Solo arenoso: como fazer o melhor plantio nesse tipo de terra

O que é solo arenoso, suas características, alternativas para melhor resultado produtivo e como recuperar a fertilidade. 

Quando tratamos de produção, uma das primeiras coisas que se vem à mente é o solo. Existem diversos tipos de solo, com diferentes texturas, estruturas, profundidades e riquezas

Mas como a produção é demandada, temos que aprender a lidar com as peculiaridades de cada um e, dentre esses, vamos destacar aqui os solos arenosos. Eles constituem cerca de 8% do território nacional e podem obter produções satisfatórias.

Confira a seguir as principais estratégias de utilização e de manejo do solo arenoso!

O que é um solo arenoso?

Solo arenoso, também chamado de solo de textura leve, é caracterizado pelo alto teor de areia (superior a 70%) e menor teor de argila (inferior a 70%) em sua composição. É um tipo de solo normalmente granuloso, pobre em nutrientes e com baixo teor de matéria orgânica.

gerador de triângulo textural

(Fonte: Gerador de Triângulo Textural)

A grande parte dos solos arenosos está presente na região Nordeste, sendo um dos maiores problemas para agricultura. 

Entretanto, esses solos também podem ser encontrados em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Pará, Maranhão, Piauí e Pernambuco, ocorrendo ainda no Norte de Minas Gerais, Alagoas, Ceará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Tocantins e Goiás.

Características do solo arenoso

  1. Consistência granulosa (grãos grossos, médios e finos);
  2. Alta porosidade e permeabilidade, devido ao arranjo das partículas;
  3. Pouca umidade;
  4. Pobreza em nutriente;
  5. Baixo teor de matéria orgânica;
  6. pH ácido;
  7. Alta possibilidade de erosão.

Por que o solo arenoso é pobre em nutrientes: dificuldades no cultivo

Os solos arenosos são constituídos quase que exclusivamente por grãos de areia, ou seja, quartzo, desta maneira são pobres em nutrientes.  Além disso, esses solos se esgotam rapidamente com poucos anos de uso, necessitando de manejo planejado para continuar oferecendo condições à produção. Os baixos teores de matéria orgânica (menor que 1%) agravam essa situação. 

A deficiência de água em solo arenoso é um fator agravante para a produção agrícola, pois apresenta uma drenagem excessiva devido à sua constituição de areia e pequena retenção de água, favorecendo a lixiviação de nutrientes.

Outra dificuldade é sua baixa capacidade de retenção de cátions, assim como também é comum encontrar saturação acima de 50% de alumínio tóxico, o que pode resultar em produções baixas. 

Mas uma das maiores limitações dos solos arenosos quanto à utilização agrícola é que são propensos à erosão, ainda mais quando comparados aos solos argilosos e, principalmente, em relevo suave-ondulado ou ondulado. 

O processo erosivo inicia no momento em que esses solos são desmatados ou utilizados pelo gado. 

Se ocorrer nas cabeceiras de vertentes ou margeando os mananciais, a erosão tende a desenvolver voçorocas. 

Em solos arenosos a mecanização só é viável em áreas de relevo plano, devido a esta propensão à erosão. Assim, recomenda-se restringir operações mecanizadas com grande potência.

Como recuperar a fertilidade?

Solos arenosos não são sinônimos de solos inférteis ou improdutivos, eles apenas são mais sujeitos à deficiência nutricional e reduzida quantidade de MO, uma vez que este fator está relacionado à rocha de sua formação e à ação de fatores climáticos, como o intemperismo. 

Devido a isso, é indicado a aplicação de resíduos vegetais e adubos orgânicos (bagaço de cana, bagaço de coco e estercos de animais) com fosfato e potássio.

Sobre a acidez, recomenda-se adição de calcário com objetivo de aumentar o pH, neutralizar o alumínio tóxico e também auxiliar na disponibilização de cálcio e magnésio. 

O indicado é que a adubação seja feita de forma constante, parcelada e equilibrada, sendo necessário coordenação e análise de solo das condições locais, da cultura, da cultivar e dos resultados esperados.

Como e o que plantar em solos arenosos 

Com a utilização de novas práticas de manejo sustentável e por meio da tecnologia, as áreas de solos arenosos estão entrando no sistema produtivo e conseguindo mostrar o seu potencial. 

A seguir elenco algumas estratégias de manejo que vão melhorar e facilitar o sucesso em solos arenosos:

Sistema de Plantio direto (SPD)

Com objetivo de preservar o solo, o plantio direto vem sendo uma ferramenta necessária para a utilização produtiva de solos arenosos. 

Este sistema permite a conservação do solo e da água por meio de práticas que:

  • Minimizam a erosão; 
  • Aumentam a retenção de água e nutrientes no solo; 
  • Melhoram os atributos biológicos do solo; 
  • Reduzem os picos de temperatura no solo; 
  • Diminuem a infestação de plantas daninhas
  • Permitem maior agilidade operacional nas atividades agropecuárias. 

Além disso, nesse sistema se consegue elevar os teores de matéria orgânica do solo, aumentando assim sua capacidade de troca catiônica e retenção de água – características correlacionadas ao sucesso produtivo. 

solo arenoso

Cultivo de soja em plantio direto

Adubação verde 

A utilização de adubos verdes e/ou plantas de cobertura em solos arenosos faz toda a diferença quando se quer resultados produtivos. 

A adubação verde consiste no uso de plantas, podendo ser gramíneas ou leguminosas, visando a proteção superficial dos solos bem como a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. 

As plantas que estão sendo bastante empregadas em solos arenosos são as gramíneas milheto, brachiaria e panicum, por conta do grande aporte de palhada e por terem um sistema radicular bem agressivo. 

Mas ainda é utilizado as crotalárias e o feijão guandu, pois da mesma forma apresentam um bom aporte de palhada e, além disso, fixação biológica de nitrogênio. 

Fazendo a utilização da adubação verde, os solos arenosos ficam menos propensos à erosão, com aumento do teor de matéria orgânica e de nutrientes. 

Sucessão e consórcio de cultura

Sendo que a decomposição dos materiais vegetais ocorrem de maneira distinta por causa da composição dos mesmos, a sucessão e rotação de culturas aparece como uma estratégia essencial na manutenção de palhada em solo arenoso. 

Palhas de leguminosas tendem a decompor mais rapidamente devido à baixa relação carbono/nitrogênio, mas por outro lado são ricas em nitrogênio. 

Já as gramíneas, apresentam uma palha que fica por um longo período sob o solo, porém são mais carentes em nitrogênios, ou seja, possuem grande quantidade de carbono em sua constituição. 

Assim, vêm sendo empregado as seguintes sucessões:

  1. Soja na safra, seguida de milho + braquiária na safrinha (consórcio). A soja fornece o aporte de nitrogênio para as duas culturas posteriores. Em seguida, o milho é colhido e a braquiária pode se desenvolver melhor sendo aporte de cobertura do solo para a próxima safra. 
  2. Soja na safra, seguida de pastagem + guandu (consórcio). Nesse sistema, a pastagem consorciada com guandu favorece sua qualidade nutricional e física do solo promovidas pela leguminosa.

Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF)

Pensando em manejo sustentável, muitos produtores vêm utilizando o sistema ILPF para garantir uma produção de sucesso.

Diferente do que ocorre em monocultura, a interação de atividade agrícola e pecuária na mesma área resulta em aumento de produtividade, pois existe uma sinergia entre ambas. 

Nesse sistema, as principais vantagens são: 

  • Manter a fertilidade
  • Contribuir para evitar o aquecimento excessivo do solo; 
  • Reduzir as perdas de água por evaporação;
  • Servir de barreira física para evitar a entrada de fungos causadores de doenças; 
  • Conforto animal. 

A manutenção desse sistema em solo arenoso consiste basicamente em mantê-lo permanentemente vegetado, com ciclagem de nutrientes e de raízes ao longo do ano para promover a construção física e química do solo.

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

Neste artigo abordamos o que são solos arenosos e quais as suas limitações quanto à utilização agrícola. 

Vimos como lidar com com suas deficiências nutricionais e quais cuidados devemos ter quanto ao cultivo nesse tipo de solo. 

Ainda demos dicas de como manejá-lo com o enfoque no manejo sustentável e integrado. 

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Rochagem: como essa prática pode beneficiar sua lavoura

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Como fazer o manejo e a correção do solo alcalino

Você tem solo arenoso em sua propriedade? Como faz o manejo para um cultivo sustentável? Se restou alguma dúvida, deixe nos comentários abaixo. 

Tudo que você precisa saber sobre o ciclo da soja

Ciclo da soja: confira como e quanto dura o ciclo da soja em dias, quais as principais etapas do desenvolvimento desse cultivo e muito mais.

A safra de soja 2022 deve chegar a 144,7 milhões de toneladas, mantendo o Brasil como um dos maiores produtores de soja do mundo. Mas como conseguimos atingir esse patamar tão privilegiado?

Esse sucesso se deve aos anos de pesquisa e dedicação do ciclo da soja, das técnicas de manejo eficiente e da gestão agrícola de sucesso.

E você, sabe tudo sobre o ciclo da soja e seus principais estágios? Veja mais a seguir!

Como se desenvolve uma planta de soja?

Os componentes da planta

Para compreender o ciclo da soja, precisamos antes conhecer as partes que compõem uma planta de soja.

A soja (Glycine max) é uma planta herbácea pertencente à família Fabaceae, a mesma do feijão.

Suas sementes apresentam uma germinação epígea e o sistema radicular pivotante, com uma raíz principal e muitas ramificações (raízes secundárias).

Apesar das raízes alcançarem até 1,8 m de profundidade e 50 cm em crescimento lateral, a maior parte delas permanece concentrada nos primeiros 30 cm de profundidade.

ciclo da soja

Detalhe dos componentes de uma plântula de soja (Glycine max)
(Fonte: International Plant Nutrition Institute – IPNI)

O caule é híspido e em haste única, mas durante o ciclo pode emitir ramos laterais. Sua altura varia de acordo com as cultivares e as regiões de cultivo.

Durante o ciclo da soja, podemos observar diferentes tipos de folhas na planta:

  • Cotiledonares
  • Unifolioladas (simples) 
  • Trifolioladas (compostas)

Cada uma em uma etapa diferente do ciclo de desenvolvimento da planta.

As flores apresentam fecundação autógama (autofecundação) e podem apresentar diferentes colorações, desde brancas, roxas até cores intermediárias.

Delas se desenvolvem as vagens que passam de verdes para amarelo-pálido, conforme os grãos aumentam de tamanho e amadurecem.

De modo geral, existem dois tipos de plantas de soja: aquelas cujo crescimento é determinado e as de crescimento indeterminado.

ciclo da soja

Detalhe de racemo terminal em soja BRS Sambaíba RR
(Fonte: Embrapa)

Quando o crescimento é determinado, a planta apresenta um racemo terminal e quando inicia-se o florescimento, o crescimento vegetativo cessa.

Já as de crescimento indeterminado, não tem racemo terminal e o crescimento vegetativo continua após o florescimento.

Ciclo da soja: Estágios de desenvolvimento

Agora que já sabemos sobre as características da planta, vamos nos aprofundar nos estágios de desenvolvimento do ciclo da soja.

O modelo mais utilizado nos dias de hoje, salvo algumas modificações, foi idealizado pelos pesquisadores Fehr e Caviness em 1977.

Esse sistema propõe a divisão do ciclo da soja nos estágios vegetativos (V), reprodutivos (R) e suas subdivisões.

Destas, apenas nos dois primeiros estágios as letras não são seguidas de números, todas as demais são designadas por números após as letras.

estágios vegetativos e reprodutivos

Descrição dos estágios vegetativos e reprodutivos da soja (Glycine max)
(Fonte: Adaptado de IPNI)

É importante ressaltar que uma lavoura de soja é classificada nesses estágios quando pelo menos 50% ou mais das plantas do campo estão nele.

Isso é feito pois pode ocorrer variação na velocidade de crescimento das plantas dentro das áreas.

fenologia da soja. Fonte: Coopertradição

Esquema das plantas de soja nos diferentes estágios de desenvolvimento
(Fonte: Coopertradição)

A divisão e padronização do ciclo da soja e sua nomenclatura facilita e muito a comunicação entre os produtores rurais, engenheiros agrônomos e outros profissionais da área.

Agora que temos isso em mente, vamos abordar as principais dúvidas que surgem em relação ao ciclo da soja.

Quanto tempo dura o ciclo da soja em dias?

O ciclo da soja em dias vai variar de 100 a 160 dias, dependendo da cultivar. Porém, os ciclos comerciais mais comuns costumam ter de 115 a 125 dias, característico da época de semeadura de cultivares precoces a médias.

Antes, as cultivares costumavam ser chamadas de superprecoces, precoces, semiprecoces, médias e tardias com base na duração do ciclo.

Nos últimos anos, as nomenclaturas relacionadas à duração do ciclo da soja passou por algumas reestruturações, que explicarei a seguir.

Muitas vezes, a mesma cultivar plantada em diferentes regiões apresentava variações na duração do seu ciclo.

Isso acabava por confundir os produtores e os consultores, causando dores de cabeça desnecessárias.

Para contornar essa situação surgiram os chamados grupos de maturação ou grupos de maturidade relativa.

grupo de maturidade relativa

Distribuição dos grupos de maturação (maturidade relativa) das cultivares no Brasil
(Fonte: Alliprandini et al. (2009))

Esses grupos de maturação levam em consideração cada região de cultivo e classificam as cultivares com valores que variam de 0 a 10.

Ainda separam as cultivares de acordo com a melhor adaptação para cada região, onde poderão atingir o máximo de seu potencial produtivo.

Assim, classificados em grupos, sabemos quais cultivares são mais aptas nas regiões do país.

Quais são as etapas do cultivo de soja?

Agora com tudo padronizado, alinhar as etapas do cultivo ao ciclo da soja será bem mais fácil.

Certamente a primeira etapa é o plantio, assim como a última será a colheita.

Como conhecemos os grupos de maturação, a escolha da cultivar ideal para nossas lavouras não será um problema.

Outros cuidados como a amostragem para correção e adubação do solo têm de ser realizados muito antes do plantio, não podemos deixar para última hora.

O controle de plantas daninhas também tem que ser bem planejado, lembre-se que alguns pré-emergentes podem afetar a emergência da soja.

Durante o desenvolvimento da lavoura, precisamos de atenção com as pragas e doenças ocorrendo na lavoura.

Por sua vez, o monitoramento de pragas bem como das doenças deve ser realizado em cada estágio de desenvolvimento da cultura.

Dessa forma podemos elaborar estratégias de manejo integrado, o que nos garante ações rápidas e certeiras para reduzir as perdas!

Todas essas etapas podem ser alocadas num único local: os softwares de gestão agrícola.

Esses aplicativos podem auxiliar na organização de calendários, entradas e saídas de insumos, controle de estoques e muito mais.

planejamento de safra de soja Aegro

Conclusão

Conhecer a nomenclatura do ciclo da soja facilita a vida de todos, desde os produtores aos profissionais da área.

Por isso é importante estar antenado para as mudanças e novidades, assim como o surgimento dos grupos de maturação.

No mundo globalizado que vivemos, a tecnologia vem ao nosso encontro e no campo não deve ser diferente.

A correta gestão dos manejos durante o ciclo da soja fará com que a cada ano possamos garantir novas safras recordes.

>> Leia mais:

Como controlar a lagarta enroladeira das folhas na sua lavoura

“Como livrar sua lavoura dos ataques do bicudo-da-soja”

“Tudo sobre tombamento da soja e como fazer o melhor manejo”

E você, já conhecia tudo sobre o ciclo da soja? Utiliza algum software de gestão agrícola para te auxiliar no campo? Conta pra gente nos comentários!

Tudo que você precisa saber sobre armazenagem do arroz

Armazenagem do arroz: a importância dessa atividade, umidade e temperatura ideais, silos para armazenamento e controle de pragas.

Podendo ser cultivado em todo o país com destaque para os estados do Sul (81% da produção safra 2020), Norte (9%) e Centro-Oeste (6%), o arroz é uma cultura importante que precisa ser armazenado para que possa ser comercializado e consumido o ano inteiro. 

Assim, o produtor também pode aumentar a sua renda com um preço melhor de comercialização.

Essa atividade precisa ser bem planejada e executada e ter os seus custos mapeados em caso de armazenagem própria. Assim, a qualidade do grão e a lucratividade da safra são preservadas.

Preparamos este texto com tudo que é preciso entender sobre armazenagem do arroz. Confira!

A importância de uma boa armazenagem do arroz

Todas as atividades do plantio à colheita da cultura do arroz são importantes para ter uma boa produção do grão e a colheita é um momento muito esperado na rotina na fazenda. 

Mas, todo esse trabalho precisa ser preservado por uma boa armazenagem.

armazenagem do arroz

Do plantio à colheita do arroz
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

Lembrando que a qualidade dos grãos não pode ser melhorada, apenas preservada durante um bom armazenamento.

Pode haver uma variação de 1,5% a 4% de perdas na armazenagem em silos nos estados de maior produção nacional do arroz como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins.

Mas se ocorrer um armazenamento incorreto, esses valores podem ser ainda mais elevados.

Para não ter complicação, é importante ter todas as atividades planejadas antes do plantio: transporte, secagem e armazenamento.

Transporte e secagem dos grãos de arroz

Após a colheita do arroz, este precisa ser transportado para o armazenamento ou para a venda do grão, caso o agricultor opte por vender a produção ou parte dela logo após a colheita.

Essa decisão de armazenar ou vender o produto após a colheita depende da situação atual de cada propriedade, da parte econômica da empresa rural e de qual decisão irá compensar.

armazenagem do arroz

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)

O arroz deve ser transportado até a unidade de armazenamento e neste processo deve-se evitar as perdas.  

Ao chegar à unidade de armazenamento, há o processo de recepção do grão, em que ocorrem a pesagem, a identificação da carga e a coleta de amostras para a avaliação de sua qualidade inicial.

Após o arroz ser descarregado na moega, são removidas as impurezas e materiais estranhos em relação ao grão de arroz no processo de pré-limpeza.

Depois da limpeza acontece a secagem dos grãos, que pode ser realizada de diversas formas desde a natural até a secagem forçada. 

Vamos falar um pouco mais sobre esta etapa no próximo tópico sobre a umidade do grão.

Armazenagem do arroz: Temperatura e Umidade ideais

Fatores que são importantes na armazenagem do arroz para manter sua qualidade são temperatura e umidade.

Para a colheita, recomenda-se que o teor de umidade do grão esteja entre 18% a 22%. Mas para armazenar o grão, deve-se reduzir essa umidade.

Para isso, existem secadores para realizar essa operação de conservação do grão.

Alguns desses secadores podem ser

  • Estacionário (com ar em fluxo radial ou axial); 
  • Convencional (contínuo ou intermitente); 
  • Misto (seca-aeração).

O grão é considerado seco com teor de umidade entre 12% e 13%. Assim, para armazenar deve ter essa faixa de umidade com mínimas impurezas, reduzida população de pragas e baixa temperatura.

Temperatura baixa é uma medida de manejo para o armazenamento que evita o desenvolvimento de pragas, o recomendado é 18°C. 

Ter esses parâmetros de umidade e temperatura nos silos é importante para que o ambiente seja desfavorável ao surgimento de pragas, que podem gerar perdas muito significativas de grãos.

Após a secagem, antes de colocar o grão no silo para armazenamento, é importante ter uma etapa de resfriamento dos grãos para evitar perdas, como as trincas.

E antes do grão chegar ao armazém, também é necessário limpar a unidade armazenadora para eliminar qualquer possível praga presente no ambiente.

Silos para armazenagem do arroz

Os grãos de arroz podem ser armazenados em silos na própria propriedade ou em silos de vizinhos, cooperativas e armazéns conjuntos com outros produtores ou de empresas. 

Por isso, é importante realizar o planejamento para determinar se é viável armazenar o arroz e onde armazenar, caso você não tenha silos na propriedade.

Mais de 90% do arroz armazenado nas principais microrregiões produtoras nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso são armazenados em silos a granel.

Capacidade dos tipos de armazéns das principais microrregiões produtoras de arroz nos estados: RS, SC, TO, MA e MG
(Fonte: Conab)

Um tipo de silo que é bastante indicado para a armazenagem do arroz para pequeno produtor é a unidade armazenadora com silo secador. No entanto, existem outros que você pode utilizar para a sua propriedade.

Determinar onde armazenar o grão e qual tipo de unidade de armazenamento depende da sua propriedade, região, custo e dos benefícios de cada opção.

Controle de pragas em grãos armazenados

Como vimos até aqui, é fundamental o controle das pragas de armazenamento, veja algumas mais comuns:

  • Oryzaephilus surinamensis
  • Cryptolestes ferrugineus
  • Ephestia kuehniella
  • Sitophilus oryzae
pragas da armazenagem do arroz

Sitophilus oryzae
(Fonte: Pacific Pests and Pathogens)

Para o controle das pragas no armazenamento do arroz, você pode utilizar algumas dessas medidas de manejo:

  • Controle químico indicado para armazenamento (exemplo: inseticidas à base de fosfeto de alumínio);
  • Manipulação da umidade relativa e da temperatura nos locais de armazenamento;
  • Utilização de pó inerte à base de terra de diatomáceas (atua por contato nos insetos e remove as camadas de cera da cutícula, o que causa a morte do inseto);
  • Controle físico: radiação e outros;
  • Armadilhas para monitorar as pragas nos silos de armazenamento.
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Conclusão

Após a colheita do arroz, você pode optar por vender o grão imediatamente ou armazenar.

Se optar por armazenar o arroz, esta é uma etapa muito importante para ter o grão durante todo o ano e possibilitar que o produto seja comercializado com um melhor preço.

Por isso, para ter um bom armazenamento do arroz e manter a qualidade do produto, realize um planejamento desta operação. 

Além disso, conheça os processos realizados desde a saída do grão da fazenda até o seu armazenamento. E não se esqueça de controlar as pragas durante esse período.

E você, realiza armazenagem do arroz em sua propriedade? Quais cuidados você tem com esse processo? Deixe o seu comentário abaixo!

Como regular plantadeira de trigo e ser mais eficiente

Como regular plantadeira de trigo: Veja um passo a passo detalhado para a regulagem correta da semeadora-adubadora. 

Durante todo o cultivo do trigo existem vários entraves que vão surgindo, como ataques de pragas e doenças.

Mas no momento do plantio, você pode evitar alguns erros para garantir uma melhor produtividade. 

Um fator importante a ser considerado é a regulagem correta da semeadora-adubadora, que evita problemas como espaçamento incorreto e falta de germinação.

Vamos entender melhor cada processo de como regular plantadeira de trigo? Confira a seguir!

Semeadora-adubadora de trigo

como regular plantadeira de trigo

Semeadora-adubadora utilizada no plantio de trigo
(Fonte: Grupo Cultivar)

Você deve ter notado que o título desse artigo fala em plantadeira e, logo em seguida, em semeadora-adubadora. 

Isso porque as semeadoras são bastante conhecidas como plantadeiras pelos produtores, mas no caso do plantio do trigo, o mais correto é semeadora, pois o plantio será realizado com sementes e não com partes da planta. 

De forma geral, as semeadoras de trigo são usadas tanto para semeadura quanto para a adubação.  

Em sistemas de plantio direto, possibilitam qualidade na semeadura com sementes colocadas corretamente no solo, assim como o estabelecimento rápido e uniforme da população de plantas. 

As semeadoras devem ter uma atenção especial antes de iniciar todo o processo do plantio, pois a sua regulagem correta vai evitar a perda de produtividade. 

Aqui, mais especificamente, falaremos de como regular plantadeira de trigo – ou seja – as semeadoras-adubadoras de trigo. Vamos lá?

Passos importantes na semeadura

Alguns pontos no momento do plantio são deixados de lado por serem considerados muito simples. Mas você já parou para pensar que esses passos podem fazer toda a diferença na produtividade final da lavoura?

Conhecer bem a semeadora, velocidade em que precisa ser usada, quantidade de sementes e de adubo vai garantir uniformidade populacional e melhor rendimento dos grãos. 

Na cultura do trigo,  a semeadora-adubadora utilizada é de fluxo contínuo, o que quer dizer que a distribuição das sementes no solo e do adubo ocorre de forma contínua. 

E uma dúvida muito recorrente é sobre a regulagem da máquina para a adubação. 

É muito importante você seguir as recomendações técnicas sobre espaçamento, cálculo da quantidade de sementes e adubo.

custo operacional de máquinas

Como regular plantadeira de trigo: adubo

É necessário que você siga algumas instruções para que a regulagem seja apropriada para a cultura do trigo. Então, antes de trabalhar com a máquina é importante que você siga esses 6 passos:

1. Calcular o comprimento de sulco por hectare 

Metros/ha =   10 000 m²/ha           
                         espaçamento (m)

Para trigo, o espaçamento das linhas de plantio é de 17 cm. Sendo assim, o cálculo será:

Metros/ha =   10 000 m²/ha           
0,17 m
= 58.823,5 m sulco/ha

2. Calcular o peso de adubo desejado por metro de sulco

Se for recomendado 250 kg/ ha, dividi-se pelo comprimento de sulco por hectare:

250 000 g/58.823,5 m = 4,25 g/m

3. Coletar o adubo

Nesse passo, você precisa conhecer a quantidade de adubo que a máquina está calibrada ao dosar em um determinado espaço percorrido. 

Por isso, deve-se colocar a alavanca de regulagem em uma posição pré-determinada e um recipiente coletor sob as linhas a serem testadas. 

4. Deslocar uma distância conhecida 

Por exemplo, digamos que você decida percorrer uma distância de 20 m.

5. Pesar o adubo que cair no coletor

Após percorrer os 20 m, você deve coletar a quantidade de adubo que cair no coletor e pesar. 

Digamos que você pesou e viu que tem 60 g de adubo. Logo:

60 g/ 20 m = 3 g/ m

6. Verificar se os valores dos itens 3 e 5 estão batendo 

Como vimos no nosso exemplo hipotético, a quantidade que a máquina está aplicando é menor que a desejada para o plantio de trigo

Sendo assim, deve-se aumentar a abertura do mecanismo dosador e repetir o processo até que os valores se igualem. 

Mesmo que você tenha experiência na área, é válido fazer esse processo. 

Lembre-se que a adubação correta no momento do plantio de trigo vai garantir uma boa produtividade ao final da safra. 

Como regular sementes da semeadora?

Assim como para o adubo, a regulagem da semeadora é de acordo com o número de sementes.

É recomendado que você faça o cálculo da quantidade de sementes de trigo para que sejam distribuídas cerca de 300 a 330 sementes aptas por m². 

E quais os passos necessários para calibrar a máquina? Veja a seguir!

1. Calcular o comprimento de sulco por hectare

Essa etapa é a mesma para o cálculo de adubo, recapitulando:

Metros/ha =  10 000 m²/ha           
                  espaçamento (m)

Para trigo, o espaçamento da linha de plantio é de 17 cm. Sendo assim, o cálculo será:

                                          Metros/ha =  10 000m²/ha = 58 823,5 m sulco/ha
                        0,17 m

2. Calcular a quantidade de sementes a ser distribuída por hectare

Vamos considerar que serão 300 plantas/m², com poder germinativo de 90%. Sendo assim, deve-se calcular:

sementes/m² = 300 x 0,9 = 330 sementes/m² ou 3 330 000 sementes/ ha

Supondo que o peso de 1000 sementes seja de 40 g, deve-se calcular a quantidade de sementes em kg/ha:

kg/ha = 3 330 000 x 40 = 133,2 kg/ha

3. Calcular o peso de semente por metro de sulco

Se teremos 133,2 kg/ha, devemos calcular quanto será necessário para  58 823,5 metros de sulco. 

133 200 g / 58 823,5 m =  2,26 g/metro linear 

4. Coletar as sementes 

Assim como na regulagem para adubo, nesse passo você precisa conhecer a quantidade de sementes que a máquina está calibrada a dosar em um determinado espaço percorrido. 

Por isso, coloque a alavanca de regulagem em uma posição pré-determinada e um recipiente coletor sob as linhas a serem testadas. 

5. Deslocar uma distância conhecida 

Digamos que você decida percorrer novamente uma distância de 20 m. 

6. Pesar as sementes que caírem no coletor

Após percorrer os 20 m, colete a quantidade de sementes que caírem no coletor e pese. 

Digamos que você pesou e viu que tem 50 g de sementes. Logo:

50 g/ 20 m = 2,5 g/ metro linear

7. Verificar se os valores dos itens 3 e 6 estão batendo 

O valor determinado de peso de sementes está abaixo daquele que a máquina está dosando. 

Por isso, nesta situação recomendo que diminua a abertura do mecanismo dosador e repita o processo até que os valores se igualem. 

Todo o processo de regulagem tanto para adubo como para sementes é bastante simples, mas se você deixar esta etapa de lado, corre o risco de ter prejuízo. 

Conclusão

Como vimos até aqui, são passos simples, seis paro o adubo e sete para as sementes, que você precisa seguir para realizar a regulagem correta da semeadora-adubadora. 

E sabemos que isso está diretamente relacionado com a produção final da lavoura.

Então, vale a pena segui-los para evitar erros e ter uma melhor produtividade na sua lavoura de trigo.

>> Leia Mais:
Como fazer a regulagem de plantadeira de soja e garantir a lavoura
Plantadeira de milho: Quais são as melhores e outras dicas de uso
Como otimizar sua lavoura com pulverizador autopropelido

E você, tem alguma dica sobre como regular plantadeira de trigo? Restou alguma dúvida? Deixe o seu comentário abaixo!

Alternativas ao Paraquat de dessecar soja para colheita

Dessecar soja: Entenda por que o produto foi proibido, quais as normas para o processo de transição e as perspectivas do mercado para novos substitutos. 

Atualmente, o herbicida Paraquat vem sendo largamente utilizado no Brasil, sendo um dos oito fitossanitários mais comercializados no país. 

Esta intensa comercialização se deve à sua utilização em 11 culturas para manejo de plantas daninhas e dessecação de culturas, com objetivo de facilitar a colheita mecanizada.

No entanto, mesmo apresentando ótimos resultados na lavoura este produto causa um risco elevado para a saúde do aplicador.

Se você quer saber mais sobre a situação atual deste produto para dessecar soja e quais são as perspectivas caso ele realmente seja proibido, confira a seguir!

Para que serve o Paraquat?

O Paraquat é um herbicida que atua no processo fotossintético das plantas, impedindo o transporte de elétrons e formando radicais livres que são extremamente tóxicos às plantas, o que causa necrose dos tecidos. 

Este herbicida possui ação não seletiva (atinge todas as plantas) e é utilizado para o controle de plantas daninhas em pós-emergência. 

Indicado para controle de folhas largas – até 4 folhas – e de gramíneas de até 3 perfilhos (provenientes de sementes) ou usado na última aplicação do manejo sequencial de plantas perenizadas.  

Além disso, é amplamente utilizado como dessecante na pré-colheita de algumas culturas, com o objetivo de remover ramos e folhas verdes e uniformizando a maturação. 

Essa dessecação é uma prática que facilita a colheita mecanizada. 

Assim, o Paraquat é um dessecante muito eficiente e com ação rápida (sintomas aparecem em até 30 min após aplicação) e por não se translocar pela planta, possui baixos riscos de contaminação dos grãos ou fitotoxidade em sementes. 

dessecar soja

Nos cloroplastos, o Paraquat atrapalha a fotossíntese
(Fonte: Paraquat Information Center)

Por que o Paraquat foi proibido no Brasil?

Por volta de 2008, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) iniciou o processo de reavaliação de 14 fitossanitários utilizados no país, dentre esses o Paraquat. 

Após uma série de estudos, em 2017 a Anvisa relatou que este produto pode causar danos à saúde do aplicador, pois aumenta o risco da doença de Parkinson e pode causar mutações em células, além de apresentar alta toxicidade aguda. 

Devido a isto, por meio da RDC Nº 177, de 21 de Setembro de 2017 foi decidido proibir a produção, importação, comercialização e utilização de produtos técnicos e formulados à base do ingrediente ativo Paraquat. 

Porém deixando um prazo de três anos com uso controlado da molécula, para que as empresas pudessem contrapor a decisão com novos estudos e o setor produtivo tivesse tempo de encontrar novas alternativas. 

Entretanto, durante esse período de transição foram proibidas algumas modalidade de uso:

  • Produção e importação de produtos formulados em embalagens de volume inferior a cinco litros;
  • Utilização nas culturas de abacate, abacaxi, aspargo, beterraba, cacau, coco, couve, pastagens, pêra, pêssego, seringueira, sorgo e uva; 
  • A modalidade de uso como dessecante; 
  • Aplicações costal, manual, aérea e por trator de cabine aberta. 

Medidas preventivas e período de pesquisas

Durante o período de transição as empresas ampliaram seu programas de treinamento e capacitação para diminuir o risco do produto. 

Assim, se uniram em uma Força Tarefa do Paraquat, visando implementar essas medidas preventivas e realizar mais estudos para contrapor a decisão da Anvisa. 

Veja mais neste vídeo do canal da AB AgroBrasil:

Outro ponto é que todo produtor que fosse utilizar o Paraquat, seria necessário assinar um termo de responsabilidade, reconhecendo e assumindo os riscos do uso do produto.  

Após o período de três anos, que se completa no dia 22 de setembro de 2020, caso as empresas não consigam apresentar novos estudos que contraponham à decisão da Anvisa, ficará realmente proibido o uso de Paraquat no Brasil. 

Assim, será responsabilidade das empresas recolher todos os estoques do herbicida em poder de revendas ou produtores para que o produto seja efetivamente retirado do mercado.

Isso deve acontecer no prazo máximo de 30 dias após a data de proibição

Logo após esse período, os órgãos de fiscalização do governo pretendem realizar fiscalizações nos estabelecimentos e fazendas e, caso encontre estoques do produto, poderá aplicar multas ao responsável.

Por que o Paraquat fará falta para dessecar soja?

No processo de maturação dos grãos, a planta envia nutrientes ao grão até que o mesmo atinja o ponto máximo de acúmulo de matéria seca, chegando ao ponto de maturidade fisiológica (cessando o transporte de nutrientes) no estádio R7 da cultura.  

A partir deste ponto, os grãos não vão mais se desenvolver nem crescer, mas não podem ser colhidos devido ao teor de umidade elevado (o que dificulta o armazenamento e o custo com secagem) e a presença de ramos e folhas verdes que atrapalham a colheita mecanizada.

Por isso, a aplicação de um herbicida que seque a planta rapidamente é fundamental para colher em condições melhores e não deixar o grão exposto a condições adversas. 

Este problema é agravado em regiões que têm histórico de excesso de chuvas na colheita, pois o produtor tem uma janela muito curta para não ter prejuízos com a elevada umidade nos grãos

dessecar soja

Dessecação pré-colheita da soja
(Fonte: Rehagro)

Herbicidas alternativos ao Paraquat para dessecar soja

Infelizmente, até o momento não temos produtos disponíveis no mercado com a mesma eficiência do Paraquat para realizar a dessecação da soja.

Por isso, muitas vezes será necessário associar mais de um produto (elevando os custos).

Outro ponto importante é que com a perda desta ferramenta o produtor terá que fazer um planejamento melhor do manejo de plantas daninhas, para que não ocorram escapes no momento da dessecação.

A incidência de plantas daninhas no momento da dessecação prejudica a cobertura das plantas e a ação do produto e, as plantas daninhas que não morrerem com essa aplicação, vão prejudicar o processo de colheita e aumentar a umidade dos grãos. 

Então, as principais alternativas disponíveis no mercado são:

  • Diquat na dose de 2 L/ha;
  • Saflufenacil na dose de 70 g/ha a 140 g/ha + adjuvante não iônico;
  • Glufosinato na dose de 2 L/ha + óleo;
  • Flumioxazin na dose de 50 g/ha.

Além dos herbicidas presentes no mercado, as empresas estão estudando novos herbicidas com características interessantes que talvez possam ter um melhor desempenho ao dessecar soja para colheita.  

Escapes de buva na soja dessecada

Escapes de buva na soja dessecada
(Fonte: Cooperalfa)

Conclusão

Vimos aqui a importância que o Paraquat tem no mercado brasileiro e por que os órgãos reguladores optaram por proibir sua utilização. 

Entendemos melhor como foi o processo de proibição e a nova regulamentação para o período de transição.  

Além disso, ressaltamos que se realmente ocorrer essa proibição, os produtores não poderão manter estoque do produto em sua fazenda. 

Quanto a outras alternativas, os herbicidas disponíveis no mercado possuem menor eficiência e menor custo, porém existem perspectivas de novos produtos a serem lançados. 

Você já testou alternativas para dessecar soja pré-colheita? Aproveite e baixe aqui a planilha gratuita para estimar sua produtividade de soja!

7 problemas e soluções para colheita de soja no Mato Grosso

Colheita de soja no Mato Grosso: respondemos as principais dúvidas para minimizar as perdas da lavoura durante esse processo. 

A soja é um dos principais carros-chefes da agricultura mato-grossense. Nesta safra 2019/20, bateu-se recordes de área, produção e produtividade. 

Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a produtividade e a área plantada de soja neste estado cresceram quase 10% nos últimos cinco anos

Já a produção total teve um aumento de quase 20% no mesmo período.

Mas com os altos custos de produção dessa safra de soja, cerca de 8% a mais que da safra anterior, minimizar as perdas é essencial.

Veja a seguir 7 problemas na colheita da soja no MT e como solucioná-los para maximizar os ganhos na propriedade!

Desafios da colheita de soja no Mato Grosso em 2020

Recentemente, o preço da saca esteve acima dos R$ 70 e aumentou as expectativas de renda. Ainda mais em um ano em que o custo médio de produção ficou perto dos R$ 4 mil por hectare.

colheita de trigo no mato grosso

Evolução do percentual de área colhida de soja em Mato Grosso
(Fonte: Canal Rural)

Sendo assim, o desafio enfrentado pelo produtor são as perdas na colheita, que variam entre 5% e 10% no Brasil e até 15% em casos extremos. 

Contudo, podem ser reduzidas a 1% tomando os cuidados necessários. 

Essas perdas na colheita de soja estão ligadas principalmente às regulagens na colhedora, chegando a representar até 80%.

Já as perdas pela formação e manejo da lavoura representam no mínimo 20% das perdas totais. O ideal recomendado é que não ultrapassem 60 kg ou uma saca por hectare.

No estado do Mato Grosso, a colheita da safra de soja é sempre uma atividade feita com uma janela curta de tempo, seja devido à segunda safra de algodão ou milho, ou ainda, pelas condições climáticas.

Listamos aqui os principais problemas na colheita de soja no Mato Grosso e como ficar atento para evitá-los ou solucioná-los. Confira!

Perdas devidas ao manejo e formação da lavoura

1. Plantas baixas

Plantas com porte baixo (abaixo dos 60 cm) favorecem a formação de vagens e de hastes muito próximas ao solo. 

Isso aumenta as chances de perda por conta da altura de corte da plataforma e a quebra de ramos e de vagens.

Solução

Ficar atento à época de semeadura e à população de plantas. 

Semeaduras tardias tendem a diminuir o tempo de vegetação das plantas e o porte delas, assim como a baixa população de plantas favorece esse processo.

2. Acamamento

Plantas deitadas não são recolhidas pela máquina, causando uma das maiores perdas na colheita. 

O uso de cultivares e população de plantas não adequados à colheita mecanizada podem gerar e agravar esse problema.

Solução

Populações de plantas maiores que as recomendadas tendem a aumentar o porte da lavoura, levando ao acamamento. 

Dessa forma, a solução aqui é usar a população e as cultivares corretas para a sua região.

3. Preparo do solo

O preparo incorreto do solo bem como a abertura de novas áreas podem gerar um relevo acidentado. 

Acidentes de relevo geram problemas na plataforma de corte das colhedoras, principalmente nas que possuem plataforma fixa.

Solução

Os preparos físicos e químicos corretos do solo permitem o melhor desenvolvimento da planta e aumentam a performance da colhedora, diminuindo assim as perdas.

4. Plantas daninhas

Temos dois problemas neste tópico, um relacionado à competição com as daninhas no início do ciclo da soja, o que causa baixo porte de plantas e pode gerar várias dificuldades na colheita relacionadas à altura das plantas. 

Outro problema é referente à infestação tardia das daninhas na lavoura. 

Isso faz com que a umidade permaneça alta por mais tempo, prejudicando a velocidade da colheita, exigindo maior velocidade do cilindro trilhador e maior altura de corte da plataforma. 

Desta forma, aumenta-se o dano mecânico aos grãos e a incidência de fungos, além da perda de vagens colhidas com a maior altura da plataforma de corte.

Solução

A melhor solução para isto é a prevenção. 

Um estande bem formado de plantas, com palha no solo e um bom controle de daninhas diminuem e muito as chances de se ter problemas com o mato no final do ciclo. 

Mas em outro caso, uma última saída é o controle do mato com alguma aplicação adicional ou a dessecação da soja.

Colheita de Soja no Mato Grosso: Perdas durante o processo

5. Corte e alimentação da colhedora

Mau posicionamento do molinete e alta velocidade aumentam a debulha das vagens e acamamento das plantas, as que não são recolhidas. 

Assim, cortes realizados acima dos 12 cm aumentam as perdas totais em 9% a 12%.

Solução

O uso de molinete com garras diminui as perdas por impactos (debulha das vagens), assim como a velocidade correta de rotação. 

Quanto à plataforma de corte, o melhor ajuste em relação ao solo, com altura média de 9 cm a 12 cm, diminui a quantidade de grãos perdidos.

6. Colheita de soja no Mato Grosso: Trilha

Alta velocidade de colheita e do cilindro debulhador intensificam a quantidade de material no cilindro trilhador. 

Assim, consequentemente se aumenta o número de vagens não debulhadas. 

Já a baixa velocidade de colheita, sendo que a quantidade de material no cilindro é pequena, aumenta-se a chance de injúrias nos grãos.

Solução

A velocidade correta da colhedora diminui em grande parte as perdas na trilha, assim como a umidade correta dos grãos durante a colheita, já que diminui as chances de injúrias. 

colheita de soja no mato grosso

(Fonte: Mato Grosso Econômico)

7. Separação e Limpeza

Outro fator importante para a colheita de soja no Mato Grosso e em outros estados é que a velocidade excessiva do saca palhas, regulagem inadequada das peneiras e do ventilador também provocam perdas de grãos.

Solução

A velocidade correta do cilindro debulhador, que controla a palha que vai para o saca palhas, assim como a regulagem correta das peneiras e do ventilador reduzem as perdas na separação e limpeza dos grãos na colhedora.

Otimize a colheita de soja para evitar problemas

A performance da colheita da soja depende em grande parte do planejamento de todo o ciclo da lavoura. 

O momento da semeadura é de grande importância pois a população de plantas utilizada e a cultivar vão ditar o porte e a altura das vagens, o que influenciará diretamente nas perdas durante a colheita. 

Também devem ser levados em consideração a adubação correta e o manejo do solo, que influenciam diretamente nas perdas, como vimos acima. 

Com tudo isso em mente, sabe-se que o planejamento é o principal meio de diminuir as perdas na colheita.

Pensando nisso, com o uso de um software é possível acompanhar os históricos das áreas, planejar e criar alertar para aplicações e manutenção das máquinas. 

O software Aegro, por exemplo, possui todas as ferramentas para que os produtores possam planejar toda a safra, do plantio, caixa da fazenda, até a colheita!

Colheita Aegro

Planejamento e registro da atividade da colheita pelo aplicativo do software Aegro

planilha para estimativa de perdas na colheita Aegro

Conclusão

Neste texto, vimos onde acontecem as principais perdas na colheita de soja no Mato Grosso e em outras regiões. 

Mostramos também como o planejamento é fundamental para diminuir essas perdas que podem chegar em até 15% nas propriedades rurais.

A diminuição das perdas na colheita pode ser revertida sem o aumento dos gastos e isso impacta diretamente na lucratividade dentro da fazenda.

Dessa forma, o aumento dos lucros na propriedade eleva também a competitividade do setor frente ao mercado internacional, mostrando cada vez mais a grandeza do agro brasileiro.

Tem mais dúvidas quanto à colheita de soja no Mato Grosso? Quer compartilhar suas experiências com a gente? Deixe o seu comentário abaixo!

Qual a relação entre clima e agricultura?

Relação entre clima e agricultura: entenda a seguir sobre os principais fatores climáticos que influenciam nas nossas lavouras.

Não tem como falarmos de agricultura sem falar do clima. Quase tudo o que acontece no ambiente agrícola depende direta ou indiretamente dele.

É só analisar as práticas agrícolas de plantio e colheita, por exemplo. Só se realiza o plantio se houver condições climáticas ideais para aquela cultura se desenvolver. 

Já quando falamos de colheita de campos de produção de soja ou milho, o ideal é que no final do ciclo não haja oscilações na umidade do grão. Isso é mais garantido quando essa etapa coincide com épocas mais secas.

Veja neste artigo a relação entre clima e agricultura no plantio e na colheita, além dos impactos das mudanças climáticas e ferramentas para um planejamento agrícola de precisão.

Como o clima pode interferir na atividade agrícola?

O clima é fundamental para a agricultura, pois dele dependem a maioria das práticas agrícolas.

Um dos principais fatores que são influenciados pelo clima é o zoneamento agrícola. Todas as culturas possuem um para a sua produção.

Em um zoneamento agrícola são levados em consideração o clima, o solo e o ciclo das cultivares a fim de definir os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que podem ocasionar perdas na produção agrícola. 

A temperatura e a umidade são os fatores que mais podem afetar a produtividade das lavouras. 

Isso porque cada cultura tem uma condição específica na qual se desenvolve melhor e, que não depende apenas da estação do ano mais adequada para aquele cultivo, mas sim da temperatura e precipitação mais favoráveis.

Assim, é muito importante saber relacionar os dados que temos em mãos, para tomar a melhor decisão sobre os tratos culturais como plantio, irrigação e a colheita.

Zarc Embrapa

Zoneamento agrícola da cultura de milho realizado pela ferramenta Zarc
(Fonte: Embrapa)

Relação entre clima e agricultura: Clima ideal para plantio

Como vimos, cada cultura tem uma condição ideal para que sua germinação, emergência e desenvolvimento ocorram da melhor forma possível.

Para o milho, por exemplo, a melhor temperatura para germinação está entre 32 e 35°C, já para a soja, esta temperatura é de 32°C

Lembre-se que temperatura e umidade são fundamentais para a germinação das sementes, pois quanto mais tempo demorar para a semente germinar, mais sujeita ela estará a condições adversas.

A soja se desenvolve melhor em regiões onde as temperaturas ficam entre 20 e 30ºC, com temperatura ideal para o desenvolvimento em torno de 30°C. 

Já, quando pensamos nas exigências hídricas das culturas, nos referimos à quantidade de água que a cultura precisa durante todo o seu ciclo.

Para soja, por exemplo, a demanda hídrica fica entre 450 e 850 mm, dependendo das variações do clima. Para a cultura do milho, este valor fica ao redor de 650 mm.

Vale lembrar que a quantidade de água é importante, porém, ela precisa acontecer nas épocas adequadas, de acordo com a exigência da cultura.

>> Leia mais: “Como ocorre e quais os efeitos do estresse hídrico nas plantas”

Relação entre clima e agricultura: Clima ideal para colheita

A colheita de grãos como a soja e o milho deve ocorrer na época adequada.

O principal fator que leva a perdas nestas culturas é a umidade do grão. Em soja, os grãos devem ser colhidos com umidade entre 13% a 15%.

Entendemos esse fator como o ponto de colheita ideal, pois a partir deste momento os grãos estarão sujeitos a perdas. 

Caso seu objetivo seja a produção de sementes de soja, este fator é ainda mais importante, pois a partir do momento que se atinge a maturidade fisiológica e que o ponto de colheita é alcançado, as sementes ficam sujeitas às adversidades do clima, o que pode reduzir viabilidade e vigor.

Assim, em torno de 15 dias antes da colheita, comece a monitorar a umidade da semente e quando atingir 15% você já pode iniciar.

Para a colheita, dê preferência ao período da manhã, pois é quando se tem temperaturas mais amenas e a umidade do ar mais elevada, ajudando a reduzir as perdas.

Como a seca interfere na agricultura

A falta ou excesso de água prejudicam todas as culturas. Porque assim como vimos, cada etapa da cultura necessita de uma quantidade de água ideal.

A água é um fator fundamental em todas as etapas, desde a germinação até a maturação das sementes.

A falta do recurso natural no início do plantio pode afetar a germinação das sementes, pois a quantidade deve ser suficiente para todo o processo de embebição, ativação da respiração, indução do crescimento e protrusão da raiz primária. 

Por outro lado, a falta de água durante o desenvolvimento da planta reduz a área foliar, a taxa fotossintética, que por consequência leva a um menor acúmulo de fotoassimilados e ao menor desenvolvimento das sementes. 

Como resultado, a ocorrência de seca durante o florescimento das culturas leva à redução do número de sementes.

Impacto das mudanças climáticas na agricultura

Alguns estudos já foram e outros estão sendo realizados para analisar os impactos econômicos das mudanças climáticas na agricultura.

Esses estudos mostram a redução de produtividade das principais culturas afetadas pelo aumento da temperatura ou alteração no ciclo da água.

No caso do milho, o principal fator é o menor período para o enchimento dos grãos. Já no caso da soja, as perdas são relacionadas ao menor ciclo de cultivo, reduzindo também o período de enchimento de grãos.

Veja nas tabelas abaixo o impacto das mudanças climáticas nas atuais áreas de “baixo risco” adequadas ao cultivo.

relação entre clima e agricultura

RECE – Relatório Especial sobre os Cenários de Emissões
(Fonte: Margulis et al., 2010)

relação entre clima e agricultura

(Fonte: Banco Mundial)

Planejamento climático de precisão

Depois de tudo que vimos neste artigo, sabemos como é importante fazer o planejamento da lavoura levando em consideração as condições climáticas.

Para isso, deve-se alinhar cada vez mais o clima com a agricultura, contando com ferramentas que auxiliem na tomada de decisão.

Hoje, já é possível ter acesso a diversas informações sobre o clima de sua propriedade. Você pode usar diversos aplicativos para isso, como por exemplo, o Aegro que é integrado com o Climatempo. 

No software de gestão rural, além de ter o controle das operações da fazenda, é possível ter acesso aos seguintes dados meteorológicos:

  • Previsões de 24h (temperatura, velocidade e direção do vento);
  • Previsões de 15 dias (janela de pulverização, temperatura, probabilidade e precipitação de chuva, umidade e evapotranspiração, vento e rajada);
  • Históricos de 1 mês (pluviométrico, precipitação e precipitação acumulada).
Integração Climatempo Aegro

Com essa integração do Aegro, é possível gerar uma série de relatórios

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

Durante o texto, você pode acompanhar as principais relações entre o clima e a agricultura.

Vimos que as condições climáticas afetam as práticas culturais e como mudanças climáticas poderão causar prejuízos dependendo da cultura. 

Cada vez mais o planejamento da lavoura é essencial, passamos da fase de estações ideais para o plantio e agora a análise de cada dado coletado é fundamental para as tomadas de decisão. 

>> Leia mais:

Como prevenir a perda de grãos por geada

“A influência da lua na agricultura: verdades e mitos”

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Trigo: o que você precisa saber sobre a produção da cultura

Atualizado em 06 de junho de 2022.

Trigo: entenda os pontos principais da produção, sua origem, características, ciclo, classificações, diferentes tipos e mais!

O trigo (Triticum aestivum L, Triticale sp, Triticum durum) é uma gramínea pertencente à família Poaceae, sendo cultivado em todo o mundo. É a segunda maior cultura de cereais, ficando atrás do milho e à frente do arroz.

Seu grão é utilizado amplamente na alimentação humana, desde a farinha de trigo para o pão até como ingrediente na fabricação de cervejas. Além disso, também compõe a alimentação animal.

Hoje, a cultura do trigo ocupa 20% da área cultivada mundial e a produção gira em torno de 500 milhões de toneladas por ano. 

Neste artigo, entenda as classificações e tipos, além de aspectos importantes da produção desse cereal. Acompanhe!

Origem do trigo

O trigo é uma cultura de grande importância econômica e alimentícia, fazendo parte da dieta de grande parte da população mundial. Além de ser uma fonte de energia (carboidrato), é rica em vitaminas e minerais essenciais como do complexo B, potássio, magnésio e fósforo.

É uma gramínea originada e domesticada no Médio Oriente, mais especificamente no “Crescente Fértil”, zona geográfica que abarca o trecho africano e asiático do local (antiga Mesopotâmia).

Essa cultura é

Inicialmente, era consumido em grãos, em uma espécie de papa, junto a peixe e frutas. Por volta de 4.000 a.C., o processo de fermentação do trigo foi descoberto, dando origem aos primeiros pães.

Da Mesopotâmia, espalhou-se pelo mundo, com relatos de que, por volta de 2.000 a.C, os chineses já utilizam o trigo para produção de farinha, pães, macarrão. De lá chegou à Europa e depois à América.

O trigo no Brasil chegou provavelmente em 1534, com Martim Afonso de Souza, que o introduziu em uma região que hoje é parte de São Paulo.

Produção de trigo no Brasil

Para a safra 2021/2022, a produção de trigo no Brasil está estimada em 8,1 milhões de toneladas, um aumento de 5,9% em relação à safra passada, segundo dados da Conab. Já a importação de trigo deve chegar a 6,5 milhões de toneladas.

No Brasil, as principais áreas de cultivo de trigo são o Rio Grande do Sul e o Paraná, tanto em área quanto em volume de produção. O tamanho da área plantada no país todo deve crescer em torno de 3%, com 2,8 milhões de hectares produtivos, ainda conforme a Conab. 

A produção do trigo brasileiro começou em São Paulo, mas aos poucos foi migrando para a região Sul. Atualmente, São Paulo é o terceiro maior produtor do Brasil.

Regiões produtoras de trigo no Brasil

(Fonte: Conab)

Nos últimos anos, o Cerrado vem crescendo na produção do trigo. Isso tem acontecido devido a pesquisas desenvolvidas pela Embrapa, tanto para cultivo irrigado quanto em sequeiro.

A cotação de preço do trigo, com base no Paraná e Rio Grande do Sul, pode ser acompanhada diretamente pelo site do Cepea e pela tabela abaixo:

Importação: de onde vem o trigo consumido no Brasil

A maior parte do trigo importado para o Brasil vem da Argentina, principalmente devido à melhor qualidade dos grãos produzidos. Eles são mais adequados para a fabricação de pães.

Isso acontece porque o Brasil, com toda sua extensão agrícola, não consegue produzir trigo para suprir a demanda interna. Essa incapacidade é devida a dois principais fatores: produção nacional e qualidade industrial para panificação.

A produção nacional atende apenas parte da demanda interna, cerca de 8 milhões de toneladas. Porém, o consumo nacional está acima de 12 milhões de toneladas. Por isso, o Brasil ainda importa cerca de 6,5 milhões de toneladas.

Porcentagem de trigo nacional e importado

(Fonte: Abitrigo)

A produção nacional caminha para produzir a quantidade consumida internamente. Aliada a isso, está a melhora na qualidade do trigo produzido.

Através de estudos e investimentos, a Embrapa vem desenvolvendo novas cultivares de trigo para a região do Cerrado brasileiro. Estas cultivares apresentam bom desempenho em campo.

Associadas a um ambiente de cultivo favorável, as cultivares produzem grãos com ótima qualidade industrial. Além disso, possuem grão melhorador, elevada força de glúten e estabilidade na produção. Esses são fatores importantes para a  indústria de panificação.

Acredita-se que a produtividade média de alguns materiais possa ser em média 70 sacas por hectare.

Características do trigo

As plantas de trigo têm folhas finas, planas e compridas. Elas são ligeiramente ásperas, com bainha invaginante, e sua quantidade pode variar entre 6 e 9. O fruto (ou grão) é oval, entumecido e tenro.

As raízes da planta são fasciculadas, e podem atingir até 1,5 m. Os colmos são eretos e cilíndricos, com 5 a 7 nós. Além disso, há a presença de perfilhos que nascem paralelos à base principal da planta.

A inflorescência é uma espiga composta, formada por 15 a 20 espiguetas alternadas, cada uma com 2 ou 3 grãos. Essas espiguetas são formadas por um conjunto de 3 a 5 flores. Vale lembrar que não são todas as flores que se tornam frutos.

Estrutura da planta  em ilustração.

Exemplo de uma planta de trigo

(Fonte: Adaptado de UFSM)

Benefícios do trigo

O trigo é um carboidrato altamente energético para o corpo. Proteínas, gordura, fibra e minerais também estão presentes na composição do trigo. Há minerais presentes nos grãos, como o fósforo, cálcio, ferro e vitaminas como B1 e B2.

Beneficios nutricionais do trigo (grão, germe e farinha)

(Fonte: adaptação da autora)

Existe uma série de benefícios nutricionais do trigo, e esses benefícios variam conforme a forma do cereal. Veja mais detalhes:

  • Grãos: são ricos em uma substância denominada lignana, que auxiliam no fortalecimento do sistema imunológico;
  • Gérmen: apresenta minerais como zinco, cálcio e vitaminas como ácido fólico e vitamina E, que ajudam a combater os radicais livres e na metabolizar glicose, além de auxiliar no sistema circulatório;
  • Farelo: rico em fibras que ajudam no funcionamento do intestino;
  • Farinha integral: com a presença de fibra e proteína, seu consumo auxilia na digestão e no ganho de massa muscular;
  • Farinha branca: por retirar a casca e o gérmen, é um alimento pobre em vitaminas e fibras, mas fornece energia para o corpo de forma rápida.

Tipos de trigo

O trigo pode ser classificado de acordo com 4 aspectos: espécie, época de plantio, dureza dos grãos e tipo de farinha.

Quanto à época de plantio, podemos classificar em cultivares de inverno (que necessitam de mais horas de frio) e cultivares de primavera.

Quanto à dureza, classifica-se em trigo duro (com grãos de amido que não quebram na moagem) e mole (com grãos de amido que quebram durante a moagem).

Também temos classes de trigo e farinha, que variam em sua utilização e valor nutricional. 

No Brasil, a farinha industrial é a mais vendida, principalmente para padarias e supermercados.

A qualidade do trigo e das farinhas é regulamentada pela instrução normativa nº 38 de 2010. Dentre os parâmetros avaliados estão: glúten, cor, dureza, número de queda, absorção, peso hectolítrico e tipo.

Dessa forma, o trigo é dividido em tipos para comercialização, como mostra a figura abaixo. 

Ilustração que mostra os diferentes tipos de trigo, divididos em tipos de comercialização.

Tipos de trigos – Anexo IV – IN 38

(Fonte: Adaptado da cartilha “O triticultor e o mercado”)

Existem três tipos principais de trigo: Triticum aestivum L, Triticum turgidum L e Triticum monococcum L. O nome da planta de trigo é Triticum spp. Por meio da evolução e domesticação foram surgindo outras espécies.

A hibridização e a seleção pelas pessoas originou a espécie de trigo mais utilizada hoje: Triticum aestivum L. ou trigo comum. Veja um pouco mais sobre essas espécies:

Trigo comum – Triticum aestivum L 

É a espécie mais cultivada no mundo, representando 80% da produção mundial. No Brasil não é diferente.  É utilizada, principalmente, para a fabricação de pães. 

Outra espécie bem semelhante à espécie comum é o T. compactum – ou trigo clube – bastante usado na fabricação de bolos e bolachas não crocante, pois possui menos glúten.

Para produzir o trigo mais consumido, é feito um processo de moagem. Na moagem, o endorsperma do grão é retirado, e dele é originada a farinha branca. Esse endosperma representa 75% do trigo.

Trigo Durum – Triticum turgidum L

A espécie tem alto conteúdo de glúten e por isso confere maior firmeza após o cozimento.  

É ele que dá origem à semolina (resultado da moagem incompleta de cereais).  Esse tipo é indicado para massas, triguilho e cuscuz, além de alguns pães.

Trigo Einkorn – Triticum monococcum L 

Considerado como uma espécie ancestral, pode ter dado origem às espécies cultivadas. 

Embora ainda seja cultivado em regiões específicas do mundo, essa espécie tem despertado interesse por produzir um glúten menos alergênico e seria uma alternativa para os celíacos. 

Plantio de trigo

Para a região Sul, principal produtora, o plantio deve ocorrer entre abril e agosto, dependendo do estado. Na região Sudeste, a janela é mais restrita: entre março e maio.

O plantio deve seguir as recomendações do zoneamento agroclimático para a cultura. Este zoneamento considera alguns aspectos importantes para o melhor desempenho da cultura, entre eles as condições climáticas.

As plantas de trigo, por via de regra, se desenvolvem melhor entre 15 ℃ a 20 ℃ . A umidade também é um fator importante, com disponibilidade hídrica que pode variar de 120 mm no início do desenvolvimento até 40 mm nos meses de perfilhamento e espigamento.

Vale ressaltar que as condições climáticas e tipo de solo são fatores que interferem diretamente no desenvolvimento das plantas. Por isso ocorre variação de época de plantio e de colheita.

Calendário de plantio de trigo por região do Brasil

Calendário de plantio e colheita do trigo

(Fonte: Adaptado de Conab)

Quando tempo dura o ciclo do trigo 

O ciclo de produção do trigo pode durar, em média, de 100 a 170 dias. Essa variação é devida a cultivar empregada e as condições edafoclimáticas (clima e solo).

Cada fase do desenvolvimento tem uma faixa ideal de temperatura. A variação pode definir a rapidez do ciclo, por exemplo, bem como a passagem de um estádio para outro

Além disso, durante o ciclo, a adubação é essencial. A ureia agrícola é um dos principais fertilizantes utilizados no trigo. Afinal, a ureia é um dos adubos nitrogenados disponível com menor custo.

Ilustração das fases do desenvolvimento do cereal

Estádios de desenvolvimento de cereais conforme a escala de Feekes (1940)

(Fonte: Livro “Trigo: do plantio à colheita”)

De modo geral, o ciclo de produção do trigo acontece em cinco fases:

  • Germinação e crescimento da plântula: nesta fase, a quantidade de água no solo tem que ser adequada para que a semente consiga iniciar os processos metabólicos. Esses processos darão origem à radícula, parte aérea das plantas, e primeiras folhas;
  • Afilhamento: após a abertura das folhas, começa o processo de perfilhamento. Os perfilhos/afilhos nascem em quantidade variável dentre as cultivares;
  • Alongamento: os nós dos colmos se tornam visíveis nesta fase, as plantas crescem e adquirem mais folhas (formação da folha bandeira, a última da planta). Com o final desta fase, termina o período vegetativo com o “emborrachamento”;
  • Espigamento: esta fase inicia no surgimento total da espiga até o enchimento dos grãos, passando pela floração e frutificação;
  • Maturação: a fase final se dá pela maturação dos grãos, que inicialmente estão no estado de grão leitoso, depois de grão em massa e por último grão maduro, pronto para colheita.

Colheita 

A colheita do trigo ocorre entre agosto e dezembro e pode ser feita com colheitadeiras que colhem e já descascam o grão em simultâneo, deixando-os prontos para o transporte e armazenamento. Ela acontece cerca de 110 a 120 dias após o plantio.

Para que a colheita possa acontecer, o teor de umidade dos grãos deve estar entre 15% e 13%. Além disso, a espiga deve estar dobrando, os grãos devem estar duros e as plantas, amareladas.

Conclusão

Embora não seja produzido em todo país, o trigo é consumido por quase todo território nacional, portanto, a demanda interna não é suprida pela produção. Assim, importamos boa parte do que é consumido por aqui.

Neste artigo, você entendeu melhor as especificidades da cultura e alguns cuidados relacionados à plantação de trigo.

Quanto à questão agrícola, a escolha das cultivares adequadas e um bom manejo contribuem para uma boa produção e um produto de qualidade. 

Escolha bem e faça um bom planejamento agrícola antes de iniciar esse cultivo!

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Foto da redatora Carina, no meio de uma plantação

Atualizado em 06 de junho de 2022, por Carina Oliveira.

Carina é engenheira-agrônoma formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Sistemas de Produção (Unesp), e doutora em Fitotecnia pela Esalq-USP.