Entenda melhor o seguro rural e veja as novidades

Atualizado em 7 de novembro de 2022. 

Seguro rural: como o aumento dos limites financeiros, a simplificação das regras do PTSR e ampliação do Zarc dão mais segurança nas negociações da sua atividade

Seguro rural: O que você precisa saber para contratar

O seguro rural é uma importante ferramenta de gestão que oferece proteção contra perdas decorrentes das adversidades que afetam a lavoura. Ele protege os seus investimentos e te mantém na atividade.

O Governo Federal reservou R$ 2 bilhões para o PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural), junto ao Plano Safra.

Para que você se beneficie do Seguro Rural, é preciso conhecer as novas regras do PTSR (Plano Trienal do Seguro Rural) 2022-2024. Nele, estão as diretrizes do PSR. 

Neste artigo, saiba quais são os tipos de seguro rural, as regras, como funciona a cotação, preços e mais! Aproveite a leitura!

O que é o seguro rural

O seguro rural reúne um conjunto de seguros para o produtor rural. Eles vão desde o seguro agrícola (de lavoura), até o seguro de cédula de produtor rural e de máquinas. 

É importante ressaltar a diferença entre seguro rural e seguro agrícola. O seguro rural abrange vários tipos de seguro (máquinas, benfeitorias, de vida, etc.), incluindo o seguro agrícola (uma ramificação do rural).  

Entender a importância do seguro rural é essencial para uma boa gestão agrícola, sobretudo por ser uma atividade de elevado risco. Fatores que colaboram para as incertezas no campo são:

  • instabilidade climática;
  • problemas de ordem sanitária (pragas e doenças);
  • oscilações do mercado agrícola. 

Uma boa gestão inclui a previsão de riscos e um plano de ação (que deve incluir o seguro rural) em caso de possíveis prejuízos. Assim, você contribui para sua estabilidade financeira e permanência na atividade.

Um benefício do seguro rural é que ele estimula o aumento da área cultivada e o uso de tecnologias. Isso porque atua como garantia adicional de acesso ao crédito rural. Ele te ajuda a conseguir taxas de juros mais baixas na obtenção de crédito. 

Afinal, com o seguro, o risco agrícola é reduzido.

Do lado governamental, o seguro rural diminui a pressão por crédito subvencionado, voltado para investimentos privados de alto risco que são de interesse do Estado. Por isso, o Governo Federal aumenta ano a ano os recursos para o PSR.

Tabela mostra que orçamento quase triplicou entre 2018 e 2022
(Fonte: Mapa)

Segundo o Mapa, no 1º semestre de 2022, as indenizações de seguro rural atingiram R$ 7,7 bilhões. Isso foi impulsionado pelas perdas no Centro-Sul.

Esse valor supera o ano de 2021 e corresponde a quase 66% do que foi pago em indenização pelas seguradoras (R$ 11,7 bilhões) entre 2014 e 2020.

Quanto custa o Seguro Rural?

Pelas regras do PSR, o valor desembolsado pelo produtor na cobertura do seguro rural gira em torno de 6% a 15% do custo de produção. Isso varia conforme a região da lavoura e a cultura que será coberta.

Por isso, é importante que você, dentro da sua estratégia de gestão, defina o que deseja segurar em sua propriedade rural. Por exemplo, pode ser uma lavoura inteira ou parte dela. 

Além disso, é possível optar por mais de um tipo de seguro para a sua propriedade e atividade agropecuária. Conheça abaixo todos os tipos de seguro rural.

Tipos de seguro rural

O seguro rural possui várias modalidades previstas por legislação. São elas: seguro agrícola, pecuário, aquícola, de benfeitorias e produtos agropecuários, de penhor rural, de floresta, de vida do produtor rural e de cédula de produto rural.

Cada um dos tipos de seguro rural é destinado para uma cobertura específica, conforme você vê abaixo.

Seguro Pecuário

Cobre as perdas por morte de animais destinados ao consumo, produção, criação, recria, engorda ou atividade de tração.

Seguro agrícola

Destina-se a cobrir as perdas causadas, sobretudo, por fenômenos meteorológicos. Isso desde a emergência da planta até a colheita.

Os fenômenos meteorológicos, neste caso, são: variação excessiva de temperatura, incêndio, raios, geada, granizo, tromba d’água, chuvas excessivas, seca e ventos fortes.

Seguro de Vida

Destina-se ao produtor rural e é válido para o período do financiamento, sendo o beneficiário o agente financiador.

Seguro Aquícola

Garante indenização por morte e outros riscos inerentes aos animais aquáticos (peixes e crustáceos), como doenças ou acidentes.

Seguro de Benfeitorias e Produtos Agropecuários

Cobre perdas e danos causados em bens utilizados na atividade rural que não tenham sido oferecidos como garantias em operações de crédito rural.

Seguro de CPR (Cédula de Produto Rural)

Garante o pagamento de indenização em caso de comprovada falta de cumprimento, por parte do tomador, de obrigações estabelecidas na cédula de produto rural.

Seguro de Florestas

Indeniza prejuízos causados às áreas de florestas seguradas, desde que identificadas e caracterizadas na apólice. Ainda, desde que tenham decorrido de um ou mais riscos cobertos.

Seguro de Penhor Rural

Este seguro cobre perdas e danos causados às atividades rurais oferecidas como garantia em operações de crédito rural.

Novas regras do Seguro Rural

Para ampliar o número de beneficiários atendidos pelo PSR, o Mapa criou  regras para o PTSR, válidas para o triênio 2022-2024.

O objetivo das mudanças é simplificar mais as regras do PSR  para facilitar o entendimento pelo produtor rural e pelos agentes de operacionalização do seguro.

Nas regras atuais, o percentual de subvenção ao prêmio é de 20%, 25%, 30%, 35% ou de 40%. Veja as regras do PSR 2021:

Mudanças nas regras foram para atender ao setor produtivo, segundo o Mapa
(Fonte: Mapa)

A depender da modalidade, da cultura e da cobertura contratada, pode ser de 20% ou 40%.

Para o triênio 2022-2024, houve a  simplificação e aumento dos limites financeiros, além de maior subvenção para o milho verão e milho safrinha. Houve ainda maior apoio aos seguros de mais de 60 culturas. Confira abaixo as novas regras do PTSR:

Soja e do seguro paramétrico (sob medida) continuam com 20%
(Fonte: Mapa)

Incentivo às práticas sustentáveis no Seguro Rural

As práticas sustentáveis estão sendo incentivadas por meio das contratações de Seguro Rural em 2023 e 2024.

Se o mutuário for segurado do Programa ABC (agricultura de baixo carbono), com contrato vigente até 31/12/2021, há diferenciação do percentual de subvenção. Essa diferença é de 25% para a soja e 45% para as demais culturas no prêmio para as apólices.

Assim, quem contratou financiamento do ABC até 2022, pode acessar em 2023 uma subvenção diferenciada. Essa subvenção é de 20% para a soja e 40% para as demais atividades.

Cobertura do Seguro Rural no Norte e Nordeste

Desde 2019, o Governo Federal vem incentivando produtores rurais do Norte e Nordeste com a destinação de recursos específicos do Seguro Rural.

O objetivo é a contratação de apólices de seguro nessas regiões, para onde foram destacados R$ 56 milhões em subvenção ao prêmio em 2021. 

Esse valor, segundo o Mapa, auxiliou na contratação de 5.282 apólices, com área total segurada de 825 mil hectares, e R$ 4 bilhões em garantia de capitais.

Em 2022, produtores de grãos dessas regiões tiveram R$ 60 milhões em recursos exclusivos. Para 2023 e 2024, estão previstas subvenções ao prêmio diferenciado de 30% para a soja e 45% para as demais atividades

Georreferenciamento e certificação de profissionais no seguro rural

Outra novidade para o seguro rural 2022 é que todas as apólices seguradoras precisam ter a indicação de área segurada com o polígono completo. Não é possível mais apenas a marcação de um ponto da propriedade rural.

Com isso, espera-se obter mais informações de cada apólice, com vistas à:

  • fiscalização;
  • verificação de riscos à atividade;
  • controle;
  • monitoramento por meio do sensoriamento remoto
  • cruzamento de dados com outras bases. 

A certificação dos profissionais para atuarem com seguro rural é outro item importante: agora, há requisitos mínimos para o atendimento. A ideia é que as certificações tragam diretrizes para atuação profissional no âmbito do PSR nos seguintes aspectos:

  • originação à comercialização dos produtos de seguro;
  • aferição de perdas, realizada por peritos;
  • liquidação dos sinistros. 

Motivos de contratamento do seguro rural

No Brasil, o seguro rural é contratado com os principais objetivos: multirrisco, custeio, produção, faturação ou receita, riscos nomeados, paramétricos ou produtividade por faixa. Saiba um pouco mais sobre cada um desses objetivos a seguir.

Seguros multirrisco

Esse tipo de seguro abrange produtos nos quais são cobertos diversos riscos em uma única cobertura. Não há a possibilidade de contratação de um determinado risco em detrimento de outro.

Seguro de custeio

É uma modalidade de seguro vinculada ao custeio agrícola, tendo como objetivo garantir a produtividade estabelecida na apólice do custeio. Uma forma de diminuir o risco de inadimplência e facilitar a obtenção do financiamento. 

Seguro de produção

Destina-se a garantir a produção do cultivo perante as adversidades climáticas. O limite máximo de indenização é calculado com base na produtividade garantida para a área a ser segurada. 

A produtividade é multiplicada por um preço estabelecido no momento da contratação.

Seguro de faturamento ou receita

Além de garantir a produtividade agrícola esperada, garante o preço de venda do produto no mercado futuro.

Seguro de riscos nomeados

É um seguro em que são cobertos os riscos em coberturas diferentes. Há a possibilidade de contratar apenas as coberturas de maior interesse. As coberturas mais comuns são de granizo, geada, incêndio e/ou chuva excessiva.

Seguro paramétrico

É de acordo com a necessidade específica do cliente, e considera as oscilações dos parâmetros climáticos (temperatura e precipitação). No momento em que o índice de temperatura ou de ventos é muito alto, a cobertura é feita.

Seguro de produtividade por faixa 

Atende às necessidades de produtores que possuem históricos de produtividade detalhados e que conseguem calcular o seu risco. 

Podem recorrer produtores que dificilmente terão uma perda inferior à determinada produtividade, em função da área cultivada e do nível tecnológico utilizado.

Outros fatores que influenciam a contratação do seguro rural

Além dos tipos de seguro rural, você deve ficar por dentro de outros fatores:

  • Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático);
  • O tipo de solo (arenoso, médio ou argiloso);
  • Se o plantio está sendo feio em áreas de pastagens ou não;
  • O nível de cobertura contratado, que afeta o valor do prêmio pago na contratação;
  • A localização das glebas;
  • O valor contratado de cobertura da cultura (é com base nele que a seguradora irá calcular a indenização).

Seguro Rural na Agricultura Familiar

Em 2020, o Mapa lançou um projeto-piloto para fomentar a contratação de seguro rural pelos produtores ligados ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). O orçamento é de R$ 50 milhões.

Dez mil produtores familiares participaram desse projeto, cujas diretrizes básicas são:

  • Massificar a utilização do seguro rural, com a expansão do número de lavouras e hectares amparados;
  • Assegurar o papel do seguro rural como mitigador dos efeitos dos riscos climáticos das atividades agropecuárias;
  • Reduzir o custo de aquisição de apólice;
  • Induzir o uso de tecnologias e modernizar a gestão da propriedade rural

As constatações serviram para o Governo Federal justificar a destinação exclusiva de recursos do seguro rural para as contratações nas regiões Norte e Nordeste.

Quem pode solicitar e como contratar o Seguro Rural?

A contratação do seguro rural pode ser feita por meio de um corretor ou de uma das 15 seguradoras habilitadas para operar no PSR.

Qualquer pessoa física ou jurídica que cultive espécies contempladas pelo programa pode solicitar a contratação. Uma forma de conhecer mais o PSR é por meio do aplicativo, disponível para Android e iOS.

Há informações sobre o LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola), atualizado mensalmente pelo IBGE em todo o país. Além disso, há previsões do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Aplicativo PSR pode ser baixado gratuitamente
(Fonte: Mapa)

Como é o processo de contratação de um Seguro Rural?

Para contratar um seguro rural e tentar o subsídio do governo, você deve seguir os seguintes passos: 

  • Formalizar a proposta de seguro em uma das seguradoras habilitadas no programa;
  • Após isso, a seguradora enviará a proposta de subvenção ao Mapa;
  • A proposta pode ser aprovada, a depender de critérios como:
    • limite financeiro disponível para o produtor;
    • limite financeiro disponível para a cultura e regularidade do produtor no Cadin (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal).
  • Caso o incentivo seja aprovado, o Mapa realizará o pagamento do percentual do prêmio do seguro correspondente ao governo, diretamente para a seguradora. 

Capacitação de profissionais e monitoramento

Com o aumento de beneficiados pelo PSR, o Governo tem se preocupado com a qualidade dos serviços. Por isso, incentivará instituições públicas e privadas a ofertarem cursos de capacitação de peritos, consultores e profissionais de seguradoras.

Para o segundo semestre de 2022, há previsão de início das capacitações com curso básico de introdução sobre serviços de avaliação de danos de sinistros.

Outra frente de ação é o monitoramento da qualidade dos produtos e serviços oferecidos pelas seguradoras que atuam no PSR. Ele é oferecido por meio do projeto Monitor do Seguro Rural.

O trabalho será coordenado pelo Departamento de Gestão de Riscos do Mapa. Ele contará com auxílio dos produtores rurais, entidades que os representam e empresas do setor.

Importância do Zoneamento Agrícola de Risco Climático para o Seguro Rural

O Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) é um complemento importante na avaliação dos riscos de uma cultura que será segurada. Ele traz informações sobre riscos agroclimáticos no país.

Por meio do Zarc, é possível que cada município identifique a melhor época de plantio das culturas. Tudo isso em diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.

Atualmente, são 63 sistemas produtivos de cultivos agrícolas permanentes e anuais. Os estudos técnicos-científicos são realizados por por uma rede de pesquisadores da Embrapa e mais 150 especialistas. São 32 centros de pesquisa públicos e privados.   

Com as informações do Zarc, você consegue ter uma ideia mais real sobre os riscos de determinada cultura agrícola e chegar a um valor mais correto para o seguro rural.

Isso porque os agricultores que seguem as recomendações do Zarc estão menos sujeitos aos riscos climáticos. Eles podem ser beneficiados pelo Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) e pelo PSR.

Qual seguradora faz Seguro Rural

Atualmente, no Brasil, existem 16 seguradoras habilitadas pelo Mapa no Programa de Subvenção. Elas atendem a mais de 60 culturas. Confira a lista abaixo.

  • Aliança do Brasil: seguro de custeio;
  • Allianz: produtividade agrícola, granizo;
  • BrasilSeg: faturamento agrícolas, pecuário, floresta e agrícola.
  • Essor: granizo (grãos, frutas e hortaliças), multirrisco, faturamento e custeio;
  • Excelsior: seguro de produtividade da soja e granizo;
  • Ezze: custeio, produtividade; 
  • Fairfax: seguro pecuário, aquícola, de floresta, de produtividade, de riscos e de receita;
  • Mapfre: granizo, pecuária, olericultura, café, de colheita, custeio, floresta e faturamento;
  • Newe: paramétrico, seca, produtividade, custeio, receita;
  • Porto Seguro: seguro agrícola de produtividade;
  • Sancor Seguros: granizo, frutas, hortaliças, multirriscos e cana-de-açúcar;
  • Sombrero (sem informações sobre área de atuação);
  • Sompo Seguros: multirrisco para custeio, para produtividade e paramétrico;
  • Swiss RE: granizo e geada, incêndio, multirisco, faturamento e pecuário;
  • Tokio Marine: multirrisco produtividade, custeio e de riscos;
  • Too Seguros: multirrisco de produtividade e custeio, além do paramétrico;
  • Saiba mais sobre as condições gerais com que cada uma atua no site do Mapa.
Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

Neste artigo, você viu que o seguro rural no Brasil avança bastante. Por isso, ele tem passado por alterações com vistas ao seu melhor entendimento e utilização, e mais recursos disponíveis.

O seguro rural é uma das principais ferramentas para uma boa gestão agrícola. Ele prevê riscos e ações mitigatórias, o que colabora para sua permanência na atividade rural.

É importante se atentar para as mudanças do PTSR, pois é ele quem baliza o Seguro Rural no Brasil. As alterações nas regras vieram para facilitar a sua vida.

Consulte uma seguradora de sua preferência, baixe os aplicativos PSR e Plantio Certo (do Zarc), e aprenda a manejá-los, pois também vão te auxiliar muito.

>> Leia Mais: 

Saiba o que é e como é feito o arrendamento rural

“O que é o Plano ABC e como ele impacta na sua produção agrícola”

Você costuma segurar sua lavoura? Já foi contemplado com o auxílio do governo? Quais medidas poderiam melhorar o mercado de seguro rural no Brasil? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Texto publicado em 21 de janeiro de 2020 e atualizado pela última vez em 07 de novembro de 2022 por Mário Bittencourt. Colaborou com o artigo Eduardo Bianconcini Teixeira Mendes, engenheiro-agrônomo, que atua com seguro rural, crédito rural e de custeio (Proagro) desde 2005.

O que é e por que investir em tecnologias poupa-terra?

Tecnologias poupa-terra: entenda como elas podem aumentar a produção agrícola sem expansão da área cultivada

Expandir a área de cultivo pode ser uma grande dor de cabeça. No entanto, existem formas de aumentar a produção agrícola, sem expansão da área cultivada.

Inserir tecnologias poupa-terra em seu planejamento pode ser interessante. Aproveite o período de entressafra para incorporá-las em sua propriedade.

Neste artigo, você vai conhecer algumas tecnologias poupa-terra e os benefícios que elas geram para o setor agrícola. Confira a seguir!

O que são tecnologias poupa-terra?

Tecnologias poupa-terra são estratégias de poupança de terra que aumentam a produção agrícola, sem expansão da área cultivada.

Essas tecnologias consistem, por exemplo, em:

Quando essas tecnologias são adotadas, não há a necessidade de abertura de novas áreas. Isso acontece devido ao aumento da produção em uma área já utilizada para o cultivo.

Algumas delas já estão consolidadas no Brasil, e são cada vez mais utilizadas pelos produtores.

Vantagens das tecnologias poupa-terra

Ocupar o solo com tecnologias que aumentem a produção em áreas já utilizadas garante a sustentabilidade do setor agrícola.

Em vez de aumentar a produção pela incorporação de novas áreas, a produção é mais intensa em áreas já cultivadas.

A adoção dessas tecnologias traz diversas outras vantagens, como:

  • redução da área cultivada;
  • podem ser adotadas por pequenos, médios e grandes produtores;
  • auxiliam no crescimento do setor agrícola;
  • aumentam a produção agrícola;
  • revertem impactos negativos de práticas agrícolas que empobrecem o solo;
  • contribuem para a preservação de áreas nativas.

Caso esses recursos não fossem utilizados, os impactos ambientais seriam negativos.

O que é preciso para incentivar a adoção de tecnologias poupa-terra no Brasil?

É necessária a criação e aperfeiçoamento de políticas públicas, como o Plano ABC (Programa de Agricultura de Baixo Carbono).

Nesse contexto, é necessária a criação de estratégias e políticas públicas que favoreçam o incentivo e divulgação dessas tecnologias aos produtores rurais.

Abaixo algumas tecnologias acessíveis e de fácil aplicabilidade pelos produtores: 

  • fixação biológica de nitrogênio;
  • sistema plantio direto;
  • rotação de culturas;
  • mix de plantas de cobertura;
  • consórcio milho-braquiária.

Impactos na produção de grandes culturas

Soja

O uso de tecnologias poupa-terra no cultivo da soja foi capaz de poupar milhões de hectares de área cultivada.

Na cultura da soja, é possível destacar:

gráfico comparativo entre a área cultivada e a área poupada, caso a produtividade da soja permanecesse constante ao longo dos anos

Comparativo entre a área cultivada e a área poupada, caso a produtividade da soja permanecesse constante ao longo dos anos
(Fonte: Conab, 2020; Gazzoni et al., 2021)

Caso a produtividade da soja atual fosse a mesma do início do cultivo da cultura no Brasil, hoje, a área cultivada seria 195% superior à área atual.

As tecnologias poupa-terra utilizadas no cultivo da soja foram capazes de poupar cerca de 71 milhões de hectares de áreas cultivadas.

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Milho

A intensificação do uso do solo foi possível devido à sucessão soja-milho safrinha. Mas também há outras tecnologias poupa-terra utilizadas nessa cultura, como:

A produção do milho primeira safra (verão) permaneceu estagnada nos últimos anos. 

O milho segunda safra (safrinha) é o grande protagonista do crescimento da produção do cereal no Brasil.

Segundo os dados da Conab, entre as safras 1989/1990 e 2019/2020, a produção de milho no Brasil passou de 22,2 milhões de toneladas para 102,1 milhões de toneladas. O aumento foi de 359%.

Esse aumento é resultado da:

  • maior produtividade média da cultura, que passou de 1.841 kg ha-1 para 5.520 kg ha-1;
  • maior área cultivada, que passou de 12,1 milhões de hectares para 18,5 milhões de hectares.
gráfico de evolução da produção na primeira e segunda safra de milho no Brasil, 1989/1990 a 2019/2020

Evolução da produção na primeira e segunda safra de milho no Brasil, 1989/1990 a 2019/2020
(Fonte: Conab, 2020; Miranda et al., 2021)

Para se produzir os 102,1 milhões de toneladas de milho colhido em 2019/2020, com a produtividade média de 1989/1990, seriam necessários 55,5 milhões de hectares.

Apesar do aumento da área cultivada, foram poupados 37 milhões de hectares pelos ganhos de produtividade.

Algodão

O algodão brasileiro passou por uma intensa transformação ao longo de quatro décadas. Também houve o aumento da produção com redução da área cultivada.

Esse resultado é fruto da adoção de tecnologias como:

gráfico que mostra que entre 1976 e 2020, a produção de algodão aumentou de 0,6 milhão de toneladas para 2,5 milhões de toneladas de fibra e a área plantada foi reduzida de 4,1 milhões de hectares para 1,7 milhão de hectares

Entre 1976 e 2020, a produção de algodão aumentou de 0,6 milhão de toneladas para 2,5 milhões de toneladas de fibra e a área plantada foi reduzida de 4,1 milhões de hectares para 1,7 milhão de hectares
(Fonte: Conab, 2021; Severino, 2021)

O aumento da produtividade da cultura sem expansão da área cultivada demonstra a sustentabilidade das tecnologias poupa-terra.

Café

O emprego de tecnologias e boas práticas agrícolas contribuíram para o avanço da cafeicultura. Também foi possível expandir a produção e reduzir a área de cultivo.

As tecnologias poupa-terra utilizadas no cultivo do café são:

  • o sequenciamento do genoma do café;
  • a utilização de cultivares mais produtivas;
  • a adequação da fertilidade e nutrição do cafeeiro;
  • a micropropagação;
  • a braquiária como planta de cobertura;
  • o manejo integrado de pragas do café, doenças e plantas daninhas, entre outras.
tabela com evolução da cafeicultura brasileira, nos anos 1997, 2019 e 2020

Evolução da cafeicultura brasileira, nos anos 1997, 2019 e 2020
(Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Café, 2021)

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café, em 1997, o Brasil produziu 18,9 milhões de sacas.

Isso em uma área de 2,4 milhões de hectares, com produtividade média de 8 sacas por hectare.

Já em 2020, esse número saltou para uma produção de 63,1 milhões de sacas

Houve redução de cerca de 20% da área de cultivo e aumento da produtividade média para 33 sacas por hectare.

Conclusão

Tecnologias poupa-terra permitem o aumento da produção agrícola em uma mesma área. Graças ao seu uso, evita-se a abertura de novas áreas de cultivo.

Elas têm alcançado resultados impressionantes de produção em todo o território brasileiro. São fundamentais para o crescimento do setor agrícola.

É necessário ampliar a adoção dessas tecnologias de poupança de terra por meio do incentivo e divulgação aos produtores rurais.

Você utiliza, já utilizou ou pensa em utilizar alguma tecnologia poupa-terra em sua fazenda? Adoraria ler seu comentário abaixo! 

Tudo o que você precisa saber sobre a cercosporiose no café

Cercosporiose no café: principais sintomas, as condições favoráveis para a doença, como controlar e muito mais!

O Brasil é um dos maiores produtores de café do mundo. Apesar disso,  alguns problemas tendem a prejudicar as lavouras.

As doenças causadas por fungos, como a cercosporiose, são um desses problemas. Você sabe como evitar isso e garantir uma boa produtividade?

Conhecer as doenças do café e suas particularidades é essencial. Através desse conhecimento, você é capaz de tomar as decisões de manejo corretas.

Neste artigo, você conhecerá melhor a cercosporiose no café, como a evitar e a controlar. Confira tudo a seguir!

O que é a cercosporiose do café?

A cercosporiose no café é causada pelo fungo Cercospora coffeicola. Também é conhecida como mancha de olho pardo ou mancha-de-cercospora. Ela pode ser muito confundida com a mancha aureolada do cafeeiro, mas é uma doença diferente.

Esse fungo ataca principalmente as folhas e os frutos. Como consequência, causa perdas de produtividade e da qualidade dos grãos.

A doença foi relatada no Brasil, pela primeira vez, em 1887. Ainda hoje está presente em praticamente todas as áreas produtivas do país.

A cercosporiose pode afetar as plantas desde sua fase jovem. Ou seja, desde logo após o plantio até cafeeiros em plena produção.

Por isso, é considerada a segunda doença mais importante na cultura do café, estando atrás apenas da ferrugem do cafeeiro.

A fim de evitar perdas de produção e de qualidade do café, é necessário realizar o manejo adequado da doença.

Veja na figura a seguir as principais doenças do café, além dos períodos mais favoráveis ao desenvolvimento de cada uma.

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Sintomas da doença

A cercosporiose na plantação de café pode causar danos em mudas, folhas e frutos.

Nas folhas, os sintomas inicialmente são pequenas manchas circulares de coloração marrom-escura, que vão crescendo rapidamente.

O centro dessas lesões se torna cinza-claro, com um anel amarelado em volta dela. A aparência é de um olho, daí o nome da doença.

Além disso, algumas lesões podem não formar o halo amarelado. As manchas podem ser mais escuras, sem a formação do centro cinza-claro.

Nessas condições, a doença é chamada cercospora negra. Ela é muito comum em cafeeiros com deficiência de fósforo.

As folhas atingidas caem rapidamente, causando intensa desfolha das plantas e até mesmo a seca dos ramos. Por isso, a fotossíntese da planta é prejudicada.

As mudas podem se tornar raquíticas devido à desfolha intensa. Isso as torna impróprias para a comercialização e plantio.

Já nos frutos, os sintomas começam a aparecer quando ainda estão pequenos. Eles aumentam no início da granação (80-100 dias após a florada do café).

Esses sintomas são pequenas manchas necróticas e deprimidas, de coloração marrom a preta.

Além disso, também ocorre:

  • a queda precoce dos frutos;
  • maturação acelerada;
  • aumento da quantidade de grãos cochos.

Esses sintomas prejudicam o descascamento e despolpamento dos frutos. Afinal, essas lesões da casca necrosada ficam aderidas à semente.

Isso causa o problema de grãos quebrados e de má qualidade, o que prejudica a qualidade da bebida.

Ciclo de vida e condições ideais para o desenvolvimento da cercosporiose no café

A disseminação do fungo ocorre através do vento, água ou até mesmo por insetos.

Após atingir a planta e sob as condições favoráveis de umidade e temperatura, ocorre a sua germinação e a penetração através da cutícula. 

A ocorrência se dá pelas aberturas naturais da folha.

A doença é favorecida em temperaturas entre 18°C e 25°C, com elevada umidade relativa e elevada radiação solar.

Após períodos de chuva seguidos de veranicos ou em períodos de intensa radiação solar e déficit hídrico, a doença pode ser intensificada.

O desequilíbrio nutricional também pode influenciar na incidência dessa doença.

Em sistemas convencionais, outros fatores podem resultar em maior suscetibilidade da cercosporiose no café:

  • menores teores de cálcio;
  • magnésio foliares nas fases de granação e maturação dos frutos;
  • carência de nitrogênio.

Como prevenir e evitar o ataque da cercospora no cafeeiro

Evitar a entrada do patógeno na sua lavoura é sempre muito importante. Você deve evitar, primeiramente, a entrada do fungo nos viveiros de mudas de café.

Para isso, existem medidas que você pode adotar: 

  • controle de irrigação diária, evitando excesso de água;
  • evitar o excesso de potássio nas adubações;
  • realizar a calagem no substrato, evitando assim a falta de cálcio para as mudas;
  • sementes limpas, sadias e devidamente tratadas;
  •  o viveiro deve ser bem arejado e com sombreamento adequado;
  •  proteger as mudas de ventos frios e da insolação;
  •  eliminar mudas e folhas mortas do viveiro;

Já na lavoura, as medidas preventivas envolvem:

  •  evitar plantio em solos arenosos e compactados;
  •  fertilização equilibrada;
  •  níveis adequados de nitrogênio;
  • evitar excesso de umidade;
  • evitar plantios tardios;
  • uso de mudas de variedade com maturação tardia para regiões mais quentes.

Para prevenir o ataque da cercospora no cafeeiro, dosar os nutrientes corretamente é essencial.

Para tornar o processo de adubação do café mais fácil, preparamos uma planilha para você! Baixe gratuitamente clicando na imagem a seguir:

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Controle da mancha de cercospora

O controle sempre será mais eficiente com auxílio do manejo integrado de doenças. Realize todas as medidas que estão disponíveis.

Por isso, nunca use apenas um tipo de controle. Em relação à cercosporiose do café, não há relatos de variedades resistentes ou tolerantes. 

Utilize o controle químico com o uso de fungicidas como ferramenta de controle preventivo da doença.

O controle da cercosporiose coincide com o controle da ferrugem. Portanto, você pode usar formulações ou misturas de tanque que envolvam produtos para as duas doenças.

Entretanto, algumas lavouras apresentam elevadas cargas de frutos e estão situadas em regiões mais favoráveis à doença.

Nesses locais, as aplicações também devem ser realizadas entre final de dezembro e os meses de março e abril. Aplique especialmente se suas plantas não receberem tratamento contra ferrugem.

Além da escolha certa do ingrediente ativo, escolher a tecnologia correta é ideal. Não esqueça de considerar todos os fatores que podem afetar a aplicação sem prejudicar o controle dessa doença.

Conclusão

A mancha de cercospora em cafeeiro é causada por um fungo e está presente nas principais regiões produtoras de café do Brasil.

Esse fungo é favorecido pela alta radiação solar e pela elevada umidade. Além disso, desequilíbrios nutricionais podem intensificar os danos causados por essa doença.

Os danos da cercosporiose no café podem afetar as mudas e a qualidade da bebida. Por isso, o manejo correto é essencial.

Lembre-se que um bom planejamento do plantio pode ser muito eficaz para prevenção da doença e para o aumento da produtividade!

>> Leia mais:

“Cercosporiose no milho: saiba como manejar a doença”

“Guia rápido da adubação de boro e zinco no café”

10 dicas para melhorar a gestão de sua lavoura de café

Você já teve problemas com a cercosporiose no café? Quais medidas de manejo você precisou realizar? Deixe sua experiência aqui nos comentários!

Sementes de soja: como escolher a melhor variedade e garantir alta produtividade

Sementes de soja: como escolher a variedade mais produtiva, importância do uso de sementes certificadas, manejo de produção, beneficiamento e doenças associadas a sementes

Fazer uma boa escolha da semente de soja é fundamental e um dos primeiros passos para obter uma lavoura de sucesso. Afinal de contas, o uso de sementes de alta qualidade pode aumentar em até 20% sua produtividade. Não é pouca coisa!

E diante de centenas de cultivares de soja disponíveis no mercado, escolher a melhor semente nem sempre é tarefa simples. É preciso conhecer bem as características e considerar quais pontos são mais importantes para o seu caso: mais resistência a pragas e doenças, ciclo mais longo ou mais curto, por exemplo.

Para alcançar o melhor potencial produtivo é preciso ter atenção a vários pontos, a começar pela alta qualidade das sementes. Saiba mais sobre todo esse processo no artigo a seguir!

O que é uma semente de soja de alta qualidade?

Escolher uma semente de alta qualidade é fundamental para uma boa produção de soja. As sementes são responsáveis pelo estabelecimento adequado do estande inicial das plantas e, consequentemente, por altas produtividades.

Sementes de alta qualidade são aquelas que apresentam todos os atributos fisiológicos, físicos, sanitários, genéticos e de pureza.

No momento da escolha, opte por sementes certificadas. Elas estão dentro do padrão de qualidade estabelecido pela legislação.

Apesar da qualidade da semente ser estabelecida no campo de produção de sementes, alguns cuidados são essenciais para a manutenção dessa qualidade. Isso envolve a escolha da cultivar e outros pontos que veremos neste artigo.

Sementes de soja de alta qualidade

Sementes de soja de alta qualidade
(Fonte: Jovenil José da Silva, 2016)

Como escolher a melhor semente de soja para plantio

Além de observar a produtividade, para escolher a melhor semente de soja para plantio é fundamental observar características como:

A chave para o sucesso da semeadura é planejamento. Planejar e analisar qual a melhor cultivar para sua fazenda, é essencial.

Alguns produtores deixam de lado as recomendações para estar de olho no que o vizinho vai semear; outros estão ligados nas novas tecnologias e há até os que esperam o que a cooperativa vai indicar.

Mas para todos eles e, tenho certeza que para você também, o que mais importa é a produtividade da variedade de soja e adaptação para a região de cultivo. Então esteja muito atento a esses fatores listados e também a questões da sua região.

Quais as variedades de soja mais produtivas para cada região?

Anualmente, ensaios para avaliação da produtividade dos materiais genéticos disponíveis no mercado são publicados. Eles podem ser consultados em sites como Embrapa Soja, Fundação Pró-sementes, Fundação MT e Fundação MS.

A partir desses materiais, é possível consultar quais variedades de soja são mais produtivas nas diferentes regiões sojícolas do país. 

Ano agrícola e oscilações de precipitações e temperaturas também são considerados. 

As cultivares de soja utilizadas devem ser recomendadas para a sua região, de acordo com o zoneamento agrícola.

Manejo das sementes para plantio

Como já dito, a escolha das sementes é fator-chave para o sucesso produtivo da lavoura. Por isso, há pontos muito importantes que devem ser considerados, como:

Sementes certificadas passam por processos rigorosos de produção, controle de pragas, insetos e doenças. Além disso, passam por controle de qualidade, e possuem material genético de elevada pureza.

A germinação mínima que um lote de sementes de soja deve ter para ser comercializado é de 80%.

Porém, lotes com germinação de 90% ou 80% podem ter o vigor semelhante. Por isso, testes são importantes para conhecer o vigor do lote de sementes.

Sementes podem apresentar elevada germinação no teste, mas possuírem baixo vigor.

Inoculação da semente de soja com bactérias como Bradyrhizobium, fixadoras de nitrogênio e o tratamento industrial de sementes (TSCI) são indispensáveis.

Esses cuidados servem para fornecer um bom estande, uniformidade da lavoura e proteção às sementes no solo, que estarão suscetíveis a patógenos.

Nós falamos mais sobre a inoculação de sementes neste vídeo:

Produtividade da soja: tudo sobre inoculação de sementes e adubação nitrogenada

Aplicação de micronutrientes como molibdênio e cobalto, via foliar, no estádio  V4 da soja, são importantes para garantir o sucesso da fixação biológica de nitrogênio.

Mas atenção: o tratamento de sementes de soja deve ser realizado imediatamente antes do plantio. O armazenamento das sementes após o tratamento não é recomendado, pois há redução na qualidade.

Opte sempre pelo tratamento de sementes industrial. Ele oferece maior uniformidade, economia de produtos, menor poluição ambiental, alvo mais controlado e controle de qualidade.

O tratamento de sementes on-farm, ou seja, dentro da fazenda, não é recomendado. Ele pode causar problemas com recobrimento uniforme das sementes, descarte de embalagens, intoxicação, além da falta de controle de qualidade da aplicação.

Danos por estresse em sementes de soja 

É indispensável conhecer quais estresses climáticos podem estar relacionados aos danos observados no campo. Esses estresses podem ser causados por:

  • elevadas temperaturas, especialmente no período de enchimento de grãos
  • restrição hídrica ou excesso de precipitações;
  • umidade;
  • percevejos.

Leia um pouco mais sobre cada um deles:

Excesso hídrico

Especialmente na fase de pré-colheita, o estresse hídrico provoca enrugamento das sementes. Isso acontece por causa da expansão e contração dos tecidos.

Sementes enrugadas devido a deterioração por umidade

Sementes enrugadas devido a deterioração por umidade
(Fonte: José de Barros França-Neto, 2018)

Déficit hídrico e elevadas temperaturas

A temperatura e umidade relativa influenciam no processo de maturação das sementes.

A rápida secagem não degrada a clorofila das sementes no mesmo grau que a secagem lenta. Isso deixa as sementes esverdeadas.

Sementes esverdeadas devido ao déficit hídrico e elevadas temperaturas durante o enchimento dos grãos

Sementes esverdeadas devido ao déficit hídrico e elevadas temperaturas durante o enchimento dos grãos
(Fonte: Danilo Estevão, 2015)

Essas condições durante o enchimento de grãos causam sementes com menor germinação e vigor, pequenas, menos densas, imaturas ou verdes, enrugadas ou deformadas.

Temperaturas elevadas 

As temperaturas elevadas podem causar sementes com depressões nos cotilédones. Além disso, podem gerar abertura parcial dos cotilédones do lado oposto ao eixo embrionário.

Sementes com cotilédones abertos, esverdeadas e sementes com depressão nos cotilédones, danos causados principalmente por altas temperaturas

Sementes com cotilédones abertos, esverdeadas e sementes com depressão nos cotilédones, danos causados principalmente por altas temperaturas
(Fonte: Zorato, 2019)

Umidade

Colheita de sementes com alto grau de umidade (a partir de 18%) provoca amassamento.

Colheita com grau de umidade muito baixo (abaixo de 13%) provoca trincamentos.

Esses trincamentos diminuem o tempo de armazenamento e facilitam a entrada de insetos e fungos.

Há muitas situações que só são visualizadas através do teste de tetrazólio

Esse teste é realizado por laboratórios de análise de sementes, e é um dos mais importantes para avaliação da qualidade de sementes de soja. 

Ele analisa o poder germinativo e o vigor, além de verificar aspectos como:

  • a perda do poder germinativo e vigor;
  • rachaduras no tegumento;
  • quebra das sementes;
  • lesões no eixo embrionário (de onde serão emitidas as raízes e a parte aérea das plântulas);
  • cortes;
  • amassamentos.

A emergência em campo também é um teste bastante utilizado para avaliar o vigor das sementes e seu estande. 

Teor de água das sementes e temperatura de secagem

A cultura da soja é colhida com diferentes umidades ou teores de água. Isso acontece de acordo com a disponibilidade ou finalidade de secadores.

A colheita é realizada assim que as sementes atingem teor de água entre 15% e 18%.

Para que a qualidade da semente de soja seja garantida, realize a secagem artificial.

Para essa operação, você deve se atentar para a temperatura da massa de sementes, de acordo com o teor de água dos grãos. Confira na tabela abaixo!

 Grau de umidade da semente (%) e temperatura da massa de sementes (ºC)

 Grau de umidade da semente (%) e temperatura da massa de sementes (ºC)
(Fonte: Krzyzanowski et al., 2015)

Danos por percevejos

Os percevejos são os insetos que mais causam danos na cultura da soja. Afetam significativamente a qualidade fisiológica do lote de sementes e a qualidade sanitária.

Quando os percevejos picam as sementes, injetam em seus tecidos enzimas e a levedura Nematospora coryli, associada a fungos como Alternaria spp. e Fusarium spp.

A consequência é a deterioração e a redução da viabilidade das sementes durante o armazenamento.

Os danos por percevejo podem ser visualizados diretamente ou pelo teste de tetrazólio.

O teste fornece informações importantes sobre a saúde da lavoura, norteando a tomada de decisão sobre quais estratégias de manejo devem ser adotadas.

Lesões necróticas em sementes de soja, resultante da picada por percevejos

Lesões necróticas em sementes de soja, resultante da picada por percevejos
(Fonte: Krzyzanoeski et al., 2015)

Qual teste é o mais adequado para o monitoramento dos danos na lavoura?

O teste de tetrazólio é o mais indicado, porque fornece informações valiosas. 

Por meio dele, é possível verificar se:

  • a velocidade de colheita está adequada;
  • as sementes estão sendo colhidas com a umidade adequada;
  • a lavoura apresenta infestação por pragas e doenças.

A maioria dos danos não pode ser visualizada a olho nu. 

Pelo teste de tetrazólio, as sementes absorvem (a depender de sua qualidade) o sal que colore seus tecidos, indicando quais fatores estão associados a sua deterioração.

Cuidados com os danos mecânicos

Danos mecânicos influenciam diretamente na qualidade das sementes. Para evitá-los, alguns cuidados devem ser tomados:

  • teor ou grau de umidade em que as sementes são colhidas;
  • velocidade e o tipo de máquina utilizada.

Colhedoras de sistema de trilha axial ou longitudinal podem causar menos dano mecânico às sementes.

Em sistemas tangenciais de trilha, podem ser utilizados sistemas de polias. Isso reduz ainda mais a velocidade do cilindro batedor, a níveis de rotação abaixo de 300-400 rpm.

Colheita entre 12% e 14% de graus de umidade causam menores danos mecânicos.

Beneficiamento e armazenamento de sementes de soja

Há casos de maiores volumes de sementes, onde sementes maiores provocam a retenção de sementes menores e com boa qualidade. Os descartes podem ser superiores a 5%.

Nesses casos, alterne as posições entre o separador em espiral e o padronizador (peneiras de classificação).

Etapas do beneficiamento de sementes de soja

Etapas do beneficiamento de sementes de soja
(Fonte:  Krzyzanoeskiet al., 2015.)

O armazenamento seguro das sementes deve ser realizado em temperaturas inferiores a 25 °C . A umidade relativa do ar deve ser inferior a 70%.

A limpeza das sementes e a remoção de matérias estranhas e impurezas são de extrema importância para a conservação ao longo do armazenamento. 

O controle de temperatura e umidade também é indispensável.

Em armazenamento de longo prazo, recomenda-se temperaturas entre 10°C e 15°C, e umidade relativa do ar entre 50% e 60%.

7 principais cuidados no armazenamento das sementes de soja

Após a compra, as sementes provavelmente ficarão armazenadas em sua fazenda até o momento ideal para a semeadura.

Este armazenamento deve ser realizado de maneira adequada para preservar a qualidade inicial das sementes, evitando sua deterioração.

Você sabe quais cuidados deve ter durante esse período?

  1. opte por um galpão bem ventilado e com piso;
  2. realize a dedetização do ambiente, deixando-o livre de fungos e roedores;
  3. não deixe suas sementes em contato direto com o chão. Você pode colocar os sacos em estrados de madeira;
  4. evite o contato direto de suas sementes com as paredes do galpão;
  5. evite armazenar neste mesmo galpão outros materiais como adubos, calcários e defensivos agrícolas;
  6. evite deixar suas sementes no sol. Lembre-se: sementes são seres vivos;
  7. a temperatura dentro da unidade de armazenamento não deve ultrapassar 25ºC e a umidade do ar deve ficar na faixa de 70%.

Em regiões muito quentes, o indicado é que as sementes sejam armazenadas em unidades construídas para essa finalidade, com controle de umidade e temperatura.

Outra opção é a utilização de galpões com material isolante de calor para evitar elevação acentuada de temperatura.

O maior problema durante o armazenamento é a combinação inadequada de alta temperatura + alta umidade.

Essa situação diminui a qualidade da semente e, consequentemente, a porcentagem de germinação e o vigor.

Quanto melhores as condições de armazenamento, maior a longevidade das sementes.

Durante o período de armazenamento, a inspeção periódica é fundamental para evitar a proliferação de insetos e pragas.

Doenças associadas às sementes de soja

Diversos patógenos podem ser transmitidos por sementes. O controle de qualidade, o tratamento de sementes industrial e a aquisição de sementes certificadas são fundamentais. 

Esses cuidados evitam o estabelecimento de patógenos na cultura, e até mesmo para áreas consideradas livres.

Além disso, fungos de armazenamento podem se desenvolver nas sementes. Isso ocorre especialmente quando elas não possuem controle de qualidade, como no caso das sementes salvas.

Fungos como Cladosporium sp., Aspergillus sp., Fusarium sp. e Penicillium sp., podem reduzir o vigor do lote de sementes. Posteriormente, impactam no estabelecimento das plântulas no campo.

Vale lembrar que sementes vigorosas e de boa qualidade podem tolerar condições adversas durante o processo germinativo e de estabelecimento de plântulas.

Dentre os principais patógenos transmitidos por sementes, destacam-se:

  • Podridão seca/seca da haste (Phomopsis spp. anamorfo Diaporthe spp.);
  • Antracnose (Colletotrichum truncatum);
  • Fusariose (Fusarium pallidoroseum (syn. F. semitectum));
  • Mancha púrpura (Cercospora kikuchii);
  • Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum (confundido com matérias estranhas e impurezas)).
Sementes de soja infectadas pelos fungos Phomopsis sp. (A); Colletotrichum truncatum (B); Fusarium pallidoroseum (sin. F. semitectum) (C) e Cercospora kikuchii (D)

Sementes de soja infectadas pelos fungos Phomopsis sp. (A); Colletotrichum truncatum (B); Fusarium pallidoroseum (sin. F. semitectum) (C) e Cercospora kikuchii (D)
(Fonte: Ademir Assis Henning e José de Barros França-Neto, 2018)

É possível avaliar na propriedade o vigor do lote de sementes?

A resposta é sim, pelo teste de canteiro ou emergência em canteiro. Para que os resultados expressem o potencial verdadeiro do lote de sementes, ele deve ser conduzido seguindo rigorosamente a metodologia padrão.

Além disso, os testes devem ser realizados em temperaturas na faixa de 20°C a 30°C

Temperaturas inferiores a 15°C e superiores a 30°C  poderão comprometer os resultados reais do vigor dos lotes.

A metodologia na íntegra pode ser consultada no Comunicado Técnico 136, elaborado pela Embrapa.

Veja algumas informações que podem te ajudar a realizar o teste de emergência em canteiros:

  • não utilize canteiros de hortas domésticas (podem conter patógenos, causando interferência no teste);
  • utilize solo coletado em lavoura, em camada superficial de 0-20 cm de profundidade;
  • não reaproveite o mesmo solo para outros testes. O solo deve ser trocado.
  • a profundidade de semeadura deve ser a mesma para todas as sementes: 3 centímetros;
  • utilize quatro repetições de 100 sementes para cada lote/amostra testada;
  • cada repetição com 100 sementes deverá ser semeada em um único sulco contínuo, respeitando o espaçamento entre si (para facilitar, você pode usar uma régua guia ou uma trena, para que a semeadura seja em espaçamentos iguais);
  • atente-se para a irrigação, que não deve ser realizada imediatamente a semeadura, evitando assim danos por embebição das sementes;
  • a irrigação deve ser realizada na manhã seguinte (cerca de 10 mm), e nos dias seguintes;
  • as contagens da emergência das plântulas pode ser realizada entre o 5º e 6º dia, correspondendo ao índice de vigor, e do 8º ao 9º dia, calculando a média entre as quatro repetições de sementes. Assim, obtém-se a porcentagem média de emergência de plântulas a campo.

Interpretação dos resultados

  • média igual ou superior a 90%: vigor muito alto;
  • média entre 85% e 89%: vigor alto;
  • média entre 75% a 84%: vigor médio;
  • média igual ou inferior a 74%: vigor baixo.

Em lotes de sementes com vigor baixo, recomenda-se a substituição das sementes. A cada 100 sementes deste lote, aproximadamente 24 serão inviáveis.

Tecnologias utilizadas para aumento da produção

Anualmente, há lançamentos no mercado com o objetivo de melhorar os processos produtivos e incrementar a produção das culturas.

Novas tecnologias, aperfeiçoamento do manejo, materiais genéticos disponíveis, insumos e defensivos são alguns exemplos. Dentre as tecnologias utilizadas, a agricultura de precisão vem se destacando. 

Ela utiliza dados das áreas de produção ao longo dos anos, imagens e softwares geoestatísticos, em uma série de aplicações:

  • análise de solo localizada, com aplicação de fertilizantes em taxa variada, garantindo economia e aproveitamento do potencial produtivo dos diferentes talhões;
  • densidade de semeadura e população de plantas, de acordo com as características e potencial produtivo da área;
  • mapeamento de pragas e doenças, com aplicação localizada de defensivos, conferindo economia e menor impacto ambiental;
  • uso de drones para aquisição de imagens, monitoramento do seu estado nutricional e sanitário, além de utilização na aplicação localizada de defensivos.

Outra tecnologia que vem ganhando notoriedade é o BiomaPhos

Ele é um inoculante desenvolvido com tecnologia nacional para a absorção de fósforo pelas culturas, elemento essencial para o desenvolvimento das plantas. 

Na última safra, lavouras tratadas com o inoculante produziram 4 sacas por hectare a mais do que as não tratadas. 

A estimativa é de que na próxima safra, mais de três milhões de hectares sejam tratados com o produto, com incrementos de produtividade de até 30%.

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Conclusão

Neste artigo, você viu a importância da utilização de sementes de alta qualidade.

Viu que estresses estão associados aos danos nas sementes, e que se forem visualizados na lavoura, podem ser mitigados.

A importância do manejo e tratamento de sementes no desempenho da sua lavoura é um ponto importante.

Você conferiu ainda os principais cuidados que devem ser realizados com sua semente de soja e as novas tecnologias disponíveis

Assim, você pode ter uma produtividade melhor em sua lavoura!

>> Leia mais: 

“Como o tratamento de plasma em sementes pode impulsionar a germinação”

Como você escolhe sua semente de soja? Realiza algum cuidado? Quer saber mais sobre o assunto? Deixe seu comentário!

Adubação de sistemas: como fazer para ter mais economia e alta produtividade

Adubação de sistemas: entenda o que é, como implantar e as vantagens dessa estratégia quando aplicada na sucessão soja-milho-soja!

A adubação é o item mais custoso do custo de produção

Por isso, é essencial adotar medidas que otimizem o aproveitamento de nutrientes, evitem o desperdício de insumos, reduzam custos e causem menor impacto ambiental.

A adubação de sistemas é uma prática que contribui com tudo isso, além de cooperar com a sustentabilidade da atividade.

Neste artigo, você irá conferir como funciona a adubação de sistemas e quais são as vantagens ao adotar essa prática de manejo.

O que é a adubação de sistemas

A adubação de sistemas é uma estratégia de manejo da fertilidade do solo. Ela busca melhorar o aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. 

Essa prática busca atender as exigências nutricionais de todas as espécies envolvidas no sistema.

Na adubação tradicional, a recomendação é realizada de forma isolada. Ela tem em vista somente as necessidades da cultura que será implantada

Na maioria das vezes, são utilizadas quantidades fixas de nitrogênio, fósforo e potássio. Como resultado, há adubações superdimensionadas

Isso tem impacto direto no meio ambiente e nos custos de produção.

Na adubação de sistemas, os fertilizantes não são destinados para uma única cultura, mas sim para todo o sistema de produção.

Como implantar a adubação de sistemas

É importante ter em mente que a adoção da adubação de sistemas implica em rotação de culturas e em plantio direto.

O primeiro passo para implantar essa técnica é realizar a análise físico-química do solo. Somente assim é possível conhecer a real fertilidade do solo.

Para estabelecer práticas de correção de acidez e adubação do solo, é necessário ter informações como:

  • a qualidade da palhada presente na superfície do solo;
  • a exigência nutricional das plantas cultivadas;
  • a taxa de exportação de nutrientes pelas culturas.

Conhecer o histórico das safras anteriores é fundamental.

A partir dessas informações, são determinadas as épocas das adubações, as fontes dos fertilizantes, as dosagens e os métodos de aplicação. 

Como é realizada a adubação de sistemas

Na adubação de sistemas, as culturas mais exigentes e responsivas à adição de fertilizantes recebem doses maiores de nutrientes, acima das exigidas pela cultura.

Milho, feijão e algodão são culturas que exigem adubações mais pesadas.

As culturas de verão geralmente são menos responsivas à adubação. Elas se beneficiam pelas condições deixadas pela safra anterior.

A soja, plantada em sucessão com o milho, se beneficia dos nutrientes pelo efeito residual das adubações e pela reciclagem da matéria.

O manejo racional da adubação:

  • evita o desperdício de insumos;
  • reduz o trânsito de máquinas na lavoura;
  • reduz os custos de produção;
  • tem menor impacto ambiental.

A sucessão soja-milho-soja

A sucessão soja-milho-soja é o sistema de produção de grãos mais adotado em plantio direto. Nesse sistema, a cultura da soja é plantada na primeira safra e o milho na segunda safra.

Por ser altamente responsiva à adubação, a cultura do milho pode receber doses acima da sua exigência nutricional

A soja é plantada com uma adubação de arranque e se beneficia da adubação residual e da matéria orgânica deixada pelo milho. 

Essa adubação de arranque é essencial em solos de textura arenosa, para não prejudicar o desenvolvimento das plantas.

A soja, por sua vez, beneficia o milho pelos resíduos de nitrogênio deixados no solo.

Além de otimizar as condições de solo, a sucessão soja-milho-soja em sistema de plantio direto também apresenta vantagens operacionais. Ela otimiza a mão de obra e o maquinário. 

Embora a sucessão soja-milho-soja esteja bastante consolidada, é fundamental diversificar a produção

Você pode fazer isso através da rotação de culturas com espécies que tenham propósito comercial e de recuperação do solo.

imagens que demonstram sucessão de soja-milho safrinha-soja

Sucessão de soja-milho safrinha-soja
(Fonte: Constantin et al., 2013)

Rotação de culturas

A rotação de culturas é uma prática que precisa ser planejada para beneficiar as espécies envolvidas. 

A ideia é que a espécie implantada seja favorecida pelas condições deixadas pelas culturas passadas.

A escolha das espécies envolvidas no sistema de rotação deve ser baseada na viabilidade técnica e econômica da atividade.

É importante escolher espécies adaptadas às condições climáticas da região de plantio e com diferentes sistemas radiculares. Isso promove a exploração do solo em profundidade variada. 

A rotação com plantas forrageiras eleva o teor de matéria orgânica do solo e favorece a ciclagem de nutrientes.

Além de melhorar as propriedades do solo, a rotação de culturas também contribui para o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas

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Vantagens e desvantagens da adubação de sistemas

Veja a seguir as vantagens da adubação de sistemas:

  • maior eficiência no uso de nutrientes;
  • redução da quantidade de adubos aplicados;
  • redução dos custos de produção;
  • menor impacto ambiental;
  • evita o desperdício de insumos;
  • aumento da produtividade.

Apesar de todos os benefícios que a adubação de sistemas pode trazer, existe um ponto negativo.

A sucessão de culturas pode provocar a degradação do solo ao longo do tempo, seja física, química ou biológica.

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Conclusão

A adubação de sistemas é uma estratégia de manejo que promove maior aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. A cultura mais responsiva à adubação recebe doses maiores de fertilizantes

A cultura menos responsiva é beneficiada pela ciclagem de nutrientes e pelo efeito residual das adubações realizadas na cultura anterior.

O sistema de plantio direto, a rotação de culturas e a adubação de sistemas contribuem para a sustentabilidade da atividade.

É  importante lembrar que não existe receita de adubação. Avalie seu caso individualmente, e considere todas as características e peculiaridades dos seus sistemas de produção.

Você conhecia a adubação de sistemas? Sabia de todas as vantagens? Conte sua experiência nos comentários.

Tudo o que você precisa saber sobre plantação de arroz

Plantação de arroz: confira as principais orientações para ter sucesso com a lavoura, desde a semeadura até a colheita da safra

O arroz é um dos alimentos mais consumidos no mundo. Os estados do sul do Brasil, principalmente Rio Grande do Sul e Santa Catarina, são os maiores produtores do país. O sistema irrigado predomina nessas lavouras.

A plantação de arroz pode ser feita de formas diferentes, e cada uma exige um nível tecnológico específico. Por isso, conhecer todas as possibilidades é fundamental.

A escolha da cultivar por grupo de maturação, o manejo da água de irrigação e o controle de plantas daninhas, pragas e doenças, e o manejo correto na colheita irá determinar o insucesso ou sucesso de sua safra.

Pensando nisso, preparamos um artigo com tudo o que você precisa para o cultivo de arroz. Vem conferir!

Aspectos gerais da cultura do arroz 

O arroz é o principal alimento da maioria da população mundial. Ele possui ótimo balanço nutricional e permite ser cultivado em diferentes ambientes.

O Brasil é o maior produtor e consumidor do grão fora do continente asiático. Aproximadamente 90% de todo arroz no mundo é cultivado e consumido na Ásia.

Segundo dados da Conab, a área de produção vem crescendo. Porém, não com tanta importância como a produtividade, que teve incremento de 3%.

O sistema de produção predominante no mundo é o irrigado. Nesse sistema, as plantas ficam em um terreno alagado durante quase todo o ciclo.

A região sul do Brasil é a principal produtora de arroz, com predominância do sistema irrigado. O arroz de sequeiro também está presente, e predomina nas demais regiões.

Graças à evolução da tecnologia e dos processos de produção, a plantação de arroz torna-se cada vez mais rentável

Sistemas da plantação de arroz

O plantio de arroz pode ser feito em dois sistemas: sistema sequeiro ou “de terras altas” e sistema irrigado.

1. Arroz sequeiro

É o sistema menos utilizado no Brasil, mais comum no Cerrado. Foi bastante usado na abertura de novas áreas como cultura inicial, por suportar solos ácidos. Atualmente, é utilizado na rotação de culturas.

Você terá um menor custo de implantação nesse sistema. Ele não necessita de irrigação, não exige área plana nem um maquinário específico. 

No entanto, a produtividade da lavoura será consideravelmente menor.

Com a evolução dos sistemas de manejo e desenvolvimento de cultivares, espera-se que a produtividade seja ampliada nesse sistema.

2. Arroz irrigado

Esse sistema de produção é o mais comum. No Brasil, representa aproximadamente 80% de toda área plantada com a cultura.

A produtividade do arroz nesse sistema é 3 vezes maior que no sequeiro, mas o custo de implantação é maior.

Quase 100% das lavouras da região sul, que representa a maior parte das lavouras do Brasil, são cultivadas dessa maneira.

A implantação da lavoura depende de um sistema de irrigação por inundação. Além disso, precisa de uma oferta abundante de água durante o desenvolvimento até próximo da colheita.

Para que a prática seja favorecida, o tipo de solo deve ser naturalmente mal drenado.

Para o plantio de arroz com o sistema irrigado, você deve dividir a área em quadras. Proceda a irrigação através de um canal central, que distribui a água para todas as quadras.

Plantação de arroz sequeiro ou irrigado: O que vale mais a pena?

No Brasil, o sistema irrigado predomina, representando 79,5% das lavouras de arroz. Já o arroz de sequeiro ocupa 20,5% da área plantada

O arroz irrigado geralmente é produzido no sul do Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul, onde o cultivo passa parte de seu ciclo com a presença de uma lâmina d’água. 

O arroz de terras altas, ou arroz de sequeiro, é produzido no norte do Brasil. Inicialmente usado para abertura de áreas e recuperação de pastagens degradadas, hoje é cultivado em sistemas de rotação de culturas.

Embora tenha menor produtividade média (2,35 ton/ha contra 7,13 ton/ha do arroz irrigado), o arroz de sequeiro exige menor investimento inicial e tolera solos ácidos. Já o arroz irrigado, apesar de mais produtivo, depende de áreas planas, disponibilidade de água e maior aporte financeiro.

Para decidir entre os sistemas, inclua no planejamento agrícola todos os custos, previsão de produtividade e tempo necessário. Baseie-se em dados para fazer a escolha mais estratégica e assertiva.

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Qual a diferença entre plantio convencional, plantio direto e cultivo mínimo para arroz?

O plantio convencional do solo é o mais tradicional no Brasil. Ele demanda um preparo de solo que incorpora a camada superficial, destrói restos culturais e plantas daninhas

No plantio direto, o solo não é mecanicamente preparado, sendo revolvido apenas no sulco para distribuir sementes e adubos. O sistema se baseia na rotação de culturas e na manutenção da palhada.

Se a rotação de culturas for mal feita (ou não for feita), problemas com compactação, doenças e pragas podem ser mais graves que no sistema convencional. 

Já no cultivo mínimo, é feito apenas um preparo leve do solo (revolvimento de camadas muito superficiais) com intuito de proporcionar a emergência de plantas daninhas, facilitando o manejo em pré-plantio. 

Em ambos, o arroz é semeado em solo seco. Outros sistemas de plantação de arroz irrigado são o sistema pré-germinado, mix e transplante de mudas.

Qual o local e época de semeadura do arroz?

Escolha uma área plana para facilitar as operações de manejo. Se optar pelo sistema irrigado, a área deve seguir alguns padrões que permitam a irrigação.

Faça a correção de pH e a adubação recomendada para a cultura. Não se esqueça de controlar plantas daninhas e pragas iniciais para obter altas produtividades.

Escolha bem a época de semeadura para a plantação de arroz. A época determina as condições climáticas a que a planta será exposta em seu desenvolvimento.

Além disso, você deve se preparar para condições adversas na semeadura, como muitas chuvas. Para isso, mantenha o sistema de drenagem da área sempre em bom estado.

Para o estado do Rio Grande do Sul, a época de plantio do arroz varia de 21 de setembro a 10 de dezembro

Em Santa Catarina, o período ideal é entre 11 de agosto a 10 de janeiro. Planeje o plantio de acordo com o zoneamento da sua região e ciclo da cultivar.

Quando é feita a colheita do arroz?

Embora os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins detenham cerca de 80% da produção de arroz no Brasil, os cultivos se espalham por todo o país.

Por conta da enorme extensão territorial e diferentes condições climáticas dessas regiões, as épocas de plantio e colheita variam.

Por conta dessa variação em todo o Brasil, o ponto de colheita do arroz é melhor definido pelo teor de umidade de seus grãos, que devem estar entre 18% e 23%.

Além disso, as mudanças de cor na casca do grão indicam maturidade e podem ajudar na tomada de decisão.

Quando ao menos 2/3 dos grãos da panícula apresentarem essa característica, pode-se proceder com a colheita.

Plantação de arroz: Escolha de cultivares

O potencial genético da cultivar é responsável por 50% do rendimento final da lavoura. Escolha a cultivar adequada para o seu sistema de plantio, região e solo. Essa decisão pode determinar o sucesso ou fracasso da sua plantação de arroz, além de evitar quebra de safra.

Tenha no seu planejamento informações que te ajudem a decidir por uma ou outra cultivar:

  • adaptação da cultivar à região;
  • produtividade e estabilidade;
  • ciclo da cultivar;
  • resistência/tolerância a doenças;
  • assistência técnica;
  • empresas produtoras;
  • experiências regionais;
  • experiência em safras passadas.

Você encontra na internet a listagem das cultivares registradas no Mapa, recomendadas para tipo de sistema, safra e local

Qual sistema de semeadura optar a plantação de arroz?

Você pode optar por utilizar transplantio, semente seca ou pré-germinada em plantio direto, cultivo mínimo ou plantio convencional.

A implantação de uma lavoura de arroz por transplantio é pouco difundida no Brasil, e é recomendada para a produção de sementes de alta qualidade. 

Isso porque permite ter alta pureza varietal e facilita o controle de plantas daninhas.

No plantio direto, faça a semeadura com semente seca ou pré-germinada sem revolvimento. Dê preferência a esse sistema quando utilizar a mesma área com outras culturas na entressafra do arroz.

O custo de implantação de lavoura com plantio direto pode ser 2 vezes mais barato que o convencional. Escolha uma densidade de semeadura maior nesse sistema. Inicie a irrigação com banhos e posteriormente à inundação do solo. 

Faça o preparo leve do solo, revolvendo a camada superficial quando tiver problemas com plantas daninhas. Esse sistema chama-se cultivo mínimo.

O revolvimento da camada mais superficial do solo expõe as daninhas, o que facilita o manejo pré-plantio

Esse preparo também auxilia na formação de lama, nivelamento e alisamento do solo.

Realize o cultivo mínimo com o solo alagado. Após o preparo, faça a semeadura com sementes secas ou pré-germinadas.

Sistema pré-germinado

Faça o preparo do solo para eliminar plantas daninhas e pragas, bem como incorporar a palha restante do cultivo anterior. Esse preparo não deve ser próximo a semeadura.

Antes da semeadura, proceda com a adubação da lavoura e inundação para formar lama e nivelar o solo.

Para a semeadura, mantenha uma lâmina de água de 5 cm e plante a semente pré-germinada a lanço.

Se houver incidência de arroz vermelho, mantenha a lâmina de água após a semeadura. Caso contrário, drene de 2 a 4 dias após a semeadura, mantendo por até 4 dias.

Manejo integrado de pragas e doenças

O MIP (Manejo Integrado de Pragas) é o alicerce para a lucratividade em qualquer cultivo. Nesse sistema, a utilização de métodos de controle consorciados otimizam o controle das pragas e doenças. Além disso, o MIP protege ainda mais a lavoura e reduz custos com controle.

Faça monitoramento e utilize controle cultural e biológico como preventivos. Caso a população de alguma praga atinja o nível de dano econômico, faça uso de agroquímicos recomendados.

Tenha o controle dos dados obtidos durante o ciclo da cultura, planeje suas ações antes de colocar em prática.

Controle de plantas daninhas no cultivo de arroz

O arroz é uma cultura muito prejudicada pela competição com plantas daninhas, como o capim-arroz e o arroz-vermelho, além de algumas plantas aquáticas como grama boiadeira e aguapés.

Escolha sementes de procedência e qualidade, livre de mistura varietal e contaminação. O manejo na entressafra é vital para o controle de daninhas e sucesso da safra. Faça roçadas e dessecação com herbicida.

Revolva o solo para expor as sementes de invasoras para estimular a germinação e facilitar o controle. Junto disso, use a rotação de culturas com soja e milho, que são culturas populares e eficientes para a prática. .

Proceda com a inundação da área 20 a 30 dias antes da semeadura no sistema pré-germinado. Mantenha a lâmina d’água durante o ciclo em áreas infestadas de arroz vermelho.

Atenção à qualidade da água: água limpa reduz a incidência de plantas aquáticas invasoras. Planeje estrategicamente o uso de herbicidas ao longo do ciclo da cultura para otimizar os custos.

A aplicação dos herbicidas deve seguir o tipo de cultivar e o produto escolhido:

  • Para cultivares de ciclo curto: 15 a 20 dias após emergência;
  • Para cultivares de ciclo longo: 25 a 30 dias após emergência.
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Colheita do arroz

Planeje bem a sua safra para que a época de colheita não coincida com época de chuvas. 

Tenha a colhedeira preparada para que, numa situação dessa, a colheita seja feita no menor tempo possível.

Na lavoura irrigada, interrompa o fornecimento de água 10 dias após a floração de 50% das panículas. Retire toda a água da lavoura para colher o arroz.

O tempo que a plantação de arroz demora do plantio à colheita depende da época e local de semeadura, além do ciclo da cultivar. Veja os grupos de maturação:

  • super-precoce (menos de 100 dias no RS);
  • precoce (110-120 dias no RS; até 120 dias em SC);
  • médio (120 a 130 dias no RS; 120 a 135 dias em SC);
  • semi-tardio (mais de 130 dias no RS; 135 a 150 dias em SC);
  • tardio (mais de 150 dias em SC).

Cultivares de ciclo super-precoce permitem colher mais cedo com melhores preços. Também é possível uma segunda colheita com a soca na mesma safra.

A utilização de cultivares precoces facilita o planejamento da safra, escalonando semeadura, tratos culturais e colheita.

Cultivares com menor tempo de ciclo são recomendadas onde há possibilidade de clima adverso nas principais fases de desenvolvimento. A produtividade será maior em cultivares de ciclo mais longo.

Inicie a colheita quando os grãos estiverem com 20% de umidade. O atraso pode reduzir o rendimento de grãos inteiros, depreciar o produto.

Após a colheita os grãos devem ser secados até atingir 13% de umidade, o que habilita o seu armazenamento

Armazene em local adequado: procure um local arejado e seco, com controle de insetos e roedores. 

Guia completo de análise e manejo dos principais nematoides no algodão

Nematoides no algodão: conheça as principais espécies e seus sintomas, o que é a análise nematológica e como é realizado o manejo desses parasitas nos algodoais.

Os nematoides podem causar inúmeros danos às lavouras. Além disso, sua presença pode facilitar a entrada de fungos nas plantas.

Saber identificar os nematoides e determinar seu nível populacional é essencial. Assim, você consegue traçar um plano de manejo eficiente no controle desses parasitas.

Neste artigo, você conhecerá os principais nematoides da cultura do algodão. 

Você também terá um guia completo de como realizar a amostragem para análise nematológica, e assim conseguirá se planejar melhor. Confira!

Principais nematoides no algodão

No Brasil, três espécies de nematoides causam grandes prejuízos à cultura do algodão

As espécies de maior importância econômica são:

Esses nematoides estão amplamente disseminados nas regiões produtoras de algodão. Além disso, têm causado prejuízos a diversas outras culturas como soja, feijão, milho e cana-de-açúcar.

A ausência de sintomas evidentes pelo ataque de nematoides faz com que alguns sintomas sejam confundidos com problemas de compactação do solo, desequilíbrios nutricionais e estresse hídrico

Nematoide das galhas (Meloidogyne incognita)

Os nematoides das galhas têm grande importância econômica. Eles afetam diversas espécies de plantas cultivadas e não-cultivadas.

Têm maior ocorrência em condições de clima quente e em solos arenosos e médio-argilosos.

Na parte aérea das plantas atacadas por nematoides das galhas, é possível observar o amarelecimento com aspecto mosqueado das folhas (sintoma de “carijó”). Esses parasitas prejudicam o desenvolvimento das plantas. 

Plantas afetadas apresentam sistema radicular menos desenvolvido e com menor número de raízes secundárias.

Outro sintoma é a formação de galhas nas raízes. Elas ocorrem em função da penetração e infecção pelo nematoide.

O sintoma de galha facilita a identificação em campo.

Galhas nas raízes da planta de algodão provocadas por M. incognita

Galhas nas raízes da planta de algodão provocadas por M. incognita
(Fonte: LSU College of Agriculture)

Nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis)

O nematoide reniforme possui um grande número de hospedeiros. 

Além disso, tem a capacidade de sobreviver em condições adversas. Isso possibilita sua sobrevivência na área mesmo na ausência do hospedeiro.

O nematoide reniforme pode ser encontrado em vários tipos de solo. 

Lavouras de algodão com sintomas provocados por esse parasita podem apresentar plantas de tamanho reduzido e menor volume de raízes.

Dependendo do nível populacional de nematoides e da suscetibilidade da cultivar, pode ser observado o sintoma de “carijó” nas folhas. 

Nesse caso, as folhas apresentam áreas amareladas que necrosam com o tempo.

Sintoma de “carijó” em folha de algodão causado pelo nematoide reniforme

Sintoma de “carijó” em folha de algodão causado pelo nematoide reniforme
(Fonte: Galbieri et al., 2015)

Nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus

A espécie Pratylenchus brachyurus é conhecida como nematoide das lesões radiculares

Esse nematoide tem ampla gama de hospedeiros (inclusive plantas daninhas). Tem maior ocorrência em solos de textura média.

Ele destrói o sistema radicular das plantas, provocando sintomas como podridão e necrose, diminuindo o número de radicelas. 

As plantas afetadas também podem apresentar clorose e murchamento.

 À esquerda, raízes necrosadas pelo parasitismo do nematoide das lesões radiculares. À direita, galhas provocadas por Meloidogyne incognita (plantas com 80 dias após a inoculação)

 À esquerda, raízes necrosadas pelo parasitismo do nematoide das lesões radiculares. À direita, galhas provocadas por Meloidogyne incognita (plantas com 80 dias após a inoculação)
(Fonte: Boletim P&D – IMAmt)

Interação entre nematoides e fungos de solo

A associação entre nematoides e fungos de solo é bastante comum. 

O ataque dos nematoides aos tecidos radiculares facilita a entrada de fungos fitopatogênicos na planta

Além disso, predispõe fisiologicamente as plantas de algodão a ação do fungo.

Nematoide das galhas, nematoide reniforme e nematoide das lesões radiculares apresentam associação com fungos do gênero Fusarium e Verticillium

Assim, doenças causadas por esses fungos são favorecidas na presença desses nematoides.

Análise nematológica

A análise nematológica tem por objetivo quantificar a população de nematoides e também identificar as espécies parasitas. 

A avaliação é feita somente em laboratório. O eficiente manejo de nematoides está diretamente relacionado à análise nematológica. 

É preciso ter conhecimento das espécies presentes na área e seu nível populacional para estabelecer estratégias de controle. Conhecer o histórico da área também é fundamental.

Quando fazer a amostragem

A amostragem deve ser realizada durante o florescimento da cultura

É nessa fase que as plantas estão em pleno desenvolvimento. Os nematoides podem ser encontrados em elevados níveis populacionais nas raízes e no solo.

No final da fase reprodutiva, as raízes das plantas entram em senescência e a população de nematoides diminui.

Material para amostragem

Confira quais materiais são necessários para a coleta das amostras de solo e raízes:

  • balde;
  • enxada;
  • pá;
  • tesoura de poda;
  • sacos plásticos (previamente identificados);
  • caixa térmica.

Como coletar as amostras

Para a coleta das amostras, caminhe em zigue-zague pela área. A coleta deve ser feita na linha de plantio a uma profundidade de 25 cm.

Em áreas com suspeita de ocorrência de nematoides reniformes, a profundidade de amostragem deve ser entre 20 cm e 40 cm.

O material coletado deve conter solo e raízes finas da cultura de interesse agronômico. 

O solo coletado deve ser aquele que se encontra localizado próximo ao sistema radicular da planta.

Em relação ao número de subamostras, amostre entre 20 e 25 pontos a cada 10 hectares, no máximo.

As subamostras devem ser homogeneizadas em um balde, formando uma amostra composta. 

A amostra composta deve ser formada por aproximadamente 500 g de  solo e 50 g de raiz por área amostrada.  

Armazene as amostras em sacos plásticos previamente identificados com uma ficha de coleta. As raízes e o solo devem estar acondicionados no mesmo saco plástico.

Na ficha de coleta, insira informações como:

  • número da amostra;
  • cultivar plantada;
  • sintomas;
  • tipo de solo;
  • sistema de plantio;
  • data de semeadura;
  • local;
  • data da coleta. 

Transporte as amostras até o laboratório de nematologia o mais rápido possível

Os sacos de amostras podem ser armazenados em caixas térmicas durante esse processo, para melhor conservação do material. 

Caso o material não seja levado rapidamente para o laboratório, você pode armazená-lo em geladeira por um período máximo de 4 dias.

No laboratório, é realizada a extração e isolamento dos nematoides presentes na amostra. Após esse processo, os nematoides são identificados e quantificados.

Esquema de amostragem, homogeneização, acondicionamento, identificação, transporte de amostras de solo e raiz da cultura do algodoeiro para quantificação de fitonematoides

Esquema de amostragem, homogeneização, acondicionamento, identificação, transporte de amostras de solo e raiz da cultura do algodoeiro para quantificação de fitonematoides
(Fonte: Galbieri et al., 2015)

Cuidados na amostragem

Veja alguns cuidados que você deve adotar na coleta das amostras para análise nematológica:

  • não realizar a amostragem quando o solo estiver muito seco ou muito úmido;
  • não molhar o solo para facilitar a coleta;
  • não coletar amostras no centro de reboleiras de plantas com severos sintomas;
  • na presença de reboleira de plantas com sintomas, a amostragem deve ser feita nas plantas da periferia da área afetada;
  • coletar apenas raízes vivas da cultura de interesse agronômico;
  • utilizar sacos plásticos resistentes e limpos para armazenar as amostras;
  • identificar corretamente as sacos plásticos;
  • não deixar as amostras expostas ao sol ou à condições de altas temperaturas;
  • utilizar caixas térmicas para o transporte das amostras até o laboratório;
  • os equipamentos utilizados na amostragem devem ser limpos ao mudar o talhão de coleta.

Manejo de nematoides no algodão

A primeira medida de controle é evitar a contaminação da área. 

Para isso, não esqueça de limpar os implementos agrícolas ao mudar de talhão. Isso evita que torrões de terra contendo nematoides sejam transportados para uma área isenta. 

Para a redução do nível populacional de nematoides na área, a rotação de culturas com espécies que não são hospedeiras desses parasitas é uma boa opção. 

O manejo de nematoides também envolve o uso de genótipos tolerantes e o controle de plantas daninhas no período da entressafra.

A nutrição balanceada da lavoura também é essencial para aumentar a tolerância das plantas ao ataque de nematoides.

O controle biológico com bactérias e fungos nematógafos também é indicado para o manejo. No Brasil, já é possível encontrar no mercado alguns nematicidas biológicos

Outro método de controle é o químico

Abaixo estão listados alguns produtos registrados pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para o controle de nematoides na cultura do algodão

tabela de nematicidas registrados para a cultura do algodão no Brasil, segundo o Mapa

Nematicidas registrados para a cultura do algodão no Brasil, segundo o Mapa
(Fonte: adaptado de Boletim P&D – IMAmt)

planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

Três espécies de nematoides causam danos à cultura do algodão no Brasil: nematoide das galhas, nematoide reniforme e nematoide das lesões radiculares.

Doenças provocadas por fungos do gênero Fusarium e Verticillium são favorecidas na presença desses parasitas.

Caso encontre sinais dos nematoides em sua lavoura, faça a análise nematológica o mais rápido possível. 

Nessa análise, você terá a quantificação e a identificação dos nematoides presentes na amostra. 

Ao realizar o manejo, lembre-se que práticas culturais, controle químico e biológico, e o plantio de cultivares tolerantes são as melhores opções.

>> Leia mais:

“Como a crotalária controla nematoides em sua lavoura”

Você já enfrentou problemas com nematoides no algodão? Realizou a análise nematológica? Quais estratégias de manejo adotou? Conte sua experiência nos comentários.