Deficiência de boro na soja: Importância para a lavoura, acompanhamento nutricional e melhores fontes de adubação.
Grande parte do cultivo de soja no país ocorre em solos de baixa fertilidade, o que demanda elevadas doses de fertilizantes e corretivos.
Assim, o rendimento de grãos de soja tem forte relação não só com os macronutrientes, mas também com os micros, como o boro que possui função de maximizar a produção.
Mas, para isso, precisamos disponibilizar esse nutriente em quantidades adequadas e em épocas críticas.
Saiba a seguir como identificar a deficiência de boro na soja para maior rentabilidade na lavoura.
Nutrição de plantas: Como evitar a deficiência de boro na soja
Para entendermos mais sobre o boro (B), precisamos conhecer alguns pontos a respeito da nutrição de plantas.
O solo conta com uma grande quantidade de nutrientes que podem ser classificados como: essenciais, benéficos ou até mesmo tóxicos.
As plantas absorvem esses nutrientes do solo e os transformam em compostos que garantem seu crescimento, desenvolvimento e produção.
Nutrientes essenciais são aqueles que atuam em algum processo fisiológico da planta e que, em sua ausência, ela não completa seu ciclo de vida.
Por isso, para uma boa produtividade, todos os nutrientes essenciais devem estar presentes.
Mas, lembre-se: nem todos os nutrientes presentes são essenciais! De modo geral, eles são 14 e são divididos entre macronutrientes (N, P, K, Ca, S e Mg) e micronutrientes (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn).
O que classifica um nutriente nessas categorias é a quantidade exigida pelas plantas. Ou seja, os micronutrientes são exigidos em menores quantidades, mas isso não os faz menos essenciais que os macronutrientes.
No solo, o pH é um dos fatores de maior influência na disponibilidade dos micronutrientes, como você pode notar na figura abaixo:

Variação na disponibilidade de micronutrientes em função do pH
(Fonte: Malavolta, 1979)
Agora que falamos sobre a importância geral dos nutrientes, vou explicar a importância do boro para a soja.
Importância do boro para a soja
O boro (B) é um micronutriente associado à síntese de compostos como o DNA e RNA, proteínas e fitohormônios.
Ele atua juntamente com o cálcio (Ca) na formação da parede celular; auxilia no processo de germinação do tubo polínico; e na divisão celular.
Além disso, estimula o desenvolvimento e crescimento radicular e o transporte de açúcares na planta.
Sua absorção, transporte e redistribuição ocorrem enquanto o boro se encontra na forma de ácido bórico (H3BO3), que é a principal forma encontrada no solo.
Uma vez absorvido pela planta, o transporte interno acontece de forma unidirecional, via xilema, do solo para a parte aérea, graças à transpiração das plantas.
Isso faz com que a concentração desse nutriente, independente da dose aplicada, seja maior nas folhas, vagens e sementes, respectivamente. Veja:

Efeito de diferentes doses de boro aplicado ao solo em sua distribuição na parte aérea de Brassica napus L.
(Fonte: Gerath et al., 1975, em Marchner, 1986)
Por isso, ainda há controvérsias a respeito da aplicação foliar desse nutriente devido à baixa mobilidade no floema e ao elevado custo operacional.
A baixa mobilidade faz com que os sintomas de deficiência de boro sejam visíveis primeiro nos órgãos mais novos e regiões de crescimento das plantas.
Sua correção no sulco de plantio é de extrema importância para garantir maior rentabilidade.
Como identificar a deficiência de boro na soja
A deficiência de boro na soja ocorre primeiro em folhas mais jovens e meristemas apicais.

Deficiência de boro na soja são observados nas folhas novas. Elas ficam grossas, enrugadas, com alguma clorose internerval e pontas enroladas para baixo. Os internódios também podem ficar encurtados.
(Fonte: Plantix)
Para evitarmos a deficiência, o primeiro passo é fazer a análise de solo e a correção das áreas.
Outra técnica que podemos adotar é a análise química das plantas. É uma alternativa para acompanhar a nutrição e identificar a deficiência de B na lavoura.
Para obtermos melhores resultados, as amostras da análise precisam ser muito bem padronizadas!
Por isso, devemos escolher folhas que já atingiram o ponto de maturação fisiológica, ou seja, estão em seu máximo desenvolvimento.
Na cultura da soja, o ponto máximo de acúmulo de nutrientes ocorre no início do florescimento (R1).
Então, da mesma forma que fazemos nas análises de solo, precisamos coletar aleatoriamente amostras de folhas na lavoura.
Para a amostragem, coleta-se a 3ª e/ou 4ª folha trifoliolada da haste principal, sem o pecíolo.
Lembrando que a contagem das folhas se inicia no ápice, sendo a primeira folha aquela trifoliolada completamente expandida. Veja na figura abaixo:

Terceira e quarta folhas trifolioladas que podem ser utilizadas para a análise química (R1)
(Fonte: DRIS)
Quanto mais folhas coletarmos, mais representativa ficará a amostragem.
A quantidade de folhas a serem coletadas e enviadas para análise depende da homogeneidade da lavoura.
Diferentes tipos de solos, relevos e topografias, ou ainda diferentes manejos adotados, tornam a lavoura mais heterogênea, sendo necessário maior número de amostras.
Mas, de modo geral, a recomendação é que sejam coletadas pelo menos 30 folhas por hectare. Após isso, devemos interpretá-las!
Essa interpretação é feita com base na comparação com os valores-padrão estabelecidos para a cultura.

Interpretação de resultados dos teores nutricionais foliares de soja (R1)*. Valores referentes aos teores no terceiro ou quarto trifólio sem o pecíolo, coletado da haste principal
(Fonte: Embrapa Soja, 2013)
Deficiência de boro na soja: Fontes para adubação
Agora que conhecemos um pouco sobre a deficiência de boro na soja, podemos pensar em como manejar esse nutriente na cultura.
No mercado existe uma diversidade de produtos comerciais e fontes de boro para adubação de soja.
Elas diferem entre si pelo nível de solubilidade para influenciar na forma de aplicação desses fertilizantes.
Para a soja, a aplicação via solo no sulco de semeadura é a mais recomendada por não ser uma cultura responsiva à adubação foliar.
A aplicação do boro também pode ser feita via solo, na forma líquida, muitas vezes junto com a de herbicidas.
Isso garante uniformidade de aplicação, economia de tempo e de operações, sem interferir no controle das plantas daninhas.
Mas lembre-se que fontes muito solúveis podem causar toxicidade às plantas, então devemos optar pelas menos solúveis.

Diferentes fontes de boro, suas garantias e nível de solubilidade
(Fonte: adaptado de Vitti et al.)
Conclusão
Tanto os macros quantos os micronutrientes, como o boro, têm grande influência na produtividade da soja.
E, por isso, conhecer o comportamento no solo e a deficiência de boro na soja é essencial para adequarmos os manejos em busca da máxima produtividade.
Neste artigo também abordamos como fazer o acompanhamento nutricional da lavoura e quais as principais fontes e formas de aplicação desse micronutriente tão importante.
Espero que, com essas informações, você possa evitar a deficiência de boro na sua lavoura de soja!
>> Leia mais:
“Como fazer adubação potássica em soja”
“Cálculo de adubação para soja“
Você já teve problemas com deficiência de boro na soja? Conte pra gente nos comentários!