Como evitar a fitotoxicidade por herbicidas no café e o que fazer caso ela ocorra

Fitotoxicidade por herbicidas no café: entenda os principais pontos para evitar os danos da deriva de herbicidas e como atuar em lavouras afetadas por isso

Como evitar a fitotoxicidade por herbicidas no café e o que fazer caso ela ocorra

As plantas daninhas do café dão a maior dor de cabeça na lavoura, não é mesmo? Principalmente nas fases iniciais de implantação do café, estamos sempre de olho nas invasoras.

Para controlá-las podemos recorrer ao uso de consórcios na entrelinha, ao controle mecânico com trincha ou roçadora e, mais comumente, aos herbicidas.

Embora os herbicidas tenham facilitado o manejo de diversas daninhas no café, quando erramos o alvo, o tiro pode sair pela culatra. Com isso, essa ferramenta pode se tornar um problema, atrapalhando o crescimento e desenvolvimento da lavoura. 

Separei algumas dicas de como evitar a fitotoxicidade por herbicidas no café e como proceder caso ela ocorra. Confira!

Entenda a fitotoxicidade por herbicidas no café

Quando aplicamos herbicidas no café, nosso alvo são as plantas daninhas. Portanto, as aplicações devem atingi-las para que o controle seja efetivo.

Quando erramos o alvo, temos uma eficácia de controle reduzida, gastos desnecessários – pois estamos “jogando produto fora” – mas também podemos causar danos ao cafeeiro. É isso que chamamos de fitotoxicidade por herbicidas, aquela história de “deu uma fito na lavoura”. 

A fitotoxicidade por herbicidas no café é fruto de aplicações feitas em condições ambientais impróprias, com má regulagem do equipamento e/ou sem as devidas precauções durante o processo, causando deriva do herbicida. 

Isso é relativamente comum no caso de aplicações de glifosato, herbicida bastante utilizado e não seletivo. Mas esse problema ocorre para outros herbicidas também.

Mas, então, como evitar que a aplicação de herbicidas cause fitotoxicidade no cafeeiro? Veremos isso a seguir!

3 passos para evitar a fitotoxicidade por herbicidas no café

O alvo das aplicações de herbicida são as plantas daninhas, não o café. Mas, por mais que estejamos “mirando” o alvo, alguns pontos devem ser levados em conta para garantir o sucesso da aplicação e evitar a fitotoxicidade no café.

Fatores do ambiente, da regulagem do equipamento e da experiência do operador podem afetar a aplicação.

1 – Aplique nas melhores condições possíveis

O ambiente influencia o sucesso das aplicações de herbicida. 

Condições de umidade relativa abaixo dos 50%, temperaturas acima de 30℃ e velocidade dos ventos acima de 10 km/h inviabilizam a operação!

Os dois primeiros fatores (temperatura e umidade) podem favorecer a volatilização dos compostos, os quais podem atingir o café. Os ventos podem, por si só, causarem a deriva da aplicação até o cafeeiro

Isoladamente, cada um desses fatores afeta negativamente a operação, mas a combinação deles é pior

Por isso, prefira horas mais amenas do dia, com pouco vento e dias com umidade do ar maior. 

É claro que, na prática, dificilmente esse cenário ideal é alcançado para todos os fatores, mas é sempre necessário buscar as melhores condições.

2 – Regule bem os implementos

O ambiente é importantíssimo, mas a maior responsável pela fitotoxicidade por herbicidas no café é a má regulagem dos equipamentos ou uso de equipamentos errados. 

Seja na aplicação manual ou mecanizada, regule a vazão correta de acordo com a recomendação de aplicação. A regulagem também deve levar em conta as condições ambientais, como mostra a figura abaixo.

tabela com informações de regulagem do tamanho de gota de acordo com as condições ambientais

Regulagem do tamanho de gota de acordo com as condições ambientais
(Fonte: Jacto)

Prefira bicos antideriva com indução de ar para evitar problemas e mantenha a barra de aplicação mais baixa e próxima ao dossel das invasoras, para evitar deriva ao café.

Não comece a aplicação sem antes ter tudo bem regulado e pare a aplicação se verificar algum problema!

Proteja o cafezal

Uma maneira de evitar deriva e fitotoxicidade por herbicidas no café é o uso de protetores. Eles são utilizados principalmente em aplicações manuais e evitam que o produto se espalhe fora do local de aplicação desejado. 

imagem de Chapéu protetor para evitar a deriva da aplicação de herbicidas

Chapéu protetor para evitar a deriva da aplicação de herbicidas
(Fonte: Jacto)

3 – Utilize outros métodos de controle

É importante ressaltar que existem opções para reduzir os efeitos negativos de herbicidas que não estão diretamente relacionadas à sua aplicação. O uso de métodos de controle alternativos, reduz o uso de herbicidas e, consequentemente, as possibilidades de deriva.

O controle de plantas daninhas (assim como o de pragas e doenças) deve ser feito dentro de um programa de manejo integrado. 

Assim, o uso de herbicidas não é (ou não deveria ser…) o único método de controle de daninhas no cafezal. Podemos e devemos lançar mão, sempre que possível, de controle mecânico e cultural.

O controle mecânico está relacionado ao uso de trincha e/ou roçadora na entrelinha do cafezal. 

Já o controle cultural está relacionado ao espaçamento da lavoura e uso de culturas intercalares. 

Menor espaçamento reduz a incidência de luz e, consequentemente, de daninhas. Já as culturas intercalares “abafam” as daninhas e tornam-se as espécies dominantes. 

Existem várias opções de espécies, mas as braquiárias têm se mostrado eficientes nesse quesito, pois são perenes e tem grande produção de biomassa, reduzindo as infestações. 

Manejo pós-fitotoxicidade na lavoura

Ainda é incerto qual é o melhor manejo após a ocorrência da fitotoxicidade de herbicidas. Afinal, existem vários herbicidas que podem causar esse problema e vários graus de fitoxicidade que o cafeeiro pode ter sofrido. 

Além disso, cultivares de café têm diferentes tolerâncias aos danos por herbicidas.

Em sua dissertação de mestrado, Alecrim (2016) estudou os efeitos da aplicação de sacarose na recuperação e desintoxicação de mudas de café atingidas por deriva de glifosato

O autor conclui que a aplicação de sacarose na concentração de 2% em até uma hora após a ocorrência da deriva pode ajudar na recuperação do cafeeiro.

Outros estudos devem ser feitos para verificar outras alternativas e efeitos sobre outros herbicidas.

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Conclusão

Como pudemos acompanhar ao longo do texto, existem alguns herbicidas disponíveis para serem utilizados no manejo de daninhas na cultura do cafeeiro. Todos ele têm potencial para causar fitotoxicidade no café.  

De qualquer maneira, existem boas práticas que podem ser empregadas para evitar a deriva e a fitotoxicidade por herbicidas no café. O importante é acertar o alvo, ou seja, as daninhas!

Condições ambientais ideais devem ser preferidas para a aplicação dos herbicidas. Além disso, a vazão de aplicação deve ser ajustada e os bicos devem estar bem regulados! 

Vimos que, caso ocorra danos ao cafeeiro, uma alternativa pode ser a aplicação foliar de sacarose. Mas ainda são necessários novos estudos sobre esse tema. 

De qualquer forma, por algum tempo o café irá sentir a fitotoxicidade por herbicidas até que se recupere.

>>Leia mais:

10 dicas para melhorar a gestão da sua lavoura de café

Tudo o que você precisa saber sobre a produção de cafés especiais

Você já teve problemas de fitotoxicidade por herbicidas no café? Como você faz para evitar ou remediar essa situação? Conte para gente nos comentário!

O que você precisa saber sobre manejo das viroses no trigo

Viroses no trigo: conheça as principais, os sintomas, vetores e as medidas de controle mais eficazes.

As viroses são importantes doenças na cultura do trigo e podem causar redução de até 60% na produção dos grãos.

Mas como evitar que esses vírus atinjam a lavoura? 

Como identificar os principais sintomas das doenças e quais as melhores formas de manejo? Confira a seguir!

Importância do trigo e as doenças que ocorrem na cultura

O trigo é a principal cultura de inverno no país. Segundo estimativa da Conab, houve incremento de 14% na área plantada nesta safra em relação à passada devido aos preços atrativos do grão.

Com isso, a produção estimada é de 6,832 milhões de toneladas, com 2,329 milhões de hectares cultivados (Conab).

A triticultura está distribuída em vários estado do Brasil, podendo ser cultivada como sequeiro ou irrigada. Rio Grande do Sul, Paraná (maior área plantada), Santa Catarina, São Paulo, Distrito Federal, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul são os principais produtores.

Como acontece com outras culturas agrícolas, o trigo pode ser afetado por doenças causadas por fungos, bactérias e vírus. Algumas das principais doenças do trigo são:

  • mancha amarela;
  • ferrugem da folha do trigo;
  • oídio;
  • podridão comum de raízes;
  • mancha marrom;
  • giberela;
  • brusone;
  • estria-bacteriana;
  • mosaico comum do trigo;
  • nanismo amarelo da cevada.

Nesta lista, falamos de duas doenças de origem viral. Você já ouviu falar ou teve problemas com elas na sua lavoura?

Mas, antes, vou explicar melhor como acontecem as viroses.

O que são as viroses nas culturas agrícolas?

As viroses são doenças causadas por vírus – pequenos agentes infecciosos que não possuem metabolismo próprio. Ou seja, os vírus precisam do metabolismo do organismo parasitado, no caso as plantas, para a replicação. Por isso, é chamado de parasita obrigatório.

A partícula viral é bastante simples, constituída de moléculas de DNA ou RNA de fita simples ou dupla, sendo, ainda nesta partícula, moléculas proteicas e podem apresentar um envelope lipoproteico. 

Algo muito importante para as viroses é entender sobre seu controle. O manejo deve ser preventivo, como vou explicar melhor adiante.

Na cultura do trigo, as principais viroses são o mosaico comum do trigo e o nanismo amarelo da cevada.

Aqui no Blog do Aegro nós já falamos sobre doenças fúngicas e bacterianas do trigo. Confira no artigo “As principais doenças de culturas de inverno e como combatê-las”.

Viroses no trigo: mosaico comum do trigo

O mosaico comum do trigo é causado pelo vírus Soil-borne wheat mosaic virus (SBWMV). É transmitido pelo protozoário Polymyza graminis (habitante do solo – parasita de raízes de algumas plantas), que, quando presente no solo, se espalha através de esporos que são liberados com a água da chuva.

Além do SBWMV, o vírus Wheat spindle streak virus (WSSMV) também está associado à doença, que tem o mesmo vetor.

A lavoura afetada por esta virose pode chegar a registrar até 60% de redução no peso dos grãos.

O mosaico comum pode também ser identificado como mosaico verde, mosaico amarelo, mosaico estriado do trigo, virose da estria amarela do trigo e mosaico roseta

Esta doença é detectada em regiões frias como nos estados do Rio Grande do sul, Paraná e Santa Catarina. 

A temperatura ótima para seu desenvolvimento é de 16℃. Temperaturas acima de 20℃ cessam seu desenvolvimento.

O mosaico comum do trigo começou a ter importância pela adoção do sistema de plantio direto. Além de áreas com compactação do solo e encharcamento, cultivos que apresentaram alta precipitação favorecem o vetor do vírus.

Além do trigo, a virose afeta as culturas de centeio, triticale e cevada.

Sintomas e manejo do mosaico comum do trigo

Como sintoma do mosaico comum do trigo você pode observar, nos estádios iniciais da cultura, estrias amarelas, que são paralelas à nervura. 

Pode surgir ainda o sintoma roseta, que paralisa o crescimento da planta e afilhamento exagerado. A doença é o maior problema logo após o plantio da cultura.

Essa virose pode causar danos consideráveis, principalmente quando se utiliza cultivares suscetíveis.

foto de Douglas Lau - Listras amarelas são o principal sintoma do mosaico

(Fonte: Douglas Lau em Embrapa)

No campo, normalmente, você observa a doença em reboleira, por causa da distribuição do vetor no solo.

infográfico com Ciclo do mosaico comum do trigo e da Polymyza graminis

Ciclo do mosaico comum do trigo e da Polymyza graminis}
(Fonte: Reis e Danelli)

A rotação de cultura não é eficiente para esta doença, por isso, as medidas de manejo devem ser preventivas utilizando cultivares resistentes.

Nanismo amarelo da cevada

Esse nanismo é causado pelo vírus Barley yellow dwarf virus (BYDV), com maior ocorrência na região sul do Brasil. Dados indicam que podem ocorrer perdas de até 50% dos grãos devido à virose.

O vírus é transmitido por afídeos (pulgões), de forma persistente circulativa, com aquisição de 15–60 minutos e transmissão de 24h a 48 horas. Os afídeos são favorecidos por tempo seco e temperaturas amenas.

Há uma ampla gama de hospedeiros do vírus além do trigo como arroz, aveia, cevada, centeio, milho e outras.

E, como o próprio nome da doença sugere, a planta com a virose sofre nanismo, interferindo no seu desenvolvimento, e há amarelecimento das folhas.

Sintomas e manejo do nanismo

Como sintomas, é comum observar que as folhas bandeiras ficam eretas e de coloração amarelo brilhante. 

Essa folha pode morrer precocemente e causar escurecimento na espiga. Os grãos de plantas infectadas ficam chochos e enrugados.

foto com Sintomas do nanismo amarelo da cevada com pulgões Rhopalosiphum padi

Sintomas do nanismo amarelo da cevada com pulgões Rhopalosiphum padi
(Fonte: Douglas Lau em Embrapa)

Medidas de manejo para a virose do nanismo amarelo da cevada são:

Um recente vírus identificado no trigo no Brasil: WhSMV

O Wheat stripe mosaic virus (WhSMV) foi relatado no final de 2018 em um estudo realizado pela Embrapa Trigo, em parceria com a Biotrigo Genética, Universidade Federal de Santa Catarina e outros órgãos.

Este estudo foi sobre a população viral e manejo do mosaico comum do trigo, o que acabou descobrindo mais um vírus que está associado a esta doença. Isso foi possível através de técnicas de sequenciamento genético.

Então, além do SBWMV e, posteriormente, do WSSMV associado ao mosaico comum do trigo, também foi identificado o WhSMV.

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

As viroses são importantes doenças para a cultura do trigo, podendo causar perdas de até 60% nos grãos.

Neste texto, falamos das duas principais viroses para a triticultura que são mosaico comum e nanismo amarelo.

Agora que você sabe sobre os sintomas e o manejo, que deve ser preventivo, reduza as perdas com viroses na sua lavoura de trigo.

Você teve problemas com viroses na cultura do trigo na sua lavoura? Como realizou o manejo da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Semeadura no pó: quando vale a pena arriscar?

Semeadura no pó: riscos, recomendações, qual a importância da água nesse momento e mais!

A escolha do momento da semeadura é fundamental para o sucesso da lavoura.

Apesar disso, entra safra e sai safra e a dúvida é: espero a chuva ou semeio no pó?

Semear no pó é uma decisão arriscada, que pode comprometer o estabelecimento de seu estande, uma vez que a presença de água no solo é essencial para a germinação.

Pensando nisso, separei algumas informações sobre a semeadura no pó e como manejar essa situação no dia a dia no campo. Confira a seguir!

Semeadura no pó: momento de semear

Iniciar a semeadura logo após o fim do vazio sanitário é ideal para se ter uma janela de plantio para realizar a safrinha na mesma área.

Além disso, semear assim que possível auxilia no escalonamento do plantio em grandes áreas.

Contudo, acabou o vazio sanitário, estamos há vários dias sem chuva e o solo continua seco. Nesse momento vem a dúvida: esperar ou não as chuvas para iniciar o plantio?

As sementes são seres vivos, assim, a água é fundamental para realização de diversos processos.

A água tem de estar presente desde a germinação até o enchimento de grãos, sendo o principal fator limitante da produção.

Então, o momento ideal de semear é quando a umidade do solo for o suficiente para que as sementes absorvam a quantidade de água suficiente para poderem germinar e emergir.

Quantidade de água necessária para germinação e emergência

As sementes adquiridas para o plantio apresentam teor de água de 10% a 13%. Contudo, esses valores são adequados para armazenamento e não para a plantio.

Para início e continuidade do processo de germinação, o teor de água das sementes deve aumentar.

Veja abaixo o teor de água que as sementes de milho (albuminosas) e de soja ou feijão (exalbuminosas) precisam ter durante a germinação para emissão da radícula:

gráfico com teor de água que as sementes de milho (albuminosas) e de soja ou feijão (exalbuminosas) precisam ter durante a germinação para emissão da radícula

(Fonte: Esalq/USP)

Para que as sementes absorvam essa quantidade de água, o solo deve ter uma umidade de 50% a 85% de água disponível.

Desse modo, a quantidade de água presente no solo é suficiente para garantir que ocorra germinação e emergência das sementes.

Então, é importante conhecer a capacidade de retenção de água do solo que você irá semear, pois essa quantidade de água varia de acordo com o tipo de solo, compactação, sistema de produção, entre outros.

O que acontece se realizar a semeadura no pó?

Ao semear em solo seco, é como se você estivesse armazenando as sementes em condições de pouca umidade, alta temperatura e presença de microrganismos.

Se as sementes permanecerem nessa combinação de fatores durante um período superior a 15 dias, a germinação é drasticamente afetada.

O calor e falta de água faz com que as sementes respirem mais e se desenvolvam lentamente, ficando mais expostas ao ataque de pragas e microrganismos do solo.

A porcentagem, velocidade e uniformidade de germinação é afetada, podendo ocorrer perdas de 50% da produção.

Além disso, na cultura da soja ocorre perda da eficiência da inoculação, reduzindo a quantidade de bactérias viáveis.

Na prática, semeando no pó você pode perder a sua inoculação.

Outro fator bastante importante é a quantidade de chuva após dias de estiagem.

Se acaso você semear e ocorrer uma chuva de poucos milímetros, as sementes podem absorver água, entretanto, não será o suficiente para completar a germinação e emergir. Assim, ocorre morte das sementes e, consequentemente, falhas no seu estande.

Em casos de muitas falhas no estande, recomenda-se realizar a ressemeadura, resultando em tempo perdido e, principalmente, aumento do custo da lavoura.

foto que mostra falha na emergência de plântulas em campo

Falha na emergência de plântulas em campo
(Fonte: Conesul News)

Estratégias para otimizar a semeadura no pó

Apesar de não ser uma técnica recomendável, caso seja extremamente necessário realizar a semeadura em solo seco, você deve levar em consideração alguns fatores como:

Qualidade das sementes

Utilizar sementes com alta porcentagem de germinação e vigor é fundamental. Sementes de alta qualidade suportam por um período maior condições adversas, como a pouca umidade do solo, neste caso. 

Além disso, apresentam desenvolvimento mais rápido se comparada a sementes de qualidade inferior.

Por isso, é muito importante que você utilize sementes certificadas, que possuam qualidade garantida!

Tratamento das sementes

O tratamento de sementes pode ser um forte aliado caso você deseje realizar a semeadura no pó.

Como o desenvolvimento das sementes é mais lento pela falta de água e alta temperatura do solo, o tratamento com fungicida previne o ataque de microrganismos e pragas, que aceleram a deterioração das sementes.

Veja na figura abaixo sementes com e sem tratamento em condições de baixa umidade do solo:

semeadura no pó - gráfico de emergência e umidade do solo de sementes com e sem tratamento

 (Fonte: SEEDNews)

Inoculação

Para promover uma nodulação adequada em plantas de soja, a semente deve apresentar, no momento da semeadura, de 80 mil a 100 mil células de bactérias.

Ao semear no pó, os solos apresentam alta temperatura e pouca umidade, o que reduz, em menos de uma semana, metade do número de células viáveis, ocorrendo prejuízo no fornecimento de nitrogênio para planta.

Se você realizar a semeadura em solo seco, faça inoculação, mas busque métodos de complementar o fornecimento de N para planta.

Uma opção de complementação é a inoculação via pulverização em cobertura ou uso de fertilizante mineral.

Proximidade das chuvas

Não faça semeadura no pó sem ao menos ter uma previsão de chuva para os próximos 10 a 15 dias.

Mesmo com uso de sementes de alta qualidade e tratamento de sementes, a exposição em solo com pouca umidade por um período prolongado reduz a germinação e emergência das plantas.

Ter acesso a informações meteorológicas de qualidade minimiza esses riscos e permite traçar um planejamento melhor das operações da fazenda. Se esses dados estiverem integrados aos da propriedade, a tomada de decisão fica mais precisa.

Utilizar um software de gestão agrícola como o Aegro reúne as informações da fazenda e a previsão climática por geolocalização da área rural. 

As informações de tempo e temperatura são atualizadas de hora em hora, com dados detalhados dos próximos 3 dias e previsões para os próximos 15 com relação à variação de temperatura, possibilidade de chuva, vento (velocidade e direção) e até janela de pulverização.

O sistema traz ainda dados sobre umidade relativa do ar por 15 dias e histórico das chuvas por geolocalização. 

imagem mostra como funciona o Climatempo no aplicativo Aegro.

A integração do Aegro com o Climatempo está disponível para produtores de todo o Brasil na versão completa do software agrícola. 

Sistema de plantio

Se você se depara todos os anos com esse questionamento de semear ou não no pó, uma opção que auxilia nesse momento é a adoção do sistema de plantio direto.

Em comparação com sistema convencional, a palhada no solo no plantio direto tem várias vantagens, como a manutenção da umidade do solo por mais tempo.

Outro ponto positivo desse sistema é maior facilidade de infiltração de água no solo. Consequentemente, as raízes das plântulas emergidas utilizarão a água presente no perfil do solo.

Diferença visual de solo com sistema de plantio convencional e direto
(Fonte: Integrar)

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

Neste artigo vimos que o momento ideal de semear é com a chegada das chuvas, pois a água é fundamental para a formação e manutenção da lavoura.

Semeio em solo seco apenas em situações de extrema necessidade, pois é uma técnica bastante arriscada! Utilize sempre sementes de alta qualidade e realize um bom tratamento.

Como você viu, o recomendável é esperar as condições ideais para realizar a semeadura e, assim, evitar riscos de perdas!

>> Leia mais:

Cálculo de semeadura da soja: 5 passos para a população de plantas ideal no seu sistema

Você já realizou ou realiza a semeadura no pó? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Guia para o controle eficiente da poaia-branca

Poaia-branca: conheça a época certa para controle, quais herbicidas usar e as principais dicas para evitar o prejuízo da lavoura.

A poaia-branca vem preocupando produtores de diversas regiões do país devido à dificuldade no seu controle com o uso de alguns herbicidas.

E saber manejar essa planta daninha é fundamental para evitar futuros casos de resistência. 

Hoje, a presença dessa daninha na soja já reflete em 2,6% menos rendimento da lavoura, além de ser um grande problema na colheita devido à sua expressiva massa verde.

Quer saber o segredo para fazer um manejo eficiente de poaia-branca? Nesse artigo, explicarei o período ideal para controle e os herbicidas mais indicados. Confira!

Principais pontos sobre a poaia-branca

A Richardia brasiliensis, também conhecida como poaia-branca ou poaia-do-campo, é uma espécie de planta daninha de ciclo anual. 

Ela infesta principalmente lavouras anuais, se desenvolvendo bem em solos com boa umidade e sua reprodução ocorre via sementes.

foto de planta de Richardia brasiliensis - poaia-branca

Planta de Richardia brasiliensis
(Fonte: Weedimages)

A poaia-branca pode ser encontrada em quase todas as regiões do país, infestando os cultivos de grãos e culturas perenes.

Quando há interferência desta planta daninha nas culturas, cada planta de poaia-branca presente por metro quadrado em uma lavoura de soja pode reduzir 2,6% do rendimento da cultura. 

Além disso essa planta possui grande vigor vegetativo, cobrindo completamente o solo, sendo assim considerada um grande problema nas operações de colheita devido à sua massa vegetal.

Cobertura do solo por plantas de poaia-branca

Cobertura do solo por plantas de poaia-branca
(Fonte: Sistema Roundup Ready Plus)

Sua ampla dispersão está associada ao tamanho de suas sementes (aproximadamente 4 mm), que são facilmente disseminadas durante todo o ano.

As sementes da poaia-branca germinam em temperatura média de 25℃ e na presença de luz.

Por apresentar alta capacidade de germinação, é comum observarmos a emergência de poaia-branca o ano todo em regiões mais quentes.

Já em regiões mais frias, a planta pode entrar em repouso no inverno e retomar sua reprodução na primavera.

Por isso, fique atento ao controle correto desta planta daninha, pois ela pode ser “ponte verde” para pragas e doenças que afetam os cultivos.

Manejo da poaia-branca na entressafra do sistema soja-milho

A poaia-branca é considerada uma planta daninha de difícil controle devido a restrições de absorção e translocação de herbicidas que ocorrem em algumas situações. 

Por isso, o segredo para realizar um manejo eficiente de poaia-branca é aplicar em plantas pequenas (2 a 4 folhas), com condições climáticas ideias, e utilizando boa tecnologia de aplicação

foto de Plântula de poaia-branca

Plântula de poaia-branca
(Fonte: Pedro J. Christoffoleti)

Cuidado principalmente com aplicações de baixo volume. Devido às características morfológicas desta planta daninha, vários herbicidas podem diminuir a sua eficiência nessa condição. 

Herbicidas aplicados em pós-emergência: 

Glifosato 

O glifosato possui ótimo controle de plantas pequenas (2 a 4 folhas) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (associado a pré-emergentes), na dose de 5,0 a 6,0 L ha-1.

Glufosinato de amônio 

Pode ser utilizado em plantas pequenas (2 a 4 folhas) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores, na dose de 2,0 a 2,5 L ha-1. Adicionar óleo mineral ou vegetal 0,2% v.v.

Saflufenacil 

Pode ser utilizado em plantas pequenas (2 a 4 folhas) ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores, na dose de 35 a 100 g ha-1. Adicionar adjuvante não iônico 0,5% v.v.

2,4 D 

Utilizado em primeiras aplicações de manejo sequencial, geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) ou pré-emergentes, na dose de 1,5 L ha-1

Cuidado com problemas de antagonismo entre herbicidas (principalmente graminicidas). 

Quando utilizar 2,4 D próximo à semeadura de soja, deve-se deixar um intervalo entre a aplicação e a semeadura de 1 dia para cada 100 g i.a. ha-1 de produto utilizado.

Dicamba 

Utilizado em primeiras aplicações de manejo sequencial, geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) ou pré-emergentes, na dose de 1,0 a 1,5 L ha-1

Cuidado com problemas de antagonismo entre herbicidas (principalmente graminicidas). 

Quando utilizar dicamba próximo à semeadura de soja, deve-se deixar um intervalo entre a aplicação e a semeadura de no mínimo 15 dias.

Herbicidas aplicados em pré-emergência:

Flumioxazin 

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D e imazetapir) ou no sistema de aplique plante da soja na dose de 50 g ha-1.

Sulfentrazone 

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D e chlorimuron). Recomenda-se dose de até 0,5 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja

Recomendado principalmente para áreas onde também ocorre infestação de tiririca.

S-metolachlor

Herbicida com ação residual utilizado no sistema de aplique plante da soja, na dose de 1,75 a 2,0 L ha-1. Não deve ser aplicado em solos arenosos!

Manejo na pós-emergência das culturas de soja e milho

O manejo de poaia-branca na pós-emergência da soja é pouco recomendado, pois existem poucas opções que podem ser utilizadas. 

Imazetapir

Utilizado em pós-emergência precoce da poaia e na soja com até 2 trifólios, na dose de 0,8 a 1,0 L ha-1.

Caso a soja possua tecnologia transgênica para tolerância a herbicidas, outros produtos podem ser usados para controle de poaia na pós-emergência da soja:

  • soja RR: Glifosato;
  • Xtend: glifosato e dicamba;
  • soja enlist: glifosato, 2,4 D e glufosinato de amônio.    

Para controle da poaia-branca na pós-emergência do milho safrinha, pode-se utilizar os herbicidas atrazina 1,5 a 3,25 L ha-1 (dependendo do tipo de solo) e nicosulfuron 1,25 a 1,50 L ha-1.

Cuidado com a sensibilidade diferencial dos híbridos de milho ao herbicidas nicosulfuron. Antes de utilizá-lo, confirme com a empresa produtora das sementes se o mesmo tolera este herbicida. 

Conclusão

Neste artigo vimos a importância que poaia-branca ou poaia-do-campo possui nas lavouras e as principais características dessa planta daninha

Vimos algumas estratégias de manejo para controle eficiente e para evitar a seleção de resistência.

Espero que com essas dicas passadas aqui você consiga realizar um manejo eficiente da poaia-branca em sua lavoura!

Como você controla a infestação de poaia-branca hoje? Já enfrentou problemas com outras invasoras também? Aproveite e baixe aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas e faça o melhor controle em sua lavoura.

Como fazer o manejo e a correção do solo alcalino

Solo alcalino: como identificar e as opções mais efetivas para corrigir o pH em sua propriedade

O pH de um solo tem relação direta com a disponibilidade dos nutrientes. E a nutrição correta das suas plantas é um dos principais fatores para o sucesso da produção.

A correção dos solos pode até parecer um detalhe do manejo, mas a realidade é que ela é uma das principais práticas a ser realizada para a fertilidade do solo.

Em solos ácidos, as práticas são mais conhecidas, pois a maior parte dos solos tropicais é acidificada. Mas a presença de solos alcalinos também é uma realidade brasileira e é necessário ajustar o pH para as plantas. 

Qual corretivo utilizar? Qual o manejo realizar? Confira essa e outras respostas a seguir!

Ph do solo 

O pH é o potencial ou teor de hidrogênio do solo, do H⁺ presente na solução do solo e um dos principais indicadores da sua fertilidade.

A variação do pH se encontra entre 1 e 14, sendo 7 o valor para um solo neutro. 

É considerado um solo ácido aquele com pH abaixo de 5,5, o qual estaria saturado de H⁺ e com maior presença de Al³. Os solos com pH acima de 7 são solos alcalinos. 

A faixa ideal de pH para as plantas gira em torno de 6 a 7, pois nessa faixa os nutrientes se encontram mais disponíveis. 

A relação direta com a fertilidade é no equilíbrio químico de trocas que acontecem e disponibilizam ou complexam os nutrientes no solo. A capacidade de troca de cátions, a CTC do solo, também é pH dependente. 

gráfico com disponibilidade crescente e pH do CTC do solo
(Fonte: Adaptado de Malavolta, 1979. Apresentação Prof. Dr. Gustavo Brunetto)

Como solos alcalinos possuem baixa quantidade de íons de H e Al, os pontos de troca de cargas encontram-se ocupados por bases trocáveis. 

Solos alcalinos

O clima e a morfologia têm interferência direta no tipo de solo. O solo alcalino é característico das regiões com climas mais seco ou semi-árido (ou ainda com processos inundativos), como alguns solos do nordeste e Pantanal. 

A alcalinidade também pode ocorrer devido à calagem feita de forma equivocada, por exemplo. 

Os solos alcalinos possuem um poder tampão forte, ou seja, apresentam resistência à mudança do seu pH.

A presença de carbonatos de cálcio e magnésio no solo promovem a neutralização de adubações acidificantes. 

O acúmulo de sais de cálcio, magnésio, potássio e carbonato de sódio saturam as cargas negativas do solo e diminuem a disponibilidade de micronutrientes como Manganês, Zinco, Ferro, Cobre e do macro P (potássio).

banner da planilha de calagem com uma tela de computador e texto explicativo

Como identificar um solo alcalino? 

A análise de solo é a principal ferramenta para identificar todas as condições do solo. Já falamos aqui no blog sobre o assunto, confira: Análise química do solo: o porquê da sua realização.

Um indicador visível na lavoura de que o solo está alcalino pode ser a clorose promovida pela deficiência de ferro. Isso ocorre pois, no processo da fotossíntese, o ferro é um elemento importante. A clorose se inicia nas folhas jovens com o amarelecimento do limbo foliar. 

quatro fotos da clorose férrica induzida pelo calcário, do dia 01 ao dia 30.
Clorose férrica induzida pelo calcário
(Fonte: Revista Ceres)

Como corrigir o pH do solo alcalino?

Assim como na correção de solos ácidos utilizamos fontes minerais, em solos alcalinos elas também são uma das opções. 

É possível utilizar materiais como enxofre e adubos nitrogenados, mas também a utilização de adição de material orgânico e manejos com leguminosas. 

O planejamento agrícola aqui é fundamental, pois alguns processos de correção são lentos e têm interferência direta com a umidade, temperatura e bactérias presentes no solo.

Enxofre elementar

O enxofre elementar (So) contribui para a regulação do pH do solo e é uma das opções com ótimo custo benefício. 

Alguns fatores são importantes e devem ser considerados no seu uso, como a granulometria do produto, que interfere na reação do mesmo, e o solo possuir umidade para solubilização. 

A liberação do S no solo é um processo de oxidação biológica e, por isso, a presença de bactérias sulfurosas para realizar a transformação do S em sulfato (SO4)² é fundamental.

Ureia revestida com enxofre

O enxofre é uma barreira física, semipermeável que permite que a ureia seja solubilizada de forma gradual.

A sua atuação na diminuição do pH do solo é percebida em cerca de duas a três semanas após a aplicação, por sua reação no solo. 

É um bom fertilizante, pois, com o revestimento, a lixiviação e volatilização diminuem em cerca de 50%. É promovida uma proteção gradual às ureases presentes nos solo e resíduos, auxiliando a lenta disponibilização para o solo. 

Adubações nitrogenadas

O sulfato de amônio é comumente utilizado para a adubação de cobertura. Como esse fertilizante conta com a presença de N e S, seu processo no solo promove a acidificação do mesmo. 

Matéria orgânica

O ciclo natural de decomposição da matéria orgânica promove a geração de ácidos orgânicos. 

Por isso, uma das formas de promover a acidificação do solo é a  adição de matéria orgânica como compostos ou turfa na camada arável do solo, de 0 cm a 20 cm.

O ideal é fazer aplicações graduais, podendo ser seguidas de aplicação de microrganismos benéficos como EM, Bacilus subilits ou biofertilizantes que possam contribuir com a microbiota do solo. Isso favorece a decomposição da matéria orgânica adicionada. 

Adubação verde

Como um dos principais papéis das leguminosas no solo é a adição de nitrogênio, esse passa naturalmente pelo processo de nitrificação e, consequentemente, lixiviação do nitrato, promovendo a acidificação do solo pela liberação maior de íons H+. 

Além disso, o processo de decomposição da massa verde também gera ácidos orgânicos no solo, ou seja, contribuindo para a acidificação do solo. 

solo alcalino - ilustração de Plantas de cobertura no sistema soja-milho-algodão no cerrado
Plantas de cobertura no sistema soja-milho-algodão no cerrado
(Fonte: IPNI)

Conclusão

Sem dúvidas, a correção dos solos alcalinos é fundamental para a produtividade da sua lavoura. 

Neste artigo, você viu diversas possibilidades de corrigir um solo alcalino, como adubação verde, adubação nitrogenada, utilização de enxofre e ureia, por exemplo.

A escolha da melhor prática do ponto de vista técnico e econômico será a chave do seu retorno econômico.

Realize o planejamento agrícola adequado, sem perda de tempo nem desperdícios, e obtenha maior rentabilidade em sua fazenda!

Você tem solo alcalino em sua propriedade? Como tem feito o manejo? Deixe seu comentário abaixo!

Como ter mais eficiência na adubação com ureia agrícola

Ureia agrícola: qual a situação ótima para sua aplicação e estratégias para evitar perdas em sua lavoura

A ureia é um dos fertilizantes mais importantes para a produção agrícola, por ter alto teor de nitrogênio e custo relativamente baixo.

Mas esse adubo requer cuidado quanto à utilização e manejo, pois é propenso a variáveis que podem acarretar grandes perdas. 

Confira neste artigo as estratégias para maximizar a eficiência na utilização da ureia agrícola em sua lavoura!

O que é a ureia agrícola?

A ureia CO(NH2)2 é um fertilizante sólido granulado tida como principal e mais eficaz fonte de nitrogênio (N) para adubação no Brasil. Apresenta-se na forma de grãos e contém concentração de 44% a 46% de nitrogênio.

Esse fertilizante apresenta como vantagem a alta concentração de N aliada a baixo custo de produção e transporte, além da facilidade de aplicação. Tem alta solubilidade e facilidade de mistura com outras fontes de fertilizantes. 

Mas, por outro lado, existe facilidade de perdas devido à sua elevada higroscopicidade (tendência de absorver umidade do ar atmosférico) e maior suscetibilidade à volatilização

Vou explicar melhor tudo isso a seguir!

Como evitar perdas de ureia durante a aplicação na lavoura

Como a ureia agrícola apresenta limitações quanto ao uso, algumas estratégias devem ser adotadas para diminuir as perdas de nitrogênio para a atmosfera, que podem ultrapassar a marca de 50%. 

A situação ótima para a aplicação da ureia agrícola na lavoura ocorre antes da chuva e/ou irrigação, ou seja, em local seco e somente depois expor a ureia à umidade

Se a ureia for aplicada sob condições de solo úmido (após chuva) e não chover em seguida, é bem provável que ela se transforme em amônia, um gás que acaba evaporando juntamente com os vapores de água

E o que ocorre quando a ureia entra em contato com as folhas molhadas?

Nesse caso, a ureia pode provocar queimaduras irreversíveis na planta devido à concentração do fertilizante.

Para maximizar a eficiência da ureia agrícola, é comum usar como estratégia o parcelamento do fertilizante, principalmente quando se trabalha com altas dosagens. Isso permite um certo “controle”, diminuindo as perdas por volatilização. 

O parcelamento da adubação nitrogenada normalmente é realizado quando ocorre condições de chuvas fortes ou muito calor e seca, casos em que a ureia pode se perder por lixiviação e volatilização.

Aplicação da ureia em milho

Na cultura do milho, recomenda-se que a aplicação seja feita quando a planta já está bem nutrida de N, o que ocorre em torno do V5. Isso porque é nessa fase que os componentes de rendimentos já foram definidos. 

Além desse componente de rendimento, a aplicação é feita nem V5 porque o milho tem crescimento acelerado de V7 até a fase de emissão de pendão, demandando altas taxas de nitrogênio.

Aplicação da ureia em feijão

O feijoeiro apresenta associação com bactérias fixadora de N, porém o que é fixado não é suficiente para o pleno desenvolvimento do feijoeiro. 

Além da quantidade provinda da FBN não suprir a demanda da planta, essa quantidade N fixado só passa a ser considerável a partir de 35 a 40 dias após a emergência (DAE), requerendo, desta maneira, adubação nitrogenada

Assim, é muito comum ocorrer a aplicação de fertilizantes nitrogenados, como é o caso da ureia. 

É recomendada a aplicação de ⅓ na semeadura e ⅔ 20 DAE. Esse N de cobertura pode ser parcelado quando ocorrem altas dosagens, podendo ser feito em 2 vezes. A primeira seria entre 15 e 20 dias e a segunda até 35 dias da emergência das plantas.

Aplicação da ureia em trigo

Sabemos que a dosagem de N aplicado é baseado na quantidade de matéria orgânica do solo na cultura precedente e na expectativa de rendimento de grãos. 

Em geral, na cultura do trigo, é recomendada a aplicação de 15 kg/ha a 20 Kg/ha de N na semeadura. 

Já na cobertura, o ideal é aplicar no início do afilhamento. Porém, quando as doses são mais elevadas, pode-se fracionar aplicando também no início do alongamento

ilustração do manejo do nitrogênio nas Fases do desenvolvimento do trigo

Fases do desenvolvimento do trigo
(Fonte: Mais Soja)

A aplicação tardia de N em cobertura, após a fase de emborrachamento, geralmente não afeta o rendimento de grãos, mas pode aumentar o teor de proteína do grão.

Aplicação da ureia em aveia 

Aveia para grãos 

Estudos trabalhando com dose de base e épocas de aplicação de cobertura relatam que as melhores produções de grão de aveia se deram quando na semeadura aplicou-se 30 kg/ha de N. 

Já na cobertura, os melhores resultados foram constatados quando a adubação nitrogenada (ureia) foi aplicada entre os 25 a 30 dias após a emergência. 

Aveia para forragem 

Já na aveia para forragem, em recomendações técnicas da Embrapa, indica-se aplicação de 20 Kg/ha de N no plantio. 

Na cobertura e após cada corte é aconselhável aplicação de 20 kg/ha de N em cobertura na fase de perfilhamento (20 a 25 DAE). 

Estratégias para reduzir perdas de N dos fertilizantes nitrogenados

Os adubos nitrogenados, como a ureia, podem apresentar grandes perdas. Assim, inúmeras pesquisas e produtos buscam aumentar a eficiência desses fertilizantes. Essas pesquisas trabalham com as seguintes classificações conforme a especificação:

Fertilizante de liberação lenta ou controlada 

Nessa situação, o elemento apresenta um atraso na disponibilidade inicial ou um prolongamento na disponibilidade devido a alguns mecanismos como:

  • controle na solubilidade em água do material por camadas semipermeáveis;
  • materiais proteicos; 
  • outras formas químicas (por reduzir a hidrólise de compostos solúveis em água de baixo peso molecular).

Fertilizante nitrogenado estabilizado 

Nessa classificação, diz-se que foi adicionado uma estabilidade de N no fertilizante, o qual é responsável por manter o N por mais tempo, seja na forma da ureia ou amoniacal.  

Inibidor da nitrificação

Os fertilizantes deste grupo são aqueles que foram acrescidos de uma substância que inibe a oxidação biológica (bactérias). 

Os fertilizantes com inibidores de reações químicas são divididos em dois grupos: os inibidores de nitrificação e os inibidores da urease

Esquema da  demanda da planta versus suprimento dos fertilizantes convencionais e dos de eficiência aumentada

Esquema da  demanda da planta versus suprimento dos fertilizantes convencionais e dos de eficiência aumentada
(Fonte: Embrapa Solos)

Tecnologias que podem aumentar a eficácia da ureia

A ureia pode sofrer altas taxas de volatilização sob condições de:

  • pH acima de 7,0;
  • temperatura elevada;
  • altas doses podem acarretar maiores perdas;
  • aplicação em solos compactados e com acúmulo de água também podem incrementar esses valores de perda.

Dessa forma, alguns mecanismos têm sido trabalhados para melhorar a eficiência desse fertilizante. A seguir, elenco as principais:

Ureia de liberação controlada

A ureia de liberação controlada com grânulos revestidos tem a proposta de aumentar a eficiência de uso pelo fornecimento gradual do nitrogênio de acordo com a necessidade da planta. Além disso, visa reduzir perdas por volatilização.

Os materiais mais comuns no revestimento são: formaldeído (baixa solubilidade), fonte inorgânica (enxofre) e polímeros sintéticos.  

imagem com quatro fotos de ureia agrícola revestida com enxofre

Imagem de ureia revestida com enxofre
(Fonte: Embrapa Solos)

Esquema das camadas de revestimento

Esquema das camadas de revestimento
(Fonte: Unesp)

Ureia com inibidores de reação química

Os fertilizantes com inibidores de nitrificação atuam diminuindo a ação das bactérias que transformam o N-amoniacal em N-nítrico. 

Mas por que manter o N amoniacal? Essa forma do nitrogênio é a mais assimilável pelas plantas e menos propensa a perdas por lixiviação.  

Ureia com inibidores da urease apresenta a hidrólise mais tardia, ou seja, fica por mais tempo na forma de ureia, reduzindo as perdas. Isso ocorre mesmo sob casos de aplicação superficial na presença de resíduos vegetais e solo úmido, situações comuns no sistema de plantio direto

planilha-adubacao-milho

Conclusão 

A ureia agrícola é um dos adubos de maior importância no cenário produtivo, tendo em vista seus altos teores de N e custo-benefício compensatório. 

Mas esse fertilizante requer cuidado quanto à utilização e manejo, pois é propenso a variáveis que podem acarretar grandes perdas. 

Hoje no mercado há tecnologias que tentam aumentar sua eficiência, porém, isso ainda requer mais estudos e acessibilidade

Mesmo com as grandes perdas que a ureia agrícola pode apresentar, se bem planejado, seu uso assegura ganhos produtivos. 

>> Leia mais:

Superfosfato triplo e simples: solubilidade, formas e diferenças

Fertilizantes NPK: como obter alta eficiência das fórmulas comerciais

Como você trabalha com a ureia agrícola em sua propriedade? Já utiliza ureias de alta eficiência? Conte sua experiência nos comentários!

6 recursos do Aegro que vão te ajudar durante o plantio

Chegou a temporada de plantio na sua região? Veja como um software de gestão agrícola pode te ajudar a atingir melhores resultados.

Você já negociou insumos com fornecedores, finalizou os preparativos do solo e está esperando as condições certas para dar largada à semeadura.

Daqui pra frente, será necessário manter um ritmo de trabalho intenso para cumprir o calendário de plantio.

Mas os próximos meses podem se tornar mais tranquilos com o apoio de um software de gestão agrícola, como o Aegro.

Esta tecnologia facilita a organização dos seus processos no campo e no escritório para assegurar os resultados da safra. Conheça abaixo os recursos do Aegro!

1. Controle de custos agrícolas

Um controle eficiente de gastos tem impacto direto sobre a rentabilidade do seu cultivo. Por isso, o Aegro possui diversas ferramentas de gestão financeira.

No período de entressafra, você pode usar o software para montar um orçamento para a sua produção. 

E na temporada de plantio, quando os investimentos da fazenda começam a se concretizar, é só lançar as suas notas fiscais e pedidos de compra no sistema.

Registre as despesas pelo computador ou celular e aproprie facilmente os custos para a safra ou estoque.

Desta forma, você mantém o fluxo de caixa atualizado e consegue avaliar a saúde do seu negócio.

O Aegro ainda apresenta um gráfico interativo onde é possível analisar a participação de cada produto e serviço nos seus custos.

Painel de custos: um dos recursos do aegro
Painel de custos: um dos recursos do Aegro para tornar sua fazenda mais eficiente

Verifique o percentual de gastos com sementes, fertilizantes, defensivos, máquinas, entre outros.

Você também pode comparar o custo realizado com o custo orçado para entender se o seu planejamento financeiro está sendo seguido.

2. Metas de produtividade para a lavoura

Se você experimentou os recursos do Aegro nas safras passadas, é provável que tenha um registro preciso de quantas sacas foram colhidas na propriedade. 

Este histórico vai te ajudar a prever a produção da safra atual. E sabe por que é importante ter uma estimativa de produtividade? Porque, assim, você não precisa esperar a colheita para saber qual será a sua margem de lucro ou prejuízo.

O Aegro calcula o lucro esperado da safra com base nas suas metas de produtividade, no seu custo de produção e no preço estipulado para a venda das sacas.

gif que mostra previsão de custos, um dos recursos do aegro
Recursos do Aegro: previsão de custos

Com este recurso, você pode acompanhar a projeção de lucro durante o plantio para não ter surpresas desagradáveis no final da safra.

A estimativa de produtividade também serve para balizar a quantidade de produto em contratos de venda com entrega futura.

3. Calendário de manejo

Definir o calendário de manejo é uma ótima forma de ficar em dia com as etapas do cultivo.

Com os recursos do Aegro, você pode planejar todas as atividades de antemão. Desde o preparo do solo até a colheita.

Comece programando a data do plantio e estabelecendo a cultivar que será plantada em cada talhão.

Você também pode determinar quais funcionários serão responsáveis pela atividade de plantio e quais máquinas serão utilizadas.

Depois a sua equipe pode consultar essas informações de forma prática e registrar a realização da atividade diretamente da lavoura, pelo celular.

Gif que mostra painel de atividades no aegro
Recursos do Aegro: painel de atividades

O aplicativo móvel do Aegro funciona mesmo sem internet e agiliza o trabalho dos operadores.

No decorrer da safra, você consegue visualizar o progresso das atividades através do software para evitar atrasos no calendário.

E não deixe de registrar a data de emergência da planta no Aegro para ter a contagem de Dias Após a Emergência (DAE) e acompanhar o desenvolvimento da cultivar.

4. Manutenção preventiva das máquinas

Problemas no maquinário, como o embuchamento, podem atrasar o seu plantio e custar caro.

Para garantir a operacionalidade dos equipamentos, você pode gerenciar o patrimônio da fazenda com os recursos do Aegro. 

O software permite que você acompanhe as horas trabalhadas pela máquina e configure alertas de manutenção preventiva.

Crie alertas para revisão de óleo, troca de correias, checagem de bicos e mangueiras, entre outros. Você receberá esses lembretes pela central de notificações do Aegro e por e-mail.

gif com a tela do Aegro mostrando a função de alertas de manutenção

As manutenções e os abastecimentos do maquinário podem ser registrados rapidamente pelo celular.

Além do mais, você pode acompanhar todas as informações da máquina por um painel de controle. 

Isso vai ter ajudar a descobrir máquinas com baixa capacidade efetiva e perceber o momento certo de adquirir um novo equipamento. 

5. Monitoramento integrado de pragas

Produtores que optam pelo plantio tardio acabam sofrendo com a incidência de pragas e doenças na lavoura.

Felizmente, o uso de um software auxilia no controle de infestações e na consequente redução de custos com defensivos e perda de produtividade. 

Dentre os recursos do Aegro, há um módulo específico para o Monitoramento Integrado de Pragas (MIP).

Você pode definir o nível de controle das pragas e doenças e registrar as amostragens pelo celular.

Os resultados do monitoramento são apresentados através de um mapa de calor, que indica a gravidade da infestação em cada ponto verificado.

foto que mostra seção de mip, um dos recursos do aegro
O Manejo Integrado de Pragas é mais um dos recursos do Aegro

Assim, fica mais simples de decidir a hora e o local certo para pulverizar.

6. Relatórios e indicadores automáticos

As informações que você lança no Aegro ao longo do plantio vão alimentando relatórios e indicadores automaticamente.

Você pode consultar esses dados sempre que quiser, para ter uma visão geral da safra, avaliar o seu andamento e tomar decisões estratégicas.

Um dos recursos do Aegro é o indicador de evolução da safra, pelo qual você confere o percentual de área que já foi plantada.

Já o indicador de cultivares mostra a área total e a proporção em que cada variedade foi utilizada.

gif com a tela de recursos do Aegro com o indicador de cultivares

Também é possível gerar relatórios em Excel ou PDF a partir de diversas áreas do Aegro, como atividades, custo realizado, custo orçado, insumos, monitoramento.

Esta é uma maneira eficiente de checar os seus dados e enviar informes para pessoas que não acessam o sistema.

Ainda não gerencia sua fazenda com os recursos do Aegro?

O Aegro é seu parceiro durante todo o ano agrícola, pois agrega diversas funcionalidades em um único software. 

Com os recursos do Aegro, você pode fazer desde o planejamento da safra até o controle de vendas no final do ciclo produtivo.

Além de ter uma interface amigável no computador, o Aegro oferece um aplicativo para celular que torna mais práticas as rotinas do campo e do escritório.

Os recursos do Aegro contribuem para a otimização de processos na sua fazenda e consequente aumento de lucratividade.

Não é à toa que mais de mil propriedades do Brasil inteiro usam os recursos do Aegro! Experimente você também:

>>Leia mais:

“Como protegemos os dados da sua fazenda no Aegro”

“5 vantagens de sair do papel e utilizar um caderno de campo digital”

“Saiba aproveitar ao máximo os programas de pontos do produtor rural”

Percevejo no milho: identifique os danos e saiba manejar

Percevejo no milho: veja quais são as principais espécies, os danos causados, as fases mais críticas e como fazer um controle assertivo

O ataque de percevejos é frequente na cultura do milho, especialmente em em sucessão com soja. Alguns fatores fazem com que essas principais pragas do milho estejam presentes na safra principal e na safrinha.

Muitas vezes, os danos causados são observados após um tempo. Isso pode refletir na necessidade de replantio da cultura. 

Neste artigo, veja como reconhecer os principais percevejos do milho, saiba como reconhecer os danos na lavoura e entenda as melhores estratégias de manejo. Boa leitura!

O que são percevejos no milho?

Os percevejos são insetos difíceis de controlar. Eles podem ser pragas iniciais ou tardias, que são encontrados em diversos locais da cultura. A cada ano, os percevejos ganham mais importância devido aos danos causados.

Os percevejos podem atacar a cultura do milho em diferentes fases de desenvolvimento. Os danos podem aparecer desde os estágios iniciais até os mais avançados. Os que atacam a cultura do milho são, em sua maioria, da família Pentatomidae

Diversas espécies podem ser encontradas nas lavouras, como:

Os percevejos barriga-verde são os que mais causam problemas. Isso principalmente no milho safrinha, implementado após soja ou feijão. Existem duas espécies que podem deixar o início da lavoura comprometida: Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus

Quais são os danos causados na cultura?

Os percevejos podem reduzir a produção da cultura do milho. Afinal, nas fases iniciais de desenvolvimento os percevejos podem: 

  • reduzir a altura de plantas;
  • reduzir número de folhas expandidas;
  • reduzir a massa seca de raízes;
  • provocar injúrias no cartucho;
  • causar enrolamento das folhas centrais da planta.

Na figura a seguir, é possível observar os danos dos percevejos no milho.

percevejos-no-milho
Adultos de Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus
(Fonte: Eco Registros)

Principais espécies de percevejos do milho

Não existe apenas uma espécie de percevejo no milho, e saber reconhecê-las é fundamental para evitar danos na lavoura. Veja abaixo quais são as principais:

Percevejo-barriga-verde

As espécies Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus têm características muito semelhantes. Sua atividade maior se dá em horários com temperaturas mais amenas

No entanto, D. furcatus é maior e seus espinhos são escuros. Já o Dichelops melacanthus é uma espécie menor e as extremidades dos espinhos são mais escuras do que o restante do corpo.

Além disso, D. furcatus é mais frequente em regiões de temperaturas mais amenas e Dichelops melacanthus em regiões mais quentes. O período de incubação dos ovos de ambas espécies é de aproximadamente seis dias.

Esses percevejos se alimentam de diversas espécies de plantas, inclusive de plantas daninhas. Isso contribui para que os insetos permaneçam na área.  D. melacanthus é uma praga do milho, mas também ataca outras culturas:

Tanto as ninfas como os adultos perfuram o colo das plântulas e sugam o conteúdo da seiva. Ao mesmo tempo, injetam substâncias tóxicas nas plantas.

percevejos-no-milho
Diferentes estágios do percevejo-barriga-verde.
(Fonte: Embrapa)

Percevejo-marrom

Em semeaduras de milho após a soja, o ataque do percevejo-marrom ocorre na fase inicial de desenvolvimento. Ele causa danos semelhantes aos causados pelo percevejo-barriga-verde. No entanto, isso acontece em menor intensidade.

Em regiões com temperaturas mais amenas, o percevejo-marrom migra para áreas de mata ou vegetação nativa. Eles permanecem nesses locais até o final de setembro.

Por isso, o monitoramento dos percevejos do milho deve ser realizado antes mesmo da semeadura. Afinal, eles estarão presentes nas áreas de produção ou próximo delas.

percevejos-no-milho
Diferenças entre o adulto do percevejo-marrom e do percevejo-barriga-verde. 
(Fonte: Corrêa-Ferreira, 2017)

Percevejo-verde (ou percevejo-do-mato)

O percevejo-verde também é capaz de se alimentar de diversas espécies de plantas. Entretanto, os danos provocados por esse percevejo são diferentes dos demais. Afinal, ele injeta toxinas nos tecidos da planta hospedeira, podendo também disseminar fungos.

O ciclo de vida total do inseto depende de diversos fatores, principalmente temperatura. As ninfas (fase anterior à adulta), apresentam diferentes cores a depender do estágio de desenvolvimento:

  • alaranjada no primeiro ínstar;
  • preto com manchas brancas no segundo ínstar;
  • preto com manchas brancas no tórax e abdome verde com manchas amarelas no terceiro ínstar;
  • tórax preto e abdome vermelho com manchas amareladas ou verdes no quarto e quinto ínstar.

Na fase adulta, a coloração do inseto é verde. Ele pode se tornar verde escuro, dependendo dos fatores ambientais

percevejos-no-milho
Diferenças morfológicas e de coloração das principais espécies de percevejos que ocorrem na cultura do milho
(Fonte: Promip, 2019)

Percevejo-gaúcho ou percevejo-do-milho

Além de causar falhas nas espigas, o percevejo-gaúcho pode contaminar os grãos com fungos, principalmente Fusarium moniliforme, Penicillium spp. Embora o milho seja o alimento mais completo para a espécie, ele causa danos em inúmeras culturas.

Esse percevejo mede cerca de 2 cm de comprimento e tem coloração pardo-escura. Uma das características para identificação da praga é a presença de duas manchas circulares de coloração amarela em zigue-zague, localizadas nas asas.

A oviposição é realizada em linhas nas folhas. As ninfas dessa espécie (fase anterior a adulta), possuem coloração avermelhada a amarelada. Dependendo da condição climática, o ciclo biológico deste percevejo pode ser de um a dois meses.

Fases críticas para o ataque dos percevejos 

Os percevejos aproveitam a “ponte verde” para migrarem das culturas anteriores para o milho safrinha. Assim que as plantas começam a emergir, começam os ataques. Eles sobrevivem sob a palhada de plantas hospedeiras, que podem ser daninhas à cultura. 

Depois eles dispersam para a soja ou milho, e depois para o milho safrinha. Na fase vegetativa, com entre três e quatro folhas expandidas, é o período mais crítico. A alimentação intensa interfere nos estádios posteriores ao desenvolvimento da cultura.

Após esse período, ocorre a dispersão. Nesse momento, os percevejos aumentam a sua população, causando danos à cultura do milho e da soja

percevejos-no-milho
Dinâmica de percevejos em sistemas de produção milho-soja no sul do Brasil
(Fonte: Toledo et al., 2021)

Como saber o momento certo de controle?

Se houver 0,58 percevejos por m² é o momento ideal para entrar com controle. Quando a amostragem mostrar necessidade de controle, entre imediatamente com os métodos. 

Para te ajudar com o registro e controle dos percevejos na lavoura, a tecnologia pode ser um divisor de águas. Separamos uma planilha gratuita para te ajudar nessa etapa. Clique na imagem abaixo para acessar o material: 

Ao decidir pelo método químico, é importante utilizar uma boa tecnologia de aplicação para conseguir atingir os percevejos de maneira eficaz. Rotacionar diferentes ingredientes ativos ajudará a evitar perda de tecnologia devido à pressão de seleção. 

É importante evitar as aplicações em períodos em que a praga está abrigada. Por exemplo, durante a noite, em dias chuvosos ou com temperaturas amenas

Como acabar com percevejo nas plantas de milho?

O controle de percevejos pode ser feito antes e depois de identificar a presença na lavoura. Veja a seguir as melhores práticas:

Controle antes de identificar a presença

O controle deve ser feito antes mesmo da implementação da lavoura. Para isso, você deve seguir o Manejo Integrado de Pragas

Outra forma de controle é o revolvimento do solo e eliminação de plantas daninhas. Isso serve para evitar que os insetos permaneçam na área. No entanto, essa prática é inviável em sistemas de plantio direto.

O tratamento de sementes de milho com inseticidas sistêmicos vai garantir que, mesmo se houver percevejo na área, os danos sejam mais baixos. Mas para isso, é importante que as espécies presentes sejam devidamente identificadas

A identificação é importante para manejar a área antes da implantação da cultura. Assim, é possível selecionar o inseticida mais adequado para controle das espécies existentes.

Adquirir as sementes tratadas pode ser uma ótima forma de manter as plantas homogêneas, uma vez que o tratamento na propriedade pode ficar com falhas. 

Controle depois de identificar a presença das pragas

Após identificar a presença dos percevejos, você precisa entrar com o controle químico. Alguns ingredientes ativos que podem ser utilizados no controle:

  • Tiametoxam (neonicotinóide) para o percevejo-barriga-verde (ambas as espécies), dentre outros grupos químicos;
  • Para o percevejo-marrom: Beauveria bassiana e bactérias como Bacillus thuringiensis. No entanto, é necessário verificar se a bactéria produzida pelo fabricante é registrada para a cultura;
  • Outros grupos químicos podem ser consultados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários.

Para que o controle seja realmente efetivo, é ideal realizar monitoramento constante. É importante que você saiba que fazer aplicações de inseticidas preventivos ou esperar que os sintomas apareçam não é viável.

Como controlar percevejo no milho com tecnologia?

Para controlar os percevejos, nem sempre planilhas e cadernos dão conta. Isso sobretudo em grandes propriedades, com maior área a ser controlada. Justamente por isso, softwares como o Aegro estão disponíveis para mapear as pragas na área de cultivo.

Ainda, conhecendo o histórico da área, você pode planejar de forma mais assertiva quais métodos de controle usar.

Tela do Aegro, na aba de MIP aberta.
Monitoramento de pragas agrícolas no Aegro. Com o software, todos os dados do monitoramento ficam guardados de forma segura e prática.
(Fonte: Aegro)

O Aegro também oferece a você dados climáticos. Essas informações ajudam a determinar o risco de ocorrência de doenças de plantas em diversas culturas. Comece a controlar as pragas na sua lavoura com o Aegro

Conclusão

Os percevejos podem comprometer a sanidade do milho. As espécies do gênero Dichelops são as que mais causam danos à cultura.

No milho safrinha, o grande problema é a “ponte verde” que ocorre por meio das culturas anteriores, como soja e feijão.  Os sintomas só aparecem após já ter ocorrido danos, que não podem ser revertidos.  

Por isso, lembre-se que o controle dessas pragas deve ser sempre atrelado ao monitoramento desde antes mesmo do plantio até o estabelecimento da cultura. 

Você enfrenta problemas com percevejos no milho na lavoura? Não deixe de compartilhar este artigo com outros produtores ou com sua equipe de trabalho!