6 principais doenças do algodão e como controlá-las na lavoura

Doenças do algodão: conheça os sintomas e as recomendações de manejo mais adequadas para cada uma delas 

O algodão é uma importante cultura no Brasil, com produção estimada para a safra 20/21 de 2,8 milhões de toneladas de algodão em pluma, segundo a Conab.

E, para manter essa produção, é necessário ficar atento às doenças que podem acontecer ao longo do desenvolvimento da cultura e realizar o melhor manejo.

Neste artigo, você verá 6 das principais doenças do algodoeiro, seus sintomas e como controlar para reduzir as perdas nas lavouras! Confira.

Mancha de ramulária

A mancha de ramulária é considerada a principal doença do algodoeiro, sendo causada pelo fungo Ramularia areola.

Mas nem sempre essa doença teve tanta relevância na cultura do algodoeiro. Antes, ela era considerada uma doença secundária e ocorria apenas no final de ciclo e não causava grandes perdas.

Já hoje em dia, com aumento da área cultivada com algodão principalmente nas regiões do Centro-Oeste (cerrado brasileiro), houve um ambiente favorável ao desenvolvimento do patógeno, além da utilização de mais variedades suscetíveis. Com uso de cultivares suscetíveis, a doença pode causar redução da produtividade de até 75%.

Os sintomas iniciais da doença ocorrem nas folhas mais velhas, na fase de reprodução da planta. Inicialmente, são pequenas lesões anguladas que são delimitadas pelas nervuras.

Posteriormente, você pode observar manchas angulosas de coloração branca, tendo aspecto pulverulento. Esse sintoma se inicia na fase inferior da folha e pode progredir para a superior quando as condições do ambiente forem de alta umidade.

fotos com doença da mancha da ramulária

(Fonte: Infectário departamento fitopatologia UFV)

Com o progresso da doença, você pode observar que as manchas podem se tornar necróticas. Além disso, em alta severidade, pode ocorrer a desfolha da planta, o que compromete o desenvolvimento das maçãs e a produtividade.

Essa doença inicia-se pelo baixeiro. Por isso, quando for monitorar a sua lavoura, lembre-se que é importante o monitoramento dessa região da planta.

O fungo da ramulária sobrevive em restos de cultura e em plantas voluntárias de algodão.

Medidas de manejo da ramulária

  • Uso de variedades com resistência moderada;
  • Controle químico (fungicidas).

Lembrando que para o manejo da ramulária e de outras doenças do algodoeiro, consulte um(a) agrônomo(a).

Mancha angular

A mancha angular do algodoeiro é causada pela bactéria Xanthomonas citri sp. malvacearum, que tem distribuição generalizada em todas as regiões produtoras e alto potencial destrutivo.

Você pode observar como sintoma inicial as lesões de coloração verde e aspecto oleoso. Com o progresso da doença, as lesões se tornam de coloração parda e necrosada.

As nervuras principais das folhas podem apresentar manchas angulares e, nas maçãs, lesões arredondadas.

mancha angular - doenças do algodão

(Fonte: Agrolink)

Um ponto importante relacionado à bactéria que causa a mancha angular é que ela apresenta certa resistência ao calor e radiação solar. Isso pode viabilizar a sobrevivência das bactérias em sementes e partes da planta.

A disseminação da doença na lavoura ocorre por chuvas associadas com vento, o que também favorece a infecção.

Manejo da mancha angular

  • Controle genético (variedades resistentes) – o mais recomendado;
  • Rotação de culturas;
  • Deslintamento de sementes com ácido sulfúrico (reduz inóculo inicial);
  • Controle químico.

Murcha de fusarium 

A murcha de fusarium é uma doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum e que necessitou da busca por variedades resistentes (manejo viável para a cultura).

Os sintomas iniciais são folhas com perda da turgescência, coloração amarelas e posterior queda. Em variedades suscetíveis, pode ocorrer a morte prematura dessas plantas.

Plantas afetadas pela doença se tornam menores, o que reduz o tamanho do capulho e afeta a produtividade da lavoura.

O causador da murcha é um fungo que vive no solo, por isso, a infecção começa pelas raízes do algodoeiro. Assim, as áreas podem ficar contaminadas por muitos anos, pois sobrevivem em esporos de resistência. 

O fungo se dissemina por sementes e partículas de terra.

São condições favoráveis para a doença: alta umidade, temperaturas moderadas de 25°C, solo com baixa fertilidade e a presença de nematoide Meloidogyne incognita, que predispõe fisiologicamente o algodoeiro ao ataque do fungo.

Medidas de manejo da murcha de fusarium

  • Variedades resistentes (medida mais eficiente);
  • Utilização de sementes sadias;
  • Limpeza de equipamentos;
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras como mucuna, crotalária e amendoim.

Damping-off (mela ou tombamento)

Damping-off, mela ou tombamento é uma doença que pode ser causada por vários patógenos. Os mais comuns são Rhizoctonia solani e Colletotrichum gossypii, com ocorrência generalizada nas áreas produtoras de algodão.

Como o próprio nome diz, essa doença ataca as plântulas do algodoeiro, o que causa o tombamento pré e pós-emergência das plantas causando a morte, com falhas no estande de plantas.

Damping-off (mela ou tombamento)

(Fonte: Augusto César Pereira Goulart em Embrapa)

A doença é influenciada por alta umidade e temperatura de 18ºC a 30°C, sendo as sementes a principal fonte de inóculo.

Medidas de manejo para Damping-off

Ramulose

A ramulose é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum gossypii, que pode infectar plantas de algodão de qualquer idade. Os danos podem chegar até 80%, dependendo das condições da área cultivada.

Os primeiros sintomas são observados primeiramente nas folhas mais novas, como manchas necróticas.

O tecido necrosado “cai” e forma perfurações nas folhas, denominadas de mancha estrelada. Também podem ser observadas lesões enrugadas nas folhas.

foto de ramulose - doenças do algodão

(Fonte: Alderi Emídio de Araújo em Embrapa)

Além disso, o fungo ainda pode afetar o meristema apical, o que provoca sua necrose e pode estimular o desenvolvimento de brotação lateral.

A principal forma de disseminação são as sementes e o fungo pode sobreviver no solo de uma safra para outra.

São condições favoráveis para o desenvolvimento da doença a alta umidade e o solo com baixa fertilidade. 

Medidas de manejo da ramulose

  • Variedades resistentes;
  • Rotação de cultura;
  • Controle químico.

Mofo-branco

O mofo-branco causado por Sclerotinia sclerotiorum está aumentando nos plantios de algodão, principalmente em áreas irrigadas após o plantio de soja e feijão.

O fungo pode atacar as folhas, hastes e maças. Inicialmente, ocorre a formação de lesões com aspecto encharcado na parte aérea das plantas. 

Com o progresso, há o sintoma bastante característico: crescimento do fungo com aspecto cotonoso (coloração branca). 

maçã de algodão atacada por mofo-branco

(Fonte: Amipa)

Os tecidos atacados pelo fungo acabam apodrecendo e o ataque prevalece na região baixeira da planta.

Após um período, ocorre a formação de escleródios (estrutura de resistência do fungo).

Condições que favorecem o desenvolvimento do fungo são temperatura amena e alta umidade. Além disso, plantios adensados podem favorecer essas condições.

Medidas de manejo para o mofo-branco no algodoeiro

  • Sementes sadias;
  • Uso de variedades com porte mais ereto o que desfavorece a formação de um microclima favorável ao fungo;
  • Aplicação de fungicida;
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras.
planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

Muitas doenças podem interferir na produção do algodoeiro, causando perdas muito expressivas.

Para minimizar os danos com essas doenças na lavoura, citamos as 6 principais doenças de ocorrência da cultura do algodoeiro.

Também descrevemos os sintomas e as principais medidas de manejo. Agora que você conhece as principais doenças do algodoeiro não deixe sua lavoura ter perda com elas.

>> Leia mais:

“O que é a mancha alvo do algodoeiro e como ela pode afetar a sua lavoura”

“Guia completo de análise e manejo dos principais nematoides no algodão”

Como ter um algodoeiro resistente a doenças e mais econômico com nova cultivar transgênica

Você teve problemas com doenças na cultura do algodão? Quais afetam a sua lavoura? Como realiza o manejo? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Como livrar sua lavoura dos ataques do bicudo-da-soja

Bicudo-da-soja ou tamanduá-da-soja é uma das pragas que vêm ganhando importância na cultura. Conheça suas características, hábitos e formas de controle!

A expansão da cultura da soja tem contribuído para o aumento das pragas que antes eram consideradas secundárias.

Esse é o caso do bicudo-da-soja ou tamanduá-da-soja, que tem sido observado desde a década de 1980 na cultura.

Algumas mudanças no manejo fizeram com que essa praga se tornasse algo preocupante para os sojicultores de uns tempos para cá. 

Além disso, essa é uma praga de difícil controle, principalmente, por seu hábito nas plantas.

Por isso, separei algumas informações importantes para que você proteja sua lavoura do bicudo-da-soja. Confira a seguir!

Características do bicudo-da-soja

O bicudo-da-soja tem esse e outros nomes populares como tamanduá-da-soja. É um inseto da ordem Coleoptera e família Curculionidae, a qual tem como principal característica o rostro ou o “bico”, que deu origem ao nome popular da praga.

A espécie é Sternechus subsignatus e ataca a soja durante todo o ciclo da cultura.

Embora esteja causando grande alarme, é um inseto bem pequeno. Os adultos medem cerca de 8 mm de comprimento, são escuros e têm listras amarelas na cabeça e nos élitros, e as asas mais duras. 

Adulto do bicudo-da-soja
Adulto do bicudo-da-soja
(Fonte: Insetologia)

Normalmente, os adultos ficam em lugares mais estratégicos como na parte abaxial das folhas e em estruturas como hastes. Dependendo do horário do dia, podem procurar locais como folhagens ou restos de cultura no solo. 

As larvas medem cerca de 10 mm de comprimento, sendo brancas, sem pernas e com cabeça castanho-escura. Se desenvolvem dentro da haste principal da planta, na região do anelamento, em que são colocados os ovos pelas fêmeas. 

Ao final do período larval, nos últimos ínstares, os insetos vão para o solo e passam por um período de hibernação, ou seja, se mantêm inativos. Isso gera um problema no manejo, porque elas se localizam em profundidade de 5 cm a 10 cm. 

Larva de bicudo-da-soja na haste
Larva de bicudo-da-soja na haste
(Fonte: Embrapa)

Sintomas e danos

Atualmente, é possível encontrar o bicudo-da-soja causando danos em diversos estados do Brasil, principalmente em municípios de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. 

Tanto os adultos como as larvas causam danos na cultura da soja. O período mais crítico do ataque desses insetos é a fase inicial da cultura. 

Danos causados por adultos do bicudo-da-soja
(Fonte: Embrapa)

Os adultos fazem um tipo de “raspagem” da epiderme das hastes das plantas, o que faz com que o tecido vegetal fique com aspecto desfiado. E, devido à fragilidade das plantas, por ainda não terem uma estrutura bem lignificada, pode haver perda total da lavoura se houver presença de altas populações da praga.

A oviposição dos ovos é feita no anelamento das plantas. Quando as larvas eclodem, permanecem próximas ao local consumindo todo o conteúdo do tecido das plantas. Isso leva à formação de galhas caulinares, sintomas muito típicos de ataques do bicudo-da-soja. 

Essas galhas caulinares vão aumentando de tamanho conforme as larvas vão se desenvolvendo e, muitas vezes, ultrapassam o diâmetro das hastes ou dos ramos. 

Galha caulinar formada em haste da planta de soja devido ao ataque de larvas do bicudo-da-soja
Galha caulinar formada em haste da planta de soja devido ao ataque de larvas do bicudo-da-soja 
(Fonte: Embrapa)

Por serem canibais, é muito difícil encontrar mais de uma larva por galha. Por isso, as galhas ficam espalhadas pela planta dando proteção e condições para esses insetos se desenvolverem até o momento da hibernação. 

Além disso, os ataques normalmente acontecem em reboleiras e são mais intensos em áreas com plantio direto, justamente por dar condições ideais para os insetos se manterem na área. 

Como fazer o manejo do bicudo-da-soja

Como é possível perceber, o manejo do bicudo-da-soja não é tão simples devido aos hábitos dessa praga tanto na fase jovem quanto na fase adulta. 

A melhor recomendação é utilizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP) para aplicar várias táticas que irão contribuir para a redução da população. 

É importante conhecer o histórico da região e entrar, desde antes do início do cultivo, com o monitoramento.

Monitoramento

O comportamento dessa praga é bastante característico, mas deve ser muito bem observado para que não ocorram surtos da população na fase mais crítica.

É muito recomendado que se faça amostragens na entressafra para observar se ainda existem insetos nas antigas fileiras de soja.

O ideal é que a cada 10 hectares sejam feitas 4 amostragens. O nível de controle para essa praga é de 0,4 adultos por metro de fileira de soja, quando as plantas de soja apresentarem entre duas (V2) e cinco (V5) folhas trifolioladas. 

Época de semeadura

Estudos realizados pela Embrapa Soja mostraram que, após o período pupal, os adultos costumam emergir no começo de novembro. Assim, ocorre um aumento populacional na segunda quinzena de dezembro.

Por isso, no momento da semeadura, é importante pensar no tratamento de sementes como aliado e a época em que se pode fazer o plantio. 

O tempo residual dos inseticidas utilizados para o controle do bicudo-da-soja deve ter eficiência para aguentar essa fase de maior população. 

Métodos de controle

Como existem algumas plantas não-hospedeiras do bicudo-da-soja, a rotação de culturas com plantas como milho, crotalária, sorgo, girassol e algodão é uma boa tática para evitar o aumento populacional na soja. 

Para melhorar a eficiência da rotação, as plantas não-hospedeiras podem ser rodeadas de plantas hospedeiras de preferência do bicudo. Essas plantas irão agir como cultura-armadilha

Essas culturas podem ser semeadas na bordadura da soja, cerca de 20 m e 30 m. 

Dessa maneira, ao atrair os insetos, pode-se utilizar dos inseticidas recomendados para o controle da praga. 

E o controle químico também poderá ser utilizado quando, após monitoramento, forem encontrados uma média de 0,4 adultos/m de fileira, como indicador para uso de inseticidas via aplicação foliar.

Existem 56 produtos registrados no Agrofit, site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o controle químico do bicudo-da-soja.

captura da tela da página da Agrofit mostrando os produtos registrados para controle químico do bicudo-da-soja

O controle químico com inseticidas de contato costuma ser difícil devido ao hábito da praga. Por isso, os ingredientes ativos mais utilizados são dos grupos químicos dos organofosforados, neonicotinoides e pirazóis.  

Manejo de pragas por aplicativo

Por fim, vale destacar que você pode recorrer à tecnologia para operacionalizar com maior praticidade as estratégias de controle que mostrei neste artigo.

Um aplicativo como o Aegro permite que o monitoramento da lavoura seja planejado e registrado pelo celular, mesmo sem conexão com a internet. Desta forma, o histórico de pragas dos seus talhões fica seguro e organizado.

Após o registro das amostragens, o Aegro gera um mapa de calor que mostra a gravidade da infestação em cada ponto analisado.

Assim, você tem uma visão mais clara sobre a incidência do bicudo e consegue os aplicar diferentes métodos de controle apenas onde é realmente necessário.

Em suma, o uso desta tecnologia se reflete em menores custos com defensivos agrícolas e um manejo de pragas mais eficaz na sua plantação. Conheça agora a solução Aegro para MIP!

planilha de monitoramento integrado de pragras mip Aegro, baixe grátis

Conclusão

Alguns insetos que antes eram pragas secundárias estão se tornando mais preocupantes para o sojicultor. 

Esse é o caso do bicudo-da-soja, que nos últimos anos se tornou uma praga recorrente em diversas lavouras brasileiras.

Os hábitos desse inseto facilitam sua entrada na lavoura e dificultam o manejo.

Mas existem algumas formas de controle seguindo as táticas do MIP que poderão te ajudar a proteger sua lavoura do bicudo, como o monitoramento acurado.

Espero que, com essas dicas, você possa ter eficiência no controle dessa praga em suas propriedades!

Você tem enfrentado problemas com o bicudo-da-soja nas últimas safras? Como tem feito o manejo? 

Principais doenças do café: como identificar os sintomas e fazer o melhor manejo

Atualizado em 19 de julho de 2021.
Doenças do café: conheça melhor os danos e como controlar a ferrugem, manchas, cercosporiose, seca dos ponteiros e nematoides de galhas

Várias doenças afetam a cafeicultura. Muitas delas causam danos sérios, reduzindo ou anulando a produtividade do cafezal se mal controladas.

Um bom manejo passa, primeiramente, pelo conhecimento dos sintomas que elas provocam nas plantas e das condições que as favorecem. Assim, você pode estabelecer os métodos de controle viáveis.

Conheça as principais doenças do café, o que observar na lavoura e como fazer um controle mais eficiente. Confira!

O que favorece a ocorrência das doenças do café?

Quando se fala em doenças, um conceito é fundamental: o do triângulo da doença. 

Esse conceito mostra que para a ocorrência de determinada doença é necessário que se tenha:

  • ambiente favorável a seu desenvolvimento; 
  • hospedeiros para o agente causal; 
  • patógeno, o responsável por causar aquela doença.

Há oportunidades de manejar os três lados desse triângulo.

Você pode alterar o ambiente escolhendo o local de plantio, os sistemas de cultivo (sombreado ou pleno sol), o espaçamento da lavoura e o manejo. 

Com isso, você altera principalmente a umidade, a temperatura, luminosidade e estado nutricional da planta.

Quanto ao hospedeiro, é possível manejar a escolha de variedades resistentes a determinadas doenças, a remoção de restos culturais e controle de invasoras que possam ser hospedeiras.

Com relação ao patógeno, você pode utilizar métodos de controle – como os defensivos agrícolas – que atuam na redução de sua população. É o controle químico, propriamente dito.

Conhecer como atuar no sistema é importante no controle de doenças do cafeeiro, como você verá a seguir.

Principais doenças do café

A importância das doenças do café pode variar de região para região, bem como a época de sua ocorrência devido às variações nas condições ambientais.

Por isso, existem inúmeras doenças que podem causar problemas. As principais são:

A ocorrência de determinadas doenças do café se relaciona com determinadas épocas do ano ou estádio fenológico do cafeeiro, pois coincide com as condições ambientais que a favorecem.

Ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix Berk. & Br)

A ferrugem do cafeeiro é favorecida por condições de:

  • alta umidade relativa;
  • temperaturas entre 20 ℃ e 24 ℃;
  • baixa luminosidade;
  • desbalanços nutricionais.

Ela causa desfolha da planta e até seca de ramos, comprometendo a produção. O monitoramento da ferrugem é feito com a coleta de 100 folhas do terço médio para cada talhão. 

Comumente, são utilizados agentes químicos para o controle de ferrugem. 

Eles podem ser aplicados de forma preventiva durante o período chuvoso ou quando constatada a doença e os danos atingirem o nível de dano econômico. Nesse caso, 5% das folhas infectadas.

Detalhe numa folha do sintoma de ferrugem do cafeeiro
Detalhe do sintoma de ferrugem do cafeeiro
(Fonte: Agrolink)

Uma alternativa para evitar os danos por ferrugem é o uso de variedades resistentes, como exemplifica a tabela abaixo. Além disso, espaçamentos maiores e nutrição adequada desfavorecem a ferrugem.

Mancha de phoma ou de ascochyta (Phoma spp.)

Também conhecida por requeima, a mancha de phoma é uma doença causada por algumas espécies de fungo do gênero Phoma

As espécies de maior importância para a cultura do café são: Phoma tarda e Phoma costarricensis.

A doença tem maior incidência em regiões com ventos fortes e altitude elevada (acima de 1000 m), alta umidade e temperaturas próximas a 20 ºC.

O florescimento do cafezal é o período mais suscetível para a ocorrência da doença.  

Os sintomas são observados em toda parte aérea da planta. São visíveis primeiro nas folhas mais novas. 

A doença causa desfolha da planta e seca dos ramos. Além disso, a mancha de phoma causa deformações e lesões necróticas nas folhas, flores e frutos.

A mancha de phoma provoca a morte de brotações novas, botões florais e a mumificação dos chumbinhos. Isso compromete diretamente a produtividade.

O controle da doença envolve a adoção de práticas culturais e o controle químico

Algumas medidas podem ser adotadas no manejo da mancha de phoma no cafeeiro:

  • uso de mudas certificadas;
  • maior espaçamento de plantio;
  • adubação balanceada;
  • instalação de quebra-ventos.
Sintomas de mancha de phoma em ramos e frutos de café (imagens A e B) e nas folhas (imagens C e D)
Sintomas de mancha de phoma em ramos e frutos de café (A e B) e nas folhas (C e D)
(Fonte: Revista Cafeicultura)

Mancha aureolada do cafeeiro (Pseudomonas syringae pv. garcae)

A doença mancha aureolada do cafeeiro também é conhecida por crestamento bacteriano ou mancha bacteriana. 

O patógeno da doença é a bactéria Pseudomonas syringae pv. garcae

A doença tem maior ocorrência em lavouras:

  • com até 4 anos de idade;
  • instaladas em áreas de elevada altitude;
  • sujeitas a ventos frios;
  • temperaturas amenas e alta umidade. 

Nas folhas, os sintomas são manchas necróticas que podem ou não serem circundadas por um halo amarelado. Ramos, flores e frutos também apresentam lesões necróticas. 

A mancha aureolada causa a queda de flores e frutos. Em estado avançado, a doença pode levar à desfolha, além de comprometer a produção.

O manejo da mancha aureolada no café consiste na aplicação de fungicidas cúpricos, no plantio de mudas sadias e na instalação de quebra-ventos.

primeira imagem com lesões de mancha aureolada em folhas de café; segunda imagem com ramo de café atacado pela mancha aureolada e terceira imagem com lavoura em primeira produção com incidência de mancha aureolada em ramos novos
Lesões de mancha aureolada em folhas de café (a); ramo de café atacado pela mancha aureolada (b) e lavoura em primeira produção com incidência de mancha aureolada em ramos novos (c).
(Fonte: Revista Visão Agrícola)

Mancha anular do cafeeiro (Coffee ringspot virus – CoRSV)

A mancha anular do cafeeiro é uma doença causada pelo vírus CoRSV. Ela pode se desenvolver em qualquer fase fenológica da cultura.

A transmissão e disseminação do vírus é feita pelo ácaro plano Brevipalpus phoenicis. Esse ácaro também é o vetor da doença conhecida como leprose nas culturas de citros.

Os sintomas da mancha anular são visíveis nas folhas e frutos do café

Nas folhas, os sintomas são manchas cloróticas circulares com a presença de anéis concêntricos.

Os sintomas são observados tanto em frutos verdes quanto maduros. Frutos maduros afetados pelo vírus apresentam manchas amareladas em baixo relevo.

Plantas infectadas podem apresentar desfolha, queda e maturação irregular dos frutos. A desfolha tem a característica de acontecer de dentro para fora, conferindo uma aparência oca à copa da planta

Como o vetor da doença é um ácaro, a principal medida de controle é o manejo com o uso de acaricidas.

primeira imagem com frutos sadios de café; outras imagens com sintomas de mancha anular: depressão na casca e maturação irregular dos frutos
Frutos sadios de café (a); sintomas de mancha anular: depressão na casca e maturação irregular dos frutos (b,c,d)
(Fonte: Boari, A. de J.; Embrapa Amazônia Oriental)

Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Também conhecida como mancha-olho-de-pomba, a cercosporiose é favorecida por condições quentes, úmidas e situações de déficit hídrico e/ou nutricional.

Os danos são causados em mudas e plantas adultas. Vão desde a desfolha da planta até danos diretos aos frutos. É potencializada por desbalanços nutricionais e alta carga de frutos.

Danos por cercosporiose nas folhas de café
Danos por cercosporiose nas folhas de café
(Fonte: Coopercam)
doença Cercosporiose em frutos
Cercosporiose em frutos
(Fonte: Vicente Luiz de Carvalho/Epamig)

O controle se dá pelo manejo de irrigação e aplicação de fungicidas via foliar, com acompanhamento visual dos sintomas. 

Além disso, adubações adequadas em nitrogênio e boa aclimatação das mudas antes do plantio ajudam a evitar essa doença. 

A planilha abaixo pode te ajudar a realizar uma boa adubação de café. Baixe gratuitamente clicando na imagem!

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Seca dos ponteiros

A seca dos ponteiros é causada por um complexo de agentes como Colletotrichum spp.; Phoma spp., Hemileia spp., Cercospora spp., Ascochyta spp.  

O ataque é fruto de desbalanceamento nutricional e condições úmidas. Pode causar perda de produção, pois causa a morte dos ramos.

Recomenda-se o manejo com fungicidas cúpricos, logo após a colheita em áreas com histórico da doença. Quebra-ventos e nutrição equilibrada ajudam a reduzir os problemas também.

Confira mais informações no vídeo:

Seca de Ponteiros | No Pé do Café

Nematoides das galhas (Meloidogyne spp.)

O gênero de nematoides com maior importância econômica para a cultura do café é o Meloidogyne.

Três espécies de nematoides das galhas se destacam pela patogenicidade e ocorrência nas áreas produtoras de café: 

  • Meloidogyne exigua;
  • Meloidogyne incognita;
  • Meloidogyne paranaensis. 

Na tabela abaixo, você pode conferir a distribuição geográfica das principais espécies de Meloidogyne que causam prejuízos às lavouras de café no Brasil.

tabela com principais espécies de Meloidogyne associadas ao cafeeiro no Brasil e sua distribuição geográfica
Principais espécies de Meloidogyne associadas ao cafeeiro no Brasil e sua distribuição geográfica
(Fonte: Boletim Técnico – Nematoides Parasitos do Cafeeiro

 A ocorrência dos nematoides de galhas é maior em solos arenosos e com pouca matéria orgânica.

Esses nematoides causam a formação de galhas no sistema radicular das plantas. Isso prejudica a absorção de água e nutrientes

Dependendo do nível de infestação e da susceptibilidade da cultivar, pode haver clorose, murcha e queda das folhas. Em casos de severas infestações, as plantas podem morrer.

Os sintomas do ataque por nematoides são mais evidentes em períodos de seca.

tabela de espécies de Meloidoginoses em cafeeiros no Brasil
Meloidoginoses em cafeeiros no Brasil
(Fonte: Boletim Técnico – Nematoides Parasitos do Cafeeiro)

O ideal é evitar a entrada dos nematoides na área. Para isso é essencial usar mudas de café certificadas e também limpar o maquinário agrícola ao mudar de talhão. 

Dessa forma, você evita que torrões de solo contaminados entrem em áreas isentas.

Em áreas em que os nematoides já são um problema fitossanitário, o manejo é realizado pela aplicação de nematicidas químicos e pelo plantio de cultivares de café resistentes.

Importante ressaltar que o controle de nematoides é difícil e caro. É fundamental adotar um conjunto de práticas de manejo, visando a reduzir o nível populacional de nematoides na área

Conclusão

Várias doenças podem afetar a produção de café. Para manejá-las é fundamental conhecer cada uma delas, seus sintomas, quando ocorrem normalmente e as condições que as favorecem. 

Um bom manejo das doenças do café começa pelo monitoramento, para que se possa agir na hora certa. Existem vários métodos para manejo, embora o mais comumente aplicado seja o químico.

Além disso, a prevenção ainda é o melhor remédio. Portanto, evitar condições favoráveis aos patógenos, quando possível, é sempre uma boa estratégia. 

E, na possibilidade de utilizar variedades resistentes – como no caso da ferrugem -, opte por isso.

Assim, aliando diversas técnicas de manejo, é possível tornar o sistema produtivo mais resiliente e sustentável.

>> Leia mais:

Tudo o que você precisa saber sobre a mancha de mirotécio no café

“Como o uso de drones na pulverização do cafeeiro pode trazer economia e eficiência nas aplicações”

E você, conhecia as principais doenças do café? Já precisou lidar com alguma delas? Adoraria ler sua experiência aqui nos comentários!

redatora Tatiza Barcellos

Atualizado em 19 de julho de 2021 por Tatiza Barcellos.
Engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.

5 principais plantas daninhas do milho e tudo o que você precisa saber sobre seus manejos

Plantas daninhas do milho: conheça as principais infestantes e o que fazer para controlá-las

O milho é uma cultura extremamente responsiva ao manejo e, a cada ano que passa, são lançados híbridos mais produtivos no mercado. 

Entretanto, infestações de plantas daninhas podem causar prejuízos significativos em sua rentabilidade, podendo diminuir em até 87% a produtividade da lavoura.

Assim, é importante conhecer as principais plantas daninhas do milho e saber como manejá-las para garantir que o potencial produtivo será alcançado. Confira a seguir!

Estratégias de manejo de plantas daninhas do milho

O milho é a principal cultura utilizada em sucessão com a soja no Brasil, semeando-se soja na safra principal (verão) e milho na segunda safra (inverno). 

Para ter sucesso neste sistema de sucessão, é comum semear variedades de soja de ciclo curto logo após o final do vazio sanitário. E, logo após a colheita da soja, já é feita a semeadura do milho (muitas vezes isso ocorre no mesmo dia). 

Assim, como não existe intervalo entre os cultivos de soja e milho, o manejo de plantas daninhas do milho deve ser pensado muito antes. 

O foco deve ser sempre semear milho no limpo, principalmente sem infestação de gramíneas, pois como o milho é uma gramínea, o número de herbicidas que podem ser utilizados é muito reduzido. 

Já no milho de verão (muito semeado para silagem), o manejo é mais simples. Isso porque pode-se realizar o controle na entressafra,cuidando principalmente para não haver problemas com efeito residual de herbicidas na cultura.

Foto de plantas daninhas do milho

Lavoura de milho infestada por plantas daninhas

(Fonte: Paraquat Information Center)

Principais plantas daninhas do milho

Capim-amargoso (Digitaria insularis

O capim-amargoso é uma das principais plantas daninhas do Brasil. Ocorre em grande parte do território nacional e é considerada uma planta de difícil controle, pois possui casos de resistência a herbicidas e algumas características morfológicas que prejudicam a ação desses produtos. 

É uma planta daninha de ciclo perene, herbácea, entouceirada, ereta e que produz rizomas (estruturas de reserva). 

Sua grande dispersão está associada principalmente à grande capacidade de produzir sementes (mais de 100 mil sementes por inflorescência) e fácil dispersão através do vento. 

Uma das características que torna essa planta daninha de difícil controle é a formação de rizomas a partir de 45 dias após a emergência. Isso lhe confere uma capacidade muito grande de recuperação da injúrias de herbicidas. 

Recomendação de manejo

É muito importante que o manejo do capim-amargoso seja realizado antes da semeadura, evitando ao máximo a ocorrência de touceiras dessa daninha no milho. 

Caso ocorram touceiras em sua área, recomenda-se que atrase a semeadura do milho para controlá-las antes do plantio (tenha cuidado com o período residual dos graminicidas). Outra opção é plantar trigo, o que dará uma maior janela para manejo. 

Caso sua área já tenha apresentado um infestação muito grande de capim-amargoso nas culturas anteriores, provavelmente o banco de sementes possui muitas reservas desta planta daninha. 

Assim, recomenda-se o uso de herbicidas pré-emergentes como: trifluralina, s-metolachlor e pyroxasulfone+flumioxazin.

Caso ocorram plantas pequenas em sua área (até 3 perfilhos), os herbicidas nicosulfuron, tembotrione e mesotrione podem ter um bom nível de controle.  

Em híbridos com a tecnologia Liberty Link, o herbicida glufosinato de amônia também pode ser utilizado em plantas pequenas. 

Já para plantas maiores não há produtos que sejam eficientes no controle de capim-amargoso (devido à resistência a glifosato). 

Para os próximos anos, em híbridos com a tecnologia Enlist, será possível utilizar haloxyfop na pós-emergência do milho, o que auxiliará no manejo do capim-amargoso. 

Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)

O capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) infesta quase todas as regiões do Brasil e vem ganhando mais importância no últimos anos devido aos casos de resistência a herbicidas. 

O capim-pé-de-galinha é uma planta daninha de ciclo anual (120 a 180 dias), que se reproduz por sementes, sendo capaz de produzir mais de 120 mil sementes por planta, facilmente disseminadas pelo vento. 

Além disso, essa daninha perfilha muito cedo e, a partir de 3 perfilhos, os herbicidas começarão a ter menor eficiência de controle. 

Recomendação de manejo

O manejo de capim-pé-galinha é muito semelhante ao descrito para capim-amargoso. Entretanto, é recomendável que o controle seja realizado em plantas com menos de 2 perfilhos.

Essa planta daninha, quando pequena, é bem prostrada e pode estar escondida embaixo da palha de sua área. Por isso, tome cuidado no monitoramento.  

Buva (Conyza sp.) 

A buva é uma das plantas daninhas com maior importância no Brasil, pois ocorre em grande parte do território nacional e possui vários casos de resistência a herbicidas. 

Possui grande capacidade de hibridizar (cruzar com outras plantas do gênero Conyza), por isso sua classificação correta (espécie) é feita somente em laboratório.  

Essas espécies têm ciclo anual, são eretas, xom ramos e folhas pubescentes, e propaga-se exclusivamente por sementes.  

A grande dispersão de buva em nosso país está associada à grande capacidade de produção de sementes, que podem ser facilmente disseminadas pelo vento, podendo ser carregadas a até 1,5 km de distância.

A germinação de suas sementes ocorre no período de outono-inverno, geralmente nos meses de junho a setembro, muitas vezes coincidindo com o final do ciclo do milho. 

Recomendação de manejo

Para controle da buva na pós-emergência do milho safrinha, é possível utilizar a associação de atrazina + tembotrione.

Caso o milho tenha tecnologia Liberty Link, pode-se utilizar glufosinato de amônia no manejo de buva para plantas pequenas ou no manejo sequencial. 

Nos próximos anos, para híbridos com a tecnologia Enlist, deve haver a opção de utilizar 2,4 D em doses maiores na pós-emergência do milho, o que auxiliará no manejo de buva. 

Além do manejo químico, o uso de consórcio de milho com braquiária tem sido muito efetivo no manejo da buva. 

Foto de plantas daninhas no milho, perto do solo

Infestação de buva logo após a colheita do milho

(Fonte: Albrecht, A.J.P. e Albrecht, L.P.)

Picão-preto (Bidens sp.)

O picão-preto (Bidens pilosa ou Bidens subalternans) é uma planta daninha de ciclo anual e pode ser encontrada em quase todo o território nacional.

É possível realizar a diferenciação entre as duas principais espécies presentes no Brasil pela quantidade de arestas nos aquênios (B. pilosa 2-3 aristas e B. subalternans 4 aristas).

O picão-preto se reproduz por sementes – pode produzir de 3 mil a 6 mil sementes. Estas possuem um mecanismo de dormência que possibilita emergirem em períodos mais favoráveis, o que a torna mais competitiva. 

A principal forma de disseminação destas sementes ocorre por meio de animais, máquinas e implementos agrícolas.

Recomendação de manejo

Para o controle de picão-preto em milho convencional, recomenda-se a aplicação de atrazina na pré-emergência da planta daninha. Dependendo da infestação, é necessária uma aplicação complementar em pós-emergência. 

Atualmente, em híbridos com a tecnologia RR, o glifosato tem sido muito eficiente no controle do picão-preto. Porém, fique atento, pois recentemente foi registrada resistência de picão-preto a glifosato no Paraguai.  

Caso o milho tenha tecnologia Liberty Link, pode-se utilizar glufosinato de amônia no manejo de plantas pequenas ou no manejo sequencial. 

Já nos próximos anos, para híbridos com a tecnologia Enlist, haverá a opção de utilizar 2,4 D em doses maiores na pós-emergência do milho, o que auxiliará no manejo de picão-preto.

Amendoim bravo ou leiteiro (Euphorbia heterophylla)

O leiteiro (Euphorbia heterophylla L.) é uma planta daninha de ciclo anual, com alta capacidade de multiplicação, crescimento e desenvolvimento (podendo atingir até 2 m de altura). 

As sementes do leiteiro são consideradas grandes e não são disseminadas pelo vento, tendo a capacidade de permanecer viáveis por muitos anos. 

Além disso, podem germinar o ano todo, pois estão adaptadas a uma ampla faixa de temperatura, umidade e a solos com diferentes características. 

A principal forma de disseminação das sementes ocorre por meio de animais, máquinas e implementos agrícolas.

Recomendação de manejo

Para o controle químico de leiteiro em milho convencional, recomenda-se a aplicação de atrazina, atrazine+s-metolachlor ou atrazine+simazine em sistema de plante-aplique. 

Atualmente, em culturas RR, o glifosato tem sido muito eficiente no controle desta planta daninha no milho. Porém, recentemente, foi identificada uma população de leiteiro resistente a glifosato em nosso país. Por isso, fique atento.   

Caso o milho tenha tecnologia Liberty Link, pode-se utilizar glufosinato de amônia no manejo de plantas pequenas ou no manejo sequencial. 

Com a entrada da tecnologia Enlist, também haverá a opção de utilizar 2,4 D em doses maiores na pós-emergência do milho.

planilha de produtividade de milho

Conclusão

Para garantir uma lavoura mais produtiva é preciso controlar a presença de invasoras. Neste artigo, você acompanhou as particularidades do controle de plantas daninhas do milho e a importância de semear no limpo.

Também conferiu as principais ervas daninhas que afetam a cultura, bem como suas características e indicações de manejo.

Com essas recomendações, faça o controle certeiro e obtenha resultados melhores em sua propriedade!

>> Leia mais:

“Tudo a respeito do novo herbicida terbutilazina”

“Capim-rabo-de-raposa (Setaria Parviflora): guia de manejo”

Quais plantas daninhas do milho você tem mais dificuldade em controlar? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Fique de olho na cantoria da cigarra-do-cafeeiro e faça o controle certeiro

Cigarra-do-cafeeiro: características da praga e as formas de manejo mais efetivas para sua lavoura.

Se a cantoria das cigarras incomoda a maioria das pessoas, para os produtores de café é sinal de alerta.

A cigarra-do-cafeeiro é uma praga que causa sérios danos à cultura e seu manejo deve ser feito de forma eficiente. 

Quer entender melhor sobre essa praga e suas principais características? Confira a seguir!

Cigarra-do-cafeeiro

As espécies popularmente conhecidas como cigarras-do-cafeeiro são Quesada gigas, Fidicinoides sp. e Carineta sp. Elas pertencem à ordem Hemiptera e família Cicadidae.

Entretanto, a espécie Q. gigas é a que causa maior dano na cultura, pois suas ninfas são maiores e sugam a seiva das raízes ininterruptamente e por um longo tempo.

foto de adulto da espécie Quesada gigas

Adulto da espécie Quesada gigas 
(Fonte: UOV)

E essa espécie, por ser mais severa, deve ser muito bem manejada. Vamos à algumas características dela.

Características da cigarra-do-cafeeiro – (Quesada gigas

Uma característica marcante dessa espécie é seu ‘canto’, que, na verdade, é uma maneira do macho atrair a fêmea para cópula. E o som emitido vem de órgãos estridulatórios que ficam no abdome dos machos.

Segundo o pesquisador da Epamig, Júlio César de Souza, existe um período específico do ano em que os adultos se dispersam para o acasalamento – normalmente entre agosto e outubro

Diferente do que o senso comum diz, as cigarras não cantam até estourar. Aquelas ‘cascas’ que ficam nos troncos das árvores são as exúvias do último ínstar ninfal. Isso quer dizer que os adultos emergem e as exúvias ficam nos troncos. 

Os adultos têm o corpo robusto, coloração amarronzada, grandes olhos compostos com três ocelos entre eles e os machos são maiores que as fêmeas. 

Mas como as ninfas chegam no tronco?

Após o acasalamento, as fêmeas colocam os ovos sob ramos das árvores do cafeeiro de forma endofítica. Os ovos são de coloração esbranquiçada e tem forma alongada. 

Quando as ninfas eclodem, elas produzem um filamento para descer até o solo em busca das raízes da planta. 

Essas ninfas se alimentam da seiva elaborada (do floema) das plantas inserindo o aparelho bucal sugador nas raízes. E é aí que está o problema. Essa fase pode ficar de um a dois anos consumindo o conteúdo, o que causa severos danos. 

Ninfas móveis de Quesada gigas

Ninfas móveis de Quesada gigas
(Fonte: Embrapa)

As que se fixam nas raízes são ninfas móveis e após esse tempo se alimentando da seiva, saem do solo, deixando um orifício individual, e vão, novamente, para o tronco das árvores onde ficam imóveis até a emergência dos adultos e se inicia um novo ciclo da praga. 

Por isso, a fase que causa danos no cafeeiro é de ninfas móveis. 

Sintomas e danos

Os primeiros sintomas são fraqueza na parte aérea, que se acentua em épocas de déficit hídrico, por acarretar a morte das raízes. 

Em seguida, começam a aparecer sintomas na parte aérea como clorose, queda precoce de folhas, complicações na granação de frutos e diminuição da vida útil das lavouras.

Já houve relatos de, em uma única planta, haver de 200 a 400 ninfas móveis causando severos danos. É praticamente impossível ter uma boa produção com um ataque nesse nível. 

Pode-se observar indícios de que existe população de cigarras pela presença das exúvias ou ‘cascas’ nos troncos das plantas de café ou em plantas próximas ao cafezal.

Por ser um arbusto, o cafeeiro vai definhando conforme a população da praga vai aumentando. Se não houver controle efetivo, as lavouras passam a não responder aos tratos culturais que normalmente são feitos, deixando que as floradas fiquem bastantes escassas. 

foto de Exúvia de cigarra em um tronco

Exúvia de cigarra
(Fonte: Pixabay)

>>Leia mais: “Broca-do-café: veja as principais alternativas de controle

Manejo da cigarra-do-cafeeiro 

Quando os sinais da presença das cigarras forem aparecendo, é o momento de começar a fazer o monitoramento das ninfas móveis, que ficam se alimentando das raízes. 

Para o monitoramento, a primeira coisa a ser feita é dividir a lavoura em talhões.

Em cada talhão deverão ser feitas amostragens após observação dos orifícios de saída das ninfas móveis no solo próximas às copas do cafeeiro e das exúvias nos troncos. 

Ao encontrar esses indícios, devem ser feitas trincheiras em algumas covas para contagem de ninfas. O ideal é entrincheirar 10 covas por talhão.

A trincheira deve ser aberta de um dos lados da planta até atingir a raiz principal, que é o local de maior concentração dos insetos para succionar a seiva. 

Como a trincheira é feita apenas de um lado da planta, ao final da contagem, deve-se multiplicá-la por dois para se ter um valor aproximado do total de indivíduos naquela planta.

O nível de controle para a cigarra-do-cafeeiro Q. gigas é de 35 ninfas móveis por cova. Porém, hoje em dia já é recomendado que se faça o controle antes mesmo de atingir esse nível. 

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Atualmente, o único controle realmente eficiente é o químico, aplicado no solo, que deve ser feito no início do período chuvoso, momento em que se iniciam os enfolhamentos no cafeeiro. 

Os inseticidas utilizados devem ser sistêmicos para que atinjam o sistema vascular da planta, chegado na seiva elaborada, onde as ninfas móveis se alimentam. 

Dentre esses inseticidas, os mais indicados são os do grupo químico dos neonicotinoides, podendo ser em formulações de granulado dispersível (WG), granulado (GR), suspensão concentrada (SC) ou técnico concentrado (TK). 

Existem 10 produtos registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para controle da cigarra-do-cafeeiro. 

Conclusão

Quando as cigarras começam a ‘cantar’, o produtor de café deve estar muito atento, pois esse é o período em que a praga vai se reproduzir.

Existem três espécies de cigarras que atacam o cafeeiro, mas a Quesada gigas é a que causa maiores danos se não for controlada. 

As ninfas se alojam sob o solo para sugar a seiva elaborada e causam danos ao cafezal, podendo deixá-lo improdutivo. 

O manejo deve ser feito com o monitoramento e, em seguida, com aplicação de inseticidas no solo, quando constatado o nível de controle. 

>> Leia mais:

Poda do cafezal: como fazer para aumentar sua produção

10 dicas para melhorar a gestão de sua lavoura de café

Você tem problemas com a cigarra-do-cafeeiro na sua lavoura? Como faz o manejo? Adoraria ler seu comentário!

Guia rápido para controle das 5 principais plantas daninhas do arroz

Plantas daninhas do arroz: como planejar o manejo e os métodos de controle químicos e alternativos para sua lavoura!

Guia rápido para controle das 5 principais plantas daninhas do arroz

Fazer um controle eficiente de plantas daninhas não é tarefa simples. É preciso identificar as invasoras, saber qual o melhor momento para manejo e quais métodos são mais eficientes, não é verdade?

O ideal é sempre monitorar a lavoura para entender quais espécies predominam e dar prioridade na hora do controle. 

Especialmente no arroz, o manejo de algumas daninhas pode ser mais difícil. Por isso, separamos algumas informações que vão te ajudar a fazer esse trabalho de forma mais efetiva. Confira!

1 – Arroz vermelho (Oryza sativa L.) 

O arroz vermelho possui grande importância para a cultura do arroz, principalmente na região sul do Brasil.

Essa planta daninha pertence à mesma espécie do arroz cultivado, o que dificulta no momento do controle.

A principal diferença entre as duas espécies está na coloração do pericarpo. No arroz vermelho, ele apresenta uma cor avermelhada. 

Além disso, essa planta daninha apresenta como principais características:

  • sementes com dormência;
  • colmos finos;
  • ciclo mais longo;
  • plantas maiores;
  • pálea e lema com variação de cor;
  • folhas de cor verde-claro e decumbentes;
  • deiscência precoce das espiguetas.

Contudo, no campo, essa diferenciação é muito difícil.

Por pertencerem à mesma família botânica, as condições climáticas podem favorecer o crescimento e desenvolvimento da cultura e da planta daninha. 

Estudos demonstram que a presença de arroz vermelho na lavoura do arroz cultivado pode reduzir consideravelmente o potencial de rendimento da cultura.

Um exemplo prático é que uma população de 20 plantas de arroz vermelho por m2, convivendo com o arroz cultivado por 120 dias, pode reduzir a produtividade da cultura em 68%.

foto de Arroz vermelho (Oryza sativa L.)

Arroz vermelho (Oryza sativa L.)
(Fonte: Planeta Arroz)

Recomendações de manejo para o arroz-vermelho

Para minimizar a infestação de sua lavoura de arroz com o arroz vermelho, é fundamental alguns cuidados, como:

Uso de sementes certificadas

A utilização de sementes não certificadas é um dos principais modos de dispersão do arroz vermelho no arroz cultivado. 

Por isso, é essencial que você utilize sementes de boa procedência. Assim, você garante que está utilizando sementes de qualidade e sem a presença de plantas nocivas.

Escolha da cultivar

Escolha cultivares de ciclo precoce, visando reduzir a infestação de sementes de arroz vermelho em sua propriedade.

Assim, a colheita do arroz será realizada antes das plantas de arroz vermelho atingirem maturação fisiológica. Deste modo, você estará, inclusive, reduzindo o banco de sementes dessa planta daninha.

Outro detalhe bastante importante é a escolha de cultivares Clearfields (mutagênicos), que permitem o controle químico do arroz vermelho, uma vez que essas cultivares possuem resistência aos herbicidas do grupo das imidazolinonas.

Rotação de culturas

A rotação de culturas é essencial para melhorar qualquer sistema produtivo, auxiliando inclusive na redução de banco de sementes de arroz vermelho.

Atualmente, as culturas mais utilizadas no sistema de rotação de cultura do arroz são soja e milho.

Controle químico 

Devido à grande semelhança entre esta planta daninha e o arroz, existem poucas opções que podem ser utilizadas para controle químico. 

  • Imazapic + imazethapyr (cultivares Clearfield)
  • glifosato
  • paraquat
  • oxadiazon
  • oxyfluorfen

Os manejos alternativos, como uso de sementes certificadas, escolha da cultivar e rotação de culturas, também serão efetivos para outras daninhas. Por isso, nos próximos tópicos, vamos citar apenas o controle químico para elas.

2 – Capim-coloninho (Echinochloa colona)

O capim-coloninho é uma planta daninha de ciclo anual, herbácea, ereta, glabra (sem presença de “pilosidades”) e muito entouceirada.  

É muito frequente em solos úmidos ou inundados, porém tolera solos enxutos, como nos cultivos de sequeiro. 

É hospedeira alternativa para o nematoide Meloidogyne incognita, conhecido como nematoide das galhas

foto de Capim-coloninho (Echinochloa colona)

Capim-coloninho (Echinochloa colona)
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Recomendações de manejo para capim-coloninho

As opções de manejo químico para o capim-coloninho registradas para o arroz são: 

  • cialofope
  • quizalofop
  • clomazone
  • glifosato
  • imazapic
  • trifluralina
  • flourfiroxifen
  • oxadiazon

3 – Capim-arroz (Echinochloa crus-galli)

O capim-arroz é dividido em três variedades no Brasil: crus-galli, crus-pavonis e mitis.

Essas plantas daninhas estão entre as mais frequentes em cultivos de arroz irrigado, ocorrendo ocasionalmente em áreas de sequeiro. Possuem ciclo anual, são eretas, herbáceas, podendo ser entouceiradas ou glabras, dependendo da variedade. 

O que dificulta o controle desta planta daninha são os casos de resistência presentes nas lavouras de arroz do Brasil. Veja:

  • 1999 – resistência ao herbicida quincloraque;
  • 2009 – resistência a imazethapyr, bispyribac, quincloraque e penoxsulam;
  • 2015 – resistência aos herbicidas cialofope, quincloraque e penoxsulam. 
foto de Capim-arroz (Echinochloa crus-galli) - plantas daninhas do arroz

Capim-arroz (Echinochloa crus-galli)
(Fonte: Agrolink)

Recomendações de manejo para capim-arroz

As opções de manejo químico para o capim-arroz registradas para o arroz são: 

  • trifluralina
  • glifosato
  • cialofope
  • clomazone
  • paraquate
  • propanil
  • florfiroxifen
  • quizalofop
  • penoxsulam 
  • oxadiazon
  • quincloraque
  • bispyribac

4 – Capim-colchão (Digitaria ssp.)

No Brasil existem três espécies de gramíneas que são comumente conhecidas como capim-colchão: Digitaria horizontalis, Digitaria ciliaris e Digitaria sanguinalis, que pertencem à família Poaceae.

A espécie D. horizontalis é a mais frequente no país, infestando principalmente lavouras anuais e perenes. Ocorre, geralmente, em populações mistas com D. ciliaris. 

Já a espécie D. sanguinalis é bem menos frequente, ocorrendo em maior intensidade no sul do país.

Essas espécies tem ciclo anual, são herbáceas, eretas ou decumbentes e entouceiradas. 

Recomendações de manejo do capim-colchão

As opções de manejo químico para o capim-colchão registradas para o arroz são:

  • glifosato
  • trifluralina
  • cialofope
  • propanil
  • quizalofop
  • fenoxaprop
  • oxadiazon

5 – Trapoeraba (Commelina benghalensis)

É uma planta daninha de ciclo perene, semi-prostrada e de caules suculentos. 

A trapoeraba infesta lavouras anuais e perenes em todo o país, porém, tem preferência por solos férteis com boa umidade e sombreados. 

Recomendações de manejo para trapoeraba

A trapoeraba é considerada uma planta de difícil controle, pois possui mecanismos que prejudicam a absorção de herbicidas.

Por isso, seguir as boas práticas de aplicação, não usar baixos volumes e ter um bom adjuvante são a chave do controle dessa planta daninha. 

As opções de manejo químico para o trapoeraba registradas para o arroz são:

  • 2,4 D 
  • metsulfuron
  • bentazon
  • imazamox
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Conclusão

As plantas daninhas podem ser uma dor de cabeça para a produção do arroz, mas é possível ter um controle bastante eficiente e evitar prejuízos na lavoura.

Nesse artigo, vimos as particularidades de 5 das principais plantas daninhas do arroz. Também mostramos as opções de manejo que são mais eficazes no controle dessas invasoras.

Falamos também sobre alternativas de manejo para as invasoras que já tem casos de resistência registrados.

Aproveite essas informações e faça um manejo mais eficiente em sua lavoura!

Quais plantas daninhas do arroz são mais frequentes na sua região? Aproveite e baixe aqui um guia mais completo para Manejo de Plantas Daninhas na lavoura!

6 principais doenças do arroz e como livrar sua lavoura delas

Doenças do arroz: conheça os sintomas e modo de controle da brusone, mancha parda, escaldadura, queima das bainhas, podridão da bainha e ponta branca

Algumas doenças têm potencial de causar danos mais severos à lavoura, colocando toda a produção a perder.

Na cultura do arroz, por exemplo, a brusone pode afetar as plantas causando redução da altura e perda de qualidade nos grãos. 

Outras doenças como a mancha parda e a escaldadura também são bastante agressivas e provocam perdas significativas.

Conhecer bem as doenças da cultura e saber como fazer o manejo adequado é fundamental para assegurar a produtividade

Por isso, neste artigo compartilhamos 6 das principais doenças do arroz e os cuidados que devem ser tomados para controle. Confira a seguir!

1- Brusone na cultura do arroz

A brusone é considerada a principal doença da rizicultura, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae.

Ela pode provocar danos de até 100% na produção de arroz quando em condições favoráveis ao desenvolvimento do fungo. Causa redução na altura da planta, no número de perfilhos e na qualidade dos grãos.

A brusone pode ocorrer desde o início do desenvolvimento das plantas de arroz até a floração da lavoura.

São sintomas típicos as folhas com pequenos pontos de coloração castanha, que evoluem para manchas elípticas. 

Essas manchas podem aumentar de tamanho no sentido da nervura, tendo o centro cinza e os bordos de coloração marrom. Algumas vezes, também podem apresentar um halo amarelo, o que leva à redução da área de fotossíntese da planta.

Já nos entrenós dos colmos, é comum observar manchas elípticas com centro cinza e bordos de coloração marrom.

Sintomas de brusone na folha (A), na panícula (B) e na aurícula (C) - doenças do arroz

Sintomas de brusone na folha (A), na panícula (B) e na aurícula (C)
(Fonte: Eduardo Hickel em Researchgate)

Os grãos originados de plantas infectadas ficam chochos. Nas sementes ou grãos, podem ocorrer manchas de coloração marrom. O patógeno pode ser transmitido internamente na semente, podendo causar sintoma nas plântulas. 

As condições favoráveis ao desenvolvimento do fungo que causa a brusone são: temperaturas entre 20℃ e 25℃ e água livre na folha.

Outro fator muito importante para esta doença é que o fungo sobrevive em restos culturais e sementes infectadas.

Medidas de manejo para a brusone do arroz

  • Uso de variedades resistentes ou moderadamente resistentes;
  • adubação equilibrada;
  • espaçamento e densidade das plantas adequados;
  • controle químico para tratamento de sementes e para a pulverização da parte aérea das plantas.

Aqui no Blog do Aegro nós já falamos sobre a brusone em um artigo super detalhado. Confira: “Principais sintomas da brusone no arroz e como controlá-la na lavoura

2 – Mancha parda

A mancha parda é causada pelo fungo Bipolaris oryzae, podendo causar redução de 30% de produtividade.

Seus danos ocorrem por infecção das sementes, o que reduz a germinação, além da morte de plântulas que foram originadas de sementes infectadas e de destruição da área foliar.

Os sintomas estão mais presentes nas folhas e nos grãos/sementes.

Nas folhas você pode observar manchas ovalares de coloração marrom-avermelhada com o centro cinza, sinais típicos da doença.

foto de Mancha parda - doenças do arroz

(Fonte: Agrolink)

Já nos grãos, os sintomas são manchas de coloração marrom

Se os ataques da doença forem severos, ocorre também o chochamento e a redução do peso dos grãos.

A mancha parda do arroz está distribuída em todas as regiões do mundo, sendo importante em regiões tropicais. Temperaturas entre 20℃ e 30℃ e água livre na folha favorecem a infecção do fungo nas plantas.

O fungo sobrevive em restos culturais, sementes infectadas, plantas de arroz ou hospedeiros alternativos.

No cultivo de arroz irrigado, o excesso ou a falta de nitrogênio tornam as plantas suscetíveis ao ataque do fungo causador da mancha parda.

No cultivo de sequeiro em solo pobre, deve-se ter atenção especial, já que as plantas ficam suscetíveis por estresse hídrico e por baixa fertilidade do solo.

Outro ponto importante sobre esta doença é que à medida em que a idade da planta aumenta, ela se torna mais suscetível.

Manejo da mancha parda:

  • resistência genética – não existem variedades com alta resistência à doença, mas, há variedades com resistência moderada;
  • sementes sadias e tratadas;
  • adubação adequada e bom manejo da água;
  • rotação de culturas;
  • uso de controle químico deve ser analisado quanto ao custo e aplicado nas fases finais do ciclo da cultura, que é a época de maior suscetibilidade da planta.

3 – Escaldadura

Doença causada pelo fungo Monographella albescens, sendo importante em cultivos de sequeiro com ocorrência de chuvas contínuas e longos períodos de orvalho.

Os sintomas da escaldadura são observados principalmente nas folhas, com manchas de coloração verde mais claro nas margens. Os bordos não são bem definidos, apresentando aspecto de encharcamento.

Após o sintoma inicial, as folhas exibem faixas de coloração de marrom claro a marrom escuro.

O patógeno sobrevive em sementes infectadas e restos culturais, com desenvolvimento favorecido por temperaturas de 20℃ a 30℃.

Manejo da escaldadura

  • uso de densidade das plantas e espaçamento adequados (alta densidade e menor espaçamento favorecem a doença);
  • adubação equilibrada, pois o excesso de nitrogênio favorece a doença.

4 – Queima das bainhas e mancha das bainhas

Doença causada por Rhizoctonia solani, sendo disseminada por todas as regiões do mundo, principalmente em cultivo de arroz irrigado.

Como sintomas, podem ser observadas lesões ovaladas de coloração branca a acinzentada, além de bordos marrons bem definidos, nas bainhas e nos colmos.

foto que mostra mancha das bainhas

(Fonte: Agrolink)

Em ataques severos, a doença pode provocar o acamamento das plantas e os sintomas podem aparecer nas folhas.

Além da queima da bainha, você pode encontrar a mancha da bainha, que é causada por Rizoctonia oryzae. 

Essa doença tem como sintomas manchas de coloração branca a verde na bainha de bordo marrom, mas, diferente da queima da bainha, as lesões são isoladas. Também não há sintoma nas folhas.

Manejo da queima das bainhas e mancha das bainhas:

  • uso de variedades resistentes;
  • adubação adequada e densidade de plantio;
  • rotação de cultura.

5 – Podridão da bainha da cultura do arroz

Doença causada por Sarocladium oryzae, a podridão da bainha tem potencial de causar perdas de produtividade e qualidade dos grãos na cultura do arroz.

Seus sintomas são lesões alongadas e irregulares, com o centro cinza e margens de coloração marrom. Inicialmente, esses sinais aparecem na última bainha abaixo da folha bandeira, na época de emissão da panícula. 

As panículas emergidas de plantas com infecção ficam com coloração marrom e estéreis. Em casos severos, a panícula nem chega a ser emitida.

Manejo da podridão da bainha:

  • Uso de variedades com resistência moderada.

6 – Ponta branca

A ponta branca é uma doença causada pelo nematoide Aphelenchoides besseyi, com disseminação em todos os estados brasileiros produtores de arroz. Possui maior relevância em cultivos com irrigação.

Um sintoma característico da doença é que o ápice da folha exibe clorose esbranquiçada e, com o tempo, essa região fica necrosada. Esses sinais aparecem na fase adulta da planta. 

foto de doença ponta branca em planta de arroz

(Fonte: Agronômica)

A doença pode afetar o desenvolvimento das panículas e também dos grãos.

Os nematoides são encontrados em regiões de crescimento da parte aérea da planta, sendo chamado de nematoide das folhas.

As principais formas de disseminação da doença são: semente e sobrevivência do nematoide.

Manejo da ponta branca:

  • sementes sadias;
  • variedades com resistência à doença.

Manejo geral de doenças do arroz

Quando  pensamos em manejo de doenças de plantas cultivadas, temos que sempre realizar o manejo integrado, ou seja, é preciso utilizar várias medidas de controle.

Para as doenças do arroz, falamos do manejo específico para cada doença com medidas como uso de variedades resistentes, controle químico, rotação de culturas, sementes sadias, adubação equilibrada, entre outras. Com essas medidas você consegue realizar o manejo integrado na sua lavoura!

Para te auxiliar com o manejo das doenças, você pode consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações.

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Conclusão

As doenças do arroz podem causar prejuízos enormes, com danos de até 100% na lavoura.

Para evitar que esse tipo de situação ocorra, é importante identificar os primeiros sinais da doença para saber quais medidas de controle podem ser postas em prática.

Nesse artigo, listamos as características das principais doenças da rizicultura, fatores favoráveis ao desenvolvimento do patógeno e práticas de manejo.

Agora, monitore sua lavoura, realize o manejo integrado e não deixe que essas doenças afetem a produção da lavoura de arroz!

Quais são as doenças do arroz que você tem mais dificuldade em manejar? Aproveite e baixe agora mesmo o e-book sobre produção eficiente de arroz!

O que é e para quê serve o receituário agronômico

Receituário agronômico: veja onde preencher e quais informações devem estar presentes nele

Como sabemos, agroquímicos, defensivos agrícolas ou popularmente chamados agrotóxicos, são produtos importantes para as lavouras.

Eles permitem controles diversos como o de insetos (inseticidas), fungos (fungicidas), e plantas daninhas (herbicidas), entre outros!

Entretanto, se não utilizados corretamente, os agroquímicos podem trazer problemas para a saúde humana, meio ambiente e para as próprias lavouras. E é aí que entra o receituário agronômico!

Quer saber mais sobre o que é e onde preencher um receituário agronômico? Confira a seguir!

O receituário agronômico

A Lei 7.802/89 regulamenta a compra e venda de agroquímicos no país. Segundo ela, a comercialização dos agroquímicos, de qualquer natureza, só pode ser feita mediante a apresentação de receituário próprio.

Portanto, nada mais é do que um documento com a prescrição para compra e orientação técnica para o uso de algum agroquímico.

Mas, lembre-se, esse documento só pode ser emitido por profissionais capacitados e legalmente habilitados! Ou seja, engenheiros agrônomos, florestais e técnicos agrícolas.

Assim, somente com o receituário agronômico em mãos, o usuário final poderá adquirir um agroquímico.

Outro ponto importante é que o profissional responsável pelo receituário agronômico deve emitir também uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).

A emissão da ART deve ser realizada junto ao Conselho Regional, no caso o Crea de cada estado, e é obrigatória, segundo a Lei Federal 6.496/77.

Isso tudo pode parecer complicado e burocrático demais, entretanto, é necessário para evitar problemas maiores.

O uso inadequado dos agroquímicos pode levar ao aparecimento de resistência de plantas daninhas, pragas e até mesmo doenças, contaminação ambiental, assim como comprometer a segurança alimentar.

Podemos fazer uma analogia simples do receituário agronômico com as receitas para a compra de medicamentos. Sempre que apresentamos algum problema de saúde vamos ao médico, que é o profissional habilitado a prescrever medicamentos para os nossos problemas.

Dessa mesma forma, os profissionais da área de agronomia são habilitados a garantir o correto tratamento dos problemas das lavouras!

O que deve constar no receituário agronômico?

O conteúdo deve descrever, de forma detalhada, toda a situação, de forma a justificar a compra dos agroquímicos.

O modelo padrão da receita agronômica pode variar de estado para estado, mas as informações contidas devem ser as mesmas.

Detalhe de parte do modelo de receituário Crea - Paraíba

Detalhe de parte do modelo de receituário Crea – Paraíba
(Fonte: Crea – PB)

O Decreto Federal n.º 4.074/02, Artigo 66, descreve as informações que devem estar contidas no receituário agronômico:

  • Dados do Contratante
    • nome do produtor e da propriedade
    • telefone, endereço e CPF
  • Diagnóstico
    • identificação da cultura e variedades 
    • identificação do problema encontrado
  • Prescrição técnica
    • orientação para leitura da bula
    • dados sobre período de carência, classe toxicológica, formulação, entre outros
  • Recomendação técnica
    • nome dos produto comerciais que deverão ser utilizados e de eventuais equivalentes
    • cultura e área a ser aplicada
    • doses de aplicação e quantidade total a ser adquirida
    • modalidade e época de aplicação
    • intervalo de segurança, orientações gerais de manejo integrado, recomendações gerais de uso e orientação para o uso do EPI (Equipamento de Proteção Individual)
  • Dados do responsável técnico
    • nome completo, CPF e número de registro no órgão fiscalizador do responsável técnico
    • data e assinatura.

O receituário agronômico deve ser expedido em pelo menos duas vias, sendo que uma delas deverá permanecer com o usuário e a outra com o estabelecimento comercial.

Detalhe de parte do receituário agronômico padrão do Rio Grande do Sul

Detalhe de parte do documento padrão do Rio Grande do Sul
(Fonte: Crea – RS)

É importante manter tais documentos por pelo menos 2 anos a partir da emissão, em caso de fiscalizações.

Atenção profissionais! O registro da ART é obrigatório antes do início das atividades profissionais e, caso não cumprido, estará sujeito às penalidades cabíveis.

Onde encontrar o receituário agronômico para preenchimento?

Para os profissionais habilitados e registrados no Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), basta entrar no site do Conselho de seu estado.

No caso do Crea-SP, basta acessar o CreaNET, onde o profissional deverá fazer o login para identificação. 

Para o preenchimento da ART de receituário agronômico, siga na aba “Serviços ART”, em seguida “ART” e, por fim, “Preenchimento de ART de receituário agronômico”.

Detalhe do sistema onde é possível encontrar a aba para preenchimento da ART de receituário agronômico

Detalhe do sistema onde é possível encontrar a aba para preenchimento da ART de receituário
(Fonte: Crea-SP)

Ao clicar, você será encaminhado para a página de preenchimento da ART. 

Detalhe do sistema CreaNet, na página inicial de preenchimento da ART

Detalhe do sistema CreaNet, na página inicial de preenchimento
(Fonte: Crea-SP)

A partir daí, inicia-se o processo de preenchimento da ART do receituário agronômico, em 4 etapas.

Vale lembrar aos amigos de profissão que, em caso de dúvidas, basta entrar em contato com a unidade do Crea a qual vocês estão vinculados!

planilha de compras de insumos

Conclusão

O uso de agroquímicos nas lavouras traz inúmeras vantagens para os cultivos agrícolas, seja no controle de plantas daninhas ou de agentes causadores de doenças nas plantas.

Entretanto, o uso excessivo e inadequado deles pode causar desequilíbrios ambientais, levar à contaminação de pessoas e ainda comprometer a segurança alimentar.

Por isso, sua venda só pode ser realizada mediante o receituário agronômico, que traz informações de diagnóstico e recomendações técnicas para o correto uso desse produtos.

Saber quais informações devem estar contidas neste documento é importantíssimo para o produtor rural e para o profissional que o emite.

Assim, em parceria, podemos fazer nossas lavouras crescerem e produzirem cada vez mais e de maneira ambiental e socialmente segura!

>> Leia mais:

Aplicação noturna de defensivos agrícolas: quando vale a pena?

Armazenagem de defensivos agrícolas: 7 dicas de como fazer em sua propriedade

Gostou do texto? Tem o costume de ler e acompanhar os receituários agronômicos emitidos pelos responsáveis da sua fazenda? Conte nos comentários!