A diferenciação em gemas florais seria menor e, consequentemente, a produção de frutos também.
Além disso, menos luz significa menos fotossíntese, menos energia para a planta produzir, vegetar e assimilar N.
Portanto, se a adubação fosse feita com a dose do cultivo a pleno sol, estaria em excesso e o produtor estaria perdendo dinheiro, principalmente no caso do N.
A dose deve ser reduzida de acordo com as característica de sua lavoura sombreada.
>> Leia mais: “Broca-do-café: veja as principais alternativas de controle“
Planilha de cálculo de adubação para café
Para te ajudar nas contas de adubação para seu café, nós fizemos uma planilha para cálculo de adubação baseada nas recomendações do Novo Boletim 100 do IAC.
Nela você pode inserir as informações de suas análises de solo e foliar, além da produtividade esperada e automaticamente visualizar os valores recomendados para lavouras em produção.
O download você pode fazer clicando na imagem abaixo!
Conclusão
Como pudemos acompanhar no texto, a adubação para café deve ser feita de acordo com parâmetros da planta e do solo, bem como o histórico de produção e manejo da área.
A exigência nutricional do cafeeiro deve ser suprida na quantidade e na época certas para termos maior eficiência de uso dos adubos e melhor produção.
É importante ressaltar que, dependendo do sistema, as adubações para café serão distintas.
Por isso, as tabelas de adubação são apenas um guia que devemos adequar à realidade de nossa propriedade.
>> Leia mais:
“Acerte no adubo líquido para café e não jogue dinheiro fora”
“Pós-colheita do café: Tendências e perspectivas para cafés de qualidade (+ cuidados com a lavoura)”
Restou alguma dúvida sobre adubação para café? Conte para gente nos comentários! Grande abraço!