Quando e como usar as forrageiras em seu sistema de produção

Forrageiras: como fazer a semeadura, impacto na produtividade, principais espécies e mais!

O uso de forrageiras vem avançando no país, com produtores mais atentos aos benefícios dessas plantas para o sistema de produção.

Além de protegerem o solo e fornecer palha para o plantio direto, as forrageiras também ajudam a elevar a produtividade da lavoura. E isso, claro, traz reflexos à rentabilidade da fazenda!

Neste artigo, vou falar melhor sobre a cobertura do solo com forrageiras, como e quando utilizá-las. Confira a seguir!

O que são e como fazer a cobertura do solo com forrageiras

As forrageiras são plantas que têm como propósito proteger o solo, fornecer palha para o plantio direto e alimento para o consumo animal, podendo ser gramíneas ou leguminosas. No caso da alimentação animal, podem ser plantadas para pastagem ou colhida para ser servida como alimento posteriormente, como feno e silagem, por exemplo. 

Mas, para entendermos o impacto dessas culturas de cobertura nos nossos sistemas de produção, antes precisamos entender alguns pontos… Vamos lá! 

A agricultura em nosso país acontece basicamente em dois climas: tropical e subtropical

O clima subtropical está presente na região Sul e em parte do estado de São Paulo. Esse clima apresenta verões quentes e invernos mais frios, com chuvas mais bem distribuídas e, consequentemente, estações secas menos severas.

Já o clima tropical ocorre na maior parte do Brasil, pegando todo o Centro-Oeste, Norte, Nordeste e boa parte do Sudeste.

Ele tem como principais características verões quentes e chuvosos e invernos secos, com poucas diferenças de temperatura.

O clima tropical apresenta dois problemas para o uso do solo como agricultura: 

  1. Falta de água durante parte do ano, inviabilizando lavouras de sequeiro nesse período;
  2. Chuvas torrenciais, concentradas numa época do ano.

O primeiro problema é bem lógico e já conseguimos contorná-lo (de certa forma) com a segunda safra. 

Quanto ao segundo ponto, o problema é que as chuvas torrenciais têm alto potencial erosivo. E a única proteção contra erosão é o solo estar coberto.

Mas aí temos um terceiro problema: cobrir o solo num clima tropical é extremamente difícil.

Acredito que todos que trabalham nas antigas ou novas fronteiras agrícolas sabem como a palha “derrete” rapidamente no solo.

Isso acontece porque quando começa a estação das águas, a combinação de umidade e altas temperaturas são um “prato cheio” para os microrganismos do solo. Eles, literalmente, “devoram” a palha.

E em pouco tempo o solo está descoberto e sendo cultivado para a nova safra, o que gera uma combinação bem problemática.

Cobertura e proteção do solo

Uma planta precisa de basicamente três coisas para se desenvolver: luz, água e nutrientes, sendo os dois últimos adquiridos do solo. Daí já conseguimos ver a importância do solo para nosso sistema de produção.

A água retida no solo é perdida por transpiração (água que passa pela planta) e por evaporação (água perdida diretamente do solo para a atmosfera). A palha das forrageiras diminui a água perdida por evaporação, ou seja, água que sai do sistema sem “produzir”.

Outro objetivo de se manter o solo coberto é diminuir o impacto das gotas de chuva que desagregam o solo e, quando escorrem, levam essas partículas embora (erosão).

As partículas superficiais do solo perdidas pela erosão são valiosas, pois nelas estão a maior parte dos nutrientes. Se compramos e aplicamos nutrientes ao solo, eles são perdidos: é, literalmente, jogar dinheiro fora!

Gráfico mostra detalhes da extração de nutrientes
Extração total de N, P, K, Ca, Mg e S, em kg ha-1, alteradas pela quantidade de palha na superfície
(Fonte: Sá et al, 2010)

Note na figura acima que, quanto mais palha sobre o solo, maior a quantidade de nutrientes que a planta consegue absorver.

Dessa forma, sabemos que o adubo aplicado será melhor aproveitado e não perdido pela enxurrada das chuvas de verão.

Outro ponto importante são as características físicas do solo. A cobertura da palha propicia um ambiente que melhora o desenvolvimento das raízes, prevenindo a compactação do solo.

Podemos ver na figura abaixo como a presença da palha sobre o solo aumentou o comprimento das raízes das plantas de aveia. Isso ajudou na captação de água pela planta e na extração de nutrientes.

Como e quando usar forrageiras

Para tornar o uso de forrageiras e culturas de cobertura economicamente viáveis, existem duas formas: 

  1. Semeando as forrageiras na segunda safra (clima tropical) ou na safra de inverno (nas regiões de clima subtropical).

Assim, garantimos a safra de maior renda no verão e também a presença de palha protegendo o solo no início das chuvas e do próximo ciclo de cultivo.

  1. Através do consórcio das forrageiras com culturas como milho, sorgo, arroz e até mesmo soja.

Bom, para quem lê isso pela primeira vez pode até parecer loucura, mas já abordei esse assunto neste post do Lavoura 10

A essência do consórcio é que duas culturas subsistam no mesmo local durante alguma etapa dos seus ciclos de vida.

No caso da soja, o consórcio normalmente é feito usando a sobressemeadura das forrageiras no final do ciclo do grão, mais precisamente entre as fases R5 e R6. 

Isso permite as forrageiras emergirem antes da colheita da soja e aproveitarem as últimas chuvas e as temperaturas mais propícias do final da safra.

Nas regiões que propiciam uma segunda safra de milho ou até mesmo sorgo, as forrageiras podem ser incluídas no sistema de forma consorciada com essas culturas.

Semeadura de forrageiras

Normalmente, a semeadura das forrageiras é feita em linha (mais profunda, na caixa de adubo) ou a lanço, no mesmo momento da semeadura da cultura de milho ou sorgo, ou na realização da adubação de cobertura.

Rendimento de grãos em cultivares de milho safrinha sob monocultivo e em consorciação com forrageiras
(Fonte: adaptado de Jakelaitis et al, 2010)

E, como podemos ver na figura acima, a diferença entre a produtividade de milho solteiro ou em consórcio é mínima e muitas vezes inexistente. Isso viabiliza economicamente o consórcio, já que há redução nos custos de implantação da forrageira.

Principais forrageiras

diversas espécies forrageiras e cada uma delas pode se encaixar melhor no sistema de produção da sua propriedade.

Braquiárias

As braquiárias são as principais plantas forrageiras atualmente no país, principalmente devido à sua adaptabilidade ao clima tropical e ao cerrado.

Entre as espécies do gênero Brachiaria, são destaque a B. ruziziensis, B. brizantha, B. humidicola e B. decumbens.

Aqui no Blog do Aegro temos um post específico sobre quando semear a forrageira, como fazer consórcio e quais espécies são mais recomendadas. Confira: “Principais espécies de brachiaria e como fazer seu manejo.” 

Aveia

Existem diversas cultivares, com diferentes ciclos de produção. A aveia forrageira possui tolerância ao frio e geadas, boa produção de massa verde e boa rusticidade. 

Além de produzir forragem, também pode ser utilizada para produção de palha para o SPD (Sistema de Plantio Direto).

Feijão guandu

O feijão guandu tem sido utilizado por cada vez mais produtores como forrageira para ser ofertada para os animais no inverno (picada, pastejada diretamente, ensilado com milho ou em fardos de feno).

Pode ser consorciado com milho e também com outras forrageiras tropicais, como a braquiária. Em 2010, inclusive, a Embrapa lançou um sistema que consorcia milho, guandu e braquiária: o Sistema Santa Brígida.

Separei alguns outros posts aqui do Blog em que falo mais sobre outras forrageiras e que podem te ajudar a escolher a melhor opção para sua propriedade:

“Culturas de inverno: Como aumentar o rendimento na propriedade”

Adubos verdes: Saiba como cultivar e as características de cada espécie

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

As forrageiras têm se mostrado uma das principais aliadas na agricultura tropical e na implantação de um plantio direto correto, que consiga cumprir o papel de proteção do solo.

Neste artigo, tratamos sobre os benefícios dessas plantas, principais forrageiras e características de semeadura.

O importante é escolher a espécie que melhor se adapta ao seu sistema e começar a proteger o solo, que é literalmente a base do sucesso do Agro brasileiro!

>> Leia mais: O que você precisa saber sobre a cobertura do solo com nabo forrageiro

Quais forrageiras você já utilizou em seu sistema de produção? Restou alguma dúvida sobre o tema? Deixe seu comentário!

Inoculante para feijão caupi: por que e como utilizar

Inoculante para feijão caupi: Entenda a importância da prática e confira as recomendações de como fazê-la em sua lavoura

O Brasil é o maior produtor mundial de feijão. Segundo a Conab, a safra 2019/20 está estimada em 687,4 mil toneladas.

O feijão, por seu elevado teor de proteína na semente, exige uma alta quantidade de nitrogênio para se desenvolver. A prática de inoculação auxilia no processo de fixação biológica de nitrogênio.

Vamos entender um pouco mais sobre o uso de inoculante para feijão caupi (Vigna unguiculata), também conhecido como feijão de corda, macassa, fradinho ou miúdo. Confira a seguir!

O feijão caupi e a inoculação

A melhor opção para um bom estabelecimento da lavoura ainda é o tratamento bem feito da semente. Isso resulta em produtividade.

O inoculante é um produto que conta com microrganismos de ação benéfica ao crescimento das plantas.

Os microrganismos mais utilizados são os fixadores biológicos de nitrogênio, que realizam a fixação do nitrogênio atmosférico. Essa reação é catalisada pela enzima nitrogenase, através de estruturas formadas nas raízes do feijoeiro, os nódulos, onde o corre a fixação biológica de nitrogênio.

Os 78% dos gases da atmosfera são formados por N. É simples perceber que tem muita fonte livre de N por aí. O objetivo desses microrganismos é disponibilizar o nitrogênio à planta em troca do carbono gerado na fotossíntese das plantas.

O inoculante intensifica o processo natural da fixação biológica de nitrogênio, promovendo a associação de outras bactérias com a planta. Elas captam o nitrogênio do ar e o disponibilizam para o feijoeiro.

inoculante para feijão caupi

(Fonte: Embrapa)

Um dos principais microrganismos utilizados para a inoculação do feijão é o Rhizobium spp., especialmente o Rhizobium tropici.

Algumas outras bactérias também fixam nitrogênio sem a necessidade de formação de nódulos nas raízes. Essas são as bactérias diazotróficas. 

A mais conhecida delas é o Azospirillum brasilense, que também pode ser utilizado na cultura como inoculante.

A utilização conjunta de mais de um microrganismo no processo de inoculação tem se mostrado com ótimos resultados produtivos.

Quais os benefícios do inoculante para feijão caupi?

O uso de um inoculante para feijão caupi está relacionado ao aumento do rendimento de grãos do feijão.

Sua utilização também reduz o uso de adubo nitrogenado e diminui significativamente o custo da lavoura.

Segundo a Embrapa, com uso de inoculante, o ganho médio no rendimento do feijão pode chegar a 25%.

A necessidade de nitrogênio na lavoura de feijão para obter altas produtividades fica em torno de 80 kg a 150 kg de N/ha. 

Em lavouras de larga escala, pode-se chegar à redução de 50% ou total do adubo nitrogenado aplicado após a inserção da prática de inoculação, com os mesmo índices de produtividade.  

A prática da inoculação é uma alternativa para a substituição, total ou parcial, dos adubos nitrogenados.

Passo a passo de como utilizar inoculante para feijão caupi

Como em qualquer tratamento de semente, são necessários alguns cuidados para uso do inoculante para feijão caupi:

Para garantir a qualidade, é preciso verificar o registro do Mapa na embalagem do produto, bem como se ele é específico para a cultura do feijão.

Recomendações específicas para a inoculação do feijão são:

  • utilize produtos de qualidade e dentro da validade;
  • siga a dosagem recomendada do inoculante para o procedimento;
  • a distribuição do produto precisa ser completa, pegando toda a superfície da semente.
  • garanta que o produto seja conservado, até seu uso, em local fresco e arejado;
  • identifique uma ou duas das quatro estirpes de bactérias que são recomendadas para o Brasil;
  • realize a operação de inoculação sempre à sombra;
  • proteja as sementes inoculadas do sol e calor;
  • não faça a inoculação dentro das caixas da semeadora;
  • não utilize menos de 100 ml de inoculante líquido por saca de 50 kg de sementes;
  • ao usar inoculante turfoso, você pode utilizar uma solução açucarada a 10% para aumentar a aderência;
  • após o procedimento de inoculação, as sementes devem ser semeadas o mais breve possível. 

Para garantir que o máximo de inoculante viável chegue ao solo na semeadura, a uniformidade da distribuição dele na superfície da semente fará toda a diferença.

inoculação para feijão caupi

(Fonte: Embrapa)

O que é importante considerar no uso de inoculante para feijão caupi

O feijão caupi é plantado em grande parte da região nordeste do Brasil, que possui condições climáticas favoráveis como altas temperaturas, alta salinidade e baixa umidade.

A recomendação do tipo de inoculante para o feijão caupi é diferente da recomendação para o feijão comum (Phaseolus). Por isso, é importante verificar essa questão no momento da compra do produto.

A Embrapa Agrobiologia vem, há anos, desenvolvendo pesquisas utilizando estirpes locais que já são adaptadas às condições ambientais como inoculantes. 

É uma alternativa mais barata para os produtores familiares, que são responsáveis por cerca de 70% da produção de feijão caupi. 

Nesse material você encontra mais informações sobre a recomendação da Embrapa. 

Durante meu estágio da graduação tive a oportunidade de acompanhar o trabalho da Dra. Norma Gouvêa Rumijanek, da Embrapa Agrobiologia. O procedimento é simples e traz resultados bem significativos na fixação biológica de nitrogênio na cultura.

Embrapa Agrobiologia
Embrapa Agrobiologia

(Fonte: Arquivo pessoal)

Custo do inoculante para feijão caupi

O custo das doses disponíveis no mercado fica em torno de R$ 5. Comparado ao custo do fertilizante nitrogenado para suprir a necessidade de 80 a 150 kg/ha, a prática é bem acessível.

Faça a sua escolha pelo custo, qualidade e dose de microrganismos presente no produto. 

Os produtos disponíveis no mercado são do tipo turfoso ou líquido.

O inoculante turfoso necessita da preparação de uma solução açucarada a 10% para promover a aderência à semente. Já o inoculante líquido vem na quantidade correta para ser colocado no tratamento de semente.

Lembre-se que utilizar sementes de boa qualidade faz toda diferença!

A Embrapa Meio-Norte alerta que implantar lavouras com grãos salvos promove uma baixo rendimento por hectare, enfraquece a genética da cultura, trazendo sérios riscos de introduzir pragas.

Ao utilizar a prática de adubação nitrogenada em conjunto com a inoculação, é importante ter cuidado com a dosagem. Segundo Cardoso e Andreote (2016), a disponibilização do N-mineral em altas doses pode prejudicar a fixação biológica.

Conclusão

A inoculação é um investimento barato para a sua produção e mais sustentável para sua lavoura. 

O investimento nesse manejo vale para garantir o suprimento de nitrogênio à cultura do feijão caupi. Ele pode garantir a qualidade da produção e redução dos custos, além de ser uma prática simples e eficaz. 

Você deve planejar bem, escolher um bom produto e fazer a inoculação para o feijão de forma correta. Aproveite as dicas e boa inoculação!

>> Leia mais:

Melhore seu plantio de feijão (Phaseolus vulgaris L.)

Como fazer o preparo do solo para plantio de feijão

Restou alguma dúvida sobre o uso do inoculante para feijão caupi? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Variedades de café mais produtivas: como escolher a melhor para sua propriedade

Variedades de café mais produtivas: entenda como seu sistema produtivo influencia  e o que considerar para eleger a cultivar adequada

Quais variedades de café são mais produtivas? Qual eu devo plantar aqui na minha propriedade? Qual você recomenda?

Se você já fez ou ouviu essa pergunta, sabe que não é tão fácil respondê-la. E, na maioria das vezes, é um grande “depende”. Mas, e aí, será que existe a tal da variedade de café mais produtiva

Olha, são mais de 130 variedades de café arábica disponíveis! Algumas velhas conhecidas do produtor, como Mundo Novo e os Catuaís, mas temos também as mais recentes. Quais produzem mais?

Separei alguns pontos a se considerar quando o assunto é variedade de café e produtividade. Mas, já adianto… depende! Confira comigo a seguir!

Variedades de café mais produtivas 

Ao longo dos anos, inúmeras cultivares de café foram lançadas pelas instituições de pesquisa brasileira. Hoje, são mais de 130 variedades no RNC (Registro Nacional de Cultivares) do Mapa.

Essas variedades proporcionaram grande evolução da cafeicultura brasileira em produtividade e em outros aspectos como tolerância a estresses e resistência a doenças. 

Com tantas opções, quais as variedades de café mais produtivas? Não é uma resposta simples!

E o que complica ainda mais é o seguinte: 90% da cafeicultura brasileira é feita sobre as variedades do IAC, Mundo Novo e Catuaí, que já estão conosco desde os anos 50 e 70.

Mas, se a produtividade nacional ainda vêm crescendo nos últimos anos, como explicar esse fato se os materiais genéticos mais usados ainda são os mesmos?

Gráfico que mostra variedades produtivas de café
Série histórica da produtividade média da cafeicultura nacional; Catuaí e Novo Mundo têm sido as principais variedades há décadas

É o que vamos abordar ao longo desse texto para dar “uma luz” quanto à pergunta: “quais as variedades de café mais produtivas?”

Como veremos a seguir, a produtividade é relativa ao sistema de produção (ambiente), não somente à genética da planta; e outros fatores devem ser levados em conta na hora da escolha da variedade.

Potencial produtivo e sistema de produção

O desenvolvimento e a produtividade de uma lavoura de café é função da interação de dois fatores: o material genético (variedade) e o ambiente (clima/solo/sistema de produção).

Cada variedade tem um potencial produtivo – umas maiores que as outras. Mas, para esse potencial ser expresso, precisamos de um ambiente favorável, afinal, as variedade têm adaptabilidade diferentes às condições ambientais. 

Desse modo, o resultado final “produtividade” pode ser visto como a  expressão do potencial produtivo da variedade regulado/limitado pelo ambiente. 

Baseado nisso é possível fazer colocações importantes:

1 – A mesma variedade em ambientes distintos pode ter produtividades diferentes.

2 – Uma variedade pode ser mais produtiva em determinado ambiente e menos produtiva em outro.

Portanto, na prática, não existe “A” variedade de café mais produtiva, mas variedades que se adaptam melhor e produzem mais em determinado ambiente/sistema de produção.

Assim, ambiente e genética devem andar de mãos dadas para se obter os melhores resultados!

Critérios para escolha de variedades de café mais produtivas

A escolha de uma variedade é como um “cabo de guerra” entre as exigências dela para expressar seu potencial e o que o seu sistema produtivo pode oferecer.

Ou você escolhe a variedade que melhor se adapta às suas condições ou terá de mudar seu sistema de produção. 

Foto de grãos de café bourbon, com grãos vermelhos
Café Bourbon Vermelho
(Fonte: World Coffee Research.com)

Variedades de café: genética 

Além do potencial produtivo, alguns aspectos devem ser observados. São eles: 

  • porte (baixo, médio ou alto);
  • vigor;
  • diâmetro da copa;
  • ciclo de maturação;
  • resistência a pragas e doenças;
  • aspectos relativos à qualidade da bebida e tamanho do grão.

A tabela abaixo mostra informações relativas a algumas variedade de café em aspectos como capacidade produtiva. Como já dissemos, são muitas! 

Se você quiser informações mais detalhadas e específicas de cada cultivar, recomendo acessar o site do Consórcio Pesquisa Café.

Tabela com variedades produtivas de café
Características de algumas variedade de café arábica

Vigor, porte e diâmetro 

São importantes, considerando se o seu sistema de cultivo é adensado, se a colheita e os tratos culturais são mecanizados. 

Plantas de menor porte são preferíveis, pois muito grandes dificultam todas as operações e aumentam a necessidade de podas.

Pragas e doenças 

As variedades que dominam o parque cafeeiro nacional são suscetíveis à ferrugem e nematoides. 

A escolha de cultivares resistentes reduzem os gastos com essas enfermidades e são de vital importância em sistemas limitados, como os cultivos orgânicos.  

Novos materiais, como os Siriemas, têm múltipla resistência: são resistentes ao ataque do bicho mineiro, ferrugem, phoma e também tolerantes à seca; segundo os dados da Fundação Procafé.

>> Leia mais: “Como reduzir os impactos da seca no plantio de café”

Ciclo de maturação 

O ciclo de maturação é de extrema importância, pois define a época da colheita, bem como as operações que a precedem e sucedem. 

Por isso, a relação desse ciclo com altitude/temperatura é fundamental, pois regiões mais altas e amenas tendem a alongar o ciclo, deixando-o mais tardio.

E isso pode ser um grande problema!

Em propriedades onde predominam temperaturas frias ou em regiões mais altas, opte por variedades mais precoces.

variedades de café mais produtivas

Comparação entre a maturação de três variedades distintas de café. A maior presença de grãos verdes em relação ao Catuaí vermelho mostra o ciclo de maturação muito tardio dos Obatãs
(Fonte: Consórcio Pesquisa Café)

Qualidade de bebida

Em teoria, todas as cultivares têm potencial para gerar boas bebidas se colhidas no ponto certo. 

Algumas delas, como o Bourbon, ganharam fama de bons bebedores, mas produzem menos. Além disso, a qualidade do café depende também do pós-colheita.

O ambiente: sistemas de produção

Devemos nos perguntar: o que o meu sistema pode oferecer para que o cafeeiro se desenvolva bem?

A comparação que eu faço é a de um Fusca e uma Ferrari. Será que uma Ferrari vai andar bem naquela estrada de terra esburacada que o fuscão tira de letra? Não! Mas, ao mesmo tempo, se colocarmos os dois numa rodovia, a Ferrari sai “voando baixo”…

De nada adianta colocar um excelente material genético (a nossa Ferrari),  exigente e produtivo, se você não der as condições necessárias. Talvez seja melhor um material mais rústico, que tolere mais adversidades (o nosso Fusca).

Ambos são bons materiais, mas cada um dentro da sua realidade, em seu ambiente!

Esse entendimento do sistema possibilitou os aumentos ainda crescentes da produtividade nacional. Estamos cuidando melhor dos nosso cafeeiros e isso explica por que as antigas cultivares ainda são competitivas: o ambiente melhorou!

Fotos de folhas de café sadias
Folhas sadias do cafeeiro
(Fonte: World Coffee Research.com)

Como alteramos o nosso ambiente para melhor produção de café?

Ora, clima e tipo de solo não podemos mudar. Mas, a fertilidade do solo, o manejo e a irrigação (onde disponível) podem ser alteradas para melhor atender o cafeeiro. É nisso que devemos focar!

Uma variedade mais exigente em nutrição deve ter sempre nutrientes disponíveis, assim como as variedades suscetíveis à ferrugem devem ser sempre pulverizadas para controle. 

Da mesma forma, uma variedade que é considerada vigorosa irá necessitar de mais podas para se adequar à colheita mecanizada. E por aí vai…

Conhecendo nosso sistema e as características da variedade que pretendemos adotar, conseguiremos os melhores resultados. Ambiente e genética de mãos dadas!

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Conclusão

Existem inúmeras variedades de café à disposição do produtor, mas não existe uma “receita de bolo”, apenas recomendações gerais que devem ser adaptadas a cada situação. 

A variedade que irá desempenhar melhor na minha fazenda, pode ser diferente da sua. 

Como vimos, fatores como porte, diâmetro de copa, ciclo de maturação e resistência a pragas/doenças da variedade devem ser levados em conta para que ela se encaixe no seu sistema de produção. A não ser que você esteja disposto a mudar para atender às necessidades da variedade…

Por isso, as variedade de café mais produtivas são aquelas que atendem à demanda do seus sistema e expressam seu potencial produtivo nesse ambiente.

>> Leia mais:

Florada do café: Cuide bem das flores e colha bons frutos

“Tudo o que você precisa saber sobre a produção de cafés especiais”

“Qual é a previsão do preço do café para 2023/2024?”

Ficou com alguma dúvida sobre as variedades de café mais produtivas? Qual tipo você tem em sua propriedade hoje? Conte para gente nos comentários! Grande abraço e até a próxima!

Máquinas para culturas de inverno: diferentes tipos e particularidades

Máquinas para culturas de inverno: saiba mais a respeito das diferentes semeadoras disponíveis no mercado 

As culturas de inverno são uma fonte de mais rentabilidade para a fazenda. Mas seu cultivo possui características e máquinas agrícolas específicas para sua condução.

Hoje há muitas opções no mercado e alguns modelos que semeiam estas culturas até em sistemas de plantio direto.

Para te ajudar a escolher o maquinário mais adequado, preparei uma lista de máquinas para culturas de inverno que podem ser interessantes para sua fazenda. Confira a seguir!

Máquinas para culturas de inverno: semeadura

Talvez uma das culturas de inverno mais semeadas atualmente seja o trigo. Porém, muitas outras são amplamente utilizadas como:

  • aveia branca e preta;
  • canola;
  • centeio; 
  • cevada;
  • triticale, entre outras.

Com o avanço dos Sistemas de Plantio Direto (SPD), muitos agricultores optaram pela semeadura das culturas de inverno para não deixar o solo descoberto na entressafra de verão.

A manutenção da cobertura dos solos auxilia na maior retenção de água, rotação de culturas e prevenção de plantas daninhas. Além disso, traz retorno financeiro com a venda do produtos numa safra de meio de ano.

As culturas de inverno também propiciam algumas vantagens para a semeadura da próxima safra:

  • Com a cobertura morta presente nas áreas, há redução da patinagem das máquinas agrícolas, por isso é possível antecipar a semeadura nestes talhões;
  • Devido à manutenção de maior teor de umidade no solo, a janela de semeadura acaba ampliada.

Encontrar culturas de inverno que apresentem valor e liquidez de mercado pode ser a chave para alcançar maiores ganhos.

É importante lembrar que, para sucesso das semeaduras das culturas de inverno, é necessário que o estabelecimento seja rápido e uniforme quanto à população de plantas.

É preciso que as sementes no solo estejam na profundidade correta, possibilitando a absorção de água, nutrientes e temperatura, para que ocorra a emergência e germinação o mais rápido possível. Tais condições reduzem o risco de ataque de pragas de solo.

Também é preciso ter o maquinário adequado. Por isso, veja a seguir mais informações sobre as máquinas para culturas de inverno e faça a melhor escolha para sua fazenda!

Tipos de máquinas para culturas de inverno

As semeadoras têm papel vital para o bom desenvolvimento das culturas de inverno.

Máquinas utilizadas para a semeadura de culturas de grãos miúdos são conhecidas como semeadoras de fluxo contínuo.

Estes modelos possuem, geralmente, mecanismos de distribuição por meio de rotores acanalados helicoidais que distribuem as sementes por metro linear de forma contínua.

Já as semeadoras de precisão, utilizadas para plantio de soja e milho, por exemplo, distribuem as sementes de forma individual, com discos horizontais.

Existem dois tipos de semeadoras para sementes miúdas: as do tipo TD e as semeadoras múltiplas. Vou falar mais sobre elas a seguir:

Semeadoras tipo TD

Semeato TDNG 320 420 e 520

As semeadoras da linha TDNG foram criadas para realizar a semeadura direta, além do cultivo mínimo e plantio convencional de grãos finos como o trigo, arroz, aveia, entre outros.

As máquinas dessa série possuem linhas pivotadas com grande flutuação, proporcionando boa eficiência mesmo em terrenos irregulares.

Elas podem ter caixas de adubo ou apenas depósitos de sementes, sendo que nestas sem o adubo, a autonomia e o rendimento operacional do plantio ficam maiores.

A distribuição de sementes é realizada por meio de rotor acanalado helicoidal, fabricado em ferro fundido temperado e bicromado. Segundo o fabricante, isso mantém a uniformidade de distribuição da semente.

A versão TDNG 320 tem capacidade para semear 20 linhas no espaçamento de 17 cm e uma potência requerida de um trator de cerca de 95 cv.

A máquina combinada possui capacidade máxima de 720 kg de sementes e 1.350 kg de adubo, sendo que a versão SEED (somente reservatório de sementes) tem capacidade de 1.380 kg.

Já a versão TDNG 420 tem capacidade para semear 26 linhas no espaçamento de 17 cm e potência requerida aproximada de um trator de 120 cv.

A máquina combinada possui capacidade máxima de 915 kg de sementes e 1.700 kg de adubo. Na versão SEED, a capacidade é de 1.725 kg.

E a versão maior da linha, TDNG 520, tem capacidade para semear 32 linhas no espaçamento de 17 cm e uma potência requerida de um trator de 140 cv.

A máquina combinada possui capacidade máxima de 1.125 kg de sementes e 2.125 kg de adubo, sendo que a versão SEED tem capacidade de 2050 Kg.

Semeadoras de grãos fino Linha Guapa

Linha Guapa Supra e Guapa Supra Winter

As semeadoras da linha Guapa da Stara também merecem destaque em nossa lista.

Os modelos possuem capacidade de articulação, o que garante uma boa qualidade da semeadura mesmo em terrenos irregulares e acidentados.

A calibração é relativamente fácil de ser executada, pois as máquinas possuem molas pneumáticas de pressão que garantem homogeneidade na emergência da cultura.

Essa linha de semeadoras é equipada com um reservatório central de sementes e fertilizantes, com bons rendimentos operacionais e abastecimento mais rápido.

Na configuração “somente sementes”, essa linha possui capacidade para cerca de 3.000 kg.

O reservatório tem capacidade para 1.200 kg de semente e 3.000 kg de adubo. Além disso, pode ser reconfigurado em até quatro modos possíveis, conforme a necessidade de cada operação.

As máquinas desta série possuem capacidade de semear 44 e 60 linhas com espaçamento de 17 cm. Ambas podem ser equipadas com controlador para Agricultura de Precisão e pacote de telemetria da marca.

Foto de máquinas agrícolas para cultura de inverno

(Fonte: Stara)

Semeadoras Múltiplas ou Multissemeadoras

As semeadoras múltiplas são equipamentos que conseguem semear tanto sementes graúdas quanto miúdas.

Esse tipo de máquina pode ser uma excelente opção se você pretende praticar a rotação de culturas na propriedade e semear cultivos de inverno. 

As multissemeadoras possibilitam o preparo do equipamento de acordo com a cultura que será semeada.

A mudança no layout destas máquinas consiste basicamente na parte do sistema distribuidor de sementes e na retirada dos sulcadores de adubo. Cada máquina possui sua configuração específica. Vou trazer mais detalhes sobre algumas delas a seguir:

Semeato SSM Full 3513 e 4115

A semeadora SSM FULL da Semeato consegue realizar o plantio tanto de sementes miúdas quanto graúdas e ainda realizar a correção do solo.

As duas versões dessa linha de semeadoras múltiplas atendem médias e grandes propriedades: a SSM FULL 3513, de 35 linhas num espaçamento de 17 cm; e a SSM FULL 4115, de 41 linhas com espaçamento de 17 cm.

A SSM FULL 3513 é a versão menor da linha e possui capacidade de sementes miúdas de 4.000 kg (somente semente) ou 2.000 kg com caixas de adubo e 1.500 kg para sementes graúdas.

Requer potência de um trator de 215 hp, com capacidade de adubo de 3.000 kg para sementes miúdas e 6.000 kg para sementes graúdas.

A máquina pode ser configurada para a semeadura de 35 linhas de 17 cm usando sementes miúdas e 13 linhas de 45 cm ou 12 linhas de 50 cm para sementes graúdas.

Já a SSM FULL 4115 possui a mesma capacidade de 4.000 kg (somente semente) ou 2.000 kg com caixas de adubo para sementes miúdas e 1.500 kg para sementes graúdas. Possui caixa de adubos com capacidade aproximada de 3.000 kg para sementes miúdas e 6.000 kg para graúdas.

O que muda na versão maior da linha é a potência requerida do trator, neste caso, de 225 hp. Porém, as linhas de semeadura variam entre 15 linhas de 45 cm ou 14 linhas de 50 cm.

Foto de máquina agrícola com tanque

(Fonte: Semeato)

Manutenção das máquinas e gestão da frota

Manutenção é essencial para o correto funcionamento do maquinário agrícola.

Um simples filtro de ar entupido com poeira pode acarretar perda de potência do maquinário, diminuindo a eficiência operacional.

As semeadoras múltiplas necessitam de alteração no layout da máquina para a semeadura de culturas de inverno ou verão. É vital que as peças trocadas sejam limpas, reparadas e substituídas sempre que necessário.

Para organizar todas essas revisões ao longo da safra, sem se esquecer de nenhuma máquina, você pode contar com o auxílio de um sistema de gestão agrícola como o Aegro.

Essa ferramenta te permite programar alertas periódicos de manutenção na frota. Assim, você recebe um aviso por e-mail sempre que estiver na hora de realizar uma nova checagem.

Você também pode usar o Aegro para adquirir maior controle sobre o custo operacional das suas máquinas. Basta registrar gastos com manutenções e abastecimentos de forma prática, pelo seu celular.

Além disso, o aplicativo é perfeito para monitorar o uso do maquinário em atividades de manejo. Você contabiliza as horas trabalhadas com o equipamento e obtém indicadores sobre a sua capacidade efetiva.

Todas essas informações que o Aegro reúne te ajudam a tomar melhores decisões no dia a dia e garantir uma alta performance para o seu patrimônio.

Confira algumas opções para começar a gerenciar sua frota agrícola com o Aegro:

  • Aplicativo gratuito para celular Android (clique aqui);
  • Aplicativo gratuito para celular iOS (clique aqui);
  • Utilize seus Pontos Bayer para contratar a versão completa do Aegro (clique aqui).

Conclusão

A semeadura de culturas de inverno pode ser uma excelente opção para o aumento da rentabilidade da fazenda.

Se você deseja fazer esse investimento, a aquisição de uma semeadora múltipla costuma ser uma excelente escolha. Afinal de contas, ela poderá ser utilizada tanto para o plantio das culturas de inverno quanto de verão, otimizando atividades da fazenda e do maquinário.

No momento da compra, lembre-se de escolher modelos que sejam simples de alterar para culturas de semente miúda e graúda. Isso vai facilitar o trabalho no dia a dia da sua propriedade!

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Inoculante para milho silagem: por que usar e como escolher o melhor

Inoculante para milho silagem: vantagens da utilização, como aplicar e o que observar na hora de comprar.

Uma boa produção de silagem envolve três aspectos importantes: teor de matéria seca, de proteína bruta e teor de carboidratos.

E, apesar do milho ser considerado uma planta forrageira padrão, o processo de ensilamento pode ocasionar perdas acima de 20% na qualidade nutricional.

Com isso, o uso de inoculante para milho silagem pode se tornar uma alternativa interessante para o produtor. 

Saiba quando vale a pena usar esse aditivo e as dicas do que observar na hora de comprar o produto. Confira a seguir!

Qual o papel de um inoculante para milho silagem?

O inoculante é um aditivo à base de bactérias que auxilia no processo de fermentação da silagem, tornando esse processo mais rápido e eficiente.

Além disso, promove uma maior estabilidade da silagem após abertura do silo, podendo também atuar como agente antifúngico. 

Os inoculantes são preparados contendo estirpes bacterianas muito eficientes na fermentação láctica. Como exemplo podemos citar os lactobacillus buchneri, lactobacillus plantarum e enterococcus faecium.

Eles são responsáveis por aumentar as fermentações lácticas e provocar uma rápida acidificação do meio. Isso reduz as perdas e melhora a digestibilidade do milho silagem na alimentação do gado de leite.

A melhora da digestibilidade está associada à atuação dessas bactérias sob a celulose e a hemicelulose, o que aumenta a digestão da fibra no rúmen, garantindo mais energia

inoculante para milho silagem

Perdas no processo de silagem do milho podem passar de 20%, o que pode cair com uso de inoculantes
(Foto: Suino.com)

Inoculante para milho silagem: fases da ensilagem 

Já sabemos que silagem é uma maneira de conservação das forrageiras com o intuito de manter ao máximo o valor nutritivo verificado no momento da colheita.

Mas como ocorrem as fases da ensilagem?

1ª fase 

Enchimento até o fechamento do silo: ocorre picagem da planta inteira e posterior compactação.

Nesse momento ocorrerá a respiração até o esgotamento do oxigênio e modificação de estruturas devido às enzimas da planta. 

2ª fase

Início da fermentação: início da atividade dos micro-organismos, incluindo as bactérias produtoras de ácido láctico, o que conserva a silagem (pH até 4,5).

Nesta fase queremos que o pH caia mais rapidamente para diminuir a atividade de micro-organismos indesejáveis (clostrídios, clostrídios sacarolíticos e proteolíticos e coliformes fecais).

Desta maneira, utilizar inoculantes com bactérias eficientes formadoras de ácido láctico garante essa rápida queda e, portanto, maior qualidade da silagem

3ª fase

Fermentação: dizemos que chegamos no pH de estabilidade (menor que 4,5), onde temos predominantemente a atividade das bactérias lácticas. 

4ª fase

Abertura do silo: momento em que o material ensilado tem umas das faces em contato com o ar, facilitando a proliferação de fungos, leveduras e mofos. 

Por isso, a retirado do material ensilado deve ser feita como se estivesse cortando uma fatia de bolo perfeita com pelo menos 20 cm. 

Outra estratégia é a utilização de inoculantes para manter a estabilidade aeróbica da silagem, os quais contêm bactérias propiônicas. Por converter ácido lático em ácido propiônico, o qual tem propriedade fungistática, isso prolonga a qualidade da silagem.

Fases da ensilagem

Fases da ensilagem 
(Fonte: Kera Nutrição Animal)

Quais as vantagens de usar inoculante para milho silagem?

O maior benefício com a utilização de inoculante para milho silagem é a redução da perda de nutrientes do material ensilado. 

Além disso, há outras vantagens como:

  1. Redução rápida do pH, acelerando o processo de fermentação;
  2. Menores perdas de proteína e energia;
  3. Menos proliferação de fungos e leveduras;
  4. Redução na formação de gases e ácidos indesejáveis (amoniacal);
  5. Melhora na digestibilidade da fibra, consequentemente melhor conversão;
  6. Melhora da estabilidade aeróbia pós-abertura do silo. 

Mas é preciso lembrar que o inoculante não melhora a qualidade da ensilagem: ele é complementar. O processo deve ter sido feito com qualidade e utilizando forrageiras com alto teor nutritivo!

3 dicas para escolher um inoculante para milho silagem

Como já expliquei, a principal vantagem do inoculante é manter a qualidade da silagem.

Hoje, existem diversos inoculantes para milho silagem no mercado, mas como escolher o mais adequado?

A escolha deve ser baseada na sua realidade e de acordo com esses aspectos: 

  1. Esteja atento à concentração de células bacterianas. 
  2. Se a silagem contiver um teor muito alto de matéria seca, comprometendo a compactação, utilize inoculantes com atividade fungistática, além de bactérias produtoras de ácido láctico. 
  3. Observe se as cepas bacterianas são indicadas como boas produtoras de ácido nas condições normais de uma silagem (temperatura, umidade, pH, dentre outras).

Como inocular adequadamente sua silagem

Os inoculantes normalmente são pulverizados ou aspergidos no material ensilado, buscando sempre uma aplicação homogênea. Tal cuidado garante a qualidade da silagem

Para a aplicação, pode-se usar a bomba costal ou o aplicador com bomba dosadora acoplada à máquina de ensilar.

A bomba dosadora permite a aplicação mais uniforme usando em média 2 litros de calda por tonelada de silagem. 

É recomendada aplicação de, no mínimo, 106 ufc (unidade formadora de colônia)/g de forragem fresca no início do processo fermentativo.

Essa é a quantidade considerada mínima para que seja assegurada posição dominante do inoculante adicionado sobre as bactérias epifíticas já existentes.

inoculante para milho silagem

Milho é considerado forrageira padrão para ensilagem por apresentar condição favorável tanto para fermentação quanto em aspecto nutricional
(Foto: Revista Agropecuária)

E se a silagem estiver quente?

Se a silagem apresenta temperatura acima de 38℃, não é um bom sinal. Isso significa que fungos e leveduras estão oxidando seus nutrientes e convertendo em calor, gás carbônico e água. 

Mas o que provoca isso? 

Esse aumento de temperatura pode esta associado a erros no processo de fermentação, como é o caso de má compactação, e pode estar associado à abertura do silo, quando ocorre excesso de oxigenação.

E como isso tem relação com os inoculantes?

Bem, com uso de inoculantes bacterianos, as perdas no processo de ensilagem podem ser reduzidas a 13%. Isso representa 10 pontos percentuais a menos do que em condições de não utilização de inoculantes de silagem. 

Além das bactérias lácticas, alguns inoculantes têm bactérias que fazem a produção de ácido acético e propiônico que controlam a proliferação de fungos.

planilha de produtividade de milho

Conclusão

O uso de inoculante para milho silagem é complementar dentro do processo de ensilagem. Ele não é capaz de aumentar teores nutricionais da forrageira, mas conserva a qualidade do material ensilado. 

Com isso, além de minimizar perdas de proteína e energia, seu uso também diminui proliferação de fungos e leveduras na silagem.

Também discutimos as características que você deve considerar na hora de escolher o inoculante e como fazer a aplicação adequada.

Espero que, com essas dicas, você consiga garantir silagens de milho com alta qualidade!

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Você planeja usar inoculante para milho silagem? Restou alguma dúvida sobre esse assunto? Deixe seu comentário abaixo!

Importância dos porta-enxertos na citricultura

Porta-enxertos na citricultura: as mudas cítricas, a importância dos porta-enxertos e como eles influenciam no manejo do pomar.

Segundos dados recentes do Fundo de Defesa da Citricultura, a estimativa da safra de laranjas (2020/21) para o cinturão citrícola de São Paulo, Sudeste e Triângulo Mineiro é de 287,76 milhões de caixas de 40,8 kg.

O sucesso da citricultura brasileira se deve ao excelente trabalho realizado na produção de mudas, manejo e condução dos pomares cítricos.

Dentre as características mais importantes para acertar na produção de citros, a escolha e uso correto dos porta-enxertos com certeza merecem destaque.

Quer entender um pouco mais sobre os porta-enxertos na citricultura? Confira comigo a seguir!

As mudas cítricas

A implantação dos pomares cítricos é uma das fases mais críticas da cultura, fazendo das mudas o insumo mais importante.

Por ser um cultivo perene, as plantas podem permanecer em campo por longos períodos de tempo, entre 15 e 20 anos.

Assim, as mudas cítricas são produzidas graças à técnica de enxertia, mais especificamente a borbulhia do tipo “T invertido” que permite a apresentação de duas partes: o enxerto e o porta-enxerto.

O enxerto é a parte que formará a copa da planta, ou seja, a parte que nós vemos: as folhas e os ramos que formarão os frutos.

Já o porta-enxerto formará o sistema radicular da planta que nós não vemos e fica sob o solo.

Graças a essa técnica da enxertia, essas duas partes de plantas se unem e se desenvolvem como uma.

porta-enxertos na citricultura

Diferentes partes de uma muda cítrica
(Fonte: Imagem de Teófilo Citrus)

Com isso, as plantas cítricas conseguem atender as exigências do mercado consumidor, ao mesmo tempo em que o porta-enxerto proporciona melhoras nesse desempenho.

Como as mudas são a base da citricultura, é necessário que haja garantia genética e que estejam livres de pragas e doenças.

Por isso, estados como São Paulo e o Rio Grande do Sul estabeleceram normas e procedimentos para produção de mudas cítricas.

Aliado ao acompanhamento de um(a) engenheiro(a) agrônomo(a), isso garante a certificação das mudas quanto à origem e qualidade e o não cumprimento dessa legislação inviabiliza a comercialização deste material.

Importância e características dos porta-enxertos

Os porta-enxertos na citricultura são uma ferramenta essencial para o manejo dos pomares.

Existe uma quantidade considerável de diferentes variedades e cultivares de porta-enxertos que podem ser utilizados na citricultura.

Cada uma deles apresentam diferentes características, as quais podem influenciar e alterar positivamente as características da copa.

Mudanças no vigor, na produtividade, na precocidade de produção, na absorção de nutrientes, na água e nos aspectos pós-colheita, podem, principalmente, conferir tolerância ou resistência a fatores bióticos e abióticos.

Porta-enxertos na citricultura: fatores bióticos e abióticos

Quando pensamos em fatores abióticos estamos falando a respeito da tolerância à salinidade do solo, à resistência à seca ou até mesmo a geadas.

São fatores importantes para serem pensados principalmente em regiões mais frias ou de cultivos no seco (sem irrigação).

porta-enxertos na citricultura

Porta-enxertos usados na citricultura e suas características perante à geada, seca e encharcamento do solo
(Fonte: Embrapa, 2009)

Já os fatores bióticos estão relacionados à susceptibilidade dos porta-enxertos a doenças dos citros – que são muitas!

Características de resistência

Características de resistência dos porta-enxertos de citros quanto a algumas das principais doenças
(Fonte: Embrapa, 2009)

Vigor e precocidade de produção

Quando pensamos em vigor estamos pensando na velocidade de crescimento da copa e desenvolvimento vegetativo das plantas.

Porta-enxertos vigorosos são aqueles cuja planta se desenvolve e estabiliza mais rapidamente no campo.

E isso é importante, pois quando jovens, as mudas cítricas são mais sensíveis às intempéries do campo: como as pragas, as doenças e a seca.

Além disso, alguns porta-enxertos cítricos apresentam característica ananicante, isso significa que plantas enxertadas sobre eles terão um tamanho menor que o normal.

Um exemplo clássico de porta-enxerto ananicante na citricultura é o ‘Trifoliata Flying Dragon’.

Contar com plantas menores em nossos pomares favorece os manejos fitossanitários e a colheita, além de aumentar a produtividade.

Produtividade (t/ha) de lima ácida Tahiti em diferentes níveis de adensamento

Produtividade (t/ha) de lima ácida Tahiti em diferentes níveis de adensamento
(Fonte: Donadio & Stuchi, 2001)

O aumento da produtividade se dá graças à possibilidade do adensamento dos plantios, ou seja, de ter mais plantas por área.

Efeito dos porta-enxertos na qualidade dos frutos

O tamanho e peso dos frutos, cor e espessura da casca, conteúdo de suco, teor de sólidos solúveis, etc., são aspectos intimamente relacionados às variedades.

Entretanto, apesar de ainda não sabermos ao certo como isso ocorre nas plantas, sabemos que os porta-enxertos alteram as características dos frutos.

Por isso, é importante pensar também no destino de nossa produção na escolha dos porta-enxertos.

O Poncirus trifoliata, por exemplo, garante a produção de frutos mais doces e com acidez moderada, porém, sua produção total por planta é inferior.

Ao passo que os limoeiros ‘cravo’ e ‘rugoso’ são excelentes extratores de água do solo e formam frutos de casca grossa e com menor concentração de açúcares.

Essas características conferem aos frutos melhor aptidão para diferentes mercados: o processamento (indústria) ou a venda in natura (varejo).

Dessa forma, citricultores que produzem para indústria preferem limoeiros como porta-enxertos e os que produzem para o varejo preferem o Trifoliata.

Porta-enxertos na citricultura: incompatibilidade

Apesar de ser uma excelente ferramenta, a técnica da enxertia apresenta algumas limitações.

O sucesso dessa técnica depende, sobretudo, da proximidade genética entre os materiais e outros fatores fisiológicos.

A principal delas está relacionada às diferentes combinações de porta-enxerto e copa, em outras palavras, algumas combinações não são viáveis.

Quando as características do porta-enxerto e do enxerto não permitem que se desenvolvam como um, dizemos que são incompatíveis.

porta-enxertos na citricultura

Principais incompatibilidades relatadas na citricultura
(Fonte: Embrapa, 2008)

Uma alternativa para contornar a incompatibilidade é a realização da técnica da interenxertia.

Essa técnica permite que cultivares incompatíveis sejam utilizadas juntas com auxílio de um intermediário (o interenxerto) que atua como um filtro.

Interenxertia

Interenxertia de laranja pêra, limoeiro cravo e citrumelo swingle
(Fonte: Denilson de Oliveira Guilherme, 2013)

Na imagem, temos o citrumelo ‘swingle’, sendo utilizado como porta-enxerto para a laranjeira ‘pêra’, mas para que isso aconteça, repare que o limão ‘cravo’ atua como uma espécie de filtro entre os dois.

Portanto, temos uma muda cujo enxerto é laranja pêra, o porta-enxerto é citrumelo swingle e o limoeiro cravo é o interenxerto.

Tenha em mente que é uma alternativa que aumenta o preço da muda e necessita de mão de obra especializada.

Tendo visto tudo isso, é importante lembrar que não existe um porta-enxerto perfeito, todos apresentam alguns pontos positivos e negativos.

Veja o limoeiro cravo (Citrus limonia Osbeck.), por exemplo: é um dos porta-enxertos mais utilizados na citricultura brasileira, isso graças à sua grande resistência a secas e pelo vigor de crescimento que promove na copa.

Porém, é suscetível ao exocorte e à morte súbita dos citros (MSC).

Portanto, cabe ao produtor com auxílio de um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) escolher aquele que melhor se enquadra às suas necessidades.

Conclusão

Os porta-enxertos na citricultura são pontos-chave na produção de mudas cítricas e fator determinante para o sucesso da lavoura.

Além disso, é uma das principais ferramentas que o citricultor tem para facilitar e otimizar o seu manejo.

Também traz benefícios para as plantas enxertadas sobre eles, como mudanças no vigor e resistência a fatores bióticos e abióticos.

Lembre-se: o melhor porta-enxerto é aquele que melhor satisfaz suas necessidades, por isso é importante um bom planejamento e estudo na hora de sua escolha.

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Tudo sobre o manejo da Laranja Hamlin

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E você, quais porta-enxertos usa em seus pomares e por que optou por eles? Conta pra gente nos comentários!

Tudo que você precisa saber sobre milho para silagem

Milho para silagem: veja qual espaçamento usar, melhor semente de milho para silagem e outras dicas essenciais para garantir a sua produtividade.

O milho é a planta mais utilizada para fazer silagem. Afinal, temos híbridos de milho adaptados a todas as regiões produtoras.

A planta produz muita massa verde. Sua silagem possui um bom conteúdo energético devido à presença de grãos, sendo bem consumida pelos animais

Neste artigo, veja algumas dicas que vão te ajudar a melhorar a produtividade ou começar a sua lavoura de milho silagem. Confira a seguir!

O que é silagem de milho?

A silagem é uma técnica de armazenamento que diminui as perdas de qualidade e nutrição da planta coletada. A manutenção dessas características se dá pelo processo de fermentação controlada da matéria fresca. 

Esse método permite ao produtor ter disponibilidade de material vegetal fresco, principalmente para alimentação animal. Isso sobretudo em épocas em que o clima não é favorável ao cultivo.

A silagem de milho atualmente é a mais utilizada no Brasil. Devido ao fornecimento de muita energia e proteína para o animal, além do cultivo mais fácil quando comparado a outras plantas.

Além do tipo de grão dentado e dos teores de fibras, outras características são importantes:

  • Resistência ao acamamento;
  • Estabilidade produtiva em diferentes épocas, condições de plantio e altitudes;
  • Resistência ou tolerância às principais doenças (ferrugens, enfezamentos do milho, Phaeosphaeria spp. e Cercospora spp.);
  • Alta produtividade de grãos, determinante para a maior parte da energia digestível;
  • Ciclo longo de enchimento de grãos e maior período de colheita do milho;
  • Porte médio a alto, pois assim você terá maior volume de massa seca por hectare. 

Portanto, considere três pontos para a escolha da melhor semente de milho para silagem: a boa digestibilidade da parte fibrosa das plantas, grande quantidade de massa verde produzida e alta porcentagem de grãos na forragem. 

Também considere o custo do milho silagem. O qual, depende da região e da época do ano. Entretanto, os valores mais comuns vão de 450 a 600 reais por tonelada. 

Fases da produção de silagem de milho

Para uma silagem de qualidade é importante se atentar a três etapas:

  • Plantio e condução agronômica;
  • Colheita e ensilagem;

Densilagem e fornecimento.

Ensilagem é o nome dado ao processo de produção da silagem.

Qual o melhor milho para silagem?

As cultivares usadas em milho silagem nem sempre são as mesmas utilizadas nas lavouras de grãos. Apesar dos grãos serem parte importante para a quantidade de energia provida pela silagem, há que se atentar para a sua digestibilidade.

Nesse ponto, é crucial o uso de híbridos que produzem grãos dentados e não grãos duros. Os grãos dentados apresentam características que aumentam a qualidade da 

silagem:

  • Maior proporção de endosperma farináceo em comparação ao vítreo;
  • Maior facilidade de gradação em água;
  • Maior disponibilidade ao animal, resultando em maior teor energético;
  • Maior digestibilidade.

Vale ressaltar que no endosperma farináceo (mole), o amido é frouxamente empacotado. O que facilita na quebra e digestão do milho dentado.

Além da parte de grãos da silagem, entre 55% e 65% da massa seca é composta por parte vegetativa da planta. Assim, atente-se às quantidades de fibras da cultivar, expressas em:

  • Valores de FDA (Fibra Detergente Ácido);
  • FDN (Fibra Detergente Neutro)
  • Pectina;
  • celulose;
  • Lignina;
  • Hemicelulose.

Uma boa silagem tem teor de FDN entre 38% e 45%.  Além disso, quanto maior o teor de FDA, menor a qualidade e digestibilidade da silagem. Afinal, o FDA está relacionado à lignina, que tem baixa digestibilidade

Por isso, recomenda-se sempre realizar a análise bromatológica da silagem.

Como plantar milho para silagem

A época de plantio é a mesma recomendada para a produção de grãos. Estudos realizados pela Embrapa mostram perdas de 24 kg a 30 kg de grãos/ha/dia de atraso após a época ideal de plantio do milho.  Desta forma, o atraso no plantio causa alguns problemas como:

  • Menor porcentagem de grãos;
  • Plantas estioladas;
  • Menor porcentagem de espigas viáveis;
  • Falhas de polinização;
  • Maior presença de planta daninhas, pragas e doenças (por consequência de altas temperaturas e umidade no milho);
  • Elevada possibilidade de seca no florescimento ou enchimento dos grãos.

Assim, você pode utilizar uma cultivar de ciclo longo de enchimento ou maturação para ampliar a janela de colheita. Há também a possibilidade de uso de variedades superprecoces para o plantio de milho para silagem em segunda safra (safrinha).

Além disso, a produtividade média de massa seca de milho para silagem é de cerca de 30 a 40 toneladas por hectare. Porém, já existem registros de novos híbridos que produziram até 80 t/ha em condições ideais.

O processo de silagem (fermentação) leva algum tempo. O mínimo é em torno de 25 e 30 dias. Porém, pode-se estender o processo para até 60 dias, sendo que o período de armazenagem para uso pode ser de vários meses, dependendo das condições do silo.

Espaçamento 

No caso de milho para silagem, pode-se reduzir o espaçamento entrelinhas. Porém, não aumente mais do que 10% a população de plantas. Dessa forma, você pode comprometer a qualidade da silagem, causando aumento nas porcentagens de FDN e FDA

Também é bom lembrar que o aumento de FDN reduz o consumo da silagem. O aumento da FDA, por sua vez, reduz a digestibilidade da silagem.

Adubação e correção do solo para ensilagem

A grande pergunta sobre adubação para milho e correção do solo é se são as mesmas realizadas para a produção de grãos. E a resposta é não! 

Neste caso, não existe ‘depende’. Se fosse assim, estaria retirando nutrientes do campo que ficariam na palha como cálciomagnésio e potássio. As regras de preparo do solo são diferentes para produção de silagem de milho. Por isso, fique de olho nos valores abaixo:

  • Eleve a saturação de bases (V%) para 70%;
  • Eleve o potássio para 5% da CTC do solo;
  • Adubações de 30% 50% a mais do que a utilizada para grãos;
  • Análise do solo de 0 cm a 20 cm, e de 20 cm a 40 cm;
  • Realize rotação de cultura para melhorar o desenvolvimento da cultura.

A rotação de cultura pode ser feita, por exemplo, com: sorgocrotalária, tremoço branco, guandu, girassol, canola, aveia, triticale, braquiária e milheto.

Potencial produtivo de grãos e da planta e teor de matéria seca da planta de milho silagem conforme estágio de maturação
(Fonte: Embrapa)

Ponto ideal do milho para silagem

Quando se colhe o milho silagem antes do ponto ideal, este estará com baixo teor de matéria seca (25% a 29%), além de pouco enchimento de grãos. Consequentemente, haverá perdas de qualidade nutricional e de fermentação.

O momento ideal para o processo de ensilagem deve ser baseado na matéria seca da planta ou no nível de enchimento dos grãos. No caso de você escolher a porcentagem de matéria seca como ponto de ensilagem, considere: 

  • A qualidade da fermentação;
  • A facilidade de compactação;
  • O nível nutricional, que deve estar entre 32% a 37% de matéria seca (tolerância entre 30% e 39%). 

Se você optar pelo enchimento dos grãos como ponto ideal de ensilagem, preste atenção na linha de leite.

Para a colheita com máquinas sem processador de grãos, o ideal é que a linha do leite esteja em 1/2. Já para a colheita com máquina com “cracker”, o ponto ideal é quando ela está a 1/3 do milho grão e indo até a fase de 3/4 do grão. 

Caso não veja a linha de leite, a planta já deverá estar com porcentagem de matéria seca superior a 40%
Em ambas as formas demonstradas de avaliação do ponto de ensilagem, a recomendação é realizar frequentemente esta avaliação na área. Faça isso em várias espigas e pontos da lavoura.

Linha do leite e características da forragem
(Fonte: Biomatrix)

Altura de corte ideal

Há uma grande dúvida sobre altura de corte da planta de milho para silagem.

De acordo com vários estudos que focaram na busca pelo melhor custo-benefício, os melhores resultados foram obtidos com a altura de corte em torno de 25 cm do solo. 

Os benefícios e vantagens para o corte em torno de 25 cm são:

  • Evita-se a quebra das facas e danos por pedras, paus, torrões ou materiais espalhados no solo;
  • Melhora a qualidade de fermentação;
  • Melhora o rendimento de massa/ha.

Tamanhos de partículas ideais

Outro ponto importante é o tamanho das partículas da silagem. O processamento de plantas após colheita deve buscar um tamanho de partículas entre 0,5 cm e 1,5 cm. Esse tamanho de partícula traz os seguintes benefícios:

  • Facilita a compactação da silagem e diminui os bolsões de ar;
  • Melhora a fermentação;
  • Aumenta a digestibilidade;
  • Facilita o processamento de grãos.

Densilagem e fornecimento

Alguns pontos devem ser levados em consideração, como:

  • Face de retirada do silo deve ser plana e perpendicular ao solo e laterais, diminuindo a superfície exposta;
  • Em locais com temperaturas mais elevadas, deve-se retirar de 30 a 35 cm por dia;
  • Evitar o acúmulo de silagem solta na base da face, por ser mais vulnerável a decomposição aeróbica;
  • Descarte da silagem deteriorada.

Conclusão

Neste texto, você viu alguns fatores que podem melhorar a produtividade da sua lavoura de milho silagem. Também viu o momento certo de colheita e a altura de corte da planta.

Fique sempre de olho na hora da escolha da cultivar, do híbrido, do espaçamento entrelinhas e da época de plantio para produção da ensilagem.

Em caso de dúvidas, sempre consulte um especialista ou profissional de Engenharia Agrônoma.

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Redator Alasse Oliveira

Atualizado em 14 de agosto de 2023 por Alasse Oliveira

Alasse é Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestrando em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Atualizado anteriormente, em 25 de novembro de 2022, por João Paulo Pennacchi

Veja como identificar as principais pragas do feijão

Pragas do feijão: saiba como identificar as principais pragas dessa cultura e em quais estádios causam maiores problemas. 

Além de realizar um bom planejamento, um bom gestor de fazenda deve estar preparado para solucionar questões sob pressão.

O manejo de pragas, por exemplo, é uma tarefa que tira o sono de muitos agricultores pois exige que sua recomendação seja rápida e precisa para minimizar ao máximo os danos à cultura. 

No caso do feijão, as pragas podem variar dependendo do local em que a cultura está sendo produzida.

Para te ajudar nesta tarefa, separei informações importantes das principais pragas do feijão que atacam em diversas regiões de nosso país.

Estádio fenológico do feijão 

O primeiro passo para realizar um bom manejo de pragas é saber identificar em qual estádio fenológico a cultura do feijoeiro estará mais suscetível ao ataque de uma praga. Assim, você e seu engenheiro agrônomo podem posicionar o produto certo no momento certo. 

Para facilitar, dividi as pragas de acordo com os estádios de desenvolvimento da planta de feijoeiro.

Contudo, antes de iniciar, vamos relembrar as fases dos estádios fenológicos?!

  • Vo: Germinação;
  • V1: Emergência;
  • V2: Folhas primárias;
  • V3: Primeira folha composta aberta;
  • V4: Terceira folha trifoliolada aberta;
  • R5: Pré-floração;
  • R6: Floração;
  • R7: Formação de vagens;
  • R8: Enchimento das vagens;
  • R9: Maturação.

A seguir, conheça as pragas que afetam as fases iniciais, pragas desfolhadoras, pragas sugadoras e raspadoras, pragas das hastes e axilas e pragas das vagens.

Pragas do feijão de fases iniciais

Essas pragas, geralmente, afetam as sementes, raízes e plântulas do feijão, podendo ser encontradas na cultura de Vo a V3. Elas influenciam consideravelmente na germinação das sementes e no estabelecimento do estande adequado.

Ainda são responsáveis pelas falhas de emergência nas linhas de plantio, dando aquela dor de cabeça ao produtor após a semeadura. Separei algumas dessas pragas do feijão que podemos encontrar nas fases iniciais de desenvolvimento:

Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

A espécie mais comum nas lavouras de feijão é a Agrotis ipsilon que ataca as sementes no sulco de plantio e plântulas recém-emergidas.

Por atacar a cultura em seu crescimento inicial, os danos causados pela lagarta-rosca muitas vezes são irreparáveis.

pragas do feijão

Lagarta-rosca
(Fonte: Agrolink)

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

Esse tipo de lagarta costuma atacar o caule das plântulas, normalmente próximo ao colo. Em alguns casos, essa espécie também costuma atacar sementes e raízes. Quando não manejada a tempo, pode ocasionar enfraquecimento das plântulas e levá-las à morte.

As lagartas do tipo elasmo costumam atacar em épocas de seca, por isso, fique de olho!

Larva-alfinete (Diabrotica speciosa)

A larva-alfinete ataca raízes e sementes e, além disso, é possível observar perfurações nas folhas cotiledonares. Na prática, as raízes não absorvem bem água e nutrientes, deixando a planta debilitada.

Para evitar a presença dessas e outras pragas do feijão semelhantes em sua lavoura, utilize sementes de qualidade, variedades resistentes e um bom tratamento. E não deixe de lado o Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Pragas do feijão: desfolhadoras

Essas pragas podem ser encontradas na cultura logo após a sua fase inicial, quando a planta apresenta folhas primárias até o enchimento de grãos, ou seja, de V2 a R8. Desta forma, podem ocasionar perdas significativas na produtividade caso não controladas.

Vaquinha (Diabrotica speciosa, Cerotoma arcuata)

Essa é uma das pragas mais problemática para a cultura,  pois ocasiona grande desfolha, prejudica a área fotossintética e influencia no crescimento do feijoeiro. Na prática, podemos observar danos mais significativos quando a planta apresenta suas folhas primárias.

Após esse estádio, o dano é menor, pois a cultura consegue tolerar a perda de até 30% das folhas. Caso não controlada no momento certo, pode refletir em grande prejuízo ao produtor rural.

Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

Essa praga do feijão também pode influenciar consideravelmente na produtividade da cultura.

Apesar de não consumir as nervuras das folhas, também apresenta desfolha e é possível diferenciá-la por seus aspectos rendilhados em toda folha.

pragas do feijão

Lagarta-falsa-medideira
(Fonte: Grupo Cultivar)

Para o controle das pragas desfolhadoras, o ideal é que se faça monitoramento. 

Sendo assim, as amostragens devem ser semanais e é importante avaliar não somente as plantas, mas também o solo ao redor. 

O controle químico certamente é o que lhe veio à cabeça, certo? Mas que tal levar em consideração o controle biológico, físico e cultural? Eles podem ser uma ótima saída para evitar a resistência.

Pragas do feijão: sugadoras e raspadoras

Essas pragas também podem ser encontradas na cultura logo após a sua fase inicial.  Cada espécie pode aparecer em um momento, por exemplo, a cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri) pode ser encontrada após o surgimento das folhas primárias até a pré-folhação, ou seja, de V2 a R5.

Já o ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus) pode ser observado logo após a primeira folha composta aberta até o enchimento de grãos, ou seja, de V3 a R8. Por isso, é importante sempre realizar a amostragem na cultura em cada estádio fenológico.

Diferente das pragas desfolhadoras, as pragas sugadoras e raspadoras se alimentam da sucção de seiva das plantas. Além das já citadas, separei alguns exemplos para você:

Mosca-branca (Bemisia tabaci)

A mosca-branca, encontrada entre os estádios V1 a R5, ataca a planta sugando a seiva, porém esse dano é considerado pouco expressivo.

Sendo que a maior problemática dessa praga do feijão é a transmissão do vírus do mosaico dourado do feijoeiro e do vírus do mosqueado suave do caupi, que podem ocasionar perdas consideráveis na produtividade.

Ácaro-rajado (Tetranhychus urticae)

Essa praga é de fácil identificação! É comum o aparecimento de pontos brancos na face superior das folhas e em seguida são observadas necrose.

O ácaro-rajado escarifica o tecido da planta e na sequência se alimenta dessa seiva.

Caso não controlado no momento correto pode ocasionar danos consideráveis de rentabilidade.

pragas do feijão

Ácaro-rajado
(Fonte: Agrolink)

Minha dica é utilização de armadilhas atraentes, elas podem auxiliar tanto no monitoramento quanto no controle das pragas.

Mas sempre consulte um(a) agrônomo(a)!

Pragas do feijão: hastes e axilas

Essas pragas podem ser encontradas na cultura quando a planta apresenta a terceira folha trifoliolada aberta até o enchimento de grãos. Como as demais, quando não manejada pode refletir em perdas na produtividade.

Broca-das-axilas (Crocidosema aporema)

Essa praga normalmente ataca pelo ponteiro das plantas do feijoeiro, na sequência as larvas penetram no caule. As plantas atacadas podem apresentar desenvolvimento anormal ou, em casos mais severos, levar à morte da cultura.

Tamanduá-da-soja ou bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus)

Apesar do nome popular ligado à cultura da soja, essa praga também ataca o feijoeiro, principalmente os pecíolos e a haste principal.

Já suas larvas conseguem se desenvolver dentro das hastes, levando a quebra ou a morte das plantas do feijoeiro. Caso opte pelo controle químico das pragas das hastes e axilas, faça a rotação dos mecanismos de ação de seus inseticidas.

Pragas do feijão: vagens

Essas pragas podem ser encontradas na cultura logo após a pré-floração até a maturação dos grãos. As vagens ocasionam perdas consideráveis nos grãos de feijão, influenciando na qualidade do produto final.

Lagarta-das-vagens (Spodoptera eridania, S. cosmioides, Thecla jebus, Maruca testulalis e Etiella zinckenella)

Essa praga, como o próprio nome sugere, ataca as vagens e os grãos afetando sua formação e desenvolvimento. A lagarta perfura as vagens e deprecia seus grãos e pode ser facilmente reconhecida!

Lagarta-helicoverpa (Helicoverpa armigera)

Conhecida por inúmeros agricultores, a Helicoverpa já trouxe dor de cabeça para muitos produtores! Por se alimentar dos órgãos vegetativos e reprodutivos da planta, danifica flores, vagens e grãos.

Para o manejo adequado, realize o planejamento! Essa praga do feijão possui um tempo para cada geração que é de aproximadamente 30 dias, por isso, estabeleça janelas de aplicação com aproximadamente 30 dias de duração.

>> Leia mais: Conheça as melhores práticas de adubo para feijão

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Conclusão

Após todo o esforço com sua lavoura, você não pode perder tudo por conta da presença de pragas na cultura.

Neste artigo, você viu as principais pragas do feijão e em que estádio fenológico podem afetar sua lavoura. 

Assim, você pode realizar um planejamento pré-safra eficiente e evitar gastos desnecessários no futuro.

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Você tem problemas com pragas do feijão na sua lavoura? Quais medidas de prevenção realiza para evitar essas pragas?