Como identificar e fazer o controle de tiririca na lavoura

Controle de tiririca: diferentes espécies, herbicidas recomendados e casos de resistência 

Tiririca, junquinho, junça, tiririca-de-três-quinas… As plantas daninhas do gênero Cyperus são conhecidas por muitos nomes e têm alta frequência nas lavouras.

Seu controle é difícil e com tantos casos registrados de resistência a herbicidas, fazer um manejo efetivo é ainda mais desafiador! Ainda, essa planta daninha pode ser hospedeira de pragas importantes, como a cochonilha.

Para te ajudar na identificação correta e a garantir o melhor controle de tiririca na lavoura, preparei este artigo. Confira!

Controle de tiririca: diferentes espécies

A tiririca é uma planta daninha bastante nociva, com alta capacidade de reprodução e difícil controle, principalmente as espécies com reprodução por bulbos, tubérculos e/ou rizomas, além das sementes.

As espécies de tiririca do gênero Cyperus pertencem à família Cyperaceae e são facilmente encontradas nas lavouras.

A seguir, vou falar sobre as características que vão permitir identificar as principais espécies.

Cyperus difformis

Essa espécie é conhecida pelo nome de junça, junquinho, tiririca-do-brejo ou três-quinas. 

É uma planta anual, herbácea, ereta e cespitosa, que se desenvolve principalmente na região Sul do país.

Prefere ambientes úmidos ou alagados, como várzeas cultivadas. Tem um ciclo curto, o que facilita sua propagação, que é feita por meio de sementes. 

Apresenta caule aéreo (escapo), verde, sem pelos, trígono, sem ramificação. As folhas da base da planta são verdes e menores que o eixo da inflorescência.

No ápice do caule você verá 3 brácteas verdes. Uma delas é muito longa, a outra é mediana e a terceira muito curta, não ultrapassando a altura da inflorescência. A base das brácteas possui uma pigmentação avermelhada. 

A inflorescência tem cor amarelo-pálea, mas, na maturação, você verá uma coloração castanho-escuro. 

foto da planta daninha Cyperus difformis

Cyperus difformis
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus distans

Conhecida por junça, junquinho, tiririca, tiririca-de-três-quinas, é uma espécie herbácea, perene e que se desenvolve em todo o país.

Possui caule rizomatoso curto. As folhas da base da planta saem de alturas diferentes.

duas fotos, uma ao lado da outra, da espécie de tiririca Cyperus distans

Cyperus distans
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

O eixo principal da inflorescência (escapo) é verde e triangular. No ápice, você verá 2 séries com até 10 brácteas, sendo 3 a 4 delas muito desenvolvidas.

A inflorescência tem cor castanha e está no ápice dos eixos secundários.

A propagação é feita por meio de sementes e rizoma.

Foto de Cyperus distans em lavoura

Cyperus distans
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus esculentus

Essa espécie é conhecida como junça, junquinho, tiririca, tiririca-amarela, tiririca mansa ou tiriricão.  É uma planta herbácea, ereta e perene, que se desenvolve em todo o país.

É uma das tiriricas mais indesejáveis devido à dificuldade de controle, pois apresenta caules subterrâneos: bulbo, rizoma e tubérculos. 

O caule é triangular e sem pelos. As folhas da base da planta são rosuladas, em número de 3, e quase do tamanho do eixo principal da inflorescência.

O eixo da inflorescência contém no seu ápice até 6 brácteas, sendo 2 muito longas, 1 mediana e as outras curtas.

A propagação é por meio de sementes e pelas estruturas caulinares subterrâneas.

foto de Cyperus esculentus - controle de tiririca

Cyperus esculentus
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus flavus

Conhecida por junça, junquinho, tiririca ou tiririca-de-três-quinas. É uma planta herbácea, perene, que se desenvolve em todo o país.

Apresenta caule rizomatoso curto e de crescimento radial. 

foto de uma muda Cyperus flavus segurada por uma mão

Cyperus flavus
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

As folhas da base da planta são rosuladas em número de até 10 e mais curtas que o eixo da inflorescência.

A inflorescência contém no ápice até 10 brácteas (3 a 4 muito longas e 4 a 6 curtas). É do tipo espiga cilíndrica, de cor verde-amarelada a castanha.

A propagação é por meio de sementes e pelo crescimento do rizoma.

foto de Cyperus flavus

Cyperus flavus
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus iria

Também conhecida por junça, junquinho, tiririca, tiririca-de-três-quinas ou tiririca-do-brejo. É uma espécie herbácea, ereta, anual, medianamente entouceirada e que se desenvolve em todo o país.

Não tem rizomas, mas possui estruturas capazes de originar perfilhos. 

foto de uma muda de Cyperus iria segurada por uma mão

Cyperus iria
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Na base da planta você verá 2 a 3 folhas verdes e mais curtas do que o eixo da inflorescência. 

O caule é triangular, liso, e no ápice você irá ver 7 a 8 brácteas. A inflorescência tem cor amarelo-ferrugínea e a propagação é através de sementes.

foto de Cyperus iria no campo

Cyperus iria
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus odoratus

Conhecida também por capim-de-cheiro, chufa, junça, junça-de-ouriço, pelo-de-sapo, tiriricão ou três-quinas. 

É uma planta herbácea, anual ou perene, entouceirada, e que se desenvolve nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, principalmente em locais muito úmidos.

Apresenta caule subterrâneo do tipo rizoma, curto e grosso, que exala odor agradável. As folhas da base têm tamanhos variáveis, algumas ultrapassam a altura do escapo. O caule é triangular, sem pelos, verde, com 5 a 9 brácteas no ápice de vários tamanhos.

A propagação é através de sementes e fragmentação do rizoma.

foto de Cyperus odoratus - controle de tiririca

Cyperus odoratus
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus rotundus

Conhecida por capim-dandá, junça, tiririca, tiririca vermelha ou tiririca-de-três-quinas. É uma planta herbácea, perene, ereta, tuberosa, rizomatosa e que se desenvolve em todo o país.

De todas as tiriricas, essa espécie é a mais agressiva, pois apresenta caules do tipo bulbo e rizoma.

As folhas da base da planta são um pouco menores que o eixo da inflorescência. O caule é triangular, liso, sem ramificação, com 3 brácteas no ápice, com uma delas se destacando pelo seu comprimento. 

A inflorescência é do tipo espiga de coloração vermelho-ferrugínea. A propagação é através de sementes, bulbos, tubérculos e rizomas. 

foto de Cyperus rotundus

Cyperus rotundus
(Fonte: Moreira e Bragança 2010)

Herbicidas mais recomendados para controle de tiririca

As espécies de tiriricas podem estar presentes em diversas culturas. Na tabela abaixo, separei os principais herbicidas utilizados para controle químico de diferentes tiriricas:

tabela com os principais herbicidas utilizado no controle de tiririca para cada espécie

(Fonte: adaptado de Guia de Herbicidas, 2018; Agrofit, 2020)

Abaixo também separei algumas informações sobre alguns produtos registrados para controle de tiririca.

Bentazon

O bentazon é um herbicida seletivo para soja, arroz, feijão, milho e trigo. Não tem ação sistêmica e pertencente ao mecanismo de ação dos Inibidores do Fotossistema 2.

Em lavoura de arroz irrigado, o bentazon é utilizado para o controle de tiririca Cyperus iria, C. ferax, C. difformis, C. esculentus e C. lanceolatus. As plantas daninhas devem estar com no máximo 12 cm de altura. 

Nesse caso, deve-se retirar a água antes do tratamento para expor as folhas das plantas daninhas e voltar a irrigar após 48 horas.

A dose utilizada é de 1,6 L p.c. ha-1 de Basagran® 600 ou de 2,0 L p.c. ha-1 de Basagran® 480. Lembrando que o intervalo de segurança para arroz é de 60 dias. 

Carfentrazone

O carfentrazone é um herbicida pós-emergente, seletivo condicional de ação não sistêmica, pertencente aos Inibidores da PROTOX.

Em arroz irrigado, é indicado para o controle de tiririca Cyperus difformis na dose de 100 a 125 mL/ha de Aurora® 400 EC.

Ethoxysulfuron

O ethoxysulfuron é um herbicida seletivo, pré e pós-emergente utilizado para o controle de tiririca no arroz. 

A dose recomendada em arroz irrigado é de 100 g/ha para o controle de tiririca Cyperus iria, Cyperus ferax e Cyperus esculentus com 2 a 4 folhas.

Sulfentrazone

O sulfentrazone é um herbicida pré-emergente, seletivo condicional de ação sistêmica, pertencente aos Inibidores da PROTOX.

Em cana-de-açúcar, é indicado para o controle em pré-emergência de Cyperus rotundus, na dose de 1,6 L/ha de Boral 500 SC.

Em soja, é utilizado em pré-emergência das plantas daninhas e da cultura, na dose máxima de 1,2 L/ha (solos argilosos), o que já ajuda no controle da tiririca.

Diclosulam

O diclosulam é um herbicida seletivo, aplicado ao solo, recomendado para o controle de tiririca e de algumas plantas daninhas de folhas largas e estreitas em cana-de-açúcar, podendo ser utilizado em cana-planta e na soqueira úmida.

Em cana-de-açúcar, é indicado para o controle em pré-emergência de Cyperus rotundus, na dose de 126 a 231 g/ha de Coact.

foto de Sintomas de glifosato em Cyperus flavus

Sintomas de glifosato em Cyperus flavus
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Como vimos, o manejo das espécies de tiririca não é tão simples, principalmente quando estamos falando das culturas de soja e milho.

Em soja, o uso de sulfentrazone pode auxiliar no manejo em pré-emergência. 

Em pós-emergência da soja e do milho tolerantes ao glifosato, o uso deste herbicida pode ajudar no controle de tiririca.

Casos de resistência de tiririca no Brasil e no mundo

No mundo são 18 casos de resistência de plantas daninhas do gênero Cyperus resistentes a herbicidas. Desses relatos, 2 são no Brasil.

Separei para vocês na tabela abaixo os casos no mundo:

tabela com casos de resistência a herbicidas - controle de tiriricas

(Fonte: adaptado de Heap, 2020)

Banner de chamada para o download da planilha de cálculos de insumos

Conclusão

Nesse artigo, abordamos as principais espécies de tiririca e como fazer a identificação correta das mais frequentes nas lavouras.

Também mostramos quais os herbicidas registrados para o controle, recomendações para algumas culturas e os casos de resistência no Brasil e no mundo.

Com essas informações, espero que você possa fazer o controle de tiririca com sucesso e livrar sua lavoura dessa daninha!

Referências

Lorenzi, H. Manual de identificação e controle de plantas daninhas: plantio direto e convencional. 7 ed. Nova Odessa, SP. Instituto Plantarum, 2014.

Moreira, H.J.C. Bragança, H.B.N. Manual de identificação de plantas infestantes cultivos de verão. Campinas, SP, 2010.

Rodrigues, B.N.; Almeida, F.S. Guia de Herbicidas. 7 ed. Londrina, PR. Edição dos Autores, 2018.

>> Leia mais:

Como fazer o controle não químico para plantas daninhas”

9 fatos primordiais para o manejo de ervas daninhas resistentes ao glifosato

Como fazer o manejo eficiente do capim-carrapicho

Qual é sua maior dificuldade no controle de tiririca em sua propriedade? Ficou com alguma dúvida? Baixe gratuitamente aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas!

Aplicação noturna de defensivos agrícolas: quando vale a pena?

Aplicação noturna de defensivos agrícolas: saiba em quais situações pode ser utilizada e quais cuidados tomar para ter alta eficiência.

O aumento da eficiência da aplicação de defensivos agrícolas vem sendo muito discutida nestes últimos anos e pode ser crucial para o aumento de produtividade. 

Mas um grande problema é conciliar as recomendações de período ideal de aplicação com as condições ideais de clima. E essa situação é agravada nas regiões mais áridas do país, pois apresentam dias muito secos e quentes. 

Desta forma, as aplicações noturnas podem ser uma ótima opção, desde que sejam tomados os cuidados necessários para garantir sua eficiência. 

Quer saber mais sobre os cuidados e precauções para a aplicação noturna de defensivos? Confira a seguir! 

Boas práticas na tecnologia de aplicação de defensivos

Mesmo utilizando toda a tecnologia de aplicação de defensivos, o clima ainda possui uma influência muito grande em sua eficiência. 

Para que uma aplicação seja bem-sucedida, recomenda-se que: 

  • a temperatura no momento da aplicação esteja abaixo de 30℃;
  • a umidade relativa do ar esteja acima de 60%;
  • a velocidade do vento esteja entre 3 km h-1 e 6,5 km h-1, não ultrapassando os 10 km h-1.

Entretanto, vivemos em um país com uma variação climática muito grande nas diferentes regiões. E nas regiões mais áridas, é muito difícil a ocorrência destas condições durante o dia. 

Além disso, o momento de aplicação é fundamental para o controle eficiente de pragas, doenças e plantas daninhas

Por exemplo, para controle de plantas daninhas, recomenda-se aplicação de herbicidas em plantas de folhas largas com até 4 folhas e folhas estreitas com até 3 perfilhos. Assim, às vezes se entra em um dilema: realizar aplicação no momento ideal ou esperar as condições climáticas ideais? 

Para poder aplicar o defensivo na época ideal, uma opção é realizar aplicações noturnas, pois, nesse horário, as condições climáticas tendem a ser mais favoráveis. 

Mesmo essa aplicação sendo viável em muitos casos, é preciso responder a uma série de perguntas antes de optar por essa modalidade. E é sobre isso que falarei a seguir:

foto de aplicação noturna de defensivos agrícolas

Aplicação noturna de defensivos agrícolas 
(Fonte: FPA)

O que considerar para a aplicação noturna de defensivos agrícolas?

Tecnologia e capacitação do aplicador

A primeira dificuldade de se realizar uma aplicação noturna de defensivos é o nível de visibilidade no momento da aplicação. Por isso, para optar por esta aplicação, é preciso ter um pulverizador que se adapte a essas condições. 

Para isso, é essencial um bom sistema de iluminação, preferencialmente com implementação de sistema de iluminação complementar. Ainda assim, para o aplicador realizar a operação com sucesso, o pulverizador deve possuir luzes extras em locais estratégicos, caso ocorram falhas no funcionamento. 

Caso uma ponta de pulverização não funcione corretamente ou uma mangueira se solte, o aplicador deve ter plenas condições de visualizar o problema e consertá-lo, se for possível, no campo.

Além disso, uma importante ferramenta para essa modalidade é um bom sistema de posicionamento global (GPS). Ele vai auxiliar o operador em condições de menor visibilidade. 

O aplicador deve ser treinado para operar neste período, sabendo os procedimentos de segurança, para garantir a eficiência da aplicação e a integridade da máquina e de sua saúde.

O gestor da fazenda deve planejar a jornada de trabalho desse aplicador para que seja compatível com essa prática. Isso porque, devido ao nosso relógio biológico, nesse período o aplicador tem maior propensão a sono e cansaço. 

Posição do alvo

Antes de realizar uma aplicação noturna deve-se ter certeza de acertar o alvo neste período. Muitas lagartas, por exemplo, têm hábitos noturnos de alimentação e estão mais suscetíveis neste período. 

Já na aplicação de fungicidas que necessitam uma boa cobertura foliar, deve-se levar em conta o movimento natural das folhas (nictinastia) – elas estarão mais anguladas no período da noite, o que pode dificultar a deposição da calda. 

Por outro lado, essa angulação das folhas pode ser uma excelente oportunidade de atingir alvos na parte inferior da planta ou no solo, sendo uma boa estratégia no controle de lagartas (ex: lagarta-rosca). 

Também devido a essa maior angulação das folhas, o uso de gotas maiores ou adjuvantes com muita capacidade tensoativa (organosiliconados) podem proporcionar maior escorrimento e menor cobertura da folha. 

Movimentação das folhas de soja

Movimentação das folhas de soja
(Fonte: AgroPrecisão)

Necessidade de luz para funcionamento do produto

Alguns produtos como o glifosato tem melhor eficiência na presença de luz, pois o produto tem como característica uma rápida absorção e translocação logo após aplicação. 

Na ausência de luz, a cadeia transportadora deste produto não estará funcionando plenamente. 

Já outros produtos, mesmo precisando de luz para agir (ex: paraquat, diquat, inibidores da protox), podem ser aplicados no período noturno desde que o dia seguinte não amanheça nublado ou chuvoso. 

No caso destes produtos que possuem uma ação muito rápida, a aplicação noturna pode proporcionar um maior espalhamento do produto na folha. E, no dia seguinte, com as primeiras luzes do dia, os herbicidas irão apresentar um melhor controle. 

Condições climáticas no momento e após a aplicação noturna de defensivos

Os principais problemas na aplicação noturna de defensivos são os fenômenos de inversão térmica e ocorrência de orvalho.  

No começo da manhã e final da tarde, principalmente em áreas baixas ou próximas a matas, em situações de pouco vento, a atmosfera pode ficar estável. Isso mantém gotas pequenas em suspensão, impedindo que elas cheguem ao alvo, aumentando muito as chances de deriva em cultivos vizinhos.

Por isso, no momento de aplicação, certifique-se que ocorram ventos de pelo menos 3 km h-1.  

Além disso, a ocorrência de orvalho no momento ou logo após a aplicação pode ser muito prejudicial à deposição do produto na folha, favorecendo o escorrimento das gotas.  

Sendo assim, de modo geral, a aplicação noturna pode ser um ótima técnica, porém, certifique-se de estar atento a todos esses itens antes de utilizá-la.

Como saber a hora certa de aplicar defensivos

Para evitar gastos excessivos com defensivos agrícolas, é importante que você faça o monitoramento de pragas e doenças. Essa rotina de controle pode ser operacionalizada com a ajuda de um software de gestão agrícola como o Aegro.

O Aegro te ajuda a identificar focos de infestação na lavoura, gerando relatórios de controle das pragas-alvo. Você consegue identificar os talhões da propriedade que estão suscetíveis a dano econômico e planejar uma pulverização localizada

Além disso, você pode organizar todo o seu calendário de atividades de safra no Aegro. Defina a data de realização das operações e a quantidade de produto que será aplicada em cada área.

Exemplo de controle de atividades de safra pelo software Aegro

Exemplo de controle de atividades de safra pelo software Aegro

O registro da atividade é feito pelo celular, diretamente do campo, mesmo sem internet. Com o uso de tecnologia de georreferenciamento, você marca pelo aplicativo o ponto em que foi realizada a aplicação.

Assim, seu registro se torna mais preciso e detalhado para que você possa avaliar os resultados da aplicação noturna de defensivos na plantação. Clique aqui e comece a usar o Aegro de graça!

Conclusão 

Em muitas regiões existe um dilema entre realizar a aplicação no momento ideal ou esperar condições climáticas adequadas. Como alternativa a esse problema, há a opção das aplicações noturnas de defensivos.

Esse método pode ser excelente em algumas situações, mas é necessário se atentar a alguns fatores para obter alta eficiência. A boa capacitação do aplicador, adaptação do pulverizador à operação são alguns exemplos. 

Além disso, deve-se ter certeza de que irá atingir o alvo e o que o produto utilizado manterá sua atividade na ausência de luz.

Tendo cumprido esses requisitos, cuidado com os fenômenos de inversão térmica e formação de orvalho, e faça uma excelente aplicação!

>> Leia mais:

Como fazer o controle de estoque de defensivos agrícolas em 5 passos

5 novas tecnologias envolvendo defensivos agrícolas

Você realiza aplicação noturna de defensivos agrícolas? Já teve algum problema quanto à eficiência de produtos? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Novidade no mercado de defensivos: inseticida Plethora

Inseticida Plethora: saiba o que é importante observar quando há um produto novo no mercado. 

A dinâmica de controle de algumas pragas agrícolas é bastante intensa e, por isso, há maior foco e desenvolvimento de novas estratégias.

Recentemente, a multinacional Adama lançou o inseticida Plethora, que tem sido muito bem aceito pelos produtores.

A novidade tecnológica deste produto é que ele possui combinação de ingredientes ativos inéditos no mercado. Seu registro é para diversas culturas e diferentes pragas. 

Entenda a seguir um pouco mais sobre esse inseticida, considerando tanto os benefícios como os riscos ao utilizá-lo. 

Como funciona o inseticida Plethora

O Plethora foi registrado recentemente pela empresa Adama Brasil S.A. no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) na categoria agronômica “inseticida”, com número 8920. 

Este defensivo possui em sua formulação os ingredientes ativos indoxacarbe e novaluron, que nunca antes foram combinados. 

Indoxacarbe

Indoxacarbe foi desenvolvido pela empresa DuPont e é do grupo químico da oxadiazina.  Tem como sítio de ação os canais de sódio dependentes de voltagem. O papel da molécula é bloquear o canal. 

Os canais ficam fechados, bloqueando o fluxo de sódio para o interior da célula e os impulsos nervosos. Em consequência, ocorre paralisia e morte. 

Isso quer dizer que indoxacarbe age no sistema nervoso dos insetos. Por isso, é de amplo espectro de ação, ou seja, pode agir também no sistema nervoso de outros organismos que não as pragas. 

ilustração de uma lagarta mostrando em azul o seu sistema nervoso

Sistema nervoso de uma lagarta (em azul)
(Fonte: Canal Jerson Guedes)

Novaluron 

novaluron foi desenvolvido pela própria Adama e é do grupo químico das benzoilureias. Age no crescimento e desenvolvimento das pragas. 

São inibidores da biossíntese de quitina e isso causa uma deposição endocuticular anormal e muda abortiva. O que quero dizer é que causa problemas fisiológicos nas fases jovens dos insetos e a consequência é a morte antes mesmo de se tornarem adultos.  

Não é um ingrediente ativo de amplo espectro, principalmente por agir na fase larval. E é considerado mais seguro por não atingir diretamente organismos não-alvo. 

imagem de cutícula mal formada de lagartas no processo de muda

Cutícula mal formada de lagartas no processo de muda 
(Fonte: Folhetim Basf)

Indoxacarbe + Novaluron 

O inseticida Plethora, contendo esses dois ingredientes ativos, age no sistema nervoso do inseto, inibindo a entrada de íons de sódio nas células nervosas, e também como inibidor da síntese de quitina. 

Tem 24% de indoxacarbe e 8% de novaluron em sua composição. Por essa razão, o produto em si é de amplo espectro. 

Age tanto por ingestão como por contato com atividade translaminar nas folhas. Isso significa que, após pulverizado, o produto permanece em uma subcamada das folhas, o parênquima foliar. 

Além disso, Plethora tem ação sistêmica, pois fica ativo nos vasos condutores de seiva, onde é enviado por toda a estrutura da planta. 

Com essa combinação, tem ação rápida e permite um efeito residual longo. 

É uma ferramenta para o manejo da resistência, já que muitos produtos que estão no mercado para as praga-alvo deste inseticida têm se mostrado ineficientes. 

Pode ser aplicado de maneira terrestre ou aérea. 

ilustração da embalagem do Inseticida Plethora

Inseticida Plethora
(Fonte: Adama)

O que o inseticida Plethora controla?

O que faz com que este produto tenha sido um bom arremate é o seu controle sobre o complexo de lagartas de várias culturas, como soja e algodão,  mas também de pragas do cafeeiro. 

Além disso, seu registro é amplo, abrangendo também controle para pragas das culturas de canola, feijão, gergelim, girassol, linhaça, milheto, milho e sorgo.

As espécies para controle são:

Culturas: algodão, linhaça e soja.

Culturas: algodão, feijão e soja. 

  • Lagarta-da-maçã (Chloridea virescens)

Cultura: algodão.

  • Lagarta-das-vagens (Spodoptera eridania)

Culturas: algodão e soja.

  • Traça-das-crucíferas (Plutella xylostella)

Cultura: canola. 

  • Lagarta-enroladeira (Antigastra catalaunali)

Cultura: gergelim. 

  • Lagarta-do-girassol (Chlosyne lacinia saundersii)

Cultura: girassol. 

Culturas: milheto, milho e sorgo. 

  • Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

Cultura: soja. 

  • Bicho-mineiro (Leucoptera coffeella)

Cultura: café. 

Cultura: café. 

As doses recomendadas são semelhantes para todas as culturas e pragas: de 200 a 300 mL/ha. Apenas na cultura do café que há diferenças, sendo de 500 a 700 mL/ha para a broca-do-café e de 300 a 400 mL/ha para o bicho mineiro. 

Mesmo com doses semelhantes, é muito importante que você respeite o nível de controle de cada praga e as recomendações que estão na bula. 

Riscos do Inseticida Plethora

Mesmo sendo uma boa ferramenta, o inseticida Plethora apresenta alguns riscos.  

A classificação toxicológica é 5, sendo improvável de causar dano agudo. Porém, sua classificação com relação ao meio ambiente é 2, com indicação de muito perigoso ao meio ambiente. 

Isso quer dizer que deve-se usar o Plethora com prudência, respeitando as especificações do fabricante, dose a ser aplicada, além do número, época e intervalo entre aplicações. 

Uma forma de uso correto é aplicando os preceitos do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Com o MIP, é possível fazer as aplicações somente quando o monitoramento mostrar necessário.

Você pode, inclusive, usar um software de gestão agrícola para monitorar focos de infestação na lavoura e controlar a quantidade de inseticida que deve ser aplicada em cada talhão. Assim, você tem um manejo mais efetivo de pragas e evita pulverizações excessivas.

Um erro seria utilizá-lo em pulverizações calendarizadas e sem monitoramento prévio das pragas. Além de causar possíveis contaminações, isso pode reduzir a eficácia do produto e prejudicar a tecnologia em um curto período de tempo. 

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Se for utilizado de maneira correta, poderá contribuir para um bom manejo na sua cultura. 

Consulte um profissional agrônomo para que você tenha maior auxílio ao utilizar este produto. 

Conclusão 

Um novo produto fitossanitário teve registro recente e tem sido muito bem aceito por produtores em todo o Brasil. 

O Plethora é um inseticida de amplo espectro e longo período residual. Tem combinação inédita de dois ingredientes ativos, o indoxacarbe e o novaluron. São de grupos químicos diferentes, agindo tanto no sistema nervoso como no crescimento e desenvolvimento dos insetos. 

Até o momento, seu registro é para uso em 11 culturas e 11 pragas, sendo, em sua maioria, do complexo de lagartas. 

Existem alguns riscos ao utilizar o produto, mas que podem ser manejados de acordo com o MIP. 

Utilizado da maneira correta, esse inseticida poderá contribuir para um bom manejo na sua cultura!

Como você monitora as pragas da sua lavoura hoje? Restou alguma dúvida sobre o inseticida Plethora? Adoraria ler seu comentário!

Mosaico dourado do feijoeiro e o seu manejo

Mosaico dourado do feijoeiro: como identificar os principais sintomas da doença na lavoura, o vetor e as principais medidas de manejo.

As doenças são fatores limitantes para a produção e causas de grandes prejuízos na lavoura.

O mosaico dourado é uma das mais importantes doenças da cultura do feijoeiro no Brasil e pode provocar perdas de até 100% da produção.

Para te ajudar a minimizar os riscos dessa virose na lavoura de feijão, preparamos este texto com os sintomas, vetor e o manejo adequado para o mosaico dourado do feijoeiro. Confira!

Importância da cultura do feijoeiro no Brasil

O Brasil é um dos principais produtores de feijão do mundo, sendo o grão utilizado como base alimentar da população.

O feijão pode ter até três ciclos de cultivo no país: 1ª safra, 2ª safra e 3ª safra ou safra de inverno.

Calendário agrícola da primeira safra de feijão no Brasil com a cor verde que corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita
Calendário agrícola da segunda e terceira safra de feijão no Brasil com a cor verde que corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita

Calendário agrícola das safras de feijão no Brasil; a cor verde corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita
(Fonte: Conab)

A estimativa da Conab é de que, neste ano, sejam plantados 2,9 milhões de hectares de feijão nas três safras, com produção de 3,15 milhões de toneladas e produtividade de 1,07 tonelada/ha.

Para evitar os prejuízos com as doenças na lavoura, conheça a principal virose da cultura: o mosaico dourado do feijoeiro.

Importância e sintomas do mosaico dourado do feijoeiro

O mosaico dourado é a principal virose na cultura do feijoeiro. É causada pelo vírus Bean golden mosaic virus (BGMV), que pertence ao gênero Begomovirus, que tem genoma bipartido, ou seja, dois componentes de DNA circular (DNA A e DNA B).

ilustração da organização do genoma do mosaico dourado do feijoeiro

Organização do genoma do Bean golden mosaic virus
(Fonte: Vinicius Bello em Unesp,  adaptada de Rojas et al., 2005)

A doença foi identificada no Brasil em 1961, mas ganhou importância a partir da década de 70. Há estudos que mostram que pode ocorrer incidência de 100% da lavoura com o vírus do mosaico dourado e causar perdas de produção de até 100%. Por isso, é considerada uma virose de grande importância para o feijoeiro.

Como o próprio nome da doença indica, o sintoma principal são as folhas com mosaico amarelo ou dourado

Mas, além desse sintoma, você também pode encontrar folhas enrugadas, encarquilhadas, enroladas e de tamanho reduzido.

foto da doença mosaico dourado do feijoeiro

(Fonte: IPM Images)

Também podem ocorrer sintomas de nanismo e superbrotação, com caules e ramos deformados, com muitas brotações laterais e a planta de tamanho reduzido. Os sintomas podem variar em relação à variedade e idade da planta.

Se nas plantas infectadas ocorrer a formação de vagens, elas normalmente são deformadas, com tamanho reduzido e menor número de grãos. Além disso, os grãos podem ficar mal formados, prejudicando a qualidade.

Outro aspecto muito importante desse vírus que é que ele é transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci) de maneira persistente circulativa. Vou explicar melhor sobre isso:

Vetor do vírus

A mosca branca é vetor de muitas viroses importantes para as culturas agrícolas, podendo transmitir cerca de 300 espécies de vírus diferentes.

foto da mosca branca vista de telescópio

Bemisa tabaci MEAM1
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Além disso, ela tem excelente capacidade de reprodução, dispersão e coloniza várias espécies de plantas, sendo considerada uma praga polífaga.

Ciclo de vida da mosca branca

Ciclo de vida da mosca branca
(Fonte: Promip)

A relação persistente circulativa que comentei acima é quando o vírus é adquirido pelo vetor durante um período prolongado de alimentação nos vasos do floema. O vírus circula no corpo do vetor, mas não se propaga.

Além disso, nesse tipo de transmissão, há o período de latência, que é um período até que o vetor seja capaz de transmitir o vírus para outra planta, ou seja, período entre a aquisição e a transmissão do vírus.

tabela com característica e persistência do vírus do mosaico dourado do feijoeiro

(Fonte: Fitopatologia)

Vale lembrar que esse vírus não é transmitido por sementes ou contato manual, é somente transmitido pelo vetor.

Agora que você sabe mais sobre o mosaico dourado, veja como realizar o manejo dessa doença na sua propriedade.

Medidas de manejo do mosaico dourado do feijoeiro

Para o manejo do mosaico dourado, como ocorre para outras viroses, é recomendada a redução do inóculo inicial

E uma dessas medidas é o vazio sanitário para feijoeiro, que ocorre por 30 dias. Isso é adotado em Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal.

Além disso, recomenda-se o plantio do feijão em época com baixa população de mosca branca e, se possível, longe de áreas com espécies hospedeiras da mosca branca e também do vírus.

O uso de inseticidas para reduzir a população de mosca branca tem sido adotado por muitos produtores. Porém, um inconveniente é a seleção de espécies do vetor resistente ao inseticida. Por isso, é preciso ter cautela nesse método de manejo e utilizar a rotação de moléculas.

Por isso, procure um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) para te auxiliar com o manejo dessa virose.

A maioria das variedades de feijoeiro é suscetível ao vírus do mosaico dourado, mas algumas variedades são consideradas tolerantes ou com resistência parcial, apresentando um sintoma leve da virose e menores taxas de perdas.

Além disso, já foi lançada uma variedade de feijão transgênica resistente ao mosaico dourado do feijoeiro. A Embrapa lançou essa tecnologia denominada RDM (resistente ao mosaico dourado) para o feijão carioca.

Essa tecnologia pode proporcionar maior rendimento na cultura do feijoeiro, menor aplicação de inseticida para a mosca branca (vetor do vírus) e, consequentemente, lucro.

Veja a cartilha da Embrapa sobre essa tecnologia e o manejo antes, durante e após a cultura de feijão no campo!

Conclusão

A cultura do feijoeiro é muito importante para o Brasil, sendo um dos países em que mais se produz a cultura.

E a virose mosaico dourado, uma das principais doenças do feijoeiro, pode provocar perdas extremamente elevadas na lavoura.

Por isso, neste texto falamos sobre os sintomas e o vetor da doença, além de dar dicas do manejo da virose para reduzir perdas com a doença na sua lavoura. 

Agora que você sabe tudo sobre o manejo, pratique-o na sua lavoura e reduza as perdas!

>> Leia mais:

Como fazer o preparo do solo para o plantio de feijão

Manejos essenciais em cada um dos estádios fenológicos do feijão

Você tem problema com o mosaico dourado do feijoeiro na sua lavoura? Como realiza o manejo da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Como identificar e controlar o capim-arroz na sua lavoura

Capim-arroz: saiba quais as espécies, como identificá-las e os herbicidas recomendados para o controle.

As plantas daninhas estão entre os principais desafios diários enfrentados no campo. 

O capim-arroz é uma das plantas invasoras que mais interferem na produção de arroz, podendo representar perdas de até 90% na produtividade. 

Além disso, também afeta outras culturas, sendo prejudicial à produção de grãos, por exemplo.

Confira neste artigo as três principais espécies de capim-arroz, os casos de resistência no Brasil e no mundo e os herbicidas que controlam esta daninha!

Importância do capim-arroz

As plantas daninhas conhecidas por capim-arroz pertencem ao complexo de espécies do gênero Echinochloa, dentre elas:

  • Echinochloa colona;
  • Echinochloa crus-galli;
  • Echinochloa crus-pavonis.

O principal problema com estas daninhas é a semelhança com o arroz cultivado. Por este motivo, o controle de capim-arroz com herbicidas seletivos na cultura do arroz é mais difícil.

Vou explicar as características das três principais espécies e como fazer o controle a seguir:

Foto da autora de Echinochloa colona (capim-arroz)

Echinochloa colona (capim-arroz)
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Echinochloa colona 

Esta espécie também é conhecida por angolinho-branco, capim-arroz, capim-colônia, capim-da-colônia, capim-coloninho, capim-jaú ou capituva. 

Echinochloa colona (capim-arroz)

Echinochloa colona (capim-arroz)
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

É uma gramínea anual pertencente à família Poaceae.

Planta ereta, entouceirada e que se desenvolve em todo o país, ocupando áreas de baixadas, onde os solos são saturados ou com pouca umidade. 

Sendo assim, uma planta daninha comum em lavouras de arroz irrigado. 

Indiretamente, interfere sobre as plantas cultivadas pois hospeda nematoides e vírus causadores de doenças.

O colmo da planta é adaptado para áreas encharcadas e possui algumas características como:

  • presença de aerênquima;
  • chega a 80 cm de altura;
  • cilíndrico;
  • delgado;
  • muito ramificado;
  • tem capacidade de emitir raízes nos nós basais. 

As folhas possuem pequena fenda lateral, não possuem ligula, sendo substituída por um colar branco ou levemente rosado. 

A lâmina é lanceolada, glabra (sem pelos) nas duas faces e com a base arredondada, além do ápice agudo, as margens são serrilhadas. 

A inflorescência é do tipo panícula com longo eixo onde cada ramificação do colmo termina em uma unidade de inflorescência. 

A espécie pode ser identificada em campo por meio da panícula, que comporta uma associação de espigas inseridas de forma alternada, opostas e verticiladas num mesmo eixo. 

duas fotos representativas do Echinochloa colona (capim-arroz)

Echinochloa colona (capim-arroz)
(Fonte: UFSCar/CCA)

Casos de resistência no Brasil e no mundo

São 26 casos de Echinochloa colona resistente a herbicidas no mundo, mas nenhum caso registrado no Brasil.

Echinochloa crus-galli

Esta espécie também é conhecida pelos nomes de barbudinho, capim-arroz, capim-capivara, capim-da-colônia, capim-jaú, capim-pé-de-galinha, canevão, capituva, inço-de-arroz ou gervão. 

Echinochloa crus-galli (capim-arroz)

Echinochloa crus-galli (capim-arroz)
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

É uma gramínea anual pertencente à família Poaceae.

Sendo, assim, ereta quando vegeta em área com lâmina d’água ou decumbente com enraizamento nos nós basais quando está em solos secos.

Forma touceiras e se desenvolve em todo o país, ocupando áreas úmidas, cultivadas ou passíveis de cultivo. 

Está entre as principais plantas daninhas em lavouras de arroz irrigado e arroz de várzea.

A planta possui colmo cilíndrico ou achatado e com ramificações basais. As folhas têm a bainha aberta, em longa fenda lateral e, lígula ausente. 

A lâmina é linear-lanceolada, glabra e com as margens inteiras ou discreta e levemente onduladas. 

Inflorescência terminal do tipo panícula, onde cada ramificação termina por uma unidade de inflorescência. Panícula piramidal constituída por numerosas espigas mais afastadas na base e menores e mais compressas no ápice ou terminando numa espiga. 

Espiguetas ovaladas sem aristas, de coloração verde ou pigmentadas de arroxeado. 

Pode ser determinada em campo por meio da morfologia da inflorescência e das espiguetas. 

Casos de resistência no Brasil e no mundo 

No mundo, são 46 casos de Echinochloa crus-galli resistente a herbicidas.

Destes, 3 casos são no Brasil, todos em lavouras de arroz:

Tabela dividida por ano e herbicida, sendo: 1999 quinclorac, 2009 bispyribac, imazethapyr, penoxsulam e quinclorac e 2015 cyhalofop, penoxsulam e quinclorac.

(Fonte: Heap, 2020)

Duas fotos representativas da Echinochloa crus-galli (capim-arroz)

Echinochloa crus-galli (capim-arroz)
(Fonte: Universidade Federal de São Carlos/CCA)

Echinochloa crus-pavonis

É também conhecida por camarão, capim-arroz, capim-canevão, barbudinho capim-canevão-do-banhado, capim-da-colônia, capim-jaú, capim-pavão, capim-pé-de-galinha, capituva, gervão, inço-de-arroz. 

Echinochloa crus-pavonis (capim-arroz)

Echinochloa crus-pavonis (capim-arroz)
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

É uma gramínea anual pertencente à família Poaceae.

Também é ereta quando vegeta em área com lâmina d’água ou decumbente com enraizamento nos nós basais quando instalada em solos secos.

Forma touceiras e que se desenvolve em todo o país, ocupando frequentemente áreas úmidas ou passíveis de cultivo. 

Está entre as principais espécies de plantas daninhas invasoras na cultura do arroz irrigado.

Seu colmo é cilíndrico ou achatado e com ramificações basais. As folhas têm bainha aberta em longa fenda lateral e lígula ausente. 

A lâmina é linear-lanceolada, glabra e com as margens inteiras ou discreta e levemente onduladas. A inflorescência é terminal do tipo panícula.

Casos de resistência no Brasil e no mundo

Só há um caso no mundo de capim-arroz Echinochloa crus-pavonis resistente a herbicidas, sendo ele no Brasil, em lavouras de arroz, no ano de 1999, ao herbicida quinclorac.

Duas fotos representativas da Echinochloa crus-pavonis (capim-arroz)

Echinochloa crus-pavonis (capim-arroz)
(Fonte: UFSCar/CCA)

Como fazer o controle do capim-arroz na lavoura

Na tabela abaixo, você pode conferir os herbicidas recomendados para o controle das principais espécies de capim-arroz.

Lembrando que o uso de herbicidas deve ser associado com outras práticas de manejo de plantas daninhas como: controle preventivo, cultural, mecânico, físico ou biológico.

Assim, o uso de cada um destes herbicidas depende da cultura que você semeará.

Tabela com plantas daninhas (Echinochloa colona, Echinochloa crus-falli e Echinochloa crus-pavonis) e herbicidas correspondentes.

Na próxima tabela, veja os herbicidas registrados para o controle de capim-arroz em lavouras de arroz, soja, milho, feijão, algodão e cana-de-açúcar.

Lembrando que a seletividade do herbicida depende de vários fatores como:

  • dose;
  • época de aplicação;
  • modo de aplicação;
  • estádio de desenvolvimento da cultura.

Por isso, verifique a bula do herbicida para saber as recomendações de uso de cada um dos produtos listados.

Tabela com culturas e herbicidas correspondentes.

Conclusão

O capim-arroz é uma planta daninha muito prejudicial a diversas culturas, principalmente em lavouras de arroz, devido à dificuldade de controle com herbicidas seletivos.

Neste texto, você aprendeu como identificar três espécies de capim-arroz e os casos de resistência a herbicidas registrados.

Também viu os principais produtos usados para controle desta planta daninha em outras culturas como grãos, algodão e cana-de-açúcar.

Espero que, com essas informações, você faça um controle eficiente do capim-arroz na sua lavoura!

>> Leia mais:

“Como identificar e fazer o controle da tiririca na lavoura”

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre controle do capim-arroz? Baixe aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas e controle outras invasoras da sua lavoura!

Como proteger sua lavoura da lagarta-rosca

Lagarta-rosca: como combater essa praga que tem sido problema no período inicial de diversas culturas

Toda praga agrícola é motivo de preocupação, mas existem aquelas que pareciam inofensivas e passam a causar mais dor de cabeça. 

É o caso da lagarta-rosca, que tem afetado diversas culturas de maneira significativa. 

A praga ataca no período inicial e, por isso, pode comprometer todo o desenvolvimento das lavouras.

Para saber como controlar, você deve conhecer as características e comportamentos dessa lagarta. Confira neste artigo os principais aspectos e formas de controle da lagarta-rosca. 

Características da lagarta-rosca

Existe um complexo de lagartas da ordem Lepidoptera que tem por nome comum “lagarta-rosca” pelo fato de se encurvarem ao se sentirem ameaçadas ou quando estão em repouso. 

Entretanto, dentre as várias espécies existentes, Agrotis ipsilon é a principal causadora de danos em diversas culturas por ser polífaga

Ela tem causado uma tensão maior aos produtores de culturas como feijão, algodão, milho e soja

É da família Noctuidae e tem hábitos noturnos. Durante o dia, as lagartas permanecem sob uma pequena profundidade do solo e, durante a noite, atacam as plantas. 

As lagartas têm coloração marrom, podendo também variar para o cinza, com linhas ao longo do corpo e tubérculos nos segmentos. Nos últimos ínstares, podem chegar a 50 mm de comprimento. 

Após o período larval, a pupa é formada e se aloja no solo para desenvolvimento do adulto.

O adulto é uma mariposa de coloração variável, sendo as asas anteriores marrom ou cinza e as posteriores mais claras. A envergadura vai de 35 mm a 50 mm e comprimento de 20 mm. 

A fêmea pode colocar cerca de 1.000 ovos, podendo ser depositados sobre folhas, hastes ou também no solo. 

O ciclo biológico dessa praga varia de 34 a 64 dias, dependendo das condições climáticas da região. 

Os períodos de cada fase de desenvolvimento variam de acordo com a temperatura e, geralmente, são de 4 dias como ovo, de 20 a 40 dias como larva e de 10 a 20 dias como pupa. 

Pupa, lagarta e adulto de Agrotis ipsilon

Pupa, lagarta e adulto de Agrotis ipsilon 
(Fonte: IPM Images)

Danos causados às lavouras

Os ataques da lagarta-rosca ocorrem na fase inicial, desde a emergência das plântulas até o início do florescimento, o que pode comprometer o estabelecimento da cultura.

Quando o solo está mais úmido e tem maior deposição de matéria orgânica, os danos se intensificam devido à preferência da praga por este tipo de ambiente. 

Lagartas menores se alimentam das folhas mais próximas ao solo e de outras plantas hospedeiras próximas à cultura, como as plantas daninhas

Associadas a essas plantas hospedeiras alternativas, as lagartas aumentam o potencial de causar maiores danos por conseguirem ambientes propícios para se manterem por mais tempo na área. 

Um período bastante crítico é quando as lagartas maiores cortam as plântulas rente ao nível do solo. Uma única lagarta é capaz de seccionar várias plantas em uma noite. 

Em plantas mais desenvolvidas, as lagartas abrem galerias na base dos colmos. Esse hábito favorece o tombamento, o sintoma de coração morto e também pode levar a morte das plantas

Dano em milho provocado por lagarta-rosca

Dano em milho provocado por lagarta-rosca 
(Fonte: IPM Images)

Como fazer o manejo da lagarta-rosca

Como o hábito dessa lagarta é noturno e durante o dia permanece sob o solo, táticas e métodos do Manejo Integrado de Pragas (MIP) contribuirão para o controle da população. 

O histórico da área deve ser analisado para que você saiba tomar as decisões corretas. Um bom manejo começa com um bom planejamento.

Um software agrícola pode lhe ajudar a monitorar a incidência da praga na lavoura para decidir o momento certo de entrar com medidas de controle.

Sabendo que há a possibilidade de se deparar com a lagarta-rosca, você poderá se preparar com alguns métodos como: 

Controle cultural

Sendo uma praga polífaga, a presença da lagarta-rosca na safra anterior já é motivo de alarde. 

Por isso, é importante que você faça um bom preparo do solo e elimine antecipadamente as plantas hospedeiras. 

Como os insetos ficam durante o dia sob o solo, um manejo com rolagem rolo-faca irá contribuir para reduzir a população que estiver na área. 

Outro ponto ideal é evitar cobertura morta e restos culturais para que a lagarta-rosca não tenha ambiente favorável para se manter até a chegada na nova safra. 

Controle químico

Existem algumas formas de utilizar o controle químico para lagarta-rosca. 

A primeira delas é fazer o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos para garantir a emergência e estabelecimento da cultura.

Outra maneira seria por meio das iscas tóxicas à base de farelo de trigo, açúcar, água e inseticida (piretroide ou carbamato). A aplicação deve ser distribuída na lavoura como grânulos no final da tarde. 

Além dessas, a forma convencional com aplicação de inseticidas pode ser realizada, mas deve ser feita  no final do dia, bem próximo da base das plantas. 

O registro dos inseticidas para controle de lagarta-rosca deve ser consultado no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Agrofit. Por isso, é importante que você consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para melhores detalhamentos de acordo com a sua cultura. 

Veja abaixo alguns exemplos de inseticidas registrados no Mapa:

Algodão 

Produto Ingrediente Ativo
(Grupo Químico) 
Titular de Registro 
  Cartarys   Cloridrato de cartape (bis(tiocarbamato)) + Cloridrato de cartape (bis(tiocarbamato))   UPL do Brasil Indústria e Comércio de Insumos Agropecuários S.A. – Matriz Ituverava

Milho

Produto Ingrediente Ativo (Grupo Químico) Titular de Registro 
Capataz  clorpirifós (organofosforado)  Ouro Fino Química S.A. – Uberaba  
Ciclone 48 EC  clorpirifós (organofosforado)  Tradecorp do Brasil Comércio de insumos Agrícolas Ltda  
Cipermetrin 250 EC CCAB  cipermetrina (piretróide)  CCAB Agro S.A. – São Paulo  
Clorpiri 480 EC  clorpirifós (organofosforado)  Sharda do Brasil Comércio de Produtos Químicos e Agroquímicos LTDA  
Clorpirifós Fersol 480 EC  clorpirifós (organofosforado)  Ameribrás Indústria e Comércio Ltda.  
Clorpirifós Nortox EC  clorpirifós (organofosforado)  Nortox S.A. – Arapongas  
Clorpirifos Sabero 480 EC  clorpirifós (organofosforado)  Sabero Organics América S.A.  
Counter 150 G  terbufós (organofosforado)  AMVAC do Brasil Representações Ltda.  
Curanza 600 FS PRO  Ciantraniliprole (antranilamida)  Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. – São Paulo  
Dermacor  clorantraniliprole (antranilamida)  Du Pont do Brasil S.A. – Barueri (Alphaville)  
Fortenza 600 FS  Ciantraniliprole (antranilamida)  Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. – São Paulo  
Galgotrin  cipermetrina (piretróide)  Prentiss Química Ltda. – Campo Largo/PR  
GeneralBR  clorpirifós (organofosforado)  Ouro Fino Química S.A. – Uberaba  
Karate Zeon 250 CS  lambda-cialotrina (piretróide)  Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. – São Paulo  
Karate Zeon 50 CS  lambda-cialotrina (piretróide)  Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. – São Paulo  
Lecar  lambda-cialotrina (piretróide)  Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. – São Paulo  
Lorsban 480 BR  clorpirifós (organofosforado)  Dow Agrosciences Industrial Ltda. – São Paulo  
Permetrin 384 EC CCAB  permetrina (piretróide)  CCAB Agro S.A. – São Paulo  
Permetrina CCAB 384 EC  permetrina (piretróide)  CCAB Agro S.A. – São Paulo  
Permetrina Fersol 384 EC  permetrina (piretróide)  Ameribrás Indústria e Comércio Ltda.  
Pounce 384 EC  permetrina (piretróide)  FMC Química do Brasil Ltda. – Campinas  
Sparviero 50  lambda-cialotrina (piretróide)  Oxon Brasil Defensivos Agrícolas Ltda.  
Wild  clorpirifós (organofosforado)  Albaugh Agro Brasil Ltda.- São Paulo  

Soja

Produto Ingrediente Ativo (Grupo Químico) Titular de Registro 
Assaris  metomil (metilcarbamato de oxima)  Sinon do Brasil Ltda. – Porto Alegre /RS.  
ÁvidoBR  metomil (metilcarbamato de oxima)  Ouro Fino Química S.A. – Uberaba  
BrilhanteBR  metomil (metilcarbamato de oxima)  Ouro Fino Química S.A. – Uberaba  
Chiave Sup  metomil (metilcarbamato de oxima)  Sipcam Nichino Brasil S.A. – Uberaba/MG  
Chiave 215 SL  metomil (metilcarbamato de oxima)  Sipcam Nichino Brasil S.A. – Uberaba/MG  
Clorpirifós 480 EC Milenia  clorpirifós (organofosforado)  Adama Brasil S.A. – Londrina  
Curanza 600 FS PRO  Ciantraniliprole (antranilamida)  Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. – São Paulo  
Extreme  metomil (metilcarbamato de oxima)  Du Pont do Brasil S.A. – Barueri (Alphaville)  
Fortenza 600 FS  Ciantraniliprole (antranilamida)  Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. – São Paulo  
Lannate BR  metomil (metilcarbamato de oxima)  Du Pont do Brasil S.A. – Barueri (Alphaville)  
Majesty  metomil (metilcarbamato de oxima)  Du Pont do Brasil S.A. – Barueri (Alphaville) 

Controle biológico 

O controle biológico das lagartas pode ocorrer de maneira natural na lavoura, com inimigos naturais como microimenopteros, dípteros e entomopatógenos. 

Desta maneira, é importante que você utilize inseticidas de maneira seletiva para evitar que os organismos benéficos sejam eliminados da área. 

A seletividade de inseticidas usada pode ser ecológica e fisiológica. Ecológica com o uso dos produtos em horários mais favoráveis para atingir a praga e fisiológica com o uso de inseticidas pouco tóxicos aos organismos benéficos. 

banner planilha manejo integrado de pragas

Conclusão 

A lagarta-rosca é uma praga que tem causado danos em muitas culturas nos últimos anos como feijão, milho, soja e algodão. 

Tem hábito noturno e se aloja sob a terra no período do dia, por isso existe uma dificuldade de controle.

Os danos causados podem levar à morte da lavoura se a praga não for detectada a tempo. 

Existem formas de controlar a lagarta-rosca, sendo os principais controles cultural, químico e biológico (naturalmente). 

>> Leia mais:

Não cometa erros no manejo: 5 métodos de controle da lagarta-do-cartucho

Pragas quarentenárias: entenda os tipos e o que fazer para impedir a sua presença

Como evitar e combater a mela do algodoeiro em sua lavoura

Mela do algodoeiro: principais sintomas da doença, manejos preventivos e outras recomendações de controle para sua lavoura.

A lavoura de algodão pode sofrer com diversas doenças fúngicas. Uma delas é a mela do algodoeiro que vem causando muita dor de cabeça e perdas de produtividade em todo o país.

Por ser uma doença relativamente nova no Brasil, não existem muitas informações sobre o manejo. Por isso, o mais importante é prevenir sua entrada na lavoura. 

Acompanhe neste artigo as recomendações mais atualizadas para evitar, identificar e, se necessário, controlar a doença na sua propriedade!

O que é a mela do algodoeiro?

A mela do algodoeiro é uma doença ocasionada pelo agente causal Rhizoctonia solani Kuhn, grupo de anastomose AG4 (teleomorfo: Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk).

É um patógeno de solo capaz de infectar a cultura do algodão logo em sua fase inicial de desenvolvimento e apresenta difícil controle por produzir escleródios (estrutura de sobrevivência do fungo) no solo.

Na prática, a ocorrência da mela do algodoeiro representa menor rentabilidade ao produtor, pois reduz a população de plantas no campo, sendo necessária, muitas vezes, a ressemeadura.

A presença do fungo é favorecida principalmente pelo monocultivo do algodão, juntamente com o preparo intensivo do solo.

Casos de encharcamento e alagamento de solo podem contribuir fortemente para o aumento do patógeno, se você utilizar sementes com baixo vigor e realizar a semeadura do algodoeiro fora da época.

A dica é evitar épocas muito chuvosas para o plantio, pois esse patógeno se adapta bem a ambientes úmidos (em média 80% de Umidade Relativa) e temperatura entre 25℃ a 30℃.

O primeiro relato da doença foi na safra 2004/05 no Mato Grosso. Desde então, já foi detectada em diversos estados produtores de algodão como Mato Grosso do Sul e Bahia.

ciclo fisiológico das doenças do algodoeiro

Mela do algodoeiro é uma das doenças iniciais da cultura do algodão
(Fonte: Luiz Chitarra/Embrapa em Congresso do Algodão)

Sintomas da doença no algodoeiro

Para identificar a mela do algodoeiro na lavoura, fique atento aos sintomas iniciais: lesões, com aspecto oleoso, nas bordas dos cotilédones.

Conforme o desenvolvimento da doença, podem ser observados o encharcamento (anasarca) e a destruição total dos cotilédones, levando a plântula à morte.

Plântulas de algodoeiro com sintomas de mela

Plântulas de algodoeiro com sintomas de mela 
(Fonte: Goulart e colaboradores)

Atenção para não confundir os sintomas da mela do algodoeiro com outras doenças, como a causada pelo R. solani AG4, popularmente conhecida como “tombamento”. Seus sintomas, no caso, são formações de lesões no colo e nas raízes das plântulas de algodão, que podem ser confundidos com a mela.

Como evitar a mela do algodoeiro

A cultura do algodoeiro demanda muitos cuidados para alcançar altas produtividades. Um deles é o manejo preventivo de doenças fúngicas.

O primeiro passo é justamente evitar a entrada e a proliferação de fungos na lavoura. Para isso, realize um bom planejamento dos processos da fazenda e tome atitudes bastante simples, mas eficazes, como manejo preventivo.

Veja alguns cuidados que devem ser levados em consideração:

  • realize a limpeza frequente de máquinas e implementos agrícolas;
  • utilize sementes certificadas e de alto vigor;
  • realize teste de qualidade de água (caso utilize irrigação);
  • faça o tratamento de sementes;
  • realize a rotação de culturas (utilize gramíneas que reduzam a infestação de R. Solani);
  • mantenha o solo com adubação equilibrada;
  • escolha a época de plantio (evite períodos chuvosos);
  • realize o manejo integrado de doenças;
  • elimine plantas hospedeiras;
  • realize frequentemente análises de solo em sua lavoura.

Quando o assunto é fungos, é melhor pecar pelo excesso de manejos preventivos do que pela falta!

Situação ideal de desenvolvimento da mela do algodoeiro

Situação ideal de desenvolvimento da mela do algodoeiro; doença é altamente favorecida pelo clima chuvoso na fase inicial da cultura
(Fonte: Cultivar)

Mas, e quando a lavoura já está afetada pela doença, o que fazer? Vou explicar melhor a seguir:

Formas de controle

Para o controle da mela do algodoeiro, a utilização de tratamento de sementes com fungicidas vem como um forte aliado, principalmente pela doença se manifestar nas fases iniciais de desenvolvimento.

Estudos realizados pela Embrapa Algodão, indicam que o tratamento químico com Dynasty + Cruiser proporcionaram menor número de plântulas afetadas pelo fungo. Além disso, os resultados são potencializados com a aplicação de fungicidas preventivos nos estádios iniciais da cultura.  

Estudos também indicam ótimos resultados de emergência de plântulas para sementes tratadas com tolylfluanid + pencycuron + triadimenol.

Outra opção de manejo seria a adição de fungicida PCNB (pentachloronitrobenzene), na dose de 500g/100kg de sementes às misturas padrões (fludioxonil + mefenoxan + azoxistrobina, carbendazim + tirame + pencycuron + triadimenol e carboxina + thiram), que já eram utilizados no controle do tombamento.

Contudo, antes de escolher seu tratamento de sementes, observe quais os principais problemas da sua lavoura.

Caso sua área esteja infestada com o patógeno, opte pela combinação: tratamento de sementes+aplicação foliar logo após a emergência+rotação de cultura

Sobre qual produto utilizar para aplicação foliar no manejo da mela do algodoeiro, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a)! Além disso, sempre realize o monitoramento em sua propriedade.

O manejo imediato da mela do algodoeiro irá evitar perdas consideráveis de produtividade e, principalmente, que o fungo se espalhe por todos os talhões da propriedade.

Aproveite e baixe aqui uma planilha grátis para calcular sua produtividade de algodão!

Conclusão

A mela do algodoeiro é uma doença com relatos recentes e que vem causando problemas em diversas regiões do país.

Neste artigo, você viu como reconhecê-la no campo e os cuidados para evitar a contaminação de fungos na lavoura. Também conheceu as recomendações de manejos para controle da doença.

Espero que essas informações possam auxiliar seu dia a dia no campo e no planejamento preventivo da mela na sua propriedade!

>> Leia mais:

As 6 mais importantes dicas para a colheita do algodão

Como fazer o manejo integrado do bicudo-do-algodoeiro

Você tem problemas com a mela do algodoeiro em sua lavoura? Quais medidas de prevenção utiliza para evitar essa doença? Adoraria ver seu comentário abaixo! 

As principais doenças de culturas de inverno e como combatê-las

Doenças de culturas de inverno podem colocar sua produção a perder. Saiba como identificar as mais recorrentes e todas as recomendações de controle.

As doenças são um grande problema na lavoura, podendo colocar toda a produção a perder.

Por isso, saber identificá-las e fazer o manejo correto é essencial para garantir uma boa colheita.

Neste artigo vamos mostrar as principais doenças de culturas de inverno, como oídio, ferrugem e mancha foliar, quais suas características e as formas de controle mais recomendadas. Confira a seguir!

Importância e opções das culturas de inverno para sua propriedade

As culturas de inverno são uma ótima opção para aumentar a renda após o cultivo de verão ou mesmo diversificar as culturas agrícolas na propriedade.

Segundo a Conab, há estimativa de crescimento de 11,8% na área a ser plantada com culturas de inverno (aveia, canola, centeio, cevada, trigo e triticale) na safra 2020. 

Para escolher o melhor plantio no inverno, considere a oportunidade da cultura agrícola na sua região, ponderando a parte econômica (venda e renda) e também as condições climáticas. 

Algumas opções de culturas de inverno são:

Nos próximos tópicos vamos mostras as principais doenças de algumas dessas culturas e as medidas de controle mais recomendadas.

Milho, sorgo e feijão também são considerados culturas de inverno, mas sobre as doenças desses cultivos preparamos um texto específico que você pode conferir aqui!

Doenças de culturas de inverno: trigo

Ferrugem comum das folhas do trigo

Causada pelo fungo Puccinia triticina, é considerada a doença mais comum na cultura, ocorrendo em grande parte das regiões produtoras de trigo no Brasil. Relatos já mostraram perdas de até 50% na produtividade em estados da região Sul do país.

A doença pode se manifestar em todas as fases do ciclo da cultura. Seus sintomas são pequenos pontos arredondados de coloração alaranjada (pústulas), principalmente na parte superior das folhas.

Ferrugem da folha (Puccinia recondita f.sp. tritici)

(Fonte: Agrolink)

Controle da ferrugem da folha do trigo:

  • controle genético;
  • rotação de culturas;
  • eliminação de plantas voluntárias;
  • controle químico (fungicidas).

Helmintosporiose

A helmintosporiose ou mancha marrom causada pelo fungo Bipolaris sorokiniana é comum nas regiões mais quentes de cultivo do trigo.

Nas folhas, os sintomas são lesões elípticas de coloração cinza (regiões mais quentes). Nas regiões mais frias, a doença causa lesões retangulares e escuras nas folhas.

Mas esse fungo pode infectar qualquer órgão das plantas de trigo e como fonte de inóculo do fungo são considerados restos culturais e sementes.

Medidas de manejo para helmintosporiose são:

  • uso de sementes sadias e com tratamento de sementes;
  • rotação de culturas;
  • controle químico (mistura de triazóis e estrobilurinas).

Giberela 

A giberela é causada pelo fungo Fusarium graminearum, sendo mais frequente em regiões quentes. Este fungo pode sobreviver em restos culturais e em sementes.  

A doença é considerada o principal problema que afeta as espigas de lavouras de trigo, cevada e triticale no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e região centro-sul do Paraná.

Além das perdas em rendimento, pode ocorrer a presença de micotoxinas, substância tóxica produzida pelo fungo.

O fungo infecta a flor, causando sua morte. Caso consigam se desenvolver, os grãos ficam enrugados, chochos e de coloração rosa. 

Como sintomas da doença, você pode notar que as aristas de espiguetas infectadas se desviam do sentido não infectadas. Posteriormente, aristas e espiguetas adquirem coloração esbranquiçada ou cor de palha.

Maria Imaculada Lima - Giberela em trigo

(Fonte: Maria Imaculada Lima em Embrapa)

A doença é de difícil controle, por isso, algumas medidas de manejo para giberela são:

  • aplicação de fungicidas após início da floração;
  • semeaduras antecipadas.

Mancha amarela

Esta doença é mais facilmente encontrada em locais de plantio direto com monocultura. É uma das manchas mais importantes para a cultura e pode causar perdas de 50% no trigo e também na cevada.

A mancha amarela é causada pelo fungo Drechslera tritici-repentis que, nas plantas de trigo, pode causar sintomas de pequenas manchas cloróticas, que evoluem e se expandem para manchas de cor palha, circundadas com halo amarelo.

doenças de culturas de inverno

(Fonte: Flávio Santana em Embrapa)

Algumas medidas de manejo para esta doença são:

  • tratamento de sementes com fungicidas;
  • rotação de culturas; 
  • fungicidas;
  • eliminação de plantas voluntárias.

Septoriose

Também chamada de mancha da gluma, é causada pelo fungo Stagonospora nodorum, que pode sobreviver em restos culturais e sementes.

Como sintomas, nas folhas podem ser observadas lesões elípticas de aspecto aquoso, que após algum tempo se tornam secas e de coloração parda.

São medidas de manejo para septoriose:

  • tratamento de sementes com fungicidas;
  • rotação de culturas;
  • controle químico.

Brusone

A brusone ou branqueamento da espiga é causada pelo fungo Pyricularia grisea, sendo também uma das doenças mais importantes na cultura do arroz

Alguns sintomas da doença são espigas de coloração branca e, no local de penetração do fungo, causa a morte acima desse ponto de penetração.

Como a giberela, a brusone é de difícil controle. Assim, uma medida recomendada é o plantio precoce da cultura de trigo.

Oídio

O oídio tem como agente causal o Blumeria graminis f. sp. tritici, que pode gerar até 60% de perdas na cultura.

Você pode observar nas folhas uma coloração branca com aspecto de pó. Os tecidos atacados apresentam coloração amarela e acabam morrendo. As plantas atacadas apresentam menor vigor, redução do número de espigas e peso dos grãos.

Leila Costamilan - Sintomas de oídio em plantas de trigo

(Fonte: Leila Costamilan em Embrapa)

Algumas medidas de manejo para oídio são:

  • cultivares resistentes;
  • pulverização com fungicidas.

Doenças de culturas de inverno: aveia

Ferrugem da folha

É considerada a doença mais comum na cultura, causada pelo fungo Puccinia coronata f. sp. avenae.

Os sintomas incluem pontos pequenos e ovais de coloração alaranjada (pústulas). Com o progresso da doença, as pústulas podem se tornar mais escuras.

Ferrugem da folha (Puccinia coronata var. avenae)

(Fonte: Agrolink)

Algumas medidas de manejo para a doença são:

  • uso de fungicida;
  • eliminação de plantas voluntárias com sintomas;
  • resistência genética.

Mancha do halo amarelo

Esta doença ocorre em todos os locais de cultivo da cultura da aveia, sendo causada pela bactéria Pseudomonas syringae pv. coronafaciens. É considerada a segunda doença mais importante da cultura.

Aparece em folhas novas, com manchas cloróticas, com halo verde-claro a amarelado. Essas manchas podem tomar toda folha e matar o tecido. Também ocorrem sintomas no colmo e bainha.

Medidas de manejo para a doença são:

  • rotação de culturas;
  • sementes sadias.

Helmintosporiose

Essa doença, causada pelo fungo Drechslera avenae, traz dano principalmente quando há chuvas frequentes antes da colheita. Isso prejudica os grãos, que ficam escuros e perdem a qualidade.

Como sintomas ocorrem manchas largas de coloração marrom ou roxa, podendo necrosar o limbo foliar. Pode atacar também os grãos ou sementes.

Algumas medidas de manejo são:

  • eliminação de plantas voluntárias;
  • rotação de culturas;
  • sementes sadias;
  • fungicidas nos órgãos aéreos da planta. 

Doenças de culturas de inverno: girassol

Mofo-branco

O mofo-branco ou podridão branca é causado por Sclerotinia sclerotiorum, sendo considerado o fungo mais importante na cultura do girassol.

Se o fungo atacar na fase de plântula, pode ocasionar a morte e provocar falhas no estande. Mas pode haver outros tipos de sintomas conforme a parte atacada: basal, mediana e capítulo.

Na basal (do estádio de plântula até a maturação), o mofo-branco pode ocasionar a murcha da planta e lesão marrom, mole e com aspecto de encharcada. Se houver alta umidade, a lesão pode ficar coberta por um micélio branco. Além disso, podem ser encontrados escleródios nas áreas afetadas.

Já na porção mediana da planta, que ocorre a partir do estádio vegetativo, os sintomas são parecidos com os da infecção basal. Escleródios podem ocorrer dentro e fora da haste.

E no capítulo, que ocorre a partir da floração, inicialmente observam-se lesões pardas e encharcadas no capítulo, tendo a presença do micélio cobrindo algumas de suas partes. 

Com o progresso da doença, pode-se encontrar muitos escleródios no interior do capítulo. O fungo pode destruir essa estrutura floral.

doenças de culturas de inverno

Sintomas do mofo-branco no capítulo do girassol
(Fonte: Aguiar, R; Sampaio, J; Boniatti, P.  em IFMT)

Algumas medidas de manejo para a doença são:

  • rotação de culturas;
  • época de semeadura.

Mancha de alternaria

Doença causada por Alternaria helianthi, sendo considerada a mais comum em regiões subtropicais úmidas.

A doença pode causar necrose nas folhas, podendo ocasionar morte das células e desfolha precoce.

Inicialmente você pode observar pequenos pontos necróticos castanhos nas folhas, com halo clorótico. Com o progresso da doença, pode haver círculos concêntricos, semelhante a um alvo, que pode progredir para necrose e desfolha.

Algumas medidas de manejo são:

  • controle genético;
  • rotação de culturas;
  • escolha da época de semeadura;
  • densidade de semeadura correta para não apresentar microclima favorável.

Doenças de culturas de inverno: cevada

Mancha reticular 

A doença é causada pelo fungo Drechslera teres, considerada a principal doença da cultura de cevada.

Nas folhas com ataque deste fungo ocorrem manchas ou estrias marrons, formando rede de tecido necrosado, com halo amarelo.

Mancha angular (Drechslera teres)

(Fonte: Agrolink)

Algumas medidas de controle são:

Nanismo amarelo da cevada

Esta virose ocorre em aveia, cevada e trigo causada pelo vírus BYDV, tendo como vetor afídeos.

Como sintoma, você pode observar nas folhas mais novas manchas cloróticas, de amarelada até arroxeada.

Como medida de manejo da doença são recomendados: 

  • controle químico ou biológico do vetor; 
  • tratamento de sementes.

Para te auxiliar com a prescrição de medidas de manejo para as doenças de culturas de inverno procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão 

Culturas de inverno são uma opção para aumentar a rentabilidade e diversificar as culturas na fazenda após a safra de verão.

Neste artigo, apontamos as doenças mais recorrentes nos cultivos de trigo, aveia, girassol e cevada. 

Falamos sobre os sintomas de cada uma delas e também sobre as medidas mais efetivas de controle.

Agora que você já sabe como fazer o melhor manejo de doenças nas culturas de inverno, espero que você consiga alcançar uma boa produtividade e lucro na sua safra de inverno!

>>Leia mais:

Perspectivas para a safra de inverno!

“Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Você tem problemas com doenças de culturas de inverno na sua propriedade? Como realiza o manejo? Adoraria ver seu comentário abaixo.