6 dicas para alcançar alta produtividade do feijão

Produtividade do feijão: pré-plantio, escolha da cultivar e outros pontos importantes para ter melhor resultado com a lavoura.

A produção de feijão é essencial para o mercado interno brasileiro, pois forma a base da alimentação nacional.

Mas as flutuações de preço nem sempre agradam o produtor e podem afetar bastante a lucratividade da fazenda. 

Melhorar a produtividade do feijão, portanto, é fundamental para assegurar uma rentabilidade melhor. Para isso, separei algumas dicas que vão te ajudar. Confira a seguir!

1ª dica: escolha da área e rotação de culturas

Para obter alta produtividade do feijão, alguns cuidados são essenciais. E o primeiro deles é a escolha da área.

Dê preferência por áreas com fácil acesso de maquinários, com boa drenagem de solo e sem compactação.

Solos com má drenagem podem favorecer o ataque por fungos de solo, o que poderá se refletir em menores produtividades. Já a compactação pode reduzir consideravelmente o crescimento e desenvolvimento da cultura e, consequentemente, o rendimento dos grãos.

A dica é: realize a rotação de culturas em seu pré-plantio. Isso pode auxiliar na estruturação do seu solo, proporcionando uma melhor drenagem, além de auxiliar ainda no controle de patógenos e pragas.

2ª dica: manejo adequado de plantas daninhas

A cultura do feijão é bastante sensível à competição. Por isso, como em outras culturas de interesse agronômico, o estabelecimento deve ocorrer no limpo.

foto de Emergência de plântulas de feijão

Emergência de plântulas de feijão

Estudos indicam que, nos primeiros 30 dias após a emergência das plântulas de feijão, deve haver ausência de plantas daninhas, evitando, assim, perdas consideráveis de produtividade.

Além disso, lembre-se que o manejo das daninhas durante todo ciclo é fundamental!

Aqui no Blog do Aegro já falamos especificamente sobre isso. Confira: “Plantas daninhas em feijão: principais espécies, manejo e combate”.

3ª dica: adubação ideal

A recomendação de adubação com macro e micronutrientes acontece em função da análise de solo.

De modo geral, a adubação pode ocorrer em diferentes momentos para suprir as necessidades da cultura.

Estudos realizados pela Embrapa indicam que a quantidade de adubação necessária depende de diversos fatores como: época de plantio, cultura anterior, histórico da área e da produtividade esperada. Por isso, a adubação da sua lavoura de feijão irá depender da realidade da propriedade.

Nitrogênio e o fósforo são considerados os nutrientes essenciais para a cultura e limitantes na produtividade.

Uma adubação realizada de modo planejado irá trazer menores custos e maior produtividade do feijão.

Leia mais sobre o assunto neste artigo do Blog: “Conheça as melhores práticas de adubo para feijão”. 

4ª dica: inoculação e tratamento de sementes para melhorar a produtividade do feijão

Inoculação

A inoculação pode ser uma ótima alternativa para aumentar a produtividade do feijão.

De acordo com pesquisa realizada na Universidade de São Paulo, a inoculação com bactérias fixadoras de nitrogênio pode diminuir em 75% a utilização de fertilizantes nitrogenados por hectare.

O estudo realizou a comparação da adubação tradicional para a cultura do feijão (com fertilizantes nitrogenados) com a inoculação de Azospirillum brasilense e Rhizobium tropici.

Verificando que a inoculação na semente ou no sulco com Azospirillum brasilense e/ou Rhizobium tropici substitui a aplicação de nitrogênio em cobertura (60 kg ha-1), além de favorecer a nodulação e o rendimento da cultura.

A utilização da inoculação pode diminuir os custos de produção em até 12%, sendo uma ótima opção de manejo, diminuindo custos e promovendo alta produtividade e maior rentabilidade!

foto de um homem de camisa azul mostrando duas mudas de feijão com inoculação

(Fonte: Embrapa)

Leia mais sobre o assunto no artigo: “inoculante para feijão caupi: por que e como utilizar”.

Tratamento de sementes

O tratamento de sementes é uma excelente técnica para garantir o estabelecimento adequado do estande de plantas.

Tem como função proteger a semente contra o ataque de doenças e pragas e pode ser mais uma estratégia no manejo para garantir altas produtividades.

Para saber qual a melhor opção de tratamento de sementes em sua propriedade, procure um engenheiro agrônomo. 

5ª dica: cultivares e espaçamento adequados

Cultivares

A escolha da cultivar é de grande importância para o sucesso da lavoura.

Opte por sementes certificadas, com alto potencial produtivo e tolerantes a pragas e doenças.

Não esqueça de observar se a cultivar escolhida tem boa adaptabilidade para sua região.

E, antes de iniciar a sua semeadura, realize um teste de emergência em um canteiro da fazenda.

Separei algumas opções de cultivares disponíveis no mercado:

Cultivares do grupo preto

BRS FP 403

IPR Gralha

BRS Esteio

BRS Esplendor

Cultivares do grupo carioca

BRS FC 104

IPR Campos Gerais

BRS FC 401

BRS Estilo

Cultivares com grãos especiais

BRS Ártico

BRS Embaixador 

Para mais opções, confira o portfólio das empresas. 

Espaçamento

O espaçamento ideal é aquele em que a planta pode expressar melhor suas características. 

Para o plantio de feijão, diversos autores dividem o espaçamento em função do seu hábito de crescimento.

  • tipo 1: crescimento determinado
  • o tipo 2: crescimento indeterminado arbustivo 
  • e tipo 3: crescimento  indeterminado prostrado 

Separei algumas opções de espaçamento geralmente indicados:

Tabela com Faixa usual de espaçamento entrelinhas em função do hábito de crescimento da planta

Faixa usual de espaçamento entrelinhas em função do hábito de crescimento da planta
(Fonte: Unesp)

Já o espaçamento entre covas pode variar de 10 cm a 30 cm.

Alguns autores indicam que a redução do número de sementes/cova pode aumentar o rendimento da cultura.

6ª dica: manejo adequado

Para o sucesso de sua lavoura, o manejo adequado é fundamental.

Por isso, realize o planejamento na pré-safra, elencando os possíveis problemas que você pode encontrar durante o ciclo, inclusive na colheita.

Faça um planejamento para monitoramento durante todo o ciclo da cultura.

Observe quais as principais pragas e doenças que podem atacar seu cultivo e como realizar o controle. Isso irá facilitar muito na tomada de decisão!

Dica extra: baixe esse checklist gratuito para realizar um bom planejamento agrícola!

Conclusão

Alguns cuidados são fundamentais para alcançar uma melhor produtividade do feijão.

Neste artigo você conferiu algumas dicas que vão auxiliar durante a produção da cultura: os cuidados pré-safra, manejo de plantas daninhas, adubação e inoculação.

Você também conferiu as recomendações para espaçamento adequado e as diferentes cultivares para os grupos de feijão preto, carioca e grãos especiais.

Espero que com essas informações você consiga realizar uma boa safra e alcançar alta produtividade na lavoura. 

>> Leia mais:

Previsão para o preço do feijão: saiba quais são as expectativas

Manejos essenciais em cada um dos estádios fenológicos do feijão

Como você tem se programado para a próxima safra? Quais dicas daqui vão te ajudar a melhorar a produtividade do feijão? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Aplicação noturna de defensivos agrícolas: quando vale a pena?

Aplicação noturna de defensivos agrícolas: saiba em quais situações pode ser utilizada e quais cuidados tomar para ter alta eficiência.

O aumento da eficiência da aplicação de defensivos agrícolas vem sendo muito discutida nestes últimos anos e pode ser crucial para o aumento de produtividade. 

Mas um grande problema é conciliar as recomendações de período ideal de aplicação com as condições ideais de clima. E essa situação é agravada nas regiões mais áridas do país, pois apresentam dias muito secos e quentes. 

Desta forma, as aplicações noturnas podem ser uma ótima opção, desde que sejam tomados os cuidados necessários para garantir sua eficiência. 

Quer saber mais sobre os cuidados e precauções para a aplicação noturna de defensivos? Confira a seguir! 

Boas práticas na tecnologia de aplicação de defensivos

Mesmo utilizando toda a tecnologia de aplicação de defensivos, o clima ainda possui uma influência muito grande em sua eficiência. 

Para que uma aplicação seja bem-sucedida, recomenda-se que: 

  • a temperatura no momento da aplicação esteja abaixo de 30℃;
  • a umidade relativa do ar esteja acima de 60%;
  • a velocidade do vento esteja entre 3 km h-1 e 6,5 km h-1, não ultrapassando os 10 km h-1.

Entretanto, vivemos em um país com uma variação climática muito grande nas diferentes regiões. E nas regiões mais áridas, é muito difícil a ocorrência destas condições durante o dia. 

Além disso, o momento de aplicação é fundamental para o controle eficiente de pragas, doenças e plantas daninhas

Por exemplo, para controle de plantas daninhas, recomenda-se aplicação de herbicidas em plantas de folhas largas com até 4 folhas e folhas estreitas com até 3 perfilhos. Assim, às vezes se entra em um dilema: realizar aplicação no momento ideal ou esperar as condições climáticas ideais? 

Para poder aplicar o defensivo na época ideal, uma opção é realizar aplicações noturnas, pois, nesse horário, as condições climáticas tendem a ser mais favoráveis. 

Mesmo essa aplicação sendo viável em muitos casos, é preciso responder a uma série de perguntas antes de optar por essa modalidade. E é sobre isso que falarei a seguir:

foto de aplicação noturna de defensivos agrícolas

Aplicação noturna de defensivos agrícolas 
(Fonte: FPA)

O que considerar para a aplicação noturna de defensivos agrícolas?

Tecnologia e capacitação do aplicador

A primeira dificuldade de se realizar uma aplicação noturna de defensivos é o nível de visibilidade no momento da aplicação. Por isso, para optar por esta aplicação, é preciso ter um pulverizador que se adapte a essas condições. 

Para isso, é essencial um bom sistema de iluminação, preferencialmente com implementação de sistema de iluminação complementar. Ainda assim, para o aplicador realizar a operação com sucesso, o pulverizador deve possuir luzes extras em locais estratégicos, caso ocorram falhas no funcionamento. 

Caso uma ponta de pulverização não funcione corretamente ou uma mangueira se solte, o aplicador deve ter plenas condições de visualizar o problema e consertá-lo, se for possível, no campo.

Além disso, uma importante ferramenta para essa modalidade é um bom sistema de posicionamento global (GPS). Ele vai auxiliar o operador em condições de menor visibilidade. 

O aplicador deve ser treinado para operar neste período, sabendo os procedimentos de segurança, para garantir a eficiência da aplicação e a integridade da máquina e de sua saúde.

O gestor da fazenda deve planejar a jornada de trabalho desse aplicador para que seja compatível com essa prática. Isso porque, devido ao nosso relógio biológico, nesse período o aplicador tem maior propensão a sono e cansaço. 

Posição do alvo

Antes de realizar uma aplicação noturna deve-se ter certeza de acertar o alvo neste período. Muitas lagartas, por exemplo, têm hábitos noturnos de alimentação e estão mais suscetíveis neste período. 

Já na aplicação de fungicidas que necessitam uma boa cobertura foliar, deve-se levar em conta o movimento natural das folhas (nictinastia) – elas estarão mais anguladas no período da noite, o que pode dificultar a deposição da calda. 

Por outro lado, essa angulação das folhas pode ser uma excelente oportunidade de atingir alvos na parte inferior da planta ou no solo, sendo uma boa estratégia no controle de lagartas (ex: lagarta-rosca). 

Também devido a essa maior angulação das folhas, o uso de gotas maiores ou adjuvantes com muita capacidade tensoativa (organosiliconados) podem proporcionar maior escorrimento e menor cobertura da folha. 

Movimentação das folhas de soja

Movimentação das folhas de soja
(Fonte: AgroPrecisão)

Necessidade de luz para funcionamento do produto

Alguns produtos como o glifosato tem melhor eficiência na presença de luz, pois o produto tem como característica uma rápida absorção e translocação logo após aplicação. 

Na ausência de luz, a cadeia transportadora deste produto não estará funcionando plenamente. 

Já outros produtos, mesmo precisando de luz para agir (ex: paraquat, diquat, inibidores da protox), podem ser aplicados no período noturno desde que o dia seguinte não amanheça nublado ou chuvoso. 

No caso destes produtos que possuem uma ação muito rápida, a aplicação noturna pode proporcionar um maior espalhamento do produto na folha. E, no dia seguinte, com as primeiras luzes do dia, os herbicidas irão apresentar um melhor controle. 

Condições climáticas no momento e após a aplicação noturna de defensivos

Os principais problemas na aplicação noturna de defensivos são os fenômenos de inversão térmica e ocorrência de orvalho.  

No começo da manhã e final da tarde, principalmente em áreas baixas ou próximas a matas, em situações de pouco vento, a atmosfera pode ficar estável. Isso mantém gotas pequenas em suspensão, impedindo que elas cheguem ao alvo, aumentando muito as chances de deriva em cultivos vizinhos.

Por isso, no momento de aplicação, certifique-se que ocorram ventos de pelo menos 3 km h-1.  

Além disso, a ocorrência de orvalho no momento ou logo após a aplicação pode ser muito prejudicial à deposição do produto na folha, favorecendo o escorrimento das gotas.  

Sendo assim, de modo geral, a aplicação noturna pode ser um ótima técnica, porém, certifique-se de estar atento a todos esses itens antes de utilizá-la.

Como saber a hora certa de aplicar defensivos

Para evitar gastos excessivos com defensivos agrícolas, é importante que você faça o monitoramento de pragas e doenças. Essa rotina de controle pode ser operacionalizada com a ajuda de um software de gestão agrícola como o Aegro.

O Aegro te ajuda a identificar focos de infestação na lavoura, gerando relatórios de controle das pragas-alvo. Você consegue identificar os talhões da propriedade que estão suscetíveis a dano econômico e planejar uma pulverização localizada

Além disso, você pode organizar todo o seu calendário de atividades de safra no Aegro. Defina a data de realização das operações e a quantidade de produto que será aplicada em cada área.

Exemplo de controle de atividades de safra pelo software Aegro

Exemplo de controle de atividades de safra pelo software Aegro

O registro da atividade é feito pelo celular, diretamente do campo, mesmo sem internet. Com o uso de tecnologia de georreferenciamento, você marca pelo aplicativo o ponto em que foi realizada a aplicação.

Assim, seu registro se torna mais preciso e detalhado para que você possa avaliar os resultados da aplicação noturna de defensivos na plantação. Clique aqui e comece a usar o Aegro de graça!

Conclusão 

Em muitas regiões existe um dilema entre realizar a aplicação no momento ideal ou esperar condições climáticas adequadas. Como alternativa a esse problema, há a opção das aplicações noturnas de defensivos.

Esse método pode ser excelente em algumas situações, mas é necessário se atentar a alguns fatores para obter alta eficiência. A boa capacitação do aplicador, adaptação do pulverizador à operação são alguns exemplos. 

Além disso, deve-se ter certeza de que irá atingir o alvo e o que o produto utilizado manterá sua atividade na ausência de luz.

Tendo cumprido esses requisitos, cuidado com os fenômenos de inversão térmica e formação de orvalho, e faça uma excelente aplicação!

>> Leia mais:

Como fazer o controle de estoque de defensivos agrícolas em 5 passos

5 novas tecnologias envolvendo defensivos agrícolas

Você realiza aplicação noturna de defensivos agrícolas? Já teve algum problema quanto à eficiência de produtos? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Novidade no mercado de defensivos: inseticida Plethora

Inseticida Plethora: saiba o que é importante observar quando há um produto novo no mercado. 

A dinâmica de controle de algumas pragas agrícolas é bastante intensa e, por isso, há maior foco e desenvolvimento de novas estratégias.

Recentemente, a multinacional Adama lançou o inseticida Plethora, que tem sido muito bem aceito pelos produtores.

A novidade tecnológica deste produto é que ele possui combinação de ingredientes ativos inéditos no mercado. Seu registro é para diversas culturas e diferentes pragas. 

Entenda a seguir um pouco mais sobre esse inseticida, considerando tanto os benefícios como os riscos ao utilizá-lo. 

Como funciona o inseticida Plethora

O Plethora foi registrado recentemente pela empresa Adama Brasil S.A. no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) na categoria agronômica “inseticida”, com número 8920. 

Este defensivo possui em sua formulação os ingredientes ativos indoxacarbe e novaluron, que nunca antes foram combinados. 

Indoxacarbe

Indoxacarbe foi desenvolvido pela empresa DuPont e é do grupo químico da oxadiazina.  Tem como sítio de ação os canais de sódio dependentes de voltagem. O papel da molécula é bloquear o canal. 

Os canais ficam fechados, bloqueando o fluxo de sódio para o interior da célula e os impulsos nervosos. Em consequência, ocorre paralisia e morte. 

Isso quer dizer que indoxacarbe age no sistema nervoso dos insetos. Por isso, é de amplo espectro de ação, ou seja, pode agir também no sistema nervoso de outros organismos que não as pragas. 

ilustração de uma lagarta mostrando em azul o seu sistema nervoso

Sistema nervoso de uma lagarta (em azul)
(Fonte: Canal Jerson Guedes)

Novaluron 

novaluron foi desenvolvido pela própria Adama e é do grupo químico das benzoilureias. Age no crescimento e desenvolvimento das pragas. 

São inibidores da biossíntese de quitina e isso causa uma deposição endocuticular anormal e muda abortiva. O que quero dizer é que causa problemas fisiológicos nas fases jovens dos insetos e a consequência é a morte antes mesmo de se tornarem adultos.  

Não é um ingrediente ativo de amplo espectro, principalmente por agir na fase larval. E é considerado mais seguro por não atingir diretamente organismos não-alvo. 

imagem de cutícula mal formada de lagartas no processo de muda

Cutícula mal formada de lagartas no processo de muda 
(Fonte: Folhetim Basf)

Indoxacarbe + Novaluron 

O inseticida Plethora, contendo esses dois ingredientes ativos, age no sistema nervoso do inseto, inibindo a entrada de íons de sódio nas células nervosas, e também como inibidor da síntese de quitina. 

Tem 24% de indoxacarbe e 8% de novaluron em sua composição. Por essa razão, o produto em si é de amplo espectro. 

Age tanto por ingestão como por contato com atividade translaminar nas folhas. Isso significa que, após pulverizado, o produto permanece em uma subcamada das folhas, o parênquima foliar. 

Além disso, Plethora tem ação sistêmica, pois fica ativo nos vasos condutores de seiva, onde é enviado por toda a estrutura da planta. 

Com essa combinação, tem ação rápida e permite um efeito residual longo. 

É uma ferramenta para o manejo da resistência, já que muitos produtos que estão no mercado para as praga-alvo deste inseticida têm se mostrado ineficientes. 

Pode ser aplicado de maneira terrestre ou aérea. 

ilustração da embalagem do Inseticida Plethora

Inseticida Plethora
(Fonte: Adama)

O que o inseticida Plethora controla?

O que faz com que este produto tenha sido um bom arremate é o seu controle sobre o complexo de lagartas de várias culturas, como soja e algodão,  mas também de pragas do cafeeiro. 

Além disso, seu registro é amplo, abrangendo também controle para pragas das culturas de canola, feijão, gergelim, girassol, linhaça, milheto, milho e sorgo.

As espécies para controle são:

Culturas: algodão, linhaça e soja.

Culturas: algodão, feijão e soja. 

  • Lagarta-da-maçã (Chloridea virescens)

Cultura: algodão.

  • Lagarta-das-vagens (Spodoptera eridania)

Culturas: algodão e soja.

  • Traça-das-crucíferas (Plutella xylostella)

Cultura: canola. 

  • Lagarta-enroladeira (Antigastra catalaunali)

Cultura: gergelim. 

  • Lagarta-do-girassol (Chlosyne lacinia saundersii)

Cultura: girassol. 

Culturas: milheto, milho e sorgo. 

  • Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

Cultura: soja. 

  • Bicho-mineiro (Leucoptera coffeella)

Cultura: café. 

Cultura: café. 

As doses recomendadas são semelhantes para todas as culturas e pragas: de 200 a 300 mL/ha. Apenas na cultura do café que há diferenças, sendo de 500 a 700 mL/ha para a broca-do-café e de 300 a 400 mL/ha para o bicho mineiro. 

Mesmo com doses semelhantes, é muito importante que você respeite o nível de controle de cada praga e as recomendações que estão na bula. 

Riscos do Inseticida Plethora

Mesmo sendo uma boa ferramenta, o inseticida Plethora apresenta alguns riscos.  

A classificação toxicológica é 5, sendo improvável de causar dano agudo. Porém, sua classificação com relação ao meio ambiente é 2, com indicação de muito perigoso ao meio ambiente. 

Isso quer dizer que deve-se usar o Plethora com prudência, respeitando as especificações do fabricante, dose a ser aplicada, além do número, época e intervalo entre aplicações. 

Uma forma de uso correto é aplicando os preceitos do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Com o MIP, é possível fazer as aplicações somente quando o monitoramento mostrar necessário.

Você pode, inclusive, usar um software de gestão agrícola para monitorar focos de infestação na lavoura e controlar a quantidade de inseticida que deve ser aplicada em cada talhão. Assim, você tem um manejo mais efetivo de pragas e evita pulverizações excessivas.

Um erro seria utilizá-lo em pulverizações calendarizadas e sem monitoramento prévio das pragas. Além de causar possíveis contaminações, isso pode reduzir a eficácia do produto e prejudicar a tecnologia em um curto período de tempo. 

planilha manejo integrado de pragas MIP Aegro, baixe agora

Se for utilizado de maneira correta, poderá contribuir para um bom manejo na sua cultura. 

Consulte um profissional agrônomo para que você tenha maior auxílio ao utilizar este produto. 

Conclusão 

Um novo produto fitossanitário teve registro recente e tem sido muito bem aceito por produtores em todo o Brasil. 

O Plethora é um inseticida de amplo espectro e longo período residual. Tem combinação inédita de dois ingredientes ativos, o indoxacarbe e o novaluron. São de grupos químicos diferentes, agindo tanto no sistema nervoso como no crescimento e desenvolvimento dos insetos. 

Até o momento, seu registro é para uso em 11 culturas e 11 pragas, sendo, em sua maioria, do complexo de lagartas. 

Existem alguns riscos ao utilizar o produto, mas que podem ser manejados de acordo com o MIP. 

Utilizado da maneira correta, esse inseticida poderá contribuir para um bom manejo na sua cultura!

Como você monitora as pragas da sua lavoura hoje? Restou alguma dúvida sobre o inseticida Plethora? Adoraria ler seu comentário!

5 passos para acertar na semeadura do feijão

Semeadura do feijão: como se planejar e quais cuidados adotar quanto ao manejo da cultura para obter altas produtividades

O feijão é um dos grãos mais cultivados do Brasil, com uma média estimada em 3 milhões de toneladas por ano.

Mas nem sempre a rentabilidade da lavoura é boa, pois a flutuação de preços no mercado também é alta.

Alguns cuidados na semeadura podem te ajudar a ter uma produção melhor e mais lucrativa.

Neste artigo, vou explicar os 5 principais passos para acertar na semeadura do feijão, entre eles como calcular a quantidade de plantas que poderá te dar um ótimo resultado produtivo. Acompanhe!

1- Método de manejo do solo

Adequar as condições de solo é essencial para uma boa semeadura, garantindo uma boa germinação e estabelecimento da cultura. Isso faz parte dos cuidados antes da semeadura do feijão.

Existem três métodos de manejo do solo, sendo eles:

O método que será adotado irá depender das condições do solo, da declividade e até mesmo do tipo de solo. 

O manejo a ser seguido também é baseado na quantidade de resíduo vegetal e na população de plantas daninhas, tudo com enfoque na melhor plantabilidade. 

foto de semeadura de feijão em sistema de plantio direto

Semeadura de feijão em sistema de plantio direto
(Fonte: Embrapa)

Confira também “Como fazer o preparo do solo para plantio de feijão”!

2- Atenção às épocas de semeadura do feijão

Para a semeadura do feijão, existem três épocas, sendo chamadas de feijão das águas, feijão da seca e feijão de inverno. 

Vou explicar melhor cada uma delas a seguir:

Feijão das águas

Semeado normalmente entre os meses de setembro a novembro, podendo ter uma pequena variação de região para região devido às variações pluviométricas.

O feijão semeado nessa época está exposto a condições de veranicos e falta de água no plantio

Quando plantado tardiamente, corre o risco de umidade excessiva na colheita, o que compromete a qualidade do produto final, pois acarretar em muitos grãos brotados. 

Feijão da seca 

Conhecido também por feijão safrinha, o feijão da seca é plantado entre os meses de janeiro a março (também pode haver uma pequena variação). 

Uma das principais dificuldades dessa época é o excesso de chuva na semeadura, diminuindo a eficiência da operação.  

Há ainda possibilidade de sofrer com veranicos em meados do ciclo da cultura (má distribuição da chuva), o que pode comprometer a produtividade esperada.

Quando plantado antecipadamente, pode ter grande umidade na colheita. Quando plantado tardiamente, pode sofrer com geadas. 

Feijão de inverno

O feijão de terceira época é plantado na estação outono-inverno, entre os meses de maio e julho. Ou seja, em uma época de escassez de chuva, requerendo irrigação

Nesse caso, o cultivo do feijão deve ser realizado em regiões onde o inverno é mais brando, com pouca ou nenhuma ocorrência de geadas. 

Nessa época, o feijoeiro apresenta ótima condições para a produção de semente devido à menor incidência de pragas e doenças

Além disso, o feijão de inverno propicia um melhor uso do solo, pois, no inverno, poucas culturas que se adaptam às condições climáticas. E ainda tem bom preço no mercado! 

tabela com épocas de semeadura para a cultura do feijão nos estados da região Central brasileira

Épocas de semeadura para a cultura do feijão nos estados da região Central brasileira
(Fonte:adaptado de Paula Junior et al., 2008, disponível em e-Tec Brasil

Agora que você viu os cuidados que devem ser tomados antes da semeadura, veja agora os cuidados na semeadura do feijão!

3- Velocidade e profundidade da semeadura

A velocidade e profundidade de semeadura são pontos importantes para uma boa produtividade da cultura do feijoeiro. Isso irá garantir homogeneidade de emergência e boa distribuição de semente e adubo.

As velocidades que asseguram boa plantabilidade estão em torno de 4 km/h a 6 km/h. Velocidades inferiores a 4 km/h comprometem o rendimento da máquina. Acima de 6 km/h, provocam não uniformidade de semeadura.  

Existe também diferença de velocidade de plantio quando o cultivo é feito de modo convencional ou pelo SPD.

No SPD, o plantio deve ser mais lento para que haja menor movimentação de solo possível, pois é sabido que, quanto mais rápido a semeadora passar, maior deslocamento lateral de solo. 

Quanto à profundidade, o feijão é semeado, em geral, a profundidades de 3 cm a 6 cm. As oscilações vão variar de acordo com a textura do solo. 

Em um solo arenoso, a semeadura é mais profunda: de 5 cm a 6 cm, com objetivo da semente estar alocada em regiões mais úmidas. 

Já em solo argiloso, a semeadura do feijão pode ser mais superficial: de 3 cm a 4 cm, pois é um solo que segura mais a umidade. 

4- Defina a densidade de plantio adequada

A densidade adequada para uma área é importante pois, com o número ótimo de plantas, conseguimos altas produtividades e rentabilidades. 

Quantidades de plantas inferiores às adequadas significa falhas na lavoura. Já quantidades superiores podem reduzir a produção, tendo em vista a disputa entre as plantas por água, luz e nutrientes.

No caso do feijoeiro, a densidade de plantio adequada é aquela em que as plantas, quando em período de florescimento, possam recobrir toda a área. 

A densidade é reflexo dos espaçamento entre linhas e do número de plantas por metro linear. 

O espaçamento é influenciado pelo hábito de crescimento do feijoeiro, como mostra a imagem abaixo: 

ilustração com hábitos de crescimento do feijoeiro: tipo I Ereto, tipo II Semiereto, tipo III Prostado e tipo IV Trepador.

(Fonte: Embrapa)

O feijão de hábito de crescimento do tipo 4 não é usado em grandes áreas, tendo em vista a sua dificuldade de condução, requerendo um tutor. 

Os maiores espaçamentos são vistos em feijões do tipo 3,  variando de 50 a 60 cm entre linha. Já os do tipo 1 e 2 requerem, normalmente, um espaçamento em torno de 40 a 50 cm entre linha. 

O número de plantas por hectare varia em média de 250 mil a 300 mil plantas/ha. 

Pesquisadores da Embrapa relatam que os melhores rendimentos têm sido obtidos com espaçamentos de 40 a 60 cm entre linhas e com 10 a 15 plantas/m. 

Cálculo de uso de sementes

Para calcular a quantidade de semente necessária em Kg/ha é essencial o levantamento dos seguintes dados: 

  1. Nº de plantas por metro linear (D);
  2. Peso de 100 sementes (gramas) do feijão plantado, lembrando que varia de cultivar para cultivar (P); 
  3. Qual o poder germinativo da semente (%) (PG);
  4. Qual o espaçamento utilizado entre linha, em metro (E). 

Desta forma, torna-se possível a utilização da fórmula que permite a obtenção da quantidade de sementes em Kg/ha (Q):

fórmula de Q(Kg/ha) igual D vezes P vezes 10 dividido por PG vezes E
Características de algumas cultivares de feijão indicadas para o estado de Minas Gerais

Características de algumas cultivares de feijão indicadas para o estado de Minas Gerais
(Fonte: Adaptado de Paula Junior et al., 2008, disponível em e-Tec Brasil)

5- Previna-se com o tratamento de sementes

Sabemos que a antracnose, bacteriose e a mancha angular são doenças bastante comuns no feijoeiro e que são transmitidas por sementes. 

Há também os insetos de solo que podem comprometer severamente o estande plantas em sua lavoura. 

Porém, existe uma forma de lidar com essas enfermidade que é através dos tratamento de sementes

O tratamento de semente é uma forma preventiva de assegurar que a plântula/planta possa crescer e se desenvolver sem que haja empecilho logo no início do seu crescimento. 

Desta forma, conseguimos assegurar o estande de planta ao qual foi planejado uma determinada produção. 

Conclusão

A semeadura do feijão é uma etapa que requer todo cuidado e zelo, pois é o início de todo um sistema produtivo. 

Desta maneira, planejar a semeadura, saber a quantidade de plantas por hectare e tomar os devidos cuidados da operação podem assegurar sucesso produtivo. 

Planeje-se bem, conheça sua propriedade e faça sua semeadura de uma forma segura, sem contratempos. 

>> Leia mais:

Manejos essenciais em cada um dos estádios fenológicos do feijão

Conheça as melhores práticas de adubo para feijão

Você já planejou sua semeadura do feijão? Deixe seu comentário!

Mosaico dourado do feijoeiro e o seu manejo

Mosaico dourado do feijoeiro: como identificar os principais sintomas da doença na lavoura, o vetor e as principais medidas de manejo.

As doenças são fatores limitantes para a produção e causas de grandes prejuízos na lavoura.

O mosaico dourado é uma das mais importantes doenças da cultura do feijoeiro no Brasil e pode provocar perdas de até 100% da produção.

Para te ajudar a minimizar os riscos dessa virose na lavoura de feijão, preparamos este texto com os sintomas, vetor e o manejo adequado para o mosaico dourado do feijoeiro. Confira!

Importância da cultura do feijoeiro no Brasil

O Brasil é um dos principais produtores de feijão do mundo, sendo o grão utilizado como base alimentar da população.

O feijão pode ter até três ciclos de cultivo no país: 1ª safra, 2ª safra e 3ª safra ou safra de inverno.

Calendário agrícola da primeira safra de feijão no Brasil com a cor verde que corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita
Calendário agrícola da segunda e terceira safra de feijão no Brasil com a cor verde que corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita

Calendário agrícola das safras de feijão no Brasil; a cor verde corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita
(Fonte: Conab)

A estimativa da Conab é de que, neste ano, sejam plantados 2,9 milhões de hectares de feijão nas três safras, com produção de 3,15 milhões de toneladas e produtividade de 1,07 tonelada/ha.

Para evitar os prejuízos com as doenças na lavoura, conheça a principal virose da cultura: o mosaico dourado do feijoeiro.

Importância e sintomas do mosaico dourado do feijoeiro

O mosaico dourado é a principal virose na cultura do feijoeiro. É causada pelo vírus Bean golden mosaic virus (BGMV), que pertence ao gênero Begomovirus, que tem genoma bipartido, ou seja, dois componentes de DNA circular (DNA A e DNA B).

ilustração da organização do genoma do mosaico dourado do feijoeiro

Organização do genoma do Bean golden mosaic virus
(Fonte: Vinicius Bello em Unesp,  adaptada de Rojas et al., 2005)

A doença foi identificada no Brasil em 1961, mas ganhou importância a partir da década de 70. Há estudos que mostram que pode ocorrer incidência de 100% da lavoura com o vírus do mosaico dourado e causar perdas de produção de até 100%. Por isso, é considerada uma virose de grande importância para o feijoeiro.

Como o próprio nome da doença indica, o sintoma principal são as folhas com mosaico amarelo ou dourado

Mas, além desse sintoma, você também pode encontrar folhas enrugadas, encarquilhadas, enroladas e de tamanho reduzido.

foto da doença mosaico dourado do feijoeiro

(Fonte: IPM Images)

Também podem ocorrer sintomas de nanismo e superbrotação, com caules e ramos deformados, com muitas brotações laterais e a planta de tamanho reduzido. Os sintomas podem variar em relação à variedade e idade da planta.

Se nas plantas infectadas ocorrer a formação de vagens, elas normalmente são deformadas, com tamanho reduzido e menor número de grãos. Além disso, os grãos podem ficar mal formados, prejudicando a qualidade.

Outro aspecto muito importante desse vírus que é que ele é transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci) de maneira persistente circulativa. Vou explicar melhor sobre isso:

Vetor do vírus

A mosca branca é vetor de muitas viroses importantes para as culturas agrícolas, podendo transmitir cerca de 300 espécies de vírus diferentes.

foto da mosca branca vista de telescópio

Bemisa tabaci MEAM1
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Além disso, ela tem excelente capacidade de reprodução, dispersão e coloniza várias espécies de plantas, sendo considerada uma praga polífaga.

Ciclo de vida da mosca branca

Ciclo de vida da mosca branca
(Fonte: Promip)

A relação persistente circulativa que comentei acima é quando o vírus é adquirido pelo vetor durante um período prolongado de alimentação nos vasos do floema. O vírus circula no corpo do vetor, mas não se propaga.

Além disso, nesse tipo de transmissão, há o período de latência, que é um período até que o vetor seja capaz de transmitir o vírus para outra planta, ou seja, período entre a aquisição e a transmissão do vírus.

tabela com característica e persistência do vírus do mosaico dourado do feijoeiro

(Fonte: Fitopatologia)

Vale lembrar que esse vírus não é transmitido por sementes ou contato manual, é somente transmitido pelo vetor.

Agora que você sabe mais sobre o mosaico dourado, veja como realizar o manejo dessa doença na sua propriedade.

Medidas de manejo do mosaico dourado do feijoeiro

Para o manejo do mosaico dourado, como ocorre para outras viroses, é recomendada a redução do inóculo inicial

E uma dessas medidas é o vazio sanitário para feijoeiro, que ocorre por 30 dias. Isso é adotado em Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal.

Além disso, recomenda-se o plantio do feijão em época com baixa população de mosca branca e, se possível, longe de áreas com espécies hospedeiras da mosca branca e também do vírus.

O uso de inseticidas para reduzir a população de mosca branca tem sido adotado por muitos produtores. Porém, um inconveniente é a seleção de espécies do vetor resistente ao inseticida. Por isso, é preciso ter cautela nesse método de manejo e utilizar a rotação de moléculas.

Por isso, procure um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) para te auxiliar com o manejo dessa virose.

A maioria das variedades de feijoeiro é suscetível ao vírus do mosaico dourado, mas algumas variedades são consideradas tolerantes ou com resistência parcial, apresentando um sintoma leve da virose e menores taxas de perdas.

Além disso, já foi lançada uma variedade de feijão transgênica resistente ao mosaico dourado do feijoeiro. A Embrapa lançou essa tecnologia denominada RDM (resistente ao mosaico dourado) para o feijão carioca.

Essa tecnologia pode proporcionar maior rendimento na cultura do feijoeiro, menor aplicação de inseticida para a mosca branca (vetor do vírus) e, consequentemente, lucro.

Veja a cartilha da Embrapa sobre essa tecnologia e o manejo antes, durante e após a cultura de feijão no campo!

Conclusão

A cultura do feijoeiro é muito importante para o Brasil, sendo um dos países em que mais se produz a cultura.

E a virose mosaico dourado, uma das principais doenças do feijoeiro, pode provocar perdas extremamente elevadas na lavoura.

Por isso, neste texto falamos sobre os sintomas e o vetor da doença, além de dar dicas do manejo da virose para reduzir perdas com a doença na sua lavoura. 

Agora que você sabe tudo sobre o manejo, pratique-o na sua lavoura e reduza as perdas!

>> Leia mais:

Como fazer o preparo do solo para o plantio de feijão

Manejos essenciais em cada um dos estádios fenológicos do feijão

Você tem problema com o mosaico dourado do feijoeiro na sua lavoura? Como realiza o manejo da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Como o mapeamento de fertilidade do solo pode gerar economia na fazenda

Mapeamento de fertilidade do solo: saiba como fazer a aplicação de insumos de forma eficiente nas lavouras.

Ferramentas de agricultura de precisão estão cada dia mais presentes nas propriedades.

O mapeamento da fertilidade do solo, por exemplo, é uma prática que auxilia a entender melhor as manchas nas lavouras e a fazer a aplicação mais racional dos produtos. Isso se traduz em eficiência e até mesmo economia na utilização.

Quer entender mais sobre como gerar os mapas de fertilidade e utilizá-los da melhor forma na fazenda? Confira a seguir!

O que são mapas de fertilidade do solo?

O mapeamento de fertilidade do solo é uma prática que considera a variabilidade dos elementos presentes no solo. Os mapas indicam as manchas de nutrientes conforme sua localização espacial e têm grande utilidade para a Agricultura de Precisão (AP).

Em outras palavras, os mapas de fertilidade servem para aplicação de fertilizantes e corretivos em doses variadas nas áreas. Isso faz com que a aplicação seja otimizada, baseada nos mapas de cada talhão ou lavoura.

Algumas soluções de AP utilizadas no Brasil, como os mapas de fertilidade do solo, são focadas na aplicação desses insumos, de acordo com as manchas. Porém, o conceito de agricultura de precisão vai além da aplicação de fertilizantes e corretivos em taxas variadas.

mapa de monitoramento do solo pela SLC Agrícola

(Fonte: SLC Agrícola)

Dentro dos conceitos de agricultura de precisão temos também toda a gestão da lavoura de forma diferenciada, seja para sementes, produtividade, compactação do solo, infestações de pragas, plantas daninhas, entre outras.

Os mapas de fertilidade do solo e os de produtividade são as principais estratégias para manejo das lavouras e reposição de nutrientes de forma localizada.

A maioria dos usuários de agricultura de precisão no Brasil inicia seu manejo com amostragens georreferenciadas de solo.

As amostragens geralmente são em grade, por ponto ou célula, ou amostragem inteligente, levando em consideração outros atributos dos talhões para orientar as coletas de solo.

A amostragem georreferenciada é relativamente simples e, devido a isso, é muito utilizada para criação dos mapas de fertilidade do solo.

Como realizar o mapeamento da fertilidade do solo

O primeiro passo para realizar o mapeamento da fertilidade do solo consiste na criação da grade amostral. Isso pode ser feito em aplicativos de celular ou softwares dedicados de sistema de informação geográfica (SIG), como o QGIS, entre outros.

Posteriormente à criação da grade, o usuário vai a campo realizar a retirada das amostras com trado, quadriciclos ou amostradoras elétricas, à combustão ou hidráulicas.

Essas amostras são enviadas ao laboratório que, por sua vez, realiza as análises e devolve os dados brutos ou até mesmo já processados e interpolados ao usuário.

Tais mapas podem ser utilizados para confecção dos mapas de recomendação de adubação e posterior aplicação no campo com máquinas específicas. Todo esse procedimento leva em torno de 10 a 20 dias.

A agilidade dessa metodologia satisfaz os produtores com a criação dos mapas de fertilidade. Uma vez com estes mapas, é possível aplicar os insumos de acordo com os teores e necessidades no solo.

A outra forma de realizar a aplicação é baseada nos mapas de produtividade, que além de analisar somente os nutrientes presentes nos solos, leva em consideração a produtividade das culturas e, consequentemente, extração de nutrientes.

A utilização dos mapas de produtividade requer certo conhecimento por parte do produtor, além da correta calibração dos equipamentos instalados nas máquinas. Devido a esses fatores, os mapas de produtividade ainda não são os mais utilizados no Brasil.

Como interpretar os mapas de fertilidade corretamente

Os mapas de fertilidade analisados em conjunto com os mapas de produtividade trazem melhores resultados aos produtores. O maior volume de dados facilita o diagnóstico de acordo com a variabilidade e as manchas presentes nas lavouras.

O entendimento das relações entre causa e efeito podem ser melhor interpretados com o auxílio de ambos os mapas, uma vez que áreas com fertilidades mais baixas apresentam menores produtividades.

Algumas interpretações podem ser realizadas de acordo com o modelo de gestão de cada fazenda.

Algumas fazendas buscam aumentos de produtividade. Dessa forma, analisam os mapas de fertilidade e, além de simplesmente repor os nutrientes, utilizam conceitos agronômicos para inserção de maiores doses para elevar a produtividade.

Outra estratégia de gestão pode ser a redução do uso de insumos. Nesse caso, os mapas de fertilidade do solo servirão de guia para aplicações localizadas, visando suprir o que foi extraído pelas culturas ou o que está em falta nos solos.

A economia de insumos é evidente em muitos casos, principalmente para calcário e fertilizantes, devido ao simples fato da recomendação em dose única se basear, geralmente, nas maiores necessidades dos talhões.

Como aplicar os insumos em taxas variadas 

A aplicação dos insumos em taxas variadas baseadas no mapeamento de fertilidade do solo é governada por equipamentos específicos para esta finalidade.

As máquinas possuem alguns sistemas acessórios e, dentre eles, sempre estão presentes:

  • GPS (para localização das lavouras);
  • monitor (responsável por integrar todo o sistema e ler o mapa de recomendação);
  • controladores (que governam a aplicação, atuando na velocidade da esteira ou abertura da comporta).
foto de trator digitalizado  na lavoura, com imagens de gps e monitoramento

(Fonte: Dinheiro Rural)

Mesmo quem não tem máquinas com estes kits pode aplicar de forma diferenciada e otimizada.

A aplicação de insumos pode ser realizada com a demarcação prévia de zonas dentro das lavouras, com auxílio de aplicativos de celular.

As aplicações dentro das zonas será fixa, porém, de uma zona a outra, pode-se mudar a dose e regular a máquina para nova taxa, realizando a aplicação sem a necessidade de máquinas ou equipamentos mais caros. 

Um aplicativo que pode ser utilizado nestes casos é o Field Navigator. Com o auxílio do GPS do celular, é possível demarcar as zonas no campo e realizar as aplicações baseadas nos mapas de fertilidade dos solos.

guia - a gestão da fazenda cabe nos papéis

Conclusão

O mapeamento da fertilidade do solo auxilia no correto entendimento das manchas e das necessidades dos insumos de cada porção das lavouras.

Os mapas de fertilidade do solo pode ser o início dos mapeamentos para quem quer iniciar a agricultura de precisão em suas lavouras.

Atualmente, temos inúmeros prestadores de serviço que realizam desde a amostragem georreferenciada do solo até a criação dos mapas de recomendações para aplicações otimizadas dos insumos.

Cabe a você decidir se irá realizar os mapeamentos por conta própria ou terceirizar este tipo de serviços em suas propriedades.

Uma coisa é certa: realizando ou não a amostragem, os mapas de fertilidade de cada talhão devem ser guardados e analisados ano após ano. O acompanhamento histórico pode auxiliar bastante no entendimento correto do que ocorre em cada mancha da sua lavoura!

>> Leia mais:

“Conheça os 9 indicadores de fertilidade do solo e saiba usá-los ao favor da sua lavoura”

Agricultura digital: realidade e tendências

Você realiza o mapeamento de fertilidade do solo da sua fazenda? Aplica os insumos de forma otimizada? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Por que realizar a cobertura de solo no inverno

Cobertura de solo no inverno: como escolher a melhor cultura para sua lavoura e as opções que podem ser utilizadas nas diferentes regiões agrícolas

O Brasil é o quinto maior país do mundo, com uma extensão superior a 8,5 milhões de quilômetros quadrados.

Com todo esse tamanho, o potencial agricultável do país é imenso! Mas para atingir todo esse potencial precisamos de uma série de cuidados, a começar pelo solo e pela água.

Garantir uma boa cobertura de solo permite usar toda sua capacidade de armazenamento, favorecendo a lavoura principalmente em tempos de seca.

E por que você deve fazer a cobertura de solo no inverno? Quais as melhores culturas para isso? Entenda a seguir:

Cobertura de solo no inverno: por quê?

A cobertura do solo é essencial na agricultura brasileira. Ela ajuda a diminuir as perdas de água por evaporação e também a conter a erosão, aumentando o percentual hídrico nos poros dos solos.

Mas as plantas cultivadas na safra de verão não fornecem palha em quantidade suficiente para uma cobertura efetiva. Portanto, uma ótima saída é fazer a cobertura de solo no inverno (clima subtropical) ou outono (clima tropical).

Não existe uma única cultura ou melhor espécie a ser escolhida. É preciso considerar uma série de fatores, como vou explicar mais adiante neste texto.

Mas, antes, quero que você entenda melhor alguns pontos sobre o solo e sobre a importância da água para atingir uma alta produtividade!

Solo e água

O solo é constituído de partículas de diferentes tamanhos. Nós as classificamos como:

  • argila (para as partículas pequenas);
  • silte (para as partículas médias);
  • areia (para as partículas grandes).

Essas partículas se juntam para formar o solo e os espaços entre os “aglomerados” de partículas são os chamados poros do solo.

A água fica retida exatamente nesses poros sendo que, quanto menor o poro, mais fortemente a água ficará retida e mais difícil será ela escorrer até o lençol freático.

Pois bem! A quantidade de poros grandes ou pequenos (macro e microporos) está relacionada com a quantidade de cada uma das partículas e de matéria orgânica que compõe o solo.

Tente imaginar uma caixa d’água cheia de bolas de futebol e uma cheia de bolinhas de pingue-pongue. Os espaços existentes entre as bolas de futebol são grandes enquanto que as bolinhas de pingue-pongue deixam pequenos espaços entre si.

Assim funciona nos solos arenosos, que apresentam uma grande quantidade de macroporos (grandes espaços), e nos solos argilosos, que têm uma infinidade de microporos (espaços pequenos).

Assim, fica claro o motivo de plantas cultivadas em solos arenosos sofrerem mais com o estresse hídrico. 

Esses solos perdem muita água por percolação (quando a água desce no solo até o lençol freático) se comparado a solos mais argilosos.

Agora que entendemos onde está a água do solo, vamos ver como ela se perde.

Perdas de água no solo

A água chega até o solo através das chuvas ou pela irrigação. Quando entra em contato com o solo, a água tem basicamente dois caminhos: infiltrar-se no solo ou escorrer pela superfície.

O que irá ditar quanto de água irá para cada caminho é o relevo (quanto mais inclinado, maior o escorrimento superficial) e a cobertura do solo.

Nesse primeiro momento, até 30% da água pode ser perdida por escorrimento superficial e não ficará disponível para as plantas do local.

A parcela da água que se infiltra no solo preencherá os macros e microporos (como visto antes) e estará disponível para as plantas.

Uma grande parte da água do solo (20% a 40%) é perdida por evaporação. Essa água, diferente da que é absorvida e transpirada pelas plantas, é uma perda que não gera produção.

Ilustração de sistema solo-planta-atmosfera

Sistema solo-planta-atmosfera
(Fonte: Esalq)

Como sabemos, a água é essencial para a produção agrícola e, perdê-la em vão, sem que ela sequer auxilie no ciclo da lavoura, pode ser um grande prejuízo. 

Importância de se fazer a cobertura de solo no inverno

O principal manejo que podemos adotar para impedir a perda de água por evaporação é cobrir o solo.

E como eu já expliquei anteriormente, as plantas cultivadas na safra de verão não fornecem palha nas quantidades necessárias para uma cobertura efetiva do solo.

Gráfico sobre a perda diária de água por evaporação em plantio convencional (PC) e plantio direto com 0,3 e 6 toneladas de palha por hectare (PD 0, PD 3 e PD 6 respectivamente).

Perda diária de água por evaporação em plantio convencional (PC) e plantio direto com 0,3 e 6 toneladas de palha por hectare (PD 0, PD 3 e PD 6 respectivamente).
(Fonte: Andrade, 2008)

Dessa forma, as safras de outono (clima tropical) ou de inverno (clima subtropical) são uma ótima saída para o cultivo de culturas de cobertura.

Não existe uma única cultura de cobertura que se adeque a todas as situações. A temperatura, o regime de chuvas e as culturas semeadas em sucessão determinarão a melhor espécie a ser escolhida.

Como regra geral, as culturas de cobertura devem apresentar:

  • fácil estabelecimento;
  • rápido crescimento; e 
  • proporcionar uma boa cobertura do solo. 

Outro fator a se considerar são as doenças e pragas potenciais da espécie e se elas atacam a cultura principal. 

De modo geral, o recomendado é optar por gramíneas em sucessão a leguminosas como a soja. 

Opções de culturas para cobertura do solo no inverno

Nas regiões tropicais do Centro-Oeste, a cultura do milheto é uma ótima opção, juntamente com o consórcio entre milho com forrageiras tropicais como as braquiárias.

Em regiões de maior déficit hídrico no Centro-Oeste, a cultura do sorgo pode ser uma opção mais viável para a segunda safra (consorciado ou em monocultivo).

Nas regiões subtropicais, a aveia tem sido uma das principais plantas de cobertura de inverno adotadas na região sul do Brasil, acompanhada do azevém e do centeio.

O que determina quando utilizar cada uma é a temperatura da região. 

A aveia é extremamente suscetível a geadas, enquanto o centeio é uma opção mais segura em regiões de baixas temperaturas no inverno. 

Essas plantas têm algo em comum: são todas gramíneas. Como já expliquei neste texto sobre plantio direto na palha, as gramíneas fornecem uma palha mais resistente à decomposição e que permanece por mais tempo cobrindo o solo.

Diferente das leguminosas (utilizadas na adubação verde), como o feijão guandu, a ervilhaca, etc., as gramíneas apresentam alta relação entre carbono e nitrogênio (C/N). Isso torna a decomposição do material mais lenta.

A safra de verão

No início do período das chuvas, a água volta a molhar o solo. Mas quando cai em solo descoberto, as gotas d’água irão “quebrar” os aglomerados de partículas que compõem o solo.

Quando ocorre a quebra desses aglomerados, a água que escorre leva junto com ela as partículas mais leves (argilas). E assim acontece a tão famosa erosão do solo.

A cobertura do solo com palha ajuda não só a diminuir as perdas de água por evaporação como também auxilia a conter a erosão e aumentar o percentual de água infiltrada nos poros do solo.

Na figura abaixo podemos ver como a taxa de infiltração no sistema plantio direto se mantém alta ao longo do tempo. 

Isso ocorre devido à proteção que a palha fornece contra o impacto das gotas de chuva, que perdem energia potencial, e pela infinidade de poros que as raízes das plantas de cobertura abrem no solo.

No preparo convencional há a quebra da continuidade desses poros. A camada revolvida fica mais porosa em um primeiro momento, mas, com as chuvas, a água destrói os aglomerados do solo e as partículas menores cimentam os poros.

Dessa forma, quando se utiliza o preparo convencional, está se limitando a capacidade de armazenamento de água do solo praticamente apenas à camada arável.

Imagine um perfil de um latossolo (o mais frequente no brasil) chegando facilmente entre 2 m e 3 metros de profundidade, sendo utilizado apenas nos primeiros 20 cm da camada superficial. Ou seja, um grande desperdício. 

Gráfico da taxa de infiltração de água (TI) em diferentes preparos de solo ao longo do tempo

Taxa de infiltração de água (TI) em diferentes preparos de solo ao longo do tempo
(Fonte: Leite, 2007)

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

A cobertura do solo permite utilizar toda sua capacidade de armazenamento, o que favorece a lavoura. E essa diferença é sentida principalmente nos períodos de veranicos e de secas.

Neste artigo você viu que, antes de pensar na adubação ou em correção de solo, vale atentar-se à água. Ela é o principal fator limitante de produção, mas frequentemente é deixada de lado.

Nem sempre é preciso buscar soluções em novos produtos: adote novas práticas! A cobertura do solo é essencial na agricultura brasileira e permite aproveitar da melhor forma o ciclo das chuvas

Como muitos dizem: “uma boa safra começa na entressafra”!

>> Leia mais:

Rotação de culturas: vantagens e desvantagens dessa prática

Integração lavoura-pecuária: como implementar e tirar o melhor proveito

O que você precisa saber sobre a cobertura do solo com nabo forrageiro

Restou alguma dúvida sobre a cobertura de solo no inverno? Quais as culturas que você utiliza? Adoraria ler seu comentário!

Como prevenir a perda de grãos por geada

Perda de grãos por geada: saiba como se planejar, como obter o histórico climático da sua área e acertar a janela de plantio.

Todo ano, as geadas tiram o sono de muitos produtores. Embora esse fenômeno seja mais comum na região Sul, São Paulo, sul de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul também sofrem com geadas.

Existe mais de um tipo de geada e seus danos dependem da região, relevo e cultura em questão. 

Mas existem medidas que podem ser tomar e, quando usadas em conjunto, ajudam na prevenção e redução de danos nas lavouras.

Reuni alguns pontos que devemos considerar quando o assunto é prevenção das perdas de grãos por geada. Confira!

O que é a geada?

A geada é um fenômeno meteorológico que ocorre quando a temperatura atinge 0℃ e há umidade no ar. Os danos podem ser causados por ventos frios soprando por várias horas ou mesmo pelo acúmulo de ar frio. 

Por esse motivo, conforme se caminha para o inverno, maiores são as chances de ocorrência de geada. 

Do ponto de vista da produção vegetal, considera-se que ocorreu geada quando a temperatura no abrigo meteorológico fica abaixo de 2℃ e representa morte da planta ou de suas partes devido ao congelamento. 

Tipos de geada

As geadas podem ser classificadas quanto à sua formação:

  • advecção;
  • radiação;
  • mista; 
  • de canela. 

ou por seu aspecto visual: 

  • geada branca; 
  • geada negra. 

No Brasil, o mais comum é que ocorram geadas brancas de radiação, em geral, menos severas. 

duas fotos ilustrativas de geada negra e geada branca em lavouras

Geada negra e geada branca
(Fonte: adaptado de Marco Hisatomi e Gaúcha Zh)

3 passos para prevenir a perda de grãos por geada

Os danos causados pela geada podem ser minimizados ou prevenidos com um bom planejamento, escolha de variedades e manejo adequado:

1- Observe o histórico de geadas da região

Para um bom planejamento visando minimizar a perda de grão por geada é necessário conhecer o histórico de ocorrência desse fenômeno no seu local. Existe mais de uma base de dados que fornece essas informações.

Veja abaixo três exemplos de onde você pode acessar informações sobre geadas e se planejar.

Na primeira imagem, há o mapa de previsão de geadas do Sisdagro, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Note que ele informa um maior risco de geada no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina, enquanto o Paraná tem menos riscos.

Ilustração com exemplo de mapa de risco de geada no Brasil

Exemplo de mapa de risco de geada no Brasil
(Inmet)

O Cptec/Inpe também tem um sistema de previsão de geadas que gera um mapa mostrando as condições de ocorrência. Os pontos vermelhos indicam maior probabilidade de ocorrência de geada.

Mapa de ocorrência de geada, no exemplo para a madrugada do dia 30 de julho de 2020 com pontos vermelhos na região Sul e azul na região Sudeste.

Mapa de ocorrência de geada 
(Cptec/Inpe)

Mais especificamente para o estado do Paraná, o Iapar disponibiliza um histórico de geadas e gera mapas como o abaixo:

Mapa de geada no estado do Paraná, no exemplo temperatura mínima no abrigo em 08 de julho de 2019.

Mapa de geada no estado do Paraná
(Fonte: Iapar)

Independentemente da base de dados utilizada, essas informações são úteis para o planejamento do plantio de culturas de inverno. Outro fator a se levar em conta, são as espécies de planta.

2- Escolha cultivares adequadamente

As perdas nas lavouras por geada dependem da espécie e cultivar, estádio de desenvolvimento, fitossanidade e estado nutricional da plantação. 

A tabela abaixo mostra a temperatura letal para diferentes culturas. Observe:

Tabela com a temperatura letal de culturas anuais sendo trigo, aveia, feijão, soja, milho, sorgo e arroz.

Temperatura letal de culturas graníferas 
(Fonte: adaptado de Sentelhas e Angelocci)

Veja que trigo e aveia têm mais tolerância à geada. Mas isso não quer dizer que uma lavoura de trigo não sofra perdas por geada! Elas só “aguentam mais o tranco”.

Mas isso também depende da cultivar, pois dentro de uma mesma espécie existem cultivares mais ou menos resistentes ao frio. 

Milho e soja, culturas tipicamente de verão, são menos tolerantes às baixas temperaturas e não dispõem de cultivares que sejam resistentes à geada. 

Para o trigo, existem opções de cultivares mais resistentes ao frio. 

Em locais onde o risco de geada é maior, opte por variedades mais resistentes.

Note também, que mesmo para trigo e aveia, a fase de floração e enchimento de grãos é crítica, pois as plantas são menos tolerantes ao frio. Por isso, para evitar dor de cabeça, outro fator é importante de se levar em conta: a data de semeadura.

3- Não erre na data (nem no local) de semeadura

Data de semeadura

Baseado no histórico de ocorrência de geadas, mês a mês, e no ciclo da cultivar, é possível escalonar o plantio para que a fase reprodutiva não caia na época de maior ocorrência de geadas do local. 

O governo disponibiliza o Zoneamento agrícola de risco climático (Zarc), onde é possível encontrar a janela de plantio ideal para minimizar os riscos da cultura e região em que se deseja plantar. O aplicativo desenvolvido pela Embrapa facilita a visualização dessas informações do Zarc.

Plantar na janela ideal é primordial para obtenção de crédito rural e seguro agrícola também. Fique atento!

Topoclima e relevo

A intensidade e frequência de geadas também está relacionada às condições do topoclima ou relevo. As geadas são mais intensas e frequentes em locais onde há pouca circulação da massa de ar frio, como nas baixadas

Ilustração sobre problema do acúmulo de ar frio de acordo com relevo e vegetação

O problema do acúmulo de ar frio de acordo com relevo e vegetação 
(Fonte: Sentelhas e Angelocci)

Além disso, quando a face Sul/Sudoeste dos terrenos está menos exposta à luz do sol no inverno, os riscos são maiores!

Considerando a combinação de fatores – relevo, data de semeadura e cultivar – o ideal é que se deixe as cultivares menos resistentes para o fim da  janela de plantio e para as partes mais altas do relevo, reduzindo, assim, a perda de grãos por geada. 

Como alternativa de manejo na lavoura já instalada, a irrigação por aspersão durante a noite da geada ajudar a minimizar os danos.

banner e-book guia de planejamento para milho e soja

Conclusão

Como acompanhamos no texto, a geada é um fenômeno meteorológico como qualquer outro e, como tal, sua ocorrência está fora do alcance do produtor. 

Mas existem “cartas na manga” que, quando utilizadas em conjunto, podem facilitar o convívio com esse fenômeno

Dentre as possibilidades, o maior impacto na redução da perda de grãos por geada vem do bom planejamento na instalação da lavoura. É preciso evitar áreas de baixada – onde o ar frio se acumula –  e plantar na época correta do zoneamento de risco climático

Além disso, recomenda-se escolher cultivares que tenham maior tolerância nas áreas onde o histórico de ocorrência de geada for maior. A cultura do trigo dispõe de várias alternativas. Já milho e soja, não. Fique atento! 

>>Leia mais:

Qual a relação entre clima e agricultura?

“Como combater o estresse térmico nas plantas?”

“Como minimizar os impactos e prejuízos da geada no milho”

Como você se previne da perda de grãos por geada na sua propriedade? Deixe suas dúvidas ou comentários no espaço abaixo. Grande abraço, se cuide e até a próxima!