Lista de defensivos agrícolas: Quais dúvidas você tem na hora de elaborar a sua? Neste artigo explicamos o passo a passo para não errar mais.
Está chegando a hora de começar mais um ciclo de cultivo. O solo já está para ser preparado, ou a cobertura morta já está sendo formada. Os vizinhos estão comentando sobre as sementes, adubos e, claro, os defensivos.
Se você não sabe por onde começar no planejamento da safra, nem como fazê-lo, não se preocupe, a maioria dos produtores se sente assim.
O fato é que a agricultura demanda muito trabalho e é completamente normal esse sentimento.
Hoje vamos conversar sobre sua lista de defensivos agrícolas e como fazê-la da melhor forma, conseguindo ótimos resultados para sua lavoura e, claro, seu negócio!
Lista de defensivos agrícolas: Quando comprar?
Se atente para ao mercado, acompanhando a flutuação dos preços. Geralmente o valor cai fora do período da safra, já que a procura é menor nesse momento.
Historicamente, a venda de defensivos, e também os custos, são maiores no segundo semestre ano, quando a safra de verão é iniciada.
A compra antecipada de defensivos e outros insumos é uma prática que vem crescendo, especialmente quando o câmbio se apresenta favorável antes do começo da safra. Por isso, além do mercado nacional fique de olho no câmbio.
Nós falamos sobre aplicativos que te ajudam nisso, além de outras ferramentas, no artigo abaixo, vale a pena conferir.
O crescimento da compra antecipada de insumos é uma prova do maior planejamento dos produtores rurais nos últimos anos.
Conhecendo o seu campo e fazendo o planejamento com certa antecedência, você poderá ter uma maior janela de tempo para a procura de melhores preços, podendo antecipar ou não suas compras.
Como sei quais defensivos comprar?
Isso você vai saber por meio do monitoramento e histórico da área, e melhor será sua estimativa quanto mais detalhado for seu planejamento agrícola, como separar sua área por talhão.
Confira como fazer isso e fazer uma lista de defensivos agrícolas muito mais assertiva:
Monitoramento
Esse ponto já foi abordado em outro artigo meu aqui no blog, que listo abaixo. Mas é sempre bom reforçar esse aspecto.
O monitoramento é simplesmente ir para o campo e ver o que está acontecendo. Você com certeza já faz isso, mas é preciso fazer com uma certa frequência e registrar o que você encontra.
Os registros dos monitoramentos das safras passadas resultarão no histórico da sua propriedade.
Por isso que para saber na pré-safra o que utilizar e quanto utilizar você verifica o histórico da área, já que não há cultura para fazer o monitoramento.
Com o registro de monitoramentos anteriores (histórico da área) você tem certeza de quais produtos precisa.
E com as observações sobre o nível de infestação das invasoras, insetos ou doenças, também é possível estimar a dose que será usada.
Isso porque os problemas de uma safra, provavelmente serão os mesmos da próxima.
Especialmente se for a mesma cultura de alguma safra anterior que você tenha registros, ou se as pragas atacarem as mesmas culturas que você cultivou e vai cultivar.
Com as informações de dose por hectare e sabendo quantos hectares você plantará, fica fácil estimar de quantos litros de cada produto você precisa comprar.
Recomendo que você coloque 10% a mais nessa conta, em caso de maiores infestações no momento da aplicação ou de outros imprevistos.
Detalhe seu planejamento agrícola e financeiro por talhão
Como já falamos aqui, sobre a importância do planejamento agrícola, saber o que já foi feito em cada talhão nos últimos anos também é fundamental.
Isso lhe dá uma direção antecipadamente de quais defensivos devem ou não serem utilizados. Isso também fará você entender como está seu solo, pragas, etc.
Lembre-se de anotar nos seus monitoramentos a eficácia dos produtos também, já que se determinado defensivo vem perdendo a eficácia ao longo dos anos, é melhor escolher outros produtos.
Ressaltando ainda a necessidade de rotacionar os defensivos mesmo que não venham perdendo a eficiência, no sentido de prevenir a seleção de pragas resistentes a defensivos.
Se você tem dúvidas sobre resistência a defensivos agrícolas recomendo a leitura:
Onde consultar os defensivos agrícolas permitidos?
No Brasil, o processo de registro de um defensivo envolve avaliação toxicológica, que é de responsabilidade da Anvisa e do Ministério da Saúde.
Bem como avaliação ambiental, responsabilidade do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente.
Além da avaliação agronômica, que avalia a eficácia contra as pragas-alvo, e a seletividade para as plantas cultivadas, que é realizada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
Ou seja, são amplamente estudados e testados, para serem seguros e eficazes na proteção da lavoura. Atualmente o número produtos comerciais com registro para uso no Brasil é de 1868. Todos estes passaram por essas avaliações citadas anteriormente.
O portal Agrofit do MAPA traz a relação de todos os produtos com registro para uso no Brasil.
É possível fazer a busca por classe de defensivo, praga agrícolas, cultura, etc. Eu já falei sobre isso em outro artigo meu. Você pode usar o Agrofit como sua base de busca.
Mas sempre consulte um engenheiro(a) agrônomo(a), pois só ele pode fazer a recomendação adequada e o receituário agronômico para a compra dos produtos.
Comprar defensivos de marca ou genéricos?
Só sobre este ponto dá para falar muita coisa, é um tema difícil e até polêmico.
Mesmo sendo polêmico, falamos sobre isso neste artigo:
Parece básico, e na realidade é! Só que ainda tem muito produtor que não tem controle dos defensivos em seu estoque.
Como já falamos, o monitoramento e histórico da área são essenciais na hora da definição de quais produtos e qual quantidade comprar.
Isso ajuda, a saber, a quantidade a ser comprada ainda nesta safra, e na próxima. Já pensou chegar na hora de aplicar o seu inseticida e descobrir que não tem a quantidade suficiente?
Pode acontecer ainda de o produto estar em falta no mercado, e ainda com preços mais altos. Por isso o planejamento é fundamental!
Mas para você ter um estoque muito mais fácil e simples de visualizar, além de seguro, você pode pedir a demonstração grátis da Aegro aqui.
Para saber ainda mais sobre controle de estoque veja nosso texto “5 motivos para você começar agora a controlar seu estoque”.
Conclusão
Os defensivos são fundamentais para você produtor garantir a produtividade da sua lavoura!
Uma boa lista de defensivos agrícolas é um conjunto de fatores. Escolha dos produtos envolve conhecimento, planejamento, essa é uma fase muito importante da condução da lavoura, para ser conduzida que qualquer maneira.
Custo e qualidade devem ser levados conjuntamente em consideração, nunca opostamente uma a outra.
Agora com todo o conhecimento de quando comprar, o que comprar e sobre a importância do estoque você pode fazer sua lista de defensivos agrícola muito mais assertiva e eficiente!
Plantas daninhas: saiba como fazer o manejo adequado durante a pré-safra para reduzir os custos de controle na lavoura.
Você continua tendo problemas e elevados custos para manejar as plantas daninhas durante a safra? Saiba que você pode reduzir esse custo fazendo o manejo adequado durante a pré-safra!
Nos últimos anos o custo com o controle de plantas daninhasvem aumentando, e em partes, se deve ao aumento no número de casos deresistência a defensivos agrícolas, o que dificulta o manejo.
Esse fato contribui diretamente para a elevação nos custos de produção, aumentando os gastos e reduzindo os lucros.
Mas o manejo de plantas daninhas na pré-safra pode te ajudar a evitar o desenvolvimento de resistência e no manejo em geral das plantas invasoras.
O que são plantas daninhas?
As plantas daninhas, segundo Lorenzi (2014), é qualquer planta que cresce onde não é desejado, interferindo direta e indiretamente nas culturas de interesse, causando reduções na produção em torno de 20 a 30%.
Aqui também podemos incluir a chamada tiguera de cultura, como por exemplo o milho crescendo no meio da soja.
As plantas daninhas, de acordo com Lorenzi (2014), são definidas como quaisquer plantas que crescem em locais não desejados, interferindo direta ou indiretamente nas culturas agrícolas.
Essa interferência pode causar perdas significativas na produção, geralmente variando entre 20% e 30%, dependendo do grau de infestação e do manejo realizado.
Além das espécies que crescem espontaneamente, também são consideradas plantas daninhas as chamadas tigueras (ou guaxas), que são plantas voluntárias de culturas anteriores, como o milho que surge em meio à lavoura de soja.
Essas tigueras competem pelos mesmos recursos das culturas atuais, como água, luz e nutrientes, e podem servir de hospedeiras para pragas e doenças.
7 Principais Plantas Daninhas
No Brasil, existem 7 principais plantas daninhas que variam por região, tipo de cultivo e condições ambientais, mas algumas espécies são disseminadas devido à sua alta adaptabilidade, capacidade de reprodução e resistência a métodos de controle.
A primeira delas é a buva (Conyza): existem três espécies, a Conyza canadensis, Conyzabonariensis e Conyza sumatrensis.
Esse tipo de daninha se dispersa facilmente pelo vento e por isso estão presentes na maior parte das lavouras.
No Brasil nós temosoito casos registrados de buva resistentes a herbicidas. Destes oito casos, dois são de resistência múltipla, no qual a planta é resistente a mais de um mecanismo de ação.
O manejo dessas espécies durante a entressafra pode ajudar na prevenção a resistência, uma vez que ela já apresenta casos de resistência em boa parte do Brasil.
Outra planta daninha que merece destaque é o leiteiro ou amendoim bravo (Euphorbia heterophylla).
É uma das plantas de maior dificuldade de controle, principalmente na cultura da soja. Está presente em praticamente todo o Brasil, podendo germinar o ano todo, mas principalmente nas épocas mais quentes(Brighenti e Oliveira, 2011).
Suas sementes podem ser arremessadas pela planta a uma distância de dois a cinco metros e no Brasil foi relatado plantas de leiteira com resistência a herbicidas inibidores da ALS e da PROTOX.
Essa planta ainda pode interferir indiretamente na produtividade da cultura, pois ela é hospedeira do vírus do mosaico-anão .
O caruru (Amaranthus spp.) é um dos gêneros de plantas daninhas mais comuns e problemáticos no Brasil. Suas espécies são disseminadas em áreas agrícolas devido à sua adaptabilidade, alta capacidade de reprodução e resistência a herbicidas.
Por conta do crescimento rápido, é capaz de produzir milhares de sementes por planta, que permanecem viáveis no solo por anos.
As espécies mais comuns incluem o caruru-roxo(Amaranthus hybridus), o caruru-de-mancha (Amaranthus viridis) e o caruru-palmeri (Amaranthus palmeri), conhecido por sua agressividade e resistência.
O capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) é encontrado em áreas agrícolas e pastagens e conhecido por sua alta resistência esistência ao glifosato, além da capacidade de competir com as culturas.
A planta se reproduz principalmente por sementes, produzidas em grande quantidade e com capacidade de germinar ao longo de várias safras. Altamente adaptável, ela se desenvolve bem em solos compactados e suporta condições adversas, como altas temperaturas e baixa umidade.
Mesmo assim, em algumas culturas locais, o capim-pé-de-galinha é usado como forragem para animais, desde que manejado adequadamente.
Doses do herbicida glifosato em população suscetível (frente) e resistente (atrás). A dose recomendada para o controle da espécie Eleusine indica é de 840 g e.a. ha-1 (Fonte: Chen et al. 2017)
5. Azevém
O azevém (Lolium multiflorum) pode ser tanto um problema quanto uma oportunidade no manejo agrícola. Muito comum em regiões de clima temperado, é utilizado como planta forrageira, mas, quando presente em áreas de cultivo não planejadas, acaba virando uma planta daninha competitiva.
Por conta disso, é muito fácil de ser encontradas nas lavouras do Rio Grande do Sul, sendo identificada com resistência em plantações de soja, milho e trigo.
(Fonte: Heap, 2017)
6. Capim-branco
O capim-branco(Brachiaria decumbens) é uma planta daninha muito comum no cultivado de pastagem, e na invasão de sistemas agrícolas, competindo com culturas como como soja, milho, arroz e cana-de-açúcar.
Sua resistência a herbicidas e crescimento contínuo dificultam o controle, mas rotação de culturas, adubação adequada e controle mecânico, como gradagem e capina, podem ajudar no manejo.
7. Capim-amargoso
Em 2008, Digitaria insularis foi relatada com casos de resistência ao herbicida glifosato em lavouras de soja no Paraná.
A planta é perene, mas se adapta a solos compactados e condições adversas, como seca e alta temperatura, sendo um grande desafio no manejo.Seu controle pode ser feito por uso de herbicidas de ação diferenciada, rotação de culturas e plantio direto.
Manejo de plantas daninhas na pré-safra
Já falamos muito aqui sobre omanejo integrado e aqui mais uma vez não podemos deixar de citá-lo.
Dificilmente vamos conseguir controlar todas as plantas daninhas, mas temos vários métodos que podemos utilizar na pré-safra que vão refletir de maneira positiva na safra.
E o manejo integrado de plantas daninhas é uma boa solução para controlar. Aqui estão algumas práticas infalíveis para o manejo eficaz de plantas daninhas na pré-safra:
1. Cobertura do solo
A cobertura do solo usa materiais orgânicos ou vegetais para proteger e melhorar as condições do solo, podendo ser realizada com plantas de cobertura (como leguminosas e gramíneas) ou cobertura morta (como palha ou mulching).
Os principais benefícios incluem o controle de plantas daninhas, prevenção da erosão, retenção de umidade,aumento da matéria orgânica, regulação da temperatura do solo e redução da compactação.
No entanto, é importante escolher as plantas adequadas e gerenciar a decomposição para evitar problemas como a competição excessiva com as culturas.
Área em pousio (esquerda) e área com planta de cobertura (direita) (Fonte: News de Rio Verde)
2. Uso de herbicidas pré-emergentes
O uso de herbicidas pré-emergentes é indicado para controlar plantas daninhas antes de sua germinação, criando uma barreira química no solo que impede o crescimento de ervas daninhas.
Essa abordagem reduz a competição com as culturas, diminui a necessidade de capina e aumenta a produtividade.
Mas tome cuidado com a escolha adequada do produto, o risco de resistência das plantas daninhas, a necessidade de considerar as condições do solo e a possível fitotoxicidade.
O uso responsável dessa tecnologia contribui para o manejo eficiente das ervas daninhas e melhora os resultados das lavouras.
Conclusão
Você percebeu que todas as estratégias de controle de invasoras exige um certo planejamento.
Além disso, aqui você aprendeu o que são plantas daninhas, as principais espécies que podem te causar prejuízo e até mesmo quais as espécies com resistência a herbicidas.
Agora também você sabe qual o melhor manejo para as principais plantas daninhas e está pronto para colocar em prática tudo o que você viu!Então, faça seu planejamento e boa safra!
É frustrante o momento em que monitoramos a lavoura alguns dias após a aplicação de herbicidas e percebemos que a área ainda está infestada.
Para não falar desesperador!
Apesar de seguirmos todos os protocolos de aplicação (produto adequado, condições climáticas ideais de pulverização, etc.), porque não houve 100% de controle das plantas daninhas?
Isso é um indício que pode haver plantas daninhas resistentes a herbicidas na sua propriedade.
Como plantas daninhas resistentes se apresentam?
3 indícios de plantas daninhas resistentes a herbicidas no campo
Por isso, confira a seguir as principais plantas daninhas resistentes a herbicidas do Brasil e esteja preparado se alguma delas estiver na sua área:
Plantas daninhas resistentes: O que são?
Resistência de uma planta daninha a herbicida é a capacidade adquirida por uma planta em sobreviver e se reproduzir mesmo com a aplicação de um herbicida na dose registrada (dose indicada na bula) em condições normais e adequadas de aplicação.
As culturas resistentes ao glifosato resultaram em utilização massiva desse herbicida, levando ao desenvolvimento de resistência em várias espécies.
As principais culturas que possuem plantas daninhas resistentes a esse herbicida são a soja e a cultura do milho.
Além disso há os pomares diversos, que são naturalmente tolerantes a esse herbicida.
Como já citamos, segundo Embrapa, os custos de produção em lavouras de soja com plantas daninhas resistentes ao glifosato podem subir, em média, de 42% a 222%.
Para saber mais sobre custos de produção recomendo fortemente que você leia o artigo
Doses maiores de glifosato do que aquelas recomendadas em bula podem até controlar as infestações em um primeiro momento.
Mas essa prática seleciona plantas que podem sobreviver em doses ainda maiores, e o problema vai se agravando.
É claro que o uso de glifosato nas lavouras vai continuar, devido a sua eficiência e baixo custo. Mas é muito importante associar outros herbicidas também.
Em geral, na dessecação utilize herbicidas de contato não seletivos, como glufosinato de amônio (Liberty) e paraquat.
Apenas se atente que, para glufosinato, as plantas daninhas devem ser jovens (com altura por volta de 10 cm).
A utilização de herbicidas pré-emergentes também ajudam na diversidade de produtos.
Por isso, faça uso dos pré-emergentes além da aplicação de glifosato em associação com graminicidas ou latifolicidas em pós-emergência.
Conheça agora as principais plantas daninhas do Brasil resistentes ao herbicida glifosato:
(Fonte: Syngenta)
Buva (Conyza spp.)
Existem 3 espécies de buva no Brasil: Conyza bonariensis, Conyza canadensis e Conyza sumatrensis.
A Conyza bonariensis apresenta as folhas sem recortes nas margens, diferente da C. canadensis.
Já foi relatado no Brasil C. sumatrensis também resistente a herbicidas da ALS, do fotossistema I (como paraquat) e inibidores da PROTOX.
Conyza spp. é fotoblástica positiva, ou seja, só germina com luminosidade.
Por isso, áreas de plantio direto ou que utilizam vegetação nas entrelinhas (consórcio milho-braquiária, por exemplo) são ótimas alternativas de manejo.
O capim-amargoso possui sementes com alto poder germinativo e que se espalham pelo vento, o que pode pegar de surpresa os produtores.
É muito comum plantas dessa espécie possuírem resistência ao glifosato, o que dificulta ainda mais seu controle.
Além disso, foi relatado também no Brasil, capim-amargoso resistente aos herbicidas inibidores da ACCase.
Plantas jovens (até 15 cm) são mais facilmente controladas com o uso de herbicidas. Já plantas adultas com touceiras tem seu controle dificultado.
Por isso, se atente ao campo e verifique o tamanho do capim-amargoso no momento da aplicação.
Azevém (Lolium multiflorum)
No Brasil, o azevém resistente a glifosato é um grande problema, especialmente na região Sul do país.
Após o relato de azevém resistente ao glifosato, foi utilizado somente inibidores da ALS ou de somente inibidores da ACCase de forma repetida, o que selecionou plantas de azevém também resistentes a esses mecanismos de ação.
Mas há outras opções além de herbicidas para controlar o azevém.
O uso de aveia-preta ou nabo como plantas de cobertura é uma prática eficiente para reduzir a presença do azevém nas lavouras.
Você pode utilizar também o centeio como planta de cobertura ou na entressafra.
O centeio apresenta alelopatia (liberação de substâncias que podem afetar outro organismo) que impede o aparecimento de azevém na área, e que ainda pode gerar lucro com a colheita dos grãos ao final do ciclo.
(Fonte: Go Botany)
Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
Em 2016 foi relatado no Brasil o primeiro caso de resistência a glifosato dessa espécie, sendo que já foi relatado também resistência aos inibidores da ACCase.
É uma das plantas daninhas mais comuns em cultivos anuais e perenes do Brasil, especialmente em área com solos compactados.
Após o perfilhamento, o controle dessa espécie fica ainda mais díficil.
(Fonte: FNA em Nature Search)
Capim-branco (Chloris elata)
Comum em lavouras perenes, o capim-branco possui casos de resistência relatados em 2014 no Brasil, não apresentando resistência a outros mecanismos de ação.
(pelo menos por enquanto e vamos trabalhar para continuar assim, não é mesmo?!)
A espécie é bastante encontrada nas regiões Norte e Centro Oeste, onde pode ser visto quase o ano todo em floração, mas também é encontrada nas fazendas do Sul do país.
A espécie aqui introduzida já apresenta resistência ao glifosato e também aos inibidores da ALS.
Visualmente se diferencia dos outros Amaranthus spp. (carurus) por alguns detalhes, como p pecíolo ser igual ou maior que sua folha, o que não ocorre em outras espécies de caruru.
(Fonte: Foto Arnaldo Borges em IMAMT)
Plantas daninhas resistentes no Brasil
Infelizmente, há diversas pragas (insetos, doenças e plantas daninhas) resistentes a defensivos agrícolas no Brasil.
No Brasil temos espécies resistentes a outros herbicidas além do glifosato que são muito importantes nos sistemas de produção. Confira algumas dessas plantas :
Caruru (Amaranthus retroflexus e Amaranthus viridis)
Do mesmo gênero que caruru-palmeri, essas espécies possuem resistência aos inibidores da ALS e fotossistema II, além de que A. retroflexus apresenta também aos inibidores da PROTOX.
Picão-preto (Bidens subalternans e Bidens pilosa)
As duas espécies de picão-preto apresentam resistência aos herbicidas inibidores da ALS e fotossistema II.
Capim-arroz (Echinochloa crus-galli var. crus-galli)
Muito comum em lavouras de arroz, o capim-branco foi relatado com resistência múltipla (resistência a diferentes mecanismos de ação de herbicidas) aos produtores inibidores da ALS, da celulose e da ACCase.
A prevenção dessa espécie pelo uso de sementes de boa qualidade e limpeza de máquinas e equipamentos antes depois de usá-las, é essencial.
A: Caruru (Amaranthus viridis); B: Picão-preto (Bidens pilosa); C: Capim-branco (Echinochloa crus-galli var. crus-galli) (Fonte: Ian Heap)
Para todas as plantas daninhas, especialmente as resistentes a qualquer herbicida, algumas medidas de manejo são essenciais como:
rotação de culturas;
rotação e diversidade de mecanismos de ação de herbicidas;
– Mostra uma quantidade incrível de plantas daninhas existentes no Brasil e suas características principais.
(Fonte: Livraria UFV)
Guia de herbicidas
– 6° Edição;
-Mostra os herbicidas registrados no Brasil e suas principais características, as culturas em que a aplicação é recomendada, além de informar as doses e momentos adequados de aplicação.
(Fonte: PDL)
Conclusão
A explicação de que mesmo após ter aplicado herbicidas na sua lavoura, você ainda observar a presença de plantas daninhas, isso é sinal que na sua área pode ter casos de resistência.
Aqui você pode aprender como identificar a resistência em sua lavoura, quais são as principais plantas daninhas resistentes a herbicidas, e como combatê-las.
É de fundamental importância uma visão crítica do sistema de produção, com planejamento das medidas de manejo, considerando a diversificação dos mecanismos de ação dos herbicidas utilizados.
Agora que você já tem esse conhecimento, faça seu planejamento e esteja preparado para combater essas plantas e obter sucesso na safra!
Já teve problemas com plantas daninhas resistentes? Quais? Gostaria de saber mais sobre o assunto? Tem mais algum método de controle que você faz e eu não citei? Adoraria ver seu comentário!
Controle de plantas daninhas: o que é, como fazer, métodos utilizados e muito mais!
Como está o controle de plantas daninhas na sua lavoura para a safrinha?
Você acredita que antes da safra não há nada que se possa fazer em relação às plantas daninhas? Ou que você pode chegar no campo no dia da aplicação e decidir corretamente o que fazer?
Sei que sua experiência conta muito e que você conhece sua lavoura, mas talvez seja interessante estar preparado e entender como fazer o manejo integrado de plantas daninhas
Hoje separei alguns pontos que, creio eu, terão impacto positivo no planejamento e no começo da sua safra. Vamos lá?
O que é controle de plantas daninhas?
O controle de plantas daninhas é um conjunto de práticas e técnicas para eliminar ou reduzir a presença de plantas indesejadas que competem com as culturas agrícolas por recursos como luz, água, nutrientes e espaço.
Essas plantas, também chamadas de “invasoras”, podem causar prejuízos econômicos, comprometer o rendimento das culturas e até dificultar a colheita.
As plantas daninhas variam dependendo da região, do clima e do tipo de cultura agrícola. Mesmo assim, algumas são conhecidas pela capacidade de competição, resistência a herbicidas e dificuldade de manejo. As mais frequentes são:
Arroz-vermelho (Oryza sativa L.)
Braquiária (Urochloa spp.)
Buva (Conyza spp.)
Capim-arroz (Echinochloa spp.)
Caruru (Amaranthus spp.)
Ciperáceas diversas (Cyperus spp.)
Ciperáceas (tiriricas)
Cordas-de-viola (Ipomoea spp.)
Picão-preto (Bidens pilosa)
Tiririca (Cyperus rotundus)
Como controlar as plantas daninhas?
O controle de plantas daninhas é feito por estratégias para reduzir a presença das plantas indesejadas como: controle químico, controle mecânico, controle cultural, controle biológico e controle integrado.
A escolha do controle ideal depende sempre considerar o tipo de cultura, ciclo das plantas daninhas, o histórico da área e os recursos disponíveis.
Um manejo integrado e planejado é a melhor estratégia para manter as lavouras produtivas e saudáveis.
Quais são os métodos de controle de plantas daninhas?
Os métodos de manejo integrado de plantas daninhas podem ser classificados em diferentes categorias, dependendo das práticas utilizadas para eliminar ou reduzir a presença das plantas.
Cada método tem suas vantagens e limitações, por isso, o melhor método depende do tipo de planta daninha, da cultura agrícola, do solo, do clima e dos recursos disponíveis.
Independentemente desses requisitos, é importante manter uma constância de cuidados com plantas invasoras. Confira mais informações sobre os métodos de controle de plantas daninhas abaixo:
1. Controle químico
É uma estratégia de manejo que utiliza herbicidas para eliminar ou reduzir a presença de daninhas, especialmente em grandes áreas de cultivo, devido à sua eficiência e rapidez no controle de plantas invasoras.
Pré-emergente: Aplicado antes da germinação das plantas daninhas.
Pós-emergente: Aplicado diretamente nas plantas já germinadas.
Sistêmico: Absorvido pela planta e transportado para todas as partes, eliminando até as raízes.
De contato: Atua apenas na área onde é aplicado.
Vantagens: Alta eficiência em áreas grandes, reduz a mão de obra.
Desvantagens: Risco de resistência das plantas daninhas e pode causar impactos ambientais mal utilizados.
2. Controle mecânico
O controle mecânico de plantas daninhas é uma opção eficiente e ecológica em muitas situações, mas não é sempre o método mais prático para grandes áreas ou cultivos com grande infestação de plantas daninhas.
O recomendado é utilizar de forma integrada com outros métodos (como controle químico ou cultural) para garantir o manejo mais eficaz e sustentável das plantas daninhas.
Além disso, inclui práticas que utilizam ferramentas ou máquinas para remover ou destruir plantas daninhas, como:
Capina manual: Retirada manual com enxadas ou outras ferramentas (viável em pequenas áreas).
Gradagem e aração: Revolve o solo, cortando e enterrando as plantas daninhas.
Roçagem: Corta as plantas daninhas, controlando seu crescimento.
Vantagens: Não utiliza produtos químicos e é ideal para áreas pequenas.
Desvantagens: Alto custo de mão de obra e tempo e pode causar compactação ou erosão do solo em alguns casos.
3. Controle cultural
São práticas agrícolas que promovem condições desfavoráveis para o desenvolvimento das plantas daninhas, como:
Rotação de culturas: Evita a seleção de plantas daninhas específicas e melhora a saúde do solo.
Cobertura do solo: Uso de plantas de cobertura ou palhada para sufocar plantas daninhas.
Plantio direto: Mantém a palhada sobre o solo, reduzindo a emergência de plantas daninhas.
Densidade de plantio: Um plantio mais adensado e vigoroso dificulta a competição das plantas daninhas.
Vantagens: Sustentável e de baixo custo e melhora da saúde do solo.
Desvantagens: Resultados podem ser mais lentos.
4. Controle biológico
Uso de organismos vivos, como insetos, fungos, bactérias ou outros agentes naturais, que atacam plantas daninhas específicas, como o fungo Puccinia chondrillina para controlar a serralha.
O controle biológico para controle de plantas daninhas é natural e ainda mais eficaz quando combinado com outras estratégias de manejo integrado
Vantagens: Método sustentável e menor impacto ambiental.
Desvantagens: Pouco utilizado em larga escala e pode demorar para apresentar resultados significativos.
5. Controle integrado
O controle integrado de plantas daninhas, ou Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD), combina diferentes métodos de manejo que equilibram os aspectos agronômicos, ambientais e econômicos, reduzindo os impactos negativos e aumentando a eficácia do controle.
Vantagens: Redução do impacto ambiental e da dependência de herbicidas e maior eficácia no manejo, considerando diferentes condições de solo e clima.
Desvantagens: Requer mais planejamento e monitoramento constante e pode ser mais trabalhoso no início, até que os métodos sejam ajustados à realidade da área.
Dessecação e controle de plantas daninhas: Qual a ligação?
A dessecação antes da semeadura garante que as culturas tenham condições ideais para o desenvolvimento.
Neste sentido, para evitar fitotoxidez nas plantas, é necessário respeitar um intervalo adequado após a aplicação de herbicidas, considerando o produto, dose utilizada, cobertura vegetal, solo e condições climáticas.
A escolha do herbicida e da dose depende das características das plantas daninhas presentes e da cultura a ser implantada:
Plantas jovens (até 15 cm): São mais facilmente manejadas com herbicidas de contato, como diquat e glufosinato de amônio.
Plantas em pleno desenvolvimento: Exigem herbicidas sistêmicos, como glifosato e 2,4-D, que são capazes de translocar o composto ativo e eliminar a planta completamente.
O impacto das plantas daninhas no desenvolvimento da lavoura varia conforme a densidade populacional, as espécies e o momento de interferência. No caso do milho, por exemplo, o período crítico de prevenção à interferência ocorre entre os estágios V2 e V7 (2 a 7 folhas).
Na dessecação, uma prática comum é associar herbicidas dessecantes a herbicidas residuais (ou pré-emergentes). Essa estratégia controla a cultura de cobertura morta, evitando a infestação de plantas daninhas durante o início do ciclo da cultura seguinte e otimizando os recursos disponíveis.
Já no plantio convencional, a dessecação também pode ser realizada mecanicamente, por meio de roçadeira, grade ou arado, antes do florescimento das plantas daninhas.
Isso reduz a germinação de novas invasoras e forma uma cobertura morta sobre o solo, contribuindo para a proteção do sistema produtivo.
Condições de pré-emergência e controle de plantas daninhas
As aplicações de herbicidas pré-emergentes são feitas antes da emergência das plantas daninhas e exigem o conhecimento das espécies presentes na lavoura.
O uso de mapas que identifiquem as espécies pode ajudar a escolher o produto adequado, já que as infestações de plantas daninhas variam por área.
Esses herbicidas controlam as plantas antes que comprometam com as culturas, melhorando o rendimento. No entanto, seu desempenho depende de fatores como umidade do solo, chuva, temperatura, tipo de solo e as espécies a serem controladas.
É importante seguir as recomendações de um engenheiro agrônomo e da bula do produto, pois condições como seca, chuvas intensas e tipo de solo afetam a eficácia do herbicida.
Solos argilosos, por exemplo, exigem doses maiores devido à sua maior capacidade de retenção do herbicida.
Métodos preventivos no manejo de plantas daninhas
O método preventivo o para manejo integrado de plantas daninhas evita a introdução, o estabelecimento e a disseminação de novas espécies de plantas daninhas.
Além de evitar prejuízos, isto vai ajudar que seus gastos com o controle destas plantas não se elevem tanto. Para isso, algumas medidas são vitais:
Plantas daninhas e o sistema de plantio direto (SPD)
O Sistema de Plantio Direto (SPD) desempenha um papel importante na redução da germinação das plantas daninhas e no controle do banco de sementes do solo, sendo uma prática essencial no manejo integrado de plantas invasoras.
O banco de sementes é composto por sementes de plantas daninhas que permanecem viáveis no solo por longos períodos, com uma média de mais de 5 anos em solos cultivados.
A cobertura do solo proporcionada pelo SPD impede a germinação dessas sementes, evitando que se tornem plantas maduras que possam produzir novas sementes. Isso contribui significativamente para o controle das plantas daninhas, especialmente na fase de pós-emergência.
Entretanto, algumas plantas invasoras, como guanxuma, trapoeraba, erva-quente, poaia-branca e buva, podem continuar a representar desafios.
A buva, por exemplo, é uma planta daninha comumente resistente a herbicidas, especialmente ao glifosato, e o SPD tem sido eficaz no seu controle, por não germinar na sombra criada pela palha sobre o solo, dificultando o crescimento em sistemas de plantio direto.
Custos de controle de plantas daninhas em SPD x convencional
Como já falamos, no sistema convencional é possível fazer a dessecação por aração e gradagem.
Já na semeadura direta, pelo não revolvimento do solo, fazemos o controle de plantas daninhas por meio dos herbicidas dessecantes.
No sistema convencional, também é possível o uso de herbicidas em pré-semeadura incorporado, mas em SPD isso não é possível.
Nas culturas de soja e feijão, o custo de herbicidas graminicidas incorporados é em torno da metade dos pós-emergentes.
Devido a isso, de início os custos com herbicidas são maiores no sistema de plantio direto. Mas lembre-se: os gastos com operações agrícolas são maiores no sistema convencional.
Além disso, com o tempo, a menor infestação devido à cobertura diminui o número de aplicações e associações de produtos, reduzindo o custo com herbicidas e aumentando a facilidade no controle de plantas daninhas.
Alasse é Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestrando em Fitotecnia pela (Esalq/USP).
Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda): saiba como identificar, quais culturas ela afeta, tipos de monitoramento e mais!
A lagarta Spodoptera frugiperda(ou lagarta-do-cartucho) é uma praga com grande potencial de dano agrícola. Ela é um inseto polífago, que se alimenta de diversas culturas, como milho, soja e algodão. Sua incidência nas lavouras cresce a cada ano.
Ela pertence à ordem Lepidoptera, e é uma espécie de mariposa que possui estágio de vida larval característico. Ela também pode ser conhecida como “armyworm” ou lagarta-militar, já que possui comportamento invasivo e em grande escala.
Além disso, a lagarta-do-cartucho é assim conhecida por atacar o cartucho (parte central) do milho, além de diversas outras partes dessa e de outras plantas.
Confira a seguir como identificar a lagarta-do-cartucho na sua lavoura, quais culturas ataca e quais estratégias e cuidados você deve ter para um controle eficiente. Confira!
Como identificar a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
O ciclo de vida da lagarta-do-cartucho inclui as fases de ovo, seis estágios de larva, pupa e fase adulta. Identificar a lagarta em cada uma dessas fases é essencial para evitar danos e conseguir realizar o controle o quanto antes.
Isso é possível através das características biológicas da lagarta em cada uma das fases do seu ciclo de vida. Veja esses detalhes a seguir:
Fase de ovo
Nessa fase, a lagarta-do-cartucho possui coloração verde-clara, logo após a oviposição pela mariposa. Após 12 horas, o ovo fica alaranjado, e a cor fica escura próximo ao momento da eclosão (em função da coloração da cabeça da lagarta).
Cada fêmea pode ovipositar até 1000 ovos. O período de incubação deles (até a eclosão) é entre 2 a 4 dias, a depender da temperatura (temperaturas mais altas aceleram o processo).
Na imagem A é possível visualizar a cor alaranjada dos ovos de Spodoptera frugiperda 12 horas após a oviposição (postura). Na figura B, os ovos adquirem coloração escura, e é possível observar as lagartas eclodidas. (Fonte: Da Rosa, Barcelos 2012)
Estágios de larva
A alimentação inicial das lagartas é a partir da casca dos ovos recém eclodidos. No total, ocorrem seis ou sete ínstares na fase larval (aumento do tamanho da lagarta). A duração do período larval é de aproximadamente 23 dias, a depender da temperatura.
Fase larval da lagarta-do-cartucho. Na figura A, é possível observar os 5 principais estágios da fase larval e a coloração das lagartas em cada um deles. Na figura B, é possível visualizar os detalhes da lagarta, com três pares de pernas torácicas e cinco pares de falsas pernas abdominais (Fonte: Da Rosa, Barcelos 2012)
Fase de pupa
A fase de pupa ocorre após o desenvolvimento completo da lagarta. Ele pode acontecer no solo, dentro do próprio cartucho do milho, no pendão e até mesmo nas espigas (entre a palha). Tem duração entre 6 a 55 dias, também a depender da temperatura.
O período pupal é bastante dependente da temperatura, no inverno, ou em regiões mais frias, a lagarta pode inclusive hibernar em casulos. (Fonte: Da Rosa, Barcelos 2012)
Fase adulta (traça ou mariposa)
O aspecto visual da fase adulta é uma mariposa, de coloração cinza-escuro (machos) a marrom acinzentado (fêmeas). Ela tem aproximadamente 4 cm de comprimento.
O tempo para que o ciclo de vida seja completo é menor no verão, com média de 30 dias. Por outro lado, esse ciclo aumenta no inverno, podendo durar até 50 dias.
Quais culturas a lagarta-do-cartucho (ou lagarta-militar) ataca?
A lagarta-do-cartucho do milho, apesar de ser mais frequente na cultura do milho, pode provocar danos significativos em diversas outras culturas. Soja e algodão são atacados desde a emergência, e arroz, trigo, cana-de-açúcar, cevada e triticale também são alvos.
A lagarta-do-cartucho passou a atacar outras espécies além do milho em função da redução dos seus inimigos naturais. Isto ocorreu pelo uso desenfreado de inseticidas de amplo espectro, não seletivos.
Isso provocou a redução dos inimigos naturais da lagarta em outros cultivos. Além disso, sem o uso de rotação de princípios ativos, a lagarta adquiriu resistência a diversos inseticidas. Como consequência, ocorreu comprometimento do seu controle, o que agravou a situação.
Danos causados pela lagarta-do-cartucho do milho
Os danos causados na cultura do milho são mais intensos. Ossintomas são as folhas raspadas e perfuradas, cartucho destruído, espigas danificadas e excreções das lagartas nas plantas.
Além disso, as lagartas perfuram a base da planta, causando o sintoma de “coração morto”. Os danos têm maiores impactos quando o ataque ocorre em plantas com 8 a 10 folhas e em períodos de seca.
Na fase de emergência, a lagarta-do-cartucho pode danificar as plântulas, causando o seu tombamento. Consequentemente, isso reduz a população de plantas da lavoura e a produtividade da cultura.
Danos podem ser observados em folhas (com raspagem e perfurações), e em espigas (Fonte: J.Crozier, PlantWise)
Como diferenciar a lagarta-do-cartucho das demais lagartas Spodoptera?
Pode ser confuso distinguir a lagarta-do-cartucho das demais espécies do complexo Spodoptera. No entanto, esta distinção é importante para direcionar o melhor controle. Veja um passo-a-passo para identificar essa praga na sua lavoura!
Passo 1 – Verifique se a lagarta tem cabeça escura com uma marca clara em forma de “Y” de cabeça para baixo na fronte.
Controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
Você pode fazer o controle da Spodoptera frugiperda através de 5 métodos: tratamento de sementes, variedades transgênicas, Manejo Integrado de Pragas, controle químico ou biológico. Veja um pouco mais sobre cada um deles a seguir.
Tratamento de sementes
O tratamento da semente é considerado um método preventivo, que retarda a aplicação foliar. O custo é relativamente baixo e a economia de tempo são vantagens em comparação a uma aplicação foliar, especialmente em grandes áreas.
Se o histórico de pragas da sua área relata infestação da lagarta-do-cartucho, esse método é essencial para começar uma lavoura sadia.
A escolha do inseticida para o tratamento deve seguir alguns padrões. O produto, para ser efetivo, tem de ser sistêmico e, de preferência, de menor impacto ambiental.
Variedades transgênicas com atividade inseticida
O termo Bt, de tecnologia Bt, é composto pelas iniciais do nome científico da bactéria Bacillus thuringiensis.
Esse microrganismo, naturalmente encontrado no solo, produz uma proteína que é tóxica para alguns insetos (por exemplo, a lagarta-do-cartucho). Essa proteína não tem efeito sobre outros organismos.
Mas não se esqueça que pode ocorrer redução da eficiência do milho ou da soja Bt sobre a lagarta-do-cartucho.
Neste cenário, é fundamental manter a vigilância e o monitoramento de pragas nas lavouras, além do refúgio de plantas Bt. Veja um exemplo de como o refúgio acontece na cultura do milho.
A grande preocupação no momento é o desenvolvimento de populações da lagarta-do-cartucho resistentes a produtos químicos e de tecnologia Bt.
O MIP (manejo integrado de pragas), além de ajudar a reduzir as aplicações de defensivos, te ajuda a manejar corretamente essa e outras pragas.
O MIP visa utilizar todos os métodos de controle da lagarta-do-cartucho que estejam disponíveis. Dentro do MIP, você também pode fazer o controle químico.
Controle químico: inseticida para lagarta-do-cartucho
Se você decidir utilizar inseticidas, faça rotação de inseticidas com diferentes modos de ação (grupos químicos). Isso serve para evitar que a praga desenvolva resistência a inseticidas individuais ou a grupos de inseticidas.
Evite o uso de inseticidas de amplo espectro, dando preferência àqueles seletivos aos inimigos naturais. A boa escolha do inseticida leva em consideração o nível de dano da cultura, estágio de desenvolvimento da praga e a presença de inimigos naturais.
Para consulta dos inseticidas recomendados para a cultura do milho, no combate da lagarta-do-cartucho, basta acessar o portal da Agrofit.
Controle biológico da lagarta-do-cartucho
A lagarta-do-cartucho pode ser também combatida através do controle biológico, seja na fase de ovo (ideal) ou na fase de lagarta. Para o controle dos ovos, podem ser utilizadas as vespinhas Trichogramma, vendidas comercialmente no Brasil.
A espécie Trichogramma sp. parasita ovos da praga num raio de aproximadamente 10 metros a partir do ponto de liberação. Uma fêmea pode parasitar entre um e dez ovos por dia.
Produtos registrados para matar a lagarta-do-cartucho em todas as culturas (47), são encontrados a base de:
Bacillus thuringiensis (não devem ser utilizados em áreas com tecnologia Bt);
Metarhizium anisopliae (fungo)
Monitoramento da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
Para evitar que a lagarta-do-cartucho atinja grandes níveis populacionais, é necessário monitorar a lavoura. Você pode fazer isso de duas formas:
1. O uso de armadilhas de feromônio
A armadilha contém um dispositivo que exala substância similar ao da mariposa fêmea para atrair o macho.
Deve-se utilizar, no mínimo, uma armadilha por hectare. O nível de controle ocorre quando a armadilha captura três mariposas. A armadilha delta, com feromônio sexual sintético, é muito utilizada para o monitoramento de adultos de Spodoptera frugiperda.
2. Monitoramento em campo
É importante observar os danos na sua cultura também para fins de monitoramento. Para monitorar lavouras de milho, existe uma escala que pode te ajudar.
Você deve recorrer ao uso de inseticidas quando atingir 20% das plantas com nota maior ou igual a 3 na escala de Davis. Nas lavouras Bt, esse número é reduzido para 10%.
Conclusão
O MIP é a chave para um controle preventivo e eficaz no manejo de lagarta-do-cartucho.
A adoção de métodos de controle de forma integrada e consciente é a prática mais inteligente de diminuição do inseto numa propriedade rural.
Após conhecer mais sobre a praga e como combatê-la, escolha aqueles métodos de controle que mais se encaixam na sua propriedade. Aproveite as dicas e acabe já com essa praga na lavoura.
Você está enfrentando problemas com a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) na sua lavoura? Conhece algum outro método de controle que não está no artigo? Adoraria ler seu comentário.
Atualizado em 29 de agosto de 2022 por Bruna Rohrig.
Bruna é agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal.
Pragas agrícolas: saiba quais são, o impacto na sua lavoura, melhores táticas de manejo e mais!
Pragas agrícolas são organismos que se alimentam de cultivos agrícolas, reduzindo sua qualidade e produtividade. No Brasil, a extensa área geográfica facilita o desenvolvimento de muitas espécies desses organismos.
Você sabe identificar asprincipais pragas agrícolas e controlá-las na lavoura? Ficar por dentro dessas informações te ajuda nas tomadas de decisão no campo.
Neste artigo, veja quais são as principais pragas mais perigosas e todas as formas de manejo possíveis. Boa leitura!
O que são pragas agrícolas?
Existem muitos insetos que danificam as plantas. Porém, para serem consideradas pragas, esses insetos devem causar grandes prejuízos à área plantada.
As pragas agrícolas são capazes de reduzir a produtividade e/ou qualidade dos cultivos agrícolas a partir da sua alimentação. Podem também ser transmissores de doenças.
Os organismos vivos estão presentes em todos os sistemas de cultivo. Quando esses sistemas possuem diversidade biológica, os organismos se mantêm em certo equilíbrio.
Em grandes áreas com uma mesma cultura, a diversidade de organismos presentes nesse ambiente é reduzida. Por isso, alguns seres perdem seus predadores ou inimigos naturais, elevando assim a sua população.
Com a população aumentando, os organismos assumem o papel de praga e causam prejuízos às culturas agrícolas.
Quando um inseto é considerado praga agrícola?
Um inseto pode ser considerado uma praga agrícola quando atinge um nível de dano econômico à cultura.
De forma geral, um organismo se torna uma praga devido à falta da biodiversidade em grandes áreas com uma única cultura.
Na maioria das regiões agrícolas, uma cultura é cultivada no verãoe outra no inverno, em um mesmo ano agrícola.
Os restos vegetais das culturas principais, como a soja, não têm tempo para serem decompostos pelos organismos do solo.
É assim que as pragas se mantêm na área de cultivo. Quando as culturas hospedeiras são inseridas, na ausência de inimigos naturais, estes organismos aumentam sua população. A partir daí, causam prejuízos à cultura.
Temperatura e umidade também podem fazer um organismo se tornar praga. Esse é o caso de ácaros e pulgões, muito favorecidos por períodos secos.
Períodos muito úmidos e quentes podem favorecer a reprodução dos insetos, acelerando seu ciclo de vida. Além disso, podem ser favoráveis a determinadas doenças de plantas.
Principais pragas agrícolas e como combatê-las
O impacto das pragas agrícolas depende da cultura hospedeira. Apesar disso, muitas delas causam danos em uma gama de espécies cultivadas. Veja a seguir alguns dos principais insetos-praga e como controlá-las:
A seguir, você poderá ver em detalhes cada uma delas, os danos causados e as formas de controle mais recomendadas.
1. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
Se você trabalha com a cultura do milho, conhece muito bem a lagarta-do-cartucho, considerada uma das mais relevantes nesse cultivo. Essa lagarta tem outras culturas como hospedeiras, incluindo:
A lagarta-do-cartucho pode reduzir muito a produção agrícola. Essa praga pode atacar qualquer parte da planta, mas a mais afetada costuma ser a parte central do milho.
As larvas da lagarta atacam as plantas em qualquer estágio de desenvolvimento. Além disso, as excreções que a lagarta adulta deixa na planta abre portas para a presença de patógenos.
Plantas com entre 8 e 10 folhas podem ter suas bases cortadas pela lagarta-do-cartucho. A consequência disso é o perfilhamento da cultura, e em casos mais severos, a morte das plantas.
S. frugiperda apresenta a marca de um “Y” em sua cabeça
Para o manejo da lagarta-do-cartucho, o MIP (Manejo Integrado de Pragas) é fortemente recomendado. Ele funciona através do uso de vários métodos de controle em conjunto.
Os principais métodos de controle são:
Rotação de culturas: deve-se analisar minuciosamente quais culturas reduzem a sobrevivência da praga. Afinal, a lagarta é capaz de se alimentar de muitas das culturas normalmente utilizadas na rotação;
Uso de variedades resistentes ou mais tolerantes ao inseto (sempre adotando área de refúgio);
Controle biológico e inseticidas: importante ressaltar que inseticidas à base de Bt em cultivares (como o caso do milho, que possui a tecnologia Bt), não devem ser utilizados no controle da lagarta.
Porém, o uso de inseticidas deve ser feito com a rotação dos mecanismos de ação. Isso vai evitar o surgimento de populações resistentes.
Há fenótipos dessa praga resistentes a produtos que contém como ingredientes ativos organofosforados ou ciclodienos (endossulfan).
Os casos de resistência são localizados em áreas com histórico de aplicações contínuas desses produtos. As culturas hospedeiras do percevejo-marrom incluem algodão, pastagens e soja.
Danos causados pelo percevejo-marrom
A presença dos percevejos-marrons causa grãos chochos. Isso acontece porque essas pragas atacam as vagens da soja. Os percevejos também podem ser vetores de doenças causadas por fungos.
(Fonte: Embrapa e Irac)
Formas de controle do percevejo-marrom
Nas aplicações para o controle de lagartas, use produtos que tenham modo de ação diferente dos inseticidas utilizados no controle de percevejos. Para o controle de ambos, os mesmos ingredientes ativos podem ser utilizados.
Desta forma, é importante não utilizar os mesmos ingredientes ativos. Assim, você evita problemas com a resistência de pragas aos inseticidas.
Faça aplicações somente nas áreas que apresentam densidade populacional que corresponde ao nível de ação. Para isso, faça o monitoramento da infestação.
O monitoramento com mapas de danos pode ser feito digitalmente e diretamente na área pelos funcionários da fazenda. Além disso, é importante analisar quais plantas podem ser utilizadas na rotação de culturas. Afinal, elas não podem ser hospedeiras do percevejo.
3. Lagarta Helicoverpa (Helicoverpa armigera)
Helicoverpa armigera é uma praga que se alimenta de várias culturas. Feijão, soja, milho, algodão, café e citros são alguns exemplos.
(Fonte: Foto André Shimohiro em Embrapa)
Danos causados pela Lagarta Helicoverpa
A presença da lagarta reduz significativamente a produção, e pode acabar com a cultura desde os estádios iniciais.
Ela se alimenta de todas as partes das plantas. Isso pode causar o apodrecimento e a queda das estruturas da sua cultura.
Formas de controle da Lagarta Helicoverpa
No Brasil, foram encontrados casos de resistência da praga aos inseticidas piretroides. Por isso, os manejos mais indicados para a lagarta são:
Uso de plantas resistentes Bt (sempre utilizando área de refúgio);
O controle químico também deve ser utilizado. Porém, não se esqueça da rotação de mecanismos de ação.
Evite o uso de inseticidas fosforados e piretroides no início da cultura, já que são considerados de tóxicos para os inimigos naturais.
4. Corós
Os corós são larvas consideradas importantes pragas de solo. Tanto na fase larval quanto na adulta, podem causar danos às culturas.
No Brasil, os gêneros Phyllophaga, Dilobodereus e Liogenys são os de maior ocorrência.
Phyllophaga causa danos principalmente na cultura do milho safrinhae da soja na região Centro-Oeste do país.
Diloboderus tem maior ocorrência na região Sul do país, causando danos principalmente em cereais de inverno no Rio Grande do Sul.
A ocorrência de Liogenys se dá principalmente na região Centro-Oeste, nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Góias, causando danos na cultura da soja e milho.
Danos causados por Corós
Os corós se alimentam de raízes de plantas, causando danos de redução do rendimento das culturas. Isso pode afetar o estande inicial de plantas, e em alguns casos, é necessário o replantio.
Na fase adulta, os besouros se alimentam principalmente de folhas e de partes das plantas em diferentes estádios de desenvolvimento.
Formas de controle dos corós
O não revolvimento do solo, característico do sistema plantio direto, favorece o desenvolvimento e sobrevivência dos corós.
A rotação de culturas com plantas não hospedeiras também pode auxiliar no controle. Algumas espécies de crotalária, por exemplo, tem ação tóxica aos corós e podem ser utilizadas.
O tratamento de sementes com inseticidas é uma medida complementar. Porém, não é efetivo quando as larvas estão maiores. A população de corós que justifica o controle é diferente a depender da espécie em que ocorre.
Os corós não se distribuem uniformemente na área. Sendo assim, você pode aplicar o controle químico apenas nos locais de ocorrência.
Alguns dos inseticidas recomendados para o controle de diferentes espécies de corós, grupos químicos e ingredientes ativos e culturas em que são recomendadas sua aplicação.
Para amenizar o problema, recomenda-se semear primeiro as áreas com histórico de corós. Assim, as plantas terão contato com os corós em estádios mais brandos e conseguirão desenvolver seu sistema radicular.
Medidas que favoreçam o desenvolvimento rápido das plantas também são aliadas no controle dos corós. Por exemplo, adubação equilibrada, inoculação com bactérias, correção do solo, dentre outras.
5. Mosca-branca (Aleyrodidae)
A mosca-branca é um inseto que suga a seiva da planta e provoca danos ao seu desenvolvimento. Isso reduz a produtividade e também a qualidade da produção.
É relativamente fácil identificá-la na lavoura. Afinal, o inseto possui corpo amarelo pálido e asas brancas.
O ciclo de vida dura de 38 a 74 dias, e as fêmeas podem colocar entre 100 a 300 ovos durante toda a sua vida. As principais culturas hospedeiras são:
Grandes culturas como feijão, soja e algodão;
Plantas daninhas hospedeiras que sobrevivem na entressafra, dificultando a quebra do ciclo da praga.
Danos na cultura
Os danos observados podem ser diretos, quando apresentam descoloração ou manchas foliares diretas na cultura.
Esses danos também podem ser indiretos, quando atuam como vetoras de doenças nas culturas de interesse agrícola. Nesses casos, é necessário o controle do inseto para controle da doença. Outros danos incluem:
Alterações no desenvolvimento;
Prateamento das folhas;
Branqueamento do caule;
Clareamento das veias na folhagem
Queda precoce de folhas e manchas em fibras no algodão;
Formas de controle da mosca-branca
O MIP também é recomendado para o controle. Você pode utilizar o controle cultural, com cultivo de espécies não hospedeiras.
O monitoramento da mosca-branca também é necessário, e pode ser realizado com o uso de armadilhas amarelas que atraem os adultos. Inseticidas do grupo químico dos tetranortripenóides são recomendados para o controle em todas as culturas.
Os fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana e Isaria fumosorosea também são recomendados para o controle.
Cultivares resistentes também são uma alternativa de controle eficiente.
Em caso de observação e controle ineficiente com inseticidas, é necessário investigar qual a raça ou biótipo que está ocorrendo na área. Algumas raças ou biótipos da mosca-branca são resistentes a diversos produtos.
6. Pulgões (afídeos)
Os pulgões podem causar danos em várias espécies de plantas, incluindo grandes culturas como soja e cereais de inverno.
Existem mais de 1.500 espécies relatadas. A coloração dos pulgões em fase adulta, e ninfa (anterior a fase adulta) pode variar de amarelada, branca, preta, vermelha e verde. No entanto, sua aparência é semelhante.
Os pulgões são favorecidos e causam maiores problemas em anos de clima seco e quente, principalmente na região sul do Brasil (Rio Grande do Sul). Nessa região, causam sérios problemas na cultura do trigo, como disseminação de viroses.
São encontrados principalmente na face inferior da folha e em tecidos novos.
Os pulgões podem causar danos em diversas partes das plantas, incluindo raízes, caules, folhas e até mesmo em espigas.
Devido ao hábito alimentar sugador, os pulgões causam amarelecimento das folhas e encarquilhamento (folhas retorcidas e redobradas que servem de abrigo).
Outro dano é a disseminação de viroses. Além disso, devido a alimentação, soltam substâncias açucaradas que favorecem o desenvolvimento do fungo fumagina.
Formigas podem ser observadas quando há presença de grandes populações de pulgões.
Formas de controle dos pulgões
Diversas medidas de controle podem e devem ser tomadas para o controle eficiente de pulgões, dentre elas:
Eliminação de restos culturais em que os pulgões encontram-se associados;
Rotação de culturas não hospedeiras;
Eliminação de plantas daninhas hospedeiras na área de cultivo;
Controle químico com produtos recomendados, como produtos sistêmicos. Uma boa regulagem do pulverizador também é essencial, porque os pulgões ficam na face interior das folhas;
Controle biológico: a depender da espécie de pulgão, existem diferentes inimigos naturais que podem ser utilizados no controle;
O controle genético através do uso de cultivares resistentes. Porém, é preciso identificar corretamente qual é a espécie de pulgões que ocorre e provoca danos na área de cultivo.
Vale salientar que a recomendação para o controle químico é o uso de produtos seletivos aos inimigos naturais.
Os pulgões não eram considerados pragas de importância, mas passaram a ser devido ao uso errado de produtos não seletivos.
7. Larva minadora (Liriomyza huidobrensis)
A larva minadora é uma espécie de mosca do gênero Liriomyza spp. Ela é pequena e possui coloração amarela e preta. Tem como característica depositar ovos no interior das folhas, onde eles eclodirão.
Com a eclosão dos ovos, as larvas formam minas. Após a fase de larva, ocorre a fase de pupa. Essa fase ocorre no solo ou nas folhas, dificultando o seu controle. O ciclo de vida deste inseto tem duração curta, aproximadamente 17 dias.
Danos causados pela larva minadora
Os danos na cultura incluem a construção de galerias ou minas. Isso afeta a fotossíntese pela redução da área foliar.
No entanto, a necrose de folhas e a própria alimentação das fêmeas por “picada” pode facilitar a entrada de patógenos nas plantas.
Formas de controle da larva minadora
Assim como em inúmeras espécies de pragas, a larva minadora tornou-se um problema pelo uso excessivo de produtos não seletivos.
Para o monitoramento da população de moscas na área de produção, pode-se utilizar armadilhas amarelas adesivas ou painéis plásticos. Segundo o Agrofit, não existem produtos comerciais para o controle biológico.
De forma geral, em ambientes equilibrados, as populações da larva minadora se mantêm equilibradas em função dos inimigos naturais.
A principal forma de controle é o químico. Ele tem ação especialmente sobre as larvas que encontram-se dentro da epiderme das folhas. É essencial que os produtos utilizados sejam capazes de penetrar na folha, alcançando o seu interior.
Dentre os translaminares, segundo o Agrofit, são utilizados principalmente aqueles com abamectina e ciromazina em sua composição.
Outras estratégias podem ser utilizadas para maior eficiência do controle químico, como:
eliminação de restos culturais;
Eliminação de plantas hospedeiras alternativas (incluindo plantas daninhas);
Rotação de culturas com plantas não hospedeiras.
8. Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)
O ácaro-rajado é considerado uma das espécies mais importantes dentre os ácaros-praga. Ele pode atacar inúmeras espécies agrícolas.
O ácaro-rajado possui manchas escurecidas nas laterais do seu corpo.
Os danos são observados na face inferior das folhas. Eles são causados pela alimentação da praga a partir da clorofila e da seiva das plantas. Os danos se caracterizam pela presença de manchas esbranquiçadas nas folhas.
É possível observar a presença de teias em formato desordenado e pequenos grânulos, também no verso inferior da folhas.
A alimentação dos ácaros provoca o amarelecimento das folhas. Com o passar do tempo as folhas caem, reduzindo a produção.
Formas de controle do ácaro-rajado
O controle de ácaros é realizado através do uso principalmente de acaricidas. É importante ressaltar que devem ser utilizados somente produtos registrados para a cultura de interesse.
Para a cultura do algodão por exemplo, existem 89 produtos registrados no Agrofit.
Para a cultura da soja, as opções disponíveis são 39. Esses produtos incluem abamectina , flupiradifurona, óleo vegetal, piridabem, propargito, diafentiurom, fluazinam e bifentrina + metomil.
Manejo das principais pragas agrícolas
Em busca da otimização do controle de pragas, utiliza-se o MIP e o MID (Manejo Integrado de Pragas e Doenças). Eles são caracterizados pelos diferentes métodos de controle de forma conjunta.
O controle de pragas e doenças nas lavouras se inicia antes mesmo da semeadura.
A base do sucesso do controle é o monitoramento das áreas, com levantamento das pragas incidentes e de sua população. Assim, o controle será feito no momento correto, antes de danos econômicos ocorrerem.
1. Controle legislativo
Através de instruções normativas e leis, busca-se evitar a introdução das pragas nas áreas de cultivo.
Além disso, inspeção e monitoramento de materiais vegetais são feitos. Por exemplo, quando os vegetais transitam entre países, são feitas medidas de quarentena.
Isso mantém os materiais vegetais em observação por dado período de tempo, a fim de identificar a presença de alguma praga que poderia ser introduzida no país.
Além disso, pelas condições climáticas favoráveis à praga nos demais estados, evita-se que os materiais contaminados sejam levados. Isso porque a praga facilmente passaria a causar prejuízos às culturas.
Quando detectados os materiais contaminados, eles são destruídos.
2. Controle genético
Ele consiste no uso de cultivares resistentes ou tolerantes a determinada praga. O controle genético é o método mais barato e eficaz de controle. Ele pode ser aplicado a grandes áreas de cultivo.
No entanto, é necessário que outros métodos sejam empregados em conjunto. Isso evita que o material deixe de ser resistente às pragas (quebra de resistência).
Um caso clássico é a tecnologia Bt, aplicada ao milho para o controle da lagarta-do-cartucho. As áreas de refúgio na lavoura são fundamentais para que populações de lagartas resistentes não sejam selecionadas.
Além disso, é fundamental conhecer quais são as pragas de ocorrência na lavoura e quais são as mais limitantes. Isso garante que as cultivares mais adequadas sejam implementadas na área.
No caso de alguns fungos e nematoides, é necessário conhecer qual a raça que está ocorrendo na área. A resistência genética das cultivares, em muitos casos, é direcionada a uma raça específica do patógeno.
3. Controle cultural
Consiste no uso de diferentes tratos culturais, para auxiliar na redução da população de patógenos na área de cultivo.
Tratos culturais como uso de material de propagação sadio (sejam eles mudas ou sementes), certificados e de boa procedência são fundamentais.
Além disso, pode-se alterar a época de cultivo (respeitando o zoneamento agrícola), e o local. Por exemplo, realizar semeaduras no início do zoneamento é uma alternativa. Nesse período, a pressão de pragas é menor.
Também é possível pontuar as áreas mais úmidas da lavoura, utilizando cultivares mais adaptadas. Isso, é claro, desde que possuam ciclo próximo à cultivar utilizada no restante da área.
A nutrição equilibrada também é fundamental. Concentrações muito elevadas de alguns nutrientes, como o nitrogênio, tornam as plantas mais suscetíveis ao ataque de pragas. O mesmo acontece com deficiência de potássio.
A rotação de culturas também é um método bastante eficaz, quando é realizada de forma correta. Porém, vale lembrar que a rotação pode reduzir a população da praga, mas não controlar.
A eliminação de plantas hospedeiras faz com que na entressafra, as pragas não sobrevivam.
4. Controle físico/mecânico
Esse método altera principalmente as condições de temperatura, umidade e radiação da lavoura. Você pode empregar, por exemplo, o tratamento térmico de mudas e sementes.
O mesmo método é utilizado em sementes de olerícolas. O uso da água ou vapor quente, por determinado período de tempo, ajuda a eliminar fungos associados às sementes.
5. Controle biológico
O controle biológico consiste na inserção em massa de organismos benéficos às plantas e inimigos naturais das pragas. Estes organismos já encontram-se naturalmente nos locais de cultivo, no entanto, em menor densidade.
O controle biológico é muito utilizado em conjunto com o controle químico.
No entanto, é importante ressaltar que os produtos de controle biológico exigem que as recomendações do fabricante sejam seguidas.
Antes da aquisição de um microrganismo, é necessário verificar as recomendações do fabricante. Afinal, um mesmo microrganismo pode ser recomendado para o controle de diferentes doenças.
Outro ponto importante é consultar a compatibilidade dos produtos de controle biológico com outros produtos que serão utilizados na lavoura.
6. Controle através da modificação do comportamento de insetos
Esse método consiste no uso de armadilhas atraentes e repelentes. Hormônios e esterilização de insetos alteram seu comportamento e reprodução.
7. Controle químico
É empregado através do uso de produtos fitossanitários, que devem seguir sempre as boas práticas agronômicas.
Além disso, utilize sempre produtos registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para a cultura em questão.
Faça o controle químico com cuidado em relação aos ingredientes ativos. Não se esqueça de fazer a rotação para evitar que as pragas tornem-se resistentes.
Como a tecnologia pode ajudar no controle das pragas agrícolas?
O controle eficiente de pragas começa com informação. Com o Aegro, você mapeia infestações direto do campo, acompanha o histórico da área e toma decisões mais assertivas sobre os métodos de controle.
Além disso, o Aegro oferece dados climáticos atualizados, ajudando a prever o risco de ocorrência de doenças nas lavouras. Isso significa menos desperdício com defensivos e mais produtividade.
Com o Manejo Integrado de Pragas (MIP) aliado à tecnologia, sua lavoura ganha em eficiência e sustentabilidade.
Quanto mais monitoramento e planejamento, melhor o uso dos recursos e maior o retorno. Use o Aegro para:
O planejamento agrícola deve estar presente no dia a dia da lavoura. Mas, no momento das aplicações de defensivos agrícolas, também precisa de planejamento?
Muitas vezes observei que a aplicação é decidida na última hora!
Dados divulgados pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) revelam que, em média, mais da metade dos produtos pulverizados nas lavouras podem ser perdidos por escorrimento, deriva descontrolada e má aplicação.
Sim, é preciso planejamento para as aplicações! E é o planejamento agrícola que vai integrar todas as atividades, fazendo com que a aplicação seja consciente, evitando perdas, desperdícios e, claro, obtendo controle do alvo.
Assim, confira os passos de como fazer isso sem dor de cabeça.
1º passo: regulagem do pulverizador para aplicações de defensivos agrícolas
Para uma correta aplicação o pulverizador deve estar regulado, isso inclui a verificação dos bicos, das barras, dos tanques, mangueiras, filtros, regulador de pressão.
É preciso atenção e conhecimento para correta regulagem e verificação dos equipamentos, implementos e acessórios, como a verificação dos bicos:
Com a verificação, é possível constatar se há vazamentos e se tudo está funcionando de forma adequada. Assim, evita-se a perda de produtos e eleva-se a eficácia da aplicação.
A regulagem também é essencial.
O tanque de pulverização, por exemplo, deve possuir agitador funcionando adequadamente.
Para isso, é preciso trabalhar com uma rotação de 540 rpm na tomada de potência (TDP), já que esta é a rotação em que o sistema normalmente é dimensionado.
Formulações pó-molhável (PM) ou suspensão concentrada (SC), por possuírem partículas sólidas em suspensão, tendem a se depositar no fundo do pulverizador
Já a formulação concentrado emulsionável (CE), com substâncias não solúveis em água (óleo por exemplo), fica na superfície do tanque.
Isso faz com que, no início da aplicação, a concentração de produtos seja maior (para formulações PM ou SC) ou menor (para formulações CE), resultando em aplicação ineficiente.
Para saber mais sobre regulagem de máquinas e implementos recomendo a leitura desse artigo de meu amigo Eng. Agrônomo Luis Gustavo Mendes.
Tudo relacionado ao pulverizador precisa ser feito com os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) adequados.
Agora, com tudo verificado e regulado, vamos tomar algumas decisões importantes:
2º passo: escolha do produto, volume de calda e tamanho de gota
Escolha o produto recomendado para sua cultura e seu objetivo (lembre-se: o produto sempre vem com a bula, onde é possível encontrar as informações de que você precisa).
O volume de calda e o tamanho de gota também vão depender do alvo, que agora você já conhece por meio do monitoramento e histórico da área.
Gotas finas resultam em maior cobertura do alvo, mas maior risco de deriva. Devido a isso, são utilizados em produtos de contato.
Gotas grossas dão menor cobertura do alvo, mas menor risco de deriva. São utilizadas para herbicidas residuais e de aplicação no solo – ou mesmo algum outro produto aplicado no solo.
Gotas médias são as mais utilizadas por possuir características intermediárias às finas e grossas, mas são comumente utilizadas para aplicação de produtos sistêmicos.
E por fim, utilize sempre os equipamentos de proteção individual (EPIs) para sua melhor proteção e de quem realiza as atividades, até porque a base de todo um bom planejamento é a segurança no trabalho.
4º passo: acerte na época de aplicação
Com o monitoramento da lavoura, é possível planejar as aplicações de defensivos necessárias.
Isso inclui saber se a cultura está na fase recomendada para aquele defensivo e, principalmente, se o alvo (inseto, doença ou planta daninha) atingiu um nível de infestação que realmente precisa ser feita aplicação.
Para pragas temos o Manejo Integrado de Pragas (MIP)que indica o nível de controle a depender da quantidade de injúrias ou insetos identificados no monitoramento.
Para doenças, geralmente quando se encontra sintomas no campo já é preciso a aplicação.
No caso de plantas daninhas, a aplicação de pré-emergentes garantem vantagem à cultura e durante a lavoura é preciso monitoramento verificando necessidade de novas aplicações.
5º passo: conheça seu campo
Esse passo é fundamental para quem planeja fazer umaaplicação de defensivos agrícolas, seja ele herbicida, inseticida, nematicida ou fungicida.
Assim, dentro das atividades semanais, deve-se incluir o monitoramento das lavouras identificando as pragas, doenças e plantas daninhas.
Além disso, o monitoramento das safras passadas resultará no histórico da área quanto aos insetos, doenças e plantas daninhas e, claro, quanto às aplicações.
Isso será crucial para identificar os principais problemas da propriedade e como corrigi-los.
Na internet há alguns materiais gratuitos de acordo com a cultura para identificar doenças e pragas segue um exemplo para a cultura do milho e soja:
Acertar na aplicação depende do bom planejamento da mesma.
Isso envolve o conhecimento do alvo no campo e a época ideal de aplicação; a verificação e regulação dos equipamentos de pulverização; e o conhecimento das condições climáticas ideais para essa atividade.
Com tudo isso em mente e em ações, você acertará não só nas aplicações de defensivos agrícolas, mas na redução de custos e maior eficiência dos produtos utilizados, gerando mais lucro e sucesso para você e sua fazenda!
Afinal, você sabe o que é resistência a defensivos agrícolas?
Neste artigo abordaremos tudo sobre resistência a defensivos agrícolas: insetos, plantas daninhas e doenças.
Você vai aprender porque a resistência é desenvolvida e como evitar que ocorra na sua lavoura.
O que é resistência a defensivos agrícolas?
Quando a planta daninha, o inseto ou fungo não está mais sendo controlado por um produto fitossanitário, podemos ter um caso de resistência.
Como acontece a resistência?
Nas lavouras sempre vai haver populações tolerantes e sensíveis aos produtos fitossanitários.
Uma parte dessa população (seja ela de insetos, fungos ou plantas daninhas), já é resistente a determinados ingredientes ativos, ou seja, isso é natural, já ocorre no ambiente.
Com o uso contínuo do mesmo produto na área ocorre um processo conhecido por seleção, no qual os organismos resistentes não vão morrer, é a chamada pressão de seleção!
Vamos conhecer mais sobre os casos de resistência a defensivos agrícolas no Brasil!
Como acontece a resistência de insetos a inseticidas?
Brincadeiras à parte, agora vejamos a figura abaixo que ilustra muito bem como realmente acontece o processo de resistência de insetos aos inseticidas.
Como podemos perceber, após o uso contínuo de inseticidas pertencentes ao mesmo mecanismo de ação, ocorre uma pressão de seleção e apenas sobrevivem os insetos resistentes.
No caso na cultura do milho, a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e a lagarta-das-maçãs (Helicoverpa armigera) já foram relatadas como resistentes a alguns inseticidas.
Conhecer os mecanismos de ação é essencial para prevenirmos a resistência aos inseticidas
No caso desses produtos, os principais mecanismos podem atuar sobre: sistema nervoso e/ou musculatura, crescimento ou no desenvolvimento, no intestino médio e sobre o metabolismo respiratório.
Mas você pode conferir com calma os mecanismos de ação neste folder aqui.
Por isso é muito importante, especialmente no caso de insetos, a adoção de métodos que auxiliam no manejo.
A figura abaixo mostra o que acontece no campo quando você tem refúgio de milho com proteína Bt.
(Fonte: BioGene)
Os insetos das áreas de milho Bt (resistentes à tecnologia já que sobreviveram no campo Bt) e não Bt (não resistentes) se reproduzem, e assim a resistência é combatida.
Portanto, mais importante para as tecnologias funcionarem é você adotar as áreas de refúgios.
Segundo Ministério da Agricultura, para milho e soja o recomendado é que a área de refúgio para plantas Bt seja de 20%, enquanto que para algodão, 10%.
Olhe a figura abaixo, você pode ter várias ideias de como implantar na sua área.
Um exemplo preocupante de resistência é a Helicoverpa armigera.
A espécie ataca várias culturas, como soja e milho, e pode ter seleção de indivíduos resistentes, especialmente aos inseticidas piretroides, organofosforados e carbamatos.
Além de haver indícios de sua resistência as plantas Bt no Brasil (como nas reportagens de Universo Agro e Revista Agrícola).
Helicoverpa armigera é uma praga polífaga, capaz de atacar muitas culturas (Fonte: Embrapa)
Agora que você já sabe sobre resistência de insetos, vamos entender agora como ocorre a resistência para plantas daninhas.
Saiba sobre as plantas daninhas que tem resistência a defensivos agrícolas
Existem hoje no mundo 253 espécies de plantas daninhas resistentes a herbicidas!
A figura abaixo mostra o que acontece no campo quando se utiliza por muito tempo herbicidas com os mesmos mecanismos de ação.
(Fonte: Christoffoleti e López-Ovejero, 2008)
Como podemos ver ano após ano temos uma pressão de seleção imposta pelos herbicidas, que controla as plantas suscetíveis deixando no campo apenas as resistentes.
Com o tempo a população de plantas resistentes fica maior que a de suscetíveis, ficando muito difícil e caro o controle!
O Amaranthus palmerié um dos casos mais comentados atualmente.
A planta não existia no Brasil e, logo que foi identificada, já se observou resistência aos herbicidas chlorimuron, cloransulam, glifosato e imazethapyr, ou seja, a dois mecanismos de ação (inibidores da ALS e EPSPs)!
(Fonte: Embrapa)
Nas fotos abaixo você pode verificar mais casos de plantas daninhas resistentes a herbicidas.
Buva (Conyza sumatrensis): já foram relatados casos de resistência aos herbicidas chlorimuron, glifosato, paraquat, saflufenacil.
No caso da planta daninha picão-preto nós temos duas espécies que apresentam resistência: Bidens pilosa e Bidens subalternans.
(Fonte: IDAO CIRAD)
A Euphorbia heterophylla é conhecida por leiteiro ou amendoim-bravo e é frequentemente encontrada na cultura da soja.
Já foram relatados casos de resistência aos herbicidas chlorimuron, cloransulam, imazamox, imazaquin, imazethapyr, acifluorfen, diclosulam, flumetsulam, flumiclorac, fomesafen, lactofen, metsulfuron, nicosulfuron e saflufenacil.
A planta daninha abaixo é conhecida como capim-pé-de-galinha e recentemente foi relatado um caso de resistência ao herbicida glifosato.
(Fonte: FNA Nature Search)
O azevém é muito comum nas lavouras da região sul do Brasil e já tem registros de resistência aos herbicidas glifosato, iodosulfuron, pyroxsulam e clethodim.
(Fonte: Go Botany)
Assim, você vai poder rotacionar os produtos fitossanitários na sua área e manejar de forma eficiente para prevenção a resistência.
E no caso dosfungos resistentes?
Temos muitas espécies de fungos já relatadas como resistentes: Alternaria dauci, Cercosporidium personatum, Colletotrichum fragariae, , Fusarium subglutinans f.sp. ananas, Guinardia citricarpa, Glomerella cingulata, Phytophthora infestans, Plasmopara viticola, Venturia inaequalis, etc.Mas o que sempre tira o sono dos produtores de soja é ferrugem asiática, ela é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizie.
Esse fungo encontrou no Brasil condições ideais de clima para sua rápida disseminação.
O fungo causador da ferrugem asiática émenos sensível aos fungicidas do grupo químico dos “triazóis”.
Nessa publicação da Embrapa você pode aprender mais sobre como identificar a ferrugem da soja e quais técnicas adotar para a prevenção da resistência:
(Fonte: Embrapa)
Assim, algumas estratégias são adotadas para prevenir a resistência como:
Respeitar o vazio sanitário (você deve verificar aqui as datas de acordo com a sua região);
Fazer o manejo integrado;
Usar os fungicidas de modo preventivo e não quando já houver uma alta proliferação da doença;
Adotar o uso de misturas comerciais que contenham ingredientes ativos de diferentes mecanismos de ação;
Rotacionar os mecanismos de ação.
Você ainda pode conferir no site consórcio antiferrugem qual a situação da ferrugem asiática durante a safra da soja.
Além de conferir notícias, confira qual a ocorrência da ferrugem por estádio da soja, por estado e acumulado por data.