Manejos pré-plantio: o que você precisa para começar bem a próxima safra

Pré-plantio: confira as dicas de planejamento, adubação, correção e preparo do solo para as principais culturas agrícolas.

A safra atual está quase no fim e as expectativas para a próxima (2020/21) são grandes. As áreas para cultivo de soja e milho têm previsão de aumento de 2,5% e 1,8%, respectivamente.

Para muitos especialistas, o cenário é favorável e o Brasil poderá inclusive superar a produção da atual temporada.

Mas, antes de chegar à produção final, muito tem de ser feito! E tudo isso começa no pré-plantio!

Você conhece os principais manejos e cuidados que devem ser tomados nessa fase de preparação para a próxima safra? Confira a seguir! 

Principais atividades do pré-plantio

Os manejos pré-plantio diferem de cultura para cultura. Cada uma delas apresenta particularidades.

Nem todos os manejos feitos no pré-plantio da soja ou feijão serão realizados para o pré-plantio do milho ou algodão.

Entretanto, muitas das atividades que devem ser realizadas no pré-plantio são comuns a diversas culturas agrícolas.

Algumas delas são feitas diretamente no campo enquanto outras são feitas ainda no escritório, durante o planejamento agrícola.

Planejamento da safra

O planejamento da safra é o momento para fazer um bom levantamento da capacidade operacional e de ativos da propriedade.

Com base no levantamento, pode-se identificar se há necessidade de alterações ou ajustes nos planos.

Caracterização das condições químicas, físicas e biológicas do solo devem estar em mãos ou já em análise, para que possam ser planejadas as correções necessárias.

Essa caracterização será necessária para a correção do pH do solo e como base para os cálculos de necessidade e parcelamento da adubação.

Feito isso, é possível traçar um plano de ação e, dessa forma, executar todas as operações desejadas sem grandes problemas.

Adubos verdes e culturas de cobertura

Os adubos verdes têm como função principal ciclar e fornecer nutrientes para o solo ao mesmo tempo que atuam trazendo benefícios às características físicas do solo.

Muitas das espécies utilizadas como adubos verdes podem também ser utilizadas como culturas de cobertura, ou seja, para produção de palhada.

foto de exemplo de área com adubo verde e outra sem - pré-plantio

Exemplo de área com adubo verde e outra sem

Além da biomassa que produzem, muitos adubos verdes, principalmente as leguminosas, podem auxiliar na redução do uso de fertilizantes nitrogenados.

Existem diversos outros benefícios do uso de adubos verdes. Algumas espécies, como a crotalária, atua no controle de nematoides no pré-plantio da cultura agrícola.

O uso e a escolha do adubo verde dependerá do sistema de produção trabalhado e das atividades que você verá a seguir.

Adubação, correção e preparo do solo no pré-plantio

Essas três atividades, adubação, correção e preparo do solo estão intimamente relacionadas e dependem muito uma das outras. Portanto, requerem atenção redobrada!

Preparo do solo

O preparo do solo é um manejo que deve vir alinhado às demais atividades que se planeja realizar.

Os diferentes sistemas de produção, convencional, reduzido ou o plantio direto, demandam mais ou menos operações e interferem na forma como devem ser realizadas as demais atividades.

Isso deve ser levado em consideração para não perder o cronograma de atividades no pré-plantio nem errar na realização delas. 

Atenção para as boas práticas agrícolas de modo a evitar a compactação dos solos ou ainda uso excessivo de corretivos e fertilizantes.

Correção e adubação

A correção dos solos no pré-plantio depende muito dos solos que será trabalhado e, muitas vezes, pode exigir parcelamento. Isso deve ser levado em consideração no cronograma.

A adubação no pré-plantio é a primeira etapa do cronograma de adubação elaborado com base nos resultados da análise de solo.

Diferentes culturas apresentam diferentes necessidades: esse ponto é o que mais diverge nos manejos.

Aqui no Blog do Aegro nós já falamos sobre adubação específicas para citros, café, feijão, milho e soja

Dessecação pré-plantio

A dessecação pré-plantio, ou dessecação antecipada, é uma prática recomendada para eliminar toda a vegetação existente em uma área antes da semeadura da cultura.

Isso inclui plantas daninhas e restos de culturas antecessoras.

foto de Dessecação da área pelo menos 30 dias antes do plantio do cultivo agrícola - pré-plantio

Dessecação da área pelo menos 30 dias antes do plantio do cultivo agrícola
(Fonte: Dekalb)

A dessecação pode vir associada com o período de vazio sanitário, quando necessário, e deve ser realizada pelo menos 30 dias antes do plantio.

Seus objetivos são facilitar o plantio, permitir o desenvolvimento inicial das plantas, facilitar o controle de plantas daninhas e, é claro, aumentar a produtividade!

Vazio sanitário

O vazio sanitário é um período de ausência de plantas nas áreas, sejam ela cultivadas ou voluntárias (daninhas).

Portanto, nesse período pré-plantio, principalmente da soja, feijão e algodão, todas as espécies vegetais devem ser retiradas das áreas que serão cultivadas.

A duração desse período de vazio sanitário pré-plantio pode variar de 30 até 90 dias, de acordo com a localização dos plantios.

Tabela com Período de vazio sanitário nos diferentes estado e regiões brasileiras

Período de vazio sanitário nos diferentes estado e regiões brasileiras
(Fonte: Embrapa)

E você pode se perguntar: “Mas pra que eu preciso seguir o vazio sanitário?”

A aplicação desta técnica no pré-plantio visa minimizar a disseminação de pragas e doenças em restos culturais de uma safra para a outra.

Além disso, por ser regulamentado pelo Estado, produtores que descumprirem essa norma estão sujeitos a punições e multas.

De olho no clima

O clima é sempre o fator que mais preocupa, afinal, é muito difícil de prevê-lo, mesmo com os excelentes centros de pesquisa.

O excesso de chuva, ou ainda a falta dela, pode prejudicar e muito as lavouras, sendo fator determinante para o início das atividades, principalmente no pré-plantio.

Por esse motivo, é essencial acompanhar de perto as previsões meteorológicas.

El Niño, La Niña ou neutralidade

Tão importante quanto as previsões de curto prazo é o acompanhamento do fenômeno conhecido como ENOS, que pode se configurar como El Niño, La Niña ou neutralidade.

As perspectivas mais recentes para a primavera/verão de 2020 é de prevalecimento de La Niña seguido de neutralidade.

Projeções de probabilidade de ocorrência de El Niño, La Niña ou neutralidade

Projeções de probabilidade de ocorrência de El Niño, La Niña ou neutralidade
(Fonte: Notícias Agrícolas)

Isso significa que, para a região Sul, há maior possibilidade de escassez de chuvas, enquanto para o Nordeste, as chuvas devem vir em volume pouco acima do esperado.

As regiões Sudeste e Centro-Oeste entram na chamada “zona de transição” que é pouco afetada pelas mudanças trazidas por esse fenômeno.

Previsões do tempo

Você deve estar sempre atento também a mudanças abruptas e pode acompanhar tudo isso pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

É preciso estar de olho nas variações climáticas que podem ser adversas, como possibilidade de seca prolongada, tempestades, geadas, etc. 

Você pode planejar corretamente seus manejos no pré-plantio acompanhando as previsões para a sua região aqui.

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

Os cultivo agrícolas apresentam particularidades e semelhanças e, muitas vezes, parte das atividades realizadas no pré-plantio destas são similares.

Entretanto, os períodos de realização das atividades podem variar para cada região, como no caso do vazio sanitário da soja.

Estar atento às condições climáticas da região para a próxima safra é essencial para um melhor planejamento das atividades do pré-plantio.

Para todas as atividades propostas é bom estar sempre atento às boas práticas agrícolas, evitando o desperdício de recursos, protegendo o ambiente e as pessoas!

Quais dessas ou outras atividades você realiza no pré-plantio em sua região? Conta pra gente nos comentários!

Qualidade do solo: o que é e como fazer a avaliação em sua propriedade

Qualidade do solo: entenda os indicadores de qualidade química, física e biológica que devem ser considerados.

Na última safra, o Brasil produziu cerca de 255 milhões de toneladas de grãos, um aumento de quase 5% em relação à safra passada.

Todo esse alimento, fibra e combustível produzido tem algo em comum: eles dependem do solo não apenas como como substrato, mas também como fonte de nutrientes, água e oxigênio.

Pode parecer que existe solo para “dar e vender”, mas ele é um recurso importante que é “gerado” a uma velocidade de apenas 0,01 a 0,02 milímetros ao ano, enquanto a média mundial é de perdas de 1,54 mm ao ano. Ou seja, perde-se a camada arável mais rápido do que a natureza consegue formá-la. 

Por isso, é essencial entender o que é qualidade de solo ou saúde do solo, quais os indicadores e como conseguir um solo saudável que possa entregar todo o potencial produtivo da lavoura.

Qualidade do solo

O solo é um ambiente vivo e dinâmico. A ciência ainda não conseguiu entender todos os processos que ocorrem nele, apenas indicadores relacionados a solos saudáveis e que permitem às plantas atingirem altas produtividades.

De forma geral, a qualidade do solo depende de seus próprios atributos, mas também das práticas de uso e manejo, além de interações com o ecossistema. Saber a classificação do solo também é essencial para determinar a qualidade.

As plantas se relacionam com os solos através das raízes e são capazes de selecionar microrganismos no entorno do sistema radicular a fim de auxiliar no seu desenvolvimento e na obtenção de nutrientes por exemplo.

Mas para as relações biológicas acontecerem, plantas e microrganismos precisam de um ambiente química e fisicamente favoráveis.

A seguir vamos falar sobre cada um desses pontos com mais detalhes. 

Qualidade química do solo

Os indicadores da qualidade química do solo são os mais frequentemente utilizados e o que você deve estar mais acostumado.

Normalmente, a atenção maior é dada ao pH do solo e ao teor de macro e micronutrientes. Entretanto, existem alguns outros indicadores extremamente importantes nas análises de solo.

Um deles é o teor de alumínio. Esse elemento é extremamente tóxico para as plantas na sua forma solúvel, inibindo o crescimento radicular. A calagem e o uso de gesso são técnicas já consolidadas para controlar o alumínio no solo.

Outro indicador importante é a CTC do solo. Ela diz qual é a capacidade de nutrientes que o solo pode reter sem sofrer perdas por lixiviação. A CTC dos solos brasileiros está intimamente ligada com outro indicador que também se relaciona com a parte física e biológica: o teor de matéria orgânica.

gráfico com a relação entre o teor de matéria orgânica do solo (MO) e a capacidade de troca de cátions do solo (CTC)

Relação entre o teor de matéria orgânica do solo (MO) e a capacidade de troca de cátions do solo (CTC)
(Fonte: Barbosa, 2017)

A matéria orgânica tem uma altíssima CTC e, quanto maior seu teor no solo, maior a capacidade desse solo reter os nutrientes aplicados. 

Para aumentar a quantidade de matéria orgânica, o jeito é só adicionando material vegetal de decomposição lenta ao solo, ou seja, culturas de cobertura e, principalmente, gramíneas.

Qualidade física do solo

Continuando no assunto matéria orgânica, ela influencia a qualidade física do solo também, melhorando indicadores como: densidade do solo, porosidade e estabilidade dos agregados.

Todos os indicadores da qualidade física do solo têm como objetivo garantir que a planta tenha acesso à água e oxigênio para se desenvolver.

Para crescer, as raízes precisam de um solo que apresente baixa resistência, ou seja, que não esteja compactado.

O problema da compactação

A compactação destrói os poros do solo, que é por onde a água e o ar passam. Dessa forma, um solo compactado inibe o crescimento profundo do sistema radicular, não permitindo que as plantas acessem a água contida nas camadas mais profundas.

Esse problema se torna mais visível em anos com veranicos ou secas prolongadas. As plantas com o sistema radicular profundo conseguem se sair melhor nesses períodos e têm sua produtividade menos afetada por esses eventos climáticos.

O plantio convencional (com arado e grade) parece melhorar as condições físicas do solo em um primeiro momento. 

Contudo, esses implementos quebram os agregados do solo, fazendo com que, após as primeiras chuvas, os poros do solo sejam obstruídos. Isso causa uma camada compactada abaixo de onde esses implementos passam. Essa camada de impedimento físico irá limitar a profundidade do sistema radicular.

Mas aí você pensa: é só usar um subsolador. Infelizmente essa solução é provisória.

O processo de subsolagem faz o mesmo trabalho do arado e da grade, mas em profundidade. Ele quebra a compactação, mas quebra os agregados também, fazendo com que, após alguns meses, as partículas se “assentem” novamente e formem uma nova camada de impedimento.

qualidade do solo

Resistência à penetração do solo; A) 6 meses após a implantação dos tratamentos; B) 18 meses após a implantação dos tratamentos.  DMS – diferença mínima significativa.
(Fonte: Piccin, 2020)

Para evitar esse problema, o melhor é utilizar culturas de cobertura com um sistema radicular amplo e agressivo. Dessa forma, após a subsolagem, as raízes irão estruturar o solo, impedindo que uma nova camada de compactação se forme, além de incorporar matéria orgânica ao solo.

Qualidade biológica do solo

A cobertura do solo e a matéria orgânica estão intimamente relacionadas com a qualidade biológica do solo.

Os microrganismos do solo são os responsáveis pela ciclagem de nutrientes, tornando-os disponíveis para as plantas.

Um caso muito conhecido é o da fixação biológica de nitrogênio (FBN) na soja. Os microrganismos fixadores conseguem suprir uma boa parte do nitrogênio requerido pela planta (50%-70%).

gráfico que mostra Nitrogênio derivado da atmosfera (FBN) ao longo do ciclo da soja

Nitrogênio derivado da atmosfera (FBN) ao longo do ciclo da soja
(Fonte: Zambon, 2020)

Dessa forma, principalmente em lavouras de altas produtividades (acima de 4 toneladas), quem fornece o restante de nitrogênio demandando pela planta é o solo, através dos microrganismos.

Eles irão mineralizar a matéria orgânica, fornecendo nitrogênio para o ambiente do solo. Isso mostra como é de vital importância a qualidade biológica dos solos.

Para se atentar a isso, utilizam-se alguns indicadores como:

  • presença de minhocas e insetos;
  • massa microbiana;
  • taxa de respiração do solo;
  • algumas enzimas específicas (que permitem verificar a existência de organismos que podem aumentar a disponibilidade de fósforo, por exemplo).

Outro indicador visual é a cor do solo. A matéria orgânica tende a “tingir” os solos com tons de marrom escuro, principalmente na superfície.

cálculo de calagem Aegro

Conclusão

A qualidade do solo pode ser acompanhada com diversos indicadores que ajudam a escolher o manejo necessário para sanar possíveis problemas.

Você deve sempre se atentar a esses indicadores, pois eles mostram, com antecedência, de onde o prejuízo pode vir.

Acompanhar a análise química do solo é essencial, mas não é tudo! É preciso considerar os indicadores físicos e biológicos do solo.

Não pense que para isso são necessárias análises caras e complexas: o olho de quem está todo dia no campo consegue perceber esses problemas!

Não são necessárias mais que algumas “cavucadas” para notar um possível problema de compactação na subsuperfície do solo ou a falta de “vida”, como minhocas e insetos.

Então, não há desculpas! Atente-se à qualidade do solo para garantir que ele possa oferecer o ambiente ótimo para o potencial produtivo da lavoura. 

>> Leia mais:

“Como melhorar a qualidade do solo com o terraceamento”

“Como analisar o DNA do solo pode te ajudar a prevenir problemas e fazer um manejo mais efetivo da lavoura

“Como a agricultura regenerativa pode te dar bons resultados a longo prazo”

“O que é e por que investir na análise microbiológica do solo”

Como está a qualidade do solo em sua propriedade? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

Como a gestão agrícola pode trazer mais lucro para sua empresa rural

Gestão agrícola: entenda porque ela é o caminho para aumentar a lucratividade e minimizar os custos em sua fazenda!

Não ter uma visão clara e estratégica do próprio negócio é um problema para você? Ao final da safra, é difícil saber com certeza quanto teve de rentabilidade com a lavoura?

Uma boa gestão agrícola permite que você tenha um controle mais preciso das operações e trace estratégias para reduzir custos e aumentar a lucratividade da fazenda.

Mas por onde começar a gestão agrícola? Quais ferramentas podem ajudar a tomar decisões mais certeiras? Confira!

Como a gestão agrícola pode trazer mais lucro para sua empresa rural

O que é gestão agrícola?

A gestão agrícola é o processo para administrar uma propriedade rural com o objetivo de otimizar todo o planejamento da produção agrícola. Isso envolve desde o preparo do solo à colheita, gestão orçamentária, controle da frota e estoque, até a venda dos produtos.

Ela auxilia na organização mais eficiente da empresa rural, visando principalmente lucratividade e minimização de custos. Além disso, possibilita um melhor controle sobre as operações da fazenda e, consequentemente, maior produtividade.

Com dados precisos em mãos, você consegue saber quais insumos comprar, quanto comprar, quando plantar e por quanto vender sua produção.

Na prática, utilizando a gestão agrícola, você transforma dados em lucro, pois, consegue traçar estratégias certeiras e realizar um melhor planejamento da safra. Isso também diminui seus riscos.

Sabendo efetivamente todos os custos envolvidos e tendo uma visualização facilitada das operações da fazenda, as etapas de produção ficam mais organizadas e ágeis. Isso simplifica o controle da propriedade, proporciona mais efetividade no manejo e mais qualidade da produção.

Levando em conta os benefícios, você já deve ter observado que a gestão agrícola não é um diferencial e sim uma necessidade de toda empresa rural, independente do tamanho. Ela deve ser vista como uma aliada, pois proporciona menores custos e maior rentabilidade a você!

Desafios da gestão agrícola

A boa gestão agrícola é uma necessidade de toda empresa rural que busca alcançar melhores resultados.

Mas, na prática, ainda há muitas dificuldades quanto à adoção de medidas que propiciem esse gerenciamento efetivo.

Estoque e armazenamento

Saber realmente o que se tem em estoque é um dos grandes desafios no campo. Afinal, é necessário ter um controle total sobre as entradas e saídas de diversos itens e estar atento quanto às futuras aplicações para garantir que não falte produto.

No dia a dia, não é fácil gerir todas as etapas da produção e ainda pensar em abastecer planilhas para gerar relatórios. Mas você pode contar com ferramentas como um software de gestão agrícola para te ajudar nessa tarefa.

Gestão Financeira

Esse certamente é um dos maiores desafios do setor! É preciso saber separar os custos da sua empresa rural dos seus gastos pessoais e fazer a administração correta.

A gestão financeira envolve desde o pagamento de impostos e funcionários, à compra de insumos. Por isso, ter bem organizada essa etapa é fundamental para gerar lucratividade para a empresa rural.

Aumento da produtividade

Alcançar uma produtividade melhor envolve diversas variáveis tanto operacionais (escolha da melhor semente, preparação adequada do solo, etc.) quanto administrativas (melhor gestão dos insumos, por exemplo).

É preciso ter uma visão clara do todo da fazenda para conseguir resultados melhores e a gestão agrícola é fundamental nesse processo.

Outros desafios que você pode ter aí na sua fazenda são:

  • Não visualizar a fazenda como uma empresa rural;
  • Falta de tempo para preencher planilhas;
  • Não ter uma pessoa com conhecimento em finanças;
  • Não realizar um planejamento para gastos e investimentos a longo prazo;
  • Ignorar o planejamento para a próxima safra e vendas futuras.

Áreas da gestão agrícola: como elas funcionam na sua fazenda?

A gestão agrícola envolve diversas áreas, cada uma delas com impacto direto na produção e nos resultados da sua empresa rural.

A fazenda deve ser encarada como um negócio que precisa ser rentável, por isso, cada área precisa de atenção!

Produção

Essa é uma das áreas dentro da gestão agrícola que merecem olhar mais atento. Nesse setor, você deve se preocupar com a parte técnica do sistema de produção. 

Quais são os recursos necessários para a implementação, desenvolvimento e colheita dos cultivos?

Planeje-se para que a produção seja eficiente e tenha os melhores resultados. Conte com apoio de engenheiros agrônomos especializados para o acompanhamento e recomendação de sua propriedade.

Cada detalhe no manejo pode fazer a diferença em sua produtividade!

Finanças

Ter um bom controle dessa área permite visualizar como está sua situação financeira da fazenda: quantas entradas, saídas, qual a rentabilidade por área e por talhão. Ou seja, é uma área fundamental para o sucesso da fazenda! 

Esse setor também é responsável por verificar a possibilidade de novos investimentos. Quando administrado de forma correta, permite alcançar mais lucratividade e atingir crescimento.

Caso você não tenha um contador, invista em uma consultoria contábil! Ela irá auxiliar muito em seu dia a dia. 

Gestão de pessoas

A gestão de pessoas está ligada à profissionalização do agronegócio! Gerir bem os recursos humanos consiste em várias estratégias para atrair e manter bons profissionais.

Uma boa gestão de pessoas envolve seleção de funcionários, programas de treinamento e desenvolvimento do capital humano.

Já dizia o professor Dirceu Gassen: a lavoura responde ao manejo e quem faz todos os manejos são pessoas. No final das contas, são as pessoas que importam!

Quando se possui uma boa gestão na fazenda, o trabalhador “veste a camisa” e possui interesse em ver a propriedade crescer. Por isso, invista em sua equipe para uma boa gestão agrícola: ela é fundamental!

infográfico sobre gestão de pessoas que envolve motivação, comunicação, trabalho em equipe, conhecimento e competência e treinamento e desenvolvimento.

(Fonte: Soften)

Comercial

Essa é a área dentro da gestão agrícola que responde pelo contato com clientes e distribuidores. É responsável por definir, juntamente com o financeiro, quais os melhores contratos de venda, além de identificar quais as melhores opções de comercialização do produto final.

Essa área deve estar atenta não apenas ao mercado interno, mas ao externo também, acompanhando as oscilações de preços, demanda dos produtos e possíveis contratos de comercialização.

Como melhorar a gestão agrícola?

Fazer a gestão da fazenda fica mais fácil quando os dados estão centralizados e podem ser visualizados de forma simples e rápida. Ferramentas digitais ajudam muito nesse processo.

O Aegro é um software que une a rotina da lavoura à gestão financeira para te oferecer mais controle sobre o processo produtivo. Com ele, você planeja e acompanha a trajetória completa da safra. 

Dados relativos a técnicas de manejo, estoque e contas a pagar ficam centralizados no mesmo sistema. A qualquer momento, você pode gerar análises detalhadas de custo e rentabilidade com base nas informações que inseriu no Aegro.

Outra vantagem do software é que ele está disponível para computadores e celulares. A versão para celular funciona mesmo sem internet, permitindo que você faça lançamentos diretamente do campo.

Conheça as principais funcionalidades do Aegro:

Confira nossa demonstração do Aegro e aproveite todas essas funcionalidades na sua fazenda.

diagnostico de gestao

Conclusão

A gestão agrícola é peça-chave para alcançar altas produtividades.

Mostramos neste artigo o que é a gestão agrícola, sua importância no dia a dia do campo e como ela é necessária em sua empresa rural.

Você pode conferir também informações sobre algumas áreas que a gestão agrícola engloba e como melhorar o gerenciamento da sua fazenda!

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Como realizar o preparo do solo para plantio de milho

Preparo do solo para plantio de milho: entenda qual é o sistema mais adequado para sua propriedade.

O milho é uma cultura de grande importância no agronegócio brasileiro. Só na temporada 2019/20, mais de 106 milhões de toneladas devem ser produzidas em primeira, segunda e terceira safras.

Para alcançar o melhor potencial da lavoura, vários fatores devem ser considerados. Um dos primeiros é o preparo do solo.

Quais são as condições ideais para o cultivo do milho? Qual é o sistema de preparo do solo mais adequado? 

Confira como realizar o melhor preparo do solo para plantio de milho a seguir!

Preparo do solo para plantio de milho

O preparo do solo abrange um conjunto de operações que visam proporcionar condições favoráveis à semeadura e desenvolvimento adequado da cultura durante seu ciclo.

Alcançar altas produtividades também depende do uso sustentável desse solo, do meio ambiente e dos recursos hídricos.

Para que você decida qual sistema de preparo do solo é mais adequado para sua propriedade, antes precisa conhecer mais a fundo os sistemas de manejo do solo. Vou explicar melhor:

Sistemas de manejo do solo

Sistemas de manejo incluem o preparo do solo (preparo convencional, preparo mínimo/reduzido e preparo conservacionista), culturas de rotação e/ou sucessão e o controle de plantas daninhas.

O preparo convencional é qualquer sistema que deixa menos de 15% da superfície do solo coberta com resíduos após o plantio. 

O preparo reduzido deixa de 15% a 30% de cobertura. Já o preparo conservacionista, como o plantio direto, deve apresentar mais de 30% de cobertura.

esquema de um sistema conservacionista com definições de cultivo: preparo convencional, cultivo mínimo e plantio direto.

Definições de cultivo
(Fonte: adaptado de Corn Agronomy)

O preparo adequado do solo também precisa considerar a época do cultivo – se primeira, segunda ou terceira safras. 

O milho safra é plantado entre outubro e dezembro. Já o milho safrinha pode ser cultivado entre janeiro e abril. Há ainda uma terceira safra incipiente de milho sendo plantada principalmente no nordeste, de abril a junho.

Diferentes épocas refletem condições climáticas diferentes, que interferem no ciclo da cultura e também nas condições de umidade do solo para o preparo.

Para que você faça um bom planejamento do preparo do solo para plantio de milho é preciso entender algumas características e propriedades do solo.

Principais características dos solos do Brasil

O solo é o resultado dos fatores de formação: material de origem, relevo, organismos, clima e tempo. 

Portanto, cada solo possui sua “identidade”, proporcionada pela interação entre estes fatores. No Brasil, ocorre a predominância de solos ácidos e muito intemperizados.

Assim, as práticas de correção do solo são necessárias na maior parte dos casos, pois o milho possui baixa tolerância à acidez. A condição de pH ideal é em torno de 6,0. 

A análise de solo deve ser realizada para que o produtor determine a necessidade de correção e/ou adubação do solo visando a produtividade esperada.  

foto de uma plantação de milho em desenvolvimento com folhas verdes.

(Fonte: Revista Globo Rural)

Saiba quanto você vai colher! Baixe aqui uma planilha gratuita para estimar sua produtividade de milho!

Características e propriedades do solo

A textura e a estrutura do solo são essenciais para o entendimento da resistência do solo aos impactos do sistema de preparo adotado.

  • Textura – uma análise física do solo (granulometria) fornecerá dados sobre as proporções entre os diferentes tamanhos de partículas primárias (areia, silte e argila).

    Os resultados dessa análise de solo podem auxiliar na tomada de decisão sobre o preparo do solo para plantio do milho. Há uma tendência de solos mais arenosos serem mais propensos à erosão em comparação aos solos argilosos
  • Estrutura – é o arranjo das partículas primárias do solo formando agregados. Estes agregados definem o sistema poroso do solo. A estrutura do solo pode ser analisada no campo de forma visual (morfologia) e por análise de solo com amostras indeformadas. 

A agregação em solos tropicais é resultante dos constituintes mineralógicos, como os óxidos de ferro e alumínio e a caulinita, matéria orgânica e organismos.

Devido ao maior efeito cimentante dos óxidos, solos com altas proporções desses minerais geralmente são mais resistentes e possuem elevada resiliência física à compactação do solo.

Solos mais resistentes aos processos erosivos, como alguns solos argilosos com altas proporções de óxidos de ferro e alumínio, podem ser recomendados para cultivo do milho em sistema convencional.

Já para solos menos resistentes, como os arenosos, recomenda-se sistemas mais conservacionistas, como o plantio direto.

Compactação do solo

A compactação é um dos efeitos do manejo que afeta diretamente a estrutura do solo. Como consequência, há aumentos da densidade, redução da porosidade e da capacidade de infiltração da água no solo, levando ao aumento da erosão.  

duas fotos, uma apresenta uma mão segurando uma porção da terra e a outra mostra uma quantidade de solo com matéria orgânica

Importância dos óxidos de Fe e Al e da matéria orgânica na formação da estrutura do solo 
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

As condições de umidade do solo para o preparo do milho conforme a época do ano também merece destaque por interferir na consistência do solo.

A consistência é importante para se definir o bom preparo, que deve ser realizado quando o solo apresenta conteúdo de água equivalente à consistência friável

Estudos mostram perdas na produtividade do milho 2ª safra em função do estado de compactação do solo, em conteúdo de água equivalente à capacidade de campo com resistência do solo à penetração – RP, equivalente a 2,6 MPa.

Outro estudo mostrou que, em sistema convencional, valores de RP variando entre 0,9 e 2,0 MPa não restringiram a produtividade de grãos de milho.

Preparo convencional x plantio direto na cultura do milho

Diferentes preparos do solo para plantio de milho têm vantagens e desvantagens.

No preparo convencional, pode ocorrer um maior controle de plantas daninhas. Entretanto, há redução dos níveis de matéria orgânica e maior risco de erosão, principalmente em solos arenosos.

No plantio direto, existe uma alta dependência de herbicidas no controle de plantas daninhas. Não há incorporação de corretivos, sendo um sistema pouco recomendado para solos de baixa drenagem.

Quando bem manejado com práticas de rotação, o sistema de plantio direto pode trazer benefícios principalmente durante o cultivo do milho safrinha. Isso porque este sistema pode auxiliar no aumento do conteúdo de água disponível para a cultura e reduzir as perdas por evaporação.

Conclusão

Nesse texto você conferiu as recomendações sobre o preparo do solo para plantio de milho.

Você viu como as características e propriedades dos solos podem interferir nos sistemas de preparo. 

É importante conhecer a textura e estrutura do solo na tomada de decisão de práticas adequadas de manejo.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre o como está o manejo do seu solo e acertar no preparo para seu próximo plantio!

>> Leia mais:

“O que esperar do milho safrinha em 2021?”

“Tipos de grãos de milho: tudo o que você precisa saber para fazer a escolha certeira”

Qual é sua maior dificuldade no preparo do solo para plantio de milho? Você está usando as técnicas adequadas? Adoraria ler seu comentário!

O que você precisa saber sobre melhoramento genético do milho

Melhoramento genético do milho: entenda as diferenças entre variedades e híbridos, novas tecnologias e mais!

Na hora de escolher as sementes, é comum se deparar com uma diversidade de materiais e tecnologias. E muitas vezes não dá para saber as diferenças entre eles!

Mas entender como usar essas tecnologias para suprir suas necessidades impacta muito a produtividade.

Você conhece a diferença entre os híbridos de milho disponíveis? Sabe o que os transgênicos possuem para serem resistentes a insetos e tolerantes aos herbicidas? Confira essas e outras informações sobre melhoramento genético do milho a seguir!

Histórico do melhoramento genético do milho

O melhoramento genético do milho no Brasil teve destaque em 1939, com o primeiro híbrido duplo desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas. Ele possibilitava o dobro de produção em comparação com as variedades da época.

A partir desse evento, empresas começaram a investir em pesquisas genéticas para criarem novos híbridos com melhor desempenho em campo.

Já no início do século 21, os milhos transgênicos foram liberados no Brasil. Desde então, a cada ano vão surgindo novos materiais visando altas produtividades, resistentes a pragas e a herbicidas, por exemplo, e possibilitando o cultivo da safra ou safrinha.

Isso aumentou o leque de opções de sementes de milho no mercado, dificultando muitas vezes saber qual o melhor híbrido utilizar.

ilustração de Teosinto ancestral do milho e do milho moderno

Teosinto ancestral do milho 
(Fonte: CIB)

Milho: variedades e híbridos

Variedades

Uma variedade consiste em plantas com características genéticas iguais, que são obtidas com polinização aberta. 

Plantas de milho provenientes de variedade tendem a produzir menos que os híbridos. Além disso, as sementes têm menor custo por possuírem menos tecnologia. 

Por esse motivo, as variedades são comumente utilizadas por pequenos produtores com pouco investimento em sua propriedade.

Se necessita produzir sua semente para uso pessoal, exclusivamente na próxima safra, deve utilizar milho variedade. 

Contudo, lembre-se de seguir a legislação e que a qualidade da semente não é a mesma que sementes certificadas!

banner ebook manejo do milho

Híbridos

Os híbridos são resultantes de cruzamentos realizados por melhoristas, utilizando pais com caracteres hereditários diferentes. Podem ser produzidos híbridos simples, duplos e triplos.

Os híbridos são indicados de acordo com a tecnologia que você utiliza em sua propriedade.

Híbrido simples

O melhoramento genético do milho de híbrido simples é por cruzamento entre duas linhagens puras. 

Por serem linhagens endogâmicas, a produção de sementes é baixa. Com isso, têm alto valor de mercado.

Caso você seja um produtor que gosta de investir em altas tecnologias, essa pode ser uma ótima opção!

Dos híbridos, os simples são potencialmente mais produtivos, com plantas e espigas mais uniformes.

Híbrido duplo

É obtido pelo cruzamento de dois híbridos simples, ou seja, quatro linhagens puras.

Considerando o início do melhoramento genético na obtenção das linhagens, são necessários dois anos para se ter sementes de milho de híbrido duplo.

No primeiro ano, cruzam-se duas as linhagens puras (A x B) e (C x D), que darão origem às sementes básicas para, no próximo ano, obter o híbrido duplo.

Não são muito produtivos como os híbridos simples e triplos, porém, são amplamente utilizados pelo baixo preço em comparação com esses dois híbridos.

Se você não deseja ter um custo elevado em sementes, essa pode ser uma ótima opção!

Híbrido triplo

O cruzamento de um híbrido simples com uma terceira linhagem pura resulta em híbrido triplo. 

A produtividade do híbrido triplo é menor que do simples e maior a do duplo.

Apresentam boa uniformidade de plantas e são indicados para áreas que possuem de média a alta tecnologia.

Esquema de obtenção de híbridos simples, duplos e triplos

Esquema de obtenção de híbridos simples, duplos e triplos
(Fonte: adaptado de Geagra)

Biotecnologia: transgenia do milho

O melhoramento genético do milho, há alguns anos, abriu novas portas com início da comercialização de cultivares de milho transgênicos.

A transgenia é um processo no qual os melhoristas alteram o material genético de uma espécie, introduzindo um ou mais genes específicos de outras espécies.

Em milho, em alguns híbridos e variedades de alto potencial produtivo foram inseridos genes específicos de resistência a herbicidas e insetos.

Milhos transgênicos tolerantes aos herbicidas

O Milho RR possui no seu material genético um segmento de DNA da bactéria Agrobacterium spp, que confere às plantas de milho a tolerância ao herbicida glifosato.

Com o novo gene (cp4 epsps), a enzima produzida pela planta é insensível ao herbicida, de modo que a produção dos aminoácidos aromáticos na rota do ácido chiquímico será normal e a planta não será afetada. 

Rota de ação do glifosato em plantas convencionais e transgênicas

Rota de ação do glifosato em plantas convencionais e transgênicas
(Fonte: Pioneer)

Milho com tecnologia LibertyLink® possui tolerância ao glufosinato de amônio devido à inserção do gene pat, que expressa uma enzima responsável por catalisar a conversão do glufosinato em um produto não tóxico.

A tecnologia Enlist® confere às plantas tolerância aos herbicidas 2,4 D, glufosinato de amônio e glifosato devido à inserção de genes cp4 epsps (glifosato), pat (glufosinato) e aad-12 (2,4D).

Fique sempre atento ao utilizar soja RR seguida por milho RR. Nesses casos, um bom manejo é essencial para que o milho tiguera não prejudique a cultura posterior.

Milhos transgênicos resistentes aos insetos

A primeira tecnologia a surgir nesse segmento foram os milhos Bt, no qual as plantas possuem em seu DNA a delta-endotoxinas (proteínas Cry) da bactéria Bacillus thurigiensis.

Essas proteínas possuem propriedades inseticidas específicas que atacam o sistema digestório de lepidópteros.

No mercado há cultivares que têm maior espectro no controle devido às sementes possuírem em seu material genético mais de uma proteína Cry como:

  • Yield Gard® proteína Cry1Ab que confere resistência às brocas (Ostrinia nubilalis e Sesamia nonagrioides);
  • YieldGard VTPro® proteínas Cry1A.105 e Cry2Ab2 resistente a lagarta-do-cartucho, lagarta-da-espiga e broca do colmo;
  • Leptra® proteínas Cry1Ab, Cry1F e Vip3Aa20, com controle de lagarta-do-cartucho, lagarta elasmo, lagarta eridania, lagarta-da-espiga e lagarta-rosca.

Milhos transgênicos tolerantes a herbicidas e resistentes aos insetos

Com avanço tecnológico, pesquisadores de melhoramento genético foram desenvolvendo novos cultivares transgênicos com presença de genes tolerantes a herbicidas e resistentes a pragas. Veja alguns a seguir:

  • PowercoreTM resistência ao glifosato, ao glufosinato de amônio, broca do colmo e lagartas do cartucho, da espiga, elasmo, rosca e das vagens.
  • Viptera – resistência ao glifosato e lagartas do cartucho, da espiga, rosca e elasmo.
  • VT PRO3 – resistência ao glifosato, broca do colmo e lagartas do cartucho, da espiga e elasmo.

Observe na figura abaixo os eventos transgênicos utilizados na safra 2019/2020 e a porcentagem de uso:

tabela com eventos transgênicos utilizados na safra 2019/2020 e a porcentagem de uso

(Fonte: Embrapa)

Com uso de milhos transgênicos você tem vantagens como:

Como principais des desvantagens podemos citar:

  • alto custo das sementes;
  • pouca variabilidade genética, que se não manejada adequadamente pode ocorrer perda do melhoramento;
  • tempo de desenvolvimento de novos materiais;

Observe as principais pragas e plantas daninhas em sua área e escolha o material que mais se adeque à sua região e necessidades!

Melhoramento genético do milho: saiba como manter essa tecnologia viável

As boas práticas agrícolas devem ser realizadas em todas as culturas, independentemente do uso de híbridos ou variedades transgênicos.

Você deve realizar os manejos recomendados para prolongar a eficácia e durabilidade das tecnologias desenvolvidas.

Para isso, faça sempre o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e Manejo de Resistência de Insetos (MRI)! 

Conclusão

Neste artigo você viu os tipos de melhoramento genético existentes para a cultura do milho.

Acompanhou como ocorrem os cruzamentos para obtenção de híbridos e a diferença entre híbridos simples, duplos e triplos.

Além disso, conferiu as principais transgenias inseridas nas cultivares de milho e modos de atuação.  

Vale lembrar que, com o avanço tecnológico, os melhoristas sempre obterão novos materiais para o campo com cada vez mais tecnologia! É importante estar atento às novidades.

>> Leia mais:

Entenda a biotecnologia na agricultura e confira as novidades que vêm por aí

Quais tecnologias do melhoramento genético do milho você considera mais importante? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Smart farming: 5 tecnologias que vão deixar sua fazenda inteligente e rentável

Smart farming: entenda o que é e confira algumas ferramentas que podem melhorar desde a aplicação de insumos até a análise de resultados da sua propriedade.

Uma fazenda inteligente é aquela que adota tecnologias que permitam ao produtor acompanhar as atividades do negócio rural de forma digital, em tempo quase real e gerando dados que embasam uma tomada de decisão rápida e assertiva.

Assim, ele tem condição de entender qual máquina é mais eficiente na lavoura e como melhorar a aplicação de insumos para economizar com os defensivos, por exemplo.

Com tanta tecnologia disponível – e cada vez mais acessível – no mercado, algumas se destacam. Confira a seguir as dicas para tornar sua propriedade uma smart farming!

O que é Smart Farming ou fazenda inteligente?

O termo smart farming significa fazenda inteligente ou agricultura inteligente e está relacionado ao uso de tecnologias avançadas no campo. O objetivo de tornar a fazenda inteligente é ter mais dados e informações relevantes da empresa rural para facilitar a tomada de decisão, otimizar as operações e melhorar a produtividade.

Com apoio das ferramentas certas, as atividades da fazenda ficam mais rápidas e precisas. Isso proporciona economia de tempo operacional e de dinheiro, quando se evita comprar mais do mesmo produto que já está em estoque, por exemplo.

A agricultura conectada é uma tendência real e as soluções tecnológicas voltadas ao agronegócio estão cada vez mais acessíveis, sendo que algumas delas merecem destaque:

Muitos aplicativos e ferramentas também já funcionam offline, ou seja, sem conexão com a internet, sendo muito úteis para a coleta de dados em locais que ainda não há conectividade.

A seguir, listei as principais tecnologias para uma smart farming:

5 ferramentas para tornar sua fazenda inteligente

1 – Telemetria

Sensores acoplados às máquinas agrícolas permitem ter controle das operações em tempo real. Com as máquinas conectadas, é possível ajustar as operações ainda em campo.

Inúmeros softwares e plataformas agrícolas geram relatórios personalizados que podem ser analisados para otimização das operações.

Por meio das ferramentas de telemetria é possível saber qual máquina é mais eficiente, bem como custos com combustível, quebra de peças, manutenções e eficiências operacionais, deixando a fazenda mais tecnológica.

>> Leia mais: “Big data no agronegócio: a revolução dos dados”

2 – Robótica, drones e sensores

Robôs, drones e sensores estão cada vez mais presentes no campo. Hoje, por exemplo, já é possível enxergar manchas provenientes de pragas e doenças na lavoura com imagens de satélite ou de drones.

ilustração com três drones da Horus Aeronaves

(Fonte: Horus Aeronaves)

Com as escalas de produção e o tamanho das fazendas cada vez maiores, os sensores ajudam a entender corretamente o que acontece em cada porção da lavoura.

A utilização desses equipamentos de robótica, drones e sensores permite:

  • aumento da eficiência produtiva;
  • levantamento massivo de dados do campo;
  • geração de mapas de atributos específicos das lavouras;
  • otimização da aplicação de insumos;
  • entendimento correto do que ocorre nas lavouras.

Por meio do auxílio de sensores é possível coletar uma quantidade muito grande de dados e tomar decisões mais assertivas.

Alguns equipamentos presentes no mercado, como sensores de condutividade elétrica e sensores de biomassa, coletam dados a cada 1 segundo no campo. Isso facilita uma cobertura maior das áreas de interesse da fazenda, permitindo a criação de mapas mais fidedignos das áreas.

3 – Softwares de Agricultura de Precisão

A Agricultura de Precisão é um conceito que entende que as lavouras não são uniformes e busca explorar essas manchas visando maior retorno econômico.

Hoje temos softwares gratuitos, como QGIS, que permitem que sejam criados mapas de fertilidade, mapas de produtividade e mapas gerais das fazendas, otimizando as aplicações de insumos.

Temos também algumas plataformas nacionais como Falkermap, Mappa, Inceres, que fornecem planos pagos que auxiliam quem não possui experiência em geoprocessamento dos dados. 

4 – Aplicativos gratuitos

Alguns aplicativos também podem se tornar importantes ferramentas para deixar sua fazenda inteligente! E o melhor de tudo: têm zero ou baixo custo para utilização no celular.

Separei alguns aplicativos gratuitos que você deve conhecer e utilizar em sua empresa rural:

  • C7 GPS Dados: aplicativo para coleta de solo ou dados georreferenciados nas lavouras;
  • Navegador de Campo: aplicativo de direção, com linhas paralelas para agricultura de precisão, mensuração de áreas, criação de linhas paralelas para aplicação;
  • Google Earth: contém imagens de satélite do mundo todo, auxiliando no desenho de fazendas, talhões e separação de áreas;
  • Climatempo: permite ter acesso à previsão do tempo para 15 dias, mapa de raios, radar meteorológico;
  • AgroMercado: o produtor rural também precisa ficar atento às cotações agropecuárias e, nesse aplicativo, é possível selecionar as culturas favoritas;
  • Pasto Certo: também voltado para a pecuária, é um app com informações completas sobre os principais tipos de pasto do país, os cuidados e a melhor utilização de cada um deles.

Existe uma infinidade de aplicativos gratuitos e pagos que podem ser aplicados no campo para agregar valor e otimizar os manejos realizados.

Selecione os que mais atendem às demandas da sua fazendas e que farão com que os objetivos sejam alcançados mais rapidamente.

5 – Softwares de gestão

Um software de gestão da fazenda agrega dados estratégicos que ajudam você a propor melhorias na propriedade e ganhar eficiência.

O Aegro, por exemplo, une as rotinas do campo e do escritório para te oferecer uma visão completa do processo produtivo.

Informações de manejo, maquinário, estoque e contas a pagar ficam centralizadas em um sistema fácil de usar.

Assim, você consegue gerar relatórios detalhados de custo e rentabilidade para analisar a saúde do seu negócio rural.

Outra vantagem do Aegro é que ele está disponível para computadores e celulares. No celular, o app funciona mesmo sem internet.

Além disso, a sua equipe pode acessar o software simultaneamente e trabalhar de forma muito mais sincronizada.

Veja algumas funcionalidades que o Aegro integra:

  • gestão agrícola;
  • controle financeiro;
  • gestão operacional;
  • monitoramento de pragas;
  • imagens de satélite;
  • previsão climática.
Tela com as funcionalidades do aegro

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

As ferramentas de agricultura digital estão cada vez mais presentes nas fazendas brasileiras.

Atualmente temos ferramentas, aplicativos e softwares para cada tipo, tamanho ou objetivo da propriedade.

As otimizações estão muito relacionadas com as tecnologias empregadas nas fazendas e não se adaptar às tendências pode significar estar fora do mercado.

As fazendas digitais serão cada vez mais tecnificadas com o auxílio de softwares e sistemas de manejo diferenciados, que devem sempre prezar por ganhos em produtividade e se adequar à sustentabilidade do sistema.

>>Leia mais:

“Quais os impactos da nanotecnologia na agricultura?”

“Saiba aproveitar ao máximo os programas de pontos do produtor rural”

“5 formas de implementar a automação agrícola na sua fazenda”

“Blockchain na agricultura: conheça as 3 principais funções e seus benefícios”

“Sustentabilidade no campo: veja como adotar as práticas”

Você utiliza algumas dessas ferramentas de smart farming para deixar sua fazenda inteligente? Quer conhecer melhor o Aegro? Fale com um de nossos consultores aqui!

Como fazer o controle efetivo do ácaro-rajado

Ácaro-rajado: conheça as principais características dessa praga e os métodos de manejo mais adequados.

O ácaro-rajado é uma praga agrícola que vem causando danos expressivos em diversas culturas. 

E por que esse ácaro tem tanto potencial de destruição, sendo um organismo tão diminuto? 

Quais fatores têm contribuído para seu aumento populacional em culturas como soja, algodão e feijão? Qual a forma correta de manejo?

Confira essas e outras respostas sobre essa praga no artigo a seguir!

Características do ácaro-rajado  

Pode ser que você não saiba, mas os ácaros não são insetos. Estão no mesmo filo, Arthropoda, mas são de classe distinta. Os ácaros pertencem à classe Arachnida e subclasse Acari. E, dentre eles, está o ácaro-rajado, Tetranychus urticae, que é um ácaro tetraniquídeo (família Tetranychidae). 

Esse ácaro polífago é a principal espécie de ácaro-praga em uma gama de culturas, atacando mais de 150 espécies diferentes de plantas de importância econômica no mundo. 

Há características muito particulares que irão te ajudar a identificá-lo melhor. Uma delas é a capacidade de formar teias, que têm a função de proteger contra ataque de predadores e cria um microclima ideal para o desenvolvimento da população. 

As ninfas e os adultos produzem teias que podem encobrir a planta por completo. E, quando a infestação está muito alta, ocorre um aumento significativo, sinal de que a população está prestes a dispersar.

duas fotos representativas, uma ao lado da outra de adultos de ácaro-rajado e teia que produzem na planta.

 Adultos de ácaro-rajado e teia que produzem na planta
(Fonte: University of Florida)

Desenvolvimento e reprodução 

O ciclo de vida do ácaro-rajado varia de 7 a 20 dias e depende da condições do ambiente (temperatura e umidade). 

As fêmeas medem entre 0,5 mm e 1 mm de comprimento. Os machos são menores, medindo entre 0,3 mm e 0,5 mm de comprimento. 

Eles se reproduzem de forma sexuada e assexuada, em que ocorre partenogênese, e passam pelas fases de ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto. 

As ninfas são incolores, com olhos vermelhos. Com o desenvolvimento, vão se tornando verdes, amarelo-amarronzados e até verde-escuros. Na fase adulta, possuem duas manchas escuras no dorso.

Uma fêmea tem a capacidade de ovipositar cerca de 100 a 300 ovos ao longo da vida, em condições ideais.

Os ovos são esféricos (0,1 mm), de coloração amarela, e quase imperceptíveis a olho nu. São ovipositados na parte inferior das folhas. 

ilustração com Fases do ácaro-rajado Tetranychus urticae passando por ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e fêmea adulta.

Fases do ácaro-rajado Tetranychus urticae
(Fonte: Koppert)

Dispersão 

A dispersão pode ocorrer por meio de órgão vegetais transportados pelo homem, levando os ácaros para longas distâncias. 

Outra maneira é pela migração de poucos metros por caminhamento dos ácaros. Quando há alta densidade populacional, abandonam as folhas muito danificadas e migram para outras menos atacadas da mesma planta ou de plantas diferentes. 

A dispersão mais frequente ocorre pelo vento: as fêmeas procuram a periferia da planta hospedeira e deixam-se levar pela corrente de ar. 

Como ocorre o ataque e danos do ácaro-rajado 

O ataque do ácaro-rajado em culturas como algodão, soja e feijão ocorre em condições de altas temperaturas e ausência de chuvas. Inicialmente, em reboleiras, mas, ao longo do tempo, conseguem tomar toda a lavoura. 

O tempo seco é um fator que deixa as células das plantas com maior concentração de nutrientes. O ácaro-rajado se alimenta das células do mesofilo no tecido vegetal, succionando o conteúdo celular. 

Têm preferência pela face inferior de folhas mais velhas, localizadas nas partes medianas das plantas. Mas, em altas densidades, também se alimentam de folhas novas. 

O dano direto consiste na perfuração das células superficiais e consequente redução da taxa fotossintética. Com isso, as folhas ficam com áreas prateadas ou verde-pálidas devido à remoção dos cloroplastos. 

Ocorre também a oxidação das áreas atacadas. Em alta intensidade, os ataques provocam manchas necróticas, chegando a rasgar ou até provocam queda das folhas. 

Esses danos podem colocar em risco a sobrevivência dessas culturas por serem anuais, causando, nos piores cenários, a perda completa da planta. 

Foto de planta com Danos de ácaro-rajado

Danos de ácaro-rajado
(Fonte: ScienceDirect

Manejo do ácaro-rajado 

É preciso destacar que o manejo convencional desta praga com aplicações constantes de acaricidas tem selecionado populações resistentes

Segundo o Comitê Brasileiro de Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC BR), o ácaro-rajado tem rápido desenvolvimento de ação aos acaricidas. 

Estudos têm indicado que no Brasil, em culturas com intenso uso de produtos químicos, existem populações resistentes aos acaricidas:

  • abamectina;
  • clorfenapir;
  • dimetoato;
  • enxofre;
  • fenpiroximato;
  • milbemectina; e 
  • propargito.

Esse uso intenso ainda pode causar problemas de ressurgência da praga, devido à eliminação dos inimigos naturais da área. 

Além disso, esse ácaro tem alta capacidade reprodutiva, ciclo curto, se aloja na parte inferior das folhas e tecem as teias que o auxiliam ainda mais para se manter no ambiente. 

Por isso, é importante que o manejo deste ácaro seja realizado de forma integrada. Com o Manejo Integrado de Pragas (MIP) existe uma grande chance de evitar que esses problemas ocorram e controlar o ácaro-rajado de maneira eficiente. 

MIP 

Para que o MIP seja realizado, é importante fazer o monitoramento constante. Isso mostrará se a população do ácaro-rajado está ou não no nível de controle

Cada cultura requer pontos de amostragens diferentes, mas é necessário que esta ação seja feita.

A partir dos resultados, toma-se a decisão de controle que, atualmente, é o uso de produtos químicos e biológicos registrados pelo Mapa e o controle cultural. 

Para uso de acaricidas, é muito importante a rotação com diferentes modos de ação para o manejo da resistência e manutenção da eficiência do controle. 

Tabela indicando uso rotacionado de acaricidas

Tabela indicando uso rotacionado de acaricidas
(Fonte: Irac)

Outro ponto importante para realizar o controle químico é a preferência por produtos seletivos aos inimigos naturais. Como falado anteriormente, quanto mais seletivos, menor o risco de ocorrer pressão de seleção ao ácaro.

E o uso de controle biológico pode conter 80% das infestações

Pode ser realizado com o uso de ácaros predadores da família Phytoseiidae. As espécies Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis têm registro no Mapa e são comercializadas por biofábricas. 

Foto de Ácaro predador Neoseiulus californicus com a embalagem do produto

Ácaro predador Neoseiulus californicus 
(Fonte: Koppert)

foto do Ácaro predador Phytoseiulus macropilis com a embalagem do produto

Ácaro predador Phytoseiulus macropilis
(Fonte: Promip)

Esses ácaros predadores devem ser liberados na cultura quando existe uma baixa população da praga para que o controle seja eficiente. 

As liberações massais com essas espécies têm sido a melhor maneira de controle em diversas culturas. 

Um outro produto biológico seria o entomopatógeno Beauveria bassiana, que é também comercializado por biofábricas, aplicado em temperaturas mais amenas e clima mais úmido. 

Outros inimigos naturais ocorrem de forma natural no ambiente. Por isso, seria importante mantê-los na área (controle biológico conservativo) para contribuir com a redução da população da praga. 

Você também pode realizar o controle cultural, com destruição de restos culturais e manejo de plantas invasoras, que podem servir de hospedeiras. 

Ou realizar a destruição das teias com jatos de água sobre as plantas. 

banner planilha manejo integrado de pragas

Conclusão 

O ácaro-rajado é uma praga polífaga que ataca diversas culturas, dentre elas soja, feijão e algodão. 

Não é um inseto, mas esse artrópode possui diversas fases e seu ciclo é bastante rápido, o que contribui para a disseminação. Produz teias e causa danos significativos nas plantas, podendo levá-las à morte.

Existem diversas formas de controle e o mais indicado é fazer o manejo integrado do ácaro-rajado, o MIP. 

Espero que com essas informações você consiga ter um manejo efetivo dessa praga em sua lavoura.

>> Leia mais:

“Saiba tudo sobre o ácaro azul das pastagens, uma praga emergente no Brasil”

Você já teve muito prejuízo com o ácaro-rajado em sua lavoura? Como tem feito o controle? Adoraria ler seu comentário!

Como fazer o manejo eficiente do capim-carrapicho

Capim-carrapicho: época certa para controle, quais herbicidas usar e as principais dicas para evitar prejuízos na lavoura.

Como fazer o manejo eficiente do capim-carrapicho

O capim-carrapicho é uma planta daninha que infesta muitos cultivos anuais perenes.

Além dos problemas relacionados à sua agressividade competitiva, ela pode diminuir a qualidade de produtos agrícolas, como no caso do algodão. 

Mas você sabe como fazer o controle mais adequado da lavoura? Quais herbicidas são mais recomendáveis em pré e pós-emergência das culturas?

Confira essa e outras respostas a seguir!

Capim-carrapicho: principais pontos sobre essa planta daninha

O capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), ou capim-timbete, tem origem na América tropical, ocorrendo do sul dos Estados Unidos até a Argentina. 

No Brasil, é amplamente disseminado, principalmente na região Sudeste. 

O capim-carrapicho é uma planta daninha de ciclo anual, com reprodução por semente, que se alastra por enraizamento dos colmos, por meio dos nós em contato com o solo. 

Esta planta invasora se adapta tanto em solos férteis agricultáveis quanto em solos pobres e arenosos no litoral. Em condições favoráveis, com bom enraizamento, seu ciclo pode ser prolongar, chegando à semi-perene. 

Assim, plantas mais desenvolvidas são de fácil identificação. Já as plântulas podem ser identificadas pela base do colmo avermelhado ou, se você retirar a plântula do solo com cuidado, pode observar a semente presa às suas raízes. 

foto de plântulas de capim-carrapicho (Cenchrus echinatus)

Plântulas de capim-carrapicho (Cenchrus echinatus)
(Fonte: Sarangi e Jhala)

A temperatura ideal para seu crescimento é de 25°C, com capacidade de produzir até 1.100 sementes por planta. 

O capim-carrapicho é indiferente à luz para germinar. Mas, em condições de escuro, sua velocidade de germinação pode ser maior, sem alterar o número final de sementes germinadas. 

Devido ao tamanho das sementes, podem emergir em profundidades próximas a 10 cm, dependendo das condições de solo. 

Manejo do capim-carrapicho

A capacidade de emergir em grandes profundidades influencia no manejo do capim-carrapicho. Isso porque o manejo mecânico do solo em uma área infestada pela daninha pode ocasionar vários fluxos de emergência, o que dificulta o posicionamento de herbicidas pós-emergentes. 

Além disso, esse enterrio das sementes pode posicioná-las abaixo da faixa tratada por herbicidas aplicados em pré-emergência. E isso também dificulta seu manejo.  

Como suas sementes são grandes, não são muito disseminadas pelo vento. Deste modo, sua dispersão está muito mais relacionada ao trânsito de máquinas sem a devida higienização, por exemplo.  

Além de ser altamente competitiva com cultivos anuais, o capim-carrapicho pode ser um grande problema na colheita e beneficiamento de cultivos como o algodão.

Ela também pode ocasionar alelopatia sobre outras plantas. 

O capim-carrapicho, em estádios iniciais, poder ser utilizado como forrageira devido às suas características nutricionais e palatabilidade. Porém, a partir da frutificação, se torna impróprio ao consumo animal. 

Felizmente, até o momento não houve registro de populações resistentes de capim-carrapicho (Cenchrus echinatus) a herbicidas no mundo.

A realização de um manejo integrado de plantas daninhas é essencial para não selecionar populações resistentes. 

Para isso é preciso fazer sistema de rotação de cultivos, rotação de princípios ativos e uso de culturas de cobertura. 

Dentre as culturas de cobertura, a Urochloa ruziziensis apresenta uma ótima supressão do capim-carrapicho. 

Manejo de capim-carrapicho na entressafra do sistema soja-milho

A entressafra é período ideal para realizar um bom manejo do capim-carrapicho, pois existe um número maior de opções a serem utilizadas!

O ideal é que a aplicação ocorra em plantas com até 2 perfilhos, pois as chances de sucesso são maiores.

Além do estádio de aplicação, um ponto importante para realização de um manejo eficiente desta daninha é aplicar em planta sem estresse hídrico.

Em condições de estresse, muitos herbicidas podem ter sua eficiência reduzida nesta planta daninha. 

Herbicidas pós-emergentes

Glifosato 

O glifosato possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial, na dose de 1,2 a 3,0 L ha-1

Cletodim 

Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,5 a 1,0 L ha-1

Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Haloxyfop

Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,55 a 1,2 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Este são os exemplos mais comuns de graminicidas utilizados no mercado, porém existem outros produtos com ótimo desempenho e que seguem a mesma lógica de manejo. 

Novas formulações de graminicidas vêm sendo lançadas com maior concentração do ingrediente ativo (responsável pela morte da planta) e com adjuvante incluso. Alguns exemplos são Verdict max®, Targa max® e Select one pack®.

Atenção quando for misturar 2,4D e graminicidas. É necessário aumentar a dose do graminicida em 20%, pois este herbicida reduz sua eficiência. 

Paraquat

Pode ser utilizado em plantas pequenas até 2 perfilhos ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1

Adicionar adjuvante não iônico 0,5 a 1,0% v.v. 

Glufosinato de amônio

Pode ser utilizado em plantas pequenas até 2 perfilhos ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores, na dose de 2,5 a 3,0 L ha-1.  Adicionar óleo mineral 2,0% v.v. 

Herbicidas pré-emergentes

S-metolachlor 

Herbicida com ação residual, utilizado no sistema de aplique plante da soja, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Não deve ser aplicado em solos arenosos. 

Trifluralina 

Herbicida com ação residual, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas), na dose 1,2 a 4,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo. 

Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. 

Sulfentrazone 

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D e chlorimuron). 

Recomenda-se dose de até 0,6 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja

Imazetapir

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D) ou no sistema de aplique plante da soja, na dose de 0,8 a 1,0 L ha-1.

Manejo do capim-carrapicho na pós-emergência das culturas de soja e milho

Para plantas pequenas ou rebrota de plantas perenizadas na soja, temos como opção eficiente somente o uso de graminicidas (clethodim, haloxyfop e outros).

Em caso de soja RR, podem ser associados ao glifosato. 

Em áreas com grande infestação, devem ser utilizados herbicidas pré-emergentes no sistema de aplique plante para diminuir o banco de sementes e o número de aplicações em pós-emergência (imazetapir + flumioxazin ou s-metolachlor).

A inclusão de pré-emergentes em diferentes etapas do manejo é fundamental, principalmente em áreas com grandes infestações. Como diminuem a necessidade de aplicações em pós-emergência e previnem a seleção de plantas resistentes, trazem ótimo custo-benefício ao produtor. 

Já o controle de capim-carrapicho no milho convencional é mais complexo, pois o milho também é uma gramínea. E existem poucas opções que são seletivas ao milho e controlam capim-carrapicho. 

Dentre elas temos herbicidas pré-emergentes aplicados em sistema de aplique plante (ex:trifluralina, s-metolachlor e isoxaflutole) ou herbicidas utilizados em pós-emergência precoce (ex: nicosulfuron e tembotrione).

Porém, não há opções eficientes para controle de plantas mais desenvolvidas ou perenizadas em milho convencional.

Caso o milho possua tecnologia RR, o uso de glifosato pode ser eficiente no controle desta planta daninha.     

Perspectivas futuras

Para os próximos anos, existe previsão da liberação comercial de um novo “trait” de resistência a herbicidas para as culturas da soja e do milho.

  • Soja e milho: Enlist (2,4D colina, glifosato e glufosinato de amônio).

Esta tecnologia trará a opção de incluir o glufosinato de amônio no manejo de pós-emergência do cultivo. Além disso, irá possibilitar o uso de haloxyfop em pós-emergência do milho, o que trará grandes benefícios para a rotação de princípios ativos.  

Existe ainda previsão do lançamento de novos herbicidas pré-emergentes para controle de gramíneas (ex:pyroxasulfone).

Conclusão

Neste artigo, vimos a importância econômica do capim-carrapicho em nosso país e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos. 

Você conferiu alguns aspectos sobre a biologia dessa planta daninha e também os herbicidas recomendados para controle.

Também citamos as próximas novidades do mercado!

Aproveite as orientações e aprimore o manejo do capim-carrapicho na sua lavoura!

>> Leia mais:

Herbicida para algodão: como fazer a melhor utilização para combate de plantas daninhas

Como você controla a infestação de capim-carrapicho? Já enfrentou problemas na colheita? Baixe gratuitamente aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas e faça o controle de outras invasoras da lavoura!