Vazio sanitário para soja, feijão e algodão: tudo o que você precisa saber

Vazio sanitário da soja: saiba como fazer, quem fiscaliza o cumprimento, o que fazer na lavoura durante esse período e mais!

Atualmente, quem produz soja, feijão e algodão deve respeitar o vazio sanitário. A medida evita a proliferação de pragas e doenças nas lavouras.

Nesse períodos, as pragas não conseguem se alimentar e se multiplicar. Isso resulta na eliminação ou diminuição da sua incidência.

Quer saber mais sobre os períodos de vazio sanitário da sua região?

Neste artigo, você entenderá a importância desse momento e o que fazer na sua lavoura enquanto ele dura. Confira a seguir!

O que é o vazio sanitário?

O vazio sanitário é a proibição total do cultivo de uma cultura durante um período específico.

Antes de semear soja, feijão ou algodão, você deve se atentar ao período de vazio sanitário para a sua região.

O vazio sanitário é obrigatório. Além disso, é uma medida fitossanitária que gera benefícios para quem produz.

O principal objetivo é proteger as lavouras de pragas e doenças. Isso acontece por meio da eliminação total de hospedeiros por um tempo. Ajudando na diminuição populacional de pragas como a mosca branca, lagartas e cigarrinhas, além de problemas relacionados a fungos e vírus.

O objetivo do calendário de semeadura da soja, por exemplo, é reduzir o número de aplicações de fungicidas e resistência dos fungos aos agrotóxicos

Semeaduras tardias podem receber os fungos nos estádios vegetativos, necessitando a antecipação e o aumento da aplicação de fungicidas.

Quanto tempo dura o vazio sanitário?

O período dura de 60 a 90 dias. Porém, o período não é definitivo e muda de acordo com a região.

Durante os anos, pode haver variação das datas em que se inicia e termina o vazio sanitário nas regiões, pois essa definição se baseia na incidência da praga ou doença na safra anterior.

Ou seja, caso a incidência da praga ou doença tenha aumentado em uma região, o período destinado ao vazio será maior na safra seguinte.

Durante esse tempo, o setor agrícola se beneficia com:

  • diminuição da incidência de pragas e doenças;
  • queda do uso de defensivos agrícolas e custos operacionais;
  • contribuição no manejo de resistência de pragas e doenças.

A seguir, entenda mais sobre a importância do vazio sanitário da soja, feijão e algodão.

Vazio sanitário do feijão

O período de vazio sanitário para o feijão-comum (Phaseolus vulgaris) é de 30 dias. Esse tempo vale para os Estados de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

Durante esse período, quem produz deve eliminar as plantas vivas de feijão. Sejam elas cultivadas, espontâneas ou remanescentes da safra anterior.

A medida foi estabelecida como forma de controle da mosca-branca, praga que ataca o feijão.

A mosca-branca é o inseto transmissor do vírus que causa o mosaico-dourado. Essa é uma das principais doenças do feijoeiro comum.

Confira abaixo os períodos de vazio sanitário do feijão:

Tabela com informações sobre vazio sanitário em Minas (20 de setembro a 20 de outubro de 2022), Goiás (5 de setembro a 5 de outubro de 2022) e DF (20 de setembro a 20 de outubro de 2022)

(Fonte: Mapa, 2014)

Se você produz feijão e não cumprir essas regras, poderá receber multas.

Vazio sanitário do algodão

O vazio sanitário do algodão previve e controla o bicudo-do-algodoeiro. O objetivo é proteger a lavoura dos prejuízos causados pela praga.

Quem produz ou arrenda lavouras com algodão deve, obrigatoriamente, eliminar os restos culturais ou soqueira de algodão. Isso deve acontecer por 60 dias.

O período do vazio sanitário é definido pelo Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático).

Cada estado produtor possui um período específico, baseado na dinâmica do inseto-alvo.

O bicudo-do-algodoeiro possui grande capacidade de infestação. 

Seu ataque provoca queda dos botões florais. Isso impede a abertura das maçãs e, consequentemente, há queda na produtividade.

A manutenção de plantas vivas de algodão durante o vazio sanitário é uma ameaça para a cotonicultura brasileira.

Fique de olho e confira a seguir as datas para a sua região.

Tabela com datas de vazio sanitário para todas as demais regiões do Brasil

(Fonte: Governo dos Estados, 2021)

Quem descumprir as regras do vazio sanitário do algodão também estará sujeito à multa.

Vazio sanitário da soja

Por da ferrugem asiática nas lavouras de soja no Brasil,  surgiu o PNCFS (Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja). 

O programa foi criado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Nesse programa,  ficou estabelecida a criação de Comitês Estaduais de Controle da Ferrugem da soja.

Foi determinado que cada estado deve estabelecer o período do vazio sanitário. Essa é uma medida legislativa para o controle da doença.

Atualmente, a adoção do vazio sanitário ocorre em 20 estados brasileiros:

  • Acre;
  • Alagoas;
  • Amapá;
  • Bahia;
  • Ceará;
  • Distrito Federal;
  • Goiás;
  • Maranhão;
  • Minas Gerais;
  • Mato Grosso;
  • Mato Grosso do Sul;
  • Pará;
  • Paraná;
  • Rio Grande do Sul;
  • Rondônia;
  • Roraima;
  • Santa Catarina;
  • São Paulo;
  • Tocantins.

Um período mínimo de 60 dias foi estabelecido. Durante esses dias, não é possível cultivar ou manter plantas de soja no campo.

É considerado que o período máximo de sobrevivência dos esporos da ferrugem asiática no ar é de 55 dias.

Lembre-se: fique de olho no período de vazio da sua região. Ele muda conforme a legislação local. 

Tabela - Vazio Sanitário
(Fonte: MAPA)

Na Portaria SDA nº 781, de 6 de abril de 2023, informa os períodos de vazio sanitário para a cultura da soja. Em alguns estados brasileiros há a distribuição por região, as quais as cidades são descritas no documento.

Por exemplo, região I1 do estado do Maranhão se encontram as seguintes cidades: Barão de Grajaú, Buriti Bravo, Colinas, Fernando Falcão, entre outros, enquanto na região II2: Buritirana, Campestre do Maranhão, Cidelância, Davinópolis, entre outros. Assim segue para os outros estados.

O vazio sanitário é de responsabilidade de quem produz. Quem descumpre o período está sujeito à punições e multas pelo Estado.

Ferrugem asiática

O fungo causador da ferrugem asiática pode gerar grande desfolha nas plantas e impactar na produtividade.

Esta é considerada a doença mais importante para cultura da soja. A doença pode causar danos de até 90% na lavoura. 

Os custos para combater a doença podem chegar a US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil. Por isso, é importante a identificação e combate da ferrugem quanto antes.

Como identificar a ferrugem asiática na soja

Observe as folhas das plantas do terço inferior ou médio. Verifique se existe a presença de sintomas e/ou estrutura do fungo.

Na parte superior da folha, veja se há pontos escuros. Se encontrar, use uma lupa e analise se na parte inferior há saliências. Nessas essas estruturas são formados os esporos do fungo.

imagem de três folhas de soja em estádios diferentes da ferrugem asiátia. Na primeira folha há apenas alguns pontos amarronzados na superfície, na segunda há mais pontos alaranjados, e a terceira folha tem aspecto de enferrujada por completo.

(Fonte: Agro Bayer)

Também é importante realizar algumas medidas de manejo antes da doença aparecer. O vazio sanitário, a calendarização da semeadura e uso de variedades precoces são bons exemplos.

Realize o vazio sanitário para impedir a sobrevivência do fungo na entressafra da cultura. Assim, você quebrará o ciclo da doença.

Quem fiscaliza o cumprimento do vazio sanitário?

Os órgãos estaduais de sanidade vegetal fiscalizam o cumprimento do vazio sanitário.

Essas instituições têm competência legal para aplicar penalidades a quem não cumprir as regras do vazio estabelecidas, como multa, interdição da propriedade rural e destruição do plantio.

Como realizar o vazio sanitário?

Após a colheita da cultura (soja, feijão ou algodão), você deve:

  • limpar a área de cultivo;
  • destruir as plantas por meio do controle químico ou mecânico;
  • aguardar o período de vazio sanitário estipulado para sua região.

O que pode ser feito na lavoura durante o período de vazio sanitário?

Durante esse período, o solo não deve ficar descoberto. Isso facilita a ocorrência de plantas daninhas e de processos erosivos do solo.

Uma alternativa é investir em práticas que melhorem a qualidade química, física e biológica do solo. Assim, você pode potencializar a produção da próxima safra.

Algumas práticas são:

  • utilização de plantas de cobertura;
  • adubação verde;
  • adoção de sistemas de rotação de culturas com espécies que não sejam hospedeiras das pragas e doenças do vazio sanitário.

Quais as exceções do vazio sanitário?

Durante o vazio sanitário algumas atividades podem ser realizadas em caráter excepcional como pesquisa científica e produção de sementes genéticas.

Porém, é necessário solicitar ao órgão estadual da defesa sanitária vegetal do estado em questão.

planilha de produtividade da soja

Conclusão

O objetivo do vazio sanitário é prevenir a incidência de pragas e doenças. Isso garante lavouras sadias e de alta rentabilidade

A eliminação das plantas de soja, feijão e algodão deve ser feita por controle químico ou mecânico.

Cada estado possui um período específico de vazio sanitário que pode mudar a cada safra. Fique sempre de olho. Compartilhe com sua equipe de trabalho para se informar sobre os períodos do vazio sanitário para a soja em 2023.

Verifique o período correto e já prepare a sua área. Isso vai te ajudar a evitar perdas com pragas e doenças na sua lavoura.

>> Leia Mais: 

“7 passos para fazer o descarte de embalagens de agrotóxicos corretamente”

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Redator Alasse Oliveira

Atualizado em 08 de agosto de 2023 por Alasse Oliveira.

Alasse é Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestrando em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Atualizado anteriormente, em 28 de fevereiro de 2022, por Denise Prevedel

Descubra qual o melhor adubo para plantas

Melhor adubo para plantas: confira sobre as classificações, diferenças entre adubo mineral e orgânico, vantagens dos fertilizantes líquidos e mais. 

O Brasil utiliza cerca de 30 milhões de toneladas de fertilizantes na agricultura todos os anos e, aproximadamente, 75% dessa quantia é importada.

Assim, a variação mundial nos preços dos fertilizantes afeta imensamente produtores nacionais.

São adubos orgânicos, minerais, de liberação controlada, foliares, formulados e por aí vai. Mas como escolher o melhor para a lavoura? E qual o modo de aplicação mais eficiente para cada tipo de fertilizante? 

Os novos fertilizantes, lançados a cada ano, trazem ainda mais dúvidas na hora de gerir a propriedade, pois afinal, o que todas essas novidades têm de diferente e o que podem trazer de vantagens e rentabilidade? 

Bem, para saber o melhor momento de investir em um novo adubo e não jogar dinheiro fora, precisa-se conhecer melhor a dinâmica dos nutrientes no ambiente de produção.

Então, me acompanhe neste texto para ajudar na escolha do seu melhor adubo para plantas e saiba mais sobre o mundo dos fertilizantes.

Classificação dos adubos 

Segundo a legislação brasileira, os fertilizantes podem podem ser classificados em três tipos.

O primeiro são os mais utilizados na agricultura de larga escala: os fertilizantes minerais ou sintéticos. Esses adubos são concentrados e de rápida assimilação pelas plantas.

Temos também os adubos orgânicos, de origem animal ou vegetal (ou ambos), com concentrações menores de nutrientes, sendo que muitas vezes não estarão rapidamente disponíveis para as plantas. Esses adubos têm como principal função “alimentar o solo” para promover o aumento da matéria orgânica.

E o terceiro tipo são os adubos organominerais que são compostos por uma mistura de fertilizantes orgânicos e minerais, sendo que na maioria dos casos apresentam maiores quantidades de adubos orgânicos e baixas quantidades de adubos minerais ou sintéticos. 

melhor adubo

(Fonte: Emanuel Malai)

Além disso, os adubos também se diferenciam pela sua constituição, podendo ser simples (composto que fornecerá um ou mais nutrientes) ou mistura (mistura de dois ou mais fertilizantes simples).

O fertilizante misturado pode ser classificado em simples – fertilizante misto em que cada nutriente principal está contido em grãos separados – ou complexo – que contém todos os nutrientes de sua fórmula no mesmo grão.

Mas os adubos também podem ser classificados pelo estado físico: 

  • Pó: fertilizantes simples ou misto, sendo moídos na forma de pó;
  • Farelado: com grânulos desuniformes;
  • Granulado: é o fertilizante na forma de grânulos;
  • Líquido: tipo de fertilizante na forma líquida.

Certo, vimos que existem diversas classificações de fertilizantes, mas qual a diferença no uso de cada um deles? O que muda na prática? Veremos a seguir!

Melhor adubo para plantas: mineral ou orgânico?

Bom, já falei um pouco sobre isso, mas vamos entender um melhor sobre a grande diferença entre os adubos minerais e orgânicos. 

Os fertilizantes minerais e sintéticos (por exemplo, o nitrogênio) possuem composição química e são utilizados para disponibilizar prontamente os nutrientes para as plantas, mas pouco ou nada influenciam o sistema a longo prazo.

Outro ponto é a concentração alta desses adubos que facilitam a logística e a aplicação, principalmente em áreas extensas de cultivo como feijão, arroz, soja, milho, algodão, trigo, etc.  

Já os adubos orgânicos apresentam menores concentrações de nutrientes e, consequentemente, necessitam de grandes volumes de aplicação, o que dificulta a logística em áreas de grandes culturas. 

Por outro lado, os adubos orgânicos influenciam na fertilidade do solo a longo prazo, aumentando a matéria orgânica e, assim, o potencial do solo em reter os nutrientes minerais e sintéticos (CTC do solo).

Mas em contrapartida, outro ponto negativo é que as maiores perdas de nitrogênio ocorrem por conta desses adubos, tanto por volatilização quanto por lixiviação. 

Para combater esse problema é aconselhado a mistura de pequenas doses de fósforo que ajudam a fixar o nitrogênio no fertilizante natural, diminuindo a perda e incrementando o adubo.

Tamanho da partícula 

O modo como a mistura de adubos para plantas é feito também é outro fator que influencia muito na aplicação. 

Fertilizantes em misturas simples segregam com facilidade, devido aos diferentes tamanhos e peso dos grânulos, e essa segregação tende a tornar a aplicação desuniforme.

Esse problema pode ser resolvido com misturas complexas de fertilizantes. Como cada grânulo contém todos os compostos químicos, dessa forma eles se distribuem de maneira mais uniforme na lavoura durante a aplicação. 

Já a forma física dos adubos influencia no tempo de reação deles, assim como no calcário, por exemplo. Quanto menor a partícula, menor o tempo para esse fertilizante reagir no solo e liberar nutrientes.

Mas isso não quer dizer que partículas menores sempre são melhores. 

Fertilizantes mais propensos a sofrerem lixiviação no perfil do solo ou por escorrimento superficial da água podem ter sua eficiência diminuída quando aplicados em partículas menores e passarem por chuvas torrenciais. 

Outro exemplo é o do fósforo (P), que apresenta adubos com diferentes solubilidades em água. Os mais solúveis podem ser adsorvidos ao solo e/ou lixiviados mais facilmente quando aplicados em formas de partículas menores.

Desse modo, as fontes de P mais solúveis são recomendadas para aplicações no sulco de plantio na forma de grânulos, aumentando a eficiência do fertilizante.

Por outro lado, as fontes menos solúveis de fósforo apresentam reação mais lenta no solo, dessa forma a aplicação de partículas menores agiliza esse processo e é mais aconselhável nas adubações em área total (fosfatagem).

Melhor adubo: líquidos

Nos últimos anos, houve um aumento no surgimento e comercialização dos fertilizantes líquidos, principalmente dos adubos foliares.

Esse estado líquido dos adubos tem como ponto positivo a logística mais fácil e o uso que pode ser, basicamente, de duas formas: foliar e fertirrigação.

Porém, existem certas limitações nos adubos foliares que nem sempre são claras. 

Apesar da alta concentração dos fertilizantes líquidos, que facilita o manejo, eles devem ser aplicados em baixíssimas concentrações (1% a 2%) para evitar danos às folhas.

Dessa forma, a aplicação em grandes quantidades fica limitada, o que inviabiliza os nutrientes exigidos em grandes quantidades pelas plantas como nitrogênio, fósforo, potássio e outros macros, ainda que essa adubação foliar seja apenas para tratamentos de emergência.

Nesses casos de deficiência, mesmo com várias aplicações foliares, é difícil suprir as necessidades das culturas, por isso, torna-se mais viável o uso de fertilizantes sólidos. 

Contudo, uma possibilidade viável é o uso de adubos foliares para aplicações de micronutrientes e, mesmo quando o solo apresenta deficiência acentuada, a aplicação via solo é a mais indicada.

melhor adubo

(Fonte: Semeadura Líquida)

As aplicações foliares de zinco, manganês, boro e ferro têm se mostrado eficazes, sendo comum a associação de fertilizantes líquidos aos defensivos para aplicação, desde que não prejudiquem a eficiência do defensivo em questão.  

E na fertirrigação, o mais aconselhável é a utilização dos adubos após o início da irrigação, finalizando antes do término dela. Desse modo evitamos as perdas por lixiviação ou danos por salinidade nas raízes e folhas das plantas.

Conclusão

Vimos que escolher o melhor adubo para plantas não é uma decisão simples, pois existem diferentes classificações que interferem diretamente na melhor opção. 

Precisa-se compreender a função de cada fertilizante e qual o cenário mais adequado para cada um.

Não existem soluções mágicas, nem uma “bala de prata” que resolverá todos os problemas na agricultura. Lembre-se que os nutrientes correspondem a 5% da planta, todo o resto (95%) vem da fotossíntese. 

Por isso, é necessário pensar no manejo como um todo!

>> Leia mais:

Enxofre para as plantas: adubação e outras recomendações de manejo

Como ter mais eficiência na adubação com ureia agrícola

O que achou deste texto? Tem mais dúvidas sobre o melhor adubo para plantas? Deixe nos comentários abaixo!

Aplicativo rural: conheça os melhores apps para produtores

Aplicativo rural: saiba como escolher e veja nossas recomendações de agricultura digital para tornar o seu dia a dia no campo mais eficiente.

Se antigamente a pulverização era realizada segundo o conhecimento pessoal de cada aplicador, sem muitos critérios científicos, atualmente as próprias máquinas não pulverizam se as condições forem impróprias para a realização da operação.

As novas tecnologias, certamente, auxiliam os produtores rurais no manejo de suas lavouras.

Por meio do celular ou tablet, os produtores já conseguem prever chuvas na semeadura ou na colheita. Assim como a aplicação correta de defensivos e georreferenciamento de pragas e doenças. 

Por isso, quem não se atualizar vai ficar para trás! O aplicativo rural está cada vez mais presente nas atividades do campo, possibilitando aumentos significativos de rendimento.

Saiba neste artigo quais são nossas sugestões de aplicativo rural para a sua fazenda. Boa leitura!

O que é um aplicativo rural?

O conceito de aplicativo rural já é bastante comum no nosso dia a dia desde o advento dos smartphones. Um aplicativo é um software (ou uma plataforma com um programa) que desempenha certas funções em um meio digital — ou seja, um celular ou computador.

Aplicativo rural, ou aplicativo agrícola, é um programa que desempenha funções que auxiliam o produtor na condução de sua fazenda e do seu negócio rural.

Hoje existem cada vez mais aplicativos que atuam na maioria das atividades de uma fazenda. Por exemplo:

  • Controle de estoque;
  • Manutenção de máquinas;
  • Avaliação de lavouras;
  • Monitoramento e execução de atividades de manejo;
  • Previsão e monitoramento do clima e tempo;
  • Gestão financeira;
  • Preenchimento de receituário agronômico;
  • Georreferenciamento e medição de áreas;
  • Mercado agrícola;
  • Identificação de plantas, insetos e doenças.

Nesse artigo, trataremos das melhores ferramentas disponíveis para o produtor modernizar sua propriedade e ter um negócio muito mais eficiente.

Qual aplicativo rural vale a pena ter?

Temos um novo aplicativo rural sendo lançado todos os dias, mas quais são os mais indicados para o agro?

Selecionamos uma lista de opções que certamente vai facilitar as atividades diárias de muitas fazendas. Confira a seguir!

Como um aplicativo rural pode beneficiar sua fazenda

Aplicativo rural de medição de área e georreferenciamento

A medição de áreas e georreferenciamento da fazenda já é uma requisição ao produtor, passível de multas caso não seja feita.

Além disso, o conhecimento de áreas e suas características, como declives e presença de cursos d’água, vegetação, áreas de pedreira, voçorocas, são imprescindíveis para o planejamento da safra.

Também é importante para o controle remoto de maquinários autônomos ou pilotados que executam as funções dentro da propriedade.

Alguns aplicativos que são recomendados para essa atividade são:

  • Garmin: aplicativo de georreferenciamento que é bastante conhecido e tem utilidade em muitas atividades, incluindo a agricultura;
  • C7 GPS Dados: é gratuito e foi desenvolvido pelos professores e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-RS).
  • GPS Fields Area Measure: com funcionalidades similares e precisão também de 1 a 5 m, esse aplicativo pode ser outra opção para quem não se familiarizar com o C7 GPS Dados.

Aplicativo rural para previsão do tempo

Monitorar as condições climáticas na propriedade e ter previsões para o futuro próximo é uma necessidade do produtor para planejar as atividades e evitar danos às suas lavouras. Por isso, muitos aplicativos e sistemas entregam soluções práticas para essa atividade.

O Climatempo fornece previsão do tempo para até 15 dias de forma bem rápida e fácil. O aplicativo fornece também mapa de raios, radares meteorológicos, informações geolocalizadas do satélite GOES-16 e outras coisas mais.

Semelhante a outros apps com plataformas colaborativas, o Climatempo permite que os usuários reportem o tempo e as condições de chuvas localizadas, de modo que tenhamos melhorias em tempo real da previsão.

Aplicativo rural para agricultura de precisão

Em tempos de máquinas cada vez mais autônomas, é importante que o produtor tenha um bom sistema de controle e execução remota das atividades agrícolas.

Field Navigator (Navegador de Campo)

Este aplicativo rural é um dos mais populares de direção paralela para agricultura de precisão.

O Field Navigator ou Navegador de campo é um app que permite a aplicação de uma das ferramentas de agricultura de precisão logo após a instalação, sem gastar um centavo com a compra de um software dedicado.

Sem qualquer equipamento adicional, que custa milhares de dólares, este aplicativo rural permite que o agricultor possa conduzir máquinas agrícolas ao longo de trilhas paralelas com precisão, mesmo em condições de pouca visibilidade.

WebGis

Esse aplicativo rural permite a confecção de mapas informativos da propriedade. Ele permite a inclusão de dados da propriedade permitindo o monitoramento de diversas características específicas.

Há a possibilidade de se dividir a propriedade em talhões e incorporar imagens de satélite. 

Aplicativo rural para manejo agrícola

As várias atividades de manejo na propriedade podem ser mais eficientes se controladas e organizadas por um aplicativo rural. Citamos abaixo algumas opções importantes:

ADAMA Alvo

ADAMA Alvo possui um banco de dados capaz de auxiliar nas identificações e no monitoramento de pragas, plantas daninhas e doenças das lavouras de soja, milho, trigo, algodão, cana e café por meio de um banco de imagens completo.

Neste aplicativo, também é possível buscar informações sobre ciclo de vida, tratamento indicado, importância econômica e descrição de cada problema das lavouras brasileiras. 

Dr Agro

Esse aplicativo facilita a interpretação das análises de solo, explicando indicadores de fertilidade e teores de macro e micronutrientes.

Ele também faz recomendações de calagem, gessagem e aplicação de outros nutrientes.

FieldNet

Atua no controle e execução dos sistemas de irrigação da propriedade. O aplicativo permite que o produtor verifique a situação e comando o funcionamento dos sistemas de irrigação, mesmo de fora da fazenda.

Spray Select

Este aplicativo rural permite que o produtor entre com as informações sobre a pulverização a ser feita e escolhe o melhor bico a ser utilizado. O produtor pode informar o aplicativo sobre tipo de produto, espaçamento, velocidade, precisão, volume e tamanho de gota.

Yara TankMix

É comum que, durante a execução das atividades de pulverização, haja dúvidas sobre ordem de mistura e possibilidade de incompatibilidade entre os produtos.

Este aplicativo permite uma análise de misturas e a chance de incompatibilidade.

General do campo

Facilita a regulagem de maquinários agrícolas através de equações que facilitam os cálculos necessários. Este aplicativo ajuda a diminuir as chances de erro em cálculos em operações como plantio, pulverização e colheita, por exemplo.

Aplicativo rural de cotação agropecuária e mercado agrícola

O acompanhamento de preços e cotações de mercado é essencial para saber a hora correta de comprar ou vender os seus produtos. 

Confira a seguir algumas opções para ter sempre em mãos.

AgroMercado

O AgroMercado é um aplicativo rural em que os produtores conseguem acompanhar as cotações agrícolas brasileiras de diversos produtos.

Ele disponibiliza gratuitamente informações de bolsas nacionais e internacionais, como da BM&F e de bolsas de Chicago e Nova York, de produtos como soja, milho, sorgo, feijão, arroz e, ainda, gado, suínos e frangos.

Grão Direto

Este aplicativo rural permite que o produtor pesquise por compradores de grãos na sua região, o que pode facilitar a comercialização da sua produção.

Permite a criação de uma rede de comércio próxima com menor dependência de intermediários e atravessadores.

Aplicativo rural para gestão da propriedade

Um aplicativo completo, que reúne grande parte das funcionalidades que foram citadas anteriormente.

O Aegro auxilia os produtores na gestão financeira da fazenda, bem como no planejamento agrícola da lavoura.

Além disso, possui funções que eliminam a necessidade de instalação de outros aplicativos, como a integração com máquinas da Stara e John Deere e o Monitoramento Integrado de Pragas (MIP).

Com o auxílio do Aegro, também é possível:

  • Registrar atividades diretamente do campo mesmo sem internet;
  • Mapear e medir áreas dos talhões;
  • Planejar, registrar e controlar atividades da sua fazenda;
  • Registrar observações com geolocalização e fotos;
  • Produzir análises de custo de produção e rentabilidade;
  • Administrar máquinas e patrimônio agrícola;
  • Registrar leitura de pluviômetros e acompanhar a quantidade acumulada de precipitação na safra;
  • Controlar o estoque da fazenda;
  • Gerenciar o armazenamento e a venda da produção.
Tela do Aegro, aplicativo rural que torna a gestão da fazenda mais eficiente
O Aegro é um aplicativo rural fundamental para tornar a gestão da fazenda mais eficiente
(Fonte: Aegro)

Outras funções importantes que estão dentro da gestão do app é a integração para cotação de seguros (em parceria com a JDM), o Aegro Imagens (sensoriamento remoto da lavoura) e o Livro Caixa (para documentação do Livro Caixa Digital do Produtor Rural).

Você pode testar o nosso aplicativo de gestão agrícola Aegro de forma gratuita por 7 dias, clicando no link. Aproveite!

Como um software ou aplicativo rural pode contribuir para o trabalho no campo?

Como vimos, há uma série de atividades agrícolas que podem ser monitoradas e executadas por meio de aplicativos para celular ou programas de computador.

O uso dessas tecnologias traz uma série de benefícios ao produtor, como por exemplo:

  • Menor retrabalho;
  • Maior eficiência no uso de recursos;
  • Menor chance de erros e perdas;
  • Segurança de empregados;
  • Rastreabilidade de falhas e monitoramento de pontos positivos;
  • Maior assertividade no manejo;
  • Menor risco sobre o investimento;
  • Maior vida útil de maquinário;
  • Vendas com maior margem de lucro.
Planilha para controle de estoque da fazenda

Conclusão

Atualmente, os produtores possuem inúmeros programas que contribuem para a melhor condução de suas lavouras. Existe aplicativo rural com coleta e interpretação de dados até programas que ajudam diretamente no paralelismo das operações de campo.

Vimos neste artigo que é importante os produtores terem os apps ideais para não gastar além do planejado com aquisição de máquinas e equipamentos para suas lavouras.

Por isso, aproveite essas recomendações que foram aqui citadas e fique atento aos novos aplicativos que surgem a cada dia!

>> Veja mais:

“Tecnologias agrícolas: o presente e o futuro do agronegócio”

“Agricultura de precisão: equipamentos essenciais e novidades do mercado”

“Veja como adotar práticas de tecnologia e sustentabilidade no campo na sua fazenda”

“Agricultura inteligente: 6 tecnologias que podem auxiliar sua fazenda”

Gostou deste artigo sobre aplicativo rural? Envie para outros produtores que possam se beneficiar desses apps e assine nossa newsletter para receber nossos textos direto em seu e-mail.

Redator João Paulo Pennacchi

Atualizado em 24 de outubro por João Paulo Pennacchi

Sou engenheiro eletricista formado pela UNIFEI e engenheiro-agrônomo formado pela UFLA. Mestre e doutor em agronomia/fisiologia vegetal pela UFLA e PhD em ciências do ambiente pela Lancaster University. Atualmente desenvolvo pesquisa na área de fisiologia de culturas agrícolas pela UFLA.

Pulgão: o que é e como acabar com essa praga na lavoura

Pulgão: entenda a importância deste afídeo na agricultura, tipos de pulgões, quais viroses eles podem ser vetores, como identificar e realizar o manejo ideal para a sua lavoura

Os pulgões são insetos muito pequenos (de 1,5 mm a 3 mm) que se alimentam da seiva das plantas e se multiplicam com muita rapidez. Eles causam danos severos como redução de desenvolvimento, encarquilhamento e amarelecimento das plantas. 

Por serem polífagos, podem afetar diversas culturas agrícolas, incluindo trigo, milho, soja, algodão e cana-de-açúcar.

Neste artigo, conheça as características dos principais tipos, além de recomendações de como acabar com os pulgões na sua lavoura. Confira!

O que é pulgão?

Os pulgões, também conhecidos como afídeos ou piolho das plantas são insetos diminutos, de corpo mole e com antenas longas. Eles fazem parte da superfamília Aphidoidea, mas a família mais comum é a Aphididae, da ordem dos Hemiptera

Esses insetos são amplamente distribuídos nas mais diversas condições de temperatura. Além disso, são perigosas pragas agrícolas por sugarem a seiva das plantas. Isso causa o desvio dos nutrientes que seriam utilizados no seu desenvolvimento.

Durante a alimentação, podem secretar toxinas que prejudicam as plantas. Além disso, secretam substâncias açucaradas chamadas honeydew. Essas substâncias favorecem o desenvolvimento de um fungo de coloração escura, conhecido por fumagina.

Como identificar pulgão: características morfológicas

O pulgão pode ser de diferentes cores, a depender da espécie: pulgão amarelo palha e pulgão verde translúcido (ligeiramente transparente) são os mais comuns. Mas também existe pulgão preto e vermelho.

Os pulgões não possuem separação entre cabeça e tórax. Além disso, seu formato na fase adulta é ovóide. Independentemente da cor, possuem pernas, antenas e sifúnculos escuros. 

Nas fases iniciais, os pulgões têm tamanho reduzido e podem ter coloração mais clara do que na fase adulta.

Outra característica dos pulgões é que eles podem ou não apresentar asas, chamados de alados ou ápteros. Este aspecto pode ser importante para a colonização dos afídeos e na sua disseminação.

Além dessas características, os pulgões apresentam duas formas de reprodução. A sexuada, quando as fêmeas são fecundadas antes de se reproduzirem, e a assexuada, quando as fêmeas se reproduzem sem fecundação.

A reprodução sexuada apresenta a maior variabilidade genética (pois inclui não somente o material genético da fêmea, mas também do macho). A forma de reprodução influencia diretamente o ciclo biológico do pulgão.

Ciclo biológico dos pulgões

O ciclo total de vida dos pulgões tem duração entre 15 e 25 dias. Esse ciclo é mais rápido em temperaturas ideais, entre 25 °C e 27 °C.

Quando apresenta geração sexuada, a espécie é considerada holocíclica. Seu ciclo é completo, pois passa por todas as fases de desenvolvimento. 

Quando não apresentam reprodução sexuada, as espécies são consideradas anolocíclicas e possuem ciclo incompleto.

Ao eclodirem dos ovos (depositados em torno de 70 por fêmea durante toda a vida), as ninfas têm corpo característico e semelhante ao adulto. Porém, o tamanho é consideravelmente reduzido.

Na fase imatura, possui quatro estádios de ninfa, que tem duração aproximada de cinco dias.

Já na fase adulta, a duração média do ciclo de vida é de 15 a 25 dias. A quantidade exata depende da espécie de pulgão, da temperatura ambiente, da cultura hospedeira e até mesmo da cultivar. Em algumas cultivares, pode ter ciclo mais rápido ou mais lento.

Pulgões na lavoura e na colheita

Os pulgões surgem nas lavouras através de materiais vegetais contaminados. Isso também acontece em função da sua capacidade de reprodução e de dispersão nas áreas próximas.

Plantas sob estresse hídrico ou nutricional são mais suscetíveis ao ataque, pois liberam substâncias químicas atrativas. Além disso, algumas espécies de plantas são mais atrativas, em função da sua composição química.

Os pulgões são normalmente encontrados no verso inferior das folhas, em ramos, e em folhas jovens, que são mais nutritivas para o inseto. A alimentação em folhas mais velhas pode reduzir a fecundação dos pulgões.

O ataque inicial dos pulgões pode ser observado em reboleiras. Depois, atinge grandes áreas pela rápida reprodução.

Danos causados nas culturas agrícolas

Os pulgões podem provocar redução significativa da produção quando encontram-se nas áreas de produção ainda no início do desenvolvimento reprodutivo. Em soja, essa redução pode chegar a 40%

Em plantas em período reprodutivo, a fumagina pode reduzir a fecundação, reduzir a liberação do pólen e provocar falhas na granação. 

No caso do milho, pode causar espigas estéreis ou incompletas. Isso acontece devido a sua rápida capacidade de reprodução e, consequentemente, de atingir grandes populações.

Além disso, os pulgões injetam toxinas nos tecidos vegetais, que provocam a queda precoce das folhas. Essas toxinas também favorecem a entrada de fungos que causam fumagina na lavoura.

Este fungo cobre a superfície dos tecidos das plantas, reduzindo o processo de fotossíntese, respiração e transpiração. A cor preta do fungo faz com que absorva maior radiação solar. Isso pode queimar as folhas, provocando sua queda. 

Em algodão, a fumagina reduz a qualidade das maçãs e do produto final colhido.

Foto de folha de soja com fumagina
Aspecto visual da fumagina, causada pelo fungo Capnodium spp. sobre soja
(Fonte: Adeney de Freitas Bueno)

A fumagina também pode se desenvolver em substâncias de secreção de outros insetos, como a cochonilha e a mosca-branca.

Os danos causados pelos pulgões nas culturas agrícolas, de forma geral, incluem:

  • Sintomas de amarelecimento (pelo desvio dos nutrientes, retirados pelos pulgões na sucção da seiva);
  • Encarquilhamento (tecidos retorcidos e de tamanho reduzido, mal formados);
  • Distorção das folhas;
  • Nanismo dos brotos;
  • Formação da fumagina;
  • Injeção de toxinas (fator mais prejudicial ao crescimento das plantas);
  • Transmissão de vírus;
  • Algumas espécies de pulgões (poucas), podem formar ainda galhas.

Tipos de pulgão

Você pode perceber que algumas espécies de pulgão colonizam vários tipos de plantas e outras somente algumas espécies da mesma família botânica. Para isso, existe uma classificação de acordo com seu hábito alimentar.

Se os pulgões se alimentam de plantas de uma mesma família de plantas, eles são considerados monófagos. Por outro lado, se eles se alimentam de várias culturas, são considerados polífagos.

Pulgão do algodoeiro

O pulgão Aphis gossypii é polífago, com cerca de 700 plantas hospedeiras. Porém, sua maior importância é no algodoeiro e no meloeiro.

Ele é considerado uma das principais pragas do algodão, e pode atacar durante todo o ciclo da planta. Nas fases iniciais, os danos podem ser maiores.

No final do ciclo de cultivo do algodão, pode reduzir o valor comercial da fibra. Isso acontece indiretamente, pela formação da fumagina.

Pulgões na face interior de folha de soja
Características morfológicas do pulgão do algodoeiro e meloeiro Aphis gossypii
 (Fonte: Dalva Gabriel em Infobibos)

Como sintomas, podem ser observadas folhas enrugadas, enroladas ou encarquilhadas e os brotos deformados.  Além desses sintomas, este pulgão pode ser vetor de algumas viroses para algodoeiro como o vermelhão e mosaico das nervuras.

É necessário realizar uma amostragem para saber quando realizar o controle. Observe folhas do ponteiro e brotos novos na fase inicial da cultura. Mais de 12 indivíduos por folha amostrada caracterizam uma colônia.

O nível de controle não deve ultrapassar 10% de plantas com colônias de pulgão. Ou seja, se em 10 plantas forem encontradas cerca de 12 pulgões, o controle deve ser realizado imediatamente. Áreas próximas com infestação requerem atenção redobrada. 

Algumas medidas de manejo para Aphis gossypii são:

  • Eliminação de restos culturais;
  • Eliminação de plantas daninhas hospedeiras do pulgão;
  • Uso de cultivares tolerantes ou resistentes à espécie de pulgão;
  • Controle químico (com produtos dos grupos químicos das sulfoxaminas, neonicotinóide, piretroides e organofosforados. Estes dois últimos requerem atenção no uso, pois podem reduzir a população de inimigos naturais);
  • Uso de cobertura do solo com material repelente ao pulgão.

Pulgão da espiga

O Sitobion avenae é uma espécie polífaga. Ele pode prejudicar as culturas do trigo, aveia, centeio, cevada e triticale.

No trigo, este pulgão é considerado um dos principais problemas. Ele pode diminuir o número de espigas e de grãos por espiga, além de poder causar fumagina. O pulgão da espiga pode ser vetor de viroses para a cultura.

Pulgão em espiga de trigo
Pulgões afetando as espiguetas de trigo. Os grãos produzidos são afetados, com redução do tamanho e da qualidade final para a indústria
(Fonte: Agrolink)

Antes de controlar esse pulgão na lavoura, faça uma amostragem semanal e aleatória na lavoura de trigo. Se 10% das plantas amostradas estiverem infestadas com 10 pulgões por espiga, deve ser realizado o controle.

O tratamento de sementes de trigo é indispensável para evitar os danos causados pela praga. O controle com inseticidas é recomendado, especialmente em épocas quentes e secas.

Faça o controle químico recomendado de acordo com a cultura. Para o trigo, segundo o Agrofit, o controle biológico pode ser realizado. E para controle químico, os seguintes grupos são indicados: 

  • neonicotinóides;
  • feniltiouréia; 
  • inorgânicos percursores de fosfina;
  • ésteres de ácidos graxos;
  • organofosforados e piretróides.

Pulgão do milho

O pulgão do milho, Rhopalosiphum maidis, também é polífago e pode afetar sorgo, cevada, aveia, milheto, triticale, trigo e até mesmo a cultura da soja. Ele é considerado um grande  problema em cultivos de sucessão soja-milho ou milho/trigo-soja.

Esse pulgão ataca o milho no cartucho nas fases jovens da planta, mas pode infestar também pendão e gemas florais.

Ele pode formar fumagina e também ser vetor de viroses, como o mosaico comum do milho. 

O controle dessa espécie de pulgão só é necessária com populações altas do inseto na lavoura. Se você encontrar mais de 100 afídeos por planta, é o momento correto para fazer as pulverizações.

O controle do pulgão do milho pode ser realizado por tratamento de semente com controle químico e eliminação de plantas hospedeiras do pulgão.

Controle biológico com inimigos naturais também é uma prática recomendada, desde que a população de afídeos na lavoura seja elevada.

Pulgão verde

O Myzus persicae é um pulgão polífago que afeta grandes culturas como a soja e o algodão. Como resultado, o pulgão verde pode causar deformação e encarquilhamento das folhas, além de ser vetor de viroses.

Pulgões sem asas ao lado de pulgões com asas
Pulgões Myzus persicae ápteros (sem asas) e alados (com asas)
(Fonte: Syngenta)

O controle do pulgão em plantas pode ocorrer através de inimigos naturais. Você também pode utilizar inseticidas quando ocorrem altas populações.

As recomendações de produtos variam em função da espécie a qual causam dano. Só devem ser utilizados produtos registrados para o controle específico da cultura a que se deseja o controle.

Pulgão verde dos cereais

Esse afídeo, Schizaphis graminum, é uma espécie monófaga. O Pulgão verde dos cereais tem preferência por plantas hospedeiras como as gramíneas.

Seu dano está relacionado com a parte aérea da planta. Esses pulgões podem causar amarelecimento das plantas.

Pulgões amarelos sobre folha
(Fonte: Agrolink)

Você pode manejar este pulgão por controle biológico com inimigos naturais e por controle químico com uso de inseticidas registrados.

Além desses pulgões, existem muitos outros que podem afetar a sua cultura. É necessário conhecer essas espécies e saber como acabar com o pulgão antes de sofrer danos muito grandes.

Como acabar com os pulgões

Para combater o pulgão na lavoura, não se esqueça de realizar o MIP (Manejo Integrado de Pragas). O MIP consiste em utilizar várias técnicas para manter a população dos afídeos abaixo do nível de dano econômico.

O controle químico deve ser utilizado respeitando o manejo de resistência. Isso vai evitar que os inseticidas percam ou tenham sua eficiência reduzida no controle dos pulgões. Por isso, algumas medidas de manejo que você pode utilizar para o controle dos pulgões são:

  • Monitoramento de pragas na lavoura para levantamento da população de pulgões; 
  • Eliminação de plantas hospedeiras;
  • Controle biológico por inimigos naturais;
  • Controle químico com inseticidas ou tratamento de sementes, com produtos registrados no Agrofit para a praga e para a cultura;
  • Uso de cobertura do solo com material repelente ao pulgão;
  • Controle alternativo, entre outras.

O controle alternativo para o pulgão pode ser utilizado para a agricultura orgânica e ainda pode preservar os inimigos naturais. Existem várias receitas, como o uso do sabão neutro.

Manejo do pulgão como vetor de viroses

Primeiro, precisa-se identificar qual é o vetor e o vírus. Um vírus pode ser transmitido por mais de uma espécie de afídeo. Com essa informação, também é possível classificar o modo de transmissão:

  • Não-persistente: a aquisição e a transmissão do vírus é muito rápida (de segundos a poucos minutos), assim como a retenção do vírus no pulgão também é curta.
    O vírus fica no estilete do pulgão e é transmitido para a planta por meio de picadas rápidas. O pulgão não precisa colonizar a planta hospedeira para o processo de transmissão.
  • Semi-persistente: essa transmissão ocorre de minutos a horas, mas o vírus não circula por todo o afídeo.
  • Persistente: a aquisição e transmissão do vírus são caracterizados por longos períodos de alimentação e de latência (é o tempo em que o pulgão adquire o vírus em uma planta até estar apto a transmitir). 

Esse modo de transmissão pode ser dividido em não propagativo/circulativo (o vírus apenas circula no corpo do inseto) e propagativo (o vírus se replica no interior do afídeo). Isso é importante para a escolha do melhor método de manejo.

Se o modo de transmissão for não-persistente, não adianta utilizar controle químico para o pulgão. Ele só deve ser utilizado se a população de pulgões atingir nível de dano.

Afinal, o pulgão fica na planta durante a aquisição e transmissão da doença, em curto período de tempo.  

Se a transmissão for do tipo persistente, o controle químico com inseticidas pode ser eficiente no controle da virose. Assim menos plantas serão infectadas, pois a população de pulgões diminuirá.

Para te auxiliar com a identificação e controle mais adequado em função da espécie de pulgão, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

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Conclusão

Pulgões são pragas que podem afetar diversas culturas agrícolas. Eles causam danos diretos, como a presença de fumagina, e também indiretos, como viroses.

Realize monitoramento constante e utilize o Manejo Integrado de Pragas para acabar com o pulgão na sua lavoura. 

Fique de olho também no nível de dano econômico e nos produtos registrados no Agrofit. Todas essas medidas juntas vão te ajudar a resolver esse problema.

>> Leia mais:

“O que você precisa saber sobre o mecanismo de ação dos inseticidas neonicotinoides, organofosforados e carbamatos”

“Como fazer o manejo eficiente e livrar sua lavoura da cigarrinha-verde”

Você tem problemas com o pulgão na sua fazenda? Quais as medidas de manejo utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Atualizado em 17 de junho de 2022 por Bruna Rhorig.

Bruna é agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal.

Fertilidade do solo e adubação: dicas de como melhorar seu manejo

Fertilidade do solo e adubação: confira como se relacionam e entenda por que nem sempre há resposta da adubação.

A maioria dos solos brasileiros tem baixa fertilidade natural. Então, como foi possível ganharmos o cerrado e produzirmos tanto?

Bem, graças a muito estudo sobre fertilidade do solo, correção e adubação, além é claro, da coragem do produtor em meter o peito e desbravar o Brasil, hoje sabemos o resultado! 

Mas se engana aquele que acha que está tudo resolvido neste assunto. 

Ainda existe muito para ser feito quanto à eficiência do uso de nutrientes e nunca é demais falar sobre boas práticas que às vezes são esquecidas.

Confira neste artigo dicas sobre fertilidade do solo e adubação e entenda como podem influenciar na sua produção. Vem comigo!

O que determina a fertilidade do solo?

A fertilidade do solo se refere à capacidade do mesmo em fornecer os nutrientes para que as plantas se desenvolvam e cumpram seu ciclo. 

Dessa forma, não se pode esquecer dos elementos tóxicos que devem estar em níveis que não comprometam o desenvolvimento vegetal.

Dessa definição conseguimos extrair três informações importantes sobre a fertilidade do solo:

  1. A fertilidade do solo depende da sua disponibilidade de nutrientes;
  2. A fertilidade do solo é relativa às exigências nutricionais das plantas;
  3. Ao analisar quimicamente um solo, pode-se inferir sobre sua fertilidade.

Isso quer dizer que um solo considerado fértil para uma espécie menos exigente pode não ser capaz de fornecer os nutrientes necessários para uma espécie mais exigente.

Se as exigências de uma espécie vegetal para cumprir seu ciclo são menores, teoricamente ela necessita de menor fertilidade. 

Logo, se a espécie for mais exigente, mais nutrientes serão necessários. 

É importante ressaltar que um solo fértil não, necessariamente, é sinônimo de solo produtivo. Outros fatores além da química como o clima, a física e a biologia de solo influenciam nisso.

Qual a relação entre fertilidade do solo e adubação?

Bem, a adubação é (ou pelo menos deveria ser) feita com base no balanço entre as exigências nutricionais da planta e a disponibilidade de nutrientes no solo (fertilidade). 

Veja de maneira simplificada na fórmula abaixo:

Adubação = (exigência da planta – disponibilidade no solo)

fertilidade do solo e adubação

(Fonte: Blog Unicamp)

Assim, fica claro que existe uma relação íntima entre três disciplinas:

  • Nutrição de plantas
  • Fertilidade de solo
  • Adubos e adubação

Quanto maior a disponibilidade de nutrientes ou a fertilidade do solo, menor será, proporcionalmente, a necessidade de adubação. E isso é relativo às exigências da cultura em questão como já abordamos no tópico anterior.

3 dicas para melhorar a fertilidade do solo com adubação

1. Pergunte ao solo

Não podemos falar de fertilidade sem antes fazer uma análise de solo

O padrão de comparação é a camada de 0 a 20 cm do solo, na qual se baseiam as recomendações de adubação.

Com base em ensaios que correlacionam a produção relativa das plantas aos teores dos elementos do solo, diversas instituições de pesquisas definiram classes de teores de nutrientes no solo.

As classificações podem mudar de acordo com a instituição de pesquisa, mas em linhas gerais, se o teor de determinado nutriente no solo é considerado baixo, este será limitante à produção. 

Por isso é fundamental elevar esses teores até níveis adequados (adubação de correção), além de fornecer a quantidade exportada pela planta (adubação de manutenção)

Por outro lado, se o nutriente está na faixa adequada, teoricamente não há resposta à adubação. Sendo necessária apenas a adubação de manutenção para manter esses níveis.

interpretação de teores de potássio e de fósforo em solos

Limites de interpretação de teores de potássio e de fósforo em solos
(Fonte: adaptado IAC)

Toda essa conversa de teores no solo é válida para P, K, Ca, Mg, S (fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre) e os micronutrientes. Mas e o N (nitrogênio)?

Não existe ainda um teste padrão para inferir quanto de N há disponível no solo, por isso: pergunte às plantas!

2. Pergunte às plantas

As plantas não mentem. O excesso ou falta de nutrientes aparece na forma de sintomas característicos nas folhas e no crescimento da planta, isso seria a diagnose visual da fertilidade do solo.

Essa avaliação requer conhecimento e treino, o que muitas vezes gera problemas e a torna subjetiva. Por isso, um método mais certeiro de inferir sobre a fertilidade via planta é pela análise foliar.

Para cada espécie existe uma época correta de coleta, folhas específicas e um número de amostras mínimos. Você pode encontrar essas informações aqui, disponibilizadas pelo Departamento de Ciência do Solo – Esalq/USP. 

A partir disso, podemos comparar os resultados com uma base de dados de plantas da mesma espécie e verificar se está tudo bem. 

A diagnose foliar  pode servir como um complemento à análise de solo, revelando se o que está no solo realmente está suprindo a exigência da planta ou se devemos intervir com adubações, por exemplo.  

Além disso, a produtividade esperada e a exportação de nutrientes pela planta ajudam a definir a demanda de nutrientes e a adubação de manutenção da cultura. 

Isso é importante, principalmente, no caso do N que não sai na análise de solo.

Concentração de nutrientes nas partes exportadas das culturas

Concentração de nutrientes nas partes exportadas das culturas
(Fonte: Informações Agronômicas Nº130 – IPNI)

3. A adubação

Como já dissemos, existem basicamente dois tipos de adubação.

A adubação de correção deve ser feita com base na análise de solo, a fim de elevar os teores de nutrientes que podem não estar adequados para a cultura. Esses nutrientes devem estar disponíveis desde antes do plantio.

Adubação = (Exigência da planta – disponibilidade no solo) x f

É importante lembrar que a eficiência de uma adubação de correção não é 100%. 

Portanto, devemos sempre utilizar um fator (f) para corrigir o cálculo que geralmente é maior para solos argilosos devido à reatividade maior desses solos.

Já a adubação de manutenção é feita visando repor os nutrientes exportados pela cultura. 

Deve ser ressaltado que a demanda da planta não é uniforme durante seu ciclo. Cada cultura tem estádios de maior demanda e nesses estádios o nutriente já deve estar disponível para absorção.

fertilidade do solo e adubação

Porcentagem do N total na planta, absorvido antes e após o florescimento; e porcentagem do N no grão absorvido pós-florescimento (VT-R1) e remobilizado de outras partes da planta
(Fonte: Pioneer)

Assim, de modo simplificado, fornecemos uma pequena quantidade de nutrientes no plantio e o restante em cobertura, sempre pensando na marcha de absorção de nutrientes. 

Dessa maneira, consegue-se aumentar a eficiência da adubação.

Conclusão

Observamos que existe uma relação íntima entre fertilidade do solo, adubação e nutrição de plantas.

Ressaltamos também que a fertilidade do solo depende da disponibilidade de nutrientes, baixos teores de elementos tóxicos e da planta utilizada como referência, a sua cultura.

Além da importância de adubações feitas corretamente para garantir a eficiência do uso de fertilizantes.

>> Leia mais:

Como fazer o manejo e a correção do solo alcalino

“Conheça os 9 indicadores de fertilidade do solo e saiba usá-los ao favor da sua lavoura”

Restou alguma dúvida sobre fertilidade do solo e adubação? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço!

Safra e safrinha: veja as diferenças, dicas e cuidados para o produtor

Safra e safrinha: entenda as principais diferenças, os riscos e como fazer a programação da sua lavoura.

Se você tem contato com a agricultura, com certeza já ouviu muito os termos “safra” e “safrinha”. Mas você sabe o que significam ou qual a implicação sobre as culturas?

Geralmente, esses termos são associados às culturas anuais e se referem tanto à época de plantio quanto à expectativa de produção em si.

Confira neste artigo, o que muda entre essas duas épocas de cultivo e como extrair o máximo potencial de sua lavoura. Vem comigo!

Qual a diferença entre safra e safrinha (e entressafra)?

Safra, safrinha e entressafra. Confuso, né? Bem, esses termos estão associados às culturas anuais, principalmente à dobradinha soja-milho em plantio direto, como você já deve saber. 

Assim, eles se referem à época do ano agrícola em que será feito o plantio das culturas e, ainda, refere-se à produtividade esperada. 

Na safra, o plantio é feito quando as chuvas voltam e vai de outubro a dezembro, como no caso do milho. Nessa época, as condições climáticas –  temperatura, luminosidade e umidade – são as melhores para o desenvolvimento das culturas. 

Por isso, em geral o produtor investe mais na safra, pois há um potencial produtivo e de retorno financeiro maior.

A safrinha vem logo após a safra e foi assim apelidada, no diminutivo, porque a produtividade era geralmente menor, devido a condições sub-ótimas de luminosidade, além dos riscos de veranico, por exemplo.

Hoje, devido ao aumento de área e produtividade do milho safrinha, por exemplo – o qual se tornou maior que a safra –  já podemos chamar a safrinha de 2ª safra.  Pois esse termo dá a ideia da importância dessa época de plantio para o agro. Mas, e a entressafra?

A entressafra é o período entre o fim da colheita da(s) principal(is) e o início da próxima colheita. Esse período pode e deve ser aproveitado para colocar a fazenda em ordem e se preparar para a próxima safra.

Para resumir: a safra é a primeira safra; safrinha, a segunda. A entressafra fica entre o fim do último cultivo (da segunda safra, por exemplo) e o início da próxima safra.

Ciclo do milho safrinha

Devido à força e participação no agronegócio nacional, geralmente associamos safra e safrinha à soja e milho. Por essa razão, será o foco deste texto também.

Mas para outras culturas, as nomenclaturas podem ser diferentes. Por exemplo, no feijão, temos até uma terceira safra; e nas culturas adaptadas a condições mais frias, temos o chamado cultivo de inverno.

Mas vamos à cultura do milho… O milho safrinha deixou de ser coadjuvante no cenário nacional porque a produtividade média hoje é semelhante à da safra, mas a produção e a área plantada são bem maiores.

Pra você ter noção, tanto a produção de milho safrinha quanto a área plantada são o dobro do que se tem na safra, como podemos ver na figura abaixo.

(Fonte: IBGE – Levantamento Sistemático da Produção Agrícola)

Isso é fruto da preferência pela soja na safra principal devido às condições de mercado, por exemplo. E onde é possível o cultivo, faz-se milho na safrinha.  Além disso, os estádios fenológicos são os mesmos do milho plantado na safra. 

Mas, em geral, os estádios podem durar mais tempo, pois devido à luminosidade que não é a mais adequada e ao menor acúmulo de graus dia, o ciclo do milho é maior na safrinha.

Quando se planta o milho safrinha?

O plantio do milho safrinha ocorre entre janeiro e abril para as maiores regiões produtoras, mas isso pode variar um pouquinho nos vários cantos desse Brasilzão. Como mostra o calendário de plantio da Conab que eu trouxe pra você observar abaixo:

milho safrinha

(Fonte: adaptado de Conab)

O que é safrinha de soja?

Este é um assunto que gera polêmica!  Pode parecer interessante cultivar a soja na safrinha, principalmente quando o preço do milho está baixo e o mercado da soja está aquecido. Mas calma, “pisa no freio Zé”… pois existem mais contras que prós nesse caso.

Primeiro, as condições de fotoperíodo, pluviosidade e temperatura não são as melhores e poucas cultivares seriam adaptadas – o que por si só já é um problema. 

Ainda mais se o cultivo for feito após a safra da própria soja.

Desta maneira, pragas, plantas daninhas, doenças e até questões de conservação e cobertura do solo seriam problemáticos.

Outro argumento que coloca a soja safrinha como uma atividade de alto risco é o fato de não termos informações sólidas sobre população de plantas, pragas e adubação da cultura nessa época.

Portanto, soja safrinha é ainda um cultivo arriscado e que necessita de mais informações e análises para se mostrar uma boa opção.

Planejamento de safra e safrinha

Um bom planejamento conta muito no sucesso das atividades que você realiza em sua fazenda. 

Nem seria preciso dizer que como cada cultura tem um ciclo e em determinados casos você pode plantá-las na safra e na safrinha, é preciso organização.

Como estamos falando em sistemas de produção, a escolha da cultura para a safra determina ou limita as opções para safrinha, principalmente por questões fitossanitárias, do cronograma e da janela de cultivo. 

Veja na figura abaixo os exemplos dos ciclos das culturas e das épocas de plantio e colheita

safra e safrinha

(Fonte: adaptado de Heringer)

Uma ideia é utilizar o período de entressafra para realizar esse planejamento.

Geralmente é o período “mais tranquilo” da fazenda e, portanto, podemos usá-lo de maneira proveitosa para planejamento e manutenção do maquinário, por exemplo.

Se precisar de uma mãozinha para se programar e colocar a casa em ordem, o Aegro pode te ajudar. 

Assim, suas informações ficam organizadas e de fácil visualização, para você não se perder no planejamento.

Banner de chamada para o download da planilha de controle de custos de safra

Conclusão

Como acompanhamos, os termos safra e safrinha são relacionados a épocas de cultivo de culturas anuais dentro do ano agrícola. 

De modo geral e em anos normais, a safra significa melhores condições para a cultura e maiores produtividades. 

Por sua vez, a safrinha apresenta condições marginais de cultivo e, portanto, limitações que se traduzem em menores produtividades ou produção total.

Mas vimos que nem sempre é assim. No caso da cultura mais associada à safrinha, o milho, é clara a importância dessa época de plantio para a agricultura nacional, já para a soja precisamos tomar cuidado.

Por isso, o produtor deve estar atento a esses detalhes na hora de planejar seu plantio, pois assim terá pensado nos riscos de cultivar determinada cultura na safra ou na safrinha. 

Além de que, um bom planejamento pode ajudar bastante em um plantio e condução de lavoura bem-feitos.

>>Leia mais:

“Por que o crambe pode ser uma ótima opção para a safrinha”

Manejos pré-plantio: o que você precisa para começar bem a próxima safra

E você? Já sabia das diferenças entre safra e safrinha? Restou alguma dúvida? Conte pra gente nos comentários abaixo. Grande abraço!

Principais doenças dos citros e como tratá-las

Doenças dos citros: prevenção e correto diagnóstico são as chaves para um pomar saudável. Confira e saiba mais!

A citricultura é um setor de grande importância para o agronegócio brasileiro e principalmente para o cinturão citrícola de São Paulo, Triângulo/Sudoeste Mineiro.

Dados do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) mostram o fechamento da safra de laranja 2019/20 da região em 386,79 milhões de caixas de 40,8 kg.

Essa safra foi 35% maior que a anterior (2018/19) e com uma produtividade recorde, de 1.045 caixas por hectare.

Apesar de ser uma cultura altamente produtiva, baixas produtividades podem ser observadas quando o manejo nutricional e/ou fitossanitário não estão adequados.

Assim, as doenças dos citros afetam não somente na produção das plantas, mas também na qualidade dos frutos.

Ficou interessado? Confira a seguir sobre as principais doenças dos citros e como tratá-las!

Quais são as principais doenças dos citros?

As doenças de plantas, não só as doenças dos citros, são atividades fisiológicas anormais e injuriosas resultantes da interação dos agentes patogênicos com as plantas e o ambiente.

Portanto, é essencial saber identificá-las para que as medidas necessárias de controle sejam tomadas corretamente.

Como existem muitos agentes patogênicos que atacam as plantas cítricas, abordarei as principais, dividindo-as em quatro grupos de acordo com seus agentes patogênicos.

1. Doenças causadas por fungos

Gomose 

A gomose, ou gomose de Phytophthora, é causada pelos fungos Phytophthora parasitica e P. citrophthora.

Estes são microorganismos que habitam naturalmente o solo e penetram nas plantas através das raízes ou pela base do tronco (colo).

Em campo os principais sintomas são lesões na base do tronco com exsudação de goma. 

Desta forma, a copa apresenta um amarelecimento (clorose) intenso nas folhas podendo levar à seca completa das plantas. 

doenças dos citros

Lesão de gomose na base do tronco (A) e seca completa da parte aérea (B)
(Fonte: Citrus Diseases)

O controle da gomose deve ser preventivo, para isso é recomendado o uso de porta-enxertos resistentes como a tangerina Cleópatra, o Poncirus trifoliata e o Citrumelo swingle.

Além disso, evitar o plantio em áreas com drenagem deficitária e o acúmulo de solo ou esterco no colo das plantas são alguns cuidados que devem ser tomados.

Melanose

A melanose em citros é uma doença de grande importância para pomares em que a produção é destinada para mesa, ou seja, consumo in natura.

Causada pelo fungo Phomopsis citri leva ao aparecimento de pequenas lesões escuras na superfície dos frutos que podem evoluir formando pústulas.

As folhas também podem ser afetadas com pequenos pontos marrons, formando pústulas com halo amarelado ao redor.

melanose

Sintomas de melanose em folhas (A) e em frutos de laranjas (B)
(Fonte: Citrus Diseases)

O controle pode ser realizado com hidróxido de cobre associado com a poda e retirada de ramos secos do pomar, que podem atuar como fonte de inóculo.

Pinta preta dos citros

Causada pelo fungo Guignardia citricarpa, gerando problemas em folhas e principalmente nos frutos.

Esse patógeno pode causar manchas de diferentes tipos e isso varia de acordo com a cultivar plantada, as condições ambientais e a época de infecção.

Para o controle da pinta preta são recomendados fungicidas do grupo das estrobilurinas e cúpricos pertencentes à lista PIC (Produção Integrada de Citros).

A poda de limpeza e realização da roçagem ecológica são manejos que também podem auxiliar na redução da quantidade de inóculo nos pomares.

doenças dos citros

Diferentes sintomas de pinta preta: mancha preta (ou dura) (A), mancha sardenta (B), mancha virulenta (C), falsa melanose (D), mancha trincada (E) e mancha rendilhada (F)
(Fonte: Fundecitrus)

Podridão floral dos citros (“estrelinha”)

A podridão floral, popularmente conhecida por estrelinha, é causada pelo fungo Colletotrichum acutatum que afeta os tecidos das flores e de frutos jovens.

Assim, ao atingir esses tecidos provoca a queda dos frutos deixando apenas os cálices que tem aparência de estrelas.

Os sintomas aparecem de forma alaranjada nas pétalas das flores e dos frutos jovens, enquanto no estigma e estilete são formadas manchas enegrecidas.

Podridão floral dos citros

Podridão floral dos citros, lesões alaranjadas (A), lesões enegrecidas (B) e cálices após queda dos frutos (C)
(Fonte: Fundecitrus)

O período mais crítico para ocorrência deste patógeno é o florescimento, principalmente quando coincide com o período chuvoso que pode levar a surtos de infecção.

Como solução, o controle pode ser realizado com base em fungicidas do grupo dos triazóis e estrobilurinas, associado à manutenção da adubação e retirada de plantas debilitadas.

2. Doenças causadas por bactérias

Cancro cítrico

Causador de grandes prejuízos nos pomares cítricos por levar a desfolha das plantas, queda prematura e depreciação dos frutos.

Causado pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, seus sintomas podem ser encontrados em folhas, ramos e frutos.

doenças dos citros

Sintomas de cancro cítrico em ramos (A), folhas e frutos (B e C)
(Fonte: Citrus Diseases & Fundecitrus)

As lesões salientes e marrons de cancro cítrico são características nas diferentes partes da planta e normalmente são acompanhadas de um halo amarelado.

Além de fácil disseminada em maquinário, vestuário e materiais de colheita, existe uma relação do cancro cítrico com a lagarta minadora.

Entretanto, a lagarta minadora não é vetor do cancro cítrico, mas ao se alimentar – abrindo galerias nas folhas das plantas, torna-se um agente facilitador à contaminação pela bactéria.

A principal estratégia para o controle do cancro cítrico é a erradicação.

Quando não eliminadas, as principais recomendações são quebra-ventos, pulverizações com cobre, cultivares mais resistentes e, principalmente, o controle da lagarta minadora.

danos lagarta minadora

Galerias abertas pela lagarta minadora dos citros (Phyllocnistis citrella)
(Fonte: acervo pessoal do autor)

Clorose variegada dos citros (CVC)

A CVC, ou “amarelinho”, é causada pela bactéria Xylella fastidiosa e pode afetar todas as cultivares comerciais de citros.

A bactéria causadora da CVC é transmitida por cigarrinhas e se aloja no tecido xilemático das plantas causando interrupção do fluxo de água e nutrientes.

Essa interrupção causa uma clorose foliar, similar à deficiência de Zn, mas cuja parte de trás tem pontuações marrons.

clorose variegada dos citros (CVC)

Sintomas de clorose variegada dos citros (CVC) causada pela bactéria Xylella fastidiosa
(Fonte: Citrus Diseases)

Com o avanço da clorose, os frutos passam a apresentar um desenvolvimento irregular, tamanho reduzido e alguns casos rachaduras.

Não existe controle para este patógeno, mas são recomendadas três práticas de manejo que reduzem os danos e evitam a disseminação:

  • Obtenção de mudas sadias
  • Poda dos ramos afetados;
  • Controle das cigarrinhas (vetores).

Greening ou Huanglongbing (HLB)

O greening é hoje a doença de maior importância para a citricultura, com incidência e severidade acompanhada de perto por todos os produtores e órgãos reguladores.

A doença é causada pela bactéria Candidatus liberibacter que é transmitida através do inseto psilídeo (Diaphorina citri).

Uma vez na planta não há cura, a bactéria se aloja no floema e rapidamente se espalha.

Desta forma, as folhas apresentam um amarelecimento mosqueado, ou seja, irregular e sem simetria.

Os frutos ficam com o amadurecimento irregular e apresentam deformações e assimetria em relação à columela.

O manejo do greening é realizado por meio do controle do psilídeo, inspeção e monitoramento constante além da erradicação de plantas contaminadas.

doenças dos citros

Clorose assimétrica em folhas de citros (A) e formação de frutos assimétricos (B) decorrentes do greening
(Fonte: Citrus Diseases)

3. Doenças causadas por vírus

Morte súbita dos citros (MSC)

Apesar de não ser totalmente confirmada, suspeita-se que variantes do vírus da tristeza dos citros (CTV) sejam o agente causador dessa doença.

Este vírus é transmitido para, e entre, as plantas através de insetos vetores: os pulgões, especificamente o Toxoptera citricidus.

A MSC é especialmente importante para os pomares em que plantas são enxertadas sobre porta-enxertos intolerantes: os limoeiros Cravo e Volkameriano e Rugoso.

Como o próprio nome diz, a morte ocorre de maneira súbita. Mas em alguns casos causa definhamento, reduzindo porte da planta e dos frutos produzidos.

Para controlar a incidência da doença é essencial o controle do vetor, ou ainda, a técnica da subenxertia para substituição dos porta-enxertos.

Planta atingida pela morte súbita dos citros

Planta atingida pela morte súbita dos citros
(Fonte: Fundecitrus)

Leprose dos citros

É uma doença causada pelo vírus da leprose dos citros (CiLV), transmitida pelo ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis).

O vírus não se espalha pela planta, ficando restrito apenas às regiões atacadas pelo ácaro. 

Os sintomas são similares aos do cancro cítrico e as lesões conforme se desenvolvem podem ocasionar a queda dos frutos e das folhas e, até mesmo, a morte de ramos.

Mas as lesões podem ser diferenciadas, pois as da leprose são deprimidas enquanto as do cancro são salientes.

doenças dos citros

Lesões deprimidas em frutos (A) e nos ramos (B) decorrentes da leprose
(Fonte: Citrus Diseases)

4. Doenças de causas desconhecidas

Declínio dos citros

É uma anormalidade observada nas plantas cítricas, em que as plantas afetadas cessam o crescimento e apresentam um definhamento seguido de murcha e morte.

Acredita-se que isto acontece devido à interrupção do fluxo de seiva das plantas, mas ainda não se sabe qual a causa.

Planta atingida pelo declínio dos citros

Planta atingida pelo declínio dos citros
(Fonte: Bossanezi e Jesus Júnior)

A principal recomendação é o arranquio e destruição das plantas afetadas. Outra alternativa é o uso de variedades mais resistentes (laranja Caipira e as tangerinas Sunki e Cleópatra).

Conclusão

Conhecer, monitorar e fazer a correta identificação são os pontos-chave do controle das doenças dos citros.

Lembre-se que muitas delas dependem do manejo regional! Converse com seus vizinhos para programar e alinhar suas pulverizações.

As doenças dos citros são muitas e podem levar a prejuízos muito significativos, por isso a prevenção é a melhor solução!

E você, qual destas doenças tem maior incidência em seus pomares? Como faz o controle? Conte pra gente nos comentários!

Qual o teor de umidade de armazenamento da soja?

Umidade de armazenamento da soja: entenda ainda mais sobre umidade e temperatura na hora de armazenar o grão de soja.

Quando se colhe a soja, pode ser necessário armazená-la por um determinado período. 

E para manter as boas condições do grão, precisa-se fazer o armazenamento em umidade e temperatura adequadas.

Seja qual for o seu objetivo, grão ou semente, atente-se ao teor de umidade para armazenar este produto e a quais condições de temperatura e umidade relativa do ar que vai colocá-lo.

Assim, para preservar a qualidade do grão é essencial que a colheita seja realizada com a umidade do grão adequada. Isso porque é muito comum que após a colheita da soja ocorra o processo de secagem.

Vamos ver agora como a umidade de armazenamento da soja pode afetar a qualidade do grão.

Como a umidade afeta a qualidade do grão de soja

Muitos fatores interferem na qualidade do grão de soja, entre eles podemos citar:

  • condições genéticas;
  • estrutura da semente;
  • fatores de pré e pós-colheita;
  • umidade e temperatura ambiente.

A umidade pode interferir tanto no campo, durante o processo de maturação das sementes, como também durante o armazenamento, pois a umidade do ar interfere no grau de umidade da semente. 

umidade de armazenamento da soja

Lavoura de soja no MS praticamente perdida em função de chuvas intensas
(Fonte: Ciência e Agricultura – Carlos Bortoletto)

No campo, durante a etapa final do ciclo de soja, a ocorrência de chuvas intensas e frequentes antes da colheita podem causar a deterioração da semente.

Observe pela figura abaixo que, quando ocorre chuvas antes da colheita, acontece uma oscilação no teor de água da semente.

Isso causa alterações físicas que podem ser observadas pelo aparecimento de rugas nas sementes.

umidade de armazenamento da soja

(Fonte: adaptado de França-Neto e Henning (1984))

Sementes de soja com sintomas de deterioração por umidade

À esquerda: sementes secas com enrugamento devido a esse tipo de dano; no centro: sintoma de deterioração por umidade, caracterizado no teste de tetrazólio; à direita, sementes de soja com rupturas no tegumento.
(Fonte: Embrapa Soja; França-Neto et al. (2016))

Já durante o armazenamento das sementes de soja ocorre o equilíbrio higroscópico entre a semente e a umidade relativa do ar do local armazenado, ou seja, do silo.

Por isso que pode considerar que a umidade relativa do ar é a medida do grau de umidade das sementes. 

Além disso, lembre-se que após colher a soja, os grãos começam a entrar no processo de deterioração, principalmente devido à taxa respiratória. 

Assim, a secagem tem um papel fundamental! Pois com a umidade de até 13%, a taxa respiratória é baixa, não causando problemas. 

Agora que você viu como a umidade interfere no grão de soja, vamos falar sobre a umidade ideal para armazená-lo.

Qual a umidade ideal para armazenar soja?

Quando se armazena as sementes de soja, deve-se lembrar que vai acontecer uma troca de umidade entre a semente e o ambiente em que ela está armazenada. 

Esse fenômeno, como dito anteriormente, é denominado de equilíbrio higroscópico.

Para armazenar a semente com a umidade ideal, é necessário realizar a secagem dos grãos pois este processo vai retirar a água, o que possibilitará armazenar a soja por um período maior de tempo.

A umidade de armazenamento da soja ideal vai depender do tempo que você deseja armazenar os grãos, da umidade relativa do ar e da temperatura do ambiente no qual será armazenada.

Para entender melhor, vamos observar a tabela abaixo que relaciona a umidade da soja (%) com a temperatura (°C) e apresenta o período de tempo que é possível armazenar o grão.

Por exemplo, se você armazenar o grão por um período de um ano a 32°C, a umidade da soja deverá ser de 10% ou 11%.

Observe que com o aumento da % de umidade do grão, reduzimos o tempo de armazenamento. 

Outro ponto a ser visto é que com a redução da temperatura do ambiente é possível armazenar o grão com até 16% de umidade, caso seja de 2°C.

armazenamento seguro para soja

Gráfico de armazenamento seguro para soja
(Fonte: Science of Sensing)

Como deve ser feito o armazenamento da soja

Após a colheita da soja, algumas práticas podem e devem ser utilizadas como:

  • limpeza e preparo da unidade que armazenará os grãos;
  • avaliação dos grãos na recepção, para verificar se há necessidade das etapas de pré-limpeza e limpeza;
  • manutenção dos equipamentos;
  • manejo das pragas de grãos armazenados;
  • controle das condições do ambiente de armazenamento (temperatura e umidade relativa do ar);
  • cuidados na secagem, carregamentos de silos e dos armazéns.

Como vimos, o ideal é que a porcentagem de umidade do grão seja a mais baixa possível. Entretanto, sabemos que isso não é facilmente alcançado em campo.

A maturação fisiológica da soja ocorre quando o grão está com umidade entre 45% e 50%, mas a colheita só é realizada quando a umidade atinge entre 14% e 20%.

Para armazenar por um período de até um ano, você vai precisar secar esses grãos até atingirem 11% de umidade.

Mas, caso o armazenamento seja maior que um ano, essa umidade deverá chegar entre 9% e 10%, a depender da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar.

Processo de secagem dos grãos de soja

Já vimos que o processo de secagem dos grãos é uma etapa importante a ser realizada para o armazenamento dos grãos de soja.

Para isso, você pode optar pelos métodos:

  • naturais;
  • adaptados;
  • tecnificados.

Os métodos mais utilizados para a secagem da soja são os tecnificados, como o sistema contínuo e o seca-aeração.

Secagem contínua

Neste caso, podem ser utilizadas temperaturas do ar de 70 a 130°C na entrada do secador.

Para isso é necessário que os grãos não tenham muitas impurezas, além disso, deve ser realizada a remoção diária de poeira para evitar incêndios.

Assim, na secagem contínua deve ser feito o acompanhamento da temperatura dos grãos, para que não ultrapasse os 43°C.

Secador de fluxo contínuo

Secador de fluxo contínuo
(Fonte: Agrolink)

Seca-aeração

Neste sistema, os grãos passam por uma secagem preliminar com o objetivo de chegar a dois ou três pontos percentuais acima da umidade que se deseja. 

Na secagem por este método são utilizadas temperaturas entre 60 e 90°C.

Após esta etapa, ocorre uma secagem estacionária que acontece com ar, porém sem aquecimento.

Secador estacionário

Secador estacionário
(Fonte: Agrolink)

planilha controle de custos por safra

Conclusão

No texto de hoje você soube mais sobre a umidade de armazenamento da soja.

Vimos a importância de realizar a secagem dos grãos para armazenar, pois isso influencia diretamente no tempo de armazenamento, junto com outros fatores como: temperatura e umidade relativa do ar.

Assim, também mostramos a importância de se atentar ao período de colheita, à secagem e ao armazenamento dos grãos para garantir e manter a qualidade do seu produto.

>>Leia mais:

“Entenda melhor a classificação da soja e saiba usá-la para aumentar sua lucratividade

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